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A Samamultimídia
Educação e Arte
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Especial Semana Santa
Um oferecimento
A revista que pode
mudar a sua vida!
Humanus V
Volume II
Nas melhores e mais corajosas
bancas e livrarias do país
Semana Santa
e a Luz
Entre as trevas
Novela
em sete capítulos
Baseada na obra
Assim Ouvi do Mestre
de Joaquim José de Andrade Neto
Capítulo III
Primeira parte
03 de abril do ano 30
Terça-feira
O dia imediato começou
como o anterior.
Novamente, os grupos rodearam Jesus, que falava. Em dada ocasião,
estando sentado no átrio das mulheres, em frente de uma caixa de
esmolas (havia treze no local, cada qual consagrada a uma intenção
particular), em que os ricos iam deitar, com ostentação, as suas
oferendas, apontou com o dedo para uma mulher, que, pelo vestuário
se via ser viúva e muito pobre. Com humildade, a criatura abeirou-se
do gazofilácio e introduziu nele duas moedas.
“Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais
que todas as outras. As outras deram do que tinham
de supérfluo e esta deu, da sua indigência, aquilo que
lhe é indispensável para viver”.
Talvez não haja
qualquer outro
episódio, onde,
em tão poucas
palavras, se
exprima mais
claramente o
espírito de Cristo.
E continuam as manobras insidiosas dos adversários.
Vemo-los sempre à espreita, mandando para junto de
Jesus espiões e provocadores. Todos os “poderosos”, todas
as “pessoas de bem” se puseram de acordo para formar
uma frente comum contra o “Agitador”. Os fariseus
abominam os saduceus, mas reconciliam-se com eles para
desferirem o ataque contra Cristo; uns e outros odeiam os
herodianos, partidários de Roma e dos tetrarcas, seus
vassalos, considerando-os traidores à causa nacional. Não
importa: todo o aliado é bem-vindo nesta luta, e os fins
justificam os meios. O fim é tentar acabar com a vida do
Cristo. Bem se verá o fim destas infelizes criaturas... ©
Mas
Ele, com sabedoria
Os herodianos
aproximam-se,
precisa,
replicou:
melífluos:
“Mestre,“Mostrai-me
nós
cá
a moeda
tributo...”
Nas e
sabemos
quedofalas
com retidão
moedas
de os
prata
via-sedea
que ensinas
caminhos
efígie
Imperador,
isto é, –
Deus...do
Dize-nos:
É permitido
plausivelmente,
Tibério
sim ou não – pagardea César
os –
Tibério
Cláudio Nero, César
tributos?”
Augusto. “De quem é esta
Esta
armadilha
também
imagem?
De quem
é esta não
era
mal urdida.
Entre aprovar
inscrição?”
Responderam
eles:
o
imposto
vencedor então
“De
César!”do
Sentenciou
odiado,
caindo,
Jesus: “Dai,
pois,por
a César o que é
conseguinte,
no desagrado
de César e a Deus
o que é de do
povo,
Deus”.e aconselhar a
resistência, colocando-se em
Perante
resposta, os
situaçãoaquela
de ser denunciado
herodianos
nada
aos romanos,
nãomais
se
puderam
do que
imaginavafazer
por qual
dascalarse,
admirando
a inteligência
soluções
Jesus poderia
optar
de
semJesus.
se comprometer.
Substituem-nos, então, no assalto, os saduceus.
Estes entram na filosofia e na teologia. Como
célebres pensantes, tidos em grande consideração
em Israel, eles afirmavam fidelidade absoluta à
velha lei mosaica, com a condição de nada se lhe
acrescentar. As suas concepções do homem e da
vida, portanto, eram as mesmas de há mil anos, e,
segundo os Atos dos Apóstolos, não criam nos
Anjos, nem nos Espíritos nem na Ressurreição dos
mortos. Esta última teoria, baseada na autoridade
de Jó e de Isaías, entre outros Profetas, parecialhes de todo ridícula. E foi a tentar ridicularizar
Jesus em relação a esse tema que eles se
dispuseram. ©
A lei do levirato determinava que, morrendo um homem sem
deixar filhos, o irmão casasse com a viúva a fim de “promover
uma posteridade” ao falecido. “Então” – perguntaram os
saduceus – “se sete irmãos morressem sucessivamente, tendo
cumprido a obrigação legal para com a viúva do mais velho, a
quem pertenceria ela, após a ressurreição?” Certamente que
havia qualquer coisa de obsceno em semelhante modo de falar
a Jesus desse dogma tão belo, um dos mais grandiosos que já
foram revelados! Por muito estúpida e desrespeitosa que fosse
a pergunta, Jesus responde-lhes, trazendo um novo
esclarecimento: esses corpos ressuscitados serão gloriosos,
libertos das misérias da carne. E, citando as Escrituras, afirmalhes que “há de soar a hora, em que todos os homens viverão
diante do Deus dos vivos”. ©
Por sua vez, calaram-se os
saduceus. Os fariseus intervêm.
Contudo, não ficaram
descontentes por Jesus ter
confundido aqueles adversários
comuns; houve alguns que
chegaram mesmo a aplaudi-Lo, se
bem que aquela concepção
exposta pelo Divino Mestre se
lhes afigurasse bastante nebulosa.
Mas era preciso, ainda assim,
tentar derrotá-Lo no seu próprio
terreno. De novo Lhe formulam
esta pergunta que outro espírito,
de maior sinceridade, já Lhe tinha
dirigido:
“Mestre, qual é o mandamento mais
importante da Lei?”
“Amarás o Senhor teu
Deus, de todo o teu
corpo, de todo o teu
coração e de todo o teu
espírito. Esse é o maior
e o primeiro
mandamento. O
segundo é semelhante a
esse: amarás o teu
próximo. Destes dois
mandamentos dependem
toda a Lei e os
Profetas”.
A resposta é irrepreensível; tem o seu fundamento na mais
segura tradição. Então, passando, por seu turno, à
ofensiva, Jesus formula uma pergunta embaraçante, que
diz respeito ao Messias, tal como eles O concebem:
querem os fariseus que o Messias seja “rei de Israel”, no
sentido humano (e nada mais que humano) da palavra;
então, como explicam que os textos anunciem nele um
homem, maior do que os reis, e de uma essência superior?
Os inquiridos não respondem e afastam-se. ©
Jesus saiu vitorioso de tão pérfidos ataques, mas um
furor santo O invade contra aqueles homens que, à
doutrina do amor e da sinceridade continuam a opor as
suas baixas artimanhas e os seus cálculos. Sobretudo
contra aqueles fariseus, que Ele bem sabe serem a alma
da conjura. E, conforme narrado pelo evangelista
Matheus, rodeado, de então em diante, unicamente
pelos Seus discípulos, deixa-Se arrebatar de indignação
e condena, uma vez mais, nos fariseus, aquilo que
sempre repudiou, ou seja, a hipocrisia, o egoísmo, a
violência escondida sob a máscara de virtude, e a
sabujice disfarçada sob as cores da mansidão.
Irrompem-Lhe da boca os anátemas, as acusações mais
concretas que eles jamais haviam ouvido: pareciam o
eco das imprecações de João Batista. ©
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que, a pretexto das
vossas longas orações, devorais o patrimônio das viúvas! – Ai
de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da
hortelã, do endro e do cominho, mas não quereis saber do que
na Lei é basilar: da Justiça, da Misericórdia, e do Amor! – Ai de
vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais por fora a taça e
o prato, quando o seu interior está cheio de iniqüidades e de
intemperança! – Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que
vos pareceis com os sepulcros caiados, que pelo exterior
parecem lindos, mas por dentro estão repletos de ossos de
cadáveres e de todas as podridões! – Ah! ninho de víboras,
como evitareis a condenação à Geena? Vós sois na verdade os
filhos daqueles que antigamente mataram os Profetas. Levai,
pois, a cabo a obra dos vossos pais! Vou mandar-vos profetas e
sábios. Matareis e crucificareis a uns, dareis varadas a outros,
persegui-los-eis de cidade em cidade! E sobre vós há de recair
todo o sangue inocente derramado sobre a terra, desde o do
justo Abel!”
Terça-feira Santa:
predição da ruína da cidade
A ruína de Jerusalém
Nesse momento, transportado pela emoção, pela
indignação sagrada e pela angústia de saber que todo o
Seu esforço não conseguira restituir ao mundo, desde
aquele momento de negação e ainda por longos séculos
à frente, a Justiça e a Paz, Jesus cede àquele espírito
profético que, dois dias antes, na entrada do triunfo, O
fizera soluçar de dor e pronunciar frases estranhas. Do
alto dos terraços do Templo, vê a cidade que O repele;
as suas casas amontoadas, as suas ruas tortuosas, e toda
aquela população.
O ultimato terrível irrompe pela segunda vez:
“Ai de ti Jerusalém! Ai de ti Jerusalém! Que
matas os Profetas e lapidas aqueles que te
são enviados! Quantas vezes pretendi reunir
os teus filhos, como a galinha recolhe os
pintinhos sob as asas! Tu não quiseste! Eis
que a tua casa será abandonada e ficará
deserta... Eu vos digo: não me tornareis a ver
até o dia em que haveis de exclamar: Bendito
seja Aquele que vem em nome do Senhor!”
Caminha!
Caminha,
sem parar...
Novamente nos deparamos com as sentenças do Divino
Mestre em relação ao repúdio de Israel!
O que o espírito de Jesus antevê, nesse momento, são as
ameaças concretas e terríveis que pesam sobre a Israel do
presente. Como se aproxima a noite, Ele sai do Templo com os
Seus discípulos. Transposta a porta da cidade, o pequeno grupo
passa ao longo dos envasamentos do santuário, desses enormes
muros de suporte que Herodes fizera construir para duplicar a
superfície utilizável que dá uma grande impressão de força.
“Mestre – exclamou um dos discípulos – reparai: que pedras
estas, que construções!” Outros gabavam as fortes bases do
Templo e a sua riqueza. “Estais a olhar para essas esplêndidas
construções? – disse Jesus. – Vedes tudo o que aí está? Pois,
bem! Em verdade vos digo que dias virão em que este edifício
será totalmente destruído, em que não ficará pedra sobre
pedra”. ©
Haviam chegado ao flanco do monte; a partir de
então, estavam sós e impressionados com as
predições do Mestre em anunciar tantas
catástrofes. Essas coisas surpreendentes não
anunciavam, porventura, o fim do mundo e o
advento, em glória, do Filho do Homem? E
quando sucederia tudo isso? Jesus responde: ©
“Os sinais? Não faltarão, na altura própria, àqueles
“Que, nesses dias, os que se encontrem na Judéia
que os souberem compreender! Ver-se-ão aparecer
se refugiem nas montanhas! Que os que
falsos Messias, que arrastarão o povo por
estiverem nas cidades se afastem delas! Que todo
caminhos cheios de perigos. Haverá guerras,
o que estiver sobre o terraço se livre, ao descer,
revoltas, sedições. A própria natureza entrará em
de entrar em casa para salvar seja o que for! Serão
crise; tremores de terra, prodígios no céu, e, entre a
esses os dias da vingança, em que se cumprirá a
humanidade, pestes e fomes. Quanto a eles, aos
Escritura. Ai das amas e das grávidas! As
fiéis – e isso terá também o valor de sinal – serão
atribulações serão tais como nunca se viram
perseguidos, presos, flagelados, darão testemunho
semelhantes desde o começo do mundo, e como
de Cristo por meio dos seus sofrimentos, e Ele
nunca mais se tornarão a ver. Grande será a
colocará nos lábios deles uma sabedoria a que os
desgraça deste país e grande a cólera que cairá
adversários não poderão responder: é o Espírito
sobre este povo. Os homens tombarão sob o fio
Santo que falará neles. Então quando o Evangelho
da espada, ou serão levados como cativos para
começar a espalhar-se pelo mundo inteiro,
todas as nações. Jerusalém será calcada aos pés
Jerusalém será destruída. Será atacada por um
pelos pagãos, até que os tempos dos povos sejam
exército, ao mesmo tempo que no Lugar Santo
cumpridos.”
reinará a “abominação da desolação”, vaticinada
pelo Profeta. Horas atrozes!
Os Apóstolos estavam verdadeiramente
assombrados e tremeram pela sorte que estava
reservada aos seus descendentes. Só um rosto se
via impassível; só em uma fisionomia se notava a
dúvida: a de Judas, que não confiando nas palavras
do Mestre, procurava ocultar um sorriso irônico
que pugnava por assomar aos seus lábios. Aquele
coração rancoroso e colérico desconfiava de tudo; e
a dúvida que tinha deitado profundas raízes no seu
espírito, fê-lo frio e sarcástico. Os olhos de Jesus
fixavam-se às vezes com profunda expressão no
arrogante semblante daquele pobre diabo. ©
Eis que confirmando a divina profecia de Jesus,
quarenta anos mais tarde, no começo do mês de Nisã
do ano 70, um exército romano investia contra a
cidade deicida. Era o poderoso batalhão comandado
por Tito, que, proclamado Imperador seis meses antes
por um golpe de Estado das legiões do Egito, tinha
necessidade desses louros para se apoderar do trono.
Israel, insultada, humilhada de todos os modos pelos
últimos procuradores, sublevara-se, e, na insana
presunção de conseguir contra Roma o heróico
milagre que os Macabeus tinham alcançado contra a
Grécia, sustentava contra os legionários uma guerra
feroz. ©
Os sinais eram certos, evidentemente. O suplício durou
cem dias. Cem dias de assassínios sem conta!
Jerusalém não se rendia; nada parecia poder deter
aquela cidade desvairada. Tito, finalmente, toma
Antônia. Fica ainda o Templo, que repele o assalto em
massa dos romanos. Tito evita servir-se do fogo.
“Aquela maravilha de magnificência”, como diz
Tácito, haveria de ser destruída por um incêndio?
Finalmente, não tendo já outra maneira de quebrar a
resistência, manda acender fogueiras diante das
portas. O cedro precioso começa a arder, o ouro e a
prata correm em fusão. O pórtico de Salomão cai.
Assim, 70 anos
depois, cumpriu-se a
profecia que Jesus
acabava de vaticinar,
nessa terça-feira santa
Fim da
primeira
parte
Semana Santa
e a Luz
Entre as trevas
Uma produção
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