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AN A IS – 20 10
IS SN – 1 80 8- 35 7 9
O GÊNERO PROVÉRBIO NAS AULAS DE LÍNGUA LATINA
Luiz Antonio Xavier Dias1
(CLCA-UENP/CJ)
RESUMO
No Ensino Superior percebemos que a utilização de gêneros dinâmicos como o provérbio
podem trazer contribuições significativas ao leitor, deixando as aulas mais interativas.
Sua origem remete ao latim proverbium, -ii n. e perde-se na obscuridade dos tempos. De
criação anônima, são registrados por inúmeros povos da Antiguidade. H registros, no
Egito, anteriores a 2500 a.C; na China e na índia antigas. Serviam para transmitir
preceitos morais e divulgar pensamentos filosóficos. Literalmente, a forma dos
provérbios foi consolidada graças ao povo hebreu através do livro sagrado, a Bíblia, e
atualizada pelos gregos, através de suas obras. Embora sua origem remeta a
Antiguidade, sua temática é extremamente atual, haja vista que transmitem
ensinamentos relevantes e muitas vezes convincentes, além disso, permitem uma rica
discussão e interpretação em sala de aula. Também, tal gênero é da ordem do
argumentar, e, sabe-se que um leitor crítico se forma através do uso de bons
argumentos, fora e dentro da sala de aula. Portanto, nesse trabalho evidenciaremos as
contribuições do gênero para a sala de aula e a formação do leitor.
Palavras-chave: Gênero provérbio. Formação do leitor. Interpretação.
ABSTRACT
In Higher Education realized that the use of gender dynamic as the proverb can bring
significant contributions to the reader, making the lessons more interactive. Its origin
dates back to the Latin proverbium,-ii n. and lost in the obscurity of time. For creating
anonymous, are recorded by many ancient peoples. H — records in Egypt before 2500 BC,
in ancient China and India. Served to convey moral precepts and disseminating
philosophical thoughts. Literally, the form of proverbs was consolidated thanks to the
Jewish people through the sacred book, the Bible, and updated by the Greeks, through
their works. Although its origin dates back to antiquity, its topic is extremely current,
given that transmit teachings relevant and often persuasive, moreover, allow for rich
discussion and interpretation in the classroom. Also, this genus is the order of arguing,
and it is known that a critical reader is formed through the use of good arguments, both
inside and outside the classroom. Therefore, this work highlights the contributions of
gender to the classroom and training of the reader.
Key-words: Gender proverb. Formation of the reader. Interpretation.
1.INTRODUÇÃO
Esse trabalho é mais uma das reflexões teórico-metodológicas do Grupo de
Pesquisa Leitura e Ensino – CNPq, na linha de pesquisa de metodologia do ensino da
leitura, além disso, traz reflexões sobre a aula de língua latina no Ensino Superior.
1
Professor do Centro de Letras, Comunicação e Artes da UENP – Jacarezinho –PR, pesquisador do
Grupo de Pesquisa Leitura e Ensino – CNPq, e-mail: [email protected]
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A origem do gênero provérbio (do latim proverbium, -ii n.) perde-se na
obscuridade dos tempos. De criação anônima, são registrados por inúmeros povos da
Antiguidade. Há registros, no Egito, anteriores a 2500 a.C., na China e na Índia antigas.
Serviam
para
transmitir
preceitos
morais
e
divulgar
pensamentos
filosóficos.
Literalmente, a forma dos provérbios foi consolidada graças ao povo hebreu através do
livro sagrado, a Bíblia, e atualizada pelos gregos, através de suas obras.
Embora sua origem remeta à Antiguidade, sua temática é extremamente atual,
haja vista que transmitem ensinamentos relevantes e, muitas vezes, convincentes; além
disso, permitem uma rica discussão e interpretação em sala de aula. Tal gênero é da
ordem do argumentar (Schneuwly & Dolz, 2004), e sabe-se que um leitor crítico se
forma através do uso de bons argumentos, fora e dentro da sala de aula. Portanto, neste
trabalho evidenciaremos as contribuições pedagógicas desse gênero para a sala de aula e
a formação do leitor.
No ensino superior, o uso de provérbios pode ser motivador, por exemplo, nas
aulas de língua latina, considerando que retratam situações vividas no dia a dia do aluno
e que foram originados no saber popular há muito tempo. Por essa razão, em especial,
serão expostos provérbios em língua latina, com suas respectivas traduções e
comentários lingüísticos.
Antes de analisarmos alguns provérbios, é importante contextualizá-los traçando
breve reflexão diacrônica sobre a origem da língua latina e da sua importância para a
compreensão da língua portuguesa.
O latim é uma antiga língua indo-européia, do ramo itálica, originalmente falada
no Lácio, a região do entorno de Roma. Foi amplamente disseminada, especialmente na
Europa, como a língua oficial da República Romana, do Império Romano e, após a
conversão deste último ao cristianismo, também da Igreja Católica. Através da Igreja,
tornou-se a língua dos acadêmicos e filósofos europeus medievais.
Por ser uma língua altamente sintética, a sua sintaxe é variável, se comparada
com a de idiomas analíticos como o português, ainda que em prosa os romanos
tendessem a preferir a ordem SOV. Nesse contexto analítico é uma forma mais ampla de
se dizer as mesmas palavras – por exemplo, em língua portuguesa diz-se “Eu sou uma
professora” em latim, que é mais sintético diz-se apenas Sum magistra.
O latim hoje é uma língua morta, encontramos poucos conhecedores fluentes e
ninguém que o tenha por língua materna, mas ainda é empregado pela Igreja Católica.
Exerceu enorme influência sobre diversas línguas vivas, ao servir de fonte vocabular para
a ciência, o mundo acadêmico e o direito. Como prova disso temos o latim vulgar, um
dialeto do latim, que é o ancestral das línguas neolatinas - italiano, francês, espanhol,
português, romeno, catalão, romanche e outros idiomas e dialetos regionais da área;
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muitas palavras adaptadas do latim foram adotadas por outras línguas modernas, como
o inglês. O fato de ter sido a língua franca do mundo ocidental por mais de mil anos é
prova de sua influência.
O latim ainda é a língua oficial da Cidade do Vaticano e do Rito Romano da Igreja
Católica. Foi a principal língua litúrgica até o Concílio Vaticano Segundo, nos anos 1960.
Feita essa visão diacrônica da língua latina, trataremos, a seguir, dos conhecimentos
prévios e suas ligações para a interpretação do gênero provérbio.
2. Os conhecimentos prévios e o gênero provérbio
Para que ocorra a leitura e a interpretação de qualquer gênero é importante
ressaltar a importância do conhecimento prévio, também para a construção do sentido
do provérbio.
De acordo com Jean Foucambert (1994, p. 8), a leitura é a atribuição de um significado
do texto escrito, onde 20% de informações visuais são provenientes do texto e 80% de
informações provém do leitor. Desse modo, os 80% são experiências que o leitor
adquiriu em sua vida e dessa forma, no momento da leitura ativa esses conhecimentos.
Para Fregonezi (2003, p. 36) “os textos são sempre incompletos em si mesmos, e
– para se tornarem ocorrências comunicativas – dependem de contribuição de
informações disponíveis na mente do próprio leitor”. E ainda na linha de pensamento de
Fregonezi “o leitor é, não apenas um decodificador, mas um construtor do significado do
texto”. Daí a necessidade desse conhecimento para a leitura.
Esses conhecimentos se resumem em três níveis, o lingüístico, o de mundo e o
textual.
O conhecimento lingüístico é o saber sobre a linguagem, seu relacionamento e
significados em textos. É preciso reconhecer a ambigüidades, e isto o leitor só reconhece
acionando seu conhecimento lingüístico.
Já o conhecimento de mundo ou “conhecimento enciclopédico” é o saber
acumulado por um leitor, que fica organizado em sua mente sob a forma de “blocos
cognitivos”, ou seja, esquemas, cenários, planos “scripts”. E, por fim, os conhecimentos
textuais, a competência metagenérica do leitor, que é o conjunto de conhecimentos dos
“gêneros” e “tipos textuais”
empregados na vida social. O conhecimento textual é que faz o leitor reconhecer as
particularidades dos gêneros, ou seja, é a competência de quem lê e sabe reconhecer a
diferença entre uma charge, um cartoom, uma história em quadrinhos, um provérbio
entre diversos outros. Cada gênero textual, embora seja relativamente estável,
apresenta uma forma composicional, conteúdo e estilo e objetivos específicos, que
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reconhecidos permitem tornar o leitor proficiente, decodificando o que está explícito e,
principalmente, o que está
implícito.
Segundo Koch (1997):
Como o iceberg todo texto possui apenas uma pequena superfície exposta
e uma imensa área subjacente. Para se chegar às profundezas do implícito
e dele extrair um sentido faz-se necessário o recurso a vários sistemas de
conhecimento e a ativação de processos e estratégias cognitivas e
intencionais. (KOCH, 1997, p. 25).
Assim, demonstramos que os conhecimentos prévios são necessários para a
compreensão do leitor nos variados gêneros, incluindo o gênero provérbio sobre os qual
exporemos.
Para Bragança Jr. (2008) o estudo dos provérbios latinos são muito importantes,
pois revelam a mentalidade de um povo e podem ser trabalhados na aula de língua latina
para uma melhor reflexão do aluno.
As fórmulas coletivas e tradicionais refletem maravilhosamente a mentalidade de
um povo, sua história, seus costumes, crenças, estados afetivos, tendências gerais, aos
olhos de quem saiba velas e utilizá-las como instrumentos de indagações superiores.
(BRAGANÇA JR,2008)
Desse modo, o que define o provérbio não é seu desenho externo, mas sua
função externa, e aquele, geralmente, é moral e didático. As pessoas usam provérbios
para dizer a outras o que fazer em uma dada situação ou que atitude tomar diante dela.
Provérbios, então, são ‘estratégias para situações’; todavia, eles são estratégias com
autoridade, formulando uma parte de um senso comum da sociedade, seus valores e
modo de fazer as coisas.
Pode-se entender o gênero provérbio como manifestações ideológicas e culturais,
expressando passagens históricas e interessantes de um povo. Essas passagens através
do gênero provérbio narram episódios da história e da pátria universal associadas às
legendas latinas. Mantêm-se termos da filosofia, da literatura, da medicina que não se
deixam substituir. Esse gênero encontrou no latim a forma de se perpetuar, ou seja,
passaram-se os séculos e tornaram-se imortais, muito utilizados até hoje pelo Direito.
3. Metodologia
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Demonstraremos que o gênero provérbio pode ser utilizado nas aulas de língua
latina como motivação para a argumentação e conhecimento dessa língua vernácula,
analisando para tanto oito provérbios baseados na obra Não perca o seu latim, de Paulo
Rónai:
1) Accidit in puncto quod non speratur in anno. Fernando I.
Acontece num momento o que não se espera num ano. Fernando I.
Esse provérbio tem como estrutura composicional um formato mais ou menos
estável. Sua estrutura pode assim ser descrita: forma estrutural (frase escrita em latim
com sua respectiva tradução), propósito comunicativo (transmitir ensinamentos em
contextos específicos), conteúdo (tema da frase feita), meio de transmissão (oral e
impresso), contexto situacional (diálogo informal com caráter moralizante), modo de
vinculação (livros, internet,
outdoor).
Quanto ao conteúdo deve-se mostrar ao aluno que essa frase é extremamente
atual e que ensina, segundo o autor do provérbio, ao interlocutor não ter pressa para os
fatos bons ou ruins acontecerem em sua vida, pois um ano pode passar, mas fatos
importantes podem acontecer em um momento.
Esse provérbio também ressalta a importância de não se deixar passar as grandes
oportunidades na vida das pessoas, pois essas podem acontecer em um curto instante e
desse modo, o interlocutor deve estar preparado para enfrenta-las.
2) Alea jacta est ou Jacta est alea.
Os dados estão lançados, ou ainda, A sorte está lançada.
Nesse provérbio é interessante ao professor expor um pouco da fortuna crítica, ou
seja seu conhecimento histórico, a fim de que o aluno compreenda algo a mais sobre a
visão diacrônica da língua, ressaltando seu contexto inicialmente produzido.
A história desse provérbio é muito antiga. Foram palavras proferidas por Júlio
César, XXXII. Esse teria pronunciado ao transpor com suas tropas em 49 a.C, o rio
Rubicão, contrariando ordens do Senado. Empregam-se para frisar o caráter irrevogável
de uma decisão. Segundo Plutarco, na ocasião César teria pronunciado em grego “Lance
o dado”.
Desse modo, os alunos devem compreender que quando se diz que a sorte está
lançada significa que uma decisão já foi tomada e tudo pode acontecer a partir do
instante em que o provérbio foi proferido.
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3) Beneficium acipere libertatem est vendere. (Publílio Siro).
Aceitar um benefício é vender a liberdade. (Publílio Siro).
O provérbio 3 tem uma temática muito atual – advertir as pessoas que se
corrompem, ou seja, que não mais estarão livres para expor suas opiniões, ou seja, que
estarão vinculadas aos interesses da pessoa que as comprou. A exemplo, têm-se no meio
político, em que até os dias atuais diversos deputados, senadores, prefeitos, vereadores
corrompem-se para fornecer favores à iniciativa privada que os comprou anteriormente.
Além desse fato, têm-se também alguns políticos que compram votos dos
eleitores; esses que, muitas vezes, se vendem por uma simples dentadura, por um quilo
de carne, ou mesmo uma promessa de casa popular para um mandato vindouro, são
maneiras de vender a liberdade do cidadão, haja vista que este ficará amarrado ao
candidato por mais quatro anos até que seja feita nova eleição.
4) A bove maiore discat arate minor.
O boi mais novo aprende a arar com o mais velho.
Para o provérbio 4 o professor deve ressaltar a valorização da experiência ao
expor aos seus alunos que as pessoas mais novas têm muito a aprender com os mais
velhos; desse modo, o sujeito boi tem a personificação – que é a transformação de
elementos da natureza para seres humanos – de um boi - para as pessoas em geral.
Dessa forma, esse gênero é muito atual porque sempre existirão pessoas mais
velhas e que outras mais novas devem seguir o exemplo, além de respeitar seu
conhecimento de mundo e seguir seus ensinamentos.
5) Accusare nemo se debet
Ninguém deve acusar-se a si mesmo.
No provérbio 5 o docente pode levar o aluno a compreender que é muito usada.
Tal frase é muito utilizada no curso de Direito, já que ninguém deve, coerentemente
juntar provas contra si.
Atualmente, percebe-se esta máxima no episódio que rege a nova lei que
regulamenta bebida e direção, tendo em vista que o motorista que apresenta até dois
decigramas de álcool no sangue não pode dirigir, e se for pego guiando deve fazer
exame de bafômetro ou de sangue, para comprovar a embriaguez e depois ter sua CNH
caçada. Todavia, alguns motoristas estão entrando na justiça e alguns conseguiram
liminares para que se forem pegos guiando depois de beber ter o direito de não produzir
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prova contra si mesmo, ou seja, de não fazer o exame de sangue, nem soprar o
bafômetro.
6) Ad astra per epera
Chega-se aos astros através de dificuldade
O provérbio 6 é o lema do Estado de Kansas nos Estados Unidos da América.
Argumenta que se as pessoas tiverem perseverança apesar das dificuldades, poderão
alcançar os objetivos. É um tema que trabalha o otimismo, atual e interessante para se
trabalhar a motivação em sala de aula.
7) Amittitmerito proprium qui alienum appetit. (Fedro).
Perde merecidamente quem cobiça o alheio. (Fedro).
Essa máxima que está presente nas fábulas de Caio Julius Fedro, Livro I, 4, 1,
ressalta um sentimento muito exagerado e negativo que acontece nasociedade atual que
é a inveja.
Quase todas as pessoas têm um pouco de inveja do que é do outro, mas esta é
contida e não causa problemas. Entretanto, o dizer de Fedro é extremamente didático e
ensina que não se deve cobiçar, querer o que é do outro, pois pode-se perder muito com
isso, desde tempo, dinheiro e até mesmo saúde.
8) Caeci sunt oculi, si animus alias res agit. (das Sentenças de Publílio Siro)
Os olhos são cegos, se o espírito se ocupa de outras coisas. (das Sentenças de
Publílio Siro).
Pode-se perceber que o provérbio acima é muito didático e atual. Existe, na
verdade uma metáfora, emprega linguagem conotativa onde ser cego não significa ter
uma cegueira física, mas não quer compreender ou não enxergar ou não o que está
diante de si. Pode-se transferir tal fato para a população que, muitas vezes, está
preocupada assistindo a programas de televisão que falam de corrupção, ou mesmo,
pessoas que estão alienadas e não conseguem perceber acontecimentos óbvios como
desvios de verbas públicas em suas próprias
cidades, acreditando cegamente em alguns políticos e não acreditando nas provas que
estão explícitas.
A exemplo, tem-se um caso que aconteceu na região do norte pioneiro. Um chefe
do executivo foi denunciado pelo Ministério Público mediante fortes provas de
improbidade administrativa e depois foi também denunciado pela Câmara de vereadores.
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Como resultado da denúncia esse político foi caçado do seu cargo e, por alguns anos, não
poderá se candidatar novamente.
A cegueira acontece quando se pergunta a algumas pessoas que são partidárias
do prefeito caçado se ele tinha culpa nos fatos ocorridos, essas pessoas que estavam
com o “espírito” ocupado de outras coisas dizem que ele não tinha culpa alguma, que foi
enganado pelos assessores.
4. Considerações finais
Conhecer bem um gênero milenar como o provérbio é de extrema importância
para a formação do leitor. Além de estratégia motivadora nas aulas de língua latina,
estimula a reflexão e a argumentação dos discentes, contribuindo para a interpretação e
ampliando conhecimentos de mundo.
Portanto,
se
o
professor
empregá-lo
em
sala
de
aula
para
levantar
questionamentos relevantes, poderá ser um recurso pedagógico que facilita as leituras,
além de ser uma estratégia de motivação para que os alunos se tornem mais atentos aos
conteúdos tratados, já que o provérbio transforma as relações, é algo social, cultural, e
pode melhorar a capacidade do aluno em argumentar.
REFERÊNCIAS
BRAGANÇA JÚNIOR, Álvaro Alfredo. Provérbios medievais em latim - o discurso
da dominação. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/anais/anais_238.html >
Acesso em: 10 – 08 – 2008.
FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
FREGONEZZI, Durvali Emílio. O professor, a escola e a leitura. Londrina: Humanidades,
2003.
KOCH, Ingedore G. Villaça. O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto,
1997.
RÓNAI, Paulo. Não perca o seu latim. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1980.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros Orais e escritos na escola. São
Paulo: Mercado de Letras, 2004.
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Para citar este artigo:
DIAS, Luiz Antonio Xavier. O gênero provérbio nas aulas de língua latina. In: X
CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho. 2010. Anais. ..UENP –
Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro de Ciências Humanas e da Educação
e Centro de Letras Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2010. ISSN – 18083579. p. 526 –
534.
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