CONCEITOS E APLICAÇÕES DA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA NA
CIDADE DE SOROCABA PELA DEFESA CIVIL
Viviane Cristina Alves de Moura; [email protected]; FATEC Sorocaba.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo estudar a logística humanitária na cidade de
Sorocaba. Visa apresentar conceitos logísticos que influenciam o processo
organizacional e logístico para o atendimento às vítimas de maneira eficiente e
funcional. Para o desenvolvimento deste projeto realizou-se uma pesquisa
exploratória e bibliográfica utilizando-se de artigos científicos, dissertações de
mestrado, teses de doutorado e estudo de caso visando apoiar a fundamentação
teórica do estudo. Espera-se obter informações que possam contribuir para a
melhoria da logística humanitária nas áreas urbanas das cidades.
Palavras-Chave: Logística humanitária; Sorocaba; Defesa Civil; plano preventivo;
auxílio; emergencial.
ABSTRACT
This work aims to study the humanitarian logistics in the city of Sorocaba. Aims to
present logistical concepts that influence the organizational and logistical process for
attending to victims in an efficient and functional way. To develop this project we
carried out a bibliographic and exploratory search using scientific articles, Master’s
Degree dissertations, PhD theses and case study to support the theoretical basis of
the study. It expects to get information which can contribute to the improvement of
humanitarian logistics in urban areas of cities.
Keywords: Humanitarian Logistic; Sorocaba; Civil Defense; preventive plan; aid;
emergency.
1/12
1- INTRODUÇÃO
O crescimento urbano desordenado aliado à degradação ambiental vem
aumentando consideravelmente a incidência de acontecimentos de caráter
emergencial.
No país as ocorrências envolvendo desastres naturais mais comuns são
enchentes, deslizamentos, erosões e ventos. De acordo com pesquisa realizada
pelo IBGE (2002), dos municípios que sofrem com deslizamentos de terra, 25%
atribuem esse fenômeno à degradação de áreas protegidas e à ocupação irregular e
34% dos municípios atribuem o desmatamento como causa dos desastres. A região
mais atingida com erosão do solo é a região sudeste com 42%, que apresenta
maiores taxas de ocorrências de deslizamentos de encostas, inundações e erosão
do solo.
O trabalho de auxílio nessas ocorrências requer um tratamento logístico
especial, intitulado de logística humanitária que vem sendo amplamente estudado no
exterior e agora, cada vez mais também no Brasil.
Segundo Nogueira (2009, p.02):
A maioria das pesquisas existentes na área de logística tradicionalmente foca
a logística empresarial e o setor de serviços. Além disso, a própria indústria
vem implementando os conceitos logísticos, pois estes conceitos se
constituem um grande diferencial competitivo frente aos seus concorrentes. O
produto certo, no local e momento desejado, a um preço adequado, pode ser
decisivo no momento de um cliente efetuar a compra.
De acordo com Nogueira (2009, p.02):
Pesquisas nesta nova área garantem que, em grandes ocorrências de
natureza emergencial, o uso de conceitos logísticos pode contribuir de
maneira significativa para o sucesso de uma operação. Neste sentido,
grandes desafios são apontados na direção da implementação de processos
logísticos sistematizados, merecendo destaque: aspectos ligados à
infraestrutura, localização de centrais de assistência, coordenação de
processos (pessoas, suprimentos, informações, materiais).
1.1-
PROBLEMÁTICA
Segundo Ergun (2007) citado por Silva (2011, p.03), com o aumento
ocorrência de catástrofes e de sua repercussão econômico e social, um feedback
mais rápido e empenho de ajuda humanitária melhor articulada são necessários para
fornecer às populações em situação de emergencial o auxílio de que precisam.
Segundo Silva (2011), foi criada pelo International Strategy for Disaster
Reduction (ISDR), das Nações Unidas, uma lista de definições para os termos
utilizados na gestão de riscos de desastres, está disponível em oito idiomas: Inglês,
Francês, Espanhol, Árabe, Russo, Chinês, Japonês e Coreano. A tradução para o
Português foi ajustada considerando as versões em Inglês e em Espanhol dos
termos.
2/12
Fonte: Silva 2011
1.2-
OBJETIVOS DA PESQUISA
A logística humanitária não é apenas essencial no feedback, mas também
promove o alívio aos desastres. É fundamental que haja eficácia e rapidez nas
respostas às grandes ações humanitárias, como saúde, alimentação, abrigo, água e
saneamento.
3/12
Segundo Meirim (2007) citado por Nogueira; Gonçalves (2009, p. 03):
Logística humanitária são processos e sistemas envolvidos na mobilização de
pessoas, recursos e conhecimento para ajudar comunidades vulneráveis,
afetadas por desastres naturais ou emergências complexas. Ela busca à
pronta resposta, visando atender o maior número de pessoas, evitar falta e
desperdício, organizar as diversas doações que são recebidas nestes casos
e, principalmente, atuar dentro de um orçamento limitado.
De acordo com Beamon (2004) citado por Nogueira (2009, p.03), a logística
humanitária visa à movimentação de pessoas e materiais de forma correta e em
tempo adequado na cadeia de auxílio, com a finalidade primordial de atender de
maneira exata o maior número de pessoas.
1.3-
JUSTIFICATIVA
Existem informações de pessoas envolvidas em ações de emergência, que
relatam que vários envolvidos não entendem a dimensão e a complexidade logística
até o instante em que acontece um episódio de grande relevância.
Meirim, 2007 citado por Nogueira (2009, p.03) destacada algumas
peculiaridades que indicam desafios à logística humanitária:
 Infra Estrutura: Na maior parte dos casos destruída, dificultando assim o
acesso, a chegada de recursos e a saída de pessoas.
 Recursos Humanos: Excesso de pessoas (voluntários) sem treinamento
adequado, heróis que agem somente com a emoção, celebridades que só
querem aparecer neste momento, pessoas que vão para o local e não
conhecem a magnitude do problema.
 Materiais: Definição do que é necessário? Para onde deve ser enviado?
Acúmulo de doações nas primeiras semanas, gerando assim desperdícios e
avarias, devido a itens inadequados.
 Ausência de Processos Coordenados: Informações, Pessoas e Materiais.
Em suma, a logística humanitária sugere o uso permanente dos conceitos
logísticos integrado às particularidades da cadeia de ajuda humanitária. Ter esses
conceitos bem fundamentados pode ser o grande diferencial para que sejam
minimizadas as ações de improviso, comuns nesses casos, potencializado a eficácia
e o menor tempo de resposta acontecimento.
1.4-
METODOLOGIA
No trabalho será realizada uma análise de artigos científicos, dissertações de
mestrado, teses de doutorado feita a através de pesquisa exploratória, bibliográfica
e um estudo de caso do trabalho feito pela Defesa Civil de Sorocaba no atendimento
às ocorrências, para evidenciar e destacar a importância da logística em sua
organização.
Segundo Mattar (1996), citado por Ferraz (2011, p. 03):
A pesquisa exploratória permite atingir os seguintes objetivos: familiarizar e
elevar o conhecimento e compreensão de um problema de pesquisa e sua
perspectiva; acumular, a priori, informações disponíveis relacionadas a um
programa de pesquisa conclusiva a ser efetuada ou que está em andamento;
auxiliar a desenvolver formulação mais precisa do problema de pesquisa;
ajudar no desenvolvimento ou criação de questões de pesquisa relevantes
4/12
num problema de pesquisa e clarificar conceitos; ajudar no delineamento do
projeto final da pesquisa.
Com relação ao estudo de caso, Ventura (2007, p.03) destaca:
Na posição de Lüdke e André, o estudo de caso como estratégia de pesquisa
é o estudo de um caso, simples e específico ou complexo e abstrato e deve
ser sempre bem delimitado. Pode ser semelhante a outros, mas é também
distinto, pois tem um interesse próprio, único, particular e representa um
potencial na educação. Destacam em seus estudos as características de
casos naturalísticos, ricos em dados descritivos, com um plano aberto e
flexível que focaliza a realidade de modo complexo e contextualizado.
2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1- A LOGÍSTICA HUMANITÁRIA
Citando THOMAS e KOPCKAZ (2005) apud SILVA (2011, p.12), a logística
humanitária é formalmente definida como o processo de planejar, implementar e
controlar de forma eficiente o fluxo e o armazenamento de bens, materiais e
informações relacionadas do ponto de origem até o ponto de consumo, com o intuito
de aliviar o sofrimento de pessoas em situações vulneráveis.
É um procedimento de características complexas e demasiadamente
transitórias, pois envolvem sérios desafios operacionais como: as incógnitas, tempo,
treinamento logístico, meios de comunicação e financiamento, equipamentos e
tecnologia de informação e interferências.
Segundo Kovács e Spens (2009) citado por Silva (2011, p.12), a logística
humanitária trabalha com vários tipos de catástrofes, como terremotos, tsunamis,
furacões, epidemias, secas, fome, ataques terroristas e guerra. Esses eventos
podem ser naturais ou provocados pelo ser humano.
Uma classificação para os desastres foi proposta, conforme Van Wassenhove
(2006) mencionado por Silva (2011, p.12), em disposição de origem e velocidade de
repercussão.
Fonte: Silva 2011
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Catástrofes de início repentino têm maiores consequências na infraestrutura
do local atingido devido ao seu início repentino e necessita de reação imediata.
Van Wassenhove, (2006) citado por Silva (2011, p.13) descreve: "no início de
uma resposta humanitária, a prioridade estratégica é velocidade e agilidade em
detrimento à minimização de custos, pois as primeiras 72 horas são cruciais no
desempenho de operações humanitárias". É de suma importância apontar os
gargalos do processo que compliquem e aumentem o tempo de resposta.
Segundo Silva (2011, p.25):
5
A base internacional de dados sobre desastres, EM-DAT , utiliza uma
classificação similar à de Van Wassenhove (2006) em relação à origem do
desastre, mas não em relação ao tempo. Os desastres são classificados
simplesmente como naturais ou tecnológicos, como pode ser visto na tabela:
Fonte: Silva 2011
As dificuldades encontradas pela logística humanitária podem ser
classificadas entre tipos, fases e organizações, destaca Kovács e Spens (2009)
citado por Silva (2011, p.15):
Tipos: diferentes tipos de desastres estão associados a diferentes regiões
geográficas. Eles podem ter maior ou menor previsibilidade e serem mais ou
menos complexos dependendo deste fator geográfico, de sua origem (natural
ou provocado pelo homem) e de sua natureza (terremoto, tempestade, golpe
de estado, etc.). Por exemplo, temporais são desastres de início repentino,
mas, como são cíclicos, é possível se preparar para eles. Por outro lado
existe um padrão de desastres de início lento na África, como a fome, porém
aqueles que são resultado de conflitos armados são considerados
emergências complexas (KOVÁCS e SPENS, 2009).
Fases: as diferentes fases do desastre são determinantes do modal que será
utilizado (geralmente pelo ar nos primeiros momentos após o desastre e por
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rodovia durante a reconstrução) e das organizações que estarão envolvidas
(KOVÁCS e SPENS, 2009).
Organizações: as organizações que prestam assistência na preparação e
após desastres variam em termos de tamanho, presença local e papel. Dessa
forma, os tempos de resposta ao desastre e os limites de capacidade
operacional são diferentes. Além disso, as organizações competem por fontes
de financiamento e atenção na mídia, tornando a colaboração entre elas
ainda mais difícil (KOVÁCS e SPENS, 2009).
2.2- A LOGÍSTICA HUMANITÁRIA E A LOGÍSTICA EMPRESARIAL
Em consequência desses desafios, a logística humanitária, assim como a
empresarial necessita de procedimentos para a manutenção da cadeia, mas as
situações enfrentadas pela logística humanitária em uma situação de emergência
são muito diferentes comparadas com as condições enfrentadas pelas empresas.
Segundo Nogueira (2007) a comparação das duas abordagens permite
observar as diferenças e os conselhos associados à logística empresarial que
podem ser aplicados à humanitária.
Tabela 4: Logística Humanitária e Logística Empresarial - Características
Empresarial
Humanitária
Demanda
Relativamente estável, ocorre
para locais pré-determinados e,
em quantidades pré-fixadas.
Lead Time
Determinado nas necessidades
Fornecedor até consumidor
final.
É
gerada
por
eventos
aleatórios, na maior parte
imprevisíveis em termos de
tempo, localização, tipo e
tamanho. É estimada após a
ocorrência da necessidade.
Lead
time
requerido
é
praticamente zero. (zero entre a
ocorrência da demanda e a
necessidade da mesma).
Desafiadoras pela natureza
desconhecida (localização, tipo
e tamanho); Considerações de
“última Milha”.
Desafiador
pela
grande
variação da demanda e a
localização da mesma.
Centrais de distribuição ou Bem definidas em termos do
número e localização.
assistência
Controle de estoque
Sistemas de informação
Objetivos
Foco
Utilização de métodos bem
definidos, baseados no lead
time, demanda e níveis de
serviço.
Geralmente bem definidos, uso
de alta tecnologia.
Maior qualidade, ao menor
custo, de maneira a maximizar
a satisfação do cliente.
Produtos e serviços.
Fonte: Nogueira 2007
As informações são pouco
confiáveis,
incompletas
ou
inexistem.
Minimizar perdas de vidas e
aliviar o sofrimento.
Pessoas e suprimentos.
De acordo com Nogueira (2007, p.04):
Uma das principais diferenças entre a logística humanitária e a empresarial
está no modelo de demanda. Na logística empresarial, a demanda é
relativamente previsível, ocorre em locais pré-estabelecidos, em intervalos
relativamente regulares. Na logística humanitária, a demanda ocorre de
7/12
maneira imprevisível, frequentemente em locais desconhecidos e é estimada
após a ocorrência da necessidade.
2.3- MEDIDAS DE DESEMPENHO
Um método que consegue mensurar a eficiência e a eficácia de um sistema é
a medida de desempenho. A dificuldade de se obter as medidas de desempenho
tanto da logística empresarial quanto da logística humanitária está no grau de
dificuldade da cadeia e na dificuldade de se identificar o que medir e como medir.
Muitas medidas usadas no setor empresarial podem ser ajustadas à logística
humanitária, pois as finalidades planejadas das organizações comerciais ou
assistenciais formam o alicerce para o andamento dessas medidas. (NOGUEIRA,
2007).
Sobre a medida de desempenho e a logística empresarial, Nogueira (2007, p.
05) destacou:
Em um sistema tradicional comercial tem-se utilizado, predominantemente,
duas medidas de desempenho: custo e satisfação do cliente. No entanto,
muitos tipos de custos não são quantificáveis e outros tipos de medidas não
são facilmente convertidas em custos.
Neste contexto verificamos que é possível adaptar e aplicar as medidas de
desempenho da logística empresarial à humanitária.
O ponto crucial na diferença entre as duas vertentes é o objetivo maior a ser
atingido, que no caso da logística humanitária é a vida das pessoas. Cada caso a
ser atendido tem sua peculiaridade e grau de dificuldade, porém os conceitos e as
medidas de desempenho podem avançar juntos (NOGUEIRA, 2007).
Nogueira (2007, p. 05) definiu dentro do contexto da logística humanitária:
1. Medidas de desempenho internas: incluem sistemas de tecnologia,
utilização de processos coordenados de pessoas, materiais e informações,
sistemas de simulação, treinamento de emergência.
2. Medidas de flexibilidade: o inerente grau de incerteza de um evento
emergencial requer níveis elevados de flexibilidade. Assim, podem ser
definidas medidas de flexibilidade, tais como:
2.1. Flexibilidade de volume: está ligada às diferentes magnitudes dos
desastres.
2.2. Flexibilidade de Expedição: relacionada ao tempo de resposta ao
desastre, o que pode significar o sucesso ou fracasso de uma operação.
2.3. Flexibilidade de Mix: está ligada aos diferentes tipos de desastres e às
especificidades de cada caso.
3. Medidas de desempenho externas: estão diretamente ligadas ao alívio do
sofrimento das pessoas envolvidas e ao número de vidas a serem
preservadas.
2.4- DESAFIOS
As peculiaridades da logística humanitária acarretam grandes desafios para o
desenvolvimento de estratégias e padrões que considerem esses aspectos.
Devemos considerar aspectos como: caracterização e elaboração dos canais de
assistência humanitária, a estruturação da rede para circunstâncias emergenciais,
controle de estoque e sua relação com o alto grau de personalização e imprecisão
da demanda (NOGUEIRA, 2007).
Nogueira (2007, p. 07) salienta:
8/12
Um dos grandes desafios a ser enfrentado é o reconhecimento, por parte das
autoridades governamentais e organizações assistenciais, da real importância
da logística humanitária no desenvolvimento de processos previamente
preparados, capazes de minimizar o elevado grau de improvisação e
maximizar a eficiência e eficácia de uma ação emergencial. Neste sentido, é
importante destacar que não existe a pretensão de responder aos
questionamentos propostos. Conforme já citado, este artigo pretende trilhar o
caminho para uma integração efetiva entre o meio acadêmico, as
organizações de assistência humanitária e a esfera governamental.
3- APLICAÇÃO – ESTUDO DE CASO
Este estudo de caso teve como base de pesquisa o artigo "Logística
Humanitária para Assistência Municipal: Plano Preventivo de Defesa Civil – Estação
Verão – Estudo de Caso em um Município do Estado de São Paulo" de Autoria de
FERRAZ, José Lázaro; OLIVEIRA, Lauro Carvalho; GRANADO, Letícia, disponível
em: http://www.fatecguaratingueta.edu.br/fateclog /artigos/artigo_08.pdf , acesso em
31/07/2014 e a entrevista realizada em 22/09/2014 com Ângelo Bergamo Filho –
Coordenador do Conselho Municipal de Defesa Civil de Sorocaba.
O estudo de caso evidencia as vantagens do uso dos conceitos logísticos
para ações de logística humanitária pela COMDEC – Coordenadoria da Defesa Civil
no Município de Sorocaba.
3.1- A DEFESA CIVIL DA CIDADE DE SOROCABA
Sorocaba, cidade situada na região Sudoeste do Estado de São Paulo,
segundo possui seiscentos e vinte e nove mil, duzentos e trinta e um habitantes
segundo IBGE/2013 e tem como base de sua economia atividade industrial e de
serviços. A Defesa Civil foi instituída na cidade em 1977 pelo então Prefeito Dr. José
Teodoro Mendes, através do Decreto Municipal n°.2903, de 19 de Julho de 1977.
Instituiu-se o Sistema Municipal de Defesa Civil e definiu-se sua estrutura de
coordenação ligada diretamente ao Prefeito com o poder para convocar o apoio de
todos os órgãos municipais e da comunidade quando necessário para fazer frente as
ocorrências de Defesa Civil no Município.
3.2- PLANO PREVENTIVO DE DEFESA CIVIL – ESTAÇÃO VERÃO
O COMDEC detém toda uma infraestrutura de trabalho organizada para
atender as emergências da cidade. As ocorrências atendidas na cidade são na sua
grande maioria provenientes de chuvas e ventos. Segundo Ângelo Bergamo Filho, a
cidade de Sorocaba tem condições de enfrentar essas ocorrências com seus
próprios recursos. Nos períodos de 2009/2010 e 2010/2011, o município enfrentou
um volume de chuvas recorde dos últimos 70 anos. Na ocasião foi necessário que
três abrigos fossem montados para acolher famílias atingidas pelas enchentes.
Durante o período do verão a Defesa Civil, através do COMDEC dá início ao
Plano Verão que vai de 01 de dezembro a 31 de março. O PPDC-EV é um plano
específico que através de preventivas, estabelece uma estratégia logística e
operacional que visa diminuir as consequências destes desastres comuns nesta
época do ano. O Plano é validado por decreto municipal e envolve todas as
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secretarias e órgãos municipais que têm suas funções pré-determinadas caso haja
alguma ocorrência.
A execução do PPDC-EV é realizada através do acompanhamento dos níveis
de chuvas, previsão de meteorologia e vistorias de campo.
A cidade possui durante todo ano, quatro pontos de pluviômetros, que ficam
no Paço bairro Alto da Boa Vista, Aterro sanitário na zona industrial, ETA do bairro
Cerrado, ETA do bairro Éden. No caso de chuva, todos os dias as 07h da manhã um
funcionário do COMDEC vai ao local colhe as informações, registra e nós formamos
o nosso REDE (Rede de Defesa Civil). Durante o Plano Verão nós temos seis
pluviômetros, os outros dois ficam na empresa Julio & Júlio bairro dos Morros e no
Lar São Vicente de Paula. A régua está localizada na Praça Lions que é um dos
pontos críticos de inundação. Durante o Plano Verão os seis pluviômetros são
medidos diariamente, caso haja ocorrência de chuva ou não.
Foi identificado pela Defesa Civil em Sorocaba, um total de 88 áreas de risco,
sendo: 35 áreas de alagamento, 21 áreas de inundação, 26 áreas de deslizamento e
06 áreas de risco tecnológico, por exemplo: o entorno da linha férrea, aeroporto,
torre de alta tensão, gás natural. Como demonstradas no mapa abaixo:
Figura 1: Mapa de área de risco – Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
Fonte: COMDEC – PPDC-EV
O NUDEC (Núcleo de Voluntários da Defesa Civil), criado por decreto pelo
prefeito Vitor Lippi em 2007 tendo em vista a necessidade do envolvimento da
comunidade no auxílio à prevenção, e estão instalados em sete áreas de maior
risco. São formados por moradores da comunidade que recebem treinamento da
Defesa Civil, que monitoram e informam possíveis ocorrências.
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Por meio de estudos e experiência foi estipulado que o nível preocupante do
índice pluviométrico para Sorocaba é de 80 mm de chuvas, somados em 3 dias
consecutivos. Identificou-se também que a ocorrência de chuvas moderadas e fortes
associadas aos sistemas meteorológicos frontais, linhas de áreas de instabilidade,
com tendência de longa duração, é condição potencial de risco de deslizamentos,
desabamentos, alagamentos, e alagamentos com inundação nas áreas de risco
cadastradas. Foram criadas tabelas medindo o grau de risco relacionado a
deslizamentos e inundações subdivididos em: baixo, médio, alto e muito alto. Com
base nessas informações foram definidos os níveis de monitoramento e ações do
plano, assim divididos em: observação, atenção, alerta e alerta máximo.
A Defesa Civil possui um depósito com colchões, cobertores, cestas básicas,
lona plástica, telhas e madeirite, ou seja, todos os materiais necessários para o
pronto atendimento emergencial aos moradores e as moradias. No caso das vítimas
de desastres perderem colchões, alimentos, é feito também um trabalho social com
a população. Uma assistente social vai ao local, faz uma avaliação socioeconômica
e determina que seja providenciada a ajuda. No caso de necessidade de remoção
dos atingidos, é feito o encaminhamento para um alojamento, o SOS, onde poderão
permanecer por até 07 dias. Durante esse período o atingido poderá entrar na lei do
auxílio moradia, que é um programa do governo federal, caso atenda os prérequisitos.
O estudo de caso demonstra o PPDC-EV adéqua aos conceitos fundamentais
da logística humanitária que visa a movimentação de pessoas e materiais de forma
correta e em tempo adequado na cadeia de auxílio, com a finalidade primordial de
atender de maneira exata o maior número de pessoas e salvar vidas.
4- CONCLUSÃO
O presente artigo traz um levantamento dos conceitos da logística
humanitária, que ainda são muito recentes no Brasil e associa com os conceitos da
logística empresarial que são mais difundidos. O fator vidas humanas é o principal
diferencial entre elas e o uso de procedimentos uma vez que os eventos são
aleatórios e muitas vezes imprevisíveis, para que o lead time seja zero e que se
minimize as perdas de vida e a mitigação dos atingidos. No caso do trabalho da
Defesa Civil na cidade de Sorocaba, o uso da logística na organização e no
planejamento do Plano Preventivo de Defesa Civil – Estação Verão evidenciou os
benefícios da organização sistêmica que tem como finalidade principal de antever
situações que coloquem em risco a vida de moradores de áreas de risco eminente
no município. Seguir como exemplo o plano da Defesa Civil da cidade de Sorocaba
e a consolidação de uma política nacional de mitigação em caso de catástrofes
naturais reduziria a improvisação dos órgãos responsáveis e aumentaria a eficácia
das ações emergenciais.
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REFERÊNCIAS
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