5910187 – Biofísica II – FFCLRP – USP – Prof. Antônio Roque Primeira lista de exercícios Primeira Lista de Exercícios de Biofísica II 1. Considere uma célula composta por um corpo celular ao qual está preso um longo e fino “processo” tubular (por exemplo, o axônio de um neurônio ou o flagelo de um espermatozoide) de comprimento l cm (figura abaixo). Suponha que alguma substância n (por exemplo, um metabólito) é gerada no corpo celular e se difunde ao longo do processo. Suponha que, ao mover-se pelo processo, a substância é consumida a uma taxa uniforme constante de αn moles/s por unidade de comprimento. A equação de continuidade para esta substância é, portanto: ∂cn ∂φ α =− n − n, ∂t ∂x A onde A é a área da seção reta do processo (suposta como constante) e cn e Jn são, respectivamente, a concentração e o fluxo da substância. a) Combine a equação de continuidade modificada acima com a lei de Fick para obter a forma modificada da equação de difusão que deve ser obedecida por cn. b) Mostre que a solução dessa equação no estado estacionário (∂cn ∂t = ∂φn ∂t = 0) é cn (x) = αn 2 x + a0 x + b0 , 2DA e determine os valores das constantes a0 e b0 a partir das condições de contorno cn(0) = C0 e φn(l) = 0. 5910187 – Biofísica II – FFCLRP – USP – Prof. Antônio Roque Primeira lista de exercícios c) Mostre que (supondo C0, Dn, A e αn constantes) existe um limite superior para o comprimento l do processo e obtenha uma fórmula para este limite superior. 2. Duas células adjacentes têm suas membranas apostas (justapostas) como no desenho abaixo. Um arranjo de membranas como este é chamado de arranjo em série. Suponha que um soluto neutro n tenha concentrações cn1 e cn2 no interior das células 1 e 2, respectivamente, e cne no espaço intercelular. As permeabilidades das membranas 1 e 2 ao soluto n são P1 e P2, respectivamente. No estado estacionário, o fluxo φn do soluto n entre o interior da célula 1 e o interior da célula 2, em mol/(cm2.s), pode ser escrito como φ n = P ( c1n − cn2 ), onde P é a permeabilidade do arranjo em série de membranas. Obtenha a expressão para P em termos de P1 e P2. 3. Um experimento foi realizado para se determinar a permeabilidade, PX, da membrana de uma célula ao soluto X. A célula, cuja forma é a de uma esfera de raio 72 µm, foi colocada inicialmente em uma solução contendo o soluto X por um tempo suficientemente longo para que ela 5910187 – Biofísica II – FFCLRP – USP – Prof. Antônio Roque Primeira lista de exercícios fique com uma quantidade de moles igual a NX do soluto X em seu interior. Preparou-se então um conjunto de cubas idênticas contendo soluções idênticas sem o menor traço do soluto X. Em t = 0 a célula foi imersa na primeira cuba e mantida dentro dela por um tempo T = 10 minutos. Subsequentemente, ela foi retirada da primeira cuba e imersa na segunda também por T = 10 minutos, retirada da segunda e imersa na terceira por T = 10 minutos, etc. Supõe-se que o tempo gasto para retirar a célula de uma cuba e colocá-la na seguinte é zero. Este processo está ilustrado na figura abaixo. Após a retirada da célula de uma cuba k, o número de moles do soluto que fica na cuba é nX(k). Assuma que o volume da célula permanece constante durante todo o processo e que a concentração de soluto em cada cuba é desprezível em comparação com a concentração de soluto no interior da célula. Assuma que o soluto se difunde pela membrana da célula de acordo com a lei de Fick para membranas V dcXi (t) ϕ X (t) = PX ( c (t) − c (t)) = − , A dt i X e X onde V é o volume da célula e A é a área superficial de sua membrana. a) Determine uma expressão para o número de moles de X na célula em função do tempo, n iX (t ) . Essa expressão deve ser dada em termos do número inicial de moles NX e de uma constante temporal τ definida em função dos parâmetros do problema. 5910187 – Biofísica II – FFCLRP – USP – Prof. Antônio Roque Primeira lista de exercícios b) Determine uma expressão para o número total de moles de X que fica na k-ésima cuba após a retirada da célula, nX(k). Essa expressão deve depender de NX, da constante temporal que você determinou no item (a) e de T. c) O gráfico abaixo dá os resultados das medidas experimentais do número de moles de X em cada cuba. A partir do gráfico, obtenha os valores numéricos da permeabilidade PX e do número inicial de moles NX. 4. Suponha que partículas de soluto estejam dentro de um béquer contendo água. As partículas se difundem na água devido à agitação térmica e sofrem um arrasto devido à força da gravidade, de maneira que o fluxo total é φ = φD + φG, onde φD é o fluxo por difusão e φG é o fluxo provocado pela força da gravidade. a. Supondo que as partículas sejam esferas de raio r, mostre que no equilíbrio D , λ = (4/3)πr3(ρp − ρa). Nessas equações, a φG = −c(y) onde λ = kT/mefeg e mefe coordenada y mede a altura a partir da base do béquer; c(y) é a concentração de partículas no equilíbrio; D é o coeficiente de difusão; g é a aceleração da gravidade; mefe é a massa efetiva da partícula, de maneira que mefeg é a força líquida sobre a partícula, igual à força gravitacional menos a força de empuxo; k é a constante de Boltzmann; T é a temperatura absoluta; ρp é a densidade da partícula; e ρa é a densidade da água. 5910187 – Biofísica II – FFCLRP – USP – Prof. Antônio Roque Primeira lista de exercícios b.Obtenha uma expressão para c(y) em termos da concentração de partículas em y = 0. c.Assuma que as partículas tenham densidade igual ao dobro da densidade da água (ρágua = 1 g/cm3). À temperatura ambiente (T = 300 K), obtenha o valor da constante espacial λ para os casos (a) em que r = 1 mm e (b) em que r = 1 nm. d.Suponha que você tenha dois béqueres cheios com água até uma altura de h = 15 cm. O primeiro contém uma solução com as partículas de r = 1 mm e o segundo contém uma solução com as partículas de r = 1 nm. Esboce graficamente como serão as distribuições espaciais c(y) das partículas nos dois béqueres no equilíbrio. 5. A figura abaixo mostra um arranjo experimental em que um recipiente está separado em duas metades por uma membrana permeável apenas à água, com condutividade hidráulica LV. A metade da esquerda contém uma solução de glicose e água e a metade da direita contém uma solução de NaCl e água, ambas bem agitadas de maneira que os solutos estão uniformemente distribuídos nas soluções. O volume da esquerda é V1 e o volume da direita é V2. Os dois volumes estão submetidos a pressões externas, p1 e p2 respectivamente, exercidas por pistões ideais, isto é, que não têm atrito com as paredes do recipiente e que transmitem totalmente as pressões p1 e p2 aos seus respectivos volumes. 5910187 – Biofísica II – FFCLRP – USP – Prof. Antônio Roque Primeira lista de exercícios a) Qual é a condição para que haja equilíbrio do fluxo de volume de água entre os dois compartimentos, ΦV = 0? b) No instante inicial, t = 0, os volumes V1 e V2 são iguais a um litro: V1(0) = V2(0) = 1 L. Neste instante, a concentração de glicose no compartimento 1 é igual a 0,01 mol/L e a concentração de NaCl no compartimento 2 é igual a 0,01 mol/L. Se p1 = p2, quais são os valores de equilíbrio dos volumes dos compartimentos 1 e 2, V1(∞) e V2(∞)? c) Escreva uma equação diferencial para a variação do volume V1 em função do tempo, da forma: τ dV1 (t ) = f (V1 (t )) . dt Como τ depende dos parâmetros do sistema, LV e A? Data de entrega da lista resolvida: 15/09/2015 (até a meia-noite) As discussões entre os alunos sobre as questões da lista são benvindas, mas cada aluno deve entregar sua resolução independentemente e feita à mão.