SELEÇÃO E USO DE INDICADORES PERMANENTES DE MONITORAMENTO EM PROGRAMAS E PROJETOS CONSULTORIA PARA HABI – SEHAB / PMSP RELATÓRIO FINAL FABRIZIO CARDOSO RIGOUT JULHO DE 2007 ii Indicadores Permanentes de Monitoramento ÍNDICE Introdução 1 1. Indicadores recomendados por órgãos de fomento 4 2. Indicadores já utilizados por HABI 15 3. Práticas de monitoramento em HABI 21 4. Indicadores permanentes de avaliação propostos 28 Bibliografia 37 iii Indicadores Permanentes de Monitoramento ABREVIATURAS UTILIZADAS BID Banco Interamericano de Desenvolvimento CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano CEM Centro de Estudos da Metrópole COHAB Companhia Metropolitana de Habitação FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas FUSP Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo GCR Gestão centrada em resultados HABI Superintendência de Habitação Popular HABISP Banco de Dados de Habitação do Município de São Paulo HIS Habitação de Interesse Social IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPVS Índice Paulista de Vulnerabilidade Social IUC Instrumental Único de Cadastro OECD Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento OHCHR Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos ONG Organização não-governamental ONU Organização das Nações Unidas PAC Programa de Ação em Cortiços PAT-PROSANEAR Programa Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PROCAV Programa de Canalização de córregos, implantação de vias e recuperação ambiental e social de fundos de vale PROVER Programa de Verticalização de Favelas SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SEHAB Secretaria de Habitação do Município de São Paulo TPU Termo de Permissão de Uso iv Indicadores Permanentes de Monitoramento RESUMO Este relatório apresenta os resultados de pesquisa de indicadores de monitoramento pertinentes a ações de intervenção em áreas de habitação inadequada. Foram levantadas as variáveis já utilizadas por HABI em programas concluídos e as práticas de monitoramento dos diversos programas e projetos em andamento. Pesquisamos também os indicadores de monitoramento recomendados pelo BID e a ONU para o acompanhamento de políticas habitacionais e as variáveis utilizadas por censos e pesquisas amostrais de favelas. Ao final deste relatório preliminar apresentamos o cruzamento desses dados, resultando em oito indicadores. Esses indicadores são recomendados (1) para a elaboração de séries históricas com base nos dados existentes em HABI e (2) como variáveis que não podem faltar no monitoramento de programas e projetos futuros. O critério básico observado foi o da economia de recursos institucionais, utilizando instrumentais e bancos de dados existentes, com o objetivo de organizar e comparar o desempenho de programas de intervenção ao longo do tempo. Este relatório foi revisado com base na discussão de um documento preliminar apresentado a HABI em junho de 2007. 1 Indicadores Permanentes de Monitoramento INTRODUÇÃO Na reunião inicial de diagnóstico que fizemos com o planejamento e o gabinete de HABI, nos foram apresentadas observações referentes às melhorias a serem feitas nos instrumentais de cadastro, pesquisa sócio-econômica e monitoramento utilizados pelos diversos programas de habitação popular do município. Esse foi o ponto de partida para a construção dos indicadores permanentes de avaliação que propomos neste documento. Por instrumentais de cadastro se entende aqueles questionários que se prestam a alistar uma determinada família num programa mantido por HABI. Os programas vão desde o atendimento com verba social em caso de remoção emergencial ou judicial até o pleito a uma unidade habitacional. Esses questionários têm sido também aplicados nos esforços de regularização fundiária e em projetos de urbanização com criação de infra-estrutura, além de levantamentos de campo com vistas a se cadastrar as favelas existentes no município, obtendo dados de ordem demográfica e econômica. Por essa razão os instrumentais de cadastro se tornaram indiretamente também instrumentais de pesquisa sócio-econômica, em moldes semelhantes àqueles aplicados anualmente em pesquisas domiciliares por órgãos como o IBGE, e aos levantamentos feitos especificamente para a população em favelas pela FIPE-USP, pela Fundação SEADE e pela própria equipe de HABI. Somemos a isso o fato de as pesquisas sócio-econômicas terem sido parte fundamental dos indicadores de monitoramento e avaliação de programas habitacionais implementados em convênio com órgãos multilaterais e bancos de fomento, e temos a situação atual, em que os dados referentes a identificação de carências e avaliação de política de habitação estão reunidos em diversos estudos, sendo que nem todos podem ser reunidos num só banco de dados. HABI vem avançando bastante na consolidação de um banco unificado de informações (HABISP), em convênio com a Cities Alliance, como parte da elaboração de um sistema de planejamento estratégico. Em 2002 por convênio com o Centro de Estudos da Metrópole (CEM), se fez a atualização da base de dados de favelas com o cruzamento de dados de setores censitários, perímetros de favelas com base em fotos de 2000, e vistorias de campo feitas com instrumental próprio de HABI em 2006/7. Esse instrumental (Ficha de Atualização de Dados de Favela) tem como unidade de análise a área e não se enquadra na categoria de pesquisa sócio-econômica, que necessitaria visita domicílio a domicílio. Seu objetivo é o de registrar as condições fundiárias, de infra-estrutura e geotécnicas (incluindo a identificação de áreas de risco), fornecendo os dados que se encontram hoje no banco HABISP e compreendem 1782 áreas. Paralelamente à caracterização demográfica física das favelas, HABI desenvolve programas de intervenção para os quais utiliza instrumentais próprios. Via de regra são 2 Indicadores Permanentes de Monitoramento mais extensos porque pretendem levantar dados mais minuciosos referentes aos serviços públicos utilizados por cada domicílio, sua densidade, o grau de envolvimento comunitário das famílias, tipo de material utilizado na construção, etc., já que se tratam de intervenções que envolvem em alguma medida remoção e realocação de famílias por causa de obras. Entre os programas que utilizaram ou utilizam instrumentais próprios temos o PROCAV, o PROVER, todos os projetos de urbanização de favelas, o Programa de Cortiços e os programas de regularização fundiária. No entanto, em virtude de os indicadores utilizados não serem todos compatíveis com os dados do cadastro de favelas, entram no banco HABISP como estudos isolados destinados a dar subsídio a programas de obras. Eles são considerados o primeiro passo de um processo de monitoramento desses programas. Quando da conclusão de um programa de intervenção temos a avaliação final, que engloba todas as etapas do monitoramento e que diz se os objetivos propostos foram atingidos de maneira eficiente (com utilização racional dos recursos, produzindo o maior benefício pelo menor custo possível) e eficaz (resultando nos benefícios esperados para o maior número possível de famílias tidas como foco do programa.). São esses dados de monitoramento e avaliação que podem, argumentamos aqui, constituir um banco de dados desagregados, cumulativos e comparáveis. Desagregados porque há variáveis comuns a todos esses estudos que podem ser isoladas e armazenadas na forma de valores (ocorrências individuais). Um exemplo é a existência ou não de ligação de água tratada num determinado domicílio, variável presente em todos os indicadores de habitabilidade dos monitoramentos constantes no arquivo de HABI. Isso permite o cruzamento entre variáveis para efeito de operações estatísticas um pouco mais sofisticadas, como regressões lineares, modelos multifatoriais, etc. Cumulativos e comparáveis porque essas variáveis podem ser replicadas em monitoramentos futuros, permitindo que se avalie o resultado (antes versus depois) de um determinado programa de intervenção e a que custo. Comparase daí qual foi o retorno social do tempo e dos valores financeiros investidos por diferentes programas. Essa comparabilidade é preocupação primordial dos bancos de fomento hoje, notadamente porque têm necessidade eles próprios de contrastar a utilização dos recursos em diferentes países que se beneficiaram do mesmo programa para efeito de prestação de contas. Esse interesse fica comprovado em estudo recente (Angel & Jacobs 2006) do BID em que se reforça a necessidade de se estabelecer indicadores padronizados de monitoramento e avaliação, e não apenas indicadores pertinentes a um determinado programa, como se tornou praxe na forma da exigência de Quadros Lógicos para se definir indicadores de monitoramento para cada etapa de um projeto. 3 Indicadores Permanentes de Monitoramento A padronização dos indicadores de avaliação – possibilitando a comparação entre os resultados de programas passados e futuros --, portanto, é possível e desejável pela feliz coincidência de quatro fatores: 1. Beneficiar-se da unificação do sistema de gerenciamento de informações em HABI; 2. Contar com a existência de material de monitoramento precioso, porém disperso; 3. Haver necessidade dos bancos de fomento de comparar melhor os resultados de programas semelhantes em países/localidades distintas; e 4. Dar vantagem comparativa à SEHAB ao pleitear financiamentos futuros por já ter incorporado em seu sistema de avaliação os indicadores que interessam a essas agências de fomento Tudo isso fortalece institucionalmente o setor de planejamento de HABI, condição necessária também para prover a burocracia permanente de autonomia, objetivo buscado unanimemente por órgãos multilaterais e de fomento. Consideramos já em nossa reunião de diagnóstico que a criação de um núcleo de indicadores de acompanhamento (monitoramento + avaliação) aplicável a programas anteriores e futuros, e que se enquadrasse nas diretrizes dos principais órgãos de fomento seria um grande salto de qualidade no planejamento de HABI. Este documento portanto pretende detalhar o que já foi feito, as carências atuais e as diretrizes mais recentes para a coleta de dados de monitoramento no futuro. Nossa análise está dividida em quatro partes. Na primeira parte, expomos como os principais organismos de fomento à habitação popular lidam com indicadores e processos de avaliação dos programas que mantêm. Na segunda parte, descrevemos os monitoramentos feitos anteriormente por HABI e detalhamos os indicadores por eles adotados. Na terceira parte relatamos as práticas correntes de monitoramento nos diversos setores de HABI, as virtudes e carências apontadas com base em entrevistas e relatórios. Na quarta e última parte, reunimos os indicadores utilizados nessas esferas e selecionamos aqueles que, a nosso ver, permitem a integração do banco de dados com a sugestão de um núcleo duro de variáveis que siga as diretrizes de rigor aceitas internacionalmente e que deve ser empregado em avaliações futuras. 4 Indicadores Permanentes de Monitoramento PARTE 1 Indicadores recomendados por órgãos de fomento As práticas atuais de avaliação e monitoramento das agências multilaterais têm por base a doutrina da “gestão centrada em resultados” (GCR), que passa a ser implementada no setor público europeu durante a década de 90 e é incorporada à política de fomento da OECD no final dessa década (Flint 2003 1-5). A GCR é Uma estratégia de gestão na qual uma determinada organização orienta seus processos, produtos e serviços para a obtenção de resultados claramente definidos. (PNUD, 2002 5). Esse tipo de procedimento muda o ponto de partida do planejamento dos programas de um órgão público. Em vez de se começar pela formação de equipes competentes e pela obtenção de recursos para a manutenção de uma estrutura permanente de resolução de problemas, pensa-se primeiro no objetivo a ser atingido, seja ele de curto prazo (produto) ou de médio prazo (efeito). Concretamente isso quer dizer que o órgão executivo passa a se estruturar para promover a transformação das condições de vida da população dentro de sua esfera de competência, em vez de estar focado tão somente no cumprimento de normas e procedimentos, que é a característica fundadora da burocracia pública. Entre os organismos da ONU, o PNUD foi o primeiro a adotar sistematicamente o monitoramento de resultados da GCR a partir de 1999. No ano seguinte, com a definição das Metas do Milênio pelos estados-membros, outras agências da organização passaram a seguir o mesmo processo. Atualmente se faz a distinção entre monitoramento e avaliação em termos de grau de especificidade: Monitoramento (ou ainda acompanhamento) é “o processo... de coleta de informações segundo indicadores escolhidos para fornecer aos gestores e detentores de interesse de uma intervenção em curso... informações sobre os progressos realizados, os objetivos atingidos e os recursos afetados” (OECD 2002, minha ênfase). O monitoramento se aplica normalmente a produtos, que são projetos específicos implementados por uma agência, com datas previstas para começar e terminar e que podem requerer correção de rumos em diversas etapas de sua implementação. Avaliação consiste de um “exercício seletivo de se medir objetiva e sistematicamente o progresso em direção à consecução de um efeito” (PNUD 2002 6-7). Em termos menos abstratos, a avaliação é uma maneira de se medir o quanto um ou mais projetos integrantes de uma política pública estão de fato ajudando a transformar as 5 Indicadores Permanentes de Monitoramento condições de vida de uma população para melhor. É mais comum se avaliar efeitos do que produtos. Na política habitacional, portanto, o que se avalia são os efeitos de determinados programas, seja de urbanização de favelas, regularização fundiária, ação em cortiços, etc., na direção de diminuir o número de famílias vivendo em condições precárias, ou qualquer outro efeito definido numa política de habitação. O que se monitora são os resultados de cada um dos programas de acordo com metas estabelecidas num plano anual ou plurianual e resumidas num relatório de atividades: unidades habitacionais construídas, atendimentos sociais feitos, cortiços notificados, quilômetros quadrados de áreas com arruamento, canalização, desadensamento, etc. Os trabalhos de mensuração de desempenho feitos para programas de convênios como o PROCAV, o PROVER e o Lote Legal foram portanto adequadamente tratados como monitoramentos, de modo que ao final de cada um desses programas já se havia acumulado análise suficiente para determinar se os objetivos haviam sido alcançados tal como propostos, e, se não, quais foram as correções de rumo adotadas para adequá-los à realidade encontrada na prática. Dado que todo monitoramento parte de uma situação inicial – chamada pelas agências de baseline data –, o passo inicial de um projeto é sempre obter dados relevantes sobre a condição a ser transformada. Esses dados podem ser levantados, retrabalhados a partir de bancos existentes ou apenas utilizados tais como estão. No caso de urbanização e regularização é quase sempre necessário levantar os dados por meio de uma pesquisa sócio-econômica, a não ser que se tenha uma base cadastral atualizada domicílio a domicílio, como é o caso de áreas que sofrem intervenções constantes (Heliópolis seria o melhor exemplo disso). A montagem de um programa de monitoramento passa necessariamente pela definição das causas de um problema e as ações a serem tomadas para eliminar essas causas. “Monitorar” nesse caso implica em ter claro que os resultados alcançados terão sido conseqüência do projeto, e não de outras variações alheias a ele. Para ajudar nessa determinação, as agências de fomento utilizam variações de um esquema de organização de pensamento que resulta numa matriz conhecida como Quadro Lógico ou Marco Lógico. Em sua forma original tem 12 células, como segue: 6 Indicadores Permanentes de Monitoramento Resumo do projeto Metas de desempenho Mecanismos de Monitoramento Premissas e Riscos Impactos Efeitos Produtos Recursos Fonte: ADB 1998 Na verdade existe uma seqüência causal elementar para a elaboração de um projeto que é tornada muitas vezes desnecessariamente complexa quando se olha apenas para o produto final. Qualquer projeto baseado nessa metodologia pressupõe, conforme a primeira coluna, que “os recursos devem se transformar em produtos, que por sua vez devem ter efeitos de curto prazo...., que então contribuem para objetivos de mais longo prazo (impactos)” (ADB 1998 28). Na seção seguinte essas etapas estão detalhadas segundo os critérios do BID, organismo internacional que mais recursos destina à habitação em São Paulo. Para os propósitos desta análise, vamos nos deter apenas sobre os mecanismos de monitoramento. Que critérios devemos utilizar para definir os indicadores que integram os mecanismos de monitoramento? Para a ciência positiva, que é aquela utilizada em praticamente todos os estudos destinados à política pública, só são relevantes as afirmações que podem ser contraditadas. Ou seja: se é sempre possível demonstrar que uma afirmação se aplica a todos os casos, então essa afirmação não tem valor de descrição da realidade, pois não pode ser verificada. A idéia de verificação implica que existem dados na realidade que correspondem ou não a uma afirmação feita em abstrato. O indicador é operação mental pela qual fazemos esse salto da realidade para o conceito. Por definição, todo indicador implica uma variável, que é uma escala de atributos (no mínimo dois) que comumente chamamos de medida. Para medir essa escala, precisamos de instrumentos ou “instrumentais” facilmente acessíveis; e, por fim, para que essa medida seja inteligível para o maior número de pessoas e seja comparável com outras medições realizadas, é preciso que haja acordo sobre a escala adotada. Na verdade existe certa confusão entre indicadores e variáveis. Bons indicadores são criados a partir de definições operacionais, ou seja: ...definições que detalham precisamente como um conceito será medido. A rigor, uma definição operacional é uma descrição de todas as “operações” que serão empreendidas para se medir um conceito. (Babbie 1992 122) Portanto, um indicador pode ser composto de mais de uma variável. Por exemplo, um indicador de densidade de ocupação pode incorporar as variáveis: quantidade de pessoas por metro quadrado, pessoas por leito, pessoas por cômodo, pessoas por 7 Indicadores Permanentes de Monitoramento domicílio, etc. Já o conceito de habitabilidade pode englobar os indicadores: densidade, salubridade, conforto térmico, etc. Bons indicadores refletem com exatidão o conceito em questão, e isso depende de um consenso mínimo em relação a seu significado. Por óbvio, não entraremos na discussão da validade de um indicador pois partimos do princípio de que os indicadores utilizados pelos principais institutos de pesquisa e órgãos de fomento, adotados ano após ano, são o resultado de longos debates em torno de sua aplicabilidade como definições operacionais de conceitos – trata-se aqui de um esforço de padronização. A replicabilidade de um estudo, que no caso das pesquisas de campo é a propriedade de um instrumental produzir dados iguais ou muito semelhantes se aplicado repetidas vezes à mesma população, pode ser maximizada de diversas formas. A utilização de instrumentais com questões fechadas, pré-testadas, com perguntas formuladas sem ambigüidade, de preferência idênticas àquelas utilizadas por institutos de pesquisa, produz indicadores sólidos. Daí mais uma razão em favor da escolha de indicadores consensuais existentes, seja na pesquisa de campo, seja na manipulação de bancos de dados. Por que utilizar indicadores fixos em vez de determiná-los um a um, de acordo com os os dados que se pretende monitorar? A resposta é que não se pode prescindir nem de um nem de outro procedimento, porém na prática existe uma hierarquia de objetivos. Políticas pedem um núcleo de indicadores padronizados para seus programas para que se possa comparar se seus resultados estão de acordo com as prioridades da instituição. Programas que englobam mais de um projeto demandam indicadores padronizados de seus projetos de modo a monitorar sua implementação de maneira uniforme, economizando tempo e recursos. Já os projetos requerem indicadores persistentes de modo a se medir o progresso feito durante a execução. Para que fique mais claro, voltamos ao exemplo do PNUD, pioneiro na utilização sistemática do monitoramento de resultados. A agência utiliza três tipos de indicadores (PNUD s/d 4): 1. Indicadores dos efeitos dos diversos projetos da agência, determinados pelo escritório central; 2. Indicadores de efeitos que medem o progresso em direção a um objetivo preestabelecido; e 3. Indicadores situacionais. Desses, apenas os indicadores do grupo 2 são deixados a critério dos objetivos definidos no Quadro Lógico de cada projeto; os demais têm um núcleo de padronização. 8 Indicadores Permanentes de Monitoramento Os indicadores do grupo 1 permitem que a agência mantenha seus programas alinhados com objetivos predefinidos, enunciados na forma de mudança ocasionada, como prescreve a GCR. Eles foram determinados a partir de uma definição das missões que agência deve cumprir com base em metas definidas por convenções das Nações Unidas como um todo. A seleção desses indicadores é feita com base em sua pertinência a conceitos como redução de pobreza, igualdade de gênero, sustentabilidade ambiental e governança. Já os do grupo 3 visam a permitir a comparabilidade das mudanças geradas por cada unidade do PNUD entre si, e são eleitos não a partir de conceitos-gerais, mas sim de uma definição das variáveis mínimas necessárias ao monitoramento de um projeto por seus responsáveis. Os 23 indicadores desse grupo são específicos o suficiente para que pequenos progressos sejam facilmente detectáveis no curto prazo – melhora em diversos itens de infraestrutura, número de famílias realocadas, andamento de obras, etc. Banco Interamericano de Desenvolvimento: a definição de indicadores de projetos habitacionais As diretrizes mais recentes (Angel, Jacobs 2006) do BID para o monitoramento de projetos de habitação são um detalhamento do padrão já estabelecido de se exigir um marco lógico no início do projeto a partir do qual os indicadores são definidos com base em objetivos gerais do programa. O refinamento dessa matriz de prioridades foi estruturado em quatro categorias de monitoramento de um projeto: recursos, produtos, efeitos e impactos. Esses conceitos estão presentes nas diretrizes de elaboração de programas de todas as principais agências de fomento com nomes ligeiramente diferentes – “objetivo de longo prazo” e “objetivos de curto prazo” em vez de impactos e efeitos, no caso do Banco Mundial, por exemplo -- , mas descrevendo sempre a mesma ordem de encadeamento que vai da obtenção de recursos à definição de objetivos e sua relação com objetivos mais amplos do desenvolvimento. As definições são tais como seguem: 1. Recursos (inputs) são “os itens que o executor precisa angariar, e arranjos que precisa fazer, de modo a gerar os produtos do projeto....Seus indicadores consistem, entre outros, do custo e da qualidade esperada de cada produto, além de uma medida dos arranjos institucionais e do treinamento necessários à concretização do investimento.” (2) 2. Produtos (outputs) “gerados durante a execução, são os bens e serviços que o executor do projeto está obrigado contratualmente a entregar, e dos quais se espera que produzam os resultados previstos. Seus indicadores são descrições 9 Indicadores Permanentes de Monitoramento sucintas de cada um dos bens e serviços a serem concluídos ao longo da execução *do projeto+.” (2) 3. Efeitos (outcomes) “são os resultados diretos obtidos quando os beneficiados utilizam os produtos do projeto. Em outras palavras, são conseqüências de uma hipótese bem formulada a respeito das causas dos problemas que o projeto visa resolver.” (2) 4. Impactos (impacts) são definições de como “o projeto ou programa vai contribuir no longo prazo para a solução dos problemas-chave definidos num diagnóstico do setor” (nesse caso, o de habitação). Os impactos nesse caso se referem a princípios gerais como a redução da pobreza, a promoção da igualdade, sustentabilidade, modernização do Estado, etc. (1-2). Impactos são definidos a partir de prioridades tanto do Banco como do poder público do país em questão. São na verdade princípios norteadores de políticas. A partir da definição dessas prioridades, temos o encaminhamento de uma política habitacional. Espera-se que esses princípios não se alterem com a alternância de administrações, já que se trata de consensos bastante amplos que norteiam as prioridades dos organismos de cooperação internacional. E por serem genéricos o suficiente não constituem amarras impostas a uma política de Estado por parte dos agentes financiadores, permitindo que o agente planejador em HABI defina estratégias de monitoramento em longo prazo desde que não viole o princípio básico de defesa do interesse público ao qual os componentes de sustentabilidade, igualdade, eficiência e modernização de gestão se subordinam. O monitoramento dos efeitos requer uma definição operacional dos objetivos do projeto. É nesse estágio que se define o problema a ser resolvido e, principalmente, como avaliaremos se ele foi resolvido ou não e seus respectivos indicadores. Aqui definimos a meta a ser atingida por um determinado programa em termos palpáveis, como: aumento/redução, ampliação/diminuição de itens quantificáveis como média das notas de satisfação, adimplência, matrículas de imóveis, participação em assembléias, etc. Pela diretriz do BID, indicadores de efeitos devem ter como referência um grupocontrole com o qual comparamos o grupo-tratamento, como num experimento qualquer. Em outras palavras, devem-se comparar os efeitos de uma determinada intervenção numa favela ou loteamento com outra favela ou loteamento com características similares que não tenha sofrido essa intervenção. O que se fez e faz normalmente é apenas avaliar o antes-versus-depois nas condições de vida de uma população beneficiada (p.ex. monitoramento do PROVER). Já o uso de grupos-controle visa a minimizar principalmente os erros de medição de avaliações subjetivas, nas 10 Indicadores Permanentes de Monitoramento quais o entrevistado tende a dar respostas de acordo com os benefícios que imagina auferir do poder público. Filtra também alterações de qualidade de vida resultantes da situação econômica do país nos anos decorridos entre as pesquisas. A obtenção de grupos-controle é facilitada pelo cadastro de favelas existente no HABISP, que permite a escolha de uma área com perfis físico e sócio-econômico semelhante ao grupotratamento para servir como grupo-controle. No quesito produtos, o BID financia hoje quatro grandes grupos de programas habitacionais, sendo eles: Urbanização de favelas; Subsídios à compra de casas e apartamentos do setor privado; Facilitação de acesso a lotes urbanizados; e Crédito habitacional Atualmente a SEHAB trabalha com todas essas modalidades individualmente ou em convênio, à exceção dos subsídios de compra de imóveis (as subvenções ao mercado hoje acontecem na forma de bolsa-aluguel/locação social). Para cada um desses tipos de programa, o banco sugere um grupo de indicadores destinados a “medir quantidade, qualidade, foco e obediência ao cronograma dos produtos propostos” (id. 2006 4). O banco considera fundamental uma seleção rigorosa de indicadores de modo a minimizar a duplicidade de informação: Equipes de projeto devem selecionar impiedosamente os indicadores, mantendo apenas aqueles relacionados aos temas-chave do programa e aqueles que permitam uma comparação com outros projetos financiados pelo banco.(7) Esse último quesito frisado pelo documento do banco corrobora aquilo que dissemos na introdução a respeito da necessidade de se formar um núcleo de indicadores formatados de modo a serem facilmente reconhecidos pelos órgãos multilaterais e de fomento. Essa certeza de comparabilidade se traduz em economia de tempo e recursos para o órgão financiador durante o monitoramento, aumentando a qualidade da proposta e suas chances de aprovação.Os indicadores sugeridos pelo BID (2006) para o monitoramento dos quatro tipos de programa estão resumidos no Quadro 1. 11 Indicadores Permanentes de Monitoramento Quadro 1. Indicadores de monitoramento, por tipo de programa habitacional - Banco Interamericano de Desenvolvimento Urbanização de favelas Programas de melhoria de infra-estrutura Programas de incentivo à autoconstrução Indicador Tipo Indicador Tipo Domicílios beneficiados (em % do total da área) Produto Domicílios beneficiados por subsídios à construção (total) Produto Produto Domicílios que receberam microcrédito (total) Produto Produto Domicílios-alvo do programa (% de domicílios com renda familiar total abaixo da linha de pobreza que receberam subsídios e/ou microcrédito) Produto Custo por domicílio (razão entre o total dos custos e o número de domicílios beneficiados) Produto Custo real da construção/reforma (média por m2 entre os beneficiados pelo programa) Produto Matrículas de imóveis (número de matrículas ao final do projeto) Produto Média de área acrescida (média de área construída em m2 adicionada aos domicílios por meio de subsídios e microcrédito) Produto Valor habitacional agregado (valor médio agregado ao imóvel em relação ao aumento de imóveis em favelas nãoatendidas) Efeito Participação intermediária real (número de instituições públicas, governamentais e privadas que administram os recursos) Produto Qualificação dos imóveis (investimento médio feito pelos moradores em suas casas em relação ao investimento médio de moradores de favelas não-atendidas) Efeito Participação de instituições financeiras (número de órgãos financeiros administrando o programa) Produto Consumo de água (aumento da utilização de água tratada na área atendida) Efeito Spread do microcrédito (diferença entre o custo dos recursos e a taxa de empréstimo dos beneficiados) Efeito Ligações de esgoto (aumento na % de domicílios atendidos versus o aumento nas favelas não-atendidas) Efeito Alavancagem do subsídio (razão entre o total da renda doméstica acrescida pelos subsídios e o total de gastos com o projeto) Efeito Envolvimento da comunidade (aumento da participação nas associações/ condomínios e no pagamento de taxas associativas/ condominiais) Efeito Diferença de valor dos ativos (estimativa técnica do acréscimo médio de valor dos imóveis - lote e casa - em conseqüência do projeto) Efeito Domicílios-alvo do programa (% de domicílios beneficiados que estão na faixa de renda a que o programa se destina) Aumento de área (aumento médio da área construída em relação ao aumento médio de área construída em favelas semelhantes no período) Angel, Jacobs (2006), 7-15 - adaptado 12 Indicadores Permanentes de Monitoramento Quadro 1 (cont.) Acesso a lotes Crédito habitacional Indicador Tipo Indicador Tipo Domicílios-foco (% dos domicílios beneficiados cujas rendas familiares médias estão abaixo da linha de pobreza) Produto Domicílios beneficiados por cartas de crédito (total do projeto) Produto Lotes com preços acessíveis (número de novos lotes que se tornaram acessíveis a domicílios com rendas abaixo do foco graças ao projeto) Produto Crédito acessível (menor renda mínima necessária para se qualificar como tomador de empréstimo no setor bancário privado) Produto Implementação de legislação de parcelamento (número total de unidades administrativas que implementaram programas que facilitam a outorga de lotes parcelados) Produto Participação real dos bancos comerciais (número de instituições financeiras que concederam crédito habitacional a famílias beneficiadas por subsídios do projeto) Produto Parcela do lote no custo total da casa (% do custo do lote urbanizado sobre o custo total médio de uma casa-padrão na área) Efeito Redução do prazo de execução de dívidas nãopagas (tempo médio transcorrido) Produto Fator de multiplicação da urbanização dos lotes (razão média entre o preço dos lotes urbanizados e o preço da terra não-urbanizada na área) Efeito Spread do crédito (diferença média, em pontosbase, entre as taxas oferecidas a compradores e as taxas dos títulos do governo - de 1, 5 ou 10, conforme o mercado) Efeito Área residencial acrescida (área em HA acrescentada na forma de lotes urbanizados financiados pelo projeto) Efeito Preço real do domicílio (preço mediano das casas compradas por famílias beneficiadas pelo programa de crédito) Efeito Parcela de lotes residenciais em áreas de baixa renda/informais (% de lotes urbanizados acrescentados anualmente sobre a área loteada total na região) Efeito Prazo de pagamento (alteração no prazo de saldo do empréstimo de prazo mais longo, em anos para pagar) Efeito Efeito Taxa de inadimplência (razão entre o número de créditos subsidiados com pagamento em atraso de mais de três meses, e o atraso médio no portfólio dos bancos privados) Efeito Fator de multiplicação da conversão dos lotes (razão entre o preço de um m2 de lote urbanizável e o valor do m2 de lotes nãourbanizáveis nas adjacências) Efeito Atividade no mercado secundário (volume de cartas de crédito habitacional adquiridas por meio de fundos de mercado secundário financiados pelo projeto) Efeito Produção de lotes por informais (número de lotes produzidos anualmente por loteadores informais cadastrados pelo projeto) Efeito Retração da participação do governo no mercado de crédito habitacional (% ano após ano) Impacto Atraso na autorização (tempo, em meses, necessário atualmente para se obter as licenças necessárias para implementar um loteamento urbanizado) Angel, Jacobs (2006), 7-15 - adaptado 13 Indicadores Permanentes de Monitoramento ONU - Habitat: Metas do milênio Em 2002, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONUHabitat), juntamente com a Cities Alliance promoveu uma série de encontros visando estabelecer indicadores de direito à habitação. Esses encontros tiveram por objetivo padronizar o monitoramento dos progressos feitos por países no sentido do cumprimento da Meta 11 das “Metas do Milênio” das Nações Unidas: Meta 11: Melhorar substancialmente as condições de vida de 100 milhões de favelados até 2020. As definições operacionais daí derivadas se concentraram em dois grandes grupos: Segurança de Posse (proteção contra despejos forçados, titulação) e Definição de Favela. O primeiro item se refere essencialmente à melhora da aplicação dos mecanismos jurídicos que evitam que famílias sejam despejadas ilegalmente. Já o segundo, mais relevante para nossos propósitos, visa monitorar o progresso feito em nível nacional para diminuição do número de pessoas vivendo em favelas, padronizando a caracterização dessas áreas em termos de clusters censitários. Chegou-se então a uma definição de favela como área em que pelo menos uma dessas características está presente, feita a ressalva de que em alguns países, notadamente os de renda média, a definição poderia ser adaptada de modo a incluir mais de um desses itens. Insegurança quanto a direito de posse Acesso inadequado a água tratada Acesso inadequado a saneamento e outros itens de infra-estrutura Má qualidade estrutural das casas Alta densidade Para cada um desses itens foram definidos indicadores operacionais provisórios, que evoluíram em 2003 para uma lista de 15 “Indicadores do Direito a Habitação Adequada”, como parte de uma reunião entre o ONU - Habitat e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Essa lista está resumida no quadro abaixo: 14 Indicadores Permanentes de Monitoramento Quadro 2. 15 Indicadores de direito à moradia adequada, ONU - Habitat e OHCHR Grupo Indicador Habitabilidade Área construída suficiente (Número de pessoas por cômodo) Durabilidade (% vivendo em estruturas permanentes e em acordo com a legislação) Acesso a serviços Proporção de domicílios com acesso a água potável Proporção de domicílios com esgotamento sanitário Custo da habitação para as famílias Razão entre a renda domiciliar mediana mensal e os gastos domiciliares medianos mensais Segurança de posse Proporção de domicílios com garantia jurídica de posse População sem teto Pessoas sem teto por 100 mil habitantes, evolução ao longo de 5 anos População favelada Proporção da população urbana vivendo em favelas, ao longo de 5 anos Despejos forçados Pessoas sujeitas a despejos ilegais por 100 mil, ao longo de 5 ou mais anos Legislação Processo legal permite que se invoquem padrões internacionais de direito a habitação Há direito a assistência jurídica gratuita ou subsidiada em casos de violação desses direitos? Tempo médio de trâmite de processos relacionados a direitos habitacionais na justiça Política institucional % da população-alvo (p.ex. abaixo da linha de pobreza) que participa de algum programa habitacional As pessoas têm direitos legais de serem informadas sobre decisões que vão afetar seu direito à moradia? Há mecanismos públicos institucionais acessíveis localmente que ofereçam informação e ajuda em casos de violação do direito à moradia? Fontes: ONU-HABITAT 2003a, 2003b, 2003c. 15 Indicadores Permanentes de Monitoramento PARTE 2 Indicadores já utilizados por HABI Monitoramento e avaliação são práticas relativamente recentes em HABI. As primeiras avaliações remontam ao PROCAV I (1987), financiado pelo BID, e cuja metodologia foi melhorada e aplicada em larga escala no PROCAV II, que já incorporou desde o início um sistema de monitoramento permanente. O sistema de planejamento de projeto baseado em Quadro Lógico foi aplicado então a partir do de Verticalização de Favelas PROVER (1994). Antes disso, HABI não trabalhava dados de monitoramento como ferramentas de planejamento —ou seja, acumular dados de resultados de maneira sistemática visando avaliar o quanto da inadequação existente vinha sendo reduzida por meio do programa de urbanização de favelas. Entre 1999 e 2003 foram realizadas sete pesquisas de campo como parte do monitoramento do PROVER vinculadas a uma exigência contratual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essas pesquisas se deram durante a implementação dos projetos (monitoramento propriamente dito) e quando de sua conclusão (avaliação). Foram feitos sete monitoramentos baseados em pesquisas socioeconômicas e de uso. No monitoramento sócio-econômico de reassentamento, pré e pós-uso do PROVER foram utilizados 21 indicadores em instrumentais aplicados a moradores consistindo em até 40 questões num total de 12 páginas. Quadro 2-A. Indicadores utilizados no Monitoramento do PROVER (1998-2002) Pesquisa/Monitoramento: Grau de realização do programa Grau de ocupação Densidade ocupacional Satisfação (média das notas) Colaboração com as normas (média das notas) % de famílias que realizaram melhorias Situação física das áreas comuns e cuidado com meio ambiente Média da renda familiar total em R$ Taxa de desemprego (10 anos e mais) Qualidade do emprego (10 anos e mais) Nível de educação (freqüência à escola) Número de ocupações irregulares e controle de sua solução P1/M2 P2/M3 P3/M4 P4/M5 P5/M6 P6/M7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 16 Indicadores Permanentes de Monitoramento Índice de mora nos pagamentos • Ações judiciais para retomada do imóvel por situações irregulares • • Concessão de TPUs por empreendimento (precários e onerosos) • • Estágio de regularização fundiária junto ao legislativo municipal • • • • • • • • Nível de organização dos sistemas condominiais (% de blocos com livro ata) • • Nível da gestão financeira dos sistemas condominiais (% de blocos com livro caixa) • • Concessão de títulos definitivos de propriedade registrados em cartório de imóveis Reforço da ação social para educação sanitária e ambiental (número médio de participantes/reunião) Comportamento adequado à convivência condominial • Fontes: Consolidação a partir de monitoramentos do PROVER (1999-2003), adaptados O monitoramento do programa de regularização de loteamentos Lote Legal teve um número bem mais restrito de indicadores e que se manteve ao longo do tempo (19982002). Isso se explica em parte pelo programa envolver menos atores, etapas e complexidade bem menor de implementação do que o do PROVER. Este compreendia grandes obras civis, remoções e um esforço considerável de orientação pós-uso. Quadro 2-B. Indicadores utilizados no Monitoramento do Lote Legal (1998-2002) Pesquisa 1 2 3 4 5 Quantidade de ligações condominiais de luz, água e esgotos • • • • • • • • • • Habitações com atendimento regular de coleta de lixo % de iluminação pública Quantidade de plantas de regularização de loteamentos averbadas e arquivadas no respectivo cartório de registro de imóveis • • • • • • 17 Indicadores Permanentes de Monitoramento Quantidade de registros de títulos de propriedade em cartório, para cada loteamento previsto no programa • • • • • Índice de mora dos beneficiários com relação aos depósitos em juízo de prestações • • • • • Fontes: Consolidação a partir de monitoramentos do Lote Legal (1999-2003) na biblioteca de HABI, adaptados O acompanhamento dos programas financiados pelo BID foi uma experiência de aprendizado institucional tanto para HABI como para os agentes contratados para implementar as pesquisas. O processo foi discutido após cada monitoramento com base em relatórios de auditorias externas e missões do próprio banco. Essa discussão resultou numa compreensão melhor do que é o Marco Lógico referido anteriormente e num ajuste da metodologia às exigências do financiador em termos de objetividade e rigor. Já no quinto monitoramento (2002) temos uma definição dos objetivos de cada programa em termos de efeitos (“outcomes”, no linguajar do modelo de Marco Lógico adotado). Esses seriam, a princípio, as conseqüências diretas dos projetos para os seus beneficiários. A definição dos indicadores de monitoramento, portanto, partiria desses objetivos. Os efeitos previstos para o PROVER foram Melhoria da renda, em termos de qualidade de emprego e nível de educação das famílias beneficiadas Reforço de ações pedagógicas, sanitárias, ambientais e de convivência Disciplina do uso e da ocupação dos domicílios Adaptabilidade a situações especiais (por exemplo, possibilidade de firmar acordos caso a caso com inadimplentes) Outorga generalizada de concessão e renovação de termos de permissão de uso Registro de irregularidades Concessão de títulos definitivos, com registro em cartório de imóveis Redução da inadimplência Para o Lote Legal se anteciparam as seguintes conseqüências: Aumentar a quantidade de ligações de água, luz e esgoto Aumentar os domicílios atendidos por coleta de lixo Produzir mais plantas para regularização Aumentar o número de registros de títulos de propriedade em cartório 18 Indicadores Permanentes de Monitoramento Em 2001 se discutia o problema da incomparabilidade das séries históricas por causa da mudança de instrumentais de pesquisa sócio-econômica (Via Pública 2001, Relatório 1) implementados por contratadas diferentes. Esses instrumentais, se observou, padeciam também de falta de padronização com dados administrativos e as poucas pesquisas de pós-uso físico existentes à época. No entanto, como o quadro demonstra, uma vez iniciado o monitoramento, houve uma preocupação em se manter os indicadores constantes a bem do acompanhamento do progresso feito. São acrescentados aqueles não-aplicáveis às etapas iniciais do programa (como os indicadores de pós-uso, como a gestão do sistema condominial e adimplência). É a partir do quinto monitoramento (2001) que se faz uma extensa discussão dos indicadores principalmente de levantamento de uso irregular por meio de troca, aluguel, cessão, venda, permuta e uso para fins comerciais dos domicílios integrantes do PROVER. (Via Pública 2001, Relatórios 1 a 3.) Já os últimos monitoramentos (6 e 7) são relatórios de impacto, com as obras já quase todas terminadas e tendo perfil mais de avaliação do programa: buscam avaliar o que se conquistou, comparar com o previsto, perguntar o por quê das diferenças entre os dois. Para se adequar às recomendações mais recentes, e para produzir resultados de avaliação de efeito com maior validação metodológica, o monitoramento das ações do PROVER teria de incorporar pesquisas sócio-econômicas utilizando grupos-controle, a que nos referimos anteriormente: comparar o efeito da mudança sofrida por moradores de favelas semelhantes, sendo que um se beneficiou da mudança para o apartamento e outro permaneceu onde estava. Vale notar também que os indicadores de satisfação, que incluíam um conjunto grande de variáveis no acompanhamento do PROVER, não fazem parte das recomendações mais recentes de monitoramento do BID (Angel, Jacobs 2006), tendo perdido espaço para indicadores mais objetivos Monitoramento do PROCAV 2 Os resultados do plano de reassentamento do Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Vias e Recuperação Ambiental e Social de Fundos de Vale (PROCAV) foram medidos primeiramente na chamada “Avaliação de Meio Termo” na forma de pesquisa censitária com famílias transferidas até 1999 para conjuntos habitacionais. Essa pesquisa foi apenas um componente do acompanhamento mais amplo, feito em termos geo-espaciais e na forma de relatórios semestrais do BID. Utilizou 24 indicadores compostos próprios agrupados em quatro categorias: perfil sócioeconômico, avaliação da mudança, comparação favela/conjunto e comparação entre os serviços públicos utilizados antes e depois da mudança. Une, portanto, pesquisa sócio-econômica com variáveis de avaliação pós-uso, a exemplo dos monitoramentos do PROVER. 19 Indicadores Permanentes de Monitoramento Os instrumentais utilizados, produzidos por consultoria contratada especificamente para esse trabalho, distintos daqueles usados no monitoramento do PROVER, geram dados apenas parcialmente comparáveis com os daquele programa. Os indicadores, agrupados por categoria estão detalhados no Quadro 3. Quadro 3. Avaliação de meio termo do plano de reassentamento do PROCAV 2 (1999) Grupo Dados sócio-econômicos Avaliação da mudança Comparação favela - conjunto habitacional Indicadores Renda familiar Situação de emprego Escolaridade do chefe do domicílio Despesas familiares Percepção da qualidade de vida Relações com a vizinhança Participação em associações Distância do comércio Distância da escola Atendimento médico Segurança Diversão Distância do trabalho Proximidade de amigos e parentes Avaliação geral do domicílio Necessidades da família Comparação entre os gastos antes e depois Comparação da qualidade dos serviços públicos Pagamentos efetuados Creches/Escolas/Esportes/Postos de Saúde/Feiras Livres/Posto Policial/Parques/Correios Serviços que faltam O que poderia ser feito para melhorar processo de transferência da favela para o conjunto Fonte: Mazzeo & Rangel, 2000 Essa pesquisa de satisfação tem grande ênfase na comparação antes-e-depois e utiliza uma maioria de indicadores de percepção. Como no caso do PROVER, esses indicadores de bem-estar são importantes, porém dados objetivos de fortalecimento dos vínculos com o local de moradia, como a participação em associações e o uso de equipamentos públicos do bairro têm tido a preferência das agências de fomento. Mesmo a Caixa Econômica Federal, no modelo de Proposta Preliminar para Análise de Viabilidade Social dos programas que financia, pede a caracterização da organização comunitária em termos todos objetivos – tais como número de lideranças na área, ONGs, seu grau de representatividade, participação na manutenção de equipamentos, etc. (CEF, 2003, Mod. 10). 20 Indicadores Permanentes de Monitoramento Na conclusão do programa PROCAV 2 foi feito um relatório de avaliação do programa como um todo, com ênfase particular no processo de reassentamento. Os grupos de indicadores foram divididos com vistas a avaliar os efeitos do programa em termos de pertinência, eficiência, eficácia, resultados e grau de satisfação1. Cada aspecto da avaliação foi dividido em indicadores complexos, que por sua vez compreendiam uma série de indicadores diretos, divididos em variáveis. Em cada etapa dessa categorização foram atribuídos pesos relativos a cada indicador/variável, compondo um índice de fácil leitura, em escala 0-100. Quadro 4. Aspectos e dimensões da avaliação do reassentamento de famílias do PROCAV 2 Aspectos Pertinência Eficiência Eficácia Resultados Grau de satisfação Dimensões Urbanística Arquitetônica Construtiva Sócio-econômica Sócio-política Implantação dos conjuntos habitacionais Ações sociais de pré- e pós-traslado Urbanística Arquitetônica Construtiva Sócio-econômica Sócio-política Moradia Tipo e tamanho da família Trabalho e emprego Renda familiar Orçamento familiar Agenciamento dos espaços do conjunto habitacional Produto moradia Modelo econômico Participação social Fonte: GEPROCAV/ZIGUIA s/d 9 1 “Pertinência: conexões entre vulnerabilidade/capacidade das famílias de restabelecer seu quadro de subsistência e o modelo de soluções físicas, financeiras e sociais adotados para efetivar o reassentamento, expressos no Plano de Reassentamento; Eficiência: comparação entre previsto e realizado em termos de prazos e recursos ao longo do ciclo do processo de reassentamento; Eficácia: graus de atingimento, ao longo do processo de reassentamento das famílias, dos objetivos e metas estabelecidos; Resultados: resultados do reassentamento nas condições de vida da população alvo do programas; Grau de satisfação: grau de satisfação dos beneficiários bem como suas predisposiçÕes para usufruir e manter a residência de reposição.” (ZIGUIA/GEPROCAV s/d 8) 21 Indicadores Permanentes de Monitoramento Como se nota, a metodologia procurou capturar todas as dimensões previstas nos objetivos do programa em termos de mudança alcançada e também, no caso das dimensões “eficácia” e “eficiência”, descrever o ritmo e o cumprimento de prazos de sua execução – componentes de monitoramento propriamente. Utilizou também outras favelas como grupos-controle e pesquisa sócio-econômica antes/depois, seguindo a rigor as orientações do BID. O relatório completo produzido para prestar contas à agência financiadora não entrou, porém, em banco de dados de planejamento para que pudesse ser comparado com outros projetos em termos de seus resultados. A complexidade dos dados produzidos, com índices ponderados para cada grupo de indicadores facilita o entendimento do impacto das ações, porém dificulta sua comparabilidade, já que esses índices não são os mesmos utilizados no monitoramento e na avaliação dos outros programas de urbanização de favelas. Ainda assim, desses dados é possível extrair todas as variáveischave que propomos na conclusão deste documento e comparar seus atributos com os de outros projetos. PARTE 3 Práticas de monitoramento em HABI Primeiramente é preciso distinguir as práticas efetivas de monitoramento daquelas de levantamento de dados-base, que são os levantamentos nos quais o monitoramento se apóia para medir as transformações geradas por programas e projetos. Nesse último caso, a documentação em HABI compreende boa série estatística sobre a localização e o perfil demográfico das áreas inadequadas para habitação em São Paulo. Como já observamos, quando a unidade de análise é o domicílio, esses dados se baseiam inicialmente em censos, amostragens e projeções feitos desde 1973. Parte desses dados deriva de campos próprios de HABI (1973, 1986/7) e parte em estudos encomendados a terceiros – FIPE (1993), projeção por amostragem e CEM, 2002/3, com dados do censo/IBGE. As informações de campo coletadas por pesquisas sócioeconômicas a partir de 2003, assim como cadastramentos de domicílios efetuados por meio de instrumentais expandidos (a partir do IUC) para obras de urbanização formam uma base parcial, porém mais atualizada que a do IBGE, que se renova de 10 em 10 anos. Já tomando como unidade de análise a área, temos o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, da Fundação SEADE, o cadastro de favelas geo-referenciado existente no HABISP e o sistema de priorização em curso com base na construção de um índice de vulnerabilidade composto também por variáveis geotécnicas e de infraestrutura. Discutimos essas bases a seguir. 22 Indicadores Permanentes de Monitoramento O IPVS, criado pela Fundação SEADE, baseia-se no cruzamento de variáveis sócioeconômicas com aquelas do ciclo de vida das famílias para formar um índice que descreve a vulnerabilidade da média dos domicílios em um setor censitário (definido como um conjunto de 300 residências.) O IPVS baseou-se em dois pressupostos. O primeiro foi a compreensão de que as múltiplas dimensões da pobreza precisam ser consideradas em um estudo sobre vulnerabilidade social. Nesse sentido, buscou-se a criação de uma tipologia de situações de exposição à vulnerabilidade que expressasse tais dimensões, agregando aos indicadores de renda outros referentes à escolaridade e ao ciclo de vida familiar. O segundo pressuposto foi a consideração de que a segregação espacial....contribui decisivamente para a permanência dos padrões de desigualdade social que os caracteriza. (SEADE , s/d, 2) Por ser baseado em agrupamentos, esse índice permite que se determine a precariedade das condições de vida em pequenas áreas, dado esse que pode ser sobreposto aos chamados setores subnormais para se chegar ao grau relativo de privação em que se encontram os moradores de uma área de risco. O índice em si se apóia em uma metodologia em que se cruzam variáveis de diferentes indicadores ao longo de dois eixos: nível socioeconômico (indicadores de escolaridade e renda) e ciclo de vida familiar (variáveis de idade média do chefe de família e presença de crianças no setor censitário.) O cruzamento desses eixos resulta numa escala de vulnerabilidade social que reflete o grau de dificuldade das famílias de um dado setor de superarem a condição de pobreza em que se encontram; a isso corresponderia, portanto, a necessidade de o Estado intervir com ações visando elevar renda, educação e melhorar os equipamentos públicos nessas áreas. Trata-se de um indicador cujo objetivo é priorizar ações de governo. Quadro 5. Variáveis do IPVS Fontes: IBGE. Censo Demográfico 2000; Fundação Seade. Há em curso a elaboração de uma ferramenta de priorização baseada também em dados primários do IBGE, porém retrabalhados pela Fundação SEADE na forma do IPVS 23 Indicadores Permanentes de Monitoramento e acrescidos de um estudo geotécnico feito pelo IPT/FUSP que caracteriza o grau relativo de risco de solapamento e escorregamento de uma determinada favela. A partir dessa caracterização, se passa então a classificação do tipo de ocupação e, com base nele se decide a ação a tomar (remoção, regularização, urbanização), correspondendo cada um a programas já existentes em HABI ou RESOLO. Propôs-se então um índice composto de cinco grupos de indicadores, com pesos distintos, para que cada programa determine qual área terá prioridade de atendimento. Até maio de 2007, esses grupos de indicadores seriam: Infra-estrutura urbana (indicador composto) Risco de solapamento e escorregamento (trabalhado a partir do estudo do IPT) Vulnerabilidade social (índice da Fundação SEADE) Saúde (dados das subprefeituras, variáveis em discussão) Fonte: Cities Alliance, 2007 Os indicadores sugeridos são compostos de uma série de variáveis tendo como unidade de análise os setores censitários sobrepostos a áreas de risco / favelas, cada uma com um peso na composição do índice, e que não vem ao caso aqui para os nossos propósitos, que são de padronização de coleta. Os indicadores são como seguem: Quadro 6. Variáveis que compõem o Índice de Priorização Índice de risco de solapamento e escorregamento Índice de infra-estrutura Índice de vulnerabilidade social Índice de saúde Indicador composto segundo variáveis utilizadas por estudo do IPT/FUSP % de rede de abastecimento de água % de rede de esgoto % de rede elétrica domiciliar % de rede de iluminação pública Drenagem pluvial % de vias pavimentadas Coleta de lixo Indicador composto, Fundação SEADE Dados compostos fornecidos pelas subprefeituras para conjuntos de áreas Fonte: Cities Alliance, 2007 A utilização do IPVS como ponto de partida para se formar um sistema de indicadores sócio-econômicos traz um duplo benefício: (1) padroniza os indicadores socioeconômicos que integram praticamente todos os levantamentos (monitoramento e pesquisa) e cadastros feitos em HABI; (2) gera um banco de dados incremental, pois se baseia em indicadores que serão utilizados nos censos subseqüentes. Essas virtudes permitem que o planejador avalie, ao longo do tempo, o efeito das intervenções sobre as condições de vida das famílias beneficiadas pelos programas pois os dados coletados serão inteiramente comparáveis com o grupo não-beneficiado. Essa comparabilidade com os não-beneficiados é pré-requisito para a avaliação dos efeitos 24 Indicadores Permanentes de Monitoramento de uma política, e condição essencial para que o monitoramento se enquadre nos padrões metodológicos do BID e organismos de fomento em geral. Na unidade de análise domicílio, a implementação do instrumental único de cadastro permitiu que se acumulasse uma boa quantidade de dados comparáveis que hoje formam o cadastro de favelas do município no banco HABISP, em processo de implementação2. Dos três tipos de instrumental, o cadastro foi apontado como o que evoluiu mais na direção de um banco de dados unificado, com categorias desagregadas comparáveis. Esse instrumental tem um núcleo de 4 grupos de variáveis aplicadas a todos os pesquisados, compreendendo Identificação do domicílio Qualificação dos responsáveis Situação habitacional Dados sócio-econômicos e composição familiar A esses quatro grupos podem-se acrescentar outros com fins de levantar dados mais específicos, sem contudo se alterar o núcleo. No caso do cadastro do programa PATProsanear, por exemplo, foram acrescentadas duas categorias de indicadores relacionados às condições físicas do domicílio (classificação do tipo de construção e infra-estrutura) e um terceiro sobre participação comunitária, em virtude das intervenções necessárias a esse tipo de programa de urbanização, saneamento e realocação de famílias. Outros programas de urbanização de favelas seguem a mesma lógica de se acrescer, e nunca subtrair questões do instrumental. Os instrumentais de levantamento dos programas de urbanização de favelas permitem a construção se um sistema de priorização tendo como unidade de análise o domicílio. Isso foi implementado no caso do Programa Paraisópolis, em que foi montada uma matriz de variáveis casa a casa, levando em conta os seguintes indicadores: 2 Tipo de uso (residencial ou não) Tempo de moradia no local A COHAB fez a unificação de seu banco de dados, que utiliza instrumental próprio de cadastro. Não obstante as categorias serem distintas das de HABI por se tratar de demanda efetiva e não de atendimento a inadequação, o cruzamento dos dois bancos permite a dupla checagem de domicílios atendidos, dado que tanto o IUC de HABI quanto o cadastro de COHAB perguntam ao interessado (III/2) se já recebeu atendimento habitacional de ambos os órgãos ou ainda da CDHU (Estado). O banco de COHAB utiliza além desse os seguinte indicadores de classificação de demanda: Identificação do interessado Tipo e condição de moradia atual Dados do trabalho Endereço de correspondência Tipo de moradia que possui Pretensão de moradia/financiamento Dados familiares e financeiros 25 Indicadores Permanentes de Monitoramento Condição do imóvel (Próprio, alugado, cedido) Deficiência física Idade avançada Chefe da família do sexo feminino (com cônjuge ou não) Número de pessoas abaixo de 16 anos no domicílio Local de trabalho (domicílio, favela, bairro) O Programa de mananciais, a exemplo de outros programas de urbanização de favelas, utilizava instrumental próprio e passou a utilizar o IUC com dados complementares. Ainda não mantém banco de dados sócio-econômicos, e seus levantamentos se prestam a cadastrar apenas os domicílios que serão afetados pela intervenção. Os acompanhamentos pós-uso são feitos pela CDHU nos casos em que há remoção para seus conjuntos habitacionais. O trabalho sócio-econômico com as famílias reassentadas ou com domicílios afetados parcialmente pelas obras não é sistematizado na forma de indicadores pré- e pós-intervenção. O programa de regularização fundiária foi criado após a promulgação do Estatuto da Cidade, em 2002, que, juntamente com o Plano Diretor Estratégico e lei municipal específica, facilitou a outorga de títulos de posse às famílias residentes em áreas públicas municipais. Há três anos o programa se beneficiou particularmente de um grande esforço de cadastramento dessas famílias e da outorga de concessão de uso. O banco de dados existente foi acumulado a partir de cadastro feito com instrumental próprio com categorias mais restritas do que o IUC, omitindo dados sócio-econômicos como escolaridade, rendas alternativas, situação conjugal e deficiência física. Esse banco permite, em tese, que se tenha uma base a partir da qual se calcular a porcentagem de matrículas sobre a demanda efetiva por regularização. As atribuições do Município se encerram, no entanto, no acompanhamento e atualização dessa base de dados no Departamento de Patrimônio. O acompanhamento do atingimento das metas do programa (matrículas como porcentagem do número de domicílios interessados) demanda uma pesquisa no Registro de Imóveis. Uma parte monitoramento do programa de regularização fundiária depende portanto da iniciativa da prefeitura em cadastrar os domicílios em áreas públicas que cumprem os requisitos de regularização. Essa iniciativa já foi tomada para muitas áreas utilizando um instrumental simplificado. Desse cadastro inicial se estabelece a meta de concessões do direito real de uso (CDRU) a serem, observados os levantamentos planialtimétricos, confrontações e cadastros feitos. Outra parte envolveria o monitoramento do atendimento da população com dúvidas sobre os diferentes tipos de titulação (CDRU, TPU, Escritura) e os procedimentos para se chegar à matrícula efetiva do imóvel. Esse já seria um programa de assistência jurídica com indicadores específicos que ainda não foi implementado. 26 Indicadores Permanentes de Monitoramento O Programa de Cortiços tem estágio avançado de operacionalização das ações na Subprefeitura da Mooca, com a qual firmou convênio de parceria para identificação dos cortiços, cadastramento dos moradores e notificação dos proprietários dos imóveis que não estejam conformes à Lei Municipal 10.928/91, que trata dos padrões sanitários mínimos a serem observados pelas habitações coletivas. A atuação em convênio com a Subprefeitura da Sé avança mais lentamente. Os dados cadastrais e geo-referenciados utilizados pelo programa são do levantamento realizado em 1998 pela FIPE/SEADE como parte de exigência do BID para concessão de empréstimo à CDHU para adequação dos cortiços na região central. Esse cadastro foi atualizado novamente em 2001 como parte do PAC (Programa de Atuação em Cortiços) da mesma empresa. Atualmente os fiscais da subprefeitura da Mooca destacados para o programa de cortiços atualizam o banco de dados do Programa de Cortiços por meio de visitas rotineiras e denúncias de moradores. O monitoramento do programa nas áreas da Sub-Sé e da Sub-Mooca é feito mensalmente utilizando os seguintes indicadores referentes ao conjunto dos imóveis encortiçados na região: Imóveis intimados / total de imóveis encortiçados Retorno dos proprietários / imóveis intimados Vistorias prévias realizadas Recomendações de obra feitas Negociações feitas com proprietários Obras em andamento Atualização no banco de dados HABISP Projetos em andamento para conversão em HIS (Habitação de Interesse Social) O Programa de Cortiços mantém também os seguintes indicadores específicos sobre a situação das transformações de cada imóvel: Imóveis que sofreram mudança de uso (não mais residenciais) Imóveis certificados Imóveis interditados Obra de pequeno porte necessária Obra de médio porte necessária Obra de grande porte necessária Imóveis propícios a transformação em HIS Unidades HIS possíveis Status da negociação com os proprietários para troca/mudança de uso, conversão em HIS e adequação à Lei 10.928 27 Indicadores Permanentes de Monitoramento Esses indicadores são apresentados na forma absoluta e também na forma de relação entre o previsto e o realizado para efeito de acompanhamento dos desdobramentos da intervenção do poder público. Por fim, coletam-se dados referentes ao atendimento habitacional das famílias que precisam desocupar os imóveis temporária ou definitivamente. Essas são classificadas como habilitadas ou não a receber atendimento. Aquelas em atendimento e atendidas, por sua vez, são classificadas de acordo com o tipo de auxílio recebido: Ajuda de custo Carta de crédito Transferência para unidade habitacional Esses dados são comparados com o levantamento da demanda geral (moradores de cortiços notificados) e da demanda mais urgente (moradores de imóveis com obras em andamento) para se ter uma idéia do progresso atingido. Os procedimentos de vistoria, triagem e realocação das famílias estão previstos em fluxograma específico elaborado pelo Programa de Cortiços em parceria com a CDHU. Esses procedimentos incluem o cadastramento utilizando a ficha única de HABI. O monitoramento da parte física e jurídica do projeto está estruturado e permite que o banco de dados seja atualizado permanentemente sem alteração de critérios e categorias. O acompanhamento dos resultados é portanto facilmente mensurável. Já o monitoramento do atendimento habitacional está limitado à quantificação da demanda e a determinação do percentual de famílias atendido por cada tipo de programa (ajuda de custo, carta de crédito, unidade habitacional). Por hora não há avaliação sistemática do grau de satisfação dos moradores após as intervenções em cortiços, muito menos comparação dessa percepção com aquela dos moradores em imóveis ainda não adaptados. O fato de as propriedades serem particulares e de o custo das reformas ser coberto pelos donos não impede que uma avaliação pósocupação seja feita na forma de pesquisa de opinião porta-a-porta após a conclusão da obra. O processo de monitoramento das ações do Programa de Cortiços é adequado no tocante ao acompanhamento de obras físicas e ao progresso das tratativas administrativas com os proprietários. A sistemática de avaliação está bem detalhada e usa uma quantidade adequada de indicadores objetivos sobre a porcentagem do realizado sobre o previsto. É também construída de modo a fornecer dados periodicamente ao Sistema HABISP. O atendimento habitacional utiliza a ficha cadastral única de HABI para seus levantamentos de demanda e faz a contagem dos atendimentos efetivamente realizados. No entanto, não existe atualmente (nem está previsto como meta para 2007) um instrumental de monitoramento de pós-ocupação 28 Indicadores Permanentes de Monitoramento que avalie as condições objetivas (grau de adensamento, rotatividade de moradores) e subjetivas (satisfação geral, percepção de vulnerabilidade, etc.) dos inquilinos após a reforma. PARTE 4 Indicadores permanentes de avaliação propostos Passamos a seguir à proposta de oito indicadores mínimos com base nas referências nacionais e internacionais escolhidas e na base de dados existente em HABI. Todos eles podem ser aferidos no nível do domicílio com os instrumentais existentes e/ou bancos de dados públicos. Indicadores de desempenho devem ser verificáveis, ou seja, devem ser selecionados de maneira que haja um modo inequívoco de medi-los na vida real. No monitoramento de projetos, esses indicadores devem especificar metas ao longo das seguintes dimensões (ADB 1998, 10, 46): As quantidades a atingir Os padrões de qualidade a obter O prazo para cumprimento dessas metas quantitativas e qualitativas O local/área a ser beneficiado Todos os indicadores selecionados cumprem esse critério simples de verificabilidade. Definido isso, então, se passa a especificar o conjunto de indicadores mensuráveis com base na idéia de que os resultados de diferentes programas possam ser claramente comparados por meio de sua aplicação (id., 1998, 49 adaptado): Os dados devem estar disponíveis em bancos de dados existentes. Caso contrário, devem ser coletados por métodos convencionais. Os dados devem ser confiáveis (fonte deve ter utilizado metodologia comprovada) Os dados devem ser obtidos ou produzidos com regularidade. Esses critérios de verificabilidade de indicadores valem tanto para projetos de habitação popular desenhados e/ou financiados por terceiros como para aqueles de execução rotineira dentro de HABI, como o sistema de classificação e priorização em curso. Os indicadores escolhidos todos cumprem essa exigência. Fizemos o cruzamento entre as variáveis disponíveis nos diversos estudos existentes em arquivo e banco de dados para intervenção em áreas de habitação inadequada com as diretrizes e exigências dos órgãos de fomento. Selecionamos os indicadores 29 Indicadores Permanentes de Monitoramento presentes na maioria deles (pelo menos metade) para cada categoria, e os apresentamos abaixo. O cruzamento dos indicadores está apresentado no Quadro 8 na página seguinte. Passamos a seguir a detalhar como cada um desses oito indicadores de produto deve ser recolhido (no caso de novas pesquisas) e processado (no caso de comparações com dados existentes) de maneira a garantir comparabilidade, validação e replicabilidade. Quadro 7. Indicadores mínimos de monitoramento de programas recomendados 1. Domicílios beneficiados 2. Posse segura documentada do imóvel 3. Consumo de água tratada 4. Tipo de esgotamento sanitário 5. Densidade de ocupação do domicílio 6. Escolaridade do responsável pelo domicílio 7. Rendimento do responsável pelo domicílio 8. Idade do responsável pelo domicílio . 30 Indicadores Permanentes de Monitoramento Quadro 8. Seleção de indicadores de monitoramento aplicados e recomendados Programas monitorados ou avaliados INDICADOR 1. Domicílios beneficiados 2. Aumento da segurança de posse documentada do imóvel 3. Consumo de água tratada 4. Tipo de esgotamento sanitário 5. Densidade de ocupação do domicílio 6. Escolaridade do responsável 7. Rendimento médio do responsável 8. Idade do responsável Cadastros PROCAV 2 MEIO TERMO PROCAV 2 FINAL PROVER 1999-2003 LOTE LEGAL 1998-2002 √ √ √ √ INSTRUMENTAL ÚNICO DE CADASTRO N/A √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ URB. DE FAVELAS REGUL. FUNDIÁRIA N/A √ PRIORIZAÇÃO (CITIES ALLIANCE) N/A IBGE/ CENSO 2000 BID SEADE/ IPVS √ √ √ N/A √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Célula vazia = Indicador não utilizado ou não recomendado Ferramentas de classificação ONU/ HABITAT √ N/A = Não se aplica ao caso Órgãos Internacionais √ N/A √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 31 Indicadores Permanentes de Monitoramento 1. Domicílios beneficiados Indicador monitorado: Total de domicílios atendidos por um programa ou projeto3 Expressões desta variável: NÚMERO ABSOLUTO Dado está em: relatórios finais de avaliação dos programas Procedimento de aplicação desta variável: Para elaborar séries históricas com programas concluídos, faz-se a comparação direta simples entre todos Para levantar dados em programas futuros, faz-se a contagem simples em campo (total de domicílios atendidos) NÚMERO RELATIVO ao universo de domicílios da área: % de domicílios atendidos do total de domicílios da área Variável adicional que precisa ser coletada: total de domicílios da área. “Área” é definida espacialmente como perímetro da ocupação irregular como um todo, seja ela em área de risco ou não Dado está em: pesquisas censitárias sócio-econômicas pré-intervenção / arrolamentos Procedimento de aplicação: Para se fazer a comparação com programas de urbanização concluídos, o total de domicílios da área é aquele existente à época da intervenção No levantamento de dados de programas futuros, faz-se a contagem em campo do número de domicílios efetivamente atendidos pelo programa, apresentada como razão do total de domicílios da área, incluindo aqueles que não são tecnicamente inadequados (no caso de favelas, as casas fora de área de risco, porém com o mesmo status de ocupação de área pública) NÚMERO RELATIVO ao universo de domicílios-alvo: % de domicílios atendidos do total de domicílios prioritários Variável adicional que precisa ser coletada: domicílios prioritários. A definição de prioridades é baseada nos diagnósticos físicos e sócio-econômicos de cada projeto. Na criação de séries históricas, atém-se à definição de inadequação vigente à época. Na coleta de dados futuros, observam-se os critérios determinados pelo índice de priorização aplicado ao nível do domicílio 3 O atendimento é definido pelos objetivos de cada programa. Assim, por exemplo, se a remoção para conjunto habitacional for a meta, a simples constatação de que determinada família fez sua mudança para a nova UH, isso configura atendimento. Se a meta for a permanência nesta UH, é preciso definir o período mínimo ao final do qual se faz o monitoramento. Num programa de melhora de cortiços, idem. 32 Indicadores Permanentes de Monitoramento Dado está em: bancos produzidos por pesquisa sócio-econômica em cada área sujeita a intervenção Procedimento de aplicação: Para comparação com os programas concluídos: porcentagem de domicílios atendidos entre aqueles situados em zona de risco dentro de cada área segundo definição da época Para programas futuros: Idem, segundo critério de priorização adotado globalmente por HABI 2. Aumento da segurança de posse documentada do imóvel Indicador monitorado: Evolução no grau de segurança de posse documentada dos domicílios atendidos pelo programa Expressões desta variável: NÚMERO ABSOLUTO EM ESCALA INCREMENTAL de grau de segurança de posse: Contrato de Locação > TPU > CCV > Concessão > Escritura* > (Registro**) *outorgada pelo poder público **se aplicável Dado está em: acompanhamentos periódicos dos programas de urbanização de favelas e regularização fundiária / bancos baseados em IUCs; relatórios finais de programas encerrados Procedimento de aplicação: Para comparar programas concluídos, considerar a porcentagem de domicílios atendidos pelo programa que alteraram seu grau de segurança de posse ao final do programa Para monitoramento de programas e projetos futuros, coletar a variável em campo por meio de IUC antes do programa/projeto e ao longo dele, para monitorar o grau de eficácia da orientação dada às famílias, seja em loteamentos (regularização fundiária) ou urbanização de favelas NÚMERO RELATIVO ao universo de domicílios que não participaram do programa (grupo-controle) Evolução do grau de segurança de posse de domicílios com posse documentada em relação a domicílios não atendidos Dado está em: bancos produzidos por cadastros feitos em cada área sujeita a intervenção + cadastros de áreas selecionadas que não participam do programa (no caso de urbanização de favelas) ou não receberam orientação sobre ele (no caso de regularização) Procedimento de aplicação: Para comparar programas concluídos, não é possível com os dados atuais 33 Indicadores Permanentes de Monitoramento Para monitorar programas futuros, escolher grupo-controle por amostragem aleatória simples representativa dos domicílios de áreas não atendidas. Aplicar a pesquisa antes da implementação de um programa (ou fase de um programa) e após sua conclusão 3. Consumo de água tratada Indicador monitorado: Incremento na porcentagem de domicílios com acesso a água corrente tratada Expressões da variável: NÚMERO RELATIVO ao total de domicílios da área de intervenção Dado está em: lista de domicílios atendidos pela Sabesp; cadastros feitos a partir de instrumentais de cadastro de programas de urbanização; relatórios de avaliação e acompanhamento de programas Procedimento de aplicação: Para comparar programas concluídos, contrastar diretamente a mudança ocasionada por cada um relativamente aos domicílios do perímetro onde houve a intervenção Programas futuros, coletar variável de campo (fonte de abastecimento de água) por IUC + complementos, tal como acontece hoje nos programas de urbanização, antes e depois da intervenção 4. Tipo de esgotamento sanitário Indicador monitorado: Alteração na porcentagem de domicílios com ligações de esgoto - rede pública, rede local, fossa ou sem ligação (despejo a céu aberto) Expressões da variável: NÚMERO RELATIVO ao total de domicílios da área, por tipo de ligação Dado está em: lista de domicílios atendidos pela Sabesp; cadastros feitos a partir de instrumentais de programas de urbanização e relatórios de avaliação e acompanhamento de programas Procedimento de aplicação: Para programas concluídos, fazer a comparação direta da evolução em relação ao total de domicílios Em programas futuros, utilizar instrumentais de urbanização de favelas existentes, aplicados antes e depois do programa 5. Densidade ocupacional do domicílio 34 Indicadores Permanentes de Monitoramento Indicador monitorado: Evolução no número de pessoas por domicílio Expressões da variável: FREQUÊNCIAS RELATIVAS (distribuição por faixa de densidade) dentro da área a ser atendida pelo programa Dado está em: Bancos produzidos por instrumentais únicos de cadastro, pesquisas sócio-econômicas dos programas de urbanização concluídos (PROCAV e PROVER), dados do Censo IBGE, levantamentos do Programa de Cortiços. O dado ideal de densidade de ocupação não é por domicílio, e sim por área construída, pois o conceito a que ele está relacionado é o de salubridade, associado a variáveis de conforto como ventilação e utilização de banheiros. A variável utilizada nos instrumentais existentes, no entanto, é a de pessoas por domicílio tais como relatadas pelo respondente à pesquisa. Procedimento de aplicação Para programas concluídos, faz-se a comparação direta entre os levantamentos iniciais e as pesquisas de pós-ocupação, mostrando as freqüências relativas casos de alta, média e baixa densidade (pessoas/domicílio) observando sua distribuição e apontando alterações significativas – por exemplo, se há mais concentração em torno da média quando há reassentamento em apartamentos. Programas futuros: idem acima, coletando os dados tais como pedidos no IUC (número de pessoas no domicílio declarado pelo respondente), antes e depois do programa no caso de urbanização de favelas e ao longo dele, nos casos do programa de cortiços em que há reforma do imóvel. DIFERENÇA ENTRE AS FREQUÊNCIAS RELATIVAS dos casos entre o universo de domicílios que participaram e os que não participaram do programa (grupo-controle) Diferença entre a evolução no número de pessoas por domicílio nos grupos atendidos e nos não-atendidos Dado está em: bancos produzidos por cadastros feitos em cada área sujeita a intervenção; cadastros de áreas selecionadas que não participam do programa (favelas); relação de imóveis encortiçados cujos proprietários não foram notificados Procedimento de aplicação: Para comparar programas concluídos, não é possível com os dados atuais Para monitorar programas futuros, escolher grupo-controle por amostragem aleatória entre os domicílios de áreas não atendidas em número suficiente para ser representativa do universo. Aplicar a pesquisa antes, durante e depois da implementação de um programa. Comparar a distribuição de casos entre o grupo-controle e o grupo-tratamento. 35 Indicadores Permanentes de Monitoramento 6. Escolaridade do responsável pelo domicílio Indicador monitorado: Anos de estudo do responsável pelo domicílio como determinante de outros comportamentos Expressões da variável: VARIÁVEL CONTÍNUA INDEPENDENTE a ser associada com outras variáveis em regressões estatísticas Dado está em: Bancos produzidos por instrumentais únicos de cadastro, pesquisas sócio-econômicas de programas anteriores, dados do Censo IBGE e indicadores compostos (IPVS, Priorização) Procedimentos de aplicação: Programas concluídos – comparação direta utilizando escolaridade como variável associada a outros dados de monitoramento específicos de um programa que se espera que variem com acesso e capacidade de processar informação, como: participação em organizações comunitárias, regularização de documentação e uso adequado dos equipamentos Programas futuros – Idem acima. Coleta de uma variável de campo por Instrumental Único de cadastro (até que ano estudou ou está estudando), ao longo do monitoramento de pósocupação de um empreendimento, verificando a relação entre escolaridade e manutenção de um determinado comportamento. Requer a formulação de uma hipótese estatística e a sua apresentação na forma de associações multi-causais, juntamente com outras variáveis determinantes, inclusive os indicadores 7 e 8 detalhados adiante DIFERENÇA ENTRE O EFEITO DE UMA VARIÁVEL no grupo-controle e no grupo-tratamento Efeito do programa no comportamento de um chefe de domicílio, isolando-se sua escolaridade Dado está em: Regressões feitas com base nos dados acima, repetidas para o grupo-controle (anos de estudo do responsável por domicílios não atendidos por um determinado programa ou projeto). Comparar programas concluídos não é possível com os dados atuais Para monitorar programas futuros, escolher grupo-controle por amostragem aleatória entre os domicílios de áreas não atendidas em número suficiente para ser representativa do universo. 36 Indicadores Permanentes de Monitoramento Aplicar a pesquisa simultaneamente nos dois grupos antes e ao longo da implementação do programa. Para um determinado comportamento a se prever - como por exemplo participação comunitária – introduz-se anos de estudo (variável contínua) e participação no programa (variável binária) numa regressão linear para se avaliar se educação anula ou não o efeito do programa sobre esse comportamento. Mais variáveis podem ser introduzidas na hipótese, a exemplo de 7 (rendimento) e 8 (idade do responsável). 7. Rendimento do responsável pelo domicílio Indicador monitorado: Rendimento do trabalho no último mês, em R$, declarado para o responsável, como determinante de outros comportamentos Expressões da variável: VARIÁVEL CONTÍNUA INDEPENDENTE a ser associada com outras variáveis Dado está em: Bancos produzidos por instrumentais únicos de cadastro, pesquisas sócio-econômicas de programas anteriores e dados do Censo IBGE e IPVS. Rendimento pode ainda ser agrupado em faixas para efeito de comparabilidade com bancos de dados existentes. Importante ainda que o procedimento de medição seja idêntico, exprimindo rendimento (1) do trabalho, (2) no último mês e (3) declarado para o responsável. Outras medições invalidam a comparação. Procedimentos de aplicação: Programas concluídos – comparação direta usando renda como hipótese causal associada principalmente à determinação de domicílios-alvo de um programa ou projeto (priorização), se aplicáveis aos objetivos definidos em Marco Lógico. Variável essencial também ao monitoramento de adimplência, utilização de unidade habitacional para fins não-residenciais e pagamento de taxas condominiais. Programas futuros – Idem acima. Coleta de uma variável de campo por Instrumental Único de cadastro (rendimento do trabalho declarado) e 8. Idade do responsável pelo domicílio Indicador monitorado: Idade declarada para o responsável pelo domicílio, como determinante de vulnerabilidade e focalização de programas Expressões da variável: VARIÁVEL CONTÍNUA a ser utilizada como indicador mínimo indispensável de vulnerabilidade 37 Indicadores Permanentes de Monitoramento Dado está em: Bancos produzidos por instrumentais únicos de cadastro, pesquisas sócio-econômicas de programas, dados do Censo IBGE e IPVS. Aplicações: Programas concluídos –utilizar associada às variáveis 6 e 7 – ou ainda a número de filhos, deficiência física e gênero - como índice de vulnerabilidade aplicado a uma época em que não havia indicadores de priorização sistemáticos para as intervenções. Permite comparar quais programas foram melhor sucedidos na tentativa de atingir a população-alvo. Programas futuros – Indicador deve ser incluído nos Marcos Lógicos de todos os programas em que é necessário definir focalização usando critérios de vulnerabilidade. Variável é coletada em pesquisas de campo pré-intervenção, cadastros, pesquisas amostrais e censos de favelas, cortiços e loteamentos. Deve ser utilizada como um dos denominadores nos indicadores compostos de porcentagens de atendimento da população-alvo. BIBLIOGRAFIA ADB –Asian Development Bank. 1998. Logical Framework. 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S/D. 38 Indicadores Permanentes de Monitoramento Kusek, Jody Z. and Ray C. Rist. 2004. Ten steps to a results-based monitoring and evaluation system. Washington: The World Bank. Mazzeo & Rangel, 2000. Pesquisa de avaliação de meio termo do plano de reassentamento do programa PROCAV II. Data da coleta: 18 a 22/12 de 1999. PMSP/Cógito e Geribello. 2002 “Relatório de monitoramento do Programa de Regularização de Loteamentos (Monitramento V). 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Genebra, 26-28/11/03 Via Pública - Instituto para o desenvolvimento da gestão pública e das organizações de interesse público. 2001 - Relatório 1. “Análise crítica dos indicadores de avaliação do PROVER: Pesquisas socioeconômicas I, II, II e IV; Diretrizes básicas a serem observadas no delineamento da Pesquisa Socioeconômica V” 4/10/2001 Via Pública - Instituto para o desenvolvimento da gestão pública e das organizações de interesse público. “Relatório do Monitoramento VII – Componente urbanização de favelas: análise dos indicadores” Agosto de 2003 Via Pública - Instituto para o desenvolvimento da gestão pública e das organizações de interesse público. 2001. “Análise crítica dos indicadores trabalhados pelos monitoramentos I a IV e pelo Monitoramento V, referentes aos demais temas de abordagem e avaliação (pós-ocupação física e social, inadimplência, regularização fundiária, gestão condominial, etc.) WB-OED - World Bank Operations Evaluation Department. 2003. 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