UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI MILENA TENÓRIO FREITAS DESENVOLVIMENTO DE HABITAÇÃO POPULAR SÃO PAULO 2006 2 MILENA TENÓRIO FREITAS DESENVOLVIMENTO DE HABITAÇÃO POPULAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Profª. MSc. Jane Luchtenberg Vieira SÃO PAULO 2006 3 MILENA TENÓRIO FREITAS DESENVOLVIMENTO DE HABITAÇÃO POPULAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho Apresentado em: 28 de Outubro de 2006 ____________________________________________________ Profª. MSc. Jane Luchtenberg Vieira Nome do Orientador ____________________________________________________ Prof. Carlos Armando Chohfi Nome do Professor Convidado Comentários:________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4 Página opcional reservada para dedicatória. 5 AGRADECIMENTOS São muitos os agradecimentos a serem feitos: − À Universidade Anhembi Morumbi, que exige a realização deste trabalho e através dele pude adquirir conhecimentos que contribuíram para minha formação acadêmica, profissional e como cidadã. − Minha orientadora Professora Mestre Jane Luchtenberg Vieira, que com muita paciência, me ajudou na abordagem de alguns assuntos, me estimulou e criticou meu trabalho possibilitando sua melhora; − Os colegas de trabalho e “colegas fontes de pesquisa”que não me deixaram desanimar e compartilharam comigo seu conhecimento; − Aos amigos que me auxiliaram no desenvolvimento de idéias, na revisão de texto, pelo apoio e companhia em todos os momentos; − Em especial agradeço meus pais pelo amor que me dedicam, pelo carinho, força e ajuda em momentos difíceis, enfim, por eu ser quem sou e estar realizando meus sonhos. 6 RESUMO O Brasil enfrenta o problema do déficit habitacional devido ao descompasso entre o crescimento da população urbana, a oferta e a capacidade de instalação de serviços que possa atendê-la, por isso muitas pessoas vivem em moradias insalubres, sem o mínimo de conforto, segurança ou higiene. Procurando sanar este problema têm-se desenvolvido diversos programas governamentais que visam à construção de habitação de interesse social. Os projetos realizados executados e em fase de análise de pós ocupação enfatizam a necessidade de que sejam proporcionados às pessoas noções de convivência, zelo e relacionamento. Um trabalho com acompanhamento de assistentes sociais, com base nas características das famílias que morarão nas unidades e busque melhorar sua cultura urbana para que o morador alcance a satisfação de ter um lar. Palavras Chaves: Déficit. Moradia. Infra-Estrutura. Trabalho Pós Ocupação. 7 ABSTRACT Brazil faces the dwelling deficit problem because difference between the growth of urban population, it offers and the capacity of installation of service that can take care of it, therefore many people live in unhealthy housings, without comfort, security or hygiene. Looking for to cure this problem one has developed diverse governmental programs that aim at construction of social housing. The projetos paid-up carried out and on phase as of analyses as of pos avocation enfatizam the need to than it is to they may be provides the people information about relancionships, zeal and connection. A work along accompaniment as of social assistents, under the terms of at the characteristics of the familiar than it is to address at the unities and develop its habits of living in community to improve its culture urban and for the inhabitant is satisfied for having a home. Keys Words: Deficit, Housing, Infrastructure, Occupational Pos Work. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 4.1 Déficit Habitacional Absoluto. ................................................................. 18 Figura 5.1 Prédios Recém Construídos................................................................... 26 Figura 5.2 Unidades Habitacionais Produzidas pela COHAB SP. ........................... 26 Figura 5.3 Unidades Habitacionais Entregues por Gestão de Governo .................. 28 Figura 6.1 Unidades Habitacionais Projeto Cingapura ............................................ 34 Figura 6.2 Projeto Apartamento Tipo Utilizado pela CDHU ..................................... 35 Figura 6.3 Apartamento Tipo do Conjunto Residencial Francisco Prisco ................ 39 Figura 7.1 Subprefeitura de Campo Limpo, Distrito de Capão Redondo................. 41 Figura 7.2 Mapa da Região ..................................................................................... 42 Figura 7.3 Localização da Rua Francisco Prisco..................................................... 42 Figura 7.4 Empreendimento Visto da Avenida Comendador Antunes dos Santos.. 45 Figura 7.5 Apartamento Destinado a Pessoas com Necessidades Especiais......... 46 Figura 7.6 Vista Frontal de um dos Prédios do Empreendimento. .......................... 47 Figura 7.7 Sugestão Para Decoração...................................................................... 48 Figura 7.8 Portões de Acesso ao Condomínio. ....................................................... 50 Figura 7.9 Guarita e Orelhões do Conjunto Residencial.......................................... 51 Figura 7.10 Central de Botijões de GLP. ................................................................. 51 Figura 7.11 Medidores Individualizados de Gás. ..................................................... 52 Figura 7.12 Abrigos Para Medidores de Gás........................................................... 52 Figura 7.13 Estacionamento do Condomínio........................................................... 53 Figura 7.14 Rampa de Acesso para o Estacionamento........................................... 53 Figura 7.15 Lixeira - Vista por Dentro do Condomínio............................................. 54 Figura 7.16 Lixeira - Vista por Fora do Condomínio. ............................................... 54 Figura 7.17 Área de Lazer - Churrasqueira. ............................................................ 55 Figura 7.18 Área de Lazer - Parquinho.................................................................... 55 Figura 7.19 Brinquedo Danificado. .......................................................................... 56 9 Figura 7.20 Criança Jogando Bola na Área Comum. .............................................. 56 Figura 7.21 Criança Andando de Bicicleta na Área Comum.................................... 57 Figura 7.22 Má Conservação de uma das Escadas. ............................................... 57 Figura 7.23 Pichação Sob Escada........................................................................... 58 Figura 7.24 Quadro de Avisos. ................................................................................ 60 Figura 7.25 Jardim Cultivado por Moradores entre Dois Blocos.............................. 61 Figura 7.26 Jardim Cultivado por Moradores na Entrada de um dos Blocos........... 61 Figura 7.27 Vasos de Plantas Sob a Escada. ......................................................... 62 Figura 7.28 Gaiolas Penduradas no Muro do Condomínio...................................... 62 Figura 7.29 Placa Colocada Sobre a Portinhola do Depósito de Lixo. .................... 63 Figura 7.30 Animal Solto no Condomínio. ............................................................... 63 Figura 7.31 Vista dos Fundos do Condomínio......................................................... 64 Figura 7.32 Alterações Feitas Pelos Moradores. ..................................................... 64 10 LISTA DE TABELAS Tabela 5.1 Valor Máximo de Aquisição por Unidade ............................................... 30 Tabela 5.2 Condições Básicas dos Contratos de Arrendamento. ........................... 31 Tabela 5.3 Contratação PAR - UF ........................................................................... 32 Tabela 6.1 Limite Máximo de Comprometimento de Renda.................................... 36 Tabela 7.1 Escolaridade da População do Distrito de Capão Redondo. ................. 43 Tabela 7.2 Quantidade de Escolas na Região. ....................................................... 43 Tabela 7.3 Principais Materiais e Componentes Utilizados no Empreendimento.... 49 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APO Avaliação Pós – Ocupação BNH Banco Nacional da Habitação CEF Caixa Econômica Federal CECAP Caixa Estadual de Casas para o Povo CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano CLT Codificação de Leis Trabalhistas COHAB Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo DIPUD Diretoria de Parcerias e Apoio ao Desenvolvimento Urbano FAR Fundo de Arrendamento Residencial FAZ Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social FDS Fundo de Desenvolvimento Social FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FINSOCIAL Fundo de Investimento Social FJP Fundação João Pinheiro GIDUR-SP Gerência de Filial de Desenvolvimento Urbano - São Paulo GEPAD Gerência Nacional de Normas e Padrões e Engenharia e Trabalho Social GLP Gás Liquefeito de Petróleo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços INOCOOP Institutos de Orientação às Cooperativas Habitacionais IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada PAR Programa de Arrendamento Residencial PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio PRODAM Companhia de Processamento de Dados do Município PROTECH Programa de Difusão Tecnológica para a Construção de Habitação de Baixo Custo PVA Acetato de polivinila RMSP Região Metropolitana de São Paulo SBPE Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados 12 SFH Sistema Financeiro de Habitação SINPRO Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul SINDUSCOM Sindicato da Industria da Construção Civil TR Taxa Referencial TTS Trabalho Técnico Social UF Unidade da Federação 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 14 2 OBJETIVOS ................................................................................... 16 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 16 2.2 Objetivo Específico..................................................................................... 16 3 MÉTODO DE TRABALHO E PESQUISA ...................................... 17 4 JUSTIFICATIVA ............................................................................. 18 5 PROGRAMAS DE GOVERNO PARA HABITAÇÃO POPULAR... 20 5.1 Como Surgiram os Programas para Habitação Popular ......................... 20 5.2 Programas habitacionais ........................................................................... 22 5.2.1 A Fundação da Casa Popular.......................................................... 22 5.2.2 O Banco Nacional da Habitação ..................................................... 23 5.2.3 Institutos de Orientação às Cooperativas Habitacionais ............. 24 5.2.4 Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo................. 25 5.2.5 Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano ............. 27 5.2.6 Programa de Arrendamento Residencial ....................................... 28 6 ANÁLISE DE PROGRAMAS IMPLANTADOS .............................. 34 7 EMPREENDIMENTO CONJUNTO RESIDENCIAL FRANCISCO PRISCO ................................................................................................ 41 7.1 Características da Região .......................................................................... 41 7.2 O Empreendimento Conjunto Residencial Francisco Prisco.................. 44 7.3 Avaliação de Pós Ocupação ...................................................................... 58 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 68 ANEXO ................................................................................................. 71 14 1 INTRODUÇÃO Assim como a alimentação e a vestimenta, a moradia pode ser considerada como uma necessidade básica, e tem sido reconhecida como tal desde sua inclusão na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. No início do século XXI o Brasil possuía um déficit habitacional de 6,6 milhões, destes, 5,4 milhões correspondem ao déficit urbano, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2000). O grande descompasso entre o crescimento da população urbana e a capacidade de instalação de infra-estrutura, geração de empregos, oferta de moradias, serviços e equipamentos urbanos necessários é muito acentuado resultando na ocupação desordenada do solo e na expansão continua das periferias. Buscando atender a necessidade da população quanto à moradia e como conseqüência diminuir o déficit habitacional, têm-se desenvolvido diversos programas governamentais que visam a construção de unidades habitacionais em grande escala (CDHU, 2006). Para suprir ou diminuir a necessidade de moradias, os investimentos públicos em habitação e urbanismo devem ser constantes, uma vez que a população não cresce na mesma proporção que são construídos empreendimentos habitacionais No Estado de São Paulo foram investidos mais de 25 trilhões de reais na área de habitação e urbanismo no período de 1980 a 2001 (Pian, 2004), contudo conforme censo demográfico realizado em 2000 pelo IBGE o déficit chega a 1,1 milhões demonstrando que existe uma dificuldade na gestão dos investimentos e falta de planejamento a longo prazo. Têm-se notado, entretanto, que os programas voltados para diminuição do déficit habitacional devem, além de atender a necessidade de abrigo, propriamente dita, devem também entender o homem como um ser que vive em sociedade e que, 15 como tal, não deve dispensar outras características que são inerentes a sua necessidade habitacional (Ornstein e Romero, 2003). Ainda, de acordo com Ornstein e Romero (2003), os programas que visam a construção de habitação de interesse social devem avaliar o impacto que o conjunto habitacional terá socialmente na vizinhança e qual o nível de satisfação para seu usuário. Deve oferecer a população que nele vive condições ambientais de qualidade “com as quais ela possa cultivar e mesmo melhorar sua cultura urbana, ou seja, seus hábitos de viver em comunidade, exercendo seus direitos e respeitando os do próximo”. Tem-se notado mudanças fundamentais em relação à habitação de interesse social, como por exemplo, a necessidade de se desenvolver políticas para avaliação pósocupação (APO), avaliar melhor a qualidade dos materiais utilizados, as necessidades de infra-estrutura (transporte, educação, saúde, trabalho) para a população, possibilitando que ocorra a fixação da população no local do empreendimento dando oportunidade de desenvolvimento e inserção na sociedade, além de mitigar o crescimento desordenado do espaço urbano (Ornstein e Romero, 2003). 16 2 OBJETIVOS O tema escolhido para ser estudado tem relação com o curso de Engenharia Civil e é um assunto de interesse social que cidadãos de forma geral devem conhecer para na medida do possível colaborar na solução da falta de habitação popular. 2.1 Objetivo Geral Com este estudo será possível entender a origem histórica que gerou o problema da falta de moradia para a população carente em nossa sociedade, possibilitará o entendimento do porquê existe um déficit tão grande na área de habitação para camadas sociais menos favorecidas. 2.2 Objetivo Específico Conhecer quais as medidas que o governo tem tomado para diminuir ou solucionar este problema, saber quais são os projetos já implantados, quais as diretrizes para sua concepção, suas principais características, as diferenças entre os projetos executados em diversos governos, a razão pela qual obteve-se sucesso ou não. 17 3 MÉTODO DE TRABALHO E PESQUISA O embasamento teórico deste trabalho foi obtido por meio de pesquisas e consulta a livros, leis normas e anais de congresso. Para melhor ilustrar as experiências, os casos e resultados da implantação de projetos voltados ao tema serão utilizados pesquisas em sites, periódicos, revistas técnicas, entrevistas e visitas técnicas aos locais onde exista informação pertinente à abordagem do trabalho. 18 4 JUSTIFICATIVA O déficit habitacional do Brasil conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 1999, também publicada pelo IBGE e dados do Censo de 2000 é de aproximadamente 6,6 milhões de habitações, como se observa na figura 4.1, sendo que quase 1,1 milhões são no Estado de São Paulo (FJP – Fundação João Pinheiro, 2002). 13.249 19.016 408.021 53.010 575.187 233.622 163.983 139.257 387.941 131.382 86.938 157.640 17.758 61.325 35.502 581.441 91.481 109.895 195.829 632.057 113.359 91.277 0 500 Quilômetros 1000 1.161.757 505.287 260.648 120.400 LEGENDA Estimativa do Déficit Habitacional 2000 309.264 500.000 250.000 100.000 10.000 a 1.170.000 a 500.000 a 250.000 a 100.000 Figura 4.1 Déficit Habitacional Absoluto. (FJP, 2002). O déficit habitacional brasileiro é um problema já constatado desde 1946, quando surge a Fundação da Casa Popular, primeira órgão do governo voltado para a provisão de residência à população de baixa renda. Pode-se observar por meio destas informações que apesar da política habitacional voltada para a população de baixa renda ter sido iniciada em meados da década de 1940. Depois de 60 anos ainda faltam muitas moradias principalmente, para as famílias de baixa renda. O presente estudo visa relatar alguns dos projetos já 19 desenvolvidos, apresentado suas características, projetos construtivos, formas de implantação, e construção, busca alertar pontos falhos, apontar possíveis soluções alternativas, desenvolver novos programas com a implantação destes novos aspectos e propondo melhorias nos já existentes. 20 5 PROGRAMAS DE GOVERNO PARA HABITAÇÃO POPULAR Neste capítulo são tratados dados que poderão contextualizar o estudo de caso visto no capitulo 7, assim como dar subsídios para melhor compreensão do trabalho como um todo. 5.1 Como Surgiram os Programas para Habitação Popular São Paulo passa por transformações no final do século XIX e princípio do século XX: a passagem da produção açucareira (atividade essencialmente rural) para a produção cafeeira (que requer condições para seu funcionamento oferecidas por cidades); a abolição da escravatura; a crise na Europa que provoca o aumento da emigração; e a ampliação do mercado consumidor, onde o excedente financeiro proveniente do café faz a cidade prosperar e aumenta a concentração de riquezas. Neste contexto, o problema habitacional se resolve de diversas maneiras, conforme Peruzzo (1984) relata: - Os fazendeiros abrigam seus trabalhadores em colônias, onde têm a opção de manter seu empregado sob seu controle, possibilitando que morem em sua propriedade como parte de seu pagamento. - Na cidade, os que possuem economia constroem ou compram suas casas, já aqueles que não tem posses, como os ex-escravos, ex-colonos ou aqueles com pequena remuneração avançam para terras não ocupadas estendendo a fronteira agrícola ou imigram para a cidade, onde engrossam o número de desempregados ou subempregados que passam a ocupar terras alheias desocupadas, tendo início a formação de favelas. - A crise no velho mundo com a Primeira Guerra Mundial na primeira década do século XX cria boas condições para a industrialização brasileira que passa a crescer, especialmente em São Paulo, aumentar o número de habitantes e trabalhadores assalariados, inclusive imigrantes qualificados para o trabalho industrial. Em torno delas, surgem as vilas operárias (Peruzzo apud Blay 1978). O 21 investimento por parte da indústria em tais vilas era compensador, o custo da construção de casas, blocos de casas com parede comum, era menor que o de casas isoladas, além do preço dos terrenos ser baixo. O empresário garante ao trabalhador duas grandes aspirações: emprego e habitação, obtendo assim, maior produtividade. A moradia próxima à fábrica permite que a força de trabalho não se canse nem perca tempo ou necessite de dinheiro para se deslocar da casa para o trabalho. O empresário tem seu investimento recuperado, já que o operário lhe paga aluguel pela casa e enfraquece a luta dos operários por melhores salários e condições de trabalho, uma vez que poderiam se ver desempregados e sem ter onde morar. Com o decorrer do tempo, porém, o empresário industrial deixa de construir as vilas operárias, pequenos e médios comerciantes passam a investir em imóveis quer com a estocagem de terrenos em locais menos densamente povoados, quer com a construção em áreas mais centrais e estas circunstâncias, além do intenso crescimento da população urbana, fez com que os preços dos imóveis aumentassem, em decorrência da valorização do solo urbano e da maior oferta de mão de obra. Por tanto, devido ao crescimento populacional da cidade, a Indústria deixa de construir as vilas operárias. Ainda conforme Peruzzo (1984) com a especulação imobiliária, as classes subalternas, por volta de 1940 passam ocupam a periferia, aumentando a cidade em sua extensão, além de aumentar a população nas favelas e cortiços. O crescimento urbano e industrial, de acordo com Peruzzo (1984), passa a criar tensões entre as classes dominantes que aumentam seu capital e a força de trabalho, que se vê explorada, exigindo do Estado melhores condições tanto no que se refere a codificação de leis trabalhistas (CLT), quanto para que assuma a criação de condições gerais urbanas. Assim, em meados de 1950 o Estado concede algumas exigências da população, como a fixação do salário mínino, visando preservar os interesses das classes dominantes. Ainda por volta de 1950 ocorre um crescimento econômico com o desenvolvimento da Indústria, aumentando os empregos e possibilitando que parte da população 22 tenha condições de adquirir sua casa ou seu terreno, ainda assim o sonho da casa própria, só é alcançado, quando o é, através de organismos criados pelo Estado, como Caixas, institutos, sindicatos, que acabam por ser instrumentos de controle sobre o trabalhador. 5.2 Programas habitacionais A política habitacional brasileira está associada a manter o equilíbrio entre a população mais carente e a classe dominante, visando diminuir o impacto social, como fica claro no slogan amplamente divulgado no princípio do movimento de 64, como cita Peruzzo (1984) "um proprietário a mais, um revolucionário a menos". Este é um ponto de vista também defendido por Medeiros (2006) a política habitacional brasileira tem inicio não para resolver o problema de moradia de grande parcela da população, mas tem objetivos econômicos e políticos visando exercer o controle sobre as massas populares através da ideologia da casa própria, sem, contudo atender a demanda existente. 5.2.1 A Fundação da Casa Popular Em 1º de Maio de 1946, através do Decreto Lei 9218, foi criada a Fundação da Casa Própria que de 1946 a 1960, construiu 16.964 casas, número insuficiente para atender a demanda existente, mas ainda assim torna-se um instrumento de barganha do poder público junto às camadas populares urbanas (Peruzzo, 1984). Além do controle sobre a população o Plano de Assistência Habitacional estimula a construção civil que emprega o imigrante rural e o adapta a vida urbana. O trabalhador é então preparado para ser mão de obra para a indústria em crescimento e sem a força de trabalho da qual necessita (Borges, 1974: 70). 23 Na década de 1960 extingue-se a Fundação da Casa Popular, os subsídios que o Estado injetava na Fundação não eram suficientes para atender a demanda habitacional existente e não havia retorno financeiro que tornasse estes investimentos sustentáveis. 5.2.2 O Banco Nacional da Habitação A habitação é vista como uma importante forma de manter a ordem social, o cidadão urbano tem na habitação sua principal aspiração, o Estado usa dela para manter o controle sobre o proprietário, a construção de habitação pode ser usada como uma forma de expandir a economia. Por isso é criado, em 21 de agosto de 1964 através da Lei nº. 380, o Banco Nacional da Habitação (BNH) para atender a questão da habitação e ajudar a economia a se recuperar da crise de 1964. Segundo Peruzzo apud Trindade (1971) a finalidade do BNH era retomar o ritmo de crescimento em diversos setores da economia e empregar a massa de trabalhadores excedente da indústria, ainda segundo Peruzzo apud Veras (1980: 52) outra finalidade era geração de rendas. O BNH tinha entre suas atribuições, orientar, disciplinar e controlar os recursos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que utiliza os recursos provenientes da poupança compulsória (Fundo de Garantia por tempo de Serviço – FGTS), ou das poupanças voluntária (caderneta de poupança e letras imobiliárias captadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE.) da Sociedade de Crédito Imobiliário, das Associações de Poupança e Empréstimo e das Caixas Econômicas, para o financiamento de moradias. O diferencial em relação às políticas governamentais anteriores é a incidência da correção monetária para reajuste dos empréstimos garantindo assim a sustentabilidade do sistema. Assim, o BNH "constitui um sistema em que se buscava articular o setor público (na função de financiador principal) com o setor 24 privado, a quem compete, em última análise, a execução da política de habitação" (Ferreira, 1982, p. 61). Porém as exigências do BNH para o financiamento da casa própria excluem grande parte da população carente, o financiamento é dado a quem pode pagar e não a quem realmente necessita. Além de privilegiar a classe média baixa e classe média o BNH passa a disponibilizar recursos não só para a habitação, mas também para o desenvolvimento urbano, o que acaba por aumentar a desigualdade entre as classes. Entre os anos de 1974 e 1980, foi adotado um modelo onde os agentes financeiros poderiam operar com taxas de juros liberados e faixas salariais livres, com isso a classe média e alta pode financiar suas construções e a compra de sua casa com recursos do FGTS. No fim do regime militar, o BNH contava a construção de 4,3 milhões de moradias, número inferior à própria estimativa de déficit habitacional do primeiro governo militar que era da ordem de 5 milhões de unidades.(Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul - SINPRO, 2006) No fim dos anos de 1970, com a crise mundial, que teve reflexos em nosso país, com altas taxas de inflação, desemprego e recessão houve um aumento na inadimplência em altos níveis provocando desequilíbrios entre os ativos e passivos do BNH, que resulta em sua extinção, através do Decreto Lei nº. 2291 de 21 de Novembro de 1986, sendo passada à Caixa Econômica Federal (CEF) a gestão do Sistema Financeiro de Habitação, assim como as relações jurídicas e processuais. (Gomes, 2005). 5.2.3 Institutos de Orientação às Cooperativas Habitacionais Em 1966 através do Decreto Lei O Decreto Nº. 58.377, foram criados nos estados os Institutos de Orientação às Cooperativas habitacionais (INOCOOP), conforme 25 Peruzzo (1984:51-53), tinham como objetivo orientar e prestar assistência às cooperativas habitacionais na construção ou compra de residências. O BNH instituiu os INOCOOP´s para “harmonizar os interesses sociais, políticos e econômicos”, através de suas orientações as cooperativas poderiam construir os conjuntos com o menor custo e maximizar os lucros das empreiteiras de construção civil e agentes financeiros (Peruzzo, 1984). As cooperativas estão subordinadas às construtoras e agentes financeiros que geralmente controlam suas diretorias. O agente financeiro que seleciona o candidato à casa própria dependendo de sua renda administra seus recursos e calcula a dívida e as prestações que serão pagas após a entrega das chaves. Em São Paulo ocorreram casos em que se compraram empreendimentos prontos que não haviam sido vendidos pelas construtoras e foi facilitado pelo INOCOOP através da dilatação do prazo, e redução de juros podendo ser comprados pela população de renda menor. Apesar de terem se proliferado em todo o Brasil com o objetivo de “proporcionar a aquisição da casa própria a preço de custo”, estas perderam sua vitalidade com a redução e mesmo a extinção do financiamento estatal. (Ferreira, 2003). 5.2.4 Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo A Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP) foi criada em 16 de novembro de 1965 através da Lei 6.738 tem sido um dos principais instrumentos na execução da política habitacional da cidade de São Paulo como agente do Sistema Financeiro de Habitação, foi criada como uma sociedade anônima de economia mista, sua principal acionária é a Prefeitura do Município de São Paulo, com 99% das ações preferenciais. (COHAB-SP, 2006) 26 A COHAB–SP tem como missão proporcionar acesso à moradia para a população com menor renda, através do desenvolvendo de programas habitacionais e da construção de novas unidades com a utilização de recursos provenientes do Fundo Municipal de Habitação e de convênios com agentes financeiros, como a Caixa Econômica Federal, além de outras entidades governamentais e iniciativa privada. A figura 5.1 mostra um de seus prédios recém construídos. Figura 5.1 Prédios Recém Construídos. (COHAB SP 2006) A figura 5.2 demonstra quantas unidades habitacionais a COHAB-SP produziu na região metropolitana de São Paulo, por gestão de governo após 1980. Figura 5.2 Unidades Habitacionais Produzidas pela COHAB SP. (COHAB SP 2004) 27 5.2.5 Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano Em 10 de outubro de 1949 foi criada a Caixa Estadual de Casas para o Povo (CECAP) que começa a funcionar efetivamente apenas em 1967 com o objetivo de viabilizar o processo de construção de moradias voltado para a camada da população que se concentrava nas cidades. Em 1988 devido à algumas alterações econômicas e políticas a CECAP teve sua denominação alterada para Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU empresa do Governo Estadual, vinculada à Secretaria da Habitação, permanecendo como agente promotor de moradia popular, em todo o Estado de São Paulo, sendo o maior do Brasil, voltados para o atendimento exclusivo da população de baixa renda, na faixa de 1 a 10 salários mínimos (CDHU, 2006). Durante o período no qual vem atuando como agente promotor de moradias populares a CDHU passou por várias transformações as mudanças das conjunturas econômicas e políticas, deram forma a programas habitacionais com características distintas, parte importante desta mudança ocorreu em 1990 quando a CDHU passa a receber recursos financeiros provenientes da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS, em conseqüência houve um incremento maior na produção, principalmente nos municípios do interior do Estado (CDHU, 2006). A figura 5.3 demonstra quantas unidades foram entregues durante a atuação da Companhia, como também quem era o governador na época. 28 UNIDADES HABITACIONAIS ENTREGUES GESTÃO DE GOVERNO MACRO-REGIÕES DENOMINACAO GOVERNADORES PERÍODO CAPITAL INTERIOR RMSP TOTAL CECAP Criada em 10/10/49 Ademar de Barros 14/03/47 a 31/01/51 - Ademar de Barros 31/03/63 a 05/06/66 Laudo Natel 1ª 06/06/66 a 30/01/67 228 228 Abreu Sodré 31/01/67 a 14/03/71 2147 2147 Laudo Natel 2ª 15/03/71 a 14/03/75 779 1801 2580 Paulo Egydio 15/03/75 a 14/03/79 8550 1920 10470 Paulo Maluf 1ª 15/03/79 a 18/01/81 1347 960 2307 Paulo Maluf 2ª 19/01/81 a 13/05/82 8901 José Maria Marin 14/05/82 a 14/03/83 8880 Franco Montoro 1ª 15/03/83 a 27/03/84 3145 3145 Franco Montoro 2ª 28/03/84 a 14/03/87 6890 6890 Orestes Quércia 1ª 15/03/87 a 14/06/89 3781 3714 146 7641 Orestes Quércia 2ª 15/06/89 a 14/03/91 2908 14889 2232 20029 Luiz Antonio Fleury Filho 15/03/91 a 31/12/94 8133 75138 6878 90149 Covas/Alckmin 01/01/95 a 31/12/02 39468 111117 15023 165608 Nova Gestão-2003 a partir de 01/01/03 12888 31731 14553 59172 CODESPAULO Criada em 19/01/81 CDH Criada em 28/03/84 CDHU Criada em 15/06/89 PRODUÇÃO TOTAL CDHU 67178 277456 8901 980 44493 9860 389127 Total de Unidades Entregues a partir de 01/01/90 - Lei do ICMS - Habitação 326.074 Figura 5.3 Unidades Habitacionais Entregues por Gestão de Governo (CDHU 2006) 5.2.6 Programa de Arrendamento Residencial Em 12 de fevereiro de 2001 o Governo Federal lançou o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) através da Lei nº. 10.188, com o objetivo de 29 atender exclusivamente a necessidade de moradia para a população com renda de até 6 salários mínimos existente em grandes centros urbanos. O arrendamento funciona de forma semelhante ao aluguel, onde o mutuário paga um valor mensal, correspondente a 0,7% do valor do imóvel e no prazo de 15 anos tem a opção de comprá-lo, sendo consideradas as parcelas pagas ao longo do contrato (CEF, 2006). O PAR é operado com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), criado exclusivamente com esta finalidade, composto com recursos onerosos provenientes de empréstimos junto ao FGTS e recursos não onerosos provenientes do Fundo de Apoio Social (FAS), Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL), Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) e o Programa de Difusão Tecnológica para Construção de Habitação de Baixo Custo (PROTECH), A Caixa Econômica Federal atua como agente gestor do PAR, responsável pela alocação dos recursos e expedição dos atos necessários à operacionalização do Programa, o Poder Público e Sociedade Civil Organizada a auxilia na identificação de locais e desenvolvimento de fatores facilitadores à implantação dos projetos e na seleção das famílias a serem beneficiadas. (Ministério das Cidades, 2006). A área para implantação do PAR deve obedecer a condições e características básicas: estar inserido na malha urbana, contar com a existência prévia de infraestrutura básica que permita as ligações domiciliares de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia elétrica, bem como vias de acesso a transportes públicos além de obedecer as especificações técnicas mínimas estabelecidas pelo programa (CEF, 2006). A tabela 5.1 especifica o valor máximo de aquisição por unidade habitacional dependendo da Unidade da Federação. 30 Tabela 5.1 Valor Máximo de Aquisição por Unidade Unidade da Federação – Localidade UF Municípios integrantes das Regiões Metropolitanas de Jundiaí e São José dos Campos Valor Máximo de Aquisição (R$) 40.000,00 RJ e SP Demais municípios com população urbana superior a 100 mil 34.000,00 habitantes Municípios integrantes das Regiões Metropolitanas 34.000,00 MG Demais municípios com população urbana superior a 100 mil 33.000,00 habitantes Municípios integrantes das Regiões Metropolitanas 32.000,00 BA e PE Demais municípios com população urbana superior a 100 mil 30.000,00 habitantes RS e PR 34.000,00 SC, AC, AM, RO e RR 33.000,00 AP, PA, TO, Capitais estaduais, municípios integrantes de regiões ES, GO, MT metropolitanas, se for o caso, e municípios com população urbana 32.000,00 superior a 100 mil habitantes. e MS AL, CE, SE, PB, PI, RN e MA 30.000,00 Fonte: Ministério das Cidades, 2006. Além das condições básicas dos contratos de arrendamento citadas na tabela 5.2 também é determinado que o projeto tenha entre 160 a 500 unidades, sua área útil seja no mínimo 37m², a tipologia mínima por unidade é de dois quartos, sala, cozinha e banheiro além de apresentarem o seguinte padrão mínimo: • Piso cerâmico ou ardósia; • Azulejo nas paredes molhadas de box, pia, lavatório e tanque; • Vão de portas com folha em todos os cômodos; 31 • Revestimento e pintura internos e externos, compatíveis com o padrão da unidade; • Nas unidades horizontais usar telha cerâmica, laje de teto nos banheiros e forro nos demais cômodos; • Calçada em todo o perímetro da edificação (CEF, 2006). Tabela 5.2 Condições Básicas dos Contratos de Arrendamento. CONDIÇÕES BÁSICAS DOS CONTRATOS DE ARRENDAMENTO 0,7do valor de aquisição da unidade. Nos casos de projetos com especificação Valor Inicial da técnica mínima e destinados a famílias com renda até 4 salários mínimos, a Taxa de taxa de arrendamento será calculada a base de 0,5% do valor de aquisição da Arrendamento unidade Requisitos Renda Familiar de até 6 salários mínimos, não ser proprietário ou promitente Básicos do comprador de imóvel residencial em qualquer local do país, apresentar Proponente ao idoneidade cadastral, possuir capacidade de pagamento Arrendamento Prazo do Contrato 180 meses de Arrendamento Reajuste das Periodicidade: Anualmente, na data de aniversário do contrato Taxas de Indexador: Taxa referencial - TR acumulada no período Arrendamento Reajuste do valor Periodicidade: Anualmente, na data de aniversário do contrato. do imóvel Indexador: 80% da TR acumulada no período arrendado Opção de Compra Direito de opção findo o prazo contratual Fonte: Ministério das Cidades, 2006. Desde sua criação o PAR já atendeu mais de 200 mil famílias no território nacional e até 2005 contou com o aporte de R$ 4,6 milhões do FGTS, em condições especiais de juros e carência além de R$ 600 milhões de contrapartida do Governo Federal para constituição do FAR, até março de 2006 foram contratadas cerca de 8.500 unidades, outras 6.200 aguardam contratação imediata e estão previstas a construção de aproximadamente 40 mil novas unidades. (Sindicato da Indústria da Construção Civil - SINDUSCON, 2006). Na tabela 5.3 pode-se verificar as quantidades de unidades entregues por Estados e os valores gastos nos empreendimentos. 32 Tabela 5.3 Contratação PAR - UF CONTRATAÇÃO PAR - UF 1.358 TOTAL DE CONTRATOS NO BRASIL : TOTAL DE UNIDADES NO BRASIL : VALOR TOTAL CONTRATADO NO BRASIL (R$): Estado Total Unid 200.270 4.944.321.458,30 Vlr Total de Empréstimo %(Estado/Brasil)Valor SP 49.717 1.384.643.217,61 MG 21.540 503.958.914,21 RJ 15.290 410.728.727,81 BA 15.811 376.304.134,69 RS 14.431 370.188.689,65 PR 9.046 219.593.664,44 AL 8.556 192.158.158,09 MT 7.037 165.525.344,25 CE 6.792 156.085.890,65 SE 7.567 152.187.701,73 MA 6.359 151.705.161,27 MS 6.192 140.458.034,75 ES 5.316 122.592.178,62 PI 5.854 115.569.017,90 SC 5.052 115.520.526,69 PE 4.656 102.354.422,26 PA 1.930 47.118.924,93 PB 2.039 45.144.815,33 GO 1.607 40.560.995,58 RO 1.483 38.524.093,88 AC 1.316 35.631.582,02 RN 1.404 28.563.458,81 TO 1.211 27.771.035,13 AM 64 1.432.768,00 quinta-feira, 2 de março de 2006 28,00% 10,19% 8,31% 7,61% 7,49% 4,44% 3,89% 3,35% 3,16% 3,08% 3,07% 2,84% 2,48% 2,34% 2,34% 2,07% 0,95% 0,91% 0,82% 0,78% 0,72% 0,58% 0,56% 0,03% Gerência de Filial de Desenvolvimento Urbano/ São Paulo - Gidur/SP Fonte: CEF, 2006 O PAR busca no arrendamento uma solução para o acesso a moradia, evidenciando a necessidade do comprometimento de todos os envolvidos, principalmente os arrendatários, uma vez que o imóvel permanece como propriedade do FAR durante o período de arrendamento (CEF, 2006). Todos os programas para a habitação voltados a população mais carente deve ter sustentabilidade econômica e social para garantir sua continuidade, no caso do PAR o arrendamento propícia maiores chances do programa garantir esta sustentabilidade, o morador tem dever de se manter adimplente nas taxas de 33 arrendamento e condominiais para garantir que o imóvel seja seu no final do período estipulado no contrato, além disto, o trabalho técnico social é componente obrigatório no programa (CEF, 2006). Tal trabalho consiste no desenvolvimento de ações informativas e educativas, com o objetivo de preparar os beneficiários para a contração, criar mecanismos capazes de viabilizar a participação e a organização dos moradores, promover a integração deles entre si e com a moradia, além de estimular compromisso com a conversação e a manutenção dos imóveis, baseando-se em esclarecimentos sobre a forma correta de ocupação do espaço coletivo, a conservação do imóvel e a adimplência (CEF, 2006). Os moradores selecionados podem ser oriundos de diferentes locais, com cultura, costumes e hábitos diferenciados e que, a partir de um dado momento passa a ocupar o mesmo espaço, necessitando desenvolver novas regras e parâmetros de convivência coletiva. O trabalho social busca estabelecer novos padrões de convivência social, ampliando a consciência dos direitos e deveres, buscando a internalização de novos valores, atitudes e referências ético-sociais por parte dos moradores (CEF, 2006). 34 6 ANÁLISE DE PROGRAMAS IMPLANTADOS Até os dias de hoje, como foi no principio dos programas governamentais voltados para a habitação, os empreendimentos continuam preterindo a moradia, pelos interesses políticos, como fica claro no caso do Projeto Cingapura, onde os empreendimentos foram realizados em pontos estratégicos da cidade para serem utilizados na campanha eleitoral da prefeitura (Coelho, 2002). A figura 6.1 ilustra um empreendimento do Projeto Cingapura que pode ser visto de uma das marginais. Figura 6.1 Unidades Habitacionais Projeto Cingapura (Prefeitura de São Paulo, 2006) A constante busca pelo menor custo na construção do empreendimento tem como algumas de suas conseqüências a construção de imóveis com quantidade e tamanho dos cômodos reduzida, que nem sempre atende a família que irá ocupar o imóvel.O material utilizado na construção é barato e de baixa qualidade , necessitando constantes reparos e manutenção antecipada. A figura 6.2 ilustra uma planta de apartamento tipo utilizada em empreendimentos da CDHU. 35 Figura 6.2 Projeto Apartamento Tipo Utilizado pela CDHU (CDHU 2006) 36 Ainda na busca do custo reduzido as unidades habitacionais são construídas em terrenos que possuem baixo preço ou que não sofrem especulação imobiliária, estando localizados em periferias onde, em linhas gerais, a infra-estrutura não existe ou ainda é precária, forçando os moradores a buscar assistência (saúde, educação, transporte, trabalho e lazer) em locais distantes. Outro problema enfrentado é a rigidez da legislação, insuficiência de renda, incapacidade de mobilização e desarticulação entre as esferas de poder, para beneficiar as famílias com renda de até 3 salários mínimos que representam 84% do déficit habitacional. Especialistas apontam como saída o aumento do subsidio direcionado para esta camada da população (O Globo, 2006). A Tabela 6.1 mostra quais os percentuais máximos que se pode comprometer a renda familiar de acordo com a quantidade de salários mínimos recebidos. Tabela 6.1 Limite Máximo de Comprometimento de Renda. Renda Familiar Limite Máximo de Comprometimento de Renda (Salários Mínimos) (% sobre a Renda Familiar) 1a3 3a5 5 a 8,5 8,5 a 10 Fonte: CDHU, 2006 15% 15 a 20% 20 a 25% 25 a 30% Em reportagem de O Globo, 2006, a Professora de Planejamento Urbano da USP e ex-secretária executiva do Ministério das Cidades, Ermínia Maricato, aponta que uma das falhas as esferas municipal, estadual e federal não trabalharem em conjunto na busca da urbanização de favelas, construção de novas unidades além da regularização fundiária. A disponibilidade de infra-estrutura ou o compromisso de sua execução (sistema viário, transporte coletivo, abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta municipal de lixo, redes locais de drenagem, fornecimento de energia elétrica e previsão de iluminação pública, telefonia, equipamentos comunitário, públicos e comerciais saneamento, hospitais, escolas, transportes) devem ser elementos 37 fundamentais na decisão do local, pois garantirão o suporte que o conjunto habitacional necessita, segundo Freitas (2001). Políticas de longo prazo são primordiais para que as unidades habitacionais sejam efetivamente as soluções para o déficit habitacional, partilha do mesmo ponto de vista o ex-professor da Fundação Getulio Vargas Ib Teixeira em matéria divulgada por O Globo, 2006. Segundo Abiko e Pereira (2002) apud Romero (1999) não existe mais forma de unidades insalubres serem substituídas por unidades habitacionais de interesse social em outras localidades, por vezes longe dos empregos disponíveis para sua população e demais estruturas, como mencionado anteriormente Isto constatado, a política habitacional, tem procurado respeitar os assentamentos humanos existentes e a programar melhorias, procedendo, então, à reurbanização de cortiços e mesmo de favelas. Têm a mesma opinião Abiko e Pereira (2002) apud Bonduki (1993), porém alguns assentamentos são muito densos e bem localizados, sendo uma opção a edificação de um conjunto vertical. Esta solução, porém gera questões que não devem ser ignoradas. Morar em unidades verticais exige um entendimento de divisão de espaços e uma aceitação de diferenças que não se faziam notar na moradia horizontal. É preciso aprender um novo hábito de viver em comunidade, exercendo seus direitos e respeitando os do próximo, deve-se propiciar aos moradores uma educação social e ambiental, que exigem mudanças de comportamento em favor da construção de uma comunidade na qual cada membro usufrua das vantagens oferecidas em seu conjunto habitacional e contribua para a manutenção das qualidades ambientais de seu entorno. Daí a grande importância do trabalho social na preparação destas pessoas para viverem em um condomínio, respeitando e cuidando também das áreas coletivas, assim como é importante a definição dos aspectos legais da habitação, visando conferir aos moradores responsabilidade pela preservação de seu próprio patrimônio (CEF, 2006). O Poder Público, no geral, divulga o programa a ser implantado numa determinada região buscando identificar a demanda da população para aquele empreendimento, 38 segundo Freitas (2001). As pessoas interessadas fazem um cadastro onde constem alguns dados como renda, composição familiar, emprego e situação atual de moradia. Tendo estas informações são selecionadas as famílias que ocuparão as unidades habitacionais, levando-se em conta basicamente sua situação cadastral junto a instituições de crédito e sua capacidade de pagamento mensal. As informações que definem o perfil e a quantidade das pessoas a serem atendida por família não são utilizadas para a concepção do projeto, o que seria factível, visto que se possui o perfil da população alvo. Ainda conforme Freitas (2001) o que se observa é uma homogeneidade nos projetos, famílias com 5 pessoas vivem em apartamentos iguais aos que vivem famílias com 2 pessoas, não existe uma preocupação em se diferenciar as necessidades por famílias, isso geraria custos adicionais com o estudo dos dados colhidos e modificações nos projetos já padronizados. Tal padronização pode ser observada nas figuras 6.2 e 6.3 utilizadas por construtoras diferentes em épocas distintas para empreendimentos que atenderiam pessoas diversas. 39 Figura 6.3 Apartamento Tipo do Conjunto Residencial Francisco Prisco (Brasil, 2004). 40 Freitas (2001) sugere que uma alternativa é o desenvolvimento de programas que envolvam a população nas etapas do planejamento e nas fases de construção e ocupação do empreendimento. As famílias serem organizadas em núcleos que discutam quais as mudanças, considerando as prioridades, que devem ser implementadas e a forma como devem ser efetuadas junto ao atendimento do Poder Público na construção de novas moradias. A aplicação desta alternativa está sendo formatada, de acordo com a Técnica Social Rosane Maria Ruiz (2006), como parte integrante do trabalho técnico social desenvolvido no PAR. O objetivo é inserir os futuros moradores na implantação do projeto, identificar suas necessidades, considerando sua origem e composição familiar, buscar soluções para impactos negativos e desenvolver mecanismos que permitam que esta população se organize de forma planejada para alcançar melhorias para o conjunto residencial e a comunidade do entorno. 41 7 EMPREENDIMENTO CONJUNTO RESIDENCIAL FRANCISCO PRISCO Segundo Freitas (2001), o empreendimento habitacional deve ser composto por fases distintas que compreendem: o planejamento, a construção e a ocupação. Buscou-se identificar tais fases neste estudo de caso. 7.1 Características da Região O Conjunto Residencial Francisco Prisco está localizado na zona sul da cidade de São Paulo, na subprefeitura de Campo Limpo, Distrito de Capão Redondo, conforme figuras 7.1, 7.2 e 7.3 (Prefeitura de São Paulo, 2006). Figura 7.1 Subprefeitura de Campo Limpo, Distrito de Capão Redondo. (Prefeitura de São Paulo, 2006) 42 Figura 7.2 Mapa da Região (Map Link, 2006) Figura 7.3 Localização da Rua Francisco Prisco. (Map Link, 2006) Este Distrito, em 2000 tinha uma população de 242.368, numa área de 1.360 ha. Desta população 15% viviam em favelas e sua grande maioria possuía baixo grau de escolaridade, tabela 7.1. (Prefeitura de São Paulo, 2006). 43 Tabela 7.1 Escolaridade da População do Distrito de Capão Redondo. Anos de Estudo Grau Correspondente Nº. de Pessoas Menos de 1 ano - 14.507 1 ano a 7 anos 1º Grau Incompleto 103.307 8 anos a 10 anos 1º Grau Completo 37.691 11 anos a 14 anos 2º Grau Completo 23.009 15 anos ou mais - 3.474 Não determinado - 5.966 Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2006 A tabela 7.2 quantifica as escolas existentes nas proximidades (Prefeitura de São Paulo, 2006). Tabela 7.2 Quantidade de Escolas na Região. Particulares Públicas Total Creches da Região 4 13 17 Escolas de Educação Infantil 22 9 31 Escolas de Ensino Fundamental 20 33 53 Escolas de Ensino Médio 8 14 22 Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2006. Em relação à saúde a população é atendida por 21 unidades básicas de saúde, 1 centro de atenção psicossocial álcool e drogas direcionado para adultos; 2 centros de convivência e cooperativa; 1 centro de especialidades odontológicas; 1 centro de testagem e aconselhamento e serviço de atendimento especializado em doenças sexualmente transmissíveis e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; e 1 hospital que fica a aproximadamente 4,5 km do Conjunto Residencial (Prefeitura de São Paulo, 2006). Quanto aos serviços de transporte existem 5 linhas de ônibus que passam há 300m da Rua Francisco Prisco, incluindo linhas que tem como destino o Terminal de Ônibus Capelinha, com interligação com outros terminais pela cidade, além da linha 44 5 do metrô (Capão Redondo – Terminal Santo Amaro) que possui ligação com linha de trem, ambos localizados no perímetro do distrito. A população pode contar também com 3 delegacias policiais, o cemitério Jardim São Luiz (que fica a uma distância de 6,5 km), 8 centros desportivos, 8 campos de futebol, 1 clube e 2 bibliotecas. (Prefeitura de São Paulo, 2006). Com base nestas informações pode-se constatar que a região possui infra-estrutura (educação, transporte, saúde, lazer, segurança) suficiente para atender as famílias residentes no conjunto habitacional. A infra-estrutura possibilita a fixação na unidade habitacional, conforme Ib Teixeira em reportagem de O Globo, 2006, sugere ser o ideal. 7.2 O Empreendimento Conjunto Residencial Francisco Prisco Conforme o Engenheiro da CEF Marco Aurélio Tônus, a construtora apresentou para a CEF o projeto do conjunto residencial para ser analisado quanto à documentação, viabilidade financeira, infra-estrutura do local e impacto do empreendimento na região em meados de 2001. Ainda segundo Tônus, foi realizada visita ao local verificando disponibilidade de serviços (água, luz, coleta de lixo, esgoto, transporte, telefonia, educação e saúde) para que após a confirmação da existência destes, fosse dado andamento na análise técnica do empreendimento. Depois da aprovação da CEF, o agente promotor, o Município de São Paulo, investiu R$4.963.206,00 de recursos provenientes do FAR. Com a aprovação da CEF a obra iniciou em 14/12/2001 e terminou em 09/02/2004. Durante todo o período de construção a equipe de engenharia da CEF realizou visitas de acompanhamento e fiscalização da obra (CEF, 2006). 45 A Figura 7.4 mostra o empreendimento visto de uma das avenidas da região, a Avenida Comendador Antunes dos Santos. Figura 7.4 Empreendimento Visto da Avenida Comendador Antunes dos Santos. O Conjunto, localizado na Rua Francisco Prisco s/n no bairro Jd. Lídia, Zona Sul de São Paulo possui 200 unidades distribuídas em 10 blocos com 4 andares cada. Os andares, incluindo o térreo, têm 4 apartamentos tipo com área de 46m², figura 6.3, com exceção de 6 apartamentos que possuem 45,50m² e são destinados a pessoas com necessidades especiais, figura 7.5 . Sua inauguração ocorreu em 09/03/2004, quase três anos depois do recebimento da documentação para análise do empreendimento. 46 Figura 7.5 Apartamento Destinado a Pessoas com Necessidades Especiais. (Brasil, 2004). 47 A Figura 7.6 mostra a frente de um dos blocos do Conjunto Residencial Francisco Prisco. Figura 7.6 Vista Frontal de um dos Prédios do Empreendimento. O projeto utilizado foi o tipo “H”, padrão dos apartamentos nos empreendimentos de interesse social, figuras 6.2 e 6.3, e como os demais não apresentou preocupação em atender famílias com grande número de pessoas morando na mesma unidade habitacional. Observar-se na sugestão de decoração apresentada “No Manual do Arrendatário”, figura 7.7, que os apartamentos têm dimensões mínimas para acomodação de alguns móveis e seus cômodos atendem famílias com até 4 pessoas. 48 Figura 7.7 Sugestão Para Decoração. (Brasil, 2004) A moradora e integrante da associação dos moradores deste conjunto, Senhora Dalva Aparecida de Melo, 2006, relata que parte das famílias, antes de se mudarem para o Conjunto Residencial Francisco Prisco, vivia em locais muito menores. Acomodavam 6 pessoas em 2 ou 3 cômodos (onde portas separando os ambientes era luxo), locais onde não existia esgoto, coleta de lixo, água encanada ou serviço de correio. Várias famílias participaram durantes anos, de reuniões de movimento de moradia aguardando a oportunidade de serem incluídos em programas de mutirão para a construção de sua casa, ou serem escolhidos para morarem em conjuntos habitacionais de interesse social. Para estas famílias acomodar seus entes em um apartamento com 2 quartos, sala, cozinha, área de serviço e banheiro era um sonho difícil de alcançar. 49 O sistema construtivo adotado no edifício consiste basicamente em alvenaria de bloco de concreto estrutural com laje maciça e cobertura de telha cerâmica tipo romana. A tabela 7.3 resume os principais materiais e componentes utilizados no empreendimento atendendo características mínimas mencionadas no item 5.2.6 deste trabalho. Tabela 7.3 Principais Materiais e Componentes Utilizados no Empreendimento. Revestimento de Paredes Revestimento de Piso Revestimento de tetos (forros) Esquadrias Portas Ferragens Vidros Tomadas/ Interruptores Aparelhos sanitários Metais sanitários Fonte: Brasil, 2004 Sala e Dormitórios Banheiro Cozinha e Áreas de Serviço Pintura Látex, PVA, Box: Azulejo branco Sobre tanque e pia azulejo cor Palha - sobre 15x15cm branco 15x15cm. gesso. Demais paredes PVA Em paredes: Látex PVA cor creme. cor creme Piso cerâmico cecrisa bege 20x20cm Textura Acrílica cor bege. Esquadria em aço galvanizado Nas salas: 1,50x1,20m Dormitórios: 1,00x1,20m Pintura em esmalte sintético cor branco Madeira para pintura. Sala: 0,80x2,10m Dormitórios: 0,70x2,10m Pintura em esmalte sintético cor creme Sala: tipo cilindro – inox Dormitórios: tipo gorge – inox Cristal fino incolor 4mm Rebaixado em gesso, com pintura bege. Esquadrias em aço galvanizado. 0,80x0,80 m. Pintura em esmalte sintético com branco Textura Acrílica cor branca Esquadrias em aço galvanizado. Cozinha 1,00x0,60 m. Área de serviço: 1,10x1,00m Pintura em esmalte sintético com branco Madeira para pintura. Banheiro: 0,70x2,10m Pintura em esmalte sintético cor creme Tipo tranqueta – inox Canelado incolor 3mm Cristal fino incolor 4mm Linha popular (10 A- 250 V ) - cinza Lavatório sem coluna branco(46x35cm) Bacia com caixa acoplada branco Torneiras e registros cromados linha C23 Tanque de mármore sintético (60x60cm) Pia em mármore sintético (120x 60cm) Torneiras e registros cromados linha C23(cozinha) linha C26 (área de serviço) 50 Outra observação de Melo foi que as famílias puderam realizar sua mudança sem a preocupação de ocupar um imóvel que o piso estivesse no cimento rústico, todos os cômodos possuíam piso frio. Diferente do que ocorre em moradias construídas pelo sistema de mutirão ou entregues por alguns programas de habitação de interesse social. O imóvel possui previsão para antena de televisão, interfone e telefone. O interfone é utilizado pelo porteiro para o visitante receber a autorização de morador para entrar no condomínio, só então, o portão é aberto. Na figura 7.8 pode-se ver os portões. Dois dias depois de tirada a foto desta figura o motor do portão automático quebrou novamente, informação de Melo, o motor não é próprio para suportar o peso do portão e o constante “abre e fecha” ao qual é submetido. Figura 7.8 Portões de Acesso ao Condomínio. Na figura 7.9 pode-se visualizar a guarita e dois orelhões que foram disponibilizados aos moradores, possibilitando que realizem suas ligações sem a necessidade de sair à rua. São utilizados, também para os funcionários receberem e efetuarem ligações, visto que o condomínio não dispõe de linha própria. 51 Figura 7.9 Guarita e Orelhões do Conjunto Residencial. . Na cozinha encontra-se instalado o ponto de gás para o fogão. O fornecimento é feito através de botijões de central de gás liquefeito de petróleo – GLP, figura 7.10, localizado ao lado do estacionamento. Figura 7.10 Central de Botijões de GLP. Cada apartamento tem seu medidor individualizado, figura 7.11, protegidos por abrigos no pavimento térreo de cada bloco, figura 7.12. Contudo o pagamento do gás é feito de forma igualitária. No valor R$100,00, pagos como condomínio, estão incluídos água e gás. Segundo Melo, o consumo não está individualizado e o condomínio, por lei, não pode cortar o fornecimento de água ou gás dos 52 condôminos inadimplentes, por isso a dívida do condomínio chega a R$70.000,00. Ainda segundo Melo esta situação só será regularizada quando a empresa distribuidora de gás fornecê-lo diretamente aos apartamentos, e não ao condomínio. Os inadimplentes serão forçados a efetuar o pagamento do serviço ou terão seu fornecimento interrompido. Figura 7.11 Medidores Individualizados de Gás. Figura 7.12 Abrigos Para Medidores de Gás O condomínio possui estacionamento onde os moradores podem guardar seus veículos, figura 7.13, com rampa de acesso para pessoas com necessidades 53 especiais, figura 7.14, porém além das vagas não serem demarcadas são 45 vagas no condomínio para 200 apartamentos. Alguns condôminos aproveitam esta situação para colocar carros de visitantes no estacionamento que tem uso exclusivo dos moradores, gerando conflitos entre os vizinhos e constantes reclamações junto ao síndico. Figura 7.13 Estacionamento do Condomínio. Figura 7.14 Rampa de Acesso para o Estacionamento. A figura 7.15 demonstra o local reservado para os moradores depositarem o lixo. Cada morador deve acondicionar o lixo em sacos e depositá-los neste local utilizando a portinhola com abertura para dentro do condomínio. 54 Figura 7.15 Lixeira - Vista por Dentro do Condomínio. O serviço de coleta é realizado com acesso direto da rua, figura 7.16. Pode-se notar que o tamanho do deposito não é suficiente para a produção de lixo da população, parte do lixo fica depositado no chão ao lado da guarita. Figura 7.16 Lixeira - Vista por Fora do Condomínio. 55 Para lazer o morador pode desfrutar de quiosque com churrasqueira, pia e mesa para realizar confraternizações (figura 7.17). Figura 7.17 Área de Lazer - Churrasqueira. Existe também um parquinho, com escorregador e tanque de areia (figura 7.18). O balanço não pode ser utilizado, pois se encontra danificado (figura 7.19). Figura 7.18 Área de Lazer - Parquinho. 56 Figura 7.19 Brinquedo Danificado. Para lazer só existem estas duas opções, Melo observa que para um condomínio onde a maior parte dos moradores é composta por adolescentes e crianças, os equipamentos disponíveis para divertimento são insuficientes. O estatuto do condomínio não permite que eles andem de bicicleta ou joguem bola nas áreas comuns, Melo completa: “as crianças não têm opção! Acabam brincando onde não deveriam e infringem o estatuto” (figuras 7.20 e 7.21). Figura 7.20 Criança Jogando Bola na Área Comum. 57 Figura 7.21 Criança Andando de Bicicleta na Área Comum Algumas escadas apresentam os degraus estambocados, como da figura 7.22, nesta além dos degraus degradados, nem todos os suportes para o corrimão estão presos ao chão. Figura 7.22 Má Conservação de uma das Escadas. A única ação de vandalismo notada foi a pichação da figura 7.23, sob a escada de um dos blocos. 58 Figura 7.23 Pichação Sob Escada. O condomínio apresenta-se em bom estado de conversão e organização não há lixo nas áreas comuns e pouco se nota de degradação ou vandalismo. Melo afirma que a organização do condomínio e seu estado de conservação se devem à orientação que fora dada os funcionários para a aplicação de multa quando constado algum ato de vandalismo, desordem ou desrespeito às normas internas, e completa: “as pessoas só respeitam quando têm que colocar a mão no bolso!” 7.3 Avaliação de Pós Ocupação Como mencionado no capitulo 6 deste trabalho, é verificada a importância do envolvimento das famílias que ocuparão os empreendimentos de interesse social nas diversas fases de sua implementação, por isso uma das fases do PAR é o trabalho técnico social, nome que a CEF deu para a APO: “TRABALHO SOCIAL: (...) viabilizar a integração e participação dos arrendatários, gerando o compromisso com a conservação e a manutenção dos imóveis, correta ocupação do espaço 59 coletivo , o estímulo à adimplência e fixação dos arrendatários nos imóveis” (CEF, 2006). Levando em consideração que nem todos os moradores que ocuparam o conjunto residencial tinham uma educação social e ambiental para ocupar o mesmo espaço que diversas outras famílias e necessitavam de orientações sobre como viver em um condomínio foi feito um trabalho social. O trabalho técnico social foi desenvolvido com o intuito de prepará-los para sua nova condição de moradores de apartamentos e criar meios capazes para que a própria população pudesse, depois de concluído o trabalho, se organizar e buscar melhorias para o condomínio e para a comunidade do entorno. No Conjunto Residencial Francisco Prisco, durante a entrega dos apartamentos, os moradores foram informados de que este trabalho seria realizado. Melo lembra que foi entregue um questionário para cada família (Anexo A), ela mesma ajudou a recolhê-los respondidos. Através das respostas deste questionário o técnico social desenvolveria trabalhos e/ou projetos junto aos moradores tendo como objetivo o que fora descrito no parágrafo anterior. Dois anos depois de ocupados os apartamentos, dois técnicos iniciaram o trabalho social. Duas vezes por mês eles se reuniam com os moradores que tinham interesse em participar das reuniões e promoviam palestras e atividades de interação. A participação dos moradores na primeira e na segunda reunião foi inexpressiva, até o momento em que foi divulgada a informação que a CEF tinha representantes nas reuniões. A partir deste momento ocorreu um aumento na participação. Melo comenta: “o pessoal respeita a Caixa, tivemos reuniões com mais de 30 pessoas, pode parecer pouco para o condomínio com 200 famílias, mas para nós já foi um grande progresso”. Em uma das reuniões destacou-se a necessidade de que fossem formadas associações de moradores. Solicitações mais organizadas e feitas por um grupo de pessoas e não individualmente têm mais possibilidades de serem atendidas, ter 60 oportunidade de colocar opiniões e pontos de vista diferentes sobre propostas para melhorar as instalações do conjunto residencial foram argumentos utilizados, conforme Melo, para estimular os moradores a formar a associação de moradores. Desde o inicio da ocupação Melo tentava formar uma organização de moradores com pelo menos um morador de cada bloco, depois do inicio do Trabalho Técnico Social – TTS, os moradores se envolveram mais e hoje apenas um bloco não possui representante. Melo finaliza: “as pessoas brigam, reclamam, mas algumas são incapazes de sair de casa para participar das reuniões, não estão dispostas a trabalhar para obter o que reivindicam”. Em um dos encontros os técnicos promoveram atividades de artesanato direcionado aos jovens e as crianças, buscando estimular que eles próprios se reunissem para realizações de atividades que substituíssem a falta de opção de lazer dentro do conjunto residencial. A figura 7.24 mostra um dos quadros de aviso, em todos os blocos existe um, neste ainda está fixado o aviso sobre a referida atividade. Nota-se que os moradores conservam os quadros em bom estado: não rasgam ou rabiscam os avisos, não roubam os percevejos ou depredam o quadro. Figura 7.24 Quadro de Avisos. 61 O conceito de cuidar das áreas comuns “como se fosse o quintal de sua casa” foi amplamente divulgado no TTS, alguns moradores incutiram esta prática e passaram a zelar pelos jardins, figuras7.25 e 7.26. Figura 7.25 Jardim Cultivado por Moradores entre Dois Blocos. Figura 7.26 Jardim Cultivado por Moradores na Entrada de um dos Blocos. 62 Moradores que possuíam vasos em sua residências anteriores se adaptam a nova realidade e não deixam de cultivar suas plantas, figura 7.27, utilizando o espaço sob a escada como extensão de seu apartamento. Figura 7.27 Vasos de Plantas Sob a Escada. Gaiolas penduradas no muro do condomínio é outro exemplo da utilização da área comum como extensão dos apartamentos, figura 7.28. Figura 7.28 Gaiolas Penduradas no Muro do Condomínio. A importância da limpeza e da coleta do lixo foi tema de uma das palestras do TTS. Mesmo com o depósito de lixo vazio alguns moradores deixavam os sacos de lixo nos corredores dos blocos para que fossem recolhidos por funcionários do 63 condomínio. Melo relata que foi necessária aplicação de multas e muitas conversas, até que todos entendessem que os funcionários eram responsáveis pela limpeza das áreas comuns e não pela coleta do lixo que era produzido nos apartamentos e que cada morador deveria levar o seu até a lixeira. Foi realizado um trabalho de conscientização junto às famílias para que quando precisarem se desfazer de entulhos, móveis e outros objetos que não são recolhidos pela coleta de lixo padrão, devem solicitar sua retirada para quem presta este serviço, figura 7.29. Figura 7.29 Placa Colocada Sobre a Portinhola do Depósito de Lixo. Animais de grande porte são proibidos, as pessoas que optarem por ter gatos ou cachorros devem recolher seus dejetos quando os levarem para as áreas comuns. Melo comenta que foi passado aos moradores: “por mais desagradável que seja recolher a sujeira do seu bicho de estimação é pior se deparar com a sujeira do animal alheio”. Não se observa sujeira e apenas um animal foi visto solto no condomínio, figura 7.30. Figura 7.30 Animal Solto no Condomínio. 64 Não se vê roupas ou objetos pendurados nas janelas ou qualquer modificação nas partes externas dos edifícios, figura 7.31, Melo pede que os funcionários observem e informem os moradores sobre a aplicação de multa caso isto ocorra. Figura 7.31 Vista dos Fundos do Condomínio. Alguns moradores fizeram alterações em locais permitidos, que não alteram as características externas do condomínio, figura 7.32. Figura 7.32 Alterações Feitas Pelos Moradores. 65 O entendimento sobre a necessidade do pagamento da taxa de arrendamento é obtido através da comparação com a prestação de um financiamento. Os moradores não deixam de pagá-lo para não ficar sem o imóvel, Melo comenta que já houve no Francisco Prisco reintegração de posse, ou seja, o arrendatário deixou de cumprir sua obrigação por mais de três meses e foi obrigado a sair do imóvel. Mesmo com as discussões sobre o pagamento do condomínio, ressaltando que os gastos que o conjunto tem devido à manutenção, pagamento dos funcionários, gás, água, etc. devem ser pagos por todos os condôminos, Melo estima que a inadimplência chegue a 15%. Apesar de não pagar o condomínio a família não deixa de ter água, gás e não é impedida de usar o estacionamento nem os outros serviços. O TTS teve seu encerramento em primeiro de setembro de 2006 com uma confraternização entre as pessoas que participavam das reuniões. Melo avalia o trabalho positivamente, apesar do seu inicio ter sido tardio. 66 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os programas que visam à construção de habitação de interesse social têm características muito semelhantes: todos eles têm a mesma forma de selecionar as pessoas que ocuparão o imóvel, as características das unidades habitacionais, os padrões mínimos de material construção e acabamento, têm como prioridade a redução de custo e relegam a segundo plano atender a necessidade de moradia. Após a ocupação do imóvel as famílias ficam sem preparo ou orientação sobre como viver no mesmo local com outras famílias e com elas dividir e conservar o espaço comum. O Programa de Arrendamento Residencial tem características que se destacam dos outros planos para a redução do déficit habitacional, nele: • O imóvel passa a ser de propriedade do morador depois de um período de 15 anos, desde que ele se mantenha adimplente; • É feito um trabalho social com o objetivo de conscientizar os moradores da importância da conservação e a manutenção dos imóveis, da correta ocupação do espaço coletivo e estímulo à adimplência. O programa de arrendamento evita que o morador torne-se inadimplente e inviabilize a construção de outros empreendimentos de interesse social. Nele o arrendatário poderá desenvolver a consciência de que o imóvel será pago por ele e não recebido como um benefício dado a quem não tem onde morar. O programa possibilita que a família deixe de pagar aluguel, muitas vezes por uma moradia insalubre, e mostra a ela que através da adimplência ela obterá a propriedade do imóvel. O trabalho social é de grande importância para os moradores e quando bem desenvolvido irá transmitir ao morador uma boa noção de direitos e deveres para tornar harmoniosa e pacífica a convivência com os outros moradores. 67 Nota-se que os conflitos gerados pelo convívio em condomínio independem da classe social, sexo, idade, ou do local de onde vieram as pessoas. O trabalho social, mesmo bem feito, só terá resultados sobre as pessoas que têm a intensão de mudar e melhorar. Além da avaliação pós ocupação é notável a necessidade de uma acessoria para resolver problemas que surgem e que se não forem resolvidos irão se agravar comprometendo o conjunto e seus moradores. Temos como exemplo o tamanho da lixeira que não é suficiente para armazenar o lixo até sua coleta e a inadimplência que não tem como ser revertida devido às regras atuais que permitem que os moradores continuem recebendo água e gás mesmo sem pagar a taxa de condomínio. Considerando ser este um empreendimento de interesse social com um número expressivo de famílias, as condições das áreas comuns, a conservação, a organização e a limpeza são satisfatórias. Sabendo que o TTS teve seu ínicio dois anos depois da entrega dos apartamentos, foi a dedicação e a capacidade de alguns moradores que se organizaram possibilitando que o conjunto mantivesse as condições oferecidas na entrega do empreendimento. O Conjunto Residencial Francisco Prisco pode ser considerado um empreendimento de interesse social de sucesso. Apesar dos pontos a serem desenvolvidos, elencados anteriormente, o objetivo de proporcionar moradia para famílias com baixo poder aquisitivo, num local com infra-estrutura foi alcançado. 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIKO, A. e PEREIRA, P. M. S. - “Conjuntos Habitacionais em São Paulo: O Projeto Cingapura”. São Paulo, 2002 Disponível em http://72.14.207.104/search?q=cache:GZ_lTr6e7RgJ:alkabiko.pcc.usp.br/artigos/Co njuntos%2520Habitacionais.PDF+abiko+%22habita%C3%A7%C3%A3o%22&hl=ptBR&gl=br&ct=clnk&cd=2&lr=lang_pt. Acesso em 1/05/2006 BORGES, J. G. - “Habitação para o desenvolvimento”. Rio de Janeiro. 1974, p. 70. BRASIL. Presidência da República, Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano, Secretaria de Política Urbana, Caixa Econômica Federal - “Manual do Arrendatário - Residencial Francisco Prisco”. 2004. BRASIL. Ministério das Cidades. Disponível em http://www.cidades.gov.br/index.php?option=content&task=section&id=215. Acesso em 04/06/2006 CEF - Caixa Econômica Federal. Disponível em https://webp.caixa.gov.br/urbanizacao/Pulcicacao/Texto/programa/PAR.htm. Acesso em 21/05/2006 CEF - Caixa Econômica Federal – “PAR Avaliação do TTS no Pós-Ocupação Orientações para aplicação da Pesquisa“. Brasília. 2004. COHAB – SP – Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo. 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SINPRO – Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul - “BNH, Trajetória e Cooptação”. Disponível em: http://www.sinpro-rs.org.br/extra/jul97/movim1.htm. Acesso em: 28/02/2006. TÔNUS, M. A. - Engenheiro da Caixa Econômica Federal. Entrevista em 03/09/2006. 71 ANEXO Anexo A – Pesquisa de Avaliação do Trabalho Técnico Social no PAR. PESQUISA DE AVALIAÇÃO DO TTS NO PAR - PÓS-OCUPAÇÃO Este formulário tem como objetivo conhecer suas opiniões e impressão sobre o PAR e sobre o trabalho social. As informações aqui obtidas são de fundamental importância para o aprimoramento do programa, portanto é muito importante para nós que você responda com toda sinceridade. Como nosso objetivo é ter visão do que pensa o conjunto dos moradores não é necessário que você se identifique. O formulário apresenta uma série de questões elaboradas para serem respondidas marcando com um X as alternativas que melhor expressem sua opinião o sobre o tema abordado. Pedimos que não deixe perguntas sem respostas. Algumas perguntas admitem apenas uma resposta, motivo pelo qual solicitamos que antes de respondê-la leia-as atentamente. Se achar necessário, utilize os espaços para reservados para críticas, sugestões e elogios. Em caso de dúvidas, procure esclarecer com o técnico social. (Nome do Empreendimento) 9 Questão 1 DApenas uma alternativa deve ser assinalada. 9 Questão 2 DO objetivo é levantar a percepção do arrendatário. Devem ser assinaladas todas as alternativas com as quais o arrendatário concordar. 72 As alternativas “g. Equipamentos de uso coletivo” e “h Segurança de morar em condomínio” só devem ser respondidas pelos arrendatários de empreendimentos organizados em condomínio. 9 Questão 3D As razões só devem ser assinaladas por aqueles que têm intenção de mudar. O respondente pode apontar mais de uma razão para mudar do imóvel. Se o entrevistado entender que as alternativas listadas não contemplam suas razões, anotar, ao lado, o(s) motivo(s). As alternativas “b. Valor do condomínio”e “g Adaptação a vida em condomínio” só devem ser respondidas pelos arrendatários de empreendimentos organizados em condomínio. 9 Questão 4D Orientar o respondente para assinalar um único interlocutor para cada assunto. 73 As alternativas “b. Valor da Taxa de Condomínio”, “d Convenção do Condomínio/Regimento Interno” e “i Manutenção de áreas/equipamentos de uso comum” só devem ser respondidas pelos arrendatários de empreendimentos organizados em condomínio. 9 Questão 5DEssa questão só se aplica para empreendimentos organizados como condomínios. Para cada assunto só deve ser marcada uma alternativa. 9 Questão 6 DEssa pergunta só admite uma resposta. 9 Questão 7 D Essa questão só se aplica a condomínios. Para cada assunto só deve ser marcada uma alternativa. 74 9 Questão 8 DPara cada assunto só deve ser marcada uma alternativa. 9 Questão 9 D O respondente deve assinalar todos os tipos de demanda sobre as quais tenha conhecimento de encaminhamentos. A alternativa “c. Manutenção do condomínio/residencial” só deve ser respondidas pelos arrendatários de empreendimentos organizados em condomínio. 9 Questão 10 D Para cada tipo de equipamento só deve ser marcada uma alternativa. E só se aplica para os equipamentos de uso comum instalados. 75 9 Questão 11 D As razões de não utilização só devem ser apontadas para os equipamentos existentes e não utilizados pelo respondente Para cada tipo de equipamento só deve ser marcada uma alternativa 9 Questão 12 DPara cada tipo de atividade só deve ser marcada uma alternativa. 9 Questão 13D Essa questão visa detectar a percepção do arrendatário sobre o relacionamento interpessoal no empreendimento. Para cada tipo de grupo só deve ser marcada uma alternativa. 76 A alternativa “a. Funcionário (portaria, limpeza)” só deve ser respondida pelos arrendatários de empreendimentos organizados em condomínio. 9 Questões 14, 15 e 16DTêm como objetivo conhecer a opinião do arrendatário. Para essa avaliação foi adotada a escala de diferencial semântico de cinco pontos: Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou Péssimo. Orientar os respondentes que cada aspecto deve ser avaliado por essa escala e que eles devem escolher uma das palavras para expressar o que pensa sobre cada um. Essa questão não admite resposta Não sei ou Não respondeu 9 Questão 14D Essa questão tem como objetivo conhecer a opinião do arrendatário sobre o imóvel arrendado. As alternativas “j. empreendimento” Equipamentos só devem ser de uso comum” respondidas e pelos “k Segurança arrendatários do de empreendimentos organizados em condomínio. Já a alternativa “i. Áreas externas” só deve ser respondida pelos arrendatários de empreendimentos constituídos por casas ou sobrados. 77 9 Questão 15D Essa questão tem como objetivo conhecer a opinião do arrendatário sobre a infra-estrutura na área do empreendimento. 9 Questão 16D Essa questão tem como objetivo conhecer a opinião do arrendatário sobre equipamentos públicos e serviços existentes na área onde o empreendimento está inserido. 9 Questão 17 D Orientar o respondente para assinalar todas as melhorias instaladas. Se o entrevistado entender que as alternativas listadas não contemplam as benfeitorias por ele realizadas, anotar ao lado. A alternativa “k Muros e cercas” só deve ser respondidas pelos arrendatários de empreendimentos constituídos por casas ou sobrados. 9 Questão 18DEssa questão tem como objetivo verificar a percepção do arrendatário. Para cada aspecto só deve ser marcada uma alternativa. 78 9 Questão 19DEssa questão tem como objetivo verificar a percepção do arrendatário. Para cada aspecto só deve ser marcada uma alternativa. 9 Questões 20, 21, 22 e 23D Têm como objetivo conhecer o que o arrendatário entende por atrasos no pagamento, bem como levantar possíveis causas da inadimplência. É importante informar aos arrendatários que essa pergunta não tem caráter de fiscalização 9 Questão 20DCaso a resposta seja SIM, o respondente deve anotar o número de taxas em atraso. 9 Questão 21D As razões só devem ser assinaladas por aqueles que se consideram inadimplentes. Se o entrevistado entender que as alternativas listadas não contemplam suas razões, anotar, ao lado, o(s) motivo(s) 9 Questão 22 e 23 D Só se aplicam em empreendimentos organizados como condomínios. 79 9 Questão 22DCaso a resposta seja SIM, o respondente deve anotar o número de taxas em atraso. 9 Questão 23D As razões só devem ser assinaladas por aqueles que se consideram inadimplentes. Se o entrevistado entender que as alternativas listadas não contemplam suas razões, anotar, ao lado, o(s) motivo(s). 9 Questão 24DEssa questão admite mais de uma respostas 9 Questão 25D Para cada aspecto só deve ser marcada uma alternativa. 9 Questão 26 Variáveis de controleD Essas variáveis foram introduzidas no formulário com o objetivo de qualificar o respondente e levantar algumas informações sobre o perfil das famílias dos arrendatários. 80