UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROGRAMA DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADO A
EMPRESA
Por: Carla Barone Fernandes
Orientador
Prof. Luiz Claudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROGRAMA DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADO A
EMPRESA
Apresentação
de
monografia
à
Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Docência do Ensino Superior.
Por: . Carla Barone Fernandes
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente ao orientador Luiz Claudio pelo empenho na busca
partilhada para, da melhor forma, expressar dúvidas e chegar a conclusões neste
trabalho monográfico.
4
DEDICATÓRIA
..... Dedico este trabalho primeiramente a
Deus e ao meu marido Cristiano, que muito
contribuiu para execução deste trabalho
monográfico.
5
RESUMO
Desde muito tempo já havia estudos sobre o comportamento e as emoções,
porém foi a partir de outubro de 1995 nos Estados Unidos, quando foi lançado o livro
de Daniel Goleman (Psicólogo pela Universidade de Harvard, jornalista científico do
New York Times) que ficou mais esclarecido aos leigos a importância de tal idéia ser
absorvida no dia à dia na vida das pessoas.
O estudo sobre as idéias de Daniel Goleman foi uma base para a elaboração
desta monografia, que procura ressaltar os aspectos mais importantes para se conseguir
alcançar a excelência na produtividade e na satisfação dos indivíduos, através da
aplicação prática do desenvolvimento do comportamento emocional (Programa de
Inteligência Emocional) na vida profissional das pessoas dentro da organização.
6
METODOLOGIA
Utilizou-se como recursos materiais para a pesquisa: bibliografia de diversos
autores, entre eles psicólogos, psicopedagogos, educadores, bem como foi buscado em
sites na internet, jornais e revistas, artigos que pudessem facilitar o entendimento sobre
o tema e com isso poder estimular uma maior capacidade para a crítica.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
8
1 A NATUREZA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
1.1 As Cinco Aptidões Principais:
2 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA AS ORGANIZAÇÕES
10
14
EMPRESARIAIS
17
2.1 O diálogo
2.1.1 O perdão
2.1.2 A gratidão
2.1.3 Considerações sobre o diálogo
2.2 A crítica
2.2.1 Habilidades para criticar
2.3 Ambiente organizacional e a diversidade
2.4 A confiança
2.5 Inteligência emocional do grupo
21
22
23
23
24
25
27
29
30
3 PERSPECTIVAS PARA O FUTURO EM RELAÇÃO A
ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL
3.1 Pais e Filhos
3.2 A Inteligência Emocional na escola
3.3 A Alfabetização Emocional no ensino
4 CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
31
32
35
38
41
43
8
INTRODUÇÃO
As mais recentes pesquisas nas organizações têm revelado novos critérios de
avaliação do ser humano, contrariando paradigmas passados onde se valorizava o
conhecimento científico, grau de especialização, enfim o grau de inteligência, o QI, em
detrimento aos sentimentos e emoções das pessoas. Revela-se agora que o QE, sim
pode determinar o sucesso das pessoas.
O ponto incipiente para esta nova abordagem, foi a publicação em 1995 do livro
Inteligência Emocional, do psicólogo PhD, pela Universidade de Harvard, Daniel
Goleman, pois o livro comprova através de estudos e pesquisas realizadas por longo
tempo e com grande número de pessoas, ratificando assim suas teorias, a partir de então
vários outros pesquisadores apresentaram seus trabalhos sobre o mesmo tema. Desta
forma o presente trabalho monográfico tem por objetivo abordar qual a influencia da
inteligência Emocional na vida das pessoas, como deve ser aplicada nas empresas e
como capacitar emocionalmente os nossos filhos para o futuro.
No capítulo I apresento a natureza da inteligência emocional e suas principais
aptidões: autoconsciência, autocontrole, motivação, empatia e capacidade de se
relacionar.
No capítulo II, analiso como a Inteligência Emocional é aplicada no dia a dia das
organizações empresariais e as aptidões emocionais que são essenciais para alcançar
uma vantagem competitiva, que são: o dialogo, a critica, a diversidade, a confiança e a
Inteligência Emocional do grupo.
Finalizo, apresentando no capítulo III a importância da alfabetização emocional
ensinando o indivíduo desde cedo a trabalhar com suas emoções, o que exige uma nova
visão em ensino para pais e professores.
9
Sem dúvida, o presente estudo não esgota as inúmeras questões que envolvem o
tema, mas procura suscitar os principais pontos que emergiram na discussão atual sobre
a importância de lidar com as emoções em todas as épocas e áreas da nossa vida em
sociedade.
1 A NATUREZA DA INTELIGENCIA EMOCIONAL
10
Nos tempos atuais de mundo globalizado, poder se expressar adequadamente e
com facilidade pode ser decisivo para o sucesso pessoal. Ao contrário do que se
valorizava no passado, o conhecimento técnico, raciocínio lógico e habilidades
matemáticas e espaciais (QI) está deixando de ser o principal e exclusivo critério de
avaliação do sucesso de uma pessoa, dando lugar a um novo que está cada vez mais
importante: a inteligência emocional.
Inteligência Emocional, a tese científica que foi publicada em outubro de 1995,
pelo psicólogo americano, Ph.D de Harvard, Daniel Goleman onde este apresenta este
novo conceito para inteligência mostrando que para o indivíduo obtenha sucesso não
depende do QI que possui, mas da sua capacidade de controlar as suas emoções, esta
capacidade é essencial para o desenvolvimento da inteligência no indivíduo. O autor
procura demonstrar a influência da inteligência emocional na vida das pessoas usando
para isso fatos reais, firmados em ampla pesquisa científica. Procura ainda mostrar o
que pode ser feito para evitar problemas cotidianos que podem surgir do simples
desentendimento e ainda nos fornece uma visão científica sobre como a emoção age no
corpo humano. Pois para o psicólogo a maior questão de sua tese é: “como podemos
levar inteligência às nossas emoções, civilidade as nossas ruas e envolvimento à nossa
vida comunitária?”1.
Goleman, declara em seu livro ser um guia:
“ eu atuo como um guia numa viagem pelo entendimento científico acerca
das emoções, uma viagem que visa a levar maior compreensão a alguns dos mais
intrigantes momentos de nossas vidas e do mundo que nos cerca. O fim da jornada
é entender o que significa – e como- levar inteligência à emoção. Essa
compreensão, por si só, pode ajudar em certa medida; levar a cognição para o
campo do sentimento tem um efeito meio parecido com o impacto sofrido pelo
observador no nível do quantum na física, que altera o que observa.”2
1
2
Goleman, 1995, p. 14
GOLEMAN, 1995, p. 13
11
Assim, participa-se desta viagem observando alguns conceitos, como detalha-se a
diante.
Pode-se definir a inteligência emocional como o comportamento do indivíduo
frente a sociedade, incluindo seu relacionamento com outras pessoas, reações a
situações diversas e capacidade de contornar problemas da maneira mais adequada
possível.
Mas para melhor explicar esta definição observa-se um exemplo usado por
Goleman em seu terceiro capítulo, do livro Inteligência Emocional, onde ele narra a
história de um professor de física do segundo grau, David Pologruto, que foi esfaqueado
na clavícula pelo aluno Jason que havia tirado nota 8,0 em uma prova, o que poderia
prejudicar a sua idéia fixa de entrar na faculdade de medicina em Harvard. Diante do
fato contudo, um juiz considerou o aluno inocente, afirmando que este estava privado
das suas faculdades mentais na hora do incidente. Estes dois anos após ser inocentado
se formou como um dos primeiros lugares da turma.
Diante deste fato, e muitos outros que se verifica no dia-a-dia, Goleman questiona
como uma pessoa tão inteligente possa ter agido com tamanha estupidez e ele afirma
que “a inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emocional. As pessoas mais
brilhantes podem se afogar nos recifes de paixões e dos impulsos desenfreados; pessoas
com alto nível de QI podem ser pilotos incompetentes de sua vida particular.”3
Assim, Goleman apresenta a relação de QI e sucesso, ele aceita que a na maioria
das vezes há uma relação entre QI e as circunstâncias de vida, ou seja pessoas de baixo
QI teriam empregos medíocres e pessoas com alto QI teriam melhores empregos.
Contudo, a inúmeras exceções à esta regra onde numa estatística otimista o QI
12
representa 20% dos fatores que determinam o sucesso na vida. Os autores de The Bell
Curve, Richard Herrnstein e Charles Murray atribuem ao QI uma importância
fundamental para o sucesso, entretanto eles mesmos reconhecem que há outros fatores
determinantes além do QI como afirmam: “A ligação que existe entre aferições e
aquelas realizações é reduzida pela totalidade de outras características que ele traz para
a vida.”4
Portanto, Goleman afirma:
“tem sua preocupação no conjunto fundamental dessas ‘outras
características’, a inteligência emocional: por exemplo, a capacidade de criar
motivações para si próprio e de persistir num objetivo apesar dos percalços; de
controlar impulsos e saber aguardar pela satisfação de seus desejos; de se manter
em bom estado de espírito e de impedir que ansiedade interfira na capacidade de
raciocinar; de ser empático e autoconfiante. Ao contrário do QI, com seus quase
cem anos de história de pesquisa junto a milhares de pessoas, a inteligência
emocional é um conceito novo. Ninguém pode ainda dizer exatamente até onde
responde pela variação , de pessoa para pessoa, no curso da vida. Mas os dados
existentes sugerem que esse tipo de inteligência pode ser tão ou mais valioso que
o QI. E, embora haja quem argumente que através da experiência ou do
aprendizado não exista muita possibilidade de se alterar o QI, ... ,que as aptidões
emocionais decisivas, na verdade, podem ser aprendidas e aprimoradas já na tenra
idade – se nos dermos ao trabalho de ensina-las.”5
Quando se analisa que pessoas com igualdade de condições intelectuais, de
escolaridade e de oportunidade possuirão destinos diferentes, pois estas reagiram de
forma diferenciada às vicissitudes da vida.
“Apesar de um alto QI não ser nenhuma garantia de prosperidade, prestígio
ou felicidade na vida, nossas escolas e nossa cultura privilegiam a aptidão no
nível acadêmico, ignorando a inteligência emocional, um conjunto de traços –
alguns chamariam de caráter – que também exerce um papel importante em nosso
destino pessoal. A vida emocional é um campo com o qual se pode lidar,
certamente como matemática ou leitura, com maior ou menor talento, e exige seu
conjunto de aptidões. E a medida dessas aptidões numa pessoa é decisiva para
compreender por que uma prospera na vida, enquanto outra, de igual nível
intelectual, entre num beco sem saída: a aptidão emocional é uma meta-
3
GOLEMAN, 1995, p. 46
Idem.
5
Ibidem.
4
13
capacidade que determina até onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões
que tenhamos, incluindo o intelecto bruto”6
Pois, as pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais probabilidade
de se sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas, do minando os hábitos
mentais que fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercem nenhum
controle sobre sua vida emocional travam batalhas internas que sabotam a capacidade
de concentração no trabalho e de pensar com clareza.
Os sociólogos verificam que , em momentos decisivos, ocorreu uma ascendência
do coração sobre a razão, o corpo é estimulado e o sistema emocional é o primeiro a
agir. Pois estes pesquisas afirmam que as nossas emoções nos orientam diante de
situações inusitadas e quando temos de tomar providencias importantes demais para
serem resolvidas unicamente pelo intelecto. Por exemplo em situações, como: perigo,
dor causada por uma perda, na ligação com um companheiro...Desta forma, declara
Goleman que fomos longe demais quando enfatizamos o valor e a importância do
puramente racional – do que mede o QI – na vida humana.
Pois deste modo, uma resposta de um sistema emocional desequilibrado poderia
agravar ainda mais uma determinada situação. Durante esses poucos milésimos iniciais,
o cérebro cognitivo sofre uma espécie de seqüestro, pois sua ação demora mais tempo
para concretizar-se.
Um efeito ainda mais devastador pode ocorrer dependendo da reação que as
pessoas tem sob determinados estímulos. Quando uma pessoa explode em ira,
fatalmente virá a sentir ainda mais ira. Uma resposta mais empática provavelmente faria
com que essa pessoa se sentisse melhor consigo mesma e com a outra que provocou a
6
Goleman, 1995, p. 48
14
situação estimulante. Além desta vantagem, pessoas com desequilíbrio emocional
tendem a ter mais doenças do coração, derrames cerebrais ou depressão.
Deve-se observar a essência das emoções que são impulsos, legados pela
evolução pra uma ação inusitada, para planejamentos instantâneos que objetivam a lidar
com a vida.
“A própria raiz da palavra emoção é do latim movere – ‘mover’ – acrescida
do prefixo ‘e’, que denota ‘afastar-se’, o que indica que em qualquer emoção
(raiva, medo, felicidade, amor, surpresa, repugnância, tristeza) está implícita uma
propensão para um agir imediato. Essa relação entre emoção e ação imediata fica
bem clara quando observamos animais ou crianças; é somente em adultos
‘civilizados’ que tantas vezes detectamos grande anomalia no reino animal: as
emoções – impulsos arraigados para agir – divorciadas de uma reação óbvia.”7
1.1 AS CINCO APTIDÕES PRINCIPAIS:
•
Autoconsciência - refere-se a consciência de seus próprios sentimentos no
momento exato em que eles ocorrem, ou seja, como Goleman declara em seu quarto
capítulo, a recomendação de Sócrates – “Conhecer-te a ti mesmo”, sendo este
mandamento a pedra de toque da inteligência emocional. Portanto, é a capacidade de
controlar os sentimento a cada momento em que vivemos que é imprescindível para o
discernimento emocional e para a autocompreensão. Entretanto, a incapacidade de
observar nossos sentimentos mais verdadeiros nos vulneráveis a eles. Quando se é
seguro em relação aos seus próprios sentimento, direciona-se melhor a vida, tem uma
consciência maior de como se sente em relação a decisões pessoais.
Há pessoas, contudo, que embora possuem sentimentos não consegue identificalos, não conseguem expressar em palavras, é o que se pode dizer umas pessoas com
alexitímicos. Falta-lhes a aptidão imprescindível da inteligência emocional, a
autoconsciência, o saber o que se sente enquanto as emoções revolvem dentro de nós.
7
GOLEMAN, 1995, p. 20
15
Pois, quando conseguimos colocar em palavras o que sentimos, este sentimento fica
sobre controle.
•
Lidar com as emoções – o autocontrole tem como pré-requisito o
autoconhecimento. Desde Platão esta aptidão tem sido vista como uma virtude. Na
Grécia clássica, essa aptidão era denominada de sophrosyne, ou seja, “preocupação e
inteligência na condução da própria vida; equilíbrio e sabedoria”.8 Ou seja, é a
capacidade de controlar (administrar) os impulsos, evitando pré-julgamentos e pensando
antes de agir.. Portanto, esta capacidade de gerenciar os sentimentos – onde os
sentimentos mais fortes do homem são a tristeza, a alegria e a raiva são fundamentais
saber lidar com eles. É essencial para reverter a agressividade de outras pessoas e
quebrar situações de tensão As pessoas que sabem controlar suas emoções são aquelas
que obtém mais sucesso na vida.
•
Motivação – Esta qualidade e traduzida por otimismo . Os otimistas são
capazes de alcançar as metas acordadas, pois põe as emoções a serviço da meta sendo
fundamental para centrar a atenção, para a automotivação e a maestria, e a criatividade.
Como base para qualquer tipo de realização está o autocontrole emocional, o saber adiar
a satisfação e conter a impulsividade.
Os otimistas sabem encontrar saídas e superar dificuldades, eles acham que
sempre há uma solução. Não atribuem eventuais fracassos a problemas pessoais, mas a
circunstâncias externas, que poderão ser contornadas em situações futuras. Assim, como
declara Seligman:
“Os otimistas vêem um fracasso como devido a algo que pode ser mudado,
para que possam vencer da próxima vez, enquanto os pessimistas assumem a
culpa pelo fracasso, atribuindo-o a alguma imutável característica pessoal. Essas
diferenças justificativas têm profundas implicações sobre como as pessoas reagem
8
GOLEMAN, 1995, p. 69
16
à vida. Por exemplo, como resposta a uma decepção como a rejeição num
emprego, os otimistas tendem a reagir ativa e esperançosamente, formulando um
plano de ação, por exemplo, ou buscando ajuda e aconselhamento; vêem o revés
como uma coisa que pode ser remediada. Os pessimistas, ao contrário, reagem a
esses reveses supondo que nada podem fazer para que as coisas melhorem na
próxima vez, e, portanto, nada fazem em relação ao problema; justificam os
reveses por alguma falha pessoal que sempre os perseguirá.”9
•
Reconhecer emoções nos outros – a empatia é muito importante, isto é, captar
os sentimentos dos outros. A empatia é fundamental nas pessoas é a aptidão pessoal
mais importante, segundo Goleman. Esta habilidade de "tratar", relacionar-se com as
pessoas, compreender suas emoções, agindo de acordo com o momento. Entretanto,
para ser empático é preciso estar calmo. Para isso acontecer dois fatores são
fundamentais: postura interior de "deixar os problemas em casa" ou de "não levar
problemas para a sala de reunião ou para o contato com o cliente ou para ..." e ambiente
de trabalho adequado, proporcionado pela gerencia. Outro ponto fundamental e a
capacidade de dar e receber feedback logo que um problema e percebido e quando
estiver calmo. É preciso evitar que o problema se propague, e isso só pode ser feito
através de uma conversa franca, calma e oportuna. Deve-se evitar explosões, que são
causadas quando um problema não é resolvido logo, e sua repetição vai provocando,
gradativamente, uma degradação do relacionamento.
•
Lidar com relacionamentos – a aptidão social é a capacidade de lidar com emoções
em grupo, de manter os relacionamentos, reforçando as afinidades e descobrindo os
pontos em comum. São aptidões que reforçam a popularidade, a liderança e a
eficiência interpessoal. Traduz-se em "poder de persuasão". E a base de toda a
capacidade de uma equipe gerar bons resultados. As pessoas que desenvolvem bem
esta aptidão tem facilidade em qualquer coisa que depende de interagir
tranqüilamente com os outros, Goleman as chamam de estrelas sociais.
9
GOLEMAN, 1995, p. 101
17
2 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA AS ORGANIZAÇÕES
EMPRESARIAIS
A partir da década de 80, devido as pressões da globalização e das inovações
tecnológicas houve uma mudança no cenário empresarial e consequentemente no
cenário emocional das pessoas, inclusive relacionado a vida profissional destas. Como
já observamos as mais recentes pesquisas nas organizações têm indicado novos critérios
de avaliação do ser humano, já não importa apenas o quanto somos inteligentes,
intelectualmente falando, nem a nossa formação ou o nosso grau de especialização, mas
principalmente a maneira como lidamos com nós mesmos e com os outros. Além disso,
indicam que as habilidades humanas são as qualidades inerentes aos profissionais de
sucesso, razão da excelência no trabalho - muito particularmente para os cargos de
liderança.
Há dados que apontam para a necessidade de levar o assunto a sério, dados
baseados em estudos sobre dezenas de milhares de pessoas que trabalham em todos os
tipos de atividades e organizações. Estes dados garantem que não é uma novidade
passageira, nem a mais recente "receita de bolo" para gerenciar.
Goleman apud
Filho (2001), em seu livro Trabalhando com Inteligência
Emocional afirma que:
"Numa época em que não há garantia de estabilidade no emprego, e quando
o próprio conceito de emprego vem sendo rapidamente substituído pelo de
habilidades portáteis - aquelas que as pessoas podem utilizar em diferentes
contextos profissionais -, trata-se de qualidades fundamentais para obtermos
emprego. Por muitas décadas, falou-se vagamente sobre essas habilidades, que
eram chamadas de temperamento e personalidade ou habilidades interpessoais
18
(habilidades ligadas ao relacionamento entre as pessoas, como empatia, liderança,
otimismo, capacidade de trabalho em equipe, de negociação e etc.), ou ainda
competência. Atualmente, há uma compreensão mais precisa desse talento
humano, que ganhou o nome de inteligência emocional."
O fim da empregabilidade e a valorização do trabalho têm exigido níveis cada vez
maiores de especialização da parte de empresas e dos funcionários. No cerne de todas
essas mudanças, cresce a necessidade de uma profunda reformulação na maneira de ver
a pessoa humana, que constitui o principal agente na estratégia para garantir o sucesso
dos profissionais e a sobrevivência da organização em meio aos desafios da nossa
época.
Nas duas últimas décadas, tem aumentado o número de empresas que investem no
bem-estar e na satisfação dos seus funcionários, beneficiando amplamente o delicado
campo dos relacionamentos e, por conseqüência, a produtividade. Seja através de
vivências alternativas - como aulas de ioga, de ginástica, de musicoterapia, biodanza e
etc., de atividades de autoconhecimento ou que promovam maior integração, tais
empresas estão conscientes do seu papel enquanto entidades não separadas dos
indivíduos que a compõem. Desenvolvem e aperfeiçoam uma visão mais ampla do
funcionário, considerando que ninguém poderá dar o melhor de si se não apresentar um
mínimo de harmonia com seus pensamentos e sentimentos.
Em certas organizações, por exemplo, a recompensa pelos bons serviços prestados
pode vir não como aumento de salário, mas sob a forma de uma prazerosa e
inesquecível viagem que inclua toda a família do funcionário exemplar. Um prêmio
desse tipo marca a história do casal e dos seus filhos de modo muito especial e afetivo,
favorecendo a imagem da empresa, elevando a satisfação de trabalhar nela e o grau de
comprometimento com os seus ideais.
19
Qualquer estrutura que reuna várias pessoas deve, inevitavelmente, criar
condições ideais para o trabalho em equipe. Sabe-se que é bem maiores a eficiência e a
produtividade entre pessoas trabalhando juntas; entretanto, quando levamos em conta as
suas diferenças naturais, começamos a ter outra perspectiva dos bloqueios de
personalidade que geralmente dificultam a cooperação. O fato é que cada um de nós tem
sua vida particular, suas capacidades e o seu estilo próprio de interagir com os outros. E
hoje, mais do que nunca, não se deve confiar apenas no raciocínio lógico para resolver
nossas diferenças e, assim, cumprir as metas da organização para a qual trabalhamos.
Chegamos ao campo da aptidão emocional ou capacidade para lidar bem com os
nossos sentimentos e também com os sentimentos das demais pessoas. Sem ela, o
indivíduo estará sujeito a conflitos internos que tiram a sua concentração no trabalho e
comprometem a sua clareza de pensamento e a sua produtividade; pode ter a sua
memória afetada e dificuldade para tomar decisões com objetividade.
Manter-se consciente dos próprios sentimentos, permanecendo atento ao que se
está sentindo, também é uma aptidão emocional básica que auxilia o desenvolvimento
da integridade e leva a pessoa a descobrir satisfação no seu trabalho. Igualmente
importante é saber sintonizar com os sentimentos daqueles com quem nos relacionamos
no ambiente profissional, procurando aprender a lidar com as divergências antes que
elas cresçam. Observe que pessoas muito influentes numa empresa não só têm
consciência dos seus sentimentos como demonstram uma percepção intuitiva do que
motiva seus chefes, colegas de trabalho e funcionários.
Entretanto, no mundo dos negócios, é comum encontrar profissionais guiados por
uma lógica e objetividades excepcionais, mas sem qualquer habilidade para os temas de
origem emocional, para as questões do coração. Em parte, isto se deve a crença obsoleta
de que a intimidade representa o risco de substituir os interesses da organização pelos
interesses pessoais, interferindo na produtividade. Ou que manter o distanciamento
20
afetivo não compromete a tomada de decisões duras quando a presente situação dos
negócios não permite outra saída. Assim como a relação de custo-benefício
proporcionado pela inteligência emocional é uma idéia relativamente nova no mundo
empresarial. Observamos que algumas atitudes passadas são completamente obsoletas,
como comentado, portanto quando verificamos uma pesquisa realizada na década de
70, onde 250 executivos afirmaram que no ambiente de trabalho deveriam usar mais a
cabeça que ao coração, acreditavam que empatia e solidariedade com as pessoas com as
quais trabalhavam poderiam pô-los em atritos com as metas da empresa.
Diante da nova realidade competitiva e do crescente nível de exigência dos
clientes, torna-se inevitável a aplicação da inteligência emocional no local de trabalho e
no mercado, sendo uma condição indispensável ao planejamento das habilidades
empresariais no que se refere à liderança, gestão e organização. Do contrário, o destino
das empresas no atual momento de mudanças estruturais estará irremediavelmente
comprometido.
As organizações não podem mais ignorar a força representada pelas pessoas que a
integram, que, na melhor das hipóteses, deve compor-se de funcionários competentes,
atualizados, ágeis e inovadores. Contudo, a orientação moderna para o sucesso
pressupõe que as organizações saibam criar um ambiente de trabalho onde as pessoas se
sintam seguras e motivadas a crescer e a aprender com os desafios requeridos por suas
realizações.
As aptidões emocionais estão trazendo mudanças radicais nos ambientes das
organizações, já que não há mais dúvida de que as relações interpessoais entre os seus
profissionais constituem um fator prioritário à conquista da excelência em todas as
esferas. Lógica e intuição prometem fazer a parceria definitiva no paradigma da
empresa do terceiro milênio. Portanto para se adquirir uma vantagem competitiva,
21
destacam-se algumas aptidões emocionais: o diálogo, a crítica, a diversidade, a
confiança e a inteligência emocional do grupo.
2.1 O diálogo
Uns dos pilares da inteligência emocional é a capacidade de se relacionar, como já
visto, e dentro de uma organização isto também é essencial, e o relacionamento esta
intimamente ligado ao diálogo.
O diálogo começa através de uma valorização recíproca, e não a conversa vazia e
polida. A palavra diálogo deriva do grego antigo dia-logos, que significa o livre fluir de
idéias entre as pessoas. Isto é que os negócios necessitam cada vez mais, e com
urgência. Estudos demonstram que líderes com alto QE não escondem seus sentimentos,
mesmo seus medos, angústias e sofrimentos. Eles o admitem abertamente de forma
natural. Jay Conger, apud Cooper, professor na Harvard Bussiness School afirma que:
“Os líderes que acumulam mais recursos para o futuro são aqueles que aumentam sua
capacidade de expressividade emocional – um ingrediente-chave para a determinação, a
persuasão e a inspiração.”10
De modo geral, acreditamos que falar consiste em emitir palavras, dirigi-las a
outras pessoas. Todavia, para um diálogo genuíno o oposto que é verdadeiro. Nessas
interações, deve-se convidar a outra pessoa a entrar em seu mundo, em sua mente e em
seu coração e assim concretizar um diálogo e mostrando respeito ao interlocutor e pelo
diálogo em si. Pois, tanto para liderar ou ter sucesso, a vida exige que nos empenhamos
10
COOPER, 1997, p 98
22
em perceber, e entender efetivamente o que os outros sentem e percebem, sob a
superfície das palavras.
A coragem de falar é realmente uma marca do líder e ajuda a pessoa a conquistar
o respeito dos outros. Contudo, para olharmos um líder nos olhos e expressar com
firmeza uma questão ou opinião claramente contrária requer um forte sentido interior
de igualdade humana – competência emocional. Assim, algumas vezes o que nos
impede de envolver-nos no diálogo autêntico é o medo. Medo de se expor a riscos, de
revelar nossos verdadeiros sentimentos, expor nossas vulnerabilidades...Entretanto,
como afirma W. Edwards Deming, apud Cooper, “– ninguém alcança seu melhor
desempenho sem se sentir seguro. A palavra seguro vem do latim se , que significa sem
e cure, que significa medo. Seguro significa sem medo, sem temor de expressar idéias,
sem temor de fazer perguntas.”11
2.1.1
O perdão
Muitas pessoas ficam receosas em envolver-se num diálogo aberto e honesto, pois
tem medo de apegar-se a raivas e ressentimentos do passado sobre deficiências, afrontas
ou erros do trabalho. Para livrar-se desta raiva e medo tem que ter a capacidade de
perdoar, que é uma qualidade da competência emocional. É fundamental entender que
perdoar é alguma coisa que se faz para liberar a parte de si mesmo que está presa ao
pesar e à raiva, e mesmo o ódio. Ou seja, perdoar é liberar a energia aprisionada que
poderia estar atuando positivamente em outro lugar.
23
2.1.2
A gratidão
Através da gratidão ajuda-se a si mesmo e aos outros, pois livra-se da resistência e
do medo. Como afirma Robert Cooper, Ph D, consultor de Executivos, em seu livro
Inteligência Emocional na Empresa diz que:
“ os líderes excepcionais lideram com gratidão, eles a expressam em
primeiro lugar porque perceberam que essa é uma maneira essencial de melhorar a
vida organizacional e sabem que o sentimento de apreciação pode retornar para
eles em dobro.
Esse interesse pelo outro é crucial para o diálogo autêntico. Precisamos
estar presentes, importar-nos com o outro, compartilhar idéias. E isso pode ser
vantajoso de muitas formas em nossas atividades empresariais.”12
2.1.3
– Considerações sobre o diálogo.
Na prática de dialogar Cooper faz algumas considerações:
•
Quando participar de uma discussão ou reunião, ouça atentamente e seja
claro em relação ao seu propósito. Esta atitude poupa tempo e gera relacionamentos
mais fortes, na maioria das vezes. Em grupo, é fundamental ampliar sua intuição e
captar o sentimento dos outros e pretendendo e após fazer perguntas esclarecedoras
para ver se alcançou o alvo.
•
11
12
Valorize a coerência e fale abertamente quando ela não estiver presente.
COOPER, 1997, p 105
COOPER, 1997, p 106
24
•
Adote
códigos
de
grupo
para
compartilhar
sentimentos
e
esclarecimentos.
•
Reaja com interesse a novas idéias – deixe de lado sua intuição crítica e
demonstre uma curiosidade e consideração sincera, se desejar levantar algum
questionamento, o faça. Assim, sem causar animosidade, usa-se o QE para oferecer à
pessoa uma oportunidade de examinar a própria idéia, demonstrando seus pontos
fortes e fracos e julgando com independência. Desta forma, ajuda-se a preservar – e
mesmo a fortalecer - sentimentos de orgulho e entusiasmo que são tão vitais se você
mesmo, e outros que trabalham com você, almejarem continuar a novas idéias.
•
Escreva uma carta do seu privado para seu ser público.
2.2 – A crítica
O administrador tem como uma das tarefas mais importantes a crítica, e neste sentido,
esta é muito temida e preterível. O que ocorre é que a maneira como as críticas são
feitas e como são recebidas revela até que ponto as pessoas estão satisfeitas com seu
trabalho, com os que trabalham com elas e a chefia.
Muitas vezes as críticas são expostas como ataques pessoais mais do que como
reclamações específicas a partir das quais alguma atitude possa ser tomada; há
agressões emocionais sobrecarregadas de repugnância, sarcasmo e descaso, esse tipo de
atitude ocasiona uma reação defensiva, ou seja, uma fuga das responsabilidades que
levam ao contato com a pessoa que fez a crítica, uma fuga daquele tipo de sentimento
novamente, isto é, ser injustamente tratado. Quando a crítica é pessoal, generalizada,
exemplo: “você está estragando tudo”, inviabiliza qualquer tipo de argumentação e
sugestão de como fazer melhor. E provocam na pessoa criticados sentimentos de
25
impotência e rancor.
Dentro da concepção de inteligência emocional, essa crítica
demonstra desconhecimento acerca dos sentimentos que serão provocados naqueles que
a recebem e do efeito devastador que esses sentimentos terão em sua energia, motivação
e segurança na execução do trabalho.
No ambiente organizacional não deve haver demora no feedback, como afirma
J.R. Larson, apud Goleman, psicólogo da universidade de Illinois:
“A maioria dos problemas no desempenho de um empregado não surge de
repente; desenvolve-se com o tempo”.
Quando o chefe não diz imediatamente o que sente, isso leva a um lento
acúmulo de frustração. E aí, um dia explode. Se a crítica tivesse sido feita antes, o
empregado poderia ter corrigido o problema. Muitas vezes, as pessoas criticam
apenas quando a coisa transborda, quando ficam iradas demais para conterem-se.
E aí que fazem a crítica da pior forma, num tom de sarcasmo mordaz, com um
monte de reclamações que guardaram para si ou fazem ameaças. Esses ataques
são como um tiro que sai pela culatra. São recebidos como afronta, e quem os
recebe fica, por sua vez, com raiva. É a pior maneira de motivar alguém.”13
2.2.1
– Habilidades para criticar.
Ao criticar não se deve identificar um traço do caráter da pessoa, mas sim se
focalizar no que a pessoa fez e no que pode fazer. Pois, quando focalizamos o caráter,
tocamos em algo que a pessoa considera imutável em si mesmo e a leva a desilusão.
Todavia, quando consideramos as circunstancias, estas são mutáveis e podemos
interferir com a finalidade de mudar para melhor.
O psicanalista e consultor de empresas Harry Levison aborda os seguintes
aspectos da crítica, na visão de quem critica, que está intimamente ligada à arte do
elogio:
13
GOLEMAN, 1995, p. 167
26
•
Seja específico – dizer que alguma coisa está errada, não acrescenta,
deve-se concentrar nos detalhes, informando a pessoa criticada o que está certo, o que
está errado e o por que está errado.
•
Ofereça uma solução – para pessoa criticada não se sentir desmotivada,
frustrada ou desmoralizada, a crítica deve ser acompanhada por uma solução/sugestão
para o resolver o problema, assim como todo feedback útil
•
Faça a crítica pessoalmente – é indevido o uso de memorando ou
praticas semelhantes, as pessoas que a recebem devem ter a oportunidade de responder
ou prestar esclarecimentos.
•
Seja sensível – a empatia é fundamental ao se criticar deve-se estar
sintonizado com o impacto que irá provocar com o que diz e como o diz sobre a pessoa
a quem se dirige.
Contudo, a pessoa que é criticada também deve estar atento a sua postura diante
da critica. Assim, Levison, apud Goleman, dá alguns conselhos emocionais para pessoa
criticada:
“ Um deles é vê-la como uma informação valiosa para aprimorar o seu
próprio trabalho, e não como um ataque pessoal. Outro é manter vigilância sobre
o impulso para cair na defensiva, em vez de assumir a responsabilidade. E, caso
seja muito perturbador, peça para continuar a conversa mais tarde, após o período
necessário para a absorção da mensagem difícil e para esfriar um pouco.
Finalmente ele aconselha as pessoas a verem a crítica como uma oportunidade de
trabalhar junto com que critica, para resolver o problema, e não como uma
emulação.”14
2.3 - Ambiente organizacional e a diversidade
14
GOLEMAN, 1995, p. 169
27
A diversidade ambiente profissional é algo proveitoso, pois
possibilita uma força de trabalho diversificada, com diferentes
costumes, práticas, cultura o que deve ser transformado em
criatividade. Contudo, sentimentos preconceituosos podem
inibir esta criatividade já que pessoas expostas ao preconceito,
independente da forma, podem se sentir coagidas e evitarem a
ser expor para evitar o preconceito, da mesma forma que a
criticada de forma errada.
Entretanto, acabar com os sentimentos preconceituosos dentro das organizações
não é tarefa fácil, porém necessário. Isto ocorre porque os preconceitos são um tipo de
aprendizado emocional que ocorre na tenra idade, assim dificultando eliminar este tipo
de reação, mesmo em pessoas que, quando adultas, acham errado tê-las. Explica
Thomas Pettigrew, apud Goleman, psicólogo social da Universidade da Califórnia: “Os sentimentos preconceituosos se formam na infância, ao passo que as crenças usadas
para justificá-las vêm depois... Mais tarde, você pode não querer mais ser
preconceituoso, mas, é muito mais fácil mudar crenças intelectuais que sentimentos
arraigados. Muitos sulistas me confessam, por exemplo, que, embora racionalmente não
mais tenham preconceitos, sentem nojo quando apertam a mão de um negro. Esses
sentimentos são resíduos do que aprenderam em casa quando eram crianças.”15
Muitas vezes o preconceito vem disfarçada, de maneira mais sutil, a pessoa
negam atitudes racistas mesmo quando agem com preconceito encoberto, exemplo
quando se defrontam dois candidatos um negro e outro não com as mesmas
qualificações, se escolhe o branco alegando que a experiência ou formação não é muito
adequada.
O preconceito deve ser banido das organizações e para isso deve-se tomar posição
ativa contra qualquer forma de discriminação, dos mais altos aos mais baixos escalões
da administração. Os preconceituosos não vão embora, mas os atos de preconceito
28
podem ser sufocados, caso não haja tolerância. O simples fato de chamar o preconceito
de preconceito ou protestar contra ele, no momento em que ele ocorre, faz com que os
preconceituosos se sintam desestimulados a agirem desta forma, contudo se não há uma
posição contrária irá parecer coonestação. Quem desempenha papel fundamental no
combate ao preconceito são os chefes, já que o fato de não condenarem atos de
preconceito eqüivale a dizer que tais atos são liberados. Medidas como uma reprimenda
envia a poderosa mensagem de que o preconceito não é uma bobagem, mas tem
conseqüências reais – e negativas.
Um bom artifício no combate ao preconceito é levar as pessoas a se colocarem no
lugar do outro, a empatia e a tolerância. Pois, ao passo que as pessoas passam a
entender o sofrimento daqueles que se sentem discriminados, é mais provável que o
denunciem.
Entretanto, afirma Goleman, o preconceito como é um tipo de aprendizado
emocional tem a possibilidade de um reaprendizado – mesmo que este leve tempo e não
se deve esperar um efeito imediato, exige treinamento continuo. “O que pode contar,
porém, é a camaradagem constante e os esforços diários para uma meta comum de
pessoas de diferentes origens.”16 Assim, “deixar de combater o preconceito no local de
trabalho é perder uma oportunidade maior; aproveitar as possibilidades criativas e
empresariais proporcionadas por uma força de trabalho diversificada.”17
2.4 – A confiança
A palavra confiança é definida como absoluta segurança na honestidade de si
mesmo ou do outro. Em nosso convívio com os outros a confiança e credibilidade estão
intimamente ligados.
15
GOLEMAN, 1995, p. 171
GOLEMAN, 1995, p. 173
17
Idem.
16
29
A confiança não é apenas uma boa idéia ou atitude, mas sim alguma coisa que
devemos sentir sobre a qual devemos agir. Quando confiamos em nós mesmos e
podemos alongar esta confiança aos outros, há uma troca de confiança mutua, e isso se
torna o elo que mantém os relacionamento unidos e libera o diálogo sincero. Entretanto,
a falta de confiança, leva-nos a despender muito tempo e esforço protegendo,
duvidando, verificando, avaliando e inspecionando em vez de fazermos o trabalho real –
isto é, o trabalho criativo valioso e baseado no espírito de colaboração.
Há uma relação direta entre a confiança e tornar-se criativo e eficaz, isto é,
quanto maior a confiança que tenho em mim mesmo e nos outros, e no ambiente, mais
criativo e eficaz eu me torno, portanto aumento minhas chances de ser bem-sucedido.
O chefe de pesquisa comportamental no Duke University Medical Center,
Redford Williams constatou em pesquisa realizada sobre a confiança que a desconfiança
crônica, e os concomitantes sentimentos de hostilidade, podem realmente fazer mal ao
coração humano e levar a um ataque do coração fatal. Assim, Williams indica como
estratégia preventiva: “crie mais confiança nos relacionamentos em sua vida e no seu
trabalho”18
A eficiência do grupo também esta relacionada com a confiança, como
demonstra outra pesquisa. Possibilitando que os membros expressem abertamente seus
sentimentos e diferenças, e evitem sabotagens e posições defensivas típicas. Quando as
pessoas não confiam uma nas outras, elas ignoram os sentimentos e as realizações e
idéias do outro que temem poderem aumentar sua vulnerabilidade; sob essas condições
as chances de mal-entendidos e suposições incorretas aumentam drasticamente. A
confiança tem também mostrado ser o mais importante indício de satisfação profissional
individual com a empresa em que a pessoa trabalha.
18
COOPER, 1997, p 118
30
A confiança se constrói e mantém sobre uma honesta e apropriada base de
transparência, autenticidade e credibilidade. É evidente que a confiança nos negócios
depende, antes de tudo, estabelecer contato emocional com o ouvinte.
2.5 – Inteligência emocional do grupo
Atualmente, a participação no mercado de trabalho americano dos “trabalhadores
do conhecimento”, pessoas cuja produção se distingue pela atribuição de valor à
informação, está crescendo a cada dia. E com este trabalhador do conhecimento o
trabalho em equipe se torna essencial, não mais o esforço do indivíduo.
Observa-se que o sucesso de um grupo, o êxito de um trabalho realizado não se
dá analisando o nível do QI das pessoas envolvidas, ou seja não é o QI médio no sentido
acadêmico mas sim a inteligência emocional do grupo. Portanto, deve haver uma
harmonia entre os membros que compõe o grupo. Deve-se evitar em um grupo para o
seu bom desempenho pessoas controladoras ou dominadoras e também as pessoas que
não participam do trabalho, são omissas.
“Um dos importantes fatores para maximização da excelência de um grupo era o
quanto os participantes eram capazes de criar um clima de harmonia interna, de forma
que o talento de cada um fosse aproveitado.”19
Pois, um ambiente em harmonia
propicia a maximização da capacidade criativas e talentosas de seus membros, assim
alcançando melhores resultados.
Um facilitador em ocasiões em que um grupo se depara com problemas
imprevistos é a formação de uma rede de pessoas-chave. Isto é as pessoas que compõe o
grupo investem tempo no cultivo de bons relacionamentos com pessoas que serviços
podem ser necessários numa emergência, formando assim as redes informais. Estas
pessoas praticam aspectos básicos da inteligência emocional, ou seja lideram na
31
formação de consenso, tem empatia tanto como cliente ou outro membro do grupo, evita
conflitos, promove cooperatividade e toma iniciativas. Assim, estas aptidões da
inteligência emocional serão cada vez mais importantes nos trabalho em equipe deste
mundo globalizado, com transformações tão rápidas é fundamental a ajuda às pessoas
para que aprendam juntas como trabalhar com mais eficiência. Como afirma Goleman
encerrado o seu capítulo sobre a nova forma de se administrar:
“À medida que serviços baseados no conhecimento e no capital intelectual
se tornam mais fundamentais para as empresas, melhoram maneira como as
pessoas trabalham em equipe será uma grande forma de influenciar o capital
intelectual, o que faz uma crítica diferença competitiva. Para prosperar, senão
para sobreviver, as empresas deveriam desenvolver sua inteligência emocional
coletiva.”20
3 ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL
Visando proporcionar ao homem melhor qualidade de vida material os avanços
tecnológicos e científicos não foram suficientes para garantir um maior equilíbrio e
bem-estar mental e espiritual, neste contexto as emoções são cada vez mais valorizadas,
dia após dia. Assim, vamos analisar a importância de aprender lidar com as emoções
ainda cedo desde da infância na relação com os pais e no colégio.
3.1 Pais x Filhos
É certo que os pais são responsáveis pela educação de seus filhos, contudo não
podem ser condenados se estes não a adquirem. Embora, a inteligência emocional de
uma criança seja resultante de sua interação com os familiares, até certo ponto é
19
20
GOLEMAN, 1995, p. 175
GOLEMAN, 1995, p. 178
32
determinada por seu temperamento – os traços de personalidade com os quais nascem.
Isso explica o fato de crianças nascidas e criadas num mesmo ambiente familiar
apresentam diferenças de comportamento tão flagrante.
Todavia, isto não justifica a exagerada agressividade e a falta de educação de
algumas crianças. Até mesmo as emoções negativas podem ser utilizadas de maneira
produtiva: o ímpeto raivoso de algumas poderia ser transformado em liderança criativa
sem o uso de agressividade, que devem ser desestimulados. A orientação na direção das
escolhas sadias, que os filhos devem tomar é de responsabilidade dos pais, que ocorre
de acordo com seu grau de consciência e informação destes.
O psicólogo americano John Gotman, autor do livro Inteligência Emocional e a
Arte de Educar Nossos Filhos, faz alguns questionamentos na relação entre pais e
filhos: como os pais podem contribuir para oferecer aos filhos um treinamento eficaz no
trato com suas emoções? Quando devem começar a estimular seus pequeninos a
demonstrar seus sentimentos, conduzindo-os ao equilíbrio em vez de tentarem controlálos a todo custo, o que inclui, muitas vezes, alto grau de autoritarismo ou uma dose de
agressividade?
Gotman, em seu livro, aconselha aos pais o estímulo e a empatia sejam adotados
bem cedo, pois até mesmo os bebes são capazes de absorver as insinuações sociais e
emocionais a que são submetidos. Na prática começa do olhar, da conversa com tom
voz agradável e amistoso e do descanso proporcionado ao passo que a excitação se
torne demasiada. Com essas atitudes aparentemente simples, a criança vai adquirindo
autocontrole.
Ao passo que o bebê amadurece essas técnicas voltadas ao aprendizado da calma
e da focalização da atenção vão se tornando cada vez mais importante. Elas permitem
que o bebê fique atento ao comportamento de pais, babás e outras pessoas de seu
ambiente. A criança que se mantém calma desenvolve a concentração, muito importante
para aquisição de novos conhecimentos e da proposição de conquistas e metas. Através
33
do desenvolvimento dessas habilidades, ela é capaz de aprender a emprestar seus
brinquedos, dar atenção aos colegas e várias outras atitudes eficientes para uma
convivência pacífica e produtiva. Isso a torna mais preparada para enfrentar situações
novas como fazer amigos, entrar numa brincadeira ou lidar com a rejeição, caso isso
ocorra.
O psicólogo Haim Ginott, muito reconhecido nas décadas de 50/60, muito antes
do termo Inteligência Emocional, já afirmava que uma das maiores responsabilidades
dos pais consiste em aprender a escutar seus filhos, ouvindo, principalmente, os
sentimentos por trás das palavras. É de suma importância demonstrar verdadeiro
respeito e compreensão por tais sentimentos, preservando os limites e a integridade do
“eu” de cada uma das partes envolvidas.
Na tarefa de transmitir valores aos filhos os pais contam com a ajuda das
emoções, afirma, Ginott. É pouco aconselhável, dizer à uma criança como ela deve se
sentir, pois tal treinamento faz com que ela deixe de ouvir e de confiar em seus próprios
sentimentos, ao longo do tempo. Exemplificando, “quando o pequeno João se aproxima
choroso, revelando que sente medo do irmão mais velho Paulo, e o pai machão retruca:
‘Você não deve se sentir assim. Vá lá e dê um soco nele!’, está criando um problema,
não uma solução. A tradução que permanece, confundindo o João ainda mais é: ‘Você
não deve ser medroso, transforme isso em raiva e vá a forra!’”21
As emoções e desejos não devem ser reprimidos segundo Ginott, mas sim as
ações. Se João fosse do tipo explosivo que não se deixa abater pelo tamanho ou a força
do inimigo, também seria inconveniente a recomendação. “Não sinta raiva do seu irmão
porque isso é feio”, contudo a proibição de que ele atacasse Paulo a socos e pontapés é
aceitável. Mais apropriado mesmo seria cortar o mal pela raiz, ou seja reprimindo a
atitude de provocação inerente do temperamento do mais velho; diante de uma ação
impensada, porém, o remédio, muitas vezes, é o controle da reação, que pode ser
evidenciada ou modificada a tempo. Se João aprender a exercer com firmeza seu
21
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL. O século 21 Chega à Educação. São Paulo: Três. p. 25
34
autocontrole, quem sai lucrando é ele, em casa e na vida, ao passo que o irmão vai
demorar mais para ultrapassar cada estágio da sua ignorância emocional.
Assim, as nossas bisavós e até mesmo a geração de alguns de nossos avós clamam
por castigos “disciplinadores”, sendo adeptos de atitudes severas. Esquecem-se,
contudo, de que, em tempos idos, a relação entre pais e filhos era muito mais de
autoridade do que de amizade. Muitas pessoas conservam a idéia de que a família é, por
excelência um laboratório de neuroses, sendo útil para que possamos aprender “como
não se faz”. Atualmente, o respeito que se aprende e se aplica aos familiares nos prepara
melhor para lidar com as relações fora de casa. Ao expressarmos nossa contrariedade,
nossa raiva ou fraqueza, nos colocamos em relação de igualdade com nossos pais e
irmão, deixando de lado a hierarquia do patriarcado antigo que já não serve de modelo
para nada.
O momento em que vivemos requer muita habilidade e sensibilidade para lidar
com as emoções alheias. A sociedade doente ameaça nossos filhos com: as drogas, a
Aids, gravidez na adolescência (a qual transforma, do dia para noite, jovens
despreparados em pais e mães mal-resolvidos que num moto-perpétuo, criarão cabeças
ainda mais problemáticas ou doentias).
Ao grande número de separação entre casais é atribuída a desestruturação
familiar atual por muitos e estão certos em boa parte de sua especulação. Contudo
mesmos no caso de pais separados estes desde que bem equilibrados emocionalmente
podem contornar a situação e seus filhos não serem atingidos emocionalmente.
Os pais separados devem considerar o tempo que ficam com seus filhos
precioso, em todos os casos, este momento deve ser encarado como uma excelente
oportunidade para novas descobertas acerca de seus próprios sentimentos, servindo de
tema para os momentos em que desfrutam juntos de suas experiências.
3.2 – A Inteligência Emocional nas escolas
35
Há muito tempo os educadores estão preocupados com as notas baixas de seus
alunos, se estes irão aprender bem a matemática, português, geografia...mas agora
começam a se preocupar com uma outra deficiência que é mais alarmante o
analfabetismo emocional. Como disse o professor do Brooklyn, apud Goleman, “a atual
ênfase do ensino parece sugerir que “nos preocupemos mais com a qualidade da leitura
e escrita dos alunos do que em saber se eles vão estar vivos na semana que vem’.”22
As crianças não estão bem e isto não está relacionado a cultura, país ou faixa de
renda, há problemas em todas as escalas, e Goleman identifica em seu livro Inteligência
Emocional os seguintes pontos específicos:
• “Retraimento ou problemas de relacionamento social: preferir
ficar só; ser cheio de segredos; amuar-se muito; falta de energia; sentir-se
infeliz; ser muito dependente.
• Ansioso e deprimido: ser solitário; ter muitos medos e
preocupações auto-exigência exacerbada; não se sentir amado; sentir-se
nervoso; triste e deprimido.
• Problemas de atenção ou de raciocínio: dificuldade de
concentração; devaneio; agir impulsivamente.; nervoso demais para
concentrar-se; mau desempenho escolar; incapacidade de afastar pensamentos
• Delinqüente ou agressivo: andar com garotos que se metem em
encrencas; mentir e trapacear discutir muito; ser mau com os outros; chamar
atenção para si; destruir as coisas dos outros; desobedecer em casa e na escola;
ser teimoso e macambúzio; falar demais; provocar demais; ter pavio curto.”
Ter um destes problemas isoladamente não seria um problema tão grave, o que
ocorre no entanto é um abrangente déficit de aptidões emocionais.
Neste contexto de analfabetismo emocional, um estudo que acompanhou crianças
desde os anos do pré-escolar até a adolescência constatou que metade dos alunos que na
primeira série eram perturbadores, incapazes de se dar com os outros, desobedientes
como os pais e resistentes como os professores se tornaram delinqüentes na
adolescência. É certo que nem todas estas crianças se tornaram violentas ou seguiram
para criminalidade. Contudo de todas as crianças, são essas as que tendem a cometer
crimes violentos. Assim, crianças que na primeira e segunda série, são agressivas e
36
difíceis de lidar já apresentam um protótipo de violência e criminalidade. Na escola de
Montreal quando se realizou este estudo observou que as crianças classificadas por alto
grau de hostilidade e criação de caso, já tinham dado muito mais provas de delinqüência
cinco a oito anos depois do que comparadas a outras crianças.
Para ensinar as crianças a lidar com as emoções surgem aulas como a de
Ciência do Eu23, em uma escola pioneira nesta “disciplina” que dá um treinamento
modelar em inteligência emocional, onde o tema é os sentimentos os nossos e os que
irrompem nos relacionamentos. Tem como estratégia o uso das tensões e traumas da
vida das crianças como o tema do dia. Como afirma Karen Stone McCown, a criadora
do currículo do curso e diretora da Nueva: “- O aprendizado não pode ocorrer de forma
isolada dos sentimentos das crianças. Ser emocionalmente alfabetizado é tão importante
na aprendizagem quanto a matemática e a leitura.”24 Desta forma, as lições são
sofisticadamente elaboradas, como acrescenta Karen:
“- Quando falamos sobre a raiva, ajudamos as crianças a entender que
ela é quase sempre uma reação secundária e a buscar o que está por trás: você
está magoado, com ciúmes? Nossas crianças aprendem que sempre há opções
para reagir a uma emoção, e quando mais meios temos para lidar com as
emoções, mais rica é a nossa vida”25
Nestes cursos não há notas, a própria vida é a prova final. Mas no final da oitava
série os alunos fazem um prova oral, onde são feitas perguntas do tipo: “’Descreva uma
resposta adequada para ajudar um amigo a resolver um conflito com alguém que o
pressiona para usar drogas, ou com um amigo provocador.’ Ou: ’Cite algumas maneiras
saudáveis de lidar com a tensão, ansiedade, raiva e medo’”26 O não aplicar provas pelo
curso de Nueva, vai de encontro com com Tim Shriver, professor do ginásio de
Hilhouse, do modelo de solução de problemas conhecido como SOCS (Situation,
22
GOLEMAN, 1995, p. 245.
No C e n t r o d e A p r e n d i z a d o N u e v a L e n g u a , u ma e s c o l a n a a n t i g a g r a n d e ma n s ã o d a
f a mí l i a C r o c k e r , a d i n a s t i a q u e f u n d o u a d o s ma i o r e s b a n c o s d e S a n F r a n c i s c o .
A g o r a a c a s a é u ma e s c o l a p a r t i c u l a r .
24
GOLEMAN, 1995, p. 276.
25
Idem, p. 282.
26
Idem, p. 283.
23
37
Options, Consequence, Solutions – Situação, Opções, Conseqüências, Soluções), que
declara: “uma coisa está clara: o campo de provas para a solução de problemas sociais
não é só a sala de aula, mas a lanchonete, as ruas, o lar”27
Alguns programas de aptidões emocionais e sociais não usam o tempo destinado a
outras disciplinas, mas ao contrário, entram como ensinamentos dentro do próprio
tecido da vida escolar, dando exemplos de acordo com a faixa etária das crianças, de
acordo com a sua vivência.
Linda Lantieri, fundadora do Programa de Solução Criativa para Conflitos e
diretora do centro nacional desse método sediado em Manhattan, analisa seu programa
com uma finalidade maior do que combater a violência, ela afirma: “- O programa
mostra aos estudantes que eles têm muitas opções para lidar com conflitos, além da
passividade ou agressão. Mostramos a eles a futilidade da violência, substituindo-a por
aptidões concretas. As crianças aprendem a garantir seus direitos sem recorrer à
violência. São aptidões para a vida toda, não apenas para aqueles mais inclinados à
violência”28.
Desta forma Goleman, afirma que o projeto ideal dos programas de alfabetização
emocional é quando começa ser trabalhado cedo com a criança, é apropriada a idade, e
cobre todo o tempo de escolaridade e intercala os trabalhos na escola, em casa e na
comunidade.
3.3 A alfabetização emocional no ensino brasileiro
O uso de técnicas para despertar a inteligência emocional em nossas escolas tem
conseqüência inevitavelmente revolucionária, pois o desenvolvimento e o uso da
inteligência emocional nas escolas põe em ação o potencial ilimitado de
autoconhecimento e de aprendizado do ser humano. A sala de aula é um laboratório em
que criam os padrões de comportamento da sociedade: ali estão as relações de amor e
27
28
Idem, p. 296
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995, p. 291.
38
competição, os sentimentos de confiança e medo, o ânimo e auto-estima que marcam a
formação das pessoas. Neste contexto, o professor é um coordenador e facilitador do
processo, dando elementos para que os alunos se desenvolvam.
O Brasil, com todas as suas limitações no campo educacional (pouco investimento
na área com professores despreparados, baixos salários, salas de aulas pequenas, as
escolas sem recursos e o grande número de alunos por turmas...) começa a dar atenção
há uma nova proposta pedagógica, com todo o infinito potencial da inteligência
emocional.
A educadora Elaine de Beauport afirma em seu livro Inteligência Emocional, As
Três Faces da mente que o mais importante para o jovem é “aprender a aprender”:
“Uma das mudanças fundamentais na educação primária, na educação
secundária e na universidade será a criação de centros que ‘ensinem a
aprender’ em cada um dos três níveis. O currículo básico ou central não se
limita a uma questão de aprender mais línguas e matemática, ciência e
literatura. Nem é uma questão relativa á combinação especial de matérias para
formar um aluno bem equilibrado. Ao contrário, é uma questão de desenvolver
centro em que sejam oferecidos conhecimentos sobre o aprendizado, sejam eles
chamados de ‘epistenologia’ ou intitulados ‘aprendendo a prensar, sentir e
agir’ e ‘aprendendo a aprender’”.
Acrescenta ainda:
“Mas muitos estudantes com ênfase no hemisfério direito ficam
ressentidos e irados por terem sido rotulados como estudantes de segunda
categoria. Sua mágoa e ressentimento é então transportada para a escola
secundária, levando às drogas, ao crime e, depois, à formação de cidadãos de
segunda classe e à necessidade de mais prisões. Estou convencida de que a
maior causa de crimes, de uso de drogas e de violência é a estrutura da escola
de 1º grau, que planta amargura, inveja e ressentimento entre os que são
rotulados como perdedores.
O novo conhecimento de que dispomos sobre os sistemas cerebrais
torna imperativo descobrirmos uma nova estrutura que dê a todos os alunos
uma chance justa de ter sucesso em algo útil para suas vidas. A sociedade não
pode dar-se ao luxo de ensinar às pessoas que elas são idiotas e depois soltá-las
para desafogar sua raiva indiscriminadamente quando nós menos esperamos”
39
As emoções das crianças brasileiras, distorcidas em grande parte pela influencia
da televisão, ainda não estão sendo trabalhadas construtivamente em muitas escolas,
contudo há uma necessidade de que isso ocorra maciçamente. Simultaneamente, todo o
país, a cultura brasileira, deve reconhecer a importância da educação e da inteligência
emocional, para que as crianças tenham um país saudável onde crescer e desenvolverse.
É fato, que para aplicarmos a inteligência emocional em larga escala teremos que
primeiro capacitar/qualificar os nossos professores, pois ninguém pode ensinar o que
não sabe. Contudo, está liberação da criatividade, da intuição por parte dos professores
nas salas de aulas vem ocorrendo, mesmo que lentamente.
Observa-se dois exemplos:
•
A professora Márcia Fazzani, da 4º série do 1º grau na Escola Tijucussu-Pueri,
na rede particular de São Caetano do Sul, em São Paulo, realizou em 1998
uma experiência exitosa: durante uma hora, uma vez por semana, ela discutia
com seus alunos temas relativos à inteligência emocional, como “sou único”
ou “sou especial”. E todos os dias cada aluno colocava no quadro uma nota
para seu próprio estado de espírito ao começar a aula. A nota ia de 1 a 5,
sendo 5 ótimo, 4 muito bem, 3 bem, 2 regular e 1 péssimo. Os efeitos da
experiência sobre o aprendizado dos alunos foram muito positivos.
•
Robervania Moreira Vale, que ensina matemática para alunos de 5º série em
Ceilândia, Brasília: em um certo dia chegou a sala sem falar uma só palavra e
todos os alunos assustaram sentaram e ficaram observando ela escrever no
quadro: “Eu tô feliz, Eu tô alto astral, Tô sorrindo a toa, Brincando numa boa,
Vou liberar geral... E só um aluno ficou em recuperação no terceiro bimestre
!!! Vamos ajudá-lo??? Após isto foi uma gritaria geral em sua sala, as crianças
ficaram eufóricas, todos se abraçaram e se beijaram cantando a canção do
quadro. “Começamos então a corrigir o exercício dado na aula anterior e
todos respondiam às perguntas num verdadeiro coral da alegria. É bom vê-los
40
felizes, acreditando em si, ajudando uns aos outros, e saber que uma simples
frase, um sorriso, um mistério os leva à satisfação e transforma complemente a
aula”29.
A sociedade como um todo deve se conscientizar em garantir a todas as crianças o
mínimo de competência para lidar com a raiva e resolver conflitos de forma positiva,
ensinar a empatia, controle de impulso ou quaisquer outros fundamentos de
competência emocional. Quando esta preocupação não ocorre perdemos um momento
muito oportuno, o lento processo de maturação do cérebro, para proporcionar às
crianças o cultivo de um repertório emocional saudável.
CONCLUSÃO
Ao abrimos um jornal ou qualquer outro meio de comunicação que utilizamos
para tomar conhecimento das principais notícias do dia-a-dia, nos deparamos com
situações assustadoras, imprevisíveis e cruéis. Ocorrem crimes com pessoas de todas as
idades, de todos os níveis e sociedade, seja esta desenvolvida ou não. Assim, nos
confrontamos com a seguinte pergunta: o que leva esta pessoa tomar uma atitude tão
agressiva se não houve um motivo tão grave assim para que esta cometesse tal
crime/atitude?
29
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL. O século 21 Chega à Educação. São Paulo: Três. p. 25
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Para responder este tipo de pergunta, temos que levar em conta que o ser
humano é muito pouco capacitado em controlar suas emoções, o que leva a tomar
atitudes impulsivas, pois em momentos decisivos, com muita tensão, ocorre uma
ascendência do coração sobre a razão. Como destaca o psicólogo Daniel Goleman
quando lança o seu livro Inteligência Emocional, em 1995, dando uma nova visão
quanto o papel das emoções em nossas vidas.
Pois, o indivíduo deve, primeiramente, aprender a reconhecer as suas emoções,
pois assim, sabendo o que está realmente sentindo poderá então aprender a trabalhar
com esta de forma inteligente. Sentimentos como a raiva, ira, ódio, inveja, existem e
continuaram existindo, mas quando tomamos conhecimento de qual sentimento
realmente estamos envolvidos, nos preparamos para trabalhar com este de forma
positiva. Quando fingimos que sentimentos negativos não existem, eles tendem a
crescer dentro de nós e quando explodem leva-nos a tomar atitudes que normalmente
não tomaríamos.
Este aspecto da vida é tão importante, que mesmo pessoas com alto Q.I. de
inteligência tem o seu sucesso limitado por não saber lidar com as próprias emoções. O
uso das emoções de forma inteligente tem causado mudanças nas empresas, pois nos
últimos anos as organizações têm sofrido grandes transformações com o aumento da
competitividade, redução dos postos de trabalho, o que leva a um crescimento da
concorrência entre os funcionários elevando a pressão no ambiente de trabalho.
Crescendo assim, a necessidade de uma profunda reformulação na maneira de ver a
pessoa humana, que constitui o principal agente na estratégia para garantir o sucesso
dos profissionais e a sobrevivência da organização em meio aos desafios da nossa
época.
As organizações têm consciência, que são compostas de pessoas com vida própria
e estilos diferentes de interagirem com os outros, que se o funcionário estiver bem será
mais produtivo, por isso investem em atividades que promovem a integração entre os
funcionários e levam a um maior autoconhecimento. Portanto, criando um ambiente de
trabalho onde as pessoas se sintam seguras e motivadas a crescer e a aprender com os
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desafios requeridos por suas realizações. Embora, este processo seja incipiente,
necessitando de expansão.
Ter aptidões como: o diálogo, a crítica, a diversidade, a confiança e a inteligência
emocional do grupo constitui um fator prioritário à conquista da excelência em todas as
esferas de uma organização. Pois, a lógica e intuição prometem fazer a parceria
definitiva no paradigma da empresa do terceiro milênio.
Esta capacidade para tratar as emoções é algo que se pode e deve ser aprendido,
mas não é um curso com carga horária e provas, e sim é um aprendizado diário onde a
prova é o próprio cotidiano, com todos os seus imprevistos e deve começar a ser
aprendido o quanto antes por todos os indivíduos.
Portanto, para conquistarmos uma sociedade mais civilizada para nós e nossos
filhos temos que inserir em nosso aprendizado, na escola da vida, a inteligência
emocional, para que não ocorram situações, em que botamos a mão na cabeça e
expressamos: “Meu Deus, aonde este mundo vai parar?” Aprender a refletir diante das
situações, pois a simples reflexão orienta nossas escolhas da direção da sabedoria.
Somos capazes de criar um mundo melhor, não simplesmente para manter acesa a
chama que distingue os seres humanos de outras espécies. A chama que não se apaga
graças à evolução trilhada pelos caminhos da mente e também pelas sendas amorosas do
coração.
BIBLIOGRAFIA
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http://www.mcca.ep.usp.br/~petmecan/publicacoes/emocional.html
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Título da Monografia: PROGRAMA DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
APLICADO A EMPRESA
Autor: CARLA BARONE FERNANDES
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