PNUD: PROGRAMAÇÃO DO PAÍS E ASSUNTOS RELACIONADOS VERSÃO PRELIMINAR DO DOCUMENTO DO PROGRAMA DO PAÍS PARA O BRASIL Terceiro Documento do Programa do País para o Brasil (2007-2011) Índice Introdução I. Análise Situacional II. Cooperação passada e lições aprendidas A Redução da pobreza e aumento da inclusão social B.Desenvolvimento de capacidade e governança sustentável C.Meio ambiente sustentável e desenvolvimento da energia D. Gênero e Raça E. Formulação de políticas e metas no marco do DHS III. IV. Programa proposto A. Promoção do acesso eqüitativo aos serviços públicos B. Garantia de equidade de gênero e raça C. Redução da vulnerabilidade à violência D. Promoção de políticas transparentes e direitos humanos E. Apoio ao desenvolvimento econômico mais sustentável Gestão, monitoramento e avaliação do programa A. Gestão do programa. B. Monitoramento e Avaliação Anexo Quadro de Resultados e Recursos Anexo Matriz de Resultados do UNDAF Introdução 1. O terceiro Documento de País para o Brasil (CPD) compreende o período de 2007 – 2011. Foi preparado em colaboração com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), levando em conta o documento “Uma leitura das Nações Unidas sobre os Desafios e Potenciais do Brasil (CCA)“ e o “Marco Conjunto para Cooperação das Nações Unidas (UNDAF)” e focalizando as áreas nas quais o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) tem uma clara vantagem comparativa no âmbito de suas atribuições. I. Análise Situacional 2. A implementação do segundo programa, válido para 2002-2006, ocorreu principalmente durante o mandato do governo eleito no final de 2002 e foi bastante influenciada por suas demandas e prioridades. A agenda deste governo foi fortemente orientada para programas sociais, serviços básicos e um forte compromisso com a redução da pobreza nacional e internacionalmente. 3. Uma das principais realizações do país registradas durante este período foi a consolidação da estabilidade macroeconômica. A taxa de inflação caiu de 12,5% em dezembro de 2002 para uma taxa de 3,5% prevista para o final de 2006. O crescimento do PIB alcançou uma taxa cumulativa de 12,5% para o período de 2002-2006, em comparação com 10,2% no período anterior1. A taxa de desemprego ainda é elevada, em média 10%, e distribuída de forma desigual por região, raça e gênero. Este desempenho geral da economia brasileira no curto prazo, embora seja positivo, não promove uma melhoria das condições de vida de uma grande parcela da população sendo reformas econômicas necessárias2. 5. Níveis altos e persistentes de desigualdade ainda constituem um obstáculo alarmante ao exercício pleno dos direitos humanos no Brasil, e a níveis de desenvolvimento humano mais altos. São necessários maiores esforços para ampliar a cobertura das políticas sociais e torná-las mais inclusivas e sustentáveis. Uma redução significativa dos níveis de desigualdade também exige reformas estruturais mais radicais que ainda não se concretizaram. Atualmente, o Brasil está classificado em 63o lugar no Índice de Desenvolvimento Humano. O progresso na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento to Milênio (ODM)3 é visível, e o Brasil poderá cumprir as metas dos ODM na média, como "país", mas as regiões mais pobres e a população excluída podem permanecer abaixo das metas. 6. Em termos de potencialidades nacionais, a análise situacional mostra o Brasil como um país com muitas competências e experiência profissional. Contudo, a capacidade do governo é altamente concentrada em alguns nichos do governo federal. Cooperação técnica ainda é necessária e solicitada junto aos organismos internacionais para formulação, monitoramento e avaliação de políticas sociais. No nível estadual, a capacidade existente para o desenvolvimento está aumentando lentamente, e existem deficiências consideráveis no nível municipal. A implementação bem sucedida de políticas sociais nacionais nos níveis estadual e municipal foi identificada pelo governo federal como uma prioridade para a cooperação com organismos internacionais. 1 Boletim do Banco Central Abril de 2006 (www.bcb.gov.br) CCA – Uma Leitura das Nações Unidas a Respeito dos Desafios e Potencial do Brasil (http://www.onu-brasil.org.br/acoes_conjuntas.php) e "Reformas Microeconômicas e Crescimento a Longo Prazo – Ministério da Fazenda (www.fazenda.gov.br) 3 Dados do II Relatório Nacional dos ODM de 2004 (http://www.ipea.gov.br) 2 2 7. A ABC reforçou que este novo ciclo programático que começa em 2007 deverá consolidar a transição do apoio operacional aos programas para uma abordagem baseada em conhecimento, com um aumento significativo de serviços técnicos. Neste sentido, o governo também enfatizou o importante papel que o PNUD e outras agências das Nações Unidas podem desempenhar atuando em iniciativas triangulares com o Brasil para promover a cooperação Sul-Sul. 8. Durante a preparação deste documento, foram realizadas consultas com as contrapartes e com autoridades nacionais4, que confirmaram a necessidade de um reposicionamento do PNUD no Brasil, e apoiaram fortemente a mudança de foco para o trabalho com os estados e municípios. O fornecimento de produtos e serviços baseados em conhecimento, em particular a experiência internacional das extensas redes das Nações Unidas e monitoramento e avaliação, também foi solicitado. 9. Recente reestruturação do escritório para aperfeiçoar competências técnicas em áreas prioritárias organizou as funções do Escritório do PNUD no Brasil em quatro grupos de atividades: advocacy, assessoria para formulação de políticas públicas, projetos especiais para desenvolver novos produtos de conhecimento e serviços de desenvolvimento. Espera-se que as atividades baseadas em conhecimento assumam uma parcela crescente da carteira do país, e que os serviços de desenvolvimento tenham um papel decrescente, começando no nível federal. Os serviços de desenvolvimento continuarão a ser fornecidos onde e quando necessário. Uma estratégia de descentralização também foi introduzida para atender necessidades mais específicas no nível local, que culminou em parcerias com governos estaduais para a abertura de cinco escritórios descentralizados. 10. Esta abordagem traz desafios e oportunidades para rever a forma tradicional de realização de cooperação técnica, e aumenta a importância do PNUD no alcance de impacto sustentável de longo prazo. É contra este pano de fundo que o PNUD deve definir sua trajetória futura no Brasil. II. A Cooperação Técnica no Período Anterior e as Lições Aprendidas 11. O programa do PNUD no País ainda é um dos maiores do mundo, executado nacionalmente, com custo quase exclusivamente compartilhado com recursos nacionais. Os programas apoiados no Brasil tiveram uma redução de US$ 195.7 milhões em 2002 para US$ 141 milhões em 2005. A principal lição aprendida foi que o fornecimento de serviços de desenvolvimento de maneira tradicional, por agências das Nações Unidas, como nos últimos 18 anos, não é mais relevante para o governo federal no Brasil. A. Redução da pobreza e aumento da inclusão social 12. A intervenção do PNUD em políticas sociais enfocou (i) a implementação de políticas que visam fortalecer setores críticos para o desenvolvimento humano; (ii) o apoio às políticas de descentralização e empoderamento no nível local, especialmente nos setores da saúde e da educação; (iii) promoção dos conceitos relacionados de ODM e de desenvolvimento humano sustentável (DHS) através de projetos; (iv) desenvolvimento institucional e capacitação em todos os níveis de governo; e (v) a construção de novas redes e parcerias com o setor privado e a sociedade civil. A proteção dos direitos humanos, a segurança humana, a incorporação da dimensão de gênero, raça, transparência, e governança local são questões inovadoras que se beneficiaram da cooperação intensa e da alta qualidade do Sistema das Nações Unidas. 4 Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério do Planejamento, Banco Mundial, Comitê do Pacto Global. 3 13. Devido à relevância do sistema de justiça como uma condição para o desenvolvimento social e econômico e consolidação da democracia, o Escritório do PNUD no Brasil começou a investir na área a partir de 2003. Algumas das iniciativas mais importantes financiadas pelo PNUD foram: (i) a implementação de experiências piloto em justiça restaurativa e penas alternativas, (ii) a aplicação da tecnologia como uma ferramenta para facilitar o acesso à justiça para comunidades pobres, e (iii) o desenvolvimento de uma série de estudos sobre gestão do sistema judiciário. Em questões de segurança pública, vários estudos foram desenvolvidos para subsidiar a elaboração do Sistema Unificado de Segurança Pública (SUSP), um instrumento nacional de política importante para a coordenação dos esforços das várias esferas de governo. 14. Um esforço importante foi empreendido visando o estabelecimento de novas parcerias e redes para fortalecer as atividades de responsabilidade social sob a égide do Pacto Global (Global Compact)5 com empresas privadas. Esta será uma área importante para o próximo ciclo. 15. O PNUD forneceu assessoria técnica na elaboração e implementação de ferramentas de monitoramento e avaliação de programas de transferência de renda com condicionalidades, uma área importante para reduzir a pobreza que continuará a receber apoio deste Programa do País. B. Desenvolvimento de capacidade e governança sustentável 16. Durante este ciclo programático, o PNUD Brasil apoiou intervenções governamentais para atingir a estabilidade macroeconômica, tal como a Reforma da Administração Fiscal Estadual (PNAFE) baseada em gestão eficiente e transparente das receitas e despesas. Estas iniciativas foram extremamente bem sucedidas e replicadas nos níveis estadual e municipal. A utilização de tecnologias da informação e comunicação para o desenvolvimento (TICD) também foi introduzida com sucesso como uma ferramenta para melhorar a governança e para reduzir o hiato digital nas comunidades pobres. Programas ambiciosos foram desenvolvidos para integrar as câmaras legislativas nos níveis municipal, estadual e federal através de uma comunidade virtual e de um sistema que integra as Receitas Estaduais. 17. A presença ativa do PNUD, e sua assessoria técnica oferecida aos programas estaduais e municipais para viabilizar a modernização equivalente, foram intensamente demandadas, especialmente através dos escritórios descentralizados. Portanto, conforme determina o mandato do PNUD, a capacitação institucional nos níveis estadual e municipal estará entre as prioridades para o próximo ciclo. C. Meio ambiente sustentável e desenvolvimento de energia 18. Os projetos do PNUD na área ambiental visam a integração da população humana à natureza, ampliando o desenvolvimento sustentável e melhorando a qualidade de vida, e ao mesmo tempo protegendo a biodiversidade e os serviços ecológicos. O PNUD também apoiou a consolidação institucional e técnica de agências reguladoras independentes no setor de serviços públicos (serviços de água, saneamento e eletricidade), reduzindo os riscos gerais para o investimento privado, mas protegendo os consumidores de renda mais baixa. O PNUD apoiou ativamente os elos entre energia e alívio da pobreza, através do emprego de energia renovável na eletrificação rural D. Gênero e raça 19. A preparação do Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano com foco no Racismo, na Pobreza e na Violência contribuiu para a incorporação de metas específicas de redução da pobreza 5 http://www.pactoglobal.org.br/ 4 desagregadas por gênero e raça. Nesse particular, o desenvolvimento da capacidade em planejamento estratégico e formulação de políticas no âmbito da recém-criada Secretaria de Promoção da Igualdade Racial também foi uma etapa importante para a formulação de políticas avançadas, incluindo ações afirmativas no setor da educação. No ciclo atual a questão racial tornouse um dos itens proeminentes na agenda nacional. E. Formulação de políticas e metas no marco do desenvolvimento humano sustentável (DHS) 20. Na última década, o conceito de desenvolvimento humano sustentável consolidou-se na formulação, monitoramento e avaliação de políticas no Brasil, e o IDH foi empregado para estabelecer o foco das políticas públicas e da destinação orçamentária, para apoiar a atuação da sociedade civil e até mesmo para orientar empresas privadas em seus processos decisórios envolvendo a alocação de investimentos privados. 21. O PNUD também intensificou seu trabalho em DHS e investiu em pesquisa e desenvolvimento de novas ferramentas que permitiram avaliações e relatórios mais qualitativos sobre as condições sociais nos níveis nacional, estadual e municipal, testados em um projeto-piloto realizado na cidade de Recife. Os relatórios dos ODM nos níveis nacional e sub-nacional também ofereceram às autoridades ferramentas muito valiosas para a mensuração do impacto das políticas públicas. Um Relatório Nacional dos ODM foi preparado anualmente pelo governo com apoio das agências das Nações Unidas, sob a coordenação do PNUD. Além disso, o PNUD estabeleceu novas parcerias com o setor privado especialmente para apoiar a campanha dos ODM, que teve um impacto significativo sobre a opinião pública e recebeu o Prêmio 2005 de Inovação e Compromisso do Administrador do Organismo. 22. O compromisso com a divulgação e a consecução dos ODM gradualmente concentrou os esforços do Escritório local. Durante o ciclo atual, o Escritório do PNUD no Brasil desenvolveu suas potencialidades de assessoria e advocacy em políticas testando ferramentas inovadoras com sucesso, o que também permitirá intervenções baseadas em conhecimento no próximo ciclo. III. Programa proposto 23. O programa proposto baseia-se nos Resultados Esperados para Programa do País acordados no Marco de Cooperação Conjunta (UNDAF), e os adapta às especificidades do mandato do PNUD e dos objetivos do Marco Plurianual de Financiamento (MYFF). O PNUD pretende fazer diferença prestando apoio para que o país otimize o uso de seus recursos na busca da redução das desiguladades e melhoria da qualidade de vida das populações excluídas e vulneráveis, que enfrentam sistematicamente restrições ao atendimento de suas necessidades e acesso limitado à justiça para garantir seus direitos. 24. Para enfrentar as desigualdades, é preciso desenvolver a capacidade do governo, da sociedade civil e dos detentores de direitos de monitorar e influenciar o montante, o foco e a eficiência dos gastos sociais, assegurando a devida priorização dos recursos e seu emprego efetivo em programas sociais. Também é preciso fortalecer a governança democrática e a capacidade dos detentores de direitos de participar na vida política e em processos de tomada de decisão. 25. Este Programa do País enfatizará dois temas transversais: alcançar os ODM não somente como uma média do país, mas principalmente para todos os grupos excluídos e vulneráveis; e promover a governança democrática. Devido ao forte federalismo do estado brasileiro, e para maximizar a eficácia das intervenções do PNUD, o foco será no nível local. Além disso, a incorporação de objetivos de governança na implementação dos ODM é um meio importante para expandir as oportunidades e liberdades para todos. 5 26. Dada a dualidade com relação ao desenvolvimento de capacidade entre diferentes esferas de governo, a cooperação técnica terá dois escopos: (i) um escopo nacional com atuação nas áreas com menos capacidade, com foco no atingimento dos ODM no nível local e o fortalecimento da governança e todos ems níveis de governo; e, (ii) um escopo internacional nas áreas onde a capacidade já está desenvolvida, enfocando a cooperação Sul-Sul através do compartilhamento de conhecimento, e apoiando as iniciativas brasileiras. Escopo Nacional 27. Trazer os ODM para o nível local permitirá a priorização no uso de recursos públicos e sua eficácia para reduzir desigualdades. A transferência de conhecimento e a assessoria para formulação de políticas serão baseadas principalmente nas melhores práticas e na análise diagnóstica a partir de ferramentas como Atlas Municipais de Desenvolvimento Humanos, Relatórios Estaduais e Municipais dos ODM. Expertise Técnica de alta qualidade, combinada com um componente claro de capacitação, será oferecida onde e sempre que necessário. O advocacy contribuirá para o desenvolvimento de parcerias visando o alcance dos ODM. 28. Fortalecer a governança como um meio para apoiar a modernização do estado para aperfeiçoar o arcabouço legal, a responsabilização externa, a participação e os mecanismos de transparência, e garantir a qualidade institucional em todas as áreas de governo. A geração conjunta de conhecimento enfocará a disseminação das melhores práticas e das lições aprendidas derivadas do monitoramento e avaliação de projetos, programas e políticas. A expertise técnica será fornecida para desenvolver e multiplicar a capacidade para o desenvolvimento nos níveis individual, institucional e societal. O advocacy será exercido com a participação das agências e redes das Nações Unidas através de um diálogo de política principalmente em questões sensíveis como direitos humanos, segurança humana, transparência, a raça e gênero. Escopo Internacional 29. Cooperação técnica Sul-Sul com a sistematização e o compartilhamento de melhores práticas. O governo, conjuntamente com o Escritório do PNUD no Brasil, identificará mecanismos inovadores e melhores práticas nas diversas áreas temáticas de intervenção do PNUD, e promoverá intercâmbio de informações entre países em desenvolvimento, principalmente com Programação Conjunta com as Agências das Nações Unidas. 30. A ênfase em trazer os ODM para o nível local, no fortalecimento da governança e na cooperação Sul-Sul, será transversal em todos os Resultados do Programa do País6 conforme indicado abaixo: A. Promoção do acesso eqüitativo aos serviços públicos 31. É dada ênfase específica a quatro dimensões que devem ser reforçadas a fim de melhorar as capacidades do governo, da sociedade civil e dos detentores de direitos na utilização dos serviços públicos: (i) acesso, já que a universalização dos serviços públicos ainda é limitada pelas restrições que os vulneráveis e excluídos enfrentam; (ii) qualidade, dada a importância de garantir que o serviço seja oferecido de acordo com padrões estabelecidos em planos nacionais e instrumentos internacionais; (iii) participação, como meio de mobilizar os beneficiários e suas organizações para que exijam os serviços e lutem por seus direitos; e (iv) controle social, que sustentará a apropriação dos resultados e promoverá a transparência. 6 Os resultados do programa do país do estão detalhados no anexo da matriz da estrutura dos recursos 6 B. Promoção de equidade de gênero e raça 32. A estratégia para alcançar a redução das desigualdades de gênero, raça e etnia selecionada para este Programa do País é, junto com outras agências das Nações Unidas, fortalecer as capacidades para incorporação das dimensões de gênero e de raça na legislação, nas políticas e nos programas. Os produtos do Programa do País incluem um forte conteúdo de advocacy e de assessoria para políticas públicas. C. Redução da vulnerabilidade à violência 33. Os produtos incluem advocacy para parcerias multi-setoriais, mobilização de agentes e instituições governamentais e não-governamentais; capacitação, replicação de iniciativas locais bem sucedidas comunitárias e do governo; e transferência de conhecimento nacionalmente e internacionalmente através da cooperação Sul-Sul. A exclusão e a desigualdade social, que estão entre as causas fundamentais da violência, serão abordadas por meio do aumento das capacidades do governo de integrar diversas políticas que incluam a construção de uma cultura de paz, inclusão social, espaços urbanos públicos seguros, acesso à justiça e modernização institucional dos órgãos responsáveis pela segurança pública. 34. Para garantir o acesso à justiça para as comunidades pobres, o PNUD continuará a testar e ampliar novos modelos de sistemas de justiça alternativa, e também contribuirá para a modernização do sistema judiciário e a estruturação de órgãos de fiscalização, como o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional de Promotores. A expertise técnica para usar tecnologia para ampliar o acesso à justiça também está na lista de prioridades. D. Promoção de políticas transparentes e dos direitos humanos 35. Os principais produtos estão relacionados à capacitação para reforma da administração pública e à transparência em todos os níveis do governo. Neste sentido, o PNUD continuará a contribuir com assessoria para formulação de políticas, em apoio à execução de projetos voltados para a modernização do governo federal e de estudos e pesquisas para desenvolver uma estrutura operacional para Parcerias em Políticas Públicas. 36. Na estratégia para trazer os ODM para o nível local através de transferência de conhecimento e provisão de assessoria técnica, o ponto de entrada para a intervenção do PNUD será o apoio à reforma da Administração Fiscal nos Municípios (PNAFM). A partir do uso de ferramentas diagnósticas, o PNUD fornecerá assessoria técnica para a formulação, implementação e monitoramento do projeto, visando desenvolver capacidade no nível local para a consecução dos ODM, e melhores práticas para aumentar as receitas. Poderão ser fornecidos serviços de desenvolvimento onde e sempre que necessário. Ainda no nível local, o PNUD apoiará o fortalecimento da governança, principalmente para melhorar o desempenho gerencial e a capacidade de planejamento dos serviços públicos estaduais. A transparência será abordada no nível local no contexto do apoio ao desenvolvimento de capacidade dos Tribunais de Contas Estaduais. 37. O PNUD também trabalhará junto aos detentores de direitos para desenvolver capacidades nos níveis individual e institucional. Será utilizada advocacy para estimular o setor privado a desempenhar um papel maior na implementação do Pacto Global. Usando a cultura e os esportes, o PNUD promoverá a conscientização dos direitos humanos principalmente entre os jovens. 7 E. Apoio ao desenvolvimento econômico mais sustentável 38. Os principais produtos estão relacionados à provisão de assessoria para formulação de políticas e geração de conhecimento para a formulação e execução dos projetos nos estados e municípios, com foco na consecução dos ODM e melhorias no desenvolvimento humano. Os serviços de assessoria serão baseados em ferramentas diagnósticas, tais como relatórios de ODM e Atlas Municipais de Desenvolvimento Humano. Á medida que as melhores práticas e lições aprendidas forem sistematizadas em parceria com a rede acadêmica, elas serão disseminadas e disponibilizadas para replicação. 39. No contexto do programa de transferência de renda, os atores sociais no nível municipal serão qualificados para participarem no controle social da elegibilidade e da qualidade do serviço prestado e na avaliação do programa. A capacitação para o planejamento participativo em programas públicos e em mecanismos de coordenação também será fornecida no âmbito da descentralização das políticas públicas. 40. Melhorar a vida somente para os cidadãos de hoje pode comprometer os direitos das gerações futuras. Portanto, há um outro grupo de produtos relacionados a advocacy, capacitação e assessoria técnica para para a incorporação de aspectos ambientais e de sustentabilidade na formulação, implementação, monitoramento e avaliação de projetos, programas e políticas públicas e a sistematização e compartilhamento de experiências e mecanismos bem sucedidos. 41. Será prestado apoio a metodologias inovadoras voltadas para a promoção do desenvolvimento e da inclusão social. As principais áreas de intervenção são os caminhos alternativos pelos quais o meio ambiente pode contribuir para o desenvolvimento, promovendo a geração de emprego e renda e melhorando a qualidade de vida. Ao proporcionar oportunidades para as populações mais pobres, estas iniciativas promovem sua participação e inclusão nas parcerias, além de contribuírem para a aprendizagem mútua. Desta forma, contribuem para a redução da pobreza e promovem a sustentabilidade ambiental. 42. No próximo ciclo programático, o PNUD poderá desempenhar um papel no desenvolvimento de capacidade para a expansão de mercados ambientais como o de carbono. No médio e longo prazo, o PNUD poderá continuar a ter um papel importante apoiando o país no período pós-Protocolo de Kyoto no desenvolvimento de capacidades para novos mecanismos de comércio, políticas de adaptação e também em pesquisa. Merecem destaque as áreas de novas tecnologias para a geração de energia renovável; os sistemas eficientes e ambientalmente seguros de transmissão de energia, a biomassa e a geração de energia térmica solar, e o projeto piloto para testar um sistema de transporte público baseado em célula combustível a hidrogênio. IV. Gestão, Monitoramento e Avaliação do Programa A. Gestão do Programa 43. A intervenção do PNUD terá que ser qualificada, visto que o Brasil já construiu capacidade significativa no nível federal para a implementação de políticas, programas e projetos. Em conformidade com esta nova abordagem, o Escritório do PNUD no País já desenvolveu conhecimento interno em áreas de desenvolvimento humano e social, e cada vez mais concentrará sua atuação na oferta de assessoria e recomendações para ações, além de ferramentas e metodologias para produtos baseados em conhecimento e desenvolvimento de capacidade. 8 44. Considerando o apoio continuado necessário para o desenvolvimento de capacidade no nível local, o Escritório do PNUD no Brasil continuará a investir na consolidação de seus escritórios descentralizados a fim de apoiar os níveis estadual e municipal de governo e da sociedade, com base em recuperação de custo. Com o apoio da equipe de Brasília, o pessoal descentralizado será capacitado para desenvolver serviços com grandes possibilidades de ter um impacto positivo em termos dos ODM. Também será prestado apoio aos esforços nacionais para aproveitar os resultados do programa para promover ainda mais a disseminação das lições aprendidas e das melhores práticas nas diversas regiões do país, especialmente através dos novos escritórios descentralizados do PNUD no Brasil, e para fortalecer as atividades da cooperação Sul-Sul 45. A prioridade dada à cooperação Sul-Sul exigirá uma abordagem inovadora. Também representa um desafio interessante para que o Escritório do PNUD no Brasil trabalhe mais intensivamente com a rede mundial de Escritórios do PNUD e adapte procedimentos para lidar com diferentes países e culturas. O Ministério das Relações Exteriores terá um papel importante na definição de diretrizes para este tipo de cooperação, em conjunto com o Escritório do PNUD no Brasil. B. Monitoramento e Avaliação (M&A) 46. Monitoramento e avaliação serão fundamentais na implementação do Programa do País. O sucesso da estratégia proposta para o período de 2007-2011 está diretamente ligado à habilidade do Escritório do PNUD no Brasil de reunir boas práticas e lições aprendidas. A função de M&A é o principal meio para colher informações a serem sistematizadas em produtos e ferramentas de conhecimento. É importante mencionar que a melhoria da capacidade de M&A do governo para projetos e programas foi uma demanda recorrente de todos os parceiros como meio de melhorar a qualidade das políticas públicas. 47. Ainda no nível federal, o PNUD continuará a apoiar o fortalecimento da competência nacional em M&A, melhorando a capacidade de levantamento de dados, análise, formulação de indicadores, nas áreas onde dados oficiais regulares estão ausentes ou fragmentados, sem sistemas de monitoramento confiáveis, como aqueles relacionados a direitos humanos e aplicação da lei, governança, democracia, justiça e segurança. 48. Será realizada uma revisão especial em 2007 para garantir que o Documento do Programa do País continue relacionado às prioridades nacionais expressas no Plano Plurianual de 2008-2011. Revisões de rotina ocorrerão em 2008 e em 2010, a fim de avaliar o progresso na consecução dos resultados previstos. O PNUD buscará desenvolver programas e avaliações conjuntas com outras agências das Nações Unidas para consolidar esforços, reduzir custos e produzir melhores resultados. 9 QUADRO DE RESULTADOS E RECURSOS 10