Atualidades na Avaliação Audiológica e Diagnóstico do Zumbido Fátima Cristina Alves Branco-Barreiro Atualmente a avaliação audiológica da pessoa com zumbido vai além da determinação dos limiares de audibilidade e das medidas psicoacústicas do sintoma. Investigar o quanto o zumbido incomoda essa pessoa e o seu impacto na qualidade de vida ajudam a compreender a magnitude do sintoma e a nortear o processo de intervenção. A avaliação audiológica é uma opção adequada a qualquer momento para qualquer paciente com zumbido, mesmo que o zumbido seja de início recente, bilateral, acompanhado ou não de dificuldades auditivas referidas. Embora a maioria dos pacientes que se queixam de zumbido também se queixam de problemas de audição, a perda de audição pode ser pouco valorizada pela pessoa com zumbido, visto que os pacientes atribuem dificuldades auditivas ao sintoma. A avaliação audiológica deve definir o grau e a natureza da perda de audição e avaliar a necessidade para a intervenção da perda auditiva e zumbido. Portanto, é importante investigar os limiares de audibilidade para determinar o quanto de queixa do paciente é devido a um déficit auditivo e o quanto é devido especificamente ao zumbido. O zumbido, como atualmente entendido, tem duas componentes: percepção e reação. Considerando que um paciente pode queixar-se da percepção (som) do zumbido, o clínico também deve apreciar a importância da reação negativa do paciente (por exemplo, ansiedade e depressão) para o zumbido. Os médicos devem reconhecer e tentar gerir ambos os componentes. A avaliação da pessoa com zumbido deve ajudar os médicos a distinguir o sintoma incômodo, o que aflige os pacientes e afeta a sua qualidade de vida e / ou o estado de saúde funcional, do não incômodo. Esta identificação permitirá adequado tratamento para pacientes com incômodo e evita a desnecessária a intervenção para aqueles que não precisam nem querem. As pessoas que se incomodam querem estratégias para aliviar o seu zumbido. O zumbido não incômodo não tem um efeito significativo na qualidade de vida, mas pode resultar em curiosidade ou preocupação com a causa, a história natural da doença, e opções de tratamento. Portanto, Esta avaliação deve envolver o uso de questionários que auxiliem na determinação do incômodo do zumbido e do seu impacto na qualidade de vida. O termo severidade se refere, em um contexto clínico, ao impacto de uma condição de saúde na qualidade de vida. Com relação ao zumbido, o grau de severidade reflete e a natureza e extensão dos problemas relacionados a este sintoma. O Questionário de Handicap do Zumbido (Tinnitus handicap Inventory – THI) (Newman et al.) é um dos instrumentos, adaptados para o Português do Brasil (Ferreira et al.), que avaliam a severidade do zumbido. Outro método utilizado na avaliação da severidade do zumbido é a escala visual-análoga (EVA). Entretanto, o examinador não deve se basear somente em um questionário para julgar a severidade do zumbido. Uma entrevista pode contribuir para identificar o quanto o zumbido é um problema para o paciente. Perguntar ao paciente: “O quanto o seu zumbido é um problema atualmente?” reflete o prejuízo causado pelo zumbido na qualidade de vida e é recomendado na rotina clínica (Zeman et al.). FERREIRA, P.E.A.; CUNHA, F.; ONISHI, E.T.; BRANCO-BARREIRO, F.C.A.; GANANÇA, F.F. Tinnitus Handicap Inventory: adaptação cultural para o português brasileiro. Pró-Fono., v.3 (17): 303-10, 2005. NEWMAN, C. W.; JACOBSON, G. P.; SPITZER, J. B. The development of the Tinnitus Handicap Inventory. Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg., v. 122, n. 2, p. 143-148, 1996. TUNKEL, D.E.; BAUER, C.A.; SUN, G.H. et al. Clinical practice guideline: tinnitus. Otolaryngol Head Neck Surg. 2014 Oct;151(2 Suppl):S1-S40. doi: 10.1177/0194599814545325. ZEMAN, F.; KOLLER, M.; LANGGUTH, B.; LANDGREBE, M. Which tinnitusrelated aspects are relevant for quality of life and depression: results from a large international multicentre sample. Health Qual Life Outcomes., v. 12, n. 7, 2014.