UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AGROINDUSTRIAL Dissertação OCORRÊNCIA, CARACTERIZAÇÃO SOROLÓGICA E AVALIAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM Listeria spp. ISOLADAS EM LATICÍNIOS PROCESSADORES DE QUEIJOS NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL DENISE DA FONTOURA PRATES Pelotas, 2010. 1 DENISE DA FONTOURA PRATES Ocorrência, caracterização sorológica e avaliação do perfil de resistência a antibióticos em Listeria spp. isoladas em laticínios processadores de queijos no sul do Rio Grande do Sul Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Tecnologia Faculdade em Ciência Agroindustrial de Agronomia e da “Eliseu Maciel” da UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências. Orientador: Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva (DCTA-UFPel) PELOTAS 2010 2 Banca examinadora: _____________________________________________________________ PROF. Dr. WLADIMIR PADILHA DA SILVA (DCTA/UFPel) – ORIENTADOR ___________________________________________________________________ PESQUISADORA. DRª. ÉLEN SILVEIRA NALÉRIO (EMBRAPA) – EXAMINADORA ____________________________________________________________ PROFª. DRª. MÁRCIA MONKS JANTZEN (DCA/UFPel) – EXAMINADORA 3 Às pessoas que mais amo e admiro meus pais Graciliano M. P. Neto e Ana Clara da Fontoura Prates, minhas irmãs Ana Lidia, Simone e Aline e meus sobrinhos Aninha e Rafael pelos laços fortes e valores familiares, sólida cumplicidade, incentivo e amizade, dedico esse trabalho. 4 Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades e devemos nos lembrar de que as grandes conquistas do homem surgiram do que parecia impossível aos olhos dos acomodados Denise Prates 5 AGRADECIMENTOS À Deus e “minha” Sta Rita, pela fé e por tudo. À minha adorável família, meu porto seguro que são as pessoas mais importantes da minha vida, moramos longe, mas carrego todos vocês com imenso amor e orgulho no meu coração. Ao meu pai Graciliano Machado Prates Neto e minha mãe Ana Clara da Fontoura Prates, serei eternamente grata, por todo amor, valores, educação, dedicação, amizade, companheirismo, pois sei que nunca mediram esforços, abdicando muitas vezes de coisas pra si, para me oferecer o melhor, investir e incentivar a minha educação e torcida descomunal pela minha felicidade. Às minhas amadas irmãs e amigas, Ana Lidia, Simone, Aline, pela cumplicidade, união, palavras sábias em horas oportunas, incentivo, alegria de viver. À minha sobrinha Ana Clara e ao meu sobrinho Rafael, verdadeiros presentes que Deus trouxe para nossa família, sempre carinhosos, me surpreendendo a cada dia, enchendo meu coração de alegria. Aos meus cunhados, pela amizade e incentivo, em especial ao Nilton meu irmão de coração e pelas caronas pra casa. À querida Carmem Barcellos, por todo apoio, convivência, ombro amigo, carinho e paciência, por poder contar com ela em momentos difíceis e de comemorações. Ao Prof. Wladimir Silva, por toda oportunidade e ensinamentos. Ao meu colega e amigo Valmor, pela parceria no trabalho, tanto nas coletas como no laboratório, muito obrigada. À Natália que iniciou essa caminhada comigo, mas que por motivos profissionais se distanciou, mas a amizade permanece e a cada momento difícil descubro que posso contar sempre com ela. Aos queridos colegas do laboratório de microbiologia de alimentos: Marcia Matta, Carol, Rodrigo, Janaína, Karla, Marcelo, Kátia, Andréia e em especial a Milena, Greici, Tati e Júlia pela amizade, ajuda, incentivos, trocas de conhecimentos e momentos de descontração. À Simone Rauber, pela ajuda nas coletas e pela amizade. 6 Às pessoas responsáveis e os funcionários das indústrias onde foram realizadas as coletas, em especial a Leyre e Lucas. Ao Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em especial ao Dr. Ernesto Hofer, do Laboratório de Zoonoses Bacterianas do Departamento de Bacteriologia, pela sorotipagem das cepas. À Universidade Federal de Pelotas e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia por proporcionarem a realização do curso. Aos professores pelo meu crescimento profissional e funcionários, em especial ao Marcos pelo seu profissionalismo, dedicação e agilidade, inclusive na entrega de autorizações para eu ir aos finais de semana para o Campus. À CAPES (Coordenação de Apoio a Pesquisa em Nível Superior) pela concessão da bolsa de estudos. E a todos que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho. 7 RESUMO PRATES, Denise da Fontoura. Ocorrência, caracterização sorológica e avaliação do perfil de resistência a antibióticos em Listeria spp. isoladas em laticínios processadores de queijos no sul do Rio Grande do Sul. 2010. 97f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Listeria monocytogenes é uma bactéria Gram-positiva de natureza ubíqua, psicrotrófica, que coloniza superfícies de equipamentos e utensílios dentro de indústrias processadoras de alimentos. Leites e derivados lácteos, em especial queijos com média e alta umidade, têm sido incriminados em casos e surtos de listeriose, por serem alimentos que favorecem o desenvolvimento microbiano, além de serem prontos para o consumo. A contaminação microbiana pode ter origem na matéria-prima, ou ser incorporada durante as etapas de elaboração do produto, associada a práticas inadequadas de higiene. O objetivo geral neste trabalho foi avaliar a ocorrência de Listeria spp., em especial de L. monocytogenes, ao longo da linha de processamento de queijos de média e alta umidade, em três laticínios, localizados na região sul do Rio Grande do Sul, submetidos a diferentes níveis de inspeção sanitária. Das 208 amostras avaliadas 7,69% apresentaram Listeria spp., sendo isoladas, 43,75%, 25%, 31,25%, respectivamente, nos laticínios A, B e C. Destes isolados, 25% foram encontrados no leite cru, 18,75% em superfícies de contato com o produto, 50% em superfícies sem contato com o produto e 6,25% no produto final. L. innocua e L. monocytogenes foram as únicas espécies identificadas entre os isolados, sendo L. innocua a espécie prevalente (68,7%). Entre os sorotipos de L. innocua, o prevalente foi 6a (72,7%) e entre L. monocytogenes o sorotipo prevalente foi 4b (55,6%). Todas as cepas de Listeria isoladas da matéria-prima e do produto final apresentaram multirresistência a cinco (penicilina, amoxilina, cloranfenicol, cefaclor e clindamicina) dos 15 antibióticos testados. Dentre as amostras de matéria-prima avaliadas microbiologicamente, as de leite cru, foram as que apresentaram os maiores níveis de contaminação, sendo que, os níveis mais elevados encontrados entre as amostras de leite cru foram: >1,1x106 NMP.mL-1 para coliformes totais, 1,1x105 NMP.mL-1 para coliformes termotolerantes, 4x105 UFC.mL-1 para estafilococos coagulase positiva (ECP) e a presença de Salmonella spp. em uma das amostras avaliadas. Entre as seis amostras de produto final, apenas uma apresentou-se em desacordo com o padrão regulamentar vigente, excedendo o limite permitido para ECP. Listeria spp. e L. monocytogenes foram isoladas ao longo das linhas de processamentos nos três laticínios, independente do porte da indústria, evidenciando risco de contaminação durante a fabricação dos dois tipos de queijo, os quais são produtos prontos para o consumo. Dessa forma, torna-se necessária a implantação de medidas eficazes para redução dessas contaminações, ou melhorias nas práticas já adotadas pelas indústrias, em virtude dos riscos à saúde pública. Palavras-chave: antimicrobianos. Listeria monocytogenes. Listeria spp.. queijos. laticínios. 8 ABSTRACT PRATES, Denise da Fontoura. Occurrence, characterization and serological evaluation of the profile of antibiotic resistance in Listeria spp. isolated in cheese dairy processors in southern Brazil. 2010. 97f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Listeria monocytogenes is a Gram-positive of ubiquitous natural, psychrotropic pathogen which colonizes the surfaces of equipment and utensils in food processing industries. Milk and dairy products, especially cheeses with medium and high humidity have been implicated in listeriosis cases and outbreaks. Microbial contamination could be originated in raw material or be incorporated during the development stages of the product, coupled with inadequate hygiene practices. The general aim of this study was to evaluate the occurrence of Listeria spp. along the processing line of cheese with middle and high humidity, in three dairy subjected to different levels of sanitary survey located in Southern Brazil. From 208 samples tested Listeria spp. were isolated 7.69%, being isolated 43.75%, 25%, 31.25%, respectively, in dairy products A, B and C. From these isolates, 25% were found in raw milk, 18.75% in contact surfaces with the product, 50% in areas without contact with the product and 6.25% in the final product. L. innocua and L. monocytogenes were the only species identified between the isolates being L. innocua the prevalent species (68.7%). Among the serotypes of L. innocua, the serotype 6a was prevalent (72.7%) and between L. monocytogenes serotype 4b was prevalent (55.6%). All Listeria strains isolated from raw material and final product showed multiresistance to five antibiotics (penicillin, amoxicillin, chloramphenicol, cefaclor and clindamycin) of the fifteen antibiotics tested. Among the samples of raw material assessed microbiologically, the raw milk showed the highest levels of contamination and the highest levels found between them were > 1.1x106 MPN/mL for fecal Overall, 1.1x105 MPN/mL for fecal coliform, 4x105 CFU/ml for coagulase-positive staphylococci and Salmonella spp. in one of the samples. Among six samples of the final product, only one showed himself at odds with the existing regulatory standard, exceeding the allowed limit for ECP. Listeria spp. and L. monocytogenes were present along the lines of the three dairy processing plants, regardless of the size of the industry, highlighting the risk of contamination during food manufacturing. Therefore, it becomes necessary to introduce effective measures to reduce such contamination or improvements in the practices already adopted by the industry, because of the risks to public health. Keywords: Listeria monocytogenes. Listeria spp.. cheeses. processing plants. antimicrobial. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Listeria monocytogenes, bacilo Gram-positivo...........................................19 Figura 2- Fluxograma de produção do queijo coalho e pontos de amostragem no laticínio A....................................................................................................43 Figura 3- Fluxograma de produção do queijo Prato/Lanche e pontos de amostragem no laticínio B...............................................................................................44 Figura 4- Fluxograma de produção do queijo Prato/Lanche e pontos de amostragem no laticínio C.................. ............................................................................45 Figura 5- Chave dicotômica para identificação de espécies de Listeria spp..............49 Figura 6- Percentual de Listeria spp. isoladas nos laticínios A, B e C.......................55 Figura 7- Ocorrência de L. monocytogenes e L. innocua em superfícies com e sem contato com o produto em três linhas de processamento de queijos de média e alta umidade localizadas no sul do Rio Grande do Sul................63 Figura 8- Percentual de cada sorotipo de L. innocua e L. monocytogenes isoladas nos três laticínios da região sul do Rio Grande do Sul..............................67 Figura 9- Perfil de resistência dos isolados de Listeria spp. oriundos da matéria prima e do produto final frente a 15 antimicrobianos.................................70 Figura 10. Perfil de resistência dos isolados de Listeria spp. oriundos de superfícies de equipamentos e de ambiente de processamento frente a 15 antimicrobianos..........................................................................................70 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Características bioquímicas das bactérias do gênero Listeria...................20 Tabela 2 - Sorotipos de algumas das espécies de Listeria spp. ...............................22 Tabela 3- Padrões microbiológicos para queijos de média e alta umidade, segundo a RDC nº12/2001, da ANVISA......................................................................54 Tabela 4- Ocorrência de Listeria spp. em amostras de matéria-prima para produção de queijos de média e alta umidade coletadas em três laticínios do sul do Rio Grande do Sul......................................................................................57 Tabela 5- Pontos de amostragem em três laticínios localizados no sul do Rio Grande do Sul, e respectivos pontos de isolamento de Listeria spp......................59 Tabela 6- Pontos de amostragem contaminados por L. innocua e L. monocytogenes em três laticínios produtores de queijo de média e alta umidade, localizados no sul do Rio Grande do Sul...................................................63 Tabela 7- Sorotipos e origem dos isolados de Listeria spp. provenientes de três laticínios da região sul do Rio Grande do Sul............................................66 Tabela 8- Isolados de Listeria spp. com seus respectivos sorotipos e pontos de isolamento..................................................................................................69 Tabela 9- Perfil de resistência a antimicrobiano de Listeria spp. isoladas de leite cru e de queijo Coalho em três laticínios da região sul do Rio Grande do Sul..............................................................................................................71 Tabela 10- Enumeração de coliformes totais e coliformes termotolerantes em amostras de superfícies de mãos dos manipuladores e matéria-prima utilizada na elaboração de queijos fabricados em três laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul...................................................74 Tabela 11- Presença de Salmonella spp. em amostras de superfícies de mãos de manipuladores e matéria prima utilizada na elaboração de queijos fabricados em três laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul.........................................................................................................75 Tabela 12- Contagem de estafilococos coagulase positiva em amostras de superfícies de mãos de manipuladores e matéria prima utilizada na elaboração de queijos fabricados em três laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul......................................................................76 11 Tabela 13- Avaliação microbiológica de queijos Coalho e Prato/Lanche produzidos em laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul..............78 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................15 2 OBJETIVOS............................................................................................................17 2.1 Objetivo geral.............................................................................................17 2.2 Objetivos específicos.................................................................................17 3 REVISÃO................................................................................................................18 3.1 Listeria spp. – breve histórico....................................................................18 3.2 Características do gênero Listeria e o patógeno L. monocytogenes.........18 3.3 Sorotipos....................................................................................................21 3.4. Listeriose...................................................................................................23 3.5 Fatores de Virulência.................................................................................24 3.5.1 Internalinas (InlA, InlB e InlC).................................................................25 3.5.2 Proteína p60...........................................................................................25 3.5.3 Hemolisina..............................................................................................25 3.5.4 Fosfolipases............................................................................................25 3.5.5 Proteína ActA..........................................................................................26 3.5.6 Superóxido Dismutase e Catalase.........................................................26 3.6 Queijos versus Listeria monocytogenes....................................................26 3.7 Ocorrência de L. monocytogenes em queijos e indústrias de laticínios....29 3.8 Surtos e casos de listeriose associados ao consumo de queijos e outros produtos lácteos..............................................................................................30 3.9 Susceptibilidade a antimicrobianos...........................................................32 3.10. Coliformes totais e coliformes termotolerantes (a 45ºC)........................34 3.11 Salmonella spp........................................................................................36 3.12 Estafilococos coagulase positiva.............................................................37 4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................40 4.1 Características dos laticínios pesquisados................................................40 4.1.1 Laticínio A...............................................................................................40 4.1.2 Laticínio B...............................................................................................40 4.1.3 Laticínio C...............................................................................................41 4.2 Coleta das amostras..................................................................................41 13 4.2.1 Leite........................................................................................................41 4.2.2 Mãos dos manipuladores........................................................................42 4.2.3 Produto final............................................................................................42 4.2.4 Amostras de superfícies do ambiente de processamento, equipamentos e utensílios.......................................................................................................42 4.3 Preparo das amostras................................................................................46 4.3.1 Leite cru, leite pasteurizado e mãos de manipuladores..........................46 4.3.2 Amostras de superfícies ambientais, equipamentos e utensílios...........47 4.3.3 Produto final............................................................................................47 4.4 Isolamento e Identificação de espécies de Listeria....................................47 4.4.1 Isolamento de colônias presuntivas de Listeria spp. em meio seletivo primário............................................................................................................48 4.4.1.1 Enriquecimento seletivo primário.........................................................48 4.4.1.2 Enriquecimento seletivo diferencial......................................................48 4.4.1.3 Isolamento............................................................................................48 4.4.1.4 Subcultivo das colônias........................................................................48 4.4.2 Confirmação e identificação de Listeria em nível de espécie.................49 4.5 Sorologia dos isolados de Listeria spp.......................................................51 4.6 Determinação de Salmonella spp..............................................................51 4.7 Determinação de coliformes totais (Ct) e coliformes termotolerantes (CT)..................................................................................................................52 4.8 Determinação de estafilococos coagulase positiva....................................52 4.9 Avaliação da resistência de Listeria spp. a antimicrobianos......................53 4.10 Avaliação da eficácia da pasteurização...................................................53 4.11 Avaliação microbiológica quanto aos padrões legais da RDC nº12/ ANVISA (2001)................................................................................................54 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................55 5.1 Isolamento de Listeria spp. em plantas de processamento de queijos de média e alta umidade......................................................................................55 5.1.1 Matéria-prima..........................................................................................55 5.1.2 Manipuladores.........................................................................................57 5.1.3 Amostras de superfícies ambientais, equipamentos e utensílios...........58 5.1.4 Produto final............................................................................................64 5.2 Sorologia dos isolados de Listeria spp.......................................................66 14 5. 3 Perfil antimicrobiano..................................................................................68 5.4 Caracterização microbiológica da matéria-prima e de mãos dos manipuladores.................................................................................................73 5.4.1 Coliformes totais e coliformes termotolerantes.......................................73 5.4.2 Salmonella spp........................................................................................75 5.4.3 Estafilococos coagulase positiva (ECP)..................................................76 5.5 Caracterização microbiológica do produto final e conformidade com os padrões legais.................................................................................................78 6 CONCLUSÃO.........................................................................................................81 7 REFERÊNCIAS.......................................................................................................82 15 1 INTRODUÇÃO Listeria monocytogenes é uma bactéria Gram-positiva em forma de cocobacilos, anaeróbia facultativa e não esporulada. Possui caráter ubiquitário, é um microrganismo capaz de se multiplicar em temperatura de refrigeração, e de formar biofilmes podendo se tornar endêmica em plantas de processamento, propiciando contaminações cruzadas (FRANCO, LANDGRAF, 2002; SAUDERS, WIEDMANN, 2007). O patógeno emergiu na década de 80, como um agente causador de doenças veiculadas por alimentos, tornando-se alvo de crescentes estudos da comunidade científica e de preocupação por autoridades governamentais sanitárias (GOMBAS et al., 2003). Ao contrário de outros agentes de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) que afetam apenas o sistema gastroentérico, L. monocytogenes pode levar a quadros severos de listeriose, uma enfermidade bacteriana invasiva de caráter oportunista, que possui alta taxa de letalidade, caracterizada principalmente por septicemia, meningite e meningoencefalite (MANTILLA et al., 2007). Apesar das bactérias do gênero Listeria serem normalmente susceptíveis frente aos antimicrobianos utilizados contra bactérias Gram-positivas, atualmente tem-se isolado cepas resistentes a antibióticos comumente empregados no tratamento de listeriose, tornando-se um risco para a saúde pública, pois as bactérias resistentes não são inibidas durante o tratamento com antibióticos (CASTRO, 1989; ZHANG et al., 2007; CONTER et al., 2009). Estima-se que todos os anos milhares de pessoas adoeçam através do consumo de alimentos contaminados, estando os produtos lácteos entre os principais envolvidos. Dentre esses, o queijo, devido a sua rica composição nutricional, é considerado um potencial veículo de patógenos de origem alimentar e está envolvido mundialmente em severos casos e surtos de listeriose (BILLE et al., 2006; MANTILLA et al., 2007). Os queijos apresentam características propícias à contaminação por Listeria, destacando-se os queijos com média e alta umidade, os quais não sofrem maturação ou cujo tempo desse processo não é prolongado (DE BUYSER et al., 2001). Os queijos são, muitas vezes, elaborados a partir de leite cru, associado a práticas 16 insatisfatórias de higiene durante a ordenha, estocagem, transporte, processamento ou a uma contaminação pós-pasteurização. A contaminação microbiana desses produtos assume destacada relevância tanto para a indústria, pelas perdas econômicas, como para a saúde pública. No anseio de não agravar estas perdas, salienta-se a importância de conduzir todas as etapas de industrialização do queijo sob um rigoroso controle de qualidade sanitário, desde a obtenção da matéria-prima (SWAMINATHAN et al., 2001; REIJ et al., 2004). Apesar da ocorrência de Listeria monocytogenes em queijos já ter sido relatada nesta região, a disseminação desse microrganismo no ambiente de processamento de queijos em indústria sem inspeção e sob diferentes níveis de inspeção sanitárias, ainda é pouco esclarecida. Dessa forma, torna-se relevante avaliar a presença dessa bactéria, tanto nas etapas de processamento, como na matéria-prima e no produto final e caracterizar o perfil deste patógeno frente a antimicrobianos. 17 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Pesquisar a ocorrência de Listeria spp., em particular de Listeria monocytogenes e seu perfil de resistência a antibióticos, em três laticínios processadores de queijos de média e alta umidade, situados na região sul do Rio Grande do Sul, que possuem diferentes níveis de Inspeção Sanitária. 2.2 Objetivos específicos - Verificar as possíveis fontes de contaminação de queijo Coalho e Prato/Lanche, por Listeria spp. e por Listeria monocytogenes durante o processamento; - caracterizar sorologicamente os isolados; - determinar o perfil de resistência dos isolados de Listeria spp., frente a 15 diferentes antimicrobianos; - avaliar microbiologicamente, através das análises de coliformes totais (Ct), coliformes termotolerantes (CT), estafilococos coagulase positiva e Salmonella spp., as amostras de matéria-prima e de mãos dos manipuladores; - avaliar a eficácia da pasteurização através testes enzimáticos; - avaliar a adequação das amostras de queijo Coalho e queijo Prato/Lanche aos padrões microbiológicos da RDC 12/2001, da ANVISA. 18 3 REVISÃO 3.1 Listeria spp. – breve histórico Em 1926, Murray et al. fizeram a descrição de um bastonete Gram-positivo, o qual foi determinado de Bacterium monocytogenes, em virtude da infecção causada por esse microrganismo ser caracterizada por uma monocitose (SALAMANO et al., 2005). No ano seguinte, na África do Sul, Pirie (1927) estudando uma epizootia em roedores, isolou do fígado uma bactéria que, denominou de Listerella hepatolytica, em homenagem ao cientista e cirurgião britânico Joseph Lister (1827-1912), pioneiro no estudo de bacteriologia. Devido, as cepas isoladas por Murray (1926) e Pierie (1927) reunirem muitas semelhanças, a bactéria foi renomeada para Listerella monocytogenes, contudo, Listerella já contemplava um gênero protozoário (LOGUERCIO et al., 2001; AUTIO, 2003). Finalmente, em 1940, o microrganismo foi nomeado de forma definitiva como Listeria monocytogenes. Por muitos anos, o gênero Listeria foi considerado monoespecífico, apenas representado por L. monocytogenes, entretanto, com auxílio de estudos filogenéticos e desenvolvimento da biologia molecular, posteriormente foram incluídas as outras espécies (GRAY, KILLINGER, 1966; HOFER, REIS, 2005; BUCHRIESER, 2007; LECLERCQ et al., 2009). 3.2 Características do gênero Listeria e o patógeno L. monocytogenes Ao considerar o gênero Listeria, seis espécies eram amplamente conhecidas: L. monocytogenes, L. innocua, L. weishimeri, L. seeligeri, L. ivanovii, L. grayi (BUCHRIESER, 2007; LECLERCQ et al., 2009). Contudo, estudos recentes apontaram a existência de duas novas espécies, L. rocourtiae e L. marthii (LECLERCQ et al., 2009; GRAVES et al., 2010). Dentre essas espécies, somente L. monocytogenes e L. ivanovii são patogênicas, sendo a primeira patogênica para humanos e animais e, a segunda, somente para animais (VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001). 19 Os membros do gênero Listeria são bastonetes Gram-positivos. Células jovens, quando observadas ao microscópio, apresentam-se na forma de bacilos lisos e curtos com extremidades arredondadas, assemelhando-se a pequenos difteróides, mediando de 1,0 a 2,0µm por 0,5µm. No entanto, após três a cinco dias de incubação, apresentam-se como bacilos longos, medindo de 6 a 20µm (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Possuem baixa proporção de C-G no seu genoma, em torno de 37%, característica cuja classificação aproxima o gênero Listeria aos gêneros Clostridium, da mesma forma que Staphylococcus, Streptococcus, Lactobacillus e Bronchothrix (JAY, 2005). Figura 1- Listeria monocytogenes, bacilo Gram-positivo. Fonte: Frilabo, 2010, Portugal. As bactérias do gênero Listeria, são microrganismos desprovidos de cápsula, não formadores de esporos, catalase positiva e não produtores de H2S. Multiplicamse tanto em aerobiose como em anaerobiose, mas tem preferência por condições de microaerofilia. Desenvolvem-se em ampla faixa de temperatura (-0,4 a 45°C), sendo consideradas psicrotróficas, por serem capazes de se multiplicar em temperaturas de refrigeração, embora apresentem como temperatura ótima, a faixa dos 30-37°C (ALLERBERGER, 2003; BELL; KYRIAKIDES, 2005). Listeria spp. apresentam flagelos peritríquios, com motilidade característica de tombamento em temperatura ambiente, mas são imóveis a 37ºC. Quando Listeria spp. é inoculada por picada em ágar semi-sólido e incubada à temperatura de 2025ºC, desenvolve uma migração típica, espalhando-se na parte superior do meio, 3 a 5mm abaixo da superfície, mantendo-se restrita à picada no fundo do tubo. Este tipo de migração produz um crescimento, lembrando um guarda-chuva, o qual é característico deste gênero (SILVA et al., 2003). Podem se desenvolver em pH variando entre 4,3 a 9,8 e atividade de água (Aw) mínima de 0,9, podendo tolerar altas concentrações de cloreto de sódio, sobrevivendo a 20% de NaCl (LADO; YOUSEF, 2007). 20 As características bioquímicas utilizadas para identificação das bactérias do gênero Listeria são: motilidade em forma de guarda-chuva (25ºC), produção de catalase, não produção de oxidase, fermentação de glucose com produção de ácido sem produção de gás, capacidade de hidrolisar a esculina. A discriminação entre as espécies se faz, por meio de fermentação de carboidratos (dextrose, manitol, ramnose e xilose), produção de hemólise em ágar sangue de cavalo (β-hemolisina), incluindo o teste CAMP e das provas de redução de nitrato (RYSER; DONNELLY, 2001). Outras características que também podem ser utilizadas na caracterização bioquímica do gênero Listeria: provas de Voges Proskauer positiva, incapacidade de utilizar a uréia, não utilização do citrato exógeno e não produção de indol (SEELIGER; JONES, 1986; RYSER; DONNELLY, 2001). Algumas das características bioquímicas entre as espécies do gênero Listeria são apresentadas na tab. 1, a qual foi adaptada de Holt et al. (1994). Tabela 1- Características bioquímicas de bactérias do gênero Listeria Características Coloração de Gram Motilidade tipo guarda-chuva Catalase Oxidase CAMP-Test S. aureus R. equi Urease Crescimento em TSI H2S (TSI) Teste VogesProscakauer Nitrato β-hemólise Carboidratos Manitol Xilose Ramnose Dextrose L. monocytogenes L. innocua L. seeligeri L. ivanovii L. welshimeri L. grayi + + + + + + + + + + + + + - + - + - + - + - + - + - - + - - - - A/A A/A A/A A/A A/A A/A - - - - - - + + + + + + + - + + - - + + V + + + + + V + + + A: reação em TSI (ágar tríplice ferro); rampa/fundo: A=ácido, K=alcalino V: variável Fonte: adaptado de Holt et al, 1994. 21 L. monocytogenes, assim como as demais espécies do gênero, são de natureza ubíqua, sendo comumente encontradas em águas residuárias, rios, solos, plantas, particularmente em material vegetal em decomposição e ambiente tanto úmido como seco (FRANCO; LANDGRAF, 2002; SAUDERS, WIEDMANN, 2007). Essa espécie foi reconhecida como um patógeno humano desde antes dos anos 70, mas somente nas quatro últimas décadas foi associado com alimentos e classificado como patógeno de origem alimentar (GOMBAS et al., 2003). Devido a gravidade da enfermidade causada por L. monocytogenes e o envolvimento de alimento como veículo de contaminação, as indústrias processadoras de alimentos, foram alertadas para a importância da ocorrência desse microrganismo em seus produtos. Por isso, cuidados devem ser tomados para evitar a contaminação do produto durante o processamento, como também evitar a recontaminação do produto final (REIJ et al., 2004). Essa bactéria tem a habilidade de crescer e suportar condições adversas de pH, baixas temperaturas, altas concentrações de sal, barreiras que são comumente utilizadas nas indústrias alimentícias, para dificultar o crescimento de microrganismos patogênicos (GANDHI; CHIKINDAS, 2007). Além disso, possui habilidade de colonizar superfícies e formar biofilmes em superfícies de equipamentos da indústria de alimentos e ali permanecer por longos períodos de tempo, havendo relatos de sobrevivência superior a 10 anos (TOMPKIN, 2002; SWAMINATHAN, GERNER-SMIDT, 2007). Os biofilmes são complexos ecossistemas microbiológicos, embebidos por uma matriz de polímeros orgânicos, aderidos a uma superfície. A formação de biofilmes aumenta a resistência a antimicrobianos, como sanitizantes e desinfetantes, desta forma, sendo uma preocupação para a indústria, pois se trata de uma possível fonte de contaminação cruzada (ROBBINS et. al., 2005). 3.3 Sorotipos As bactérias do gênero Listeria podem ser submetidas à sorologia, possibilitando a divisão em sorogrupos com base nos antígenos somáticos (O) e flagelares (H), o que pode ser utilizado como uma ferramenta clássica para os estudos epidemiológicos, bem como auxiliar o rastreamento de contaminações alimentares e ambientais (ROCOURT; BUCHRIESER, 2007). 22 Cepas de L. monocytogenes possuem diferentes determinantes antigênicos expressos na superfície celular, incluindo ácidos lipoprotéicos, proteínas de membrana e estruturas extracelulares (como flagelos e fímbrias). Essas diferenças influenciam na tipificação sorológica. As cepas de L. monocytogenes, são divididas em 13 sorotipos, baseado nos antígenos somático (O) e flagelar (H): 1/2a, 1/2b, 1/2c, 3a, 3b, 3c, 4a, 4ab, 4b, 4c, 4d, 4e e 7 ( tab. 2) (ROCOURT, 1994). Tabela 2- Sorotipos de algumas das espécies de Listeria Espécies Sorotipos L. monocytogenes 1/2a, 1/2b, 1/2c, 3a, 3b, 3c, 4a, 4ab, 4b, 4c, 4d, 4e e 7 L. ivanovii 5 L. innocua 6a, 6b,4ab, não tipável L. welshimeri 6a, 6b L. seeligeri 1:2b,4c,4d,6b, não tipável Fonte: Lovett, 1980. A sorologia aplicada como teste individual, sem caracterização bioquímica, não se torna adequada para confirmar L. monocytogenes, uma vez que todas as espécies não patogênicas de Listeria, com exceção de L. welshimeri, compartilham um ou mais antígenos somáticos com L. monocytogenes (RYSER; DONELLY, 2001). Por essa razão, os métodos de sorotipagem têm sido sobrepostos com procedimentos moleculares, que intrinsecamente são mais específicos e sensíveis para identificação e diferenciação de espécies de Listeria (LIU, 2006). De modo geral, qualquer cepa de L. monocytogenes pode ser considerada potencialmente patogênica para os humanos. Entretanto, como alguns sorotipos são mais comumente identificados em casos ou surtos de listeriose, especula-se que L. monocytogenes apresente virulência heterogênea (JACQUET et al., 2002). Os principais sorotipos identificados em listeriose humana são 1/2a, 1/2b e 4b, os quais são relatados em mais de 90% dos casos de listeriose no mundo (DOUMITH et al., 2004; GOULET, et al., 2008). Em geral, linhagens 4b são mais frequentemente associadas com surtos, surgindo que este sorotipo, possa ter um maior grau de virulência, porém esta correlação não está devidamente esclarecida, uma vez que linhagens 1/2 são mais relacionadas com produtos alimentícios (LUNDÉN et al., 2004; JAY, 2005). 23 3.4. Listeriose L. monocytogenes, é reconhecida como a única espécie do gênero Listeria que é patogênica para seres humanos, enquanto L. ivanovii, é patogênica para animais, causando abortos em ruminantes (WESLEY, 2007). Entretanto, dois casos de doença em humanos, envolvendo outras espécies de Listeria constam na literatura. Na França, há o relato de bacteremia seguida de morte causada por L. innocua sorotipo 6a, em uma idosa (PERRIN et al, 2003); em Israel, foi notificado um caso de listeriose, provocado por L. ivanovii (SNAPIR et. al., 2006). A listeriose é uma enfermidade causada principalmente pela ingestão de alimentos contaminados por L. monocytogenes. A manifestação clínica da doença é descrita de duas formas, a listeriose invasiva e a listeriose gastrintestinal (nãoinvasiva). A incidência da listeriose invasiva humana, que atinge normalmente pessoas imunocomprometidas (idosos, mulheres grávidas, neonatos, indivíduos HIV soro positivos), é considerada baixa, variando entre 0,1 a 11,3 casos anuais por milhão de habitantes na Europa e nos EUA (SWAMINATHAN; GERNER-SMIDT, 2007). Contudo, é uma enfermidade importante para a saúde pública devido à sua alta taxa de letalidade, que varia de 20-30% dos casos (MANTILLA et al., 2007). A listeriose não-invasiva caracteriza-se por infecções brandas, semelhantes a uma gripe, ou mesmo surtos de gastroenterite em indivíduos saudáveis, não chegando a evoluir para óbito. Os sintomas mais comuns da doença incluem malestar, fadiga, febre, podendo haver ou não presença de náusea, vômito, dores abdominais e diarréia (GAHAN; HILL, 2005). Em casos mais graves (listeriose invasiva), em indivíduos imunocomprometidos, ocorre meningite, meningoencefalite, encefalite, septicemia, podendo causar aborto em mulheres grávidas e até mesmo levar o indivíduo a óbito (MAKINO et al., 2005). Apesar de L. monocytogenes ser frequentemente encontrada em alimentos crus de origem vegetal e animal, ela também é isolada de alimentos cozidos devido às contaminações cruzadas durante o processo industrial. Mesmo quando o patógeno está presente em pequenas quantidades no alimento inicialmente contaminado, sua capacidade de crescer durante a estocagem sob refrigeração permite que o número de bactérias atinja doses infectantes. Embora seja desconhecida, suspeita-se que, a dose infectante capaz de causar listeriose em indivíduos susceptíveis, seja da ordem de 10²-10³ células do patógeno e, em 24 indivíduos saudáveis, seja necessário uma dose maior, acima de 108UFC. Entretanto, tais condições, podem variar, em virtude da virulência da cepa, dos diferentes tipos de alimento, além das condições imunológicas de cada indivíduo (DREVETS; BRONZE, 2008). Dentre os principais alimentos frequentemente associados a listeriose de origem alimentar estão leite cru ou pasteurizado, queijos, sorvetes, vegetais crus, carnes e derivados, aves, peixes e frutos do mar (GOULET et al., 2008). 3.5 Fatores de Virulência L. monocytogenes é um patógeno intracelular, com habilidade para penetrar, multiplicar-se dentro do citoplasma da célula do hospedeiro (macrófagos, fibroblasto) e invadir células adjacentes, além de se proteger do sistema imunológico do hospedeiro (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001). O processo infeccioso inicia com uma associação da bactéria com a membrana plasmática das células epiteliais das microvilosidades do trato intestinal do hospedeiro. Então, a célula bacteriana é internalizada pela célula hospedeira através de fagocitose, permanece no vacúolo por curto período de tempo e quando realiza a lise da membrana fagossomal é liberada no citoplasma da célula do hospedeiro, onde se multiplica rapidamente e induz a polimerização de filamentos de actina da célula do hospedeiro, formando longas caudas em uma das extremidades da célula bacteriana. Os filamentos de actina favorecem o deslocamento da bactéria no citoplasma, permitindo a invasão das células adjacentes dando início a um novo ciclo da infecção (SWAMINATHAN, 2001; VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001; SCHMIDT; HENSEL, 2004). Este processo infeccioso requer a produção e ação de várias proteínas da bactéria sobre os componentes da célula hospedeira, para realizar seu ciclo de vida intracelular. As proteínas envolvidas em cada etapa da fisiologia celular da infecção são codificadas por genes de virulência específicos. A maioria dos genes conhecidos no ciclo de multiplicação de L. monocytogenes agrupa-se em um locus cromossomal de 9Kb, onde estão contidos seus genes de grande importância para o parasitismo intracelular: prfA, plcA, hly, mpl, actA e plcB, e mais três estruturas denominadas de x, y e z de função ainda desconhecida e localizadas numa das extremidades, após o gene plcB (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001). 25 3.5.1 Internalinas (InlA, InlB e InlC) As internalinas são proteínas ácidas, expressas na superfície celular bacteriana, compostas de 800 aminoácidos, que têm a função de mediar a entrada da bactéria em células epiteliais (como as do epitélio intestinal), facilitando o contato entre parasita e hospedeiro (ROCHA, 2004). 3.5.2 Proteína p60 É uma proteína extracelular de L. monocytogenes e tem aproximadamente 60 KDa. A proteína está associada à adesão de bactérias em células eucarióticas, e é essencial para hidrólise da mureína, necessária para divisão celular bacteriana. A proteína p60 é codificada pelo gene iap (invasion-associated protein) e está presente em todas as espécies de Listeria (RODRIGUES-LAZARO, 2004). 3.5.3 Hemolisina A hemolisina é considerada como o mais importante fator de virulência de Listeria monocytogenes, cuja secreção é essencial para a promoção de sua multiplicação intracelular, promovendo a lise da membrana fagossômica dentro dos macrófagos, permitindo o acesso da bactéria ao citoplasma do hospedeiro, onde a sua multiplicação ocorrerá. Esta proteína, também denominada Listeriolisina O (LLO), é classificada como uma citolisina porogênica sulfidrilo-ativada que promove a formação de grandes poros transmembrana responsáveis pela característica citolítica da proteina (FARBER; PERTERKIN, 1991). 3.5.4 Fosfolipases Semelhantemente a hemolisina, a fosfatidilinositol fosfolipase C e a fosfatidilcolina são responsáveis pelo escape bacteriano dos vacúolos das células hospedeiras (ROCHA, 2004). 26 3.5.5 Proteína ActA Proteína de superfície composta de 610 aminoácidos responsável pela polimerização da actina, promovendo a formação de uma espécie de cauda propulsora que é responsável pela movimentação intracelular da bactéria, levando-a a borda da célula para a infecção da célula vizinha (ROCHA, 2004). 3.5.6 Superóxido Dismutase e Catalase Ambas as enzimas, também produzidas e secretadas pela bactéria, atuam na detoxificação dos radicais superóxidos gerados pela combustão oxidativa dentro da célula fagocítica e dentro do fagolisossoma da célula epitelial. Tais superóxidos, que são responsáveis pela destruição das bactérias dentro dos fagossomos, são convertidos em peróxido de hidrogênio pela ação do superóxido dismutase, o qual será clivado pela catalase em água e oxigênio, neutralizando o mecanismo de eliminação bacteriana realizado pelas células de defesa do hospedeiro (ROCHA, 2004). 3.6 Queijos versus Listeria monocytogenes Conforme o artigo número 589 do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de leites e derivados, queijo é definido como, o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado), ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de bactéria específica de ácidos orgânicos isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes (BRASIL, 1997). Atualmente os processos de fabricação são bastante difundidos e conhecidos, e a diversidade de queijos chega a mais de mil tipos diferentes, podendo variar o tipo de leite utilizado, o tipo de coagulação, o teor de umidade e consistência da pasta, o teor de gordura, o tempo de cura entre outros (PERRY, 2004). Porém as etapas de processamento de queijos passam basicamente pelas mesmas etapas, 27 salvo algumas peculiaridades entre eles, as etapas principais de processamento são: recepção da matéria-prima (leite); tratamento térmico ou não; adição do cultivo iniciador; formação da coalhada; corte da coalhada; agitação; dessoramento; moldagem; prensagem; salga, maturação ou não. Queijos e outros derivados lácteos são alimentos que podem veicular listeriose, embora, até pouco tempo atrás, os casos de enfermidade provocados por esses produtos tenham sido reportados esporadicamente, acometendo poucos indivíduos. Entretanto, após o aumento da notificação de surtos de listeriose, associado ao consumo de leites e derivados lácteos, L. monocytogenes tornou-se um microrganismo de relevante importância na indústria leiteira, devido a alta taxa de mortalidade. A retirada do mercado, de produtos lácteos, geralmente queijos que não sofram tempo prolongado de maturação, queijos com média e alta taxa de umidade, contaminados pelo patógeno, atualmente tem sido mais freqüente (ARQUÉZ et al., 2005). Os queijos são produtos alimentícios muito consumidos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Os tipos de queijos mais consumidos no Brasil de modo geral são os de média e alta umidade, como o Prato/Lanche que sozinho, representa aproximadamente 40% da produção total de queijo no país, o Mussarela, Minas Frescal, Parmesão e Ricota (GOROSTIZA et al., 2004). Entretanto, o consumo e o tipo de queijo podem variar conforme os estados brasileiros; um exemplo disso é o queijo Coalho, muito produzido e consumido na região nordeste do país, que atualmente vem ganhando mercado nos demais estados brasileiros (CAVALCANTE; ANDRADE; SILVA, 2004). Os queijos são alimentos derivados do leite, ricos em proteínas, carboidratos, cálcio, fósforo, zinco, iodo, selênio e vitaminas, sendo um alimento de alto valor biológico (NASSU et al., 2001). Os queijos, em virtude de serem bastante nutritivos, tornam-se também uma fonte potencial para microrganismos deteriorantes e patogênicos, e veículos de DTA, uma vez que são muito consumidos e apreciados por uma ampla variedade de indivíduos, incluindo crianças, mulheres grávidas e pessoas idosas (NASSU et al., 2001). Na indústria de laticínios, as principais vias de acesso de L. monocytogenes até o produto são: matéria-prima, utensílios e os equipamentos contaminados, o solo carreado pelos sapatos e roupas dos trabalhadores, mas pode ocorrer através do ar 28 ou do sistema de ventilação, da água empoçada e/ou condensada e dos carros de transporte, além da possibilidade desta ser carreada por operários ou visitantes doentes (SWAMINATHAN, 2001; REIJ et al., 2004). Uma das fontes de contaminação de queijos por Listeria spp. pode ser o leite utilizado na sua elaboração. Atualmente, sabe-se que uma das vias, de contaminação do leite cru são: a mastite bovina e o ambiente de ordenha associado por práticas inadequadas de higiene, e que o processo de pasteurização adequado garante a destruição de L. monocytogenes no leite. Esta bactéria é encontrada em queijos, principalmente nos elaborados com leite sem pasteurização. Porém, em queijos elaborados com leite pasteurizado, este agente também já foi isolado. Os trabalhos realizados nas indústrias revelaram que a contaminação cruzada após a pasteurização do leite seria a fonte de contaminação dos queijos (REIJ et al., 2004). Estudos sobre a ocorrência de L. monocytogenes relatam que sua presença tem sido constatada na linha de produção, no ambiente de processamento e no produto acabado, em vários estabelecimentos processadores de produtos lácteos. Convém ressaltar que, algumas cepas de L. monocytogenes podem estabelecer-se no ambiente de processamento e então permanecerem como microbiota residente durante meses ou até anos (GUERRA; BERNARDO, 1999). Considerando a importância de L. monocytogenes em produtos lácteos, a legislação brasileira estabelece ausência deste patógeno em 25g de amostra, para queijos com média, alta e muito alta umidade, uma vez que estes produtos são prontos para o consumo e que permitem a multiplicação de L. monocytogenes, tornando-se um risco para determinados grupos da população (ANVISA, 2001). A contaminação microbiológica de queijos por L. monocytogenes, bem como por outros patógenos, assume destacada relevância tanto para a indústria, pelas perdas econômicas, como para a saúde pública, pelo risco de causar doenças transmitidas por alimentos (DTA), e por isso a investigação desses patógenos no queijo e na linha de produção de indústrias tem despertado o interesse de pesquisadores e fiscais sanitários. 29 3.7 Ocorrência de L. monocytogenes em queijos e indústrias de laticínios A ocorrência de L. monocytogenes em leite e produtos lácteos tem sido relatada em muitos estudos, especialmente em queijos (WHER, 1987; AYGUN, PEHLIVANLAR, 2006; MANTILLA et al., 2007). Pritchard et al. (1995) avaliaram indústrias processadoras de produtos lácteos, constatando a presença de L. monocytogenes em equipamentos como: tanque de armazenamento do leite, superfícies de mesa, transportadora, equipamento de filagem, envasadora de leite e máquina pré-filtradora de salmoura. Outro estudo, conduzido no Egito por El Shenawy (1998) também demonstrou a presença do patógeno em manipuladores de unidade produtora de leite fluido. Esses mesmo autores isolaram Listeria spp. do piso, dreno e equipamentos de unidades produtoras de queijo. Gabis et al. (1989) estudaram 18 estabelecimentos processadores de produtos lácteos desidratados e encontraram L. monocytogenes somente no dreno da área de recebimento de leite cru. Em 2001, Corbia et al., investigaram L. monocytogenes em 58 amostras de queijos Minas Frescal, o patógeno esteve ausente em todas as amostras. Vieira et al. (2001) avaliaram a contaminação de L. monocytogenes, em 50 amostras de queijo Minas Frescal, em Araguaína, Tocantins, a presença do patógeno foi constatada em 8% das amostras. No Ceará, a maior ocorrência de L. monocytogenes (19%) entre as amostras de queijo testados, foi constatada em queijo Coalho industrializado, armazenado sob refrigeração (BRANCO et al., 2003). Já, em queijo artesanal elaborado a partir de leite cru a prevalência desta bactéria foi baixa (zero a 2,3%) (BORGES et al., 2003; BRANCO et al., 2003). Na Bahia, Silva et al. (2003) observaram a ocorrência de L. monocytogenes em 1% (2/218) das amostras avaliadas em duas indústrias processadoras de queijo tipo Minas frescal. A bactéria foi detectada no leite cru e no piso da sala de estocagem de leite em apenas uma das indústrias envolvidas no estudo. Em outro estudo, Kabuki et al. (2004) realizaram um diagnóstico da contaminação por L. monocytogenes em três indústrias processadoras de queijos frescais tipo Hispânico, nos Estados Unidos, e constataram a presença desta bactéria em 6,3% dos queijos e 11% das amostras ambientais, tais como superfícies 30 de mesas, tubos de conexões de plástico, caixas vazadas, embalagem do leite, drenos e pisos. No Japão, Makino et al. (2005) verificaram a presença de cepas de L. monocytogenes sorotipos 1/2a, 1/2b e 4b em várias amostras do ambiente de processamento, em uma unidade produtora de queijos. A bactéria foi isolada no tanque de resfriamento do leite, na sala de produção e cura, em dreno e em fezes de trabalhadores. Arslan e Özdemir (2008) observaram 33,1% de prevalência de Listeria spp. em 142 amostras de queijo branco, provenientes do comércio de Bolu/Turquia, sendo que 9,2% correspondia a L. monocytogenes, 9,2% a L. innocua, 5,6% a L. seeligeri, 4,9% a L. grayi, 2,1 % a L. ivanovii e 2,1% a L. welshimeri. 3.8 Surtos e casos de listeriose associados ao consumo de queijos e outros produtos lácteos Por serem alimentos ricos nutricionalmente, leites e derivados, particularmente os queijos, constituem ambiente propício para multiplicação microbiana inclusive do patógeno L. monocytogenes que está envolvido em muitos casos e surtos de infecção humana associado ao consumo de alimentos (DE BUYSER et al., 2001). Os queijos, especialmente do tipo mole, devem receber especial atenção, pois foram veículos de transmissão de listeriose em vários casos esporádicos e surtos (BEMRAH et al., 1998; DE BUYSER et al., 2001). Em 1983, um surto associado ao consumo de leite pasteurizado integral e leite pasteurizado com 3% de gordura, que haviam sido submetidos a tratamento térmico inadequado, ocorreu em Massachusetts, EUA. Na investigação vários sorotipos de L. monocytogenes foram isolados de amostras de leite cru, e casos de listeriose também foram observados nas vacas produtoras do leite (FLEMING et al., 1985). Entre 1983 e 1987, no Cantão de Vaud, Suíça, 122 casos de listeriose foram tratados num hospital, envolvendo 58 adultos e 64 pares mãe e filho. A taxa de mortalidade foi de 28%, com 34 óbitos. Dos 120 isolados clínicos investigados no período epidêmico, 111 (93%) foram do sorotipo 4b, e destes, 98 (85%) foram isoladas de queijo Vacherin Mont D’Or. As pesquisas revelaram que as cepas isoladas do tipo “Vacharin Mont D’Or” eram do mesmo sorotipo e fagotipo da maioria das culturas humanas no período (BILLE, 1990). 31 Em Illinois nos Estados Unidos da América, no mês de julho de 1994, ocorreu um surto de listeriose caracterizado por sintomas de gastroenterite e febre após o consumo de leite achocolatado em um piquenique. Os isolados de L. monocytogenes das amostras de fezes dos doentes, do leite achocolatado e de amostras ambientais da indústria processadora eram do mesmo sorotipo, 1/2b, apresentavam perfil eletroforético enzimático e ribotipo semelhantes. Os exames revelaram que o surto ocorreu, provavelmente, devido a contaminação do produto durante seu processamento (após a etapa de pasteurização), e a manutenção do produto a uma temperatura que possibilitou o crescimento da bactéria durante o piquenique (DALTON et al., 1997). Na Finlândia, entre janeiro de 1998 a abril de 1999, ocorreu um surto por L. monocytogenes sorotipo 3a, cujo produto atribuído como veículo foi manteiga pasteurizada. Os isolados das amostras de manteiga, dos pacientes, dos equipamentos e do ambiente (dreno) da indústria apresentaram o mesmo perfil eletroforético, sugerindo contaminação de origem ambiental durante o processamento, após a etapa de pasteurização (LYYTIKAINEN et al., 2000). No período de 1989 a 1990, foram diagnosticados um surto e 69 casos de listeriose, na Dinamarca. Na investigação epidemiológica, o surto foi associado a queijo duro ou queijo de mofo azul (LUNDÉN; AUTIO; KORKEALA, 2004). Em 2001, houve um surto na Suécia, no qual 48 pessoas apresentaram gastrenterite após consumir produtos lácteos produzidos em uma fazenda. As investigações epidemiológicas constataram que queijo fresco elaborado a partir de leite cru, contaminado por L. monocytogenes, foi o agente causador do surto. A genotipagem revelou que as cepas isoladas dos pacientes e dos produtos lácteos eram idênticas (CARRIQUE-MAS et al., 2003). No Japão, em 2001, ocorreu um surto de listeriose não-invasiva, acometendo 84 pessoas. L. monocytogenes sorotipo 1/2b foi isolada de amostras de queijo, do ambiente de processamento e de fezes dos pacientes. As investigações epidemiológicas e a genotipagem das cepas evidenciaram que o surto foi causado realmente pelo consumo de queijo (MAKINO et al., 2005). Em 2002, ocorreu um surto de listeriose no Canadá, no qual foram envolvidas 17 pessoas. As investigações epidemiológicas atribuíram o surto ao consumo de queijo maturado por 60 dias, produzido a partir de leite submetido a tratamento térmico insuficiente (GAULIN et al., 2003). 32 No ano de 2007, em Massachusetts, foi relatado um surto de listeriose, envolvendo cinco pessoas, com óbito de três idosos, associado ao consumo de leite pasteurizado, adquirido de um laticínio local (CENTERS FOR DISEASES CONTROL AND PREVENTION, 2008). No Brasil, surtos e casos esporádicos de listeriose causados por produtos alimentícios ainda não foram documentados, embora a ocorrência do patógeno tenha sido relatada em várias pesquisas (LIMA, 2004; BORGES, 2006; MANTILLA, 2007, NALÉRIO et al., 2009). 3.9 Susceptibilidade a antimicrobianos Bactérias do gênero Listeria são normalmente susceptíveis aos antibióticos utilizados contra bactérias Gram-positivas (CASTRO, 1989), mas desde o primeiro relato de isolamento de uma cepa multirresistente (resistente a dois ou mais antibióticos), na França em 1988 (POYART-SALMERON et al., 1990), outras cepas resistentes a um ou mais antibióticos têm sido recuperadas a partir de alimentos, meio ambiente e casos esporádicos de listeriose humana. Dessa forma, tornam-se um risco para saúde pública, pois essas bactérias não são inibidas durante o tratamento com antibióticos de primeira escolha (SAFDAR, ARMSTRONG, 2003; ZHANG et al., 2007). A resistência bacteriana pode ser natural ou adquirida. A natural corresponde a uma característica da espécie bacteriana, e a adquirida, à característica de uma ou mais amostras da espécie (TRABULSI, 2008). O uso desregrado de antimicrobianos em animais e em seres humanos pode selecionar populações bacterianas resistentes. Na alimentação animal, antibióticos são utilizados para o controle e tratamento de doenças infecciosas bacterianas, bem como para promoção de crescimento (PHILLIPS et al., 2004). Além disso, mutações cromossomais e falta de pressão seletiva podem ter contribuído para a propagação de bactérias resistentes em alimentos (CONTER et al., 2009). Listeria spp. podem adquirir genes de resistência a antibióticos através de plasmídeos e transposons de outras espécies bacterianas (incluindo Staphylococcus spp. e Enterococcus spp.) quer in vitro ou in vivo (POURSHABAN et al., 2002). A existência de plasmídeos R ou fatores R, que possuem como principal característica a presença de genes de resistência para antimicrobianos, é 33 considerada por muitos como a principal causa de resistência bacteriana (GOMES et al., 1989). Por sua vez, os transposons constituem pequenas moléculas de DNA que podem se inserir nos cromossomos ou plasmídeos trocando de posição e codificando a síntese de enzimas de resistência a antimicrobianos (TRABULSI, 2008). De modo geral, o tratamento de primeira escolha para a listeriose é o uso de antibióticos β-lactâmicos (por exemplo, penicilina, ampicilina, oxacilina), isoladamente, ou em combinação com um aminoglicosídeo (gentamicina) em casos de pacientes imunocomprometidos (HOF, 2003). Porém, pode ser escolhido como tratamento de segunda escolha, o uso de sulfonamida associado com trimetoprim (exemplo sulfametoxazole), especialmente para pacientes alérgicos a β-lactâmicos (CHARPENTIER et al., 1995). Utiliza-se a vancomicina para o tratamento de listeriose que curse com bacteremia e a eritromicina em mulheres grávidas, (WHITE et al., 2002). Hansen et al. (2005), pesquisaram a susceptibilidade aos antimicrobianos de cepas de L. monocytogenes isoladas de pacientes na Dinamarca, verificando que as cepas foram sensíveis aos antimicrobianos testados, incluindo penicilina, ampicilina e sulfametaxazole. A exceção foi a ciprofloxacina, à qual as cepas apresentaram sensibilidade moderada. Em um estudo realizado na Itália, avaliando cepas isoladas em produtos lácteos e produtos cárneos, nenhuma L. innocua e nem L. monocytogenes foram resistentes ao cloranfenicol e apenas quatro cepas de L. monocytogenes e quinze de L. innocua, foram resistentes a um ou mais agentes antimicrobianos, incluindo eritromicina, canamicina, gentamicina, rifampicina, tetraciclina e sulfametazol/trimetoprim (FACINELLI et al., 1991). No Brasil, treze amostras de L. monocytogenes isoladas de doze casos clínicos de listeriose, ocorridos no período janeiro de 1995 a maio de 2005, na região sudeste de São Paulo, foram submetidas a testes de sensibilidade em relação aos seguintes antimicrobianos: vancomicina, ampicilina, gentamicina, trimetoprina e sulfametoxazol. Nenhum dos isolados clínicos mostrou-se resistente, exceto sete cepas que tiveram sensibilidade reduzida a sulfametoxazol (LEMES-MARQUES, et al., 2007). 34 Yucel et al. (2005) isolaram Listeria spp. (79) em carne bovina e produtos cárneos, e L. innocua e L. monocytogenes foram altamente sensíveis a cloranfenicol (88-100%), mas foram resistentes a ampicilina (66-100%). Arslan e Özdemir (2008) avaliaram o perfil antimicrobiano de Listeria spp. isoladas de queijos, e verificaram que resistência a penicilina (12,8%) foi a mais comum entre os isolados, porém, todos isolados foram sensíveis ou apresentaram sensibilidade intermediária à amoxacilina/cluvulanato, vancomicina, ciproxaxin, rifampicina, gentamicina, trimetoprim/sulfametaxazol. Em estudo recente, L. monocytogenes isoladas de produtos lácteos, apresentaram alta sensibilidade à gentamicina, à eritromicina e à vancomicina (HARAKEN et al, 2009). O estudo da susceptibilidade a antimicrobianos é importante, porque proporciona a identificação da emergência de linhagens resistentes e fornece informações úteis para o desenvolvimento de políticas de saúde pública na utilização de antibióticos, além de poderem ser empregados como marcadores epidemiológicos fenotípicos (VAZ, 2007). 3.10. Coliformes totais e coliformes termotolerantes (a 45ºC) As bactérias do grupo coliforme, são bastonetes curtos, Gram-negativas, pertencentes a família Enterobacteriaceae e não esporogênicos, aeróbios e anaeróbios facultativos, catalase positiva e oxidase negativa que fermentam a lactose com produção de gás (ICMSF, 1998; HOLT et al., 2000). Fazem parte do grupo dos coliformes totais, as enterobactérias capazes de fermentar a lactose com produção de ácido e gás, em 24-48h a 35ºC. Mais de vinte espécies se encaixam nesta definição, entre estas, bactérias originárias do trato gastrointestinal de animais de sangue quente, da mesma forma que bactérias não entéricas, como exemplo, Serratia, Citrobacter, Enterobacter, etc. (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Pertencem às bactérias do grupo dos coliformes termotolerantes, um número restrito dos membros dos coliformes totais, capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24h a 44,5-45,5ºC (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Este grupo é composto principalmente por Escherichia coli, cujo habitat primário é o intestino de humanos e animais, e por isso sua presença em alimentos, constitui um indicador de 35 contaminação fecal (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Ainda fazem parte deste grupo algumas espécies de Enterobacter e Klebsiella, também termotolerantes que produzem ácidos e gás a partir da lactose, mas sua origem não faz parte exclusivamente da microbiota normal do intestino de animais de sangue quente, sendo encontrados também em outros ambientes, como solo e vegetais, onde persistem por ínterim superior ao das bactérias patogênicas de origem intestinal (ICMSF, 1998; HOLT et al., 2000). Bactérias do grupo dos coliformes são facilmente inativados pelos sanitizantes ou pelo tratamento térmico, quando aplicados adequadamente. Por este fato, quando encontrados em níveis consideráveis em alimentos processados, a presença de coliformes indica processamento inadequado e/ou recontaminação pósprocessamento, podendo ser oriunda da matéria-prima, da manipulação sem cuidados de higiene, ou de superfícies sujas de equipamentos contaminados ou ambiente. Além disso, indica proliferação microbiana que poderia permitir a multiplicação de microrganismos patogênicos e toxigênicos (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Segundo Fox et al. (2000), a contagem elevada de coliformes em queijos, promove o estufamento precoce nestes produtos, caracterizado pela produção de gás em 1 a 2 dias após a sua fabricação. A ocorrência de coliformes termotolerantes e E. coli em queijos elaborados a partir de leite pasteurizado ou não, tem sido relatada em muitos países. E. coli foi o agente etiológico em 11 surtos atribuídos ao consumo de leite e queijos, ocorridos na França e outros países industrializados, no período de 1988 a 1997 (DE BUYSER et al., 2001). Neste mesmo período, os autores também verificaram que o leite e produtos lácteos foram implicados em 5% (3.839) dos surtos de origem bacteriana Leite et al. (2000) evidenciaram que 35% (7/20) das amostras de leite tipo C, comercializadas em Salvador – BA, apresentavam contaminação por coliformes à 45ºC em níveis superiores aos limites preconizados pela legislação. Em queijo Coalho, a ocorrência de coliformes fecais em níveis superiores aos fixados pela legislação também tem sido relatada em vários estudos. No Ceará, Borges et al. (2003) avaliaram 43 amostras de queijo Coalho, produzidos em 11 municípios pertencentes a cinco microrregiões produtoras de leite e verificaram que 74% das amostras estavam contaminadas por coliformes fecais e E. coli em níveis superiores ao estabelecido na legislação. Carvalho (2003) também constatou 36 contagens de coliformes fecais acima do limite permitido pela legislação em 34,4% (93) das amostras de queijo Minas frescal analisadas. 3.11 Salmonella spp. Salmonella spp. é um grupo bacteriano amplamente difundido na natureza, podendo estar presente no solo, no ar, nas águas residuais, nos equipamentos, mas seu habitat natural é o trato intestinal dos seres humanos e dos animais, principalmente aves (OKURA, 2002). As bactérias pertencentes a este gênero são bacilos retos, Gram-negativos, móveis quando apresentam flagelos peritríquios, inclusos na família Enterobacteriaceae. São mesófilos, anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, crescem em ampla faixa de pH (4,5 a 8,0), com ótimo entre 6,0 a 7,5, e a atividade de água para crescimento varia de 0,93 a 0,96. São fermentadores de glicose, mas não de lactose e sacarose, geralmente produzindo gás e H2S; são oxidase negativa e catalase positiva (ICMSF, 1998). As enfermidades causadas por Salmonella spp. abrangem, de modo geral, três grupos: febre tifóide (causadas por Salmonella Typhy), febre entérica (causada por Salmonella Paratyphi) e as enterocolites ou salmoneloses, causadas pelas demais salmonelas (FRANCO; LANDGRAF, 2002). O mecanismo de patogenicidade se desenvolve pela penetração e passagem da Salmonella do lúmen intestinal para dentro do epitélio que reveste a parede intestinal, onde ocorre a inflamação. O período de incubação é de 6-72 horas, seguido pelo início dos sintomas agudos, com diarréia, náusea, vômito, câimbra abdominal, podendo haver febre e dores de cabeça. Algumas consequencias crônicas, como sintomas de artrite, podem persistir por 3-4 semanas após o início dos sintomas agudos (ICMSF, 1998). A dose infectante oscila entre 2,0x10¹ a 1,0x106 células por grama de alimento ingerido. Os sintomas e a severidade de uma salmonelose podem variar de branda a severa, dependendo do sorotipo de Salmonella spp. envolvido, da idade e saúde do indivíduo, sendo que crianças com até cinco anos e pessoas com sistema imunológico comprometido são mais susceptíveis (WERBER et al., 2005). As salmoneloses constituem um dos problemas mais significantes de saúde pública no mundo, representando custos econômicos significativos para a sociedade, em muitos países. A ocorrência de Salmonella spp. em alimentos tem 37 sido registrada em todo o mundo, sendo um dos principais agentes microbianos envolvidos em surtos de DTA (DALTON et al., 2004; CDC, 2005), com grande parte dos surtos associada ao consumo de produtos de origem animal, como, aves, ovos, carnes, leite e produtos lácteos. Em relação aos laticínios, a contaminação é quase sempre causada, por leite cru ou inadequadamente pasteurizado (FRANCO; LANDGRAF, 2002). Surtos de salmonelose atribuídos ao consumo de leite e produtos lácteos têm sido relatados em diversos estudos (OLSEN et al., 2000; HERVEY et al., 2003). Leite e queijos têm merecido destaque como veículo de Salmonella spp. Na Itália, Busani et al. (2005) pesquisaram a prevalência desse microrganismo em diversos tipos de alimentos de origem animal e constataram sua presença em 2,2% das amostras (1.576/71.643), sendo detectado em 1,1% das amostras de queijos. Salmonella spp. pode se multiplicar durante a fabricação e sobreviver em vários queijos por mais de 60 dias (ICMSF, 1998), o que ressalta a importância do controle da qualidade microbiológica do produto, devido a sérias enfermidades que essa bactéria pode causar, além de prejuízos econômicos. Ressalta-se que a legislação brasileira estabelece ausência em 25g desta bactéria em alguns alimentos, inclusive em queijos (BRASIL, 2001). 3.12 Estafilococos coagulase positiva O gênero Staphylococcus pertence à família Staphylococcaceae, sendo composto por bactérias Gram-positivas, mesófilas, que se apresentam na forma esférica, de 0,5 a 1,5µm de diâmetro, tendendo a formar agrupamentos semelhantes a cachos de uva (GARRITY; HOLT, 2001). Estafilococos são anaeróbios facultativos, não esporogênicos, imóveis, catalase positiva e oxidase negativa. Geralmente toleram até 10% de sal a 37ºC e podem crescer em valores de atividade de água inferiores aos considerados como mínimo para bactérias não halofílicas (HOLT, 2000; FRANCO; LANDGRAF, 2002). Fazem parte do gênero, atualmente, 41 espécies, sendo Staphylococcus aureus (S. aureus), considerada a mais virulenta, e um patógeno de grande impacto econômico, causando um amplo espectro de infecções em humanos e animais. (COUZINET et al., 2005; DEURENBERG ; STBBERNINGH, 2008). 38 S. aureus, em humanos, é um patógeno oportunista que causa um amplo espectro de enfermidades que incluem: infecções cutâneas, intoxicação alimentar, endocardites, pneumonia, osteomielite e artrite séptica (SANCHES et al., 2002; LE LOIR; BARON; GAUTIER, 2003). Já em animais, este patógeno é um importante agente etiológico de mastite em vacas, cabras e ovelhas, causando uma infecção crônica e profunda na glândula mamária de fêmeas lactantes. A mastite causa sérias perdas econômicas para a produção leiteira e representa risco para a saúde pública (AIRES-DE-SOUSA et al., 2007). Staphylococcus são de natureza ubíqua, tendo a pele e membranas mucosas, especialmente a região naso-faríngea de mamíferos e aves, como seu reservatório primário. Estima-se que 25 a 40% da população humana carreiam S. aureus, o que torna essa espécie, um importante indicador de higiene pessoal e de qualidade de alimentos (BANNERMAN, 2003; LUONG et al., 2006). A intoxicação estafilocócica é causada pela ingestão de alimentos contendo enterotoxinas pré-formadas, produzidas por estafilococos enterotoxigênicos, como S. aureus (com maior prevalência), S. hyicus, S. intermedius, entre outras espécies. Esta intoxicação é um dos tipos mais comuns de DTA (LE LOIR; BARON; GAUTIER, 2003). Para a formação de enterotoxinas em quantidade suficiente para provocar intoxicação, autores citam que, sejam necessárias 105 a 106 células de Staphylococcus enterotoxigênicos por grama de alimento (FRANCO; LANDGRAF, 2002). A presença dessas proteínas tóxicas extracelulares em alimentos é preocupante, pois são termoresistentes e também resistentes a proteases gastrointestinais (JABLONSKI; BOHACH, 2001). Condições diversificadas são atribuídas ao crescimento e produção de estafilococos e suas enterotoxinas em alimentos, como matéria-prima contaminada (leite de vacas com mastite, por exemplo), preparo de alimentos por tempo prolongado, refrigeração inadequada, permitindo a multiplicação do patógeno, higiene pessoal deficiente, aquecimento e cozimento inadequados (SORIANO et al. 2002). Vários alimentos são incriminados em casos e surtos de intoxicação estafilocócica, mas especialmente, aqueles que envolvem uma grande manipulação, sendo os derivados de leite, os mais frequentemente envolvidos (LE LOIR; BARON; GAUTIER, 2003; LAMAITA et al., 2005; PELLES, et al., 2007) 39 Cunha Neto et al. (2002) isolaram estafilococos enterotoxigênicos de diversos alimentos, incluindo queijo tipo coalho e leite em pó integral, comercializados em Recife/PE. As contagens de estafilococos coagulase positiva variaram de 10² a 1,5x104UFC.g-1 para estes dois alimentos e 100% das cepas isoladas de queijo de coalho foram positivas para enterotoxinas estafilocócicas clássicas. Normanno et al. (2005), no período de 2000 a 2002, na Itália, pesquisaram estafilococos coagulase positiva e S. aureus em 9.869 amostras de vários produtos de origem animal, sendo 3.097 de leite (leite cru e leite pasteurizado) e derivados (queijo, coalhada, ricota, sorvetes e outros produtos lácteos). A presença desses microrganismos foi constatada em 21% (641) das amostras. Dentre os 364 isolados obtidos, 362 foram identificados como S. aureus e, destes, 217 (59,9%) eram enterotoxigênicos. Até pouco tempo atrás, a produção de enterotoxinas era atribuída exclusivamente a S. aureus, espécie coagulase positiva (BENNET, 1996). Em 2001, a legislação brasileira de padrões microbiológicos para alimentos alterou a determinação de se avaliar S. aureus para enumeração de “estafilococos coagulase positiva”, devido à correlação entre a produção de coagulase e a capacidade enterotoxigênica (BRASIL, 2001). No entanto, algumas espécies de estafilococos coagulase negativa, têm sido apontadas como capazes de produzir enteroxinas, como S. epidermidis, S. saprophyticus, S. xylosus, S. haemolyticus (PEREIRA; PEREIRA, 2008). 40 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Características dos laticínios pesquisados Foram avaliados três laticínios, denominados A, B e C, sendo um dos laticínios sem inspeção sanitária e os outros dois sob diferentes níveis de inspeção, localizados em três cidades da região sul do Rio Grande do Sul. Foram realizadas duas coletas em cada um dos três laticínios. 4.1.1 Laticínio A A primeira indústria avaliada neste estudo, denominada Laticínio A, localiza-se no Balneário Cassino - Distrito de Rio Grande/RS. Trata-se de um estabelecimento de pequeno porte, sem controle oficial sanitário durante o período de estudo. Essa indústria processa, aproximadamente, 200 litros de leite de búfalas diariamente, proveniente de seu próprio rebanho, que rende cerca de 40Kg de queijos por dia. A produção é realizada de acordo com pedidos de clientes e a distribuição dos produtos é realizada na cidade de Rio Grande e Pelotas. A indústria conta com dois funcionários trabalhando no setor de queijaria. 4.1.2 Laticínio B A segunda indústria avaliada neste estudo, denominada Laticínio B, localizase na cidade de São Lourenço/RS. Trata-se de uma indústria de pequeno porte, que destina cerca de 600 litros de leite por dia para a produção de queijo, com quatro funcionários, inspecionada por Veterinários da Coordenadoria de Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal (CISPOA), Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (SEAPPA) do Estado do Rio Grande do Sul. Processa aproximadamente 2100 litros de leite ao dia, provenientes de produtores da região. Comercializam seus produtos na cidade de São Lourenço e pequena região. 41 4.1.3 Laticínio C A terceira indústria avaliada neste estudo, denominada Laticínio C, localiza-se na cidade de Pelotas/RS, é inspecionada pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), captando aproximadamente 400 mil litros de leite por dia, proveniente de vários produtores da região, sendo que a produção destinada para a queijaria é de 67 - 100 mil litros de leite por semana. Seus produtos são comercializados de modo geral em todo estado do Rio Grande do Sul. O quadro de funcionários da queijaria é formado por treze pessoas. 4.2 Coleta das amostras As amostras foram coletadas entre outubro de 2008 e março de 2010, sendo realizadas duas coletas em cada um dos três laticínios, totalizando seis coletas. Avaliou-se a linha de processamento de queijos de média e alta umidade, sendo avaliada no laticínio A, a linha de processamento do queijo Coalho e nos laticínios B e C as linhas de processamento do queijo Tipo Prato/Lanche. As amostras incluíam leite cru, leite pasteurizado, superfícies de mãos de manipuladores, além de amostras de superfícies ambientais, de equipamentos e utensílios ao longo das linhas de processamento dos queijos, bem como do produto final, totalizando 208 amostras. A amostragem seguiu metodologia preconizada pela APHA (2001). Após cada coleta, as amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas, contendo gelo, e transportadas para o Laboratório de Microbiologia de Alimentos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial (DCTA), da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde foram analisadas. 4.2.1 Leite Coletou-se, em frascos estéreis, aproximadamente 300mL de leite in natura, no início do processo e logo após a etapa de pasteurização. Analisaram-se doze amostras de leite, sendo seis de leite cru e seis de leite pasteurizado em cada um dos três laticínios. 42 4.2.2 Mãos dos manipuladores As seis amostras das superfícies das mãos dos manipuladores foram coletadas conforme Lima (2004). Realizou-se a lavagem das mãos dos manipuladores que atuavam durante o processo, dentro de sacos de amostragem individuais, contendo 100mL de solução salina a 0,85% esterilizada. No momento da análise, essas amostras provenientes das mãos dos manipuladores de cada laticínio foram misturadas, de forma a obter-se uma única amostra representativa dos manipuladores por laticínio. As amostragens nos laticínios A e B foram feitas com dois manipuladores, e a amostragem no laticínio C com quatro manipuladores. Seis amostras compreenderam o número total de amostras analisadas representando as superfícies das mãos dos manipuladores 4.2.3 Produto final Os queijos de cada indústria foram coletados no dia seguinte, já na embalagem de comercialização. Foram coletados dois queijos Tipo Coalho provenientes das duas coletas realizadas no laticínio A, e quatro queijos Tipo Prato/Lanche, dois oriundos do laticínio B, e dois provenientes do laticínio C, totalizando seis amostras de produto final coletadas. 4.2.4 Amostras de superfícies do ambiente de processamento, equipamentos e utensílios As superfícies das instalações, equipamentos e utensílios das linhas de processamento foram amostradas instantes antes do início da produção e os locais relativos à coleta de amostras estão discriminados nas Fig. 2, 3 e 4 para os laticínios A, B e C, respectivamente. 43 Recepção do leite de búfalas 1 - Manipuladores 2- Tanque de resfriamento 3 - Leite cru ↓ Pasteurização (65ºC/30min) ↓ Resfriamento (38ºC) 4 - Leite pasteurizado 5 - Piso sala de processamento 6 - Parede sala de processamento 7 - Ralo sala processamento ↓ Adição CaCl2 / Fermento lácteo 8 - Panelas 9 - colheres ↓ Adição do coalho 10 - Tanque de coagulação ↓ Coagulação ↓ Corte da coalhada/repouso 11- Lira de corte vertical 12- Lira de corte horizontal 13 - Garfo mexedor inox ↓ 1ª Mexedura/2ª Mexedura (45ºC) ↓ 14 - Baldes para auxílio na retirada do soro 15 - Prateleira de utensílios Desoragem ↓ Salga 16 - Prancha de pré-prensagem inóx 17 - Prensa 18 - Faca ↓ Enformagem ↓ 19 - Mesa processamento 20 - Formas/Moldes 21 - Saquinhos desoradores Pré-prensagem/Prensagem ↓ Desenformagem ↓ Embalagem - Queijo Coalho 22 - Piso sala de embalagem 23 - Parede sala de embalagem 24 - Ralo sala de embalagem 25 - Câmara fria ↓ 26 - Mesa balança 27 - Balança 28 - Embaladora Estocagem (8-10ºC) 29 - Queijo coalho Figura 2 - Fluxograma de produção do queijo Coalho e pontos de amostragem no laticínio A. 44 Recepção do Leite ↓ Pasteurização (75ºC/15-20s) ↓ Resfriamento 38ºC ↓ Adição fermento lácteo/ 1 - Manipuladores 2 - Tanque de resfriamento 3 - Leite cru 4 - Piso sala recepção 5 - Parede sala recepção 6 - Ralo sala recepção 7 - Leite pasteurizado CaCl2/Urucum ↓ Adição coalho ↓ Corte ↓ 1ªMexedura / 2ªMexedura ↓ 8 - Piso sala processamento 9 - Parede sala processamento 10 - Dreno sala processamento 11 - Ralo sala processamento 12 - Tanque de coagulação 13 - Colheres 14 - Lira de corte vertical 15 - Lira de corte horizontal 16 - Garfo mexedor aço inox Adição de água (70-75ºC) ↓ Pré-prensagem ↓ Desoragem ↓ Enformagem ↓ Prensagem ↓ Desenformagem ↓ 17 - Prancha pré-prensagem aço inox 18 - Peneira de retenção de grumos 19 - Formas/moldes 20 - Saquinhos desoradores 21 - Prensa 22- Faca 23 – Mesa Salmoura 18º Bé/24h ↓ Câmara secagem ↓ Embalagem ↓ Maturação (8ºC/15dias) ↓ Queijo Lanche 24 - Tanque de salmoura 25 - Piso da sala de salga e secagem 26 - Parede da sala de salga e secagem 27 - Ralo sala de salga e secagem 28 - Prateleira de secagem 29 - Balança 30 - Mesa balança 31 - Embaladora 32- Prateleira câmara de maturação 33 - Piso câmara de maturação 34- Parede câmara de maturação 35 - Ralo câmara de maturação 36 - Queijo Lanche Figura 3 - Fluxograma de produção de queijo Prato/Lanche e pontos de amostragem no laticínio B. 45 Recepção do Leite ↓ Pasteurização (75ºC/15-20s) ↓ Resfriamento 32ºC ↓ Adição fermento lácteo/ CaCl2/Urucum ↓ Adição coalho ↓ Corte ↓ 1ªMexedura / 2ªMexedura 1 - Manipuladores 2 - Leite cru 3 - Tanque de resfriamento 4 - Leite pasteurizado 5 - Tina 6 - Piso sala processamento 7 - Parede sala processamento 8 - Dreno sala processamento 9 - Ralo sala processamento 10 - Colheres 11 - Tanque de coagulação 12 - Lira de corte vertical 13 - Lira de corte horizontal 14 - Garfo mexedor inox ↓ Adição de água (70-75ºC) ↓ Pré-prensagem ↓ Desoragem ↓ Enformagem ↓ Prensagem ↓ Desenformagem ↓ Salmoura 18ºBé/24h ↓ Câmara secagem ↓ Embalagem ↓ Maturação (8ºC/25dias) ↓ Queijo Lanche 15 - Prancha de pré-prensagem aço inox 16 - Peneira de retenção de grumos 17 - Formas/moldes 18 - saquinhos desoradores 19 - Mesa processamento 20 - Prensa 21 - Faca 22 - Tanque de salmoura 23 - Piso sala salga 24 - Parede sala de salga 25 - Carrinho de inox para transporte 26 - Prateleira de secagem 27 - Piso câmara secagem 28 - Parede câmara secagem 29 - Ralo câmara secagem 30 - Balança 31 - Mesa balança 32 - Embaladora 33 - Piso sala de embalagem 34 - Parede sala de embalagem 35- Prateleira câmara de maturação 36 - Piso câmara de maturação 37- Parede câmara de maturação 38 - Ralo câmara de maturação 39 - Queijo Lanche Figura 4 - Fluxograma de produção de queijo Prato/Lanche e pontos de amostragem no laticínio C. 46 O procedimento para amostragem procedeu-se com auxílio de swabs de algodão, estéreis, umedecidos com solução salina 0,85%. A técnica foi realizada com pressão e movimentos da esquerda para a direita e depois de baixo para cima, girando o swab continuamente para que toda superfície do algodão tivesse contato com a superfície a ser amostrada. A área amostrada por ponto de coleta foi padronizada em 75cm², sendo amostrada por cada swab uma área de 25cm² delimitadas por moldes estéreis de aço inoxidável, em três áreas diferentes por pontos de amostragem, formando uma amostra composta de três swabs. No entanto, a área amostrada para pisos, paredes e câmara fria foi de 100cm², e a amostra composta foi de quatro swabs. Já a área amostrada para cada ralo foi de 25cm². Depois de cada ponto coletado, os swabs da amostra composta foram inoculados em um mesmo tudo de ensaio contendo 10mL de caldo de Enriquecimento para Listeria (LEB UVM-1 Oxoid®) adicionado de suplemento SR141E (Oxoid®). Cada tipo de utensílio (faca, colher, molde/forma, etc), foi agrupado e amostrado em conjunto, onde cada tipo de utensílio, constava de três unidades amostrais, formando um ponto de amostragem. Posteriormente, os três swabs que compunham um ponto foram inoculados da mesma maneira que descrito anteriormente. 4.3 Preparo das amostras O preparo de amostras seguiu os métodos preconizados pela American Public Health Association - APHA (2001). As amostras foram homogeneizadas e as alíquotas foram pesadas ou medidas volumetricamente no interior de uma capela de fluxo laminar. 4.3.1 Leite cru, leite pasteurizado e mãos de manipuladores Três unidades analíticas de 25mL foram retiradas de cada amostra para frascos estéreis, com auxílio de provetas estéreis. Uma unidade analítica de cada amostra foi homogeneizada com 225mL de água peptonada 0,1% (Acumedia®), sendo realizadas as diluições decimais subsequentes na mesma solução, para 47 análise de Coliformes totais (Ct), Coliformes Termotolerantes (CT) e estafilococos coagulase positiva (ECP). Uma unidade analítica de 25mL foi homogeneizada com água peptonada tamponada (Oxoid®) para análise de Salmonella spp. Outra unidade analítica de 25mL foi homogeneizada com 225mL de caldo de Enriquecimento para Listeria (LEB UVM-1Oxoid®) adicionado de suplemento SR141E (Oxoid®) para pesquisa de Listeria spp. 4.3.2 Amostras de superfícies ambientais, equipamentos e utensílios Os tubos de ensaio contendo as amostras que foram coletadas com swabs e que já haviam sido inoculadas em 10mL de LEB no momento da coleta, foram homogeneizadas em agitador tipo vortex durante um minuto, e incubados ao chegar ao laboratório por 24 horas a 30ºC, prosseguindo as etapas envolvidas na pesquisa de Listeria spp. 4.3.3 Produto final Antes de abrir as embalagens, a área externa foi desinfetada com álcool 70%. A embalagem foi cortada com auxílio de uma tesoura previamente mergulhada em álcool 98,2ºGL e flambada. De acordo com o Standard Methods for the Examination of Dairy Products (DUNCAN; YAUN; SUMNER, 2004), todo o conteúdo da unidade de amostra de queijo foi macerado com uma espátula estéril e foram retiradas três unidades analíticas de 25g de cada amostra, as quais foram acondicionadas em saquetas estéreis, homogeneizadas em stomacher com seus respectivos caldos de enriquecimento de acordo com a análise microbiológica referentes a bactéria a ser pesquisada, como descrito no item 4.3.1. 4.4 Isolamento e Identificação de espécies de Listeria A verificação da presença de Listeria spp. e diferenciação entre as espécies foi realizada segundo metodologia preconizada por Farber et al. (1994). 48 4.4.1 Isolamento de colônias presuntivas de Listeria spp. A metodologia de análise empregada para isolamento de colônias presuntivas de Listeria spp. constou de quatro etapas. 4.4.1.1 Enriquecimento seletivo primário A partir das amostras preparadas, utilizou-se um enriquecimento seletivo primário em caldo de Enriquecimento para Listeria (LEB UVM-1 Oxoid®) adicionado de suplemento SR141E (Oxoid®) e posterior incubação a 30ºC por 24 horas. 4.4.1.2 Enriquecimento seletivo diferencial Após o período de incubação de 24 horas do enriquecimento primário, realizou-se um segundo enriquecimento, onde uma alíquota de 0,1mL de cada amostra retirada do LEB, foi inoculado em tubo com 10mL de caldo Fraser (Oxoid®) adicionado do suplemento SR156 (Oxoid®), incubando-se a 35ºC por 48 horas. 4.4.1.3 Isolamento As culturas que produziram escurecimento do caldo Fraser (devido à hidrólise da esculina, componente diferencial do meio), foram semeadas nos ágares Oxford (Oxoid®) adicionado de suplemento SR140 (Oxoid®) e Palcam (Oxoid®) adicionado do suplemento SR150E (Oxoid®), com auxílio de alça de platina, a fim de obter o isolamento de colônias típicas, sendo incubadas durante 48 horas a 35ºC. 4.4.1.4 Subcultivo das colônias Foram selecionadas de 3 a 5 colônias características de Listeria spp. de cada Placa de Petri (colônias com coloração cinza esverdeada com centro côncavo e halo negro em ágar Palcam e com coloração negra com centro côncavo e halo negro no ágar Oxford), as quais foram repicadas com o auxílio de uma agulha de inoculação para tubos de ensaio contendo ágar Triptona de Soja (Oxoid®) com 0,6% de Extrato de Levedura (Oxoid®) – TSA-YE, os quais foram incubados a 35ºC por 24 horas. 49 Após, todos os isolados foram submetidos aos testes fenotípicos necessários à confirmação e identificação em nível de espécie. 4.4.2 Confirmação e identificação de Listeria em nível de espécie Para o diagnóstico presuntivo do gênero Listeria foram realizados os seguintes testes: coloração pelo método de Gram para verificação das características morfotinturiais das bactérias (bastonetes curtos Gram +), produção de catalase e avaliação de motilidade a 25ºC. Os isolados com características fenotípicas de Listeria spp. foram submetidos às provas bioquímicas, para a identificação em nível de espécie, a saber: produção de beta-hemólise em ágar Sangue de Cavalo (ágar Triptose de Soja com 5% de sangue desfribrinado de cavalo) e fermentação de carboidratos (dextrose, ramnose, xilose e manitol) e CAMP-test, se necessário. A interpretação foi realizada conforme descrito na Fig. 5. Ramnose (+); Xilose (-) L. monocytogenes β-hemolítica Camp S. aureus (+) L. seeligeri Ramnose (-); Xilose (+) Camp S. aureus (-) L. ivanovii Listeria spp Xilose (+) L. welshimeri Não β-hemolítica Xilose (-) L. innocua Xilose (-) Manitol (+) L. grayi Figura 5- Chave dicotômica para identificação de espécies de Listeria. Utilizou-se sempre cultivo de 24 horas para testar os isolados. Os isolados a serem testados para motilidade, foram inoculados em tubos de ensaio contendo 4mL de Motility Test Medium (Difco), com auxílio de uma agulha de 50 inoculação, picando-se o ágar até o terço inferior à sua profundidade. Foi feita a incubação a 25ºC, temperatura onde a motilidade característica de Listeria spp. é manifestada, observando-se por um período de até 7 dias. Foram efetuadas observações diárias, a fim de se constatar a presença da motilidade característica do gênero, ou seja, motilidade com aspecto de guarda-chuva no terço superior do ágar, indicando, também, a característica de microaerofilia apresentada por esses microrganismos. Para o teste de produção de catalase, foi preparada uma suspensão bacteriana, a partir de cultivo recente em TSA-YE a ser testado, e de uma alçada de solução salina a 0,85% esterilizada, na superfície de uma lâmina de microscopia, previamente desengordurada com álcool etílico 98,2ºGL. A essa suspensão, adicionou-se uma gota de água oxigenada a 3%, verificando-se o surgimento ou não de bolhas de oxigênio, por até 2 minutos, como consequencia da presença ou não da enzima. O teste de produção de β-hemólise foi executado em ágar Sangue de Cavalo (TSA-Sangue), sendo cada Placa de Petri demarcada em sua porção inferior de modo a identificar 10 espaços, onde cada espaço recebeu uma picada do respectivo isolado a ser testado. Após a inoculação, as placas foram invertidas e incubadas a 35ºC por 24 horas. Decorrido esse intervalo, foram examinadas sob luz clara, de forma a identificar possíveis zonas de clareamento ao redor do crescimento bacteriano (hemólise), provocadas pela produção de β-hemolisina. O resultado para cada isolado foi registrado como não hemolítico (sem alteração no meio ao redor do crescimento bacteriano) ou β-hemolítico (com uma zona de clareamento total ao redor do inoculo). No teste de fermentação de carboidratos, cada placa de ágar púrpura de Bromocresol, acrescida do respectivo açúcar (dextrose, ramnose, xilose ou manitol) a ser testado, foi demarcada, em sua porção inferior, identificando 10 espaços. Em cada espaço foi inoculada, por picada, uma das culturas. Após a inoculação, as placas foram incubadas, invertidas, por 24 horas a 35ºC. O resultado positivo foi indicado pelo surgimento de um halo amarelo ao redor da picada, devido à produção de ácido pelo microrganismo, com mudança do indicador de pH do meio. Os resultados foram registrados como positivos ou negativos para cada carboidrato. 51 4.5 Sorologia dos isolados de Listeria spp. Os isolados confirmados como Listeria spp. foram cultivados em tubos contendo TSA-YE, incubados a 30ºC por 24 horas, e enviados ao Laboratório de Zoonoses Bacterianas do Departamento de Bacteriologia do Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), no Rio de Janeiro, onde realizou-se o processo de caracterização antigênica. 4.6 Determinação de Salmonella spp. A determinação de Salmonella spp. foi baseada em protocolo estabelecido pela APHA (ANDREWES et al., 2001) com adaptações. Cada unidade de 25g ou mL de amostra foi homogeneizada com 225mL de água peptonada tamponada (APT Acumedia®), durante 2 minutos. Após incubação por 24h a 35ºC, 0,1mL da APT foi transferida para 10mL de Caldo Rappaport-Vassiliadis (RV-Oxoid®), o qual foi, incubado a 42ºC por 24h em banho-maria, e 1,0mL transferido para 10mL de Caldo Tetrationato (TT-Oxoid®), o qual foi incubado a 37ºC por 24h em estufa BOD com circulação de ar. Uma alçada destes caldos foi estriada em ágar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD-Oxoid®) e em ágar Hektoen Enteric (HE-Oxoid®), incubando-se a 35ºC por 24h. De duas a cinco colônias típicas de cada placa de XLD (colônias róseo escuro, com ou sem centro negro) e de HE (colônias verde azuladas, com ou sem centro negro) foram transferidas individualmente para tubos contendo ágar TSA (Oxoid®) inclinado, e incubadas por 24 horas a 35ºC. Após, os isolados foram submetidos a provas bioquímicas para caracterização de Salmonella em ágar Triplece Açúcar Ferro - TSI (Acumedia®), ágar Uréia (Acumedia®) e ágar Lisina Ferro - LIA (Acumedia®), os quais foram incubados a 35ºC por 24 horas. Os isolados com reações características de Salmonella spp. em TSI (rampa alcalina e fundo ácido e em LIA (rampa e fundo alcalinos) e urease negativa, foram submetidos ao teste de aglutinação com antisoros polivalentes Salmonella somático e flagelar (Probac®). Os resultados foram expressos como presença ou ausência de Salmonella spp. em 25g ou mL. 52 4.7 Determinação de coliformes totais (Ct) e coliformes termotolerantes (CT) A contagem foi realizada utilizando-se a Técnica do Número Mais Provável (NMP), empregando-se séries de 3 tubos, de acordo com recomendações da American Public Health Association - APHA (KORNAVACKI; JOHNSON, 2001). Alíquotas de 1mL das diluições das amostras foram transferidas para tubos contendo Lauril Sulfato Triptose - LST (Oxoid®) e incubadas a 35°C/24-48 horas. Foram considerados positivos aqueles tubos que apresentavam turvação e produção de gás visualizado em tubo de Durhan. Alíquotas provenientes dos tubos positivos foram transferidas para novos tubos contendo caldo Bile Verde Brilhante - VB (Oxoid®) e incubadas a 35°C/24-48 horas, e para tubos cont endo caldo Escherichia coli - EC (Oxoid®) e incubadas a 45°C/24-48 horas em banho-maria par a confirmação de coliformes termotolerantes Para as amostras de leite, desprezou-se a etapa de incubação em LST, sendo as alíquotas diretamente transferidas para caldo VB e caldo EC, nas mesmas condições de procedimento e incubação citadas acima. 4.8 Determinação de estafilococos coagulase positiva A determinação foi realizada de acordo com o método recomendado pela APHA (BENNET; LANCETTE, 2001). As diluições das amostras foram semeadas na superfície de ágar Baird Parker – BP (Acumedia®) suplementado com solução aquosa de telurito de potássio 1% e com 3% de emulsão de gema de ovo: salina (1:1) e as placas foram incubadas a 35ºC por 48 horas. Após esse período, procedeu-se uma contagem presuntiva das Unidades Formadoras de Colônias (UFC). Cinco colônias suspeitas (colônias circulares, pretas brilhantes, convexas, rodeadas por uma zona opaca e frequentemente com halo claro que se estende além da zona opaca), foram selecionadas e transferidas para caldo Infusão de Cérebro e Coração - BHI (Difco®), seguido de incubação a 35ºC por 24 horas para confirmação, através da caracterização morfológica por coloração de Gram e dos testes bioquímicos de catalase e coagulase. O resultado da enumeração de estafilococos coagulase positiva (UFC mL-1 ou g-1) foi corrigido de acordo com a diluição e quantidade de inóculo utilizados, 53 considerando-se o número de colônias típicas e atípicas contadas e a porcentagem de colônias coagulase positivas confirmadas (SILVA et al., 1997). 4.9 Avaliação da resistência de Listeria spp. a antimicrobianos O perfil de resistência dos isolados de Listeria spp. foi avaliado frente a 15 antibióticos, pela técnica de disco-difusão em ágar, seguindo metodologia recomendada pelo National Comittee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS), 2005. Os isolados, a serem testados, foram semeados em TSA-YE e incubados por 24 horas a 30°C. Após esse período, os subcultivos foram homogeneizados em solução salina estéril a 0,85%, padronizando-se a suspensão para uma turvação igual ao padrão número 0,5 da escala de Mac Farland. Placas de Petri contendo ágar Müeller Hinton (Acumedia®) foram repicadas utilizando-se um swab esterilizado embebido com o inóculo, para o espalhamento homogêneo na superfície do meio. Após a absorção do inóculo, colocaram-se os discos dos diferentes antibióticos com auxílio de uma pinça previamente flambada e resfriada, incubando-se posteriormente a 30°C por 18-24 horas. O diâmetro do halo de inibição ao redor de cada disco foi mensurado com régua em mm, e os valores foram comparados com os valores apresentados na tabela de interpretação do Clinical and Laboratory Standards Institute para bactérias Gram-postivas (CLSI, 2005), do NCLSI, e as cepas foram classificadas como resistentes, intermediárias ou sensíveis ao antibiótico analisado. Neste estudo foram utilizados os seguintes antimicrobianos: Penicilina G (10U), Oxacilina (1µg), Vancomicina (30µg), Eritromicina (15µg), Clindamicina, (30µg), Ampicilina (10µg), Gentamicina (10µg), Tetraciclina (30µg), Cefaclor (30µg), Cloranfenicol (30µg), Rifampicina (5µg), Claritromicina (15µg), Ciprofloxacina (5µg), Sulfazotrim (25µg) e Amoxicilina/ácido clavulônico (30µg). 4.10 Avaliação da eficácia da pasteurização As amostras de leite submetidas a pasteurização foram analisadas quanto à eficácia do processo, através da avaliação da atividade das enzimas fosfatase e peroxidase, de acordo com os métodos analíticos oficiais para controle de produtos 54 de origem animal e seus ingredientes II – Métodos físicos e químicos (BRASIL, 1981). 4.11 Avaliação microbiológica quanto aos padrões legais da RDC nº12 ANVISA (2001) De acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijo Prato/Lanche e Coalho (SECRETARIA de DEFESA AGROPECUÁRIA, 1997 e 2001), estes queijos são classificados como queijos de média e alta umidade, respectivamente, cujos critérios microbiológicos, preconizados pela RDC 12/2001, da ANVISA são descritos na tab 3. Tabela 3 - Padrões microbiológicos para queijos de média e alta umidade segundo a Resolução RDC nº12/2001, da ANVISA Parâmetros Critérios para amostra indicativa Alta umidade (46%-54%) L. monocytogenes Ausência em 25g Salmonella spp. Ausência em 25g Coliformes a 45ºC 5x103 Estafilococos coagulase 103 positiva Média umidade (36%-45%) Ausência em 25g Ausência em 25g 103 103 55 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Isolamento de Listeria spp. em plantas de processamento de queijos de média e alta umidade Neste trabalho foram avaliadas 29, 36 e 39 amostras por coleta, provenientes dos laticínios A, B e C respectivamente, a partir de duas coletas em cada laticínio. De um total de 208 amostras analisadas neste experimento, 16 (7,69%) apresentavam Listeria spp. Destas, sete (43,75%) foram isoladas no laticínio A, quatro (25%) no laticínio B e cinco (31,25%) no laticínio C (Fig. 6). 100% 80% 60% 43,75% 40% 25% 31,25% 20% 0% Laticínio A Laticínio B Laticínio C Figura 6 - Percentual de Listeria spp. isoladas nos laticínios A, B e C. 5.1.1 Matéria prima Foram avaliadas seis amostras de leite cru, utilizadas como matéria prima para elaboração dos queijos nos três laticínios, sendo duas amostras provenientes de cada laticínio. Verificou-se a presença de Listeria spp. em 66,66% (4/6) das amostras, não sendo isolada a bactéria no laticínio A, ou seja, foi encontrada em 100% nas amostras provenientes dos laticínios B e C. Entre as espécies de Listeria isoladas no leite cru, L. monocytogenes foi identificada em 50% (2/4) e L. innocua em 75% (3/4). É importante ressaltar que em uma amostra, proveniente da primeira coleta realizada no laticínio B, isolou-se ambas as espécies de Listeria. 56 Esse resultado é relevante, uma vez que outros autores no Brasil não têm isolado Listeria spp. em amostras de leite in natura. Mattos (2010) avaliou leite cru proveniente de 53 propriedades rurais do agreste pernambucano, não isolando essa bactéria. Da mesma forma, Nero et al. (2004) avaliaram 210 amostras de leite cru, provenientes de pequenas e médias propriedades localizadas em quatro importantes estados produtores de leite no Brasil (Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo), não isolando L. monocytogenes. Nesta pesquisa, evidenciou-se que o binômio tempo/temperatura durante a pasteurização do leite foi aplicado adequadamente em todos os laticínios, o que foi verificado pelos testes de fosfatase e peroxidase, que apresentaram resultado negativo e positivo, respectivamente, em 100% das amostras. Em função disso, nenhuma (0/6) das amostras de leite pasteurizado apresentou Listeria spp. Esse resultado corrobora a importância da pasteurização do leite, tendo em vista que o tratamento térmico adequado elimina as células viáveis de Listeria spp. e de outros patógenos, assim como da grande maioria das bactérias deteriorantes, que possam estar presentes na matéria prima utilizada na elaboração de produtos lácteos. Já Catão e Ceballos (2001) investigaram a qualidade microbiológica de 45 amostras de leite in natura e na linha de produção (15 amostras de leite recémpasteurizado e 15 de leite envasado), de uma usina de beneficiamento de leite em Campina Grande - PB, Brasil, sem, entretanto, avaliar o processo de pasteurização. Os autores verificaram que 33 amostras (73,3%) de leite cru e 9 (30%) das de leite pasteurizado estavam contaminadas com Listeria spp., sendo L. monocytogenes isolada em 17 (1,5%) amostras de leite cru e em 9 (100%) de leite beneficiado (4 recém-pasteurizadas e 5 envasadas). Na tab. 4 é apresentada a ocorrência de Listeria spp. nas amostras de leite cru e de leite pasteurizado, utilizadas como matéria-prima na elaboração dos queijos de média e alta umidade, nos laticínios A, B e C. 57 Tabela 4 - Ocorrência de Listeria spp. em amostras de matéria prima para produção de queijos de média e alta umidade coletadas em três laticínios do sul/RS Local de coleta Matéria prima Laticínio A Laticínio B Laticínio C LC LP LC LP LC LP Nº de amostras avaliadas 2 2 2 2 2 2 Espécies de Listeria Nº de isolados L. monocytogenes L. innocua 0 0 2 0 2 0 * * 2 * 0 * * * 1 * 2 * LC: leite cru; LP:leite pasteurizado; *: não isolada A presença de 50% de L. monocytogenes entre as espécies de Listeria isoladas no leite cru, alerta para o risco deste patógeno na matéria-prima, já que diversos casos de listeriose no mundo tiveram como suas fontes, queijos elaborados a partir de leite cru contaminado por L. monocytogenes ou cujo tratamento térmico tenha sido ineficiente. Além disso, a presença desse patógeno na matéria-prima serve como porta de entrada para a bactéria na indústria, a qual pode formar biofilmes e tornar-se persistente na planta de processamento. Segundo Brant (2007), queijos fabricados a partir de leite que não tenha sido submetido a tratamento térmico, apresenta maior risco de veicular microrganismos patogênicos, constituindo-se em questão importante para a saúde pública. Alguns surtos de listeriose têm sido relacionados ao consumo de derivados lácteos produzidos com leite não pasteurizado, bem como ao consumo de leite com pasteurização inadequada. Na Carolina do Norte, EUA, entre 2000 e 2001, ocorreu um surto de listeriose causado pelo consumo de queijo tipo mexicano artesanal, produzido a partir de leite cru, contaminado por L. monocytogenes, com 13 casos diagnosticados (MACDONALD et al., 2005). Em Massachusetts, também nos EUA, outro surto de listeriose, ocorreu no ano de 2007, envolvendo cinco pessoas, com óbito de três idosos, foi associado ao consumo de leite pasteurizado adquirido de um laticínio local (CDC, 2008). 5.1.2 Manipuladores Embora muitos estudos descrevam a ocorrência de Listeria spp. em mãos e luvas de manipuladores em linhas de processamento de alimentos (SCHITTLER, 2008; VON LAER, 2004), isto não foi observado nesta pesquisa, onde nenhuma das 58 seis amostras de superfícies das mãos de manipuladores apresentou esses microrganismos. A ausência de Listeria spp. nas mãos dos manipuladores avaliados neste experimento, indica adequados procedimentos de higienização, o que infere uma menor probabilidade de contaminação cruzada pelos manipuladores durante a fabricação dos queijos, fato que frequentemente tem sido descrito na literatura (MILLEZI et al., 2007). 5.1.3 Amostras de superfícies ambientais, equipamentos e utensílios Das 184 amostras avaliadas, entre superfícies ambientais, de equipamentos e amostras de utensílios, 50 correspondiam a amostragens realizadas no Laticínio A, 64 no Laticínio B e 70 no Laticínio C. Listeria spp. foi isolada em 5,97% (11/184) das amostras analisadas, das quais 63,63% (7/11) foram Listeria innocua, e 54,54% (6/11) foram Listeria monocytogenes. É interessante ressaltar que em duas amostras (2/11) houve a presença de L. monocytogenes e L. innocua concomitantemente em um mesmo ponto de amostragem. L. innocua foi a espécie mais isolada neste estudo, seguida por L. monocytogenes. Esta prevalência de L. innocua frente às outras espécies está em concordância com outras pesquisas citadas na literatura, que da mesma maneira, relatam esta espécie como a mais comumente encontrada, tanto em produtos alimentícios, quanto em amostras ambientais (SCHITTLER, 2008; LIMA, 2004; SILVA et al., 2003). Rocha (2004) analisou 120 superfícies de equipamentos e ambiente numa linha de processamento de queijo Minas Frescal e encontrou L. seeligeri como a espécie prevalente (59,1% do total de isolados), seguida por L. innocua, L. welshimeri e L. grayi. Entretanto, o que chama a atenção nos resultados obtidos no presente trabalho é que, apesar de L. innocua ter sido prevalente, os percentuais de isolamento entre essa espécie e Listeria monocytogenes foram muito próximos. Na tab. 5 são demonstrados todos os pontos de amostragem realizados nos três laticínios avaliados neste estudo, bem como os pontos onde Listeria spp. foi isolada. Cabe ressaltar que os laticínios A, B e C, apresentavam diferenças nas suas linhas de processamento, por isso, nem todos os pontos de coleta foram amostrados em todos os laticínios. 59 Tabela 5- Pontos de amostragem em três laticínios localizados no sul do Rio Grande do Sul, e respectivos pontos de isolamento de Listeria spp. Isolados de Listeria spp. Pontos de amostragem Tanque resfriamento sc Tina sc Piso sala de recepção ss Parede sala de recepção ss Ralo sala recepção ss Piso sala processamento ss Parede sala processamento ss Ralo sala processamento ss Dreno sala processamento ss Panelas sc Colheres sc Tanque de coagulação sc Lira de corte vertical sc Lira de corte horizontal sc Garfo mexedor inox sc Baldes sc Prancha pré-prensagem sc Peneira de retenção grumos sc Mesa processamento sc Prateleira de utensílios sc Formas/Moldes sc Saquinhos dessoradores sc Prensa sc Facas sc Tanque de salmoura sc Piso sala salmoura ss Parede sala salmoura ss Ralo sala salmoura ss Carrinho para transporte inox sc Prateleira de secagem sc Piso câmara secagem ss Parede câmara secagem ss Ralo câmara secagem ss Prateleira câmara fria sc Piso câmara de maturação ss Parede câmara maturação ss Ralo câmara de maturação ss Balança sc Mesa balança ss Embaladora ss Piso sala de embalagem ss Parede sala de embalagem ss Ralo sala de embalagem ss Total de pontos onde isolou-se Listeria spp. SS Laticínio A 1ª 2ª coleta Coleta * * * * + Li + Li * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Lm; Li + * * * * * * + Li + Li + Li 3/25 3/25 SC Laticínio B 1ª 2ª coleta coleta + Lm * * + Lm * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 0/32 2/32 Laticínio C 1ª 2ª coleta coleta * * * * * * + Lm; Li * * * * * * + Lm + Lm * * * * 2/35 1/35 = superfície sem contato com o produto; = superfície com contato com o produto; += presença de Lm Li _ Listeria spp. ( = Listeria monocytogenes; = Listeria innocua) = ausência de Listeria spp. * não amostrado 60 Durante a primeira coleta realizada no laticínio A, das 25 amostras avaliadas, três (12%) apresentaram L. innocua, sendo todas provenientes de superfície sem contato com o produto (piso da sala de processamento, piso e parede da sala de embalagem). Na segunda coleta, realizada no mesmo laticínio e nos mesmos 25 pontos, isolou-se Listeria spp. em três (12%) destes, tendo sido a espécie L. innocua encontrada nesses três pontos, entretanto, em um dos pontos (prateleira da câmara fria), L. innocua e L. monocytogenes foram isoladas concomitantemente. Destes pontos de amostragem, um (33,33%) correspondia a superfície sem contato com o produto (piso da sala de processamento) e dois (66,67%) correspondiam a superfícies com contato (prateleira da câmara fria e balança). Ressalta-se que a prateleira da câmara fria apresentava-se enferrujada e com ranhuras, indicando má conservação e com restos de matéria orgânica, evidenciando más condições de higiene. Esse dado é importante porque superfícies enferrujadas e com ranhuras, podem favorecer a adesão de L. monocytogenes e propiciar a formação de biofilmes, que comprometem a eficiência da sanitização e a consequente eliminação da bactéria (LAWRENCE; GILMOUR, 1994). A presença dessas bactérias na câmara fria é relevante por essa bactéria ser psicrotrófica, o que favorece sua manutenção e multiplicação nesses nichos. De acordo com Antoniollo (2001), a refrigeração, em decorrência de paralisar o crescimento ou até mesmo destruir determinados microrganismos, pode atuar como forma de pressão seletiva positiva para espécies psicrotróficas, como Listeria spp., permitindo, desta maneira, o aumento da população deste patógeno. O isolamento de Listeria spp. nas superfícies em contato com o alimento, além de indicar condições inadequadas de higiene, é problema para a saúde pública, por poder contribuir diretamente na disseminação da bactéria para o produto que está sendo processado, o que pode ter ocorrido neste estudo, já que a partir dessa mesma coleta, isolou-se Listeria innocua no queijo Coalho. Convém salientar que em ambas as coletas realizadas no laticínio A, foram observadas irregularidades no piso, o qual se apresentava quebrado em algumas áreas, e com resíduos de matéria orgânica, como leite e grumos de coalhada. Além de problemas estruturais, isso indica falhas nos procedimentos operacionais de higienização, o que pode inferir a persistência de Listeria spp. neste ponto, onde L. innocua foi isolada em todas as coletas realizadas nesse laticínio. 61 O laticínio A não possuía fiscalização legal no período das coletas, e seu layout era precário e desorganizado. Uma hipótese para justificar o não isolamento de Listeria spp. em mais pontos coletados é que, devido a pouca capacidade competitiva desses microrganismos frente a outras bactérias, a microbiota acompanhante pode se sobrepor às células de Listeria spp., dificultando sua recuperação. Apesar de não ter sido avaliado, sabe-se que enterococos são bactérias amplamente distribuídas em indústrias lácteas, principalmente quando as condições de higiene são insatisfatórias (FERNANDES, 2010), que tem capacidade de hidrolisar a esculina, que é o principal agente diferencial utilizado nos meios de identificação de Listeria spp. Além disso, trabalhos citam que algumas espécies pertencentes a esse grupo, apresentam atividade antagônica a Listeria monocytogenes (IZIQUIERDO et al., 2009; MIRHOSSEINI et al. 2010). Em relação ao laticínio B, na primeira coleta não foi isolada Listeria spp. nas 32 amostras provenientes da linha de processamento. Entretanto, na segunda coleta, realizada nos mesmos 32 pontos, isolou-se L. monocytogenes em dois (6,25%) desses pontos (ralo e tanque de resfriamento). A presença de L. monocytogenes em ralos de indústrias de processamento de alimentos tem sido demonstrada em vários estudos (DIAS, 2008; SCHITTLER, 2008). Esse microrganismo deve ter sido carreado para o ralo através das operações de limpeza, portanto, é provável sua presença em outros pontos de amostragem nessa indústria, o que foi confirmado pelo isolamento dessa bactéria no tanque de resfriamento. O isolamento de L. monocytogenes no tanque de resfriamento é preocupante, pois há contaminação da matéria-prima, tendo em vista que é nesse equipamento que o leite in natura fica armazenado antes do processamento térmico. Além disso, a temperatura nesse equipamento (entre 4ºC e 8ºC) favorece a multiplicação de L. monocytogenes, por essa ser uma bactéria psicrotrófica, bem como exerce pressão seletiva sobre a microbiota acompanhante, em sua maioria mesófila. Resultados semelhantes foram obtidos em outra pesquisa realizada no Brasil, por Figueiredo (2000), que avaliou L. monocytogenes em uma indústria beneficiadora de leite tipo C, em Fortaleza, Ceará, e isolou o microrganismo no leite fresco e refrigerado, no leite pasteurizado (após 60 horas de estocagem a 4ºC), no tanque de recepção do leite cru, nas caixas plásticas de transporte de leite, nos pisos e nos drenos. 62 Na primeira coleta realizada no laticínio C, isolou-se Listeria spp. em duas (5,71%) amostras das 35 avaliadas, sendo L. monocytogenes isolada nos dois locais e L. innocua em um. Os dois pontos de amostragem foram superfícies sem contato com o produto: o ralo da sala de processamento e o piso da sala de salmoura. No ralo da sala de processamento, foram isoladas as duas espécies de Listeria e cabe salientar que nesse local escorrem muitos dos dejetos do processamento, portanto, a presença desses microrganismos nesse local indica contaminação no ambiente da planta de processamento. É de se destacar que a ocorrência das duas espécies de Listeria em um mesmo local tem sido relatada por outros autores (LAWRENCE; GILMOUR, 1994; NALÉRIO, 2007), o que se justifica pelo fato desses microrganismos compartilharem os mesmos nichos ecológicos. Na segunda coleta realizada no laticínio C, dos 35 pontos analisados isolou-se L. monocytogenes em uma (2,85%) das amostras (piso da sala de salmoura superfície sem contato com o produto). Convém ressaltar que a temperatura nessa sala ficava em torno de 10ºC e que o piso era áspero e apresentava pequenos desníveis, onde se formavam poças d’água, provavelmente extravasadas dos tanques de salmoura. Esse ambiente úmido e a temperatura baixa podem ter influenciado na multiplicação e persistência de L. monocytogenes neste ponto. L. monocytogenes e L. innocua foram as únicas espécies de Listeria detectadas nos três laticínios avaliados. Os pontos de contato com o produto que apresentaram contaminação foram o tanque de resfriamento, a prateleira da câmara fria e a balança. Tais superfícies requerem especial atenção quanto ao planejamento de rotinas para limpeza e desinfecção, já que o isolamento de Listeria spp. nestas superfícies evidencia o risco potencial de contaminação do produto com o patógeno. Os pontos sem contato com o produto nos quais se isolou Listeria spp. foram o piso e ralo da sala de processamento, piso e parede da sala de embalagem e o piso da sala de salmoura. Ter isolado Listeria spp. no ambiente de processamento, é relevante, já que pode ser uma importante fonte de recontaminação do produto final. Destaca-se que essa recontaminação pode ser gerada até mesmo durante as etapas de limpeza/desinfecção, quando realizadas de forma inadequada ou ineficiente, através da formação de aerossóis (LAWRENCE; GILMOUR, 1994). Na tab. 6 são apresentados os pontos de coleta onde L. innocua e L. monocytogenes foram isoladas, nos três laticínios avaliados. 63 Tabela 6 - Pontos de amostragem contaminados por L. innocua e L. monocytogenes em três laticínios produtores de queijos de média e alta umidade localizados no sul do Rio Grande do Sul Espécie isolada Pontos de amostragem contaminados Superfície sem contato com Superfície com contato com alimento alimento 1A, 2A Piso sala processamento Prateleira câmara fria 2A Piso sala de embalagem 1A Balança 2A 1A Parede sala de embalagem Ralo sala processamento 1C L. innocua Ralo sala processamento 2B;1C Piso sala salmoura 1C; 2C L. monocytogenes 1A 2A :1ª coleta laticínio A; : 2ª coleta laticínio A; 2C coleta laticínio C; : 2ª coleta laticínio C 1B Tanque recepção 2B Prateleira câmara fria 2A : 1ª coleta laticínio B; 2B : 2ª coleta laticínio B; 1C : 1ª Observou-se maior taxa de isolamento de Listeria spp. nas superfícies ambientais sem contato com o produto, como pode ser observado na Fig. 7. Entretanto, é digno de nota, que naquelas superfícies que entram em contato com o produto houve prevalência de L. monocytogenes, enquanto nas sem contato com o produto, a espécie prevalente foi L. innocua. 100% 80% 71,42% 66,67% 60% L. innocua 40% 28,58% 33,33% L. monocytogenes 20% 0% Superf ície sem contato com o produto Superf ície com contato com o produto Figura 7 - Ocorrência de L. monocytogenes e L. innocua em superfícies com e sem contato com o produto em três linhas de processamento de queijos de média e alta umidade localizadas no sul do Rio Grande do Sul. Nos Estados Unidos, Pritchard et al. (1994) avaliaram 30 indústrias de laticínios e verificaram incidência de L. monocytogenes em 9,2% das amostras analisadas. A porcentagem de contaminação das amostras ambientais (49,7%) foi significativamente superior à dos equipamentos (7%). A bactéria foi isolada em equipamentos tais como tanque de armazenamento, superfícies de bancadas, transportadora, pá para filagem da massa, envasadora, máquina para filtragem de salmoura, e em amostras do ambiente de processamento, como salas de resfriamento, congelamento, recebimento e estocagem do leite cru. Em outro 64 estudo, Kabuki et al. (2004) realizaram um diagnóstico da contaminação por L. monocytogenes em três indústrias processadoras de queijos frescais tipo Hispânico, nos Estados Unidos, e constataram a presença desta bactéria em 6,3% dos queijos e 11% das amostras ambientais tais como superfícies de mesas, tubos de conexões de plástico, caixas vazadas, embalagem do leite, drenos e pisos. Dias (2009), avaliou 178 amostras em matadouro de frangos em São Paulo, isolando L. monocytogenes em 28 (15,7%) pontos de amostragem, sendo 43% em superfícies sem contato com o produto (pisos da sala de evisceração, sala de corte e da câmara fria, parede de carrinho da sala de corte, ralo da câmara fria, etc), nove (34%) em superfícies de contato com o produto (caixas brancas, esteira, tesoura, gancho da nórea, etc), e sete (25%) nas carcaças de frango resfriadas. Globalmente, os resultados encontrados nesta pesquisa, demonstram que as indústrias de laticínios, independente do porte, ainda têm dificuldades no controle do patógeno L. monocytogenes, sendo necessária a implantação de medidas eficazes para redução da contaminação do produto final e, consequentemente, do risco ao consumidor, haja vista que o queijo é um produto pronto para o consumo. 5.1.4 Produto final Neste experimento, das seis amostras analisadas, duas foram de queijo de alta umidade, oriundas do Laticínio A, e quatro de queijos de média umidade, sendo duas produzidas no Laticínio B e duas no Laticínio C, L. innocua foi detectada em queijo de alta umidade produzido no laticínio A. A taxa de isolamento de Listeria spp. e de L. monocytogenes em queijos é variável nas diferentes pesquisas realizadas ao redor do mundo. Isso se deve, em parte, ao tipo de queijo avaliado, bem como, as práticas de higiene e sanitização realizadas nos laticínios que os produziram. Cordano e Rocourt (2001) avaliaram Listeria spp. em 256 amostras de queijo macio e em 155 amostras de queijos duros no Chile, encontrando somente duas (0,8%) positivas para o patógeno, sendo essas amostras de queijos macios. Lübeck et al. (2001) isolaram Listeria spp. em todas as cinco amostras de queijo tipo Colonial analisadas após vinte dias de fabricação, provenientes de pequenas usinas de fabricação do sudoeste do estado do Paraná e coletadas em balcões frigoríficos de supermercados. 65 Vitas, Aguado e Garcia-Jalon (2004), em pesquisa realizada em Navarra (Espanha) encontraram L. monocytogenes em 1%, L. innocua em 6,1% e L. grayi em 1,0 % de 99 amostras de queijos macios avaliadas. Já Colak et al. (2007), encontraram 6 amostras positivas para L. monocytogenes, em um universo de 250 amostras de queijo Tulum, o qual é produzido a partir de leite cru e é considerado um dos mais populares queijos semiduros na Turquia. No trabalho realizado por Abranhão (2008), no Paraná, Listeria spp. foi isolada em 12% das 90 amostras de diferentes tipos de queijos, sendo 6% o percentual de cada uma das espécies encontradas, L. monocytogenes e L. innocua. O autor relata que os queijos com muito alta umidade foram os que apresentaram maior contaminação com Listeria spp. (29,2%), seguidos pelos queijos com média umidade que representaram 12,2% e o percentual foi de 5% para os queijos de alta umidade. A presença de L. innocua no queijo observada neste estudo pode ser considerada como indicativa de falhas nos procedimentos de higienização e/ou de processamento térmico inadequado. Entretanto, como foram realizados os testes de fosfatase e peroxidade e os resultados dos testes demonstraram que o binômio tempo/temperatura foi adequado, bem como não foi identificada Listeria spp. no leite após a pasteurização, infere-se que a bactéria contaminou o produto final após o tratamento térmico. Esse resultado é relevante porque demonstra a contaminação cruzada naquele laticínio e destaca-se que, apesar de L. innocua ter sido a única espécie identificada, não exclui completamente o risco para a saúde pública, haja vista que muitos autores citam que a presença dessa bactéria é indicativa da presença de L. monocytogenes, devido às suas similares condições de crescimento (AZEVEDO et. al, 2005; LIU; PURI; DEMIRCI, 2009). Outro fator importante a ser considerado é que, embora Listeria spp. possa ser incorporada aos queijos na linha de produção através de contaminações cruzadas, estas bactérias podem tornar-se injuriadas devido à exposição a condições adversas, sejam elas térmicas, osmóticas, químicas ou por competição pela microbiota acompanhante, o que pode explicar a baixa ocorrência dessas bactérias no produto final, embora tenham sido isoladas em vários pontos de amostragem do ambiente e das superfícies coletadas nas plantas de processamento. A combinação desses obstáculos poderia dificultar a sua recuperação, pois células injuriadas apresentam maior sensibilidade aos 66 componentes seletivos dos meios, devido a um dano maior em sua membrana e modificação de sua permeabilidade, diminuindo, dessa forma, sua multiplicação, principalmente em meios altamente seletivos (BESSE, 2002; JANTZEN et al., 2006). Neste mesmo sentido, outro aspecto relevante é que as bactérias ácido láticas (BAL) naturalmente presentes na microbiota de queijos, também podem ter contribuído para a inibição de Listeria spp., haja vista que as BAL podem inibir esses microrganismos, seja pela competição por nutrientes, produção de bacteriocinas, ou produção de ácidos orgânicos que interferem no pH do meio (CASTELLANO et al., 2001; MATARAGAS et al., 2003; SAMELIS et al., 2010). 5.2 Sorologia dos isolados de Listeria spp. Após a etapa de isolamento, os isolados de Listeria spp. foram identificados e sorotipados (tab. 7). Tabela 7 - Sorotipos e origens dos isolados de Listeria spp. provenientes de três laticínios da região sul do Rio Grande do Sul Local da coleta Laticínio A (1ª coleta) Ponto Espécie Listeria Sorotipo Piso sala processamento Piso sala de pesagem Parede sala de pesagem L. innocua L. innocua L. innocua 6a 6a 6a Piso sala processamento Prateleira câmara fria Prateleira câmara fria Balança Queijo Coalho L. innocua L. innocua L. monocytogenes L. innocua L. innocua 6a 6a 4b 6a 6a Leite cru Leite cru Leite cru L. monocytogenes L. innocua L. monocytogenes 4b 6a 1/2a Leite cru Tanque de recepção Ralo sala processamento L. monocytogenes L. monocytogenes L. monocytogenes 4b 4b 4b Leite cru Ralo sala processamento Ralo sala processamento Piso sala salmoura L. innocua L. innocua L. monocytogenes L. monocytogenes 6b 6b 1/2a 1/2a Leite cru Piso sala salmoura L. innocua L. monocytogenes 6b 1/2a Laticínio A (2ª coleta) Laticínio B (1ª coleta) Laticínio B (2ª coleta) Laticínio C (1ª coleta) Laticínio C (2ª coleta) 67 Dos onze isolados de L. innocua, oito (72,7%) pertenciam ao sorotipo 6a e três (27,3%) ao sorotipo 6b e dos nove isolados de L. monocytogenes, cinco (55,¨%) pertenciam ao sorotipo 4b e quatro (44,4%) ao sorotipo 1/2a. Na Fig. 8 são apresentados os percentuais de cada sorotipo identificado entre os isolados de L. innocua e L. monocytogenes provenientes dos três laticínios avaliados. 55,60% 72,70% L. innocua sorotipo 6a sorotipo 6b L. monocytogenes sorotipo 1/2a sorotipo 4b 44,40% 27,30% Figura 8 - Percentual de cada sorotipo de L. innocua e de L. monocytogenes isoladas em três laticínios da região sul do Rio Grande do Sul. Neste estudo, o sorotipo 6a foi o prevalente entre os isolados de L. innocua, enquanto 4b foi prevalente entre os isolados de L. monocytogenes. Da mesma forma, Chambel et al. (2007), ao avaliarem a disseminação de Listeria spp. no ambiente de oito laticínios em duas regiões geográficas distantes em Portugal, verificaram que entre os isolados de L. monocytogenes, o sorotipo prevalente foi 4b (52%), seguido pelo sorotipo 1/2b e 3b (23%) e 1/2a e 3a (9%). Nesta pesquisa, a única espécie de Listeria isolada do produto final, foi L. innocua 6a. É importante destacar que embora L. monocytogenes seja reconhecida como a única espécie patogênica para humanos, L. innocua 6a foi descrita em um caso fatal de listeriose que ocorreu na França, envolvendo uma mulher de 62 anos (PERRIN et al., 2003) Abranhão (2008) verificou a ocorrência de Listeria spp. em 90 queijos comercializados no Estado do Paraná, verificando que 100% dos isolados de L. innocua pertenciam ao sorotipo 6a, enquanto que L. monocytogenes 1/2a foi o sorotipo prevalente. Já Pintado et al. (2005), avaliaram queijo e leite cru, em Portugal, verificaram que dos 24 isolados de L. monocytogenes 20 pertenciam a sorotipo 4b, três ao sorotipo 1/2b e um ao sorotipo 1/2a. Na primeira coleta realizada no laticínio A todos os isolados de L. innocua pertenciam ao sorotipo 6a, enquanto na segunda coleta, 75% dos isolados foram desse sorotipo, o que demonstra sua disseminação nesse laticínio. 68 No laticínio B, identificaram-se três sorotipos diferentes (L. monocytogenes 1/2a e 4b, e L. innocua 6a) no leite in natura. Essa diversidade de sorotipos encontrados na matéria-prima é preocupante do ponto de vista de segurança de alimentos, haja vista que dois destes sorotipos (1/2a e 4b) estão entre os mais envolvidos em casos e surtos de listeriose humana no mundo inteiro (JACQUET et al., 2002). É interessante frisar que na segunda coleta realizada no laticínio B, L. monocytogenes sorotipo 4b foi isolada em todos os três pontos de amostragem (leite cru, tanque de recepção e ralo de processamento). Embora não se tenha utilizado técnicas de biologia molecular capazes de tipificar e rastrear os isolados, pode-se inferir que a contaminação proveniente da matéria-prima é bastante importante na introdução do patógeno nessa planta de processamento. Esses resultados são relevantes, pois os maiores surtos registrados na Nova Escócia (salada de repolho cru), na Califórnia (queijo Jalisco), e numerosos outros surtos na América do Norte e na Europa, envolveram cepas do sorotipo 4b (SCHUCHAT et al., 1991; KATHARIOU, 2000). Na Suíça, entre 1983 e 1987, queijo macio Vacherin Mont-d’Or, produzido a partir de leite cru, causou surtos de listeriose, e o microrganismo isolado foi L. monocytogenes sorotipo 4b (BILLE, 1990). No laticínio C, dos seis isolados obtidos, três foram L. innocua 6b e três L. monocytogenes 1/2a. Ressalta-se que esse último sorotipo tem sido comumente envolvido em casos de listeriose. BILLE et al. (2006) descreveram um surto de listeriose ocorrido na Suíça, onde o alimento envolvido foi um queijo macio, denominado “Tomme”, e o sorotipo de L. monocytogenes isolado dos pacientes e do alimento, foi 1/2a. 5. 3 Perfil antimicrobiano Vinte isolados provenientes das duas coletas realizadas em cada um dos três laticínios, tiveram seu perfil de resistência avaliados, frente a quinze antimicrobianos, de uso clínico. Entre os isolados de Listeria spp. testados encontram-se: seis isolados da matéria-prima (leite cru (LC)), quatro provenientes de equipamentos (EQ), nove oriundos do ambiente de processamento (AM) dos laticínios e um isolado do produto 69 final (queijo Coalho (QC)). Na tab. 8 são apresentados os isolados testados de Listeria spp. com seus respectivos sorotipos e pontos de isolamento. Tabela 8 – Isolados de Listeria spp. com seus respectivos sorotipos e pontos de isolamento Espécie Listeria - sorotipo Identificação do Ponto de isolamento isolado Laticínio A (1ª coleta) L. innocua - 6a AM1A1 Piso sala processamento L. innocua - 6a AM2A1 Piso sala de pesagem L. innocua - 6a AM3A1 Parede sala de pesagem Laticínio A (2ª coleta) L. innocua - 6a AM4A2 Piso sala de processamento L. innocua - 6a EQ5A2 Prateleira câmara fria L. monocytogenes - 4b EQ6A2 Prateleira câmara fria L. innocua - 6a EQ7A2 Balança L. innocua - 6a QC8A2 Queijo Coalho Laticínio B (1ª coleta) L. monocytogenes - 4b LC9B1 Leite cru L. innocua - 6a LC10B1 Leite cru L. monocytogenes - 1/2a LC11B1 Leite cru Laticínio B (2ª coleta) L. monocytogenes - 4b LC12B2 Leite cru L. monocytogenes - 4b EQ13B2 Tanque recepção L. monocytogenes - 4b AM14B2 Ralo sala processamento Laticínio C (1ª coleta) L. innocua - 6b LC15C1 Leite cru L. innocua - 6b AM16C1 Ralo sala de processamento L. monocytogenes - 1/2a AM17C1 Ralo sala de processamento L. monocytogenes - 1/2a AM18C1 Piso sala salmoura Laticínio C (2ª coleta) L. innocua - 6b LC19C2 Leite cru L. monocytogenes - 1/2a AM20C2 Piso sala salmoura A Fig. 9 apresenta o perfil de resistência dos isolados de Listeria spp. oriundos da matéria prima e do produto final frente a quinze antimicrobianos, enquanto, a Fig. 10 apresenta o perfil de resistência, dos isolados de Listeria spp. oriundos de superfícies de equipamentos e do ambiente de processamento. 33,3% 46,7% 20,0% 33,3% 6,7% 20,0% 60,0% 66,7% 13,3% 26,7% 40,0% 33,3% 46,7% 33,3% 20,0% 66,7% 20,0% 20% 13,3% 60% 40% 20,0% 80% 73,4% 100% 6,6% Percentual de resistência a 15 antimicrobianos 70 Resistente Intermediário Sensível 0% QC8A2 LC9B1 LC10B1 LC11B1 LC12B2 LC15C1 LC19C2 Isolados de Listeria spp. Figura 9 - Perfil de resistência dos isolados de Listeria spp. oriundos da matéria prima e do produto final frente a 15 antimicrobianos. Com base nos resultados plotados nas Fig. 9 e Fig. 10 pode-se observar que nenhum dos isolados de Listeria spp. apresentou resistência a todos os antibióticos testados, porém 100% mostraram-se resistentes a pelo menos uma das drogas avaliadas. Nesta pesquisa, o isolado de L. innocua, que apresentou resistência ao maior número de antibióticos foi do sorotipo 6a, proveniente do produto final isolado no laticínio A, com 73,4% de resistência. Já o maior percentual de resistência frente aos quinze antibióticos testados, para os isolados de L. monocytogenes sorotipo 4b, não excedeu 66,7% e foi observado entre duas amostras de leite cru, ambas originárias do laticínio B. Em relação aos isolados de L. monocytogenes do sorotipo 1/2a, os maiores percentuais de resistência também chegaram a 73,4% e correspondiam a 40,0% 33,3% 26,6% 60,0% 20,0% 20,0% 40,0% 33,3% 26,6% 53,3% 13,3% 33,3% 60,0% 20,0% 20,0% 60,0% 13,3% 26,7% 53,3% 6,7% 40,0% 46,6% 26,6% 26,7% 53,3% 13,3% 33,3% 66,7% 6,6% 26,6% 73,4% 13,3% 13,3% 73,4% 13,3% 13,3% 73,4% 20,0% 6,6% 100% 80% 60% 40% 20% Resistente Intermediário Sensível 2 20 C AM 18 C 1 1 AM AM 17 C 1 16 C AM 14 B2 13 AM EQ 7A 2 EQ 6A 2 EQ 5A 2 EQ 4A 2 AM 3A 1 AM 2A 1 AM 1A 1 0% AM Percentual de resistência a 15 antimicrobianos três pontos de amostragem coletados do ambiente de processamento do laticínio C. Isolados de Listeria spp. Figura 10 - Perfil de resistência dos isolados de Listeria spp. oriundos de superfícies de equipamentos e de ambiente de processamento frente a 15 antimicrobianos. 71 Os antibióticos, tetraciclina (60%) e eritromicina (45%) foram aqueles aos quais os isolados apresentaram os maiores percentuais de susceptibilidade intermediária, conforme ilustra tab. 9. Tabela 9 - Perfil de resistência a antibióticos em Listeria spp. isoladas de de queijo Coalho em três laticínios da região sul do Rio Grande do Sul Perfil % (n) Antibiótico Resistência Intermediário Gentamicina (GEN - 10µg) 45% (9) 25% (5) Penicilina G (PEN - 10U) 100% (20) 0 100% (20) 0 Oxacilina (OXA - 1µg) Ampicilina (AMP - 10µg) 85% (17) 5% (1) 95% (19) 5% (1) Cefaclor (CFC -30µg) Amoxilina/Ac. Clavulônico (AMC -30µg) 40% (8) 5% (1) Ciprofloxacina (CIP - 5µg) 75% (15) 15% (3) Eritromicina (ERI - 15µg) 55% (11) 45% (9) Claritromicina (CLA - 15µg) 0 15% (3) Clindamicina (CLI - 2µg) 95% (19) 5% (1) Sulfazotrim (SUT- 25µg) 0 5% (1) Tetraciclina (TET - 30µg) 30% (6) 60% (12) Cloranfenicol (CLO - 30µg) 85% (17) 15% (3) 50% (10) 35% (7) Rifampicina (RIF - 5µg) Vancomicina (VAN - 30µg) 0 15% (3) leite cru e Sensível 30% (6) 0 0 10% (2) 0 55% (11) 10% (2) 0 85% (17) 0 95% (19) 10% (2) 0 15% (3) 85% (17) n: número de isolados A alta prevalência de isolados resistentes a penicilina (100%), oxacilina (100%), clindamicina (95%), cefaclor (95%), cloranfenicol (85%), ampicilina (85%) e ciprofloxacina (75%), encontradas neste estudo, está de acordo com um padrão geral observado em estudos referidos mundialmente pela comunidade científica, que evidencia um aumento na resistência de Listeria spp. a antibióticos (SAFDAR; ARMSTRONG, 2003 ; ZHANG et. al., 2007; PESAVENTO et al., 2010). Convém salientar, que nesta pesquisa todos os sete isolados de Listeria spp., provenientes da matéria prima e do produto final, apresentaram resistência à penicilina, oxacilina, cefaclor, clindamicina e cloranfenicol, bem como foram sensíveis somente a vancomicina. A geração da resistência em bactérias frente aos antibióticos ocorre por plasmídios e transposons, os quais conferem resistência a esses antimicrobianos e que podem ser transferidos de uma célula para outra (POURSHABAN et al., 2002; TRABULSI, 2008). Esse fato, acrescido do uso indiscriminado de antimicrobianos 72 como promotores de crescimento em rações para animais e quando empregados no tratamento de animais doentes e/ou como medida profilática, favorecem a presença de resíduos nos alimentos, desencadeando a resistência bacteriana (PHILLIPS et al., 2004). A resistência a um antibiótico é mais comum do que a múltipla resistência, embora seja relatado o aparecimento de cepas de Listeria spp. multirresistentes isoladas a partir de várias fontes (RODAS-SUAREZ et. al, 2006). Neste estudo, todos os isolados avaliados, foram resistentes aos mesmos dois antimicrobianos, o que fornece importantes evidências sobre o perfil de resistência de Listeria spp., em especial de L. monocytogenes, isoladas em nossa região. É importante destacar que os isolados apresentaram alto percentual de resistência frente aos antimicrobianos usados normalmente como primeira escolha (penicilina, oxacilina) no tratamento de listeriose (HOF, 2003; JAY, 2005). Na região de abrangência deste estudo não há relato a respeito do comportamento desse microrganismo frente aos antimicrobianos utilizados em clínica humana, portanto, esses resultados trazem novas e importantes informações. A sensibilidade de Listeria spp. em especial de L. monocytogenes a antimicrobianos tem sido avaliada em diversos estudos ao redor do mundo, com diferentes taxas e perfis distintos de resistência, o que realça a importância de se avaliar esses microrganismos isolados em nossa região. Conter et al. (2009) testaram 126 isolados provenientes de alimentos e de ambientes de produção, verificaram que a resistência a um antimicrobiano foi mais comum do que a resistência múltipla. Pesavento et al. (2010) avaliaram 168 Listeria spp. frente a doze diferentes antibióticos, verificando que 51 (30,4%) das cepas foram resistentes a três ou mais antibióticos testados, estando entre estes, meticilina, clindamicina, oxacilina. Stonsaovapak e Boonyaratanakornkit (2010) testaram 64 cepas de Listeria spp. frente a oito antimicrobianos, verificando que a resistência a penicilina (6,3%) foi a mais comum, seguida pelo cloranfenicol (3,1%) e tetraciclina (1,6%), e que 100% das cepas, apresentaram-se sensíveis a amoxacilina, ampicilina e a vancomicina. Haraken et al. (2009) observaram que as cepas de L. monocytogenes foram resistentes a pelo menos um dos antimicrobianos testados, com elevadas porcentagens de resistência a oxacilina (93,33%), penicilina (90%) e, ampicilina 73 (60%), sendo que as cepas apresentaram elevada sensibilidade à gentamicina (93,34%). RAHIMI et al. (2010) avaliaram 54 cepas de Listeria spp., observando que 98,2% apresentaram resistência a um ou mais antimicrobianos, sendo a resistência ao ácido nalidíxico, a mais comum (96,4%), seguida pela resistência a penicilina (34,5%) e tetraciclina (27,3%). Neste estudo observou-se que 95% dos isolados foram sensíveis a vancomicina, resultado similar ao encontrado por Aureli et al. (2003) e por Rahimi et al. (2010). Resultado semelhante foi obtido por Conter et al. (2009), que relatam que apenas 0,8%, de 120 cepas de L. monocytogenes, mostraram resistência a esse antibiótico. Por outro lado, Haraken et al. (2009) encontraram 26,6% de L. monocytogenes resistentes a vancomicina, resultado preocupante, já que essa droga é considerada uma das últimas opções terapêuticas para o tratamento de infecções humanas. Com relação a sulfazotrim e claritromicina, observou-se que as cepas testadas revelaram-se sensíveis a estes antibióticos, apresentando percentuais de 95% e 85% respectivamente. 5.4 Caracterização microbiológica da matéria prima e de mãos dos manipuladores 5.4.1 Coliformes totais e coliformes termotolerantes Foi realizada a enumeração de coliformes totais e coliformes termotolerantes em dezoito amostras, provenientes de duas coletas em cada um dos três laticínios avaliados. Destas, seis correspondiam às superfícies das mãos dos manipuladores, seis de leite cru e seis de leite pasteurizado. Na tab. 10 são apresentados os resultados obtidos na enumeração de coliformes totais e termotolerantes. 74 Tabela 10 - Enumeração de coliformes totais e coliformes termotolerantes em amostras de superfícies de mãos de manipuladores e em matéria-prima utilizada na elaboração de queijos fabricados em três laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul Enumeração de coliformes Amostras Manipuladores (NMP.mão-1) Ct CT Laticínio. A ( 1ª coleta) Laticínio. A (2ª coleta) Laticínio. B (1ª coleta) Laticínio. B (2ª coleta) Laticínio. C (1ª coleta) Laticínio. C (2ª coleta) Leite cru (NMP.mL-1) Ct CT Leite Pasteurizado (NMP.mL-1) Ct CT <0,3 <0,3 1,1x105 1,1x105 2,3 <0,3 0,92 0,3 1x1x105 1,1x105 0,92 <0,3 0,92 0,36 1,1x104 1,1x104 0,23 <0,3 0,15 0,15 1,1x104 1,1x104 0,92 <0,3 0,92 0,36 >1,1x106 1,1x105 0,23 <0,3 0,36 <0,3 >1,1x105 2,8x103 0,23 <0,3 Ct: coliformes totais, CT: coliformes a 45ºC ou termotolerantes Todas as seis amostras de leite cru apresentaram taxas elevadas de coliformes totais e de coliformes termotolerantes, evidenciando alta contaminação da matéria-prima. As seis amostras apresentavam contagens de coliformes termotolerantes acima de 10³NMP.mL-1, valor considerado por Murphy (1997), como indicativo de higiene deficitária do leite. As bactérias que compõem o grupo dos coliformes termotolerantes habitam o intestino de mamíferos, assumindo-se que há uma correlação entre a sua presença com a de microrganismos patogênicos de origem entérica, sendo frequentemente utilizados como indicadores de contaminação fecal e de potencial risco da presença de patógenos zoonóticos. As elevadas contaminações na matéria-prima por bactérias desse grupo denunciam problemas higiênico-sanitários na obtenção do leite. No trabalho de Mattos (2010) também foram observadas elevadas contagens de coliformes termotolerantes nas amostras de leite cru, coletadas em 53 propriedades rurais da região do agreste Pernambucano, sendo que 98% (52) obtiveram contagens acima de 106NMP.mL-1. Nero et al. (2004) encontraram contagens de coliformes termotolerantes acima de 102NMP.mL-1, em 80,4% de 210 amostras de leite. 75 Um dado importante foi a ausência de coliformes termotolerantes nas amostras de leite pasteurizado, evidenciando a importância do tratamento térmico e que este foi adequado. Em relação a contaminação do leite pasteurizado por coliformes totais, evidenciou-se um pequeno número de células viáveis em cada uma das amostras, nunca excedendo a 2,3NMP.mL-1. Um resultado expressivo foi que, das seis amostras das superfícies das mãos dos manipuladores analisadas, apenas uma (16,7%) não apresentou bactérias do grupo dos coliformes totais. Com relação aos coliformes termotolerantes, em duas amostras não se detectou a presença desses microrganismos. Esse resultado é relevante, porque se não forem aplicadas rigorosas medidas de higiene por parte dos manipuladores, esses podem ser importantes carreadores de microrganismos para o produto final. 5.4.2 Salmonella spp. Foram avaliadas dezoito amostras, com o intuito de avaliar a qualidade da matéria-prima e o risco de contaminação cruzada por parte dos manipuladores quanto à presença de Salmonella spp. As amostras e os pontos de amostragem foram os mesmos utilizados para coliformes totais e termotolerantes. Os resultados obtidos quanto à presença de Salmonella spp. estão representados na tab 11. Tabela 11 - Presença de Salmonella spp. em amostras de superfícies de mãos de manipuladores e em matéria-prima utilizada na elaboração de queijos fabricados em três laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul Origem da coleta Laticínio A (1ª coleta) Laticínio A (2ª coleta) Laticínio B (1ª coleta) Laticínio B (2ª coleta) Laticínio C (1ª coleta) Laticínio C (2ª coleta) Total amostras positivas Nº de amostras avaliadas 3 3 3 3 3 3 18 Amostras Leite pasteurizado Presença de Salmonella spp. (25mL) + - Manipuladores Leite cru 0 1 (16,66%) + = presença de Salmonella spp.- = ausência de Salmonella spp. 0 76 Isolou-se Salmonella spp. em uma (5,55%) das 18 amostras avaliadas, proveniente de uma amostra de leite cru, apesar das altas contagens de coliformes termotolerantes nessas amostras. Algumas outras pesquisas conduzidas no Brasil, avaliando Salmonella spp. em leite cru, não isolaram essa bactéria, como por exemplo, os trabalhos de Mattos et al. (2010), na região agreste de Pernambuco, Borges (2006), em Fortaleza, e Nero et al. (2004), nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. A ausência de Salmonella spp. nas amostras de superfícies das mãos dos manipuladores também foi observada no trabalho de Millezi et al. (2007), que avaliaram 58 unidades amostrais entre manipuladores de dois setores de uma empresa do ramo alimentício, situada em Frederico Westphalen/RS. 5.4.3 Estafilococos coagulase positiva (ECP) A avaliação da contagem de estafilococos coagulase positiva foi realizada nas mesmas amostras descritas acima e os resultados estão apresentados na tab. 12. Tabela 12 - Contagem de estafilococos coagulase positiva em amostras de superfícies de mãos de manipuladores e em matéria-prima utilizada na elaboração de queijos fabricados em três laticínios (A, B e C) localizados no sul do Rio Grande do Sul Origem da coleta Laticínio A (1ª coleta) Laticínio A (2ª coleta) Laticínio B (1ª coleta) Laticínio B (2ª coleta) Laticínio C (1ª coleta) Laticínio C (2ª coleta) Nº de amostras avaliadas Estafilococos coagulase positiva Amostras Manipuladores Leite cru Leite pasteurizado (UFC.mão-1) (UFC.mL-1) (UFC.mL-1) 3 2,4 x102 - - 3 - - - 3 - 1,5x103 - 3 - 6x104 - 3 - 3,4x104 - 3 - 4x105 - - = não houve de contagem de ECP 77 Das 18 amostras avaliadas, cinco (7,7%) apresentaram estafilococos coagulase positiva. Esses microrganismos não foram observados nas seis amostras provenientes de leite pasteurizado, semelhante ao estudo de Borges (2006) que, analisou 25 amostras de leite pasteurizado utilizado como matéria-prima na elaboração de queijo Coalho. Apenas nas amostras de leite cru provenientes do laticínio A não foi observada a presença de estafilococos coagulase positiva. Isso pode dever-se ao fato do leite coletado por esse laticínio pertencer ao próprio rebanho, o que facilita o controle e a retirada dos animais com mastite da produção de leite. Nos demais laticínios, o leite era proveniente de diversos produtores. As contagens em amostras de leite cru variaram entre 1,5x10³ e 4x105 UFC mL-1. Borges (2006) observou alta frequencia de ECP em amostras de leite cru (25/25 amostras), com contagens entre 8,0x10³ e 5,0x106 UFC.mL-1. É importante ressaltar que contagens de ECP superiores a 105 UFC mL-1 devem ser causas de preocupação para as indústrias de alimentos, entre elas, as queijarias, uma vez que, mesmo que o leite sofra tratamento térmico adequado, eliminam-se as células viáveis de ECP, mas não se elimina o risco de uma intoxicação estafilocócica, já que as enterotoxinas são termorresistentes. Em relação às superfícies das mãos dos manipuladores, encontrou-se ECP em apenas uma das amostras, sendo esta proveniente da primeira coleta no laticínio A, com contagem de 2,4x102 UFC mão-1. Borges (2006) encontrou 100% (15/15) das amostras provenientes de luvas de manipuladores avaliadas em uma indústria de queijo Coalho, contaminadas com ECP, com contagens entre 10² e 5x10²UFC mão -1. S. aureus é um importante indicador de higiene pessoal e de qualidade de alimentos, uma vez que apresenta como seu reservatório primário a pele e membranas mucosas de humanos. Isto salienta o risco de disseminação desses microrganismos, através da manipulação excessiva dos alimentos, associado a práticas insuficientes de higiene (LUONG et al, 2006). 78 5.5 Caracterização microbiológica do produto final e conformidade com os padrões legais Seis amostras de queijos provenientes dos três laticínios (A, B e C) foram avaliadas quanto à conformidade aos padrões microbiológicos estabelecidos pela Resolução RDC 12/2001, da ANVISA (BRASIL, 2001). Foram avaliadas duas amostras de queijo Coalho, provenientes do laticínio A, e quatro de queijo Prato/Lanche, sendo duas provenientes do laticínio B e duas do laticínio C. Os resultados das análises microbiológicas dos queijos para os parâmetros estabelecidos pela RDC 12/2001 são apresentados na tab 13. Tabela 13 - Avaliação microbiológica de queijos Coalho e Prato/Lanche produzidos em três laticínios (A, B e C) da região sul do Rio Grande do Sul Estafilococos Coliformes a Salmonella spp. L. monocytogenes coagulase 45ºC Amostra em 25g em 25g positiva (NMP g-1) -1 (UFC g ) QC 1 “A” 7,4x102 7,4x105 Ausência Ausência “A” QC 2 23 Ausência Ausência 93 Ausência Ausência QL 3 “B” “B” QL 4 93 Ausência Ausência QL 5 “C” 7,4x10 3,1x10² Ausência Ausência QL 6 “C” 7,4x10 9,2x102 Ausência Ausência A B QC: Queijo Coalho; QL: Queijo Prato/Lanche; : amostra coletada no laticínio A; : amostra coletada C no laticínio B; : amostra coletada no laticínio C; - = não houve de contagem de ECP Das seis amostras de queijos, uma (16,66%) estava em desacordo com o padrão regulamentar vigente, estando acima do limite máximo permitido para Estafilococos coagulase positiva. Esta amostra foi proveniente da primeira coleta realizada no laticínio A, e foi de um queijo Coalho. Os coliformes termotolerantes são um grupo de microrganismos facilmente destruídos pelo calor, não sobrevivendo ao tratamento térmico quando adequadamente realizado, por isso, são indicadores de falha de processo ou de contaminação pós-pasteurização devido a condições inadequadas de higiene (SILVA et al., 2003). Dessa forma, é interessante observar que nenhuma das amostras excedeu os limites estabelecidos pela legislação vigente para a esse grupo de bactérias (tab. 13). 79 Em relação a L. monocytogenes e Salmonella spp., não se detectou a presença desses patógenos nas amostras avaliadas. Esses resultados reforçam a importância da pasteurização, já que estes dois patógenos foram isolados de amostras de leite cru utilizadas para fabricar os queijos. Um dado importante, é que L. innocua foi isolada em uma amostra de queijo Coalho. Isso pode ter ocorrido devido a contaminação cruzada, haja vista que os testes de fosfatase e peroxidade realizados no leite pasteurizado utilizado para fabricar o queijo, indicaram que o tratamento térmico foi corretamente realizado. Outros autores analisaram queijo Coalho e também não encontraram L. monocytogenes, mas isolaram Listeria spp. (FEITOSA et al., 2003; BRUNO et. al., 2005). Apesar da legislação vigente estipular unicamente a ausência da espécie L. monocytogenes em 25g de alimento, a presença de L. innocua é causa de preocupação, haja vista que as necessidades de crescimento entre as espécies de Listeria são idênticas, bem como as e as características fenotípicas nos meios de isolamento são muito semelhantes. Por causa disto, muitos autores consideram a presença de qualquer espécie de Listeria como indicativo da presença de L. monocytogenes. Os resultados obtidos nesse experimento estão em concordância com os realizados por outros autores no Brasil, que avaliaram Salmonella spp. e L. monocytogenes em queijos de alta umidade e em queijo Coalho, e também não isolaram esses patógenos (BORGES, 2006). Da mesma forma que relatado para os outros microrganismos avaliados, a contaminação do queijo Coalho no laticínio A e do queijo Prato/Lanche no laticínio C por ECP ocorreu, provavelmente, após a pasteurização, já que o leite utilizado na sua elaboração foi pasteurizado e o tratamento térmico é eficiente em eliminar células viáveis desse microrganismo. No laticínio A, a presença desses microrganismos pode ter ocorrido pela manipulação excessiva e higiene inadequada por parte dos manipuladores, já que foi evidenciado 2,4x10² UFC mão-1 de ECP nas superfícies das mãos dos manipuladores durante a primeira coleta nesse laticínio. Ressalta-se que este laticínio não possuía inspeção sanitária legal. A ocorrência de ECP em queijo Coalho, excedendo os níveis estabelecidos pela legislação vigente, tem sido observada em outros estudos (FEITOSA et al., 2003; BORGES et al., 2003). 80 Um dado interessante é que, embora uma amostra de queijo Coalho e duas amostras de queijo Prato/Lanche apresentassem ECP, apenas aquela referente ao queijo Coalho (7,4x105) estava acima do limite de contagem de ECP, estabelecido pela legislação vigente (103). Este é um fato preocupante, pois a literatura relata que são necessárias contagens entre 105 a 106 UFC de S. aureus por grama de alimento para que ocorra a produção de toxinas em níveis capazes de provocar intoxicação (FRANCO; LANDGRAFF, 2002). Entretanto, nas outras amostras que apresentaram contaminação por ECP, esses níveis podem também ser atingidos, dependendo da temperatura de armazenamento do produto. 81 6 CONCLUSÕES - Há ocorrência de L. innocua e de L. monocytogenes em plantas de processamento de queijos de média e alta umidade localizadas na região sul do Rio Grande do Sul. A ocorrência de Listeria spp. foi maior no laticínio A, que não possuía fiscalização legal no período das coletas; - O leite cru é um importante veículo de introdução de Listeria spp., em especial de L. monocytogenes, nas plantas de processamento. Apesar desse patógeno não ter sido isolados no produto final, sua presença tanto em superfícies com contato, quanto em superfícies sem contato com o produto, demonstra o risco de contaminação cruzada para os queijos, que são produtos prontos para o consumo; - L. monocytogenes não foi isolada nas superfícies das mãos dos manipuladores, o que minimiza os riscos de contaminação cruzada por parte dos operários durante a fabricação do produto; - A identificação de L. monocytogenes 1/2a e 4b, além da presença de cepas. multirresistentes a antibióticos de uso clínico contra bactérias Gram-positivas, denota perigo para a saúde pública; - O leite cru de má qualidade é uma importante fonte de microrganismos que depreciam o produto e/ou oferecem riscos de saúde aos consumidores, como, coliformes totais e termotolerantes, Salmonella spp., estafilococos coagulase positiva e Listeria spp.. Com isso, salienta-se a importância da obtenção de matéria prima de boa qualidade a realização de tratamento térmico adequado no leite; 82 REFERÊNCIAS ABRANHÃO, WANDA MOSCALEWSKI. Método de detecção e ocorrência de Listeria monocytogenes e de outros microrganismos em queijos comercializados no estado do Paraná. Curitiba, 2008. 229f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas), Universidade Federal do Paraná, 2008. AIRES-DE-SOUSA, M.; PARENTE, C.; VIEIRA-DA-MOTA, O.; BONNA, I.; SILVA, D.; LENCASTRE, H. Chacterization of Staphylococcus aureus isolates from buffalo, bovine, ovine, and caprine Milk samples collected in Rio de Janeiro State, Brazil. Applied and Environmental Microbiology, v.73, n.12, p.3845-3849, 2007. ALLERBERGER, F. Listeria: growth, phenotypic differentiation and molecular microbiology. FEMS Immunology and Medical Microbiology. v.35, p. 183 -189, 2003. ANDREWS, H. W.; FLOWERS, R. S; SILIKERS, J.; BAILEY, S. J. Salmonella. In.: APHA (American Public Health Association). 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