Green Architecture Nas décadas de 1990 e 2000, cresceram as discussões sobre as questões ambientais em todo o planeta, multiplicando-se os congressos e eventos mundiais. Difundiu-se o conceito de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL e implantou-se Sistemas de Certificação Ambiental, fazendo nascer a GREEN ARCHITECTURE. Jean-Marie Tjibaou Cultural Center (1992/98, Nouméa, Nova Caledônia) Renzo Piano (1937-) Em 1992, no Rio de Janeiro, ocorreu, com a participação de 175 países, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD, a RIO-92, que marcou a discussão ambiental mundial por: Criticar o modelo vigente de desenvolvimento (interrelação entre problemas sociais e ambientais); Apontar para a necessidade de medidas tecnológicas e legais (Agenda 21 Global). A aplicação da AGENDA 21 pressupõe um planejamento do futuro com ações de curto, médio e longo prazos, (re)introduzindo uma idéia esquecida de que se pode – e se deve – planejar, estabelecendo um elo de solidariedade entre nós e nossos descendentes, as futuras gerações: Pense globalmente, aja localmente NÍVEL ECONÕMICO nível de vida produção ecológica DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NÍVEL SOCIAL consciência ambiental NÍVEL AMBIENTAL QUALIDADE DE VIDA SUSTENTÁVEL Em 21 de junho de 1993, em um congresso em Chicago, a União Internacional dos Arquitetos – UIA, em conjunto com o American Institute of Architects – AIA, estabeleceu a Declaração de Interdependência para um Futuro Sustentável, que coloca a sustentabilidade como sendo o centro de responsabilidade profissional, convocando todos os profissionais para a prática de uma arquitetura sustentável. Chicago IL, EUA SOCIAL universal e segura GREEN ARCHITECTURE Habitat sustentável ECONÔMICA AMBIENTAL funcional e barata eficiente e ecológica Copenhague, Dinamarca Viena, Áustria Cairo, Egito Após a ECO’92, houve vários eventos internacionais que intensificaram o debate socioambiental, como: a Conferência de Direitos Humanos (Viena, 1993), a Conferência Mundial sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) e a Conferência sobre Desenvolvimento Social (Copenhague, 1995). Istambul, Turquia Em 1996, aconteceu a Conferencia das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Istambul, Turquia), na qual se defendeu a criação de CIDADES SUSTENTÁVEIS, reforçando a condição de que a questão ambiental permeia a questão urbana em todo o planeta. São Paulo, Brasil Essa última conferência, conhecida como a Cúpula das Cidades, criou a AGENDA HABITAT, enfatizando a questão urbana ambiental ao definir a sustentabilidade como princípio e os assentamentos humanos sustentáveis como objetivo mundial. Ballard Library (2002/05, Seattle WA, EUA) Bohlin Cywinski Jackson Em 2000, ocorreu a Conferência de La Haya sobre a Mudança Climática, quando o secretário da ONU, Kofi Annan (1938-), solicitou uma AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA DO MILÊNIO (AEM), realizada desde então por cerca de 1360 especialistas de todo mundo e concluída somente em 2005. La Haya, Holanda Kofi Annan (1938-) De lá para cá, muitas conferências ocorreram, como a Rio+10 (2002, Johannesburg, África do Sul) e a Rio+20 (2012, Rio de Janeiro), que procuraram fazer um balanço dos resultados obtidos tanto pela AGENDA 21 como pela AGENDA HABITAT, em que se constatou muitos avanços, mas também graves retrocessos. Real Goods Solar Living Center (1997/98, Hopland Cal. EUA) Van der Ryan (1948-) Gypsy House (2005/06, Berkeley CA) Na última década, a arquitetura sustentável voltou-se para uma corrente que busca conciliar a tradição e as possibilidades modernas, em especial através da aplicação de tecnologias “limpas”, buscando a eficiência energética, a adequada especificação de materiais e a proteção da natureza. Robert Trickey House (2006/07, Honolulu HW) Craig Steely Architects (1989-) Ian MacDonald Architect Inc. (1984-) House in Mulmur Hills (1997, Dufferin County ON) Para a Green Architecture, a SUSTENTABILIDADE implicaria em como desenvolver métodos ambientalmente corretos de produção e consumo, que garantam a integridade dos ecossistemas, a qualidade de vida e a preservação cultural e ecológica, através de certificação ambiental. Richmond City Hall (1990/94, Virginia EUA) Hotson Bakker Boniface Haden – HBBH Carlo Baumschlager (1956-) & Dietmar Eberle (1952-) Bürogebäude (1990/91, Áustria) Martinspark Hotel (1992/95, Áustria) Para seus defensores, não valeria a pena apostar em ecotecnologias de ponta, não-acessíveis a países em desenvolvimento ou àquelas sociedades que se pretendem igualitárias e, portanto, sustentáveis. Logo, os green architects descartam a tecnolatria. Ken Yeang (1948-) Bioclimatic Skyscraper Visando produzir edificações que se adaptam, ao mesmo tempo, às condições ecológicas e sociais de um determinado lugar, a GREEN ARCHITECTURE emprega tecnologias “verdes” e preocupa-se fundamentalmente com o impacto ambiental. Renzo Piano Building Workshop (1991, Punta Nave, Gênova It.) Renzo Piano (1937-) Certificação Ambiental A avaliação da SUSTENTABILIDADE de uma construção faz-se através da Análise do Ciclo de Vida (ACV) da edificação, a qual passou a ser aceita por toda a comunidade internacional como a única base legítima sobre a qual é possível comparar materiais, tecnologias, componentes e serviços utilizados e/ou prestados. Le Pavillion du Jardin des Premières (2000 Toronto, Canadá) Saucier + Perrote (1988-) ANÁLISE DO Fatores CICLO DE sociais VIDA (ACV) Análise dos recursos naturais Projeto de arquitetura Materiais recicláveis Regulação legal Administração Informação Construção Materiais reciclados Descarte Energias renováveis Regulação legal Minimização de resíduos Uso Domótica Rehabilitação Administração (Gestão) Critérios energéticos e ambientais Recuperação de recursos (energia solar. águas pluviais, coleta seletiva) Em 1990, especialistas britânicos lançaram uma tabela de avaliação denominada Buildiong Research Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM), a qual estabelece como elementos de análise construtiva: Gestão, saúde e bem-estar Energia (consumo e emissões de CO2) Transporte (distâncias e emissões de CO2) Consumo de água Impacto ambiental dos materiais de construção Uso das superfícies (ajardinadas e impermeabilizadas) Valorização ecológica do lugar Contaminação do ar e água Em 1993, criou-se no Canadá o primeiro selo verde, do Conselho de Manejo Florestal – Forest Stewardship Council (FSC) – que passava a carimbar madeiras originárias de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente correta e socialmente justa. Inland Revenue Building (1992/94, Nottingham GB) Michael Hopkins (1935-) Segundo a quantidade de pontos obtidas para cada item do BREEAM. o edifício recebia a qualificação de: suficientemente bom, muito bom ou excelente. A Holanda foi um dos primeiros Estados europeus a se comprometer com a sustentabilidade. Entre 1995 e 2000, foram lá produzidos vários manuais de construção, além da elaboração da TABELA DCBA, que hierarquizava diferentes níveis de intervenção, de acordo com 04 escalas de fatores e resultados: D = Projeto de edifício convencional C = Edifício convencional com correção de impacto B = Edifício de impacto muito reduzido A = Edifício autônomo de impacto mínimo Em 1996, o United States Green Building Council criou o sistema de certificação para edifícios sustentáveis denominado Leadership in Energy & Environmental Design (LEED), que passou a ser amplamente aplicado. Platinum LEED Houses Rafael Viñoly (1944-) Carl Ichan Laboratory Genomics Institute (2000, Princeton University NJ) O LEED corresponde a um índice na área de energia baseado em uma pontuação que corresponde a um extenso questionário e, conforme o número de respostas afirmativas, o projeto é considerado mais ou menos sustentável, classificando-se como prata, ouro ou platina. Kimmel Center for the Performing Arts (2004, Philadelphia PA) Categoria Pontos Possíveis (% do total) Sustainable Sites 14 (20%) Water Efficiency 5 (7%) Energy/Atmosphere 17 (25%) Materials/ Resource 13 (19%) Indoor Evaluation Quality 15 (22%) Innovation 4 (6%) Accredited Professional 1 (1%) Total 69 (100%) ESTRUTURA DE AVALIAÇÃO DO LEED Níveis de Classificação: Leed Certified De 26 a 32 pts. Silver De 33 a 38 pts. Gold De 39 a 51 pts. Platinum De 52 a 69 pts. Hermann Kaufmann (1955-) Wohnanlage Housing (1997, Alemanha) A idéia de as construções respeitarem as condições socioambientais locais encontrou mais força em um livro publicado em 1999 pelo Conselho de Arquitetos da Europa (CAE), que se intitulava: A Green Vitruvius: Principles and practices of sustainable architectural design. Richard Rogers (1933-) Aeroporto de Barajas (2000/05, Madrid) Casa Kyoto (2008/09, Torre-Serrona Barcelona) Pich-Aguilera i Teresa Batlle Na Espanha, o Institut Ildefons Cerdá de Barcelona e o Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía – IDAE de Madrid apoiaram e lançaram o Guía de la edificación sostenible (1999). F. H. Jourda (1950-) & G. Perraudin (1950-) Palais de Justice (2000/04, Melun, França) Na França, o índice da construção sustentável passou a ser aplicado somente em 2002, sendo denominado de Haute Qualité Environnementale (HQV), o qual procura estabelecer um padrão comparativo que oriente o projeto na direção de sua sustentabilidade. Bureaux ISOMER (1990/93, Nantes, França) Jacques Ferrier (1958-) César Pelli (1926-) Nihonbashi Mitsui Tower (2002/05, Tokyo, Japão) Também foi em 2002 que o Japão entrou na era dos certificados para construções sustentáveis, através da implantação do Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency (CASBEE). Gabriel Poole (1947-) Dom House (2000, Queensland Austrália) Em 2004, a Austrália elaborou e implantou seu sistema de certificação – o National Australian Building Environmental Rating System (NABERS) –, o qual avalia tanto edifícios novos como antigos. Bendigo Bank Headquarters (2008/09, Bendigo Victoria Austrália) BVN Architecture & Gray Puksand Criada em 2004, a associação Green Building Challenge – GBC, implantada em cerca de 15 países, entre os quais, Canadá, EUA, Holanda e Inglaterra, desenvolve uma rede de intercâmbios na pesquisa e difusão da sustentabilidade na arquitetura e construção. Tham & Videgård Hansson Garden House (2009, Södermanland, Suécia) Living as You Want (2001, Almere, Holanda) Marlies Rohmer Bennetts Associates Architects Jubilee Public Library (2004/05, Brighton GB) Possuindo seu próprio sistema de avaliação, o Sustainable Building Tool (SBTool), este grupo organiza conferências regionais e globais, mantendo um sistema internacional on line de informações sobre o tema, através da International Initiative for a Sustainable Built Environment – iiSBE. www.iisbe.org Ecocentrismo Tecnocentrismo Antropocentrismo (Décs. 1960/80) (Décs. 1970/90) (Décs. 1980/00) Natureza sobrepõe-se à Sociedade Sociedade sobrepõe-se à Natureza Equilíbrio entre Natureza e Sociedade Ênfase nos aspectos ecológicos Ênfase nas questões tecnológicas Ênfase nos valores sociais O critério ético é definido a partir de valores naturais intrínsecos O critério ético é o domínio do meio ambiente natural por ecotecnologias O critério ético são as necessidades humanas determinantes da relação com o meio Ecologismo Ambientalismo Socioambientalismo Neovernaculismo Controle e Gestão de recursos naturais Atividade humana como parte da Natureza Sociedade Alternativa Arquitetura Ecológica Arquitetura Sustentável Green Architecture Leitura Complementar APOSTILA – Capítulo 28. BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: CMMAD: Fundação Getúlio Vargas, 1991. CAPRA, F. A. Teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996. CORRADO, M. La casa ecológica: manual de arquitectura bioclimática. Barcelona: De Vecchi, 1999. FOLADORI, G. Limites do desenvolvimento sustentável. Campinas: Imprensa Oficial SP, 2001. GAUZIN-MÜLLER, D. Arquitectura ecológica. Barcelona: Gustavo Gili, 2002. YEANG, K. Projectar com la naturaleza. Barcelona: Gustavo Gili, 1999. WINES, J. Green architecture. Köln: Taschen, 2000.