SOCIEDADE & AMBIENTE Site: www.aipan.org.br Fone: (55) 3333-0256 A História das coisas - 3ª parte Transcrevemos neste espaço a continuação do texto do filme "A História das coisas", 3ª parte: "S abi a q ue es s as to xi n as se vão acu mu lan do ao lo ngo da cadei a a limen tar e s e con cen tram n os n os s os corp os ? S ab e qu a l é o al i me n t o d o to po da cadei a ali men tar com ní vel mai s elevado de qu ímicos tó xi co s? O leit e ma terno. Is so significa que os menores membros das nossas sociedades, os no ssos bebês, recebem as maiores doses de químicos tóxicos das suas vidas a partir do leite das suas mães. Não acha que é uma incrível violação? A amamentação deveri a ser o mais importante ato humano de nutri ção. Devia ser algo sagrado e seguro. A amamentação continua a ser o melhor e as mães devem amamentar, mas nós devíamos proteger esse at o! Eles (ind icand o as co rporações /g overnos ) devi am prot egê-lo. Eu pens ava que estavam zel ando pelos nossos interesses! As pessoas que mais sofrem com estses produtos químicos são os trabalhadores das fábri cas, muitos são mulheres em idade reprodutiva que trabalham com toxinas que afetam a gestação, carcinogênicos e muito mais. Agora eu pergun to: que tipo de mul her, em idade reprodutiva, trabalharia num emprego desses, exposta a essas toxi nas, a não ser uma mulh er s em out ra al tern ativa? Essa é uma das 'maravilhas'desse sist ema. A erosão d os ecossi stemas e economias locais, aqui (ind ican do o tercei ro mundo ), garante um fl uxo constante de pes so as sem alt ern ati vas. No mundo, há 200.000 pessoas por dia se deslocando de ambientes que as sustentaram ao longo de gerações, para cid ades , o nde muitas vivem em bairros de lata, à procura de emprego, por mais tóxico que seja. Não só os recursos são desp erdiçad os ao longo desse sistema, mas também pessoas. Co mu nidades int eiras que são desfeitas. S im, as toxinas entram e saem. Muitas delas saem das fábri cas em produtos, e muitas mais que saem como subprodutos ou poluição, e estamos falando de muita polui ção. Nos Estados Unid os , as indústrias admitem liberar mais de 1.800.000 kg de químicos tóxicos por ano. Deve ser mu ito mais, porque ist o é o qu e el es admi tem. Trata-se de out ro l imite, p orqu e quem q uer ver e respirar 1.800.000 kg de químicos tóxicos por ano? En tão o que eles fazem? Mud am as fábricas poluidoras para o estrangeiro, para p olui r out ros paí ses. Mas, surpresa! Grande parte dessa poluição volta para nós trazida pelo vento. E o que acontece depois de todos esses recursos naturais serem transformados em produtos? Pass am por aqui , p ara a distri buição, o que sign ifica vender todo o lixo contaminado com toxi nas o mais rapidamente possível. Aqu i, o objeti vo é manter os preços bai xos, com as pessoas comprando os produtos em constante moviment o. Como eles mantêm os preços baixos? Pagam salários baixos aos trabalhadores das llojas e restringem o acesso aos se guros de saú de se mpre q ue podem. Tudo s e resume em exteriorizar os custos. O verdadeiro custo de produção não se reflete no preço. Em outras pal avras, não pagamos aquilo que compramos. Ou tro dia estive pensando nisso. Ia a caminho do trabalho e queria ouvir as notícias, por isso entrei numa loja para comprar um rádio. Encont rei um pequeno rádio verd e e en gra ça do , qu e cu st ava $4.9 9 d ólares. Na f ila do cai xa pensei: Como $4.99 podem refl et ir o cus to d a prod ução e transpo rte deste rádi o at é ele chegar nas minhas mãos? O metal deve ter si do extraído na África do Sul, o petról eo, provavelment e do Iraque, o plástico, produzido na China, e, talvez , montado por uma criança de 15 anos numa fábrica do México. $4.99 não p aga nem o alu guel do espaço ocupado na pratelei ra nem parte do salário do empregado que me at endeu ou as viagens de navio e caminhão que o rádio fez. Foi assim que percebi não ter pago o valor do rádio. E ntão, quem pagou? Essas pessoas (indicando o terceiro mu ndo) pagaram com a perda do espaço dos s eus recurs os natu rais. Estas (ind icando a fábrica) pagaram com a perda do ar puro, com o au men t o d e do en ças como asma e cân cer. As crianças do Congo pagaram com o seu futuro, pois 30% delas abandonam a escola para trabalhar nas minas de coltan, um metal que us amos em aparelhos eletrônicos baratos e descartáveis. Essas pessoas pagaram por não terem direito ao seguro de saúde. Ao longo desse sist ema, pessoas contri buíram para que eu co mp ras se o rádio po r $4 .99. Mas essas contribuições não são regi stradas por nenhum contabil ista. É isso que eu quero d izer com 'ext eriorizar o verdadeiro cust o d e prod ução' . E is so leva-nos até a s eta dourada do co nsumo. O coração do sist ema, o motor que o imp ulsiona. É tão iimport an te qu e proteger esta seta se tornou p rioridade daqueles dois su jeit os (o governo e as corporações)". Diego Coimbra - Direto ria d a AIPAN (Continua na pr óx im a ediç ão)