assevera que as Ciências Humanas não podem ser caracterizadas como ciência, pois não possuem os critérios de objetividade e sistematicidade desejáveis a esse estatuto, além de se organizarem com outras configurações de saber. Nesse aspecto, o objeto das Ciências Humanas é a representação e estão definidas por sua relação com a representação. Conforme demarca Paul Henry, a história abre um hiato entre o sociológico e o psicológico, compondo um rompimento no domínio da complementaridade. Apontamos, neste trabalho, que Saussure operou esse rompimento: primeiro, ao estabelecer que a Linguística é uma ciência autônoma cujo objeto é a língua; segundo, ao deixar na língua um lugar para a fala retornar, ele deixou no objeto o lugar de retorno do sujeito. A definição de história concedida por Paul Veyne aponta para uma historicidade que não é o tempo, nem é o princípio. O histórico não precisa ser tratado no tempo, pois são as condições sociais que determinam os processos humanos. É um tempo atribuído aos fatos. A história, não mais como tempo, opera no trabalho de recolocação do lingüístico em sua especificidade. Nesse sentido, cabe ressaltar o espaço aberto por Saussure ao instituir a língua como o objeto da Linguística em um tempo marcado por pensamentos tão intensos tais como os apresentados pela sociologia e psicanálise. Ainda que reconheça as fronteiras e a relevância dessas duas disciplinas para os estudos da linguagem, Saussure apresenta uma ruptura que sustenta a ordem própria de um sistema. Dessa maneira, a Linguística se impõe como “ciência piloto” cuja missão é servir de modelo para as ciências humanas. Assim, consideramos que o problema da linguagem leva em conta a perspectiva histórica. E com essa perspectiva consideramos que o movimento operado pela Sociologia, pela Psicanálise e pela Linguística acentua o olhar para a dimensão de sujeito e seus enlaçamentos no campo das ciências. V – Referência Bibliográfica: DURKHEIM, Émile. Da divisão social do trabalho in Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983. FOUCAULT, Michel. O que é um autor ? Lisboa: Passagens, 1992. FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Lisboa: Portugália Editora, 1966. GARCIA-ROZA, A. O inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993. GUIMARÃES, Eduardo. Os limites do sentido:um estudo histórico enunciativo da linguagem. Campinas, SP: Pontes, 1995. HENRY, Paul. A ferramenta imperfeita: língua, sujeito e discurso. Campinas: Editora da UNICAMP, 1992. MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. São Paulo: Perspectiva, 1982. SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Editora Cultrix, 1976. VEYNE, Paul. L’inventaire des differences. Paris : Seuil, 1976. Anotações pessoais do Curso Modelos de Análise Lingüística ministrado pelo Professor Eduardo Guimarães. IEL/UNICAMP, 2002.