Escola Superior Nautica Infante D. Henrique CET Manutenção Mecânica Naval Fundamentos de Resistência de Materiais Introdução à Torção de veios Tradução: V. Franco Ref.: Mechanics of Materials, Beer, Johnston & DeWolf – McGraw-Hill. Esforços de Torção em veios circulares 3-2 Tensões de corte • Um momento torçor aplicado ao veio origina tensões de corte nas faces perpendiculares ao eixo axial. • As condições de equilibrio requerem a existência de tensões iguais nas faces dos dois planos que contêm o eixo do veio. 3-3 Deformações por torção em veios • O ângulo de torção no veio é proporcional ao momento troçor aplicado T e ao comprimento do veio L. φ ∝T φ∝L • Num veio circular sujeito a torção, as secções transversais mantém-se planas e circulares, porque o veio circular é axisimétrico. • As secções transversais de veios não-circulares (não axisimétricos) sofrem distorção quando sujeitos a torção. 3-4 convenções 3-5 Tensões de corte no domínio elástico • As tensões de corte devidas ao momento torçor T, numa secção circular, variam linearmente com o raio, sendo máximas na periferia do veio de raio c: τ max = Tc J sendo J o momento polar de inércia da secção. Para uma secção circular maciça é dado por J = 12 π c 4 e para uma secção circular ôca será: ( J = 12 π c24 − c14 ) • A tensão de corte num ponto com raio ρ, são dadas por: Tρ τ= J 3-6 Tensões normais • Os elementos com faces paralelas e perpendiculares ao eixo do veio estão sujeitos apenas a tensões de corte. Para outras orientações, podem surgir tensões normais, ou combinações de tensões de corte com tensões normais. • Se considerarmos um elemento orientado a 45o com o eixo do veio, temos F = 2(τ max A0 )cos 45 = τ max A0 2 σ 45o = F τ max A0 2 = = τ max A A0 2 • O elemento a está sujeito a corte puro • O elemento c está sujeito a tensões normais de tracção em duas faces e de compressão nas outras duas. 3-7 Modos de falha por torção • Os materiais dúcteis normalmente sofrem falha por tensões de corte. Os materiais frágeis são menos resistentes em tracção que em corte. • Quando sujeito a torção, um provete de um material dúctil, rompe ao longo de um plano de tensões de corte máximas, ie. num plano perpendicular ao eixo do veio. • Quando sujeito a torção, um provete de um material frágil, rompe ao longo de planos perpendiculares à direcção na qual a tensão normal de tracção é máxima, ie. ao longo das superfícies que fazem 45o com o eixo longitudinal do veio. 3-8 Angulo de torção no domínio elástico • Relação entre o ângulo de torção e a distorção de corte máxima: γ max = cφ L • No domínio elástico, a deformação de corte e a tensão de corte são relacionadas pela Lei de Hooke: τ max Tc γ max = G = JG • Igualando e resolvendo em ordem ao ângulo de torção: TL φ= JG • Se os momentos torçores e/ou a secção do veio variarem ao longo do seu comprimento, o ângulo de torção será dado por: Ti Li i J i Gi φ =∑ 3-9 Diagrama de momentos torçores 3 - 10 Exemplo 3 - 11 Cont. 3 - 12 Exemplo O tubo BA tem um diâmetro interior de 80 mm e um diametro exterior de 100 mm. Calcular as tensões de corte. 3 - 13 Exemplo 3 - 14 3 - 15 Exemplo 3.1 O veio BC tem uma secção circular ôca com diametro interior 90 mm e diametro exterior de 120 mm. Os veios AB e CD são de secção circular maciça com diamtero d. Para os carregamentos ilustrados na figura, determinar: (a) As tensões de corte no veio BC, (b) O diametro minimo d para os veios AB e CD se a tensão de corte admissivel para o material destes veios for 65 MPa. 3 - 16 Exemplo SOLUTION: 3.1 cont. • Considerar secções nos veios AB e BC e efectuar o equilibrio estático para calcular os momentos torçores aplicados em cada troço do veio: ∑ M x = 0 = (6 kN ⋅ m ) − TAB ∑ M x = 0 = (6 kN ⋅ m ) + (14 kN ⋅ m ) − TBC TAB = 6 kN ⋅ m = TCD TBC = 20 kN ⋅ m 3 - 17 Exemplo 3.1 cont. • Tensões de corte no veio BC (veio circular ôco) J= π ( c24 − c14 ) = [(0.060 )4 − (0.045)4 ] 2 2 π = 13.92 × 10− 6 m 4 τ max = τ 2 = TBC c2 (20 kN ⋅ m )(0.060 m ) = J 13.92 × 10− 6 m 4 = 86.2 MPa τ min c1 = τ max c2 τ min 86.2 MPa τ min = 64.7 MPa = 45 mm 60 mm τ max = 86.2 MPa τ min = 64.7 MPa 3 - 18 Exemplo 3.1 cont. • Para o veio AB (ou CD), sabendo a tensão de corte admissivel, calcular diametro d minimo: τ max = Tc Tc = π 4 J 2 c τ max ≤ τadm = 65MPa 6 kN ⋅ m −3 ≤ 65 MPa ⇒ c ≥ 38 . 9 × 10 m π 3 c 2 d = 2c = 77.8 mm 3 - 19 Projecto de veios de transmissão • As principais especificações para um veio de transmissão são: - potência - velocidade • O projectista tems de selecionar o material para construção do veio e a determinar a secção transversal do mesmo (diametro; secção maciça; secção ôca; etc.) por forma a garantir as especificações pretendidas, sem que sejam excedidas as tensões de corte admissiveis para o material seleccionado. • Determinar o binário aplicado ao veio para uma especificada potência a velocidade: P = Tω = 2πf T P P T = = ω 2πf • Calcular a secção transversal do veio: τ max = Tc J J π 3 T = c = c 2 τ max (veios circulares maciços) J π 4 4 T ( = c2 − c1 ) = c2 2c2 τ max (veios circulares ôcos) 3 - 20 Exemplo P.5-44 pag. 207, Hibbeler, 5th ed. (adaptado v2) O navio hidrofoil representado na figura possui um veio fabricado em aço S355 EN10025, com um comprimento de 100ft. Está ligado em linha a um motor diesel com uma potencia máxima de 2500 hp para uma velocidade de rotação no veio de 1700 rpm. Sendo o veio de secção circular ôca com um diametro exterior de 203 mm e uma espessura de parede de 9.5 mm, determine a tensão de corte máxima no veio. 3 - 21