8º Encontro da ABCP - 01 a 04/08/2012, Gramado, RS Área Temática: Teoria Política Liberalismo e nacionalismo no Brasil ( 1947-1953): notas sobre a UDN e a Campanha do Petróleo Jorge Gomes de Souza Chaloub – doutorando em Ciência Política pelo IESP/UERJ, professor substituto UFF. Introdução O discurso liberal udenista não representa a simples atualização de ideias e conceitos do liberalismo clássico para o contexto brasileiro da República de 1946. Compreender os enunciados retóricos do partido requer um olhar à tradição do liberalismo brasileiro, reivindicada por algumas das principais personalidades da legenda, e atenção à complexa interação entre ideias e conjuntura. As ações políticas não se limitam a simples derivações de ideários políticos ou são plenamente explicadas com o recurso à razão instrumental. Mais do que uma doutrina estanque, que permanece idêntica entre a formação do partido em 1945 e sua extinção em 1965, o liberalismo udenista constitui um ideário em intensa transformação, que constrói distintas visões sobre a política, a sociedade e o país. Suas nuances e variações discursivas respondem aos embates da República de 1946, mas também os determinam de modo preponderante. Nada melhor para compreender as mútuas determinações entre discurso e conjuntura do que analisar os momentos em que o liberalismo udenista parece afastar-se da teoria liberal mais clássica. Não se trata da fácil acusação de uma suposta inautenticidade, mas da percepção de que a aparente ambiguidade1 permite delinear as peculiaridades e pressupostos desse ideário, compreender as continuidades e divergências entre o udenismo e a linhagem liberal brasileira. O presente trabalho busca, nesse sentido, analisar uma desses momentos: o protagonismo da UDN na campanha do Petróleo. O artigo busca analisar os motivos pelo qual o principal partido liberal do interregno 1946-1964 assume postura claramente contrária ao livre mercado, destacando-se como grande defensor do monopólio estatal do petróleo, em 1953. O episódio oferece excelente oportunidade para retratar o tipo de liberalismo econômico presente no discurso da UDN. O inteligente cálculo político, ciente da possibilidade de derrotar Vargas dentro do campo nacionalista, que o então presidente tão bem ocupava, explica em parte a 1 As ambiguidades do udenismo são o mote central da obra de BENEVIDES, Maria Victoria, A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro. Trata-se da mais relevante obra já escrita sobre a UDN. postura partidária, mas não dá conta da complexidade que envolve o processo. Há que se atentar para as inspirações e fontes do pensamento econômico da UDN, quase sempre formulado pelos célebres professores catedráticos de Direito Financeiro, Tributário e Administrativo do partido, como Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto e Oscar Dias Correia, para compreender as relações entre o liberalismo defendido por tais atores e suas ações em meio a questão do petróleo. O tema também permite explorar as relações entre a UDN e o nacionalismo, ideário central para compreender o cenário da República de 1946 e léxico extremamente influente no debate sobre o petróleo. Distinguir os diversos usos da retórica nacional é etapa necessária para compreender as posições e movimentos do contexto político da época. Há que se perceber não apenas as mudanças na política interna, mas também intenso rearranjo em curso no contexto internacional, visível no Brasil através da crescente relevância do anticomunismo nos debates políticos nacionais. Antes das reflexões sobre os meandros da atuação udenista na campanha do petróleo, cabe um curto apontamento sobre alguns marcos do debate sobre a exploração do petróleo no Brasil. Antecedentes do debate sobre o Petróleo As polêmicas sobre forma e o sentido da exploração do petróleo no Brasil por certo antecedem a Campanha do Petróleo, iniciada ao final da década de 1940. Gabriel Cohn2 destaca a ampla mudança promovida pela Revolução de 1930, responsável por vincular, em terras brasileiras, o tema o petróleo ao da nação. Um dos seus marcos é o Código de Minas, de 1934, que desvincula a propriedade do solo da do subsolo, de modo que as riquezas minerais nele contidas passaram ao domínio público, necessitando e autorização do governo para sua pesquisa e lavra. A década ainda registra a criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), em 1938, que elevou as reflexões e o esforço técnico em torno da 2 COHN, Gabriel, Petróleo e Nacionalismo. questão do petróleo. A criação do órgão público, diretamente vinculado à Presidência da República, decorre, segundo Cohn, de uma ampla conjunção de fatores. Não se pode ignorar, por exemplo, a importância dos debates anteriormente acumulados, principalmente a partir de 1936, quando o escritor e intelectual público Monteiro Lobato tece fortes críticas ao modo pelo qual a questão do petróleo vinha sendo conduzida. 3 O governo reage às acusações através do General Juarez Távora, ministro da Agricultura, que prenuncia a enorme relevância dos militares para o tema, e dois anos depois, com o poder central ainda mais fortalecido pelo Golpe de 1937 cria, sob o comando de outro militar extremamente ativo no debate, o General Horta Babosa, o CNP. O monopólio estatal permanecia, mesmo com algumas críticas, e agora era reforçado pela a maior concentração de poder no executivo. A conduta tradicionalmente omissa do Estado brasileiro em relação ao petróleo não era, todavia, mais possível, devido a dois novos fatores: a proximidade de uma nova guerra mundial e o amplo impulso industrializante na economia brasileiro 4. Os dois processos estavam diretamente vinculados, com a guerra a aumentar o custo do petróleo e a industrialização a elevar a demanda brasileira do combustível fóssil, combinação responsável pela desestabilização da balança comercial do país. Agir se tornava imperativo e a CNP foi um claro sintoma dessa transformação. A partir de meados da década de 1940 se inicia um ciclo de ampla movimentação política, com emergência de fortes pressões a favor da exploração privada das reservas petrolíferas brasileiras. A Constituinte é palco de intensos debates entre os integrantes da corrente nacionalista e os defensores do capital internacional. A vaga formulação do artigo 119, parágrafo 1º- ao determinar que “as autorizações ou concessões serão conferidas exclusivamente a brasileiros ou sociedades organizadas no Brasil” 3 5 - apenas Segundo Lobato, o monopólio público do petróleo, determinado pelo Código de Minas, e a inépcia administrativa do Estado perante o tema adequavam-se perfeitamente aos interesses das grandes multinacionais do petróleo, como a Standard Oil, que pela momentânea superprodução e pelo desejo de resguardar um amplo mercado consumidor, como o Brasil, não almejavam a exploração do nosso petróleo. A saída era a liberação da pesquisa e lavra para todos os interessados, o que permitiria um mais claro resguardo dos interesses nacionais. ( Ibidem, págs. 19-38) 4 Ibidem, pág. 41. 5 CAMPANHOLE, Constituições Brasileiras. expõe a divisão política que ali tinha vez. A incapacidade de qualquer imposição definitiva pelos dois lados recai em um intenso combate, que perdura até 1952 e tem no projeto do Estatuto de Petróleo, de 1948,e na Campanha do Petróleo, iniciada em 1947, dois relevantes marcos. O Estatuto do Petróleo, relatado pelo udenista Odilon Braga, ex-ministro da Agricultura e parte constante dos debates sobre o combustível fóssil, aproveitava as possibilidades abertas pela Constituição de 1946 para acabar como monopólio estatal da exploração do petróleo, permitindo a lavra e pesquisa de empresas estrangeiras. O texto legal reflete as mudanças no Conselho Nacional de Petróleo, outrora presidido pelo nacionalista Horta Barbosa e agora sob chefia do Coronel João Carlos Barreto, entusiasta da abertura às multinacionais do setor. As enormes semelhanças entre a exposição de motivos 2.558, de 1945, e o projeto de Estatuto, expõe com clareza anova orientação da CNP no debate. Os defensores do monopólio do petróleo não estavam, entretanto, omissos. Estava em pleno curso a campanha do petróleo, um dos mais relevantes movimentos políticos da República de 1946. A Campanha do Petróleo, o PCB e o Exército Os ataques da grande imprensa e a repressão policial não impediram a crescente expansão da Campanha do Petróleo. Quase sempre articulada em torno do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEPDEN), o movimento surgiu como forte reação ao movimento de abertura da exploração do combustível fóssil, condensada no Estatuto do Petróleo. A repressão policial decorria da crença na vinculação entre a campanha e o comunismo, presente no imaginário do governo e das forças policiais. Documento de 1949 do Departamento de Ordem Social e Política do Estado de São Paulo, citado por Gabriel Cohn6·, afirma que “os bolcheviques se movimentam desesperadamente para perturbar os caminhos que nos levarão a pleniposse dessas fecundas reservas naturais e que são o auxílio norte6 COHN, Gabriel, Petróleo e Nacionalismo, págs. 119-120. americano” e indica o expurgo de elementos “comunistas e cripto-comunistas” presentes no movimento. Espalhava-se a idéia de que a Campanha não passava de uma grande articulação capitaneada pela União Soviética. A presença do PCB na campanha e em outros movimentos políticos de tendências nacionalistas é inegável. Não se pode esquecer a força do partido, que havia registrado expressivo resultado eleitoral nas eleições de 1945, antes do sua cassação, e possui ampla rede de militantes. Tal constatação não importa, todavia, em retratar o movimento como mera derivação das diretrizes da URSS. Como bem aponta Gabriel Cohn: “A participação do Partido Comunista na Campanha do Petróleo é inegável; pode-se mesmo, com justiça, supor que, sem a capacidade de organização e o desprendimento dos militantes daquele grupo político, dificilmente esse movimento teria podido arrostar todos os obstáculos com que se defrontou e subsistir. A intepretação dada ao sentido das suas atividades no documento acima, contudo, é pouco consistente.” 7. A idéia de uma absoluta e mecânica vinculação entre o PCB e os soviéticos leva aos mais diversos equívocos. Algumas manifestações da bancada comunista na Constituinte, a defender, em tom diverso do posteriormente adotado, a participação de capitais privados na exploração do petróleo, é boa demonstração de que a lideranças comunistas não atuavam por cartilhas. Se as autoridades policiais e o Governo Dutra apresentavam fortes reservas quanto a campanha, o mesmo não se pode dizer de grande parte dos militares. O Exército, de fato, teve inúmeros protagonistas na defesa do monopólio, como o já citado General Horta Barbosa, que tornaram o Clube Militar importante centro para a defesa da linha nacionalista. Durante a presidência do General Cesar Obino, o clube foi palco de inúmeras conferências de militares e homens públicos sobre o tema. Especialmente influentes foram os debates entre o os generais Horta Barbosa e Juarez Tavora, duas figuras historicamente envolvidos com cargos públicos no setor energético, agora em lados diversos da contenda. 7 Ibidem, pág. 121. A corporação estava, todavia, longe da unanimidade. As fragilidades do segundo Governo Vargas8 levam o Exército a momento fortemente politizado, com grande divisão entre os militares pró e contra Vargas. A questão do Petróleo, aliás, constituía uma das cisões centrais dos militares, então divididos entre os grupos nacionalistas e cosmopolitas 9. Nesse cenário, as eleições para o Clube Militar representavam verdadeiras batalhas políticas, representativas da divisão de forças na corporação. Com bem destaca José Murilo de Carvalho, “a luta concentrou-se no Clube Militar” 10 . Cesar Guimarães, por sua vez, aponta que os embates não se esgotavam no plano da política interna: “...é no plano militar que a “Guerra Fria” vem a manifestar-se mais claramente, para além, é claro, das pressões diplomáticas e econômicas externas. Vargas escolhe para seu ministro da Guerra o General Estillac Leal. Sua inclinação nacionalista se expressara na gestão do Clube Militar, fortemente politizado pela Campanha do Petróleo e por posições contrárias à participação do Brasil na intervenção na Coréia. Há importante, conquanto minoritário, grupo de oficiais de tendência nacionalista que é derrotado pelos “cosmopolitas” – mas desenvolvimentistas – em eleições subseqüentes no clube” 11 Desse modo, se durante os mandatos nacionalistas como o do General Estillac Leal, grande aliado de Vargas12, o clube destacava-se como guarda avançada da Campanha do Petróleo, quando da vitória dos setores mais afeitos à entrada de capitais estrangeiros, como o General Canrobert, ministro da Guerra do Governo Dutra, eleito em 1952 contra Estillac, o movimento perdia seu refúgio no centro militar Há que se ressaltar, entretanto, que a natural vinculação entre nacionalista e varguismo, assim como entre cosmopolitas e antivarguismo, não é necessária, nem esgota complexidade das disputas internas do Exército, mesmo sendo esclarecedora para a compreensão de alguns processos. 8 Sobre as razões da crise do segundo Governo Vargas ver: D’ARAUJO, Maria Celina, O segundo Governo Vargas 9 GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 165 10 CARVALHO, José Murilo, Vargas e os militares, In: Forças Armadas e política no Brasil, pág. 113. 11 GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 165 12 José Murilo até mesmo afirma que “O General Estillac Leal foi lançado candidato à presidência do Clube Militar como uma espécie de testa da viabilidade militar da candidatura do ex-ditador”. Ibidem, pág.112. O debate sobre a nação, centro das disjunções militares, não era restrito ao Exército, mas se fazia presente em todo o cenário político-social da época. As distintas compreensões do nacionalismo permitem organizar de diversas maneiras os embates do interregno 1946-1964. A nação e os nacionalismos A retórica nacionalista perpassa todo o imaginário político do pós-1945. O léxico da especificidade nacional, grande instrumento de legitimação dos quinze anos de Governo Vargas (1930-1945), quando a afirmação da unidade da nação se contrapunha às especificidades regionais, como parte dos discursos presidenciais e substrato para inúmeras ações estatais 13 14 , transformava-se em ponto presente dos mais distintos lugares ideológicos. Do mesmo modo que o pós-1945 transformou todos em democratas 15 , o período posterior à ditadura varguista parecia tornar obrigatória a referência ao “interesse nacional”. O fenômeno não surge sem motivo. A retórica nacionalista foi um fermento fundamental para o projeto de inclusão subalterna das massas urbanas, capitaneado por Vargas 17 16 . Se a “ampliação autoritária da República” não se caracteriza por um necessário apreço a legitimidade democrática, não há dúvida sobre seu indubitável sucesso na melhoria das condições de vida e trabalho da população citadina, que cada vez mais se afirmavam como fato indubitável 13 na realidade brasileira. O país predominantemente rural O departamento de imprensa e propaganda ( DIP) é um ótimo exemplo. Sobre o tema, ver SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena; COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema . Também são relevantes os escritos de uma das grande figuras do regime: CAMPOS, Francisco, O Estado Nacional, Idem, Educação e Cultura. 15 ALMINO, João, Os Democratas Autoritários: liberdades individuais, de associação política e sindical na Constituinte de 1946. 16 WERNECK VIANNA, Luiz Jorge, Liberalismo e Sindicato no Brasil. Uma versão mais concisa, mesmo que muito menos desenvolvida, do tema está em: Idem, O Estado Novo e a “ampliação” autoritária da República, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice. 17 Ibidem. 14 progressivamente cedia espaço a uma nação cujo centro político, econômico e social encontrava-se, sem dúvida, nas cidades18. Vargas soube perceber o significado dessas transformações e inspirado pelos diagnósticos de intelectuais públicos como Oliveira Viana, Francisco Campos e Azevedo Amaral, os dois primeiros colaboradores do seu governo, conseguiu através do regime corporativo vincular esses novos sujeitos políticos à institucionalidade política formal. Construiu-se com base no discurso do interesse nacional e na oposição entre democracia formal e real um modelo político amparado na conciliação, destinado a evitar possíveis confrontos subversores da ordem. Os liberais, por sua vez, depois de 1945 concentrados na União Democrática Nacional (UDN), não formularam um ideário capaz de lidar com essa nova dimensão da vida política nacional. Ainda vinculados a um discurso de fortes tintas elitistas, mais afeito à Primeira República do que a seu tempo, era patente sua dificuldade de obter o mesmo grau de apoio político endereçado a Vargas e seus seguidores. A distinção entre homens aptos e inaptos ao exercício do poder, estadistas e caudilhos19, para utilizar a terminologia de Afonso Arinos de Melo Franco, recaia no constante lamento sobre a incapacidade das massas, incultas e primitivas, de escolher a opção mais adequada: os próprios udenistas. O golpismo emergia como decorrência lógica da iniqüidade do sistema, que afastava do poder aqueles a ele destinados. Frente a uma ordem ilegítima, nada mais legítimo que a subversão dessa ordem. Como bem destaca Wanderley Guilherme dos Santos, em famosa passagem: “...os liberais doutrinários do período posterior a 1945 adotaram uma opinião distinta sobre como ascender ao poder. Para estes, os partidos que Vargas planejou e criou e a sociedade que legou às novas gerações interagiam de tal maneira que somente os políticos que se submetessem à corrupção poderiam 18 Em 1940, 69% da população brasileira ainda residia em zonas rurais. Esse número decai para 64% em 1950 e 55% em 1960. Paralelamente, há um significativo crescimento populacional, com taxa de crescimento médio de 2,4% ao ano durante a década de 1940 e 3% durante a década de 1950 – SANTOS, Wanderley Guilherme, O cálculo do conflito: estabilidade e crise na política brasileira, págs. 51 e 52 19 A distinção está presente em MELO FRANCO, Afonso Arinos, A Evolução da crise brasileira. Uma análise dessas categorias no pensamento político de Afonso Arinos está em LATTMAN-WELTMAN, Fernando, A Política domesticada: Afonso Arinos e o colapso da democracia em 1964 ter possibilidade de vencer. Não havia, para os liberais, a esperança de atingir o poder em um sistema deste tipo sem romper o compromisso de submissão aos métodos legais. Seria, portanto, de uma ingenuidade extrema aceitar o sistema como legal e obedecer às regras do jogo político estabelecidas pelo próprio sistema. Desde que faltava legitimidade aos sistema, era perfeitamente correto, e dentro da mais pura tradição liberal, tentar derrubá-lo adotando inclusive meios violentos, se necessário fosse. (...) Este conveniente silogismo transformou a UDN, um partido liberal quanto a sua perspectiva social e econômica e à sua retórica, no mais subversivo partido do sistema político brasileiro de 1945 a 1964, quando os liberais doutrinários julgaram, para logo sentirem o gosto de arrependimento, que haviam finalmente chegado ao poder.” 20. (GRIFOS NOSSOS). O discurso da exceção se faz presente. Normas devem ser respeitadas apenas em condições ordinárias, já que quando modificado o estado de normalidade sob o qual a lei foi estabelecida não deve vigorar a regra, mas a exceção. 21 A oposição à realização das eleições em 1955 é uma das manifestações deste raciocínio, que perpassava os argumentos udenistas de então, sempre vociferando contra as instituições existentes em virtude das subversões e descaminhos causados pela ordem varguista. Ante a corrupção presente em todas as instituições públicas, só cabia à oposição o não reconhecimento da legitimidade do sistema. Retomada a normalidade, os instrumentos liberais teriam novamente vez. O depoimento de Carlos Lacerda ilustra precisamente este ponto: “Foi aí que eu comecei a defender a tese que me valeu o título de golpista e até de fascista (...) Eu dizia que era necessário não só uma reforma da lei eleitoral mas uma reforma profunda no país, e que estas reformas, além de necessárias, ainda teriam a vantagem de dar um tempo para desintoxicar o Brasil, que vinha de vários anos de ditadura, vários anos de demagogia, de vários anos de propaganda pessoal de um mito. Convocar eleições para o ano seguinte só porque estavam marcadas, era na minha opinião um erro gravíssimo, que consistia em levar um povo traumatizado por um drama daquela ordem a tomar um a decisão que não tomaria em um tempo normal. Portanto, longe de ser um ato democrático, era profundamente totalitário, esse ato de levar um povo, não pela razão, mas pela força de uma emoção incoerciva, a tomar uma decisão contra si mesmo, decisão que não tomaria se estivesse em condições normais de raciocinar.” (GRIFOS NOSSOS) 22. 20 SANTOS, Wanderley Guilherme dos, A práxis liberal no Brasil, In: Décadas de espanto e uma apologia democrática, pág. 41. 21 Sobre o conceito de Estado de Exceção ver: SCHMITT, Carl, Teologia Política e AGAMBEN, Giorgio, Estado de Exceção. 22 LACERDA, Carlos, Depoimento, pág. 147-148. A postura de contestação à ordem não impedia, entretanto, o uso do discurso nacionalista pelos adversários do getulismo. A busca, de fato,era por outro tipo de sentimento nacional, esse sim verdadeiro, a substituir o demagógico e populista dos caudilhos. Reclamava-se um nacionalismo por cima, construído a partir de elites esclarecidas, que buscavam através da razão e da tradição determinar os reais interesses do país. Tal embate remonta à queda de Vargas em 1945, muito mais vinculada aos temores de uma radicalização popular do que expressão de um autêntico clamor democrático. João Almino aponta com precisão: “Dois anos depois, falando ao Congresso, Vargas dirá que sua queda não se devia à questão da democracia, mas à questão nacional. Na realidade, Vargas tem razão. Não por ter sido esta a questão que criou um conflito básico que tenha levado à queda; mas porque indiretamente foi a partir desta questão, com a aprovação da “Lei Malaia” e as discussões que se seguiram, que se realizou a nova rearticulação política de Vargas, que, trazendo ao cenário ativo a classe trabalhadora, fazia tremer aqueles que primeiro havia proposto a abertura do regime, os liberais identificados com a burguesia, desejosos de realizar a democratização pelo alto e sem a participação popular.”23 O inimigo vinculava-se ao nacionalismo popular, temor maior dos udenistas, que a ele opunha outra retórica nacional. Como bem destaca Cesar Guimarães, a rotinização do termo “nacional-desenvolvimentismo”24 por vezes oculta as distintas trajetórias dos conceitos e esquece que, com a Guerra Fria no horizonte, o nacionalismo possuía forte potencial desgregador. Enquanto o desenvolvimento constituiria a “social-democracia dos povos periféricos” 25 , expressão distinta do esforço por redução de desigualdades e políticas sociais que caracterizou o pós-1945 europeu 26 , o nacionalismo carrega um potencial conflito perante os interesses de nações com extrema influência no cenário global27. 23 ALMINO, João, Os Democratas Autoritários: liberdades individuais, de associação política e sindical na Constituinte de 1946, pág. 64. 24 GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 160 25 Ibidem, pág. 160. 26 Sobre esse contexto ver JUDT, Tony, Pós-Guerra: uma história da Europa no pós-1945. 27 “O nacionalismo divide; a descolonização e o desenvolvimento ( já sinônimo de industrialismo) não o fazem, ou o fazem com bem menos intensidade. Talvez não seja impróprio considerar de maneira mais precisa e distinguir com maior rigor analítico, no período em apreço, o que pertence à noção e à prática Restam, entretanto, algumas perguntas. Se a UDN se aproximava do “nacionalismo por cima”, acima referido, por que o partido assumiu, em certo momento, a liderança parlamentar da Campanha do Petróleo? Tal ponto se encontra em total desacordo com o que se pode chamar de liberalismo econômico defendido pelo partido? A UDN e a Campanha do Petróleo No dia 5 de dezembro de 1951 o Governo submeteu ao Congresso nacional o projeto de lei que propunha a criação da Sociedade por Ações Petróleo Brasileiro S.A. O projeto optou por um modelo de sociedade de economia mista, que destinava 51% das ações ordinárias á União, mas permitia a participação acionária de “pessoas jurídicas de direito privado brasileiro”. Os tradicionais defensores do monopólio, dentre os quais se destacou o Centro de Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEPDEN), verdadeiro quartel-general da Campanha do Petróleo, criticaram a abertura ao capital privado e, principalmente, a ausência de barreiras para que as grandes multinacionais formem empresas brasileiras e, sub-repticiamente, passem a controlar a companhia. Saltava aos olhos dos opositores a distância entre o projeto de lei e a mensagem presidencial que o acompanhou, de tom fortemente nacionalista. Circularam as mais diversas versões sobre a dissonância, com o ex-presidente Artur Bernardes chegando até a sugerir que o presidente havia sido enganado. Os indivíduos tendenciosos estariam na sua influente Assessoria Econômica, sob o comando de Rômulo Almeida, constituída por Vargas em seu segundo mandato e responsável pela quase totalidade das propostas de cunho econômico da Presidência da República. do nacionalismo e o que configura o desenvolvimentismo. Expressões como nacionaldesenvolvimentismo já contribuíram para notáveis estudos – as referências comporiam não pequena biblioteca -, mas podem diluir diferenças cruciais, pois o nacionalismo econômico e políticas externas autônomas esbarram no limite dos aceitável pelo contendor mais importante da Guerra Fria – é uma questão de sua segurança nacional” (GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 160) Gabriel Cohn28 considera o projeto como uma tentativa de contrariar as tendências liberalizantes do Estatuto do Petróleo e sugere que o temor inspirado pelo tom usualmente belicoso da oposição no parlamento e na imprensa, onde se destacava a famosa Banda de Música da UDN, levou Vargas a evitar sugestões extremas, como a afirmação do monopólio. A clara simpatia do presidente pelo via nacionalista não estava extinta, mas ao invés de propor um projeto mais direto e ser derrotado no parlamento, o presidente optou por uma mensagem nesse sentido, diversa da orientação mais moderada do projeto, de modo que “o problema era suscitado com suficiente vigor para ser trazido ao terreno dos embates parlamentares e para ser avivado entre a opinião pública.” 29. Para surpresa geral, entretanto, as críticas da UDN ao projeto não vieram pelo excesso de intervenção estatal, mas pelo risco acarretado pela entrada de capitais estrangeiros em tal área estratégica. O deputado Bilac Pinto, um dos principais ideólogos em matéria econômica do partido, apresentou nesse sentido um substitutivo ao projeto do governo, propondo o monopólio para a pesquisa, lavra, refino e transporte. A proposta também transformava a sociedade de economia mista do projeto inicial em empresa pública, com capital integralmente estatal. Após uma forte disputa dentro das dinâmicas parlamentares, cuja reconstituição foge ao escopo do presente trabalho, chegou-se a um acordo entre governo e oposição, hegemônica a tese do monopólio e da empresa estatal. A UDN saiu-se aparentemente vitoriosa e no dia 3 de outubro de 1953 Vargas sancionou a lei relativa a política do petróleo e a criação da Petrobrás. Maria Victoria Benevides interpreta o episódio como sinal da ausência de um projeto econômico rígido por parte do partido e expressão da oposição sistemática, sem grande conteúdo ideológico, contra Vargas 28 30 . É outra COHN, Gabriel, Petróleo e Nacionalismo, pág 139.. Ibidem, pág. 139. 30 “O apoio decisivo da UDN para a instituição do monopólio estatal do petróleo revela, de forma exemplar, as ambiguidades e contradições no apregoado liberalismo do partido. Reforça, ainda, a hipótese de que a conduta udenista em relação a política econômica não obedecia a um rígido programa doutrinário; variou e alterou-se, por força de razões conjunturais e, sobretudo, pela linha política de oposição sistemática ao governo” (BENEVIDES, Maria Victoria, A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro. Pág. 200) 29 expressão da profunda ambiguidade que caracteriza o partido, mais preocupado em desestabilizar Vargas do que em construir um distinto projeto de país. A autora se aproxima, nesse ponto, da chave adotada por Otávio Dulci para representar a UDN 31. A hipótese sem dúvida explica parte das motivações partidárias. O cálculo utilitário é elemento fundamental para a explicação das decisões no mundo da política institucional. A UDN percebeu a possibilidade de impor uma derrota a Vargas no seu terreno predileto, a retórica nacionalista, e foi especialmente precisa em sua atuação política. Outros elementos devem, contudo, sem apontados para a compreensão da atuação de partidária. Primeiramente, há que se perceber para a forma pela qual se constrói o pensamento econômico da legenda. Os programas e decisões partidários na área não são fortemente influenciados pelo nascentes debate econômica na América Latina, que à época deu origem a CEPAL, mas pelos professores catedráticos de Faculdades de Direito, em geral titulares das cadeiras de Economia Política, Direito Financeiro, Tributário e Administrativo. Como bem destaca Maria Victoria Benevides: “...cabe ressaltar a posição de ascendência que sempre tiveram, na UDN, os titulares das Faculdade de Direito ( cadeiras de Economia Política e Ciências das Finanças), como, entre outros, Bilac Pinto, Oscar Dias Correia, Alberto Deodato e Aliomar Baleeiro (...) O ensino excessivamente verbalista nas Faculdades de Direito, e uma concepção manchesteriana da economia e das finanças – sem ter ainda recebido o influxo das idéias keynesianas – são dados importantes para a compreensão da orientação econômica dos udenistas.” 32 A economia era compreendida em chave fortemente retórica, sem pretensões científicas ou presunções de neutralidade. Tais figuras possuíam, de fato, uma percepção jurídica do universo produtivo, antes preocupados com a ordenação racional de pressupostos idealmente forjados do que com o real funcionamento da dinâmica econômica. Mesmo essa “concepção manchesteriana” apontada por Maria Victoria Benevides passava antes pelo filtro dos grandes manuais jurídicos franceses. Autores como Maurice Hariou e Leon Diguit revelavam-se mais importantes que Adam Smith e David Ricardo. 31 32 DULCI, Otávio, A UDN e o anti-populismo no Brasil. BENEVIDES, Maria Victoria, A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro. Pág. 197 Com a exceção de algumas personalidades como Herbert Levy, claro representante da burguesia agrária e comercial de São Paulo, esses ideólogos também não se estabeleciam como diretos representantes de uma classe burguesa nacional. Se os contatos pessoais, e as vezes políticos, eram inegáveis, não há como caracterizá-los como representantes imediatos desses interesses 33 . A dinâmica dos recursos estatais aparecia como muito mais determinante que os interesses do mercado. As posições tradicionais favoráveis a abertura ao capital estrangeiro, presentes desde os primeiros programas, representam não apenas uma influência externa direta, mesmo que essa tenho por vezes ocorrido, mas também uma concepção de relação entre o Brasil e mundo. Essa abertura, por outro lado, nem sempre se conjuga à redução do papel do Estado. Bilac Pinto, em discurso que não tratava do projeto da Petrobrás, afirma, por exemplo, que: “A principal característica do Estado Moderno, em todos os meridianos políticos do mundo civilizado, é a incoercível tendência para ampliar e diversificar a sua intervenção no domínio econômico e na ordem social, com o fim de assegurar o bem-estar geral” 34. A intervenção estatal era não apenas desejável como necessária. Afonso Arinos, outro catedrático das Faculdades de Direito, mesmo que em Direito Constitucional, e autor de anterior reflexão sobre a formação econômica do Brasil 35 destaca, por sua vez, a peculiaridade da formação econômica brasileira, em discurso parlamentar no qual se opunha a presença de homens do mercado na direção do Ministério da Fazenda e no Banco do Brasil, preferindo homens dedicados a “estudos teóricos” e a coisa pública : “Ocorre, porém, Sr. Presidente, que a nossa formação e a nossa conjuntura atual são particularmente diversas das que se verificam na grande república do norte. Os EUA são, por excelência, uma nação capitalista, uma nação que surgiu com o capitalismo, em função do capitalismo e por causa do capitalismo. (...) O Brasil, com uma formação completa diversa, Sr. Presidente, está ainda longe de ser um país capitalista. (...) A verdade é que os usos mais fecundos do nosso passado demonstram, Sr presidente, que melhor andou gerida a coisa pública nos setores entregues aos problemas financeiros e econômicos, 33 Sobre a origem dos membros da UDN e do PSD ver: MICELI, Sérgio, Carne e Osso da política brasileira pós-1930, In: História Geral da Civilização Brasileira. 34 Diário Parlamentar, 1953, volume 1, pág 89, 16 de janeiro de 1953. 35 MELO FRANCO, Afonso Arinos, O Desenvolvimento da Civilização Material no Brasil. quando os gestores dessa coisa pública não eram pessoalmente os representantes (...) das grandes forças econômicas da empresa privada.”36 As manifestações transcritas demonstram, de fato, uma eventual distância entre a autoimagem liberal do partido e a efetiva prática política de alguns dos seus mais destacados representantes na área econômica 37 . Se liberalismo surgia por vezes fortemente ortodoxo, como na resistência da UDN a qualquer lei sobre a remessa de lucros, ele por outras, e não apenas na Campanha do Petróleo, aparece quase que divorciado das suas formas mais tradicionais. Uma melhor compreensão dessas variações necessariamente remete aos vínculos entre a UDN e a tradição liberal brasileira, que não serão, por falta de espaço, abordados nesse texto. Deve-se ressaltar, de todo modo, que para além da incoerência constitutiva e da razão instrumental a comandar, de modo antitético ao projeto varguista, as ações udenistas, é necessário atentar para as crenças e percepções arraigadas em seus principais ideólogos. Esforço que demonstra não rara distância entre os princípios do liberalismo político evocados pelo partido e o seu liberalismo econômico. Bibliografia: ALMINO, João, Os Democratas Autoritários: liberdades individuais, de associação política e sindical na constituinte de 1946. São Paulo: Brasiliense, 1980. 36 Diário Parlamentar, 1953, volume 1, pág 219, 21 de janeiro de 1953. Nesse sentido, cabe citar o elucidativo argumento de Fernando Lattman-Weltman: “Com efeito, mesmo quando nos fala progresso, em esclarecimento e em ‘típico liberalismo’, Arinos em momento algum opõe essas entidades ao cultivo de bons hábitos, princípios e procedimentos de caráter tradicional. Nada mais distante do ‘seu’ liberalismo e do seu individualismo do que qualquer forma de racionalismo radical e iconoclasta, qualquer forma de materialismo, de mecanicismo, pura física social, ‘mãos invisíveis’, ou produção de virtudes públicas a partir do exercício de vícios privados.” (LATTMANWELTMAN, Fernando, A Política Domesticada, Afonso Arinos e o colapso da democracia em 1964, pág. 42) 37 AMARAL, Azevedo, O Brasil na crise actual. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1934. _________________, O Estado autoritário e a realidade nacional. Brasília : Câmara dos Deputados : Ed. UNB, 1981. BALEEIRO, Aliomar, Alguns Andaimes da Constituição. Rio de Janeiro: Principal, 1949. BENEVIDES, Maria Victoria. A UDN e o udenismo: ambigüidades do liberalismo brasileiro (1945-1965). Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1981. _________________________ O PTB e o trabalhismo : partido e sindicato em São Paulo : 1945-1964 . São Paulo : Brasiliense, 1989 _________________________ O governo Kubitschek : desenvolvimento economico e estabilidade politica, 1956-1961 /. 2. ed. - Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1976. ________________________O Governo Jânio Quadros. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1999. BIELSCHOWSKY, Ricardo, Pensamento Econômico Brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. BRANDAO, Gildo Marçal, Linhagens do pensamento político brasileiro. São Paulo: Hucitec, 2007 _______________________, BRANDÃO, Gildo Marçal. A esquerda positiva. São Paulo: HUCITEC, 1997. CAFÉ FILHO, João, Do Sindicato ao Catete (memórias), Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. CAMPOS, Francisco, O Estado nacional: sua estrutura, seu conteúdo ideológico. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1940. CAMPOS, Milton, Compromisso Democrático, Belo Horizonte: Secretaria de Educação de Minas Gerais, 1951. _______________, Testemunhos e ensinamentos, Rio de Janeiro: José Olympio, 1972. CARVALHO, José Murilo, Pontos e Bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: UFMG, 2004, 457 p. CARVALHO, Maria Alice Rezende, Temas sobre a organização dos intelectuais no Brasil, In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.22, nº 65, 2007. CAVALCANTI, Berenice, Passaporte para o futuro: Afonso Arinos de Melo Franco, um ensaísta da república. DANTAS NETO, Paulo Fábio, Tradição, autocracia e carisma: a política de Antonio Carlos Magalhães na modernização da Bahia (1954-1974). Belo Horizonte ; Rio de Janeiro: Ed. UFMG ; IUPERJ, 2006. DULCI, Otávio, A UDN e o anti-populismo no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 1986. FERREIRA, Jorge, O populismo e sua história: debate e critica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. _______________, O imaginário trabalhista. São Paulo: Civilização Brasileira, 2005. FRANCO, Afonso Arinos de Melo. A Evolução da crise brasileira. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005. ______________________________. A Alma do Tempo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1961. ______________________________. A Escalada. Rio de Janeiro: José Olympio, 1961. _______________________________. Planalto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968. _______________________________. Estudos e Discursos. São Paulo: Editora Comercial: 1961. _______________________________. Desenvolvimento da civilização material no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Topbooks: Academia Brasileira de Letras, 2005 _______________________________ Um estadista da Republica (Afrânio de Melo Franco e seu tempo ). 3. ed. rev. e aum. - Rio de Janeiro : Nova Aguilar, 1977. _______________________________CAMARGO, Aspásia; MARIANI, Maria Clara.; TEIXEIRA, Maria Tereza. O intelectual e o político : encontros com Afonso Arinos. Brasília, DF : Senado Federal : Dom Quixote ; Rio de Janeiro : CPDOC/Fundação Getulio Vargas, 1983. FRANCO, Virgílio de Melo. A campanha da UDN (1945-1946). Rio de Janeiro: Valverde, 1946. _________________________. Sob o Signo da Resistência, Rio de Janeiro: Valverde, 1947. GOMES, Eduardo, A Campanha de Libertação, São Paulo: Martins Editora, 1946. GRINBERG, Lucia, Partido Político ou Bode Expiatório: um estudo sobre a Aliança Renovadora Nacional ( ARENA) , 1965-1979. São Paulo: Mauad, 2009. GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek: A Longa Distância entre a Petrobrás e Brasília. In: Maria Alice Rezende de Carvalho. (Org.). República no Catete. HIPPOLITO, Lucia, PSD: De raposas e reformistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1984. IANNI, Otávio, O colapso do populismo no Brasil . 4. ed. rev. - Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1978 _____________, Pensamento Social no Brasil. Porto Alegre: EDUSC, 2004. KRIEGER, Daniel, “Desde as missões... Saudades, Lutas, Esperanças”, Rio de Janeiro: José Olympio, 1976. JAGUARIBE, Hélio, O Moralismo e a alienação da classe média, In: O pensamento nacionalista e os “Cadernos do Nosso Tempo”, SCHWARTZMAN, Simon(org.), Brasília: Câmara dos Deputados, 1981. JARDIN, Andre. Histoire du liberalisme politique: de la crise de l absolutisme a la constitution de 1875. Paris : Hachette, 1985 KOSELLECK, Reinhart, Futuro Passado. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. LACERDA, Carlos, Na Tribuna da Imprensa: Crônicas da Constituinte de 1946. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. ________________, Discursos Parlamentares. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. ________________, Depoimento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977 ________________, Critica e autocrítica . Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1966. ________________, O Poder das Idéias. Rio de Janeiro: Record, 1963. LATTMAN-WELTMAN, Fernando . A Política Domesticada: Afonso Arinos e o Colapso da Democracia em 1964. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. LAVAREDA, Antonio, A democracia nas urnas: o processo partidário eleitoral brasileiro. Rio de Janeiro: IUPERJ: Rio Fundo Editora, 1991. MANENT, Pierre. Historia intelectual do liberalismo: dez lições. Rio de Janeiro : Imago, 1990. MANGABEIRA, Otávio, A Situação Nacional, Rio de Janeiro: Simões ____________________, Discursos Parlamentares, Brasília: Câmara dos Deputados. MERQUIOR, Jose Guilherme, O liberalismo: antigo e moderno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. MESQUITA FILHO, Julio, Política e Cultura, São Paulo: Martins. MICELI, Sérgio, Carne e osso da elite política brasileira pós-1930, In: História Geral da Civilização brasileira, volume X. São Paulo: Bertrand Brasil, 2006 ______________, Intelectuais e Classe Dirigente no Brasil, São Paulo: Difel, 1979. PECAUT, Daniel, Os intelectuais e a política no Brasil ( entre o povo e a nação), São Paulo: Ática, 1990. . RAMOS, Alberto Guerreiro. “A inteligência brasileira na década de 1930, à luz da perspectiva de 1980”. In: Revolução de 30: seminário internacional realizado pelo CPDOC/FGV. Brasília: Ed. UNB, 1982, pp. 527-548. RANCIERE, Jacques, O Desentendimento, São Paulo: Ed. 34, 1996 SALLES OLIVEIRA, Armando de, Jornada Democrática, Rio de Janeiro: José Olympio, 1937. SANTOS, Wanderley Guilherme, Décadas de espanto e uma apologia democrática. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. ____________________________, Roteiro Bibliográfico Político-Social brasileiro. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. do Pensamento ____________________________, Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo : Duas Cidades, 1978 ____________________________, Paradoxos história. Rio de Janeiro: Vertice, Iuperj, 1988. do liberalismo: teoria e SOARES, Gláucio A. D., As Bases ideológicas do Lacerdismo, Revista Civilização Brasileira, 4, 1965. _______________________, Sociedade e Política no Brasil. São Paulo: Dofel, 1973. SOUZA, Maria do Carmo Campello de, Estado e partidos políticos no Brasil (1930 a 1964) . São Paulo : Alfa-Omega, 1976. 178p. SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena Maria Bousquet.; COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra; FGV, 2000. TAVORA, Juarez, Memórias, Rio de Janeiro: José Olympio, 1947. VIANNA, Luis Werneck, A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1997. _____________________, Liberalismo e Sindicato no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. _____________________, A transição: presidencial. Rio de Janeiro: Revan, 1989. da constituinte à sucessão