O ESTUDO DO BINÔMIO VÁCUO –
TEMPERATURA EM ENSAIOS DE
DESSALINIZAÇÃO DE ÁGUAS SALOBRAS E
SALINAS POR MEIO DE DESTILAÇÃO TÉRMICA
Ariovaldo Nuvolari 1, Wladimir Firsoff 2, Ana Paula Pereira da Silveira3, Francisco Tadeu Degasperi 4
1
Prof. Dr. do Dep. de Hidráulica e Saneamento – DHS – FATEC-SP
2
Prof. Pleno do Dep. de Hidráulica e Saneamento DHS – FATEC-SP
3
Prof. Assistente e Aux. Docente Me. do Lab. Saneamento Ambiental e Química- DHS, FATEC-SP
4
Prof. Dr. do Dep. de Sistemas Eletrônicos FATEC-SP
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
Resumo
Devido à escassez de mananciais
superficiais de qualidade para abastecimento
público, principalmente em áreas litorâneas, a
dessalinização de água vem sendo uma
ferramenta cada vez mais utilizada para suprir a
necessidade de água potável nessas regiões.
Observando essa necessidade, verifica-se que
cada vez mais são necessárias pesquisas que
visem o aperfeiçoamento das técnicas de
dessalinização, assim como a tornem
financeiramente viável. Dentro deste contexto,
em 2011 foi criado o GEP (Grupo de Estudos e
Pesquisas) em Dessalinização de água. Desde
então, o grupo estuda o binômio vácuo
temperatura na dessalinização de água por
destilação térmica. No presente estudo foram
realizados ensaios em triplicata com as
seguintes pressões: atmosférica, 600, 500, 400,
300, 200, 100 e 80 mmHg para verificar a
eficiência da utilização de vácuo no processo de
destilação. A partir dos dados coletados,
elaborou-se uma curva tempo de destilação
versus temperatura e também foi possível
verificar a correlação entre os diversos
parâmetros envolvidos no processo. Baseado
nos resultados encontrados, concluiu-se que
quanto menor a pressão aplicada no sistema,
menor será o tempo de destilação, o que
justifica a aplicação de vácuo no processo;
verificou-se também a necessidade da realização
de melhorias no arranjo experimental de modo a
obter-se resultados mais concretos.
1.
Introdução
É consenso, até entre os leigos, que sem
água, é impossível a manutenção da vida. A
água doce, em quantidade e qualidade para
prover os diversos usos humanos, em especial o
abastecimento público, está se tornando cada
vez mais escassa. Algumas regiões do planeta,
afetadas pela escassez hídrica já obtém parte ou,
em alguns casos, a totalidade da água de
abastecimento público, através de processos de
dessalinização de águas salobras e salinas. O
crescimento populacional faz com que esse
problema de escassez vá se disseminando por
toda a Terra. Mesmo as regiões com razoável
disponibilidade hídrica, mas com grandes
contingentes populacionais, estão entrando no
rol daquelas duramente afetadas pela escassez
de água doce em quantidade e em qualidade,
principalmente nos períodos de estiagem
prolongada. O grupo acredita que várias cidades
brasileiras litorâneas (e a maior parte das
capitais brasileiras estão situadas no litoral),
fatalmente, mais dia, menos dia terão que optar
por fazer a dessalinização da água do mar para
complementar os volumes necessários para os
diversos usos.
O ato de coletar o vapor oriundo de águas
salgadas, resfriá-lo e usá-lo para saciar a sede é
provavelmente tão antigo quanto a humanidade.
É também um fenômeno natural que faz parte
do ciclo hidrológico, uma vez que a água doce
presente no planeta, em seu maior percentual,
tem origem na evaporação da água salgada dos
mares e oceanos, que depois cai sobre toda a
terra sob a forma de precipitação atmosférica;
chuva, neve, granizo, etc, e que é responsável
pela reposição da água doce nos rios, lagos e
aquíferos subterrâneos. O objetivo deste grupo
de pesquisa é conhecer os processos atuais de
dessalinização existentes, através da revisão de
literatura e estudar a influência do vácuo no
processo de destilação da água salina.
No Boletim Técnico nº 33, o grupo de
pesquisas “Dessalinização de Águas Salobras e
Salinas” apresentou os resultados alcançados no
ano de 2011, com um protótipo no qual foram
feitas destilações de água salina com utilização
de vácuo, visando à remoção de sais dessa água.
Naquela ocasião, verificou-se a necessidade de
promover modificações na metodologia e no
protótipo utilizado no ano de 2011, conforme
detalhado naquele e neste artigo. O grupo está
agora apresentando os resultados auferidos no
ano de 2012, com as modificações feitas.
Apesar dos resultados terem possibilitado
chegar a várias outras conclusões, a partir das
correlações feitas entre os parâmetros medidos,
verificou-se a necessidade de aperfeiçoar ainda
mais o protótipo, com a utilização de
termopares instalados em meio ao líquido que
está sendo aquecido, aposentando o termômetro
comum até aqui utilizado, para que se obtenha
um maior controle dos tempos e das
temperaturas de forma a melhor avaliar a
influência do vácuo na destilação. Tais
modificações estão em curso, neste ano de 2013,
e serão apresentadas posteriormente.
2.
em aproximadamente 250 mL de destilado). Foi
utilizada uma nova bomba de vácuo com melhor
capacidade de diminuição da pressão. Para
aferir o manômetro da bomba de vácuo, foi
introduzido um manômetro diferencial de
mercúrio (Fig. 2). Foi também instalado um
filtro para proteção da bomba de vácuo (Fig. 4).
Materiais e métodos
O protótipo utilizado na pesquisa está
montado no Laboratório de Hidráulica do
Departamento de Hidráulica e Saneamento da
FATEC-SP e é apresentado nas figuras 1 e 2.
Figura 1. Vista lateral do banco de ensaios.
O arranjo experimental anterior sofreu
pequenas alterações (ver Fig. 1 e 2). Agora é
composto por um balão de 1000 mL, onde é
colocado um volume inicial de 500 mL de
amostra (água salgada marinha), que é aquecida
até a ebulição através de uma manta de
aquecimento (Fig. 3). Os condensadores
utilizados são do tipo serpentina e o
condensador de bolas. O uso do condensador de
bolas é mais comum em colunas de destilação,
mas neste caso, apresenta uma vantagem. As
regiões de depleção de cada bola funcionam
como uma pequena câmara onde pode ocorrer
trocas entre o vapor e o líquido condensado,
ocasionando re-destilações nestes pontos. O
vapor que passa pelo sistema de resfriamento
(condensador) é coletado num recipiente
(Kitassato), no qual é aplicado o vácuo. Fixouse um tempo total de destilação. Com isso
obteve-se um volume de destilado e um rejeito
(concentrado), em cada ensaio realizado.
Visando obter um volume de destilado na faixa
de 250 mL, foi estabelecido um tempo de
destilação de 30 minutos (foram realizados
ensaios com tempo de destilação de 40, 35 e 30
minutos, sendo 30 minutos o tempo que resultou
Figura 2. Vista frontal do banco de ensaios
Figura 3. Manta de aquecimento, balão e
termômetro
Figura 4. Bomba de vácuo e filtro de proteção
Adotado o tempo total de destilação de 30
minutos, foram feitas 3 replicações para as
seguintes pressões efetivas: 700 mm Hg
(correspondente à pressão atmosférica local),
600, 500, 400, 300, 200, 100 e 80 mm Hg.
Foram feitas duas tentativas com pressões
menores; uma com pressão de 50 mm de Hg,
mantendo o aquecimento da manta e outra com
pressão próxima à pressão de vapor da água à
temperatura de trabalho. As duas tentativas
foram abortadas, pelos seguintes motivos: Com
pressão de 50 mm Hg ocorreu a passagem
direta, da amostra bruta para o destilado. Além
disso, notou-se a insuficiência do sistema de
resfriamento, pela formação de vapor e aumento
da temperatura no Kitassato. No ensaio
realizado com pressão próxima à pressão de
vapor da água à temperatura de trabalho, houve
uma gradual diminuição da temperatura no
concentrado e problemas de emulsificação do
óleo na bomba de vácuo.
Em cada ensaio realizado (excetuando-se os
que foram abortados), procedeu-se o
acompanhamento da destilação, anotando-se o
tempo de destilação e a correspondente
temperatura, para elaboração da curva: tempo
de destilação versus temperatura. Foram
anotados ainda outros parâmetros de controle
tais como: as temperaturas iniciais e finais de
cada ensaio e o tempo de início de ebulição, a
determinação dos volumes finais de destilado e
do concentrado e, feita a somatória dos dois
volumes, calculou-se as eventuais diferenças em
relação ao volume inicial da amostra. Na água
bruta, bem como no destilado e no concentrado
foram medidos ainda os seguintes parâmetros de
controle: cor, turbidez, pH, condutividade e
densidade; A partir dos gráficos e tabelas
gerados do tratamento de dados experimentais
foram realizadas diversas tentativas de
correlação dos parâmetros estudados com o
intuito de teorizar e concluir tendências, a partir
dos resultados obtidos nos ensaios.
Sistema de vácuo
O processo de secagem em baixas pressões é
uma das aplicações mais importantes da
tecnologia do vácuo tanto na indústria como nas
atividades científicas e tecnológicas. A remoção
de vapores e líquidos é realizada de forma mais
eficiente com a redução de pressão. As
moléculas mais energéticas no estado líquido
podem deixar a superfície líquido-gás e ter
menos probabilidade de retornar ao estado
líquido. O esquema do circuito do sistema de
vácuo projetado e construído para a realização
deste trabalho é apresentado na figura 5. São
utilizados os símbolos padronizados em
tecnologia do vácuo para a representação de
circuitos de vácuo. A bomba de vácuo utilizada
é a bomba mecânica de palhetas de simples
estágio. Este tipo de bomba de vácuo não é a
mais indicada para operar com atmosfera rica
em vapores. Neste sentido, foi instalado um
filtro com material absorvedor de água para
proteger a bomba de vácuo. As válvulas
utilizadas são apropriadas para operarem em
ambientes com vapores de água. As conexões
utilizadas no sistema de vácuo são do tipo KF-
NW 10, com anéis de vedação em borracha
Buna-N.
Figura 5. Desenho esquemático do sistema de
vácuo utilizado para a evaporação de água
salina e salobra.
Para um sistema de vácuo de porte grande,
considerando a quantidade de vapor de água
envolvido no processo de evaporação, tem com
proposta de bomba de vácuo mais indicada a
bomba de anel líquido. Uma vez adotado este
tipo de bomba de vácuo, deve-se prever filtros
que protejam o sistema de vácuo com possíveis
contaminações que possam ir até o condensador.
O projeto do sistema de vácuo foi construído
em sua maior parte em vidro, inclusive a câmara
de vácuo para a evaporação, o destilador e o
condensador. Mesmo com a instalação de tubos
de pequeno diâmetro, em torno de 7 milímetros,
o processo de transporte de gases e vapores foi
realizado de forma eficiente. O controle do
bombeamento foi realizado controlando a
abertura da válvula junto à bomba mecânica de
palhetas.
3. Resultados
Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os
parâmetros de controle para pressões efetivas
variando de 80 a 700 mm Hg e tempo total de
ensaio fixado em 30 minutos. Os valores dessas
tabelas são as médias obtidas de três ensaios.
Com os valores apresentados nas citadas
tabelas, foram feitas diversas tentativas de
correlação de dados. Tais tentativas são
apresentadas neste item.
Na Tabela 3 são apresentados os principais
parâmetros de controle medidos na água bruta
(água do mar coletada no Guarujá), ao longo
dos diversos ensaios realizados. Os valores
médios de turbidez e condutividade diferem um
pouco dos valores médios apresentados na
Tabela 1, uma vez que, neste caso foram
incluídos também os ensaios iniciais, feitos com
tempos totais de destilação diferentes dos 30
minutos. De um total de 27 ensaios, foram
obtidas as médias, desvios-padrões, além dos
valores mínimos e máximos de condutividade,
pH, cor e turbidez. Tais resultados servem para
uma melhor caracterização da água salina
utilizada nesta pesquisa. Como se pode
observar:
 O valor médio de condutividade obtido para a
água bruta foi de 50.287 S/cm, com desvio
padrão de 784, valor mínimo de 47.800 e
máximo de 51.450 S/cm;
 O valor médio de pH obtido para a água bruta
foi de 6,93, com desvio padrão de 0,40, valor
mínimo de 6,15 e máximo de 7,71;
 O valor médio de cor obtido para a água bruta
foi de 10,4 uC, com desvio padrão de 8,2,
valor mínimo de 0,3 e máximo de 23,0 uC;
 O valor médio de turbidez obtido para a água
bruta foi de 1,05 UNT, com desvio padrão de
1,00, valor mínimo de 0,113 e máximo de 5,0
UNT.
Na Figura 6 é apresentada a correlação entre
a pressão efetiva aplicada e o tempo de início de
ebulição (valor médio de 3 ensaios). Nesta
figura observa-se que quanto menor a pressão
aplicada, também menor é o tempo de ebulição,
com um excelente índice de correlação (R2 =
0,98).
Na Figura 7 é apresentada uma tentativa de
correlacionar a pressão aplicada com a
condutividade medida no destilado. Apesar do
índice de correlação ser alto (R2=0,92), sabe-se
que a curva resultante real não é exatamente
igual a essa apresentada. Para um mesmo tempo
de destilação, a diminuição da pressão aplicada
deve resultar num maior volume de destilado,
com maior condutividade, pois devido à
diferença de pressão (pressão de vapor junto ao
concentrado e a aplicação de vácuo junto ao
destilado) o fluxo de partículas da solução mais
concentrada se desloca (concentrado salino)
para a menos concentrada (destilado).
Na figura 8 é apresentada a correlação entre
a pressão efetiva aplicada e a condutividade no
concentrado (valor médio de 3 ensaios). Como
se pode perceber, foi obtido um excelente índice
de correlação (R2 = 0,98). A curva mostra que
quanto menor a pressão efetiva aplicada, maior
a concentração de sais resultante no concentrado
e, portanto, maior a sua condutividade.
Figura 6. Correlação entre a pressão aplicada e o
tempo médio de início de ebulição
Figura 7. Correlação entre a pressão aplicada e a
condutividade média do destilado
Figura 8. Correlação entre a pressão aplicada e a
condutividade média no concentrado
A condutividade no concentrado é um fator
limitador nos projetos, uma vez que o destino
final do concentrado é um dos maiores
problemas a ser resolvido numa instalação de
dessalinização. Dependendo da solução adotada,
quanto maior a salinidade no concentrado,
maior é o impacto causado na sua destinação
final. Na pesquisa bibliográfica (USBR, 2003),
descobriu-se que a maioria dos processos de
destilação adota um percentual de recuperação
próximo dos 30 %, ou seja, para cada 1.000
litros de água bruta processada obtêm-se apenas
300 litros de água produzida e, talvez um dos
motivos seja exatamente esse, diminuir a
salinidade, tanto do concentrado quanto do
destilado obtido. Essa descoberta fez com que
projetássemos para as futuras pesquisas, um
tempo ainda menor de destilação, para que se
obtenha um concentrado com menor
condutividade.
Tabela 1. Resumo: Parâmetros de controle: pressões de 0 a 700 mmHg e tempo total de 30 min.
PRESSÕES EFETIVAS (mm Hg)
700
600
500
400
300
1. RESULTADOS GERAIS:
30
30
30
30
30
Tempo total de destilação (min.)
200
100
80
MÉDIA
30
30
30
NTS
Tempo de início de ebulição (min.)
12,3
12,8
12,1
12,1
10,5
9,0
7,1
7,4
NTS
Temperatura inicial (ºC)
20
17
21
20
22
22
21
22
NTS
Temperatura final (ºC)
96
75
66
52
47
NTS
92
87
82
2. NA ÁGUA BRUTA
500
500
500
Volume da amostra (mL)
500
500
500
500
500
500
COR (uC)
16,7
20,7
14,7
13,7
12,4
1,6
1,9
1,5
10,4
TURBIDEZ (UNT)
1,8
1,4
2,3
1,1
0,9
0,3
0,8
0.8
1,2
pH
6,2
7,1
7,0
6,9
6,7
7,2
7,2
7,0
6,9
CONDUTIVIDADE (µS/cm)
50.550 49.400 50.617 50.983 50.387 50.747 50.373 50.177
DENSIDADE (g/cm3)
1,02
Volume final coletado (mL)
235
1,02
1,02
1,02
3. NO DESTILADO
222
246
236
COR (uC)
43,0
42,3
18,0
13,0
0,7
1,0
TURBIDEZ (UNT)
1,30
0,45
0,70
0,60
0,50
0,40
50.404
1,02
1,02
1,02
1,02
1,02
245
248
270
268
NTS
1,3
8,3
NTS
0,30
1,20
NTS
pH
8,4
8,9
9,3
8,6
9,5
7,9
9,9
8,8
NTS
CONDUTIVIDADE (µS/cm)
117
231
491
371
293
211
365
555
NTS
1,00
1,00
1,00
4. NO CONCENTRADO
260
268
259
262
1,00
1,00
1,00
1,01
NTS
253
245
222
233
NTS
COR (uC)
46
71,0
79,7
75
36,7
11,7
8,5
15,3
NTS
TURBIDEZ (UNT)
15,1
19,2
20,0
25,6
16,0
5,7
9,9
6,6
NTS
pH
7,5
7,8
6,8
7,4
7,4
7,4
7,6
7,8
NTS
3
DENSIDADE (g/cm )
1,00
Volume final coletado (mL)
CONDUTIVIDADE (µS/cm)
81.633 76.800 84.833 85.300 85.633 87.167 95.167 89.700
DENSIDADE (g/cm3)
1,05
somatória: destilado + concentrado
495
1,05
1,05
1,05
5. VOLUMES (mL)
500
505
498
NTS
1,05
1,05
1,05
1,05
NTS
498
493
492
502
NTS
Dif. = somatória – amostra inicial
-5
0
5
-2
-2
-7
-8
NTS
2
OBS.: NTS = A média não tem sentido, nestes casos, pois são dados comparativos em função da pressão aplicada
Tabela 2. Resumo: pressões, volumes finais de
destilados e temperaturas iniciais.
Pressões
Volumes de destilado
(ml)
Temperaturas iniciais
de ensaio (º c)
mm Hg
1ª
2ª
3ª
Média
1ª
2ª
3ª
Média
700
260
215
230
235
20
21
20
20
600
225
210
230
222
17
17
17
17
500
240
249
248
246
21
21
21
21
400
225
248
235
236
20
20
20
20
300
245
245
245
245
22
22
22
22
200
265
250
230
248
23
22
22
22
100
260
280
270
270
21
21
21
21
80
265
295
245
268
21
22
24
22
Na figura 9 é apresentada uma tentativa de
correlacionar a pressão efetiva aplicada com a
cor final do destilado (média de 3 ensaios para
cada pressão). Houve bom índice de correlação
obtido (R2 = 0,92), porém sabe-se que há uma
tendência exatamente oposta, ou seja, nesse
quesito ainda há necessidade de uma melhor
análise. Na figura 10 é apresentada uma
tentativa de correlacionar a cor e a turbidez
finais obtidas no concentrado (valores médios
de 3 ensaios para cada pressão). Neste caso, o
índice de correlação foi bom (R2 = 0,86). Isso
pode ser observado, pois quanto mais se
evapora a água dessa solução, mais concentrada
ela fica. Se essa concentração aumentar muito,
pode acabar havendo a suspensão de alguns
sólidos nessa solução, o que confere tanto cor
aparente quanto turbidez.
Tabela 3. Principais parâmetros medidos na água bruta
PRESSÕES
( mm Hg )
700
600
500
400
300
200
100
80
ENSAIOS
REALIZADOS
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
4º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
4º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
4º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
1º ensaio
2º ensaio
3º ensaio
CONDUTIV.
( microSiemens/cm )
49.900
50.400
51.000
50.250
47.800
49.200
50.100
48.900
50.500
51.200
49.800
50.850
51.100
50.400
51.450
50.130
50.900
50.130
51.200
50.900
50.140
49.900
50.139
51.000
49.900
50.150
50.400
pH
7,71
6,16
6,22
6,30
6,31
7,13
7,02
7,05
7,15
6,95
7,02
6,98
6,88
6,75
7,03
6,90
6,15
6,95
6,93
7,01
7,63
7,11
7,38
7,21
7,14
6,98
7,01
COR
( uC )
NFM
12,0
16,0
22,0
NFM
20,0
19,0
23,0
NFM
13,0
17,0
14,0
18,0
10,0
13,0
20,0
17,0
0,3
0,5
1,3
3,0
2,3
2,0
1,5
1,1
2,0
1,4
TURBIDEZ
( UNT )
0,30
1,58
2,25
1,49
0,32
2,09
0,95
1,01
0,11
0,15
5,00
1,70
0,80
1,00
1,50
0,90
0,35
1,50
0,20
0,15
0,50
0,23
1,20
0,83
1,35
0,55
0,37
MÉDIA
DESVIO PADRÃO
VALOR MÍNIMO
VALOR MÁXIMO
50.287
6,93
10,4
1,05
784
0,40
8,2
1,00
47.800
6,15
0,3
0,11
51.450
7,71
23,0
5,00
OBSERVAÇÕES
NFM = não foi medido; uC = unidade de cor; UNT = unidade nefelométrica de turbidez
Na figura 11 é apresentada uma tentativa de
correlacionar a pressão efetiva aplicada com o
valor do pH no destilado (média de 3 ensaios
para cada pressão). A curva apresentada não
apresentou bom índice de correlação. Houve
uma grande variação no valor do pH do
destilado, certamente por haver influência de
outros fatores ainda não bem conhecidos. No
entanto, acredita-se haver uma tendência de
aumento do valor do pH com a diminuição da
pressão efetiva aplicada.
Figura 9. Correlação entre a pressão aplicada e a
cor média no destilado
Figura 10. Correlação entre a cor média e a
turbidez média no concentrado
Figura 11. Correlação entre a pressão aplicada e o
pH médio do destilado
4. Conclusões
Com base nos resultados e discussões
apresentados no item 3, em especial as
correlações entre parâmetros, pode-se chegar às
seguintes conclusões:
Há necessidade de se medir separadamente a
temperatura do ar dentro do balão de fundo
redondo (onde é medida atualmente), e também
dentro da massa líquida, para que se possa
estabelecer uma temperatura fixa de início dos
ensaios medida no líquido. Dessa forma e só a
partir da temperatura fixada, começar a medir o
tempo de destilação. O intuito é evitar possíveis
erros associados à variação da temperatura
inicial (temperatura ambiente);
Conforme era esperado, quanto menor a
pressão aplicada no sistema, menor será o
tempo de início de ebulição; Confirmou-se
também que quanto menor a pressão aplicada no
sistema, maior é o valor da condutividade do
destilado, pois devido à diferença de pressão
(pressão de vapor junto ao concentrado e a
aplicação de vácuo junto ao destilado) o fluxo
de partículas da solução mais concentrada se
desloca (concentrado salino) para a menos
concentrada (destilado);
Conclui-se também que quanto menor a
pressão aplicada, maior será a condutividade do
concentrado, pois devido ao aumento da
evaporação da água, a concentração da solução
inicial (concentrado) fica maior, apesar do
aumento do carreamento de sólidos para o
destilado;
Analisando somente a figura 8 não há
correlação entre o valor do pH do destilado e a
pressão aplicada no sistema. Porém sabe-se que
quanto menor for a pressão aplicada no sistema
maior será o arraste de sólidos do concentrado
para o destilado, o que resulta na formação de
compostos ácidos (provavelmente HCl) no
destilado. Este fato não foi observado nestes
ensaios, pois foi estabelecido um volume médio
a ser destilado próximo de 500mL através do
controle do tempo de destilação, estabelecido
em 30 minutos.
Algumas das tentativas de correlação não
foram conclusivas, umas por conta da
quantidade de variáveis envolvidas e outras,
devido aos parâmetros não se correlacionarem
realmente e não interagirem entre si. Já em
alguns casos, é conhecida a correlação, porém
neste trabalho, ela não ficou evidente, como por
exemplo, o caso da pressão aplicada no sistema
em relação à cor no destilado. Apesar de haver
correlação na figura 9, a mesma, a nosso ver,
está oposta ao esperado, espera-se que quanto
menor for a pressão aplicada, maior seja a
condutividade do destilado, e, por consequência,
maior também seja o valor da sua cor.
Finalmente, pode-se afirmar que os
resultados desta etapa dos ensaios experimentais
mostraram ao grupo a importância do estudo das
correlações dos parâmetros estudados e também
a necessidade de se fazer algumas modificações
já citadas, no arranjo experimental.
Agradecimentos
Agradecemos ao Auxiliar Docente Edelson P.
Venuto pelo auxílio com os experimentos no
Lab. De Vácuo – LTV.
Referências Bibliográficas
USBR – United States Bureau of Reclamation.
Report n. 072 - Desalting Handbook for
Planners. 3rd ed. USDI (United States
Department of the Interior), 2003. Disponível
em
<
www.usbr.gov/pmts/water/media/pdfs/report07
2.pdf>. Acesso em 12/10/2010.
NUVOLARI;
FIRSOFF;
SILVEIRA.
Dessalinização de Águas Salobras e Salinas.
Relatório interno do GEP – Grupo de Estudos e
Pesquisas. Dep. de Hidráulica e Saneamento –
FATEC-SP. São Paulo, 2012.
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artigo bt 2013 última versão (1) - Boletim Técnico da FATEC-SP