ÍNDICE DE GESTÃO FISCAL VERSUS ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS ESTADOS BRASILEIROS Fátima de Souza Freire Raimundo Freire Filho Universidade Federal do Ceará FEAAC-DC Av. da Universidade, 2431, Benfica Fortaleza, Ceará, Brasil email - [email protected] Introdução • Com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2000, foram definidos novos limites de gastos públicos e nível de endividamento da União, Estados e Municípios • A LRF tem como objetivo influenciar a geração de um equilíbrio financeiro e planejamento de gastos • O orçamento passou a ser orientado com objetivos de obter resultados e atingir metas fiscais • Os Estados e Municípios foram obrigados a se enquadrarem às novas regras de finanças públicas Influência da LRF : • Novo padrão de conduta fiscal • Novo planejamento, transparência e controle dos gastos públicos • Limites de gastos com pessoal • Limites de endividamentos • Vinculação de gastos com saúde com Receitas de Impostos e Transferências • Vinculação de gastos com educação com Receitas de Impostos e Transferências Indagações Quais são os indicadores fiscais dos Estados? Como avaliar a gestão fiscal dos Estados? Que instrumento poderá apontar as boas práticas administrativas dos gestores públicos? Estados brasileiros que tiveram no período de 2000 a 2004 os maiores Índices de Gestão Fiscal apresentaram os melhores Índices de Desenvolvimento Humano? Objetivos • Criar índice-padrão de gestão fiscal (IGF) que aponte as ações governamentais dos Estados brasileiros, servindo como sinalizador na determinação da aplicação dos recursos públicos. • Analisar o desempenho financeiro dos Estados brasileiros através de IGF e confrontá-los com o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH. Metodologia • Amostra: 26 estados brasileiros. • Contas públicas dos Estados (Fonte STN) • Período de 2000 a 2004 • Criação de Índice-padrão de gestão fiscal (IGF) Composição do Índice de Gestão Fiscal 1 - Indicadores de Estrutura de Receitas 1.1 - Participação da Receita Tributária sobre Receita Total 1.2 - Participação da Receita de Transferência sobre Receita Total 2- Indicadores de Gastos Sociais e Urbanos 2.1- Gastos com Saúde sobre Receita Corrente 2.2- Gastos com Educação sobre Receita Corrente 2.3- Gastos com Pessoal sobre Receita Corrente 2.4- Gastos Urbanos sobre Receita Total 2.5 - Gastos com Segurança Pública sobre Receita Total 3- Indicadores de Endividamento 3.1- Endividamento de Curto Prazo = Resto a Pagar sobre Receita Corrente 3.2 - Endividamento de Longo Prazo = Dívida (Passivo Total – Passivo Financeira – Ativo Disponível + Restos a Pagar) sobre Receita Corrente 4 - Indicador de Liquidez 4.1 - Indicador de Liquidez = Ativo Financeiro sobre Passivo Financeiro Construção do IGF • Definiu-se um peso para cada indicador escolhido, em seguida foram organizados por intervalos de classe; • Foi realizada uma medida de equivalência a um determinado valor máximo (1,0), correspondente a uma divisão específica da distribuição em forma de décil; • O IGF foi composto pelo somatório dos valores dos indicadores que variou entre 0 a 1; • A pontuação máxima que um Estado poderá obter é 1; • Alguns tiveram de ser interpretados de forma contrária (ex.: indicador de participação da receita de transferência, indicador de gastos com pessoal e indicador de endividamento); • Foi feita uma média aritmética simples entre os indicadores; • Para efeito de análise comparada, para cada ano, foram estabelecidos três principais categorias de IGF (alto, médio e baixo) com base no cálculo do desvio padrão. Melhores Resultados 1 Estrutura de Receitas 1.1 Receita Tributária: PR, RJ, SP, RS, SC, BA 1.2 Receita de Transferência: SP, RJ, PR, SC, RS 2 Gastos Sociais e Urbanos 2.1 Saúde: AM, PI, SE, AL, MA, PB 2.2 Educação: MA, PA, PB, AL, CE, PI 2.3 Pessoal: MA, BA, PR, MS, PA 2.4 Urbanos: BA, PA, RR, PR, SP, TO 2.5 Segurança: RJ, SP, TO, CE, PA, SC 3 Endividamento 3.1 Curto Prazo - Menos endividados: AC, AM, PA, PB, PI - Mais endividados: AL, RO, SE, GO, CE, MG 3.2 Longo Prazo - Menos endividados: CE, RO, SE, MA, PB - Mais endividados: SP, RJ, AC, BA, PE, RS 4 Liquidez: Ac, RJ, SC, AM, PA, RJ Estados Santa Catarina Pará Paraná Piauí Ceará São Paulo Mato Grosso do Sul Rio de Janeiro Amazonas Maranhão Alagoas Rio Grande do Sul Mato Grosso Paraíba Goiás Espírito Santo Minas Gerais Tocantins Rio Grande do Norte Amapá Bahia Pernambuco Roraima Acre Sergipe Rondônia 2000 0,69 0,66 0,67 0,73 0,63 0,59 0,54 0,63 0,62 0,61 0,63 0,53 0,57 0,58 0,52 0,58 0,56 0,38 0,53 0,41 0,51 0,39 0,56 0,42 0,47 0,33 2001 0,72 0,63 0,72 0,68 0,61 0,63 0,63 0,67 0,58 0,56 0,58 0,57 0,47 0,56 0,54 0,59 0,53 0,51 0,52 0,5 0,49 0,43 0,4 0,44 0,46 0,32 2002 0,69 0,72 0,68 0,67 0,66 0,65 0,6 0,6 0,59 0,58 0,59 0,57 0,54 0,51 0,57 0,42 0,5 0,55 0,53 0,57 0,48 0,42 0,41 0,46 0,42 0,36 2003 0,75 0,71 0,7 0,64 0,65 0,65 0,65 0,58 0,58 0,51 0,55 0,56 0,59 0,51 0,52 0,5 0,49 0,54 0,49 0,58 0,51 0,47 0,39 0,43 0,4 0,39 2004 0,72 0,78 0,71 0,62 0,64 0,62 0,66 0,59 0,6 0,58 0,47 0,55 0,54 0,54 0,54 0,58 0,5 0,57 0,45 0,43 0,5 0,51 0,44 0,42 0,32 0,46 Média 2000 a 2004 0,714 0,7 0,696 0,668 0,638 0,628 0,616 0,614 0,594 0,568 0,564 0,556 0,542 0,54 0,538 0,534 0,516 0,51 0,504 0,498 0,498 0,444 0,44 0,434 0,414 0,372 Nível de IGF Alto Alto Alto Alto Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo • O valor médio foi igual a 0,55 • Há uma concentração maior de Estados com médio IGF, que obtiveram notas entre 0,46 e 0,64 • O maior IGF foi igual a 0,71 • O menor IGF foi igual a 0,37 • Alto IGF: Santa Catarina, Pará, Paraná e Piauí • Médio IGF: Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Amazonas, Amapá, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte • Baixo IGF: Acre, Rondônia, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe • O primeiro e o último Estado não se mantêm nos anos analisados: Piauí que ocupava o primeiro lugar em 2000 (0,73 pontos) passou para o sexto (0,62 pontos) em 2004 • Santa Catarina que ocupou o 2º lugar em 2000 e em 2004, ficando em 1º na média geral com 0,7140 • Tocantins que ocupava o último lugar em 2000, passou para o 12º em 2004 • Os dois Estados com baixo IGF se encontram na Região Norte (Acre e Rondônia) • Os cinco primeiros IGF não são provenientes da mesma região • Santa Catarina (1°) e Paraná (3°) estão na Região Sul, Pará na Região Norte (2°), Piauí (4°) e Ceará (5)° na Região Nordeste • São Paulo passou de um IGF 0,59 em 2000, para um IGF 0,62 , apresentando um médio IGF IDH • O IDH elaborado pelo PNUD contém três elementos: educação, saúde e PIB per capita • IDH alto: Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro • IDH médio: Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amapá, Goiás, Roraima, Rondônia, Ceará, Tocantins, Pará, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Paraná, Espírito Santo e Acre • IDH baixo: Alagoas, Maranhão, Paraíba e Piauí • O maior IDH passou de 0,7780 em 1999 para 0,8220, em 2000 • O menor valor foi igual a 0,5430 em 1999 e 0,6360 em 2000 • Os Estados brasileiros realizaram ações que melhoraram os indicadores num intervalo de pelo menos 10 anos • Os Estados mais desenvolvidos do País tendem a obter os melhores resultados e os Estados menos desenvolvidos obtém os mais baixos valores • O resultado médio do IDH passou de 0,6556 em 1991, para 0,7336 em 2000, representando um aumento de 11%, demonstrando que houve um esforço dos Estados em elevar a qualidade de vida da população • Em 2000, enquanto Santa Catarina, localizado na Região Sul, apresentou o melhor resultado (0,82), Maranhão, localizado na Região Nordeste apresentou a menor taxa (0,63) GRÁFICO 1 – IGF x IDH Fonte: Adaptações de dados do IPEA e da STN • Ocorre uma concentração no nível médio tanto na taxa do IDH 2000 quanto no IGF (média 2000 a 2004) e na taxa do IDH de 2000 e IGF de 2000 • Aponta para um moderado e/ou um baixo relacionamento entre as duas variáveis • Isto quer dizer que alguns valores altos estão em correspondência com valores baixos e outros valores altos com valores altos • 15% dos Estados obtiveram notas que os classificam como baixo IDH e baixo IGF • 65% dos Estados obtiveram notas médio IGF e médio IDH • 15% dos Estados ficaram classificados como IGF alto e IDH alto. Conclusões • A LRF vem estimulando os Estados a apresentarem uma gestão de recursos mais equilibrada. • A LRF vem influenciando a gestão financeira dos Estados brasileiros limitando seus gastos para que o País obtenha resultados superavitários e atenda as regras impostas pelo FMI. • Os Estados desenvolvidos apresentam os maiores IDH, mas não necessariamente os maiores IGF. • Santa Catarina apresentou o melhor Índices de Gestão Fiscal e Índice de Desenvolvimento Humano. • Os melhores IGF não são necessariamente obtidos pelos Estados de uma mesma região, indicando que uma boa gestão financeira não depende necessariamente da localização do Estado • Um estudo semelhante poderá ser realizado para verificar se, no caso específico da educação, saúde e renda, por exemplo, um quadro semelhante irá também acontecer entre os indicadores de gestão fiscal social e IDH CEARÁ, uma coincidência poética ... Nas suas Praias Muito Obrigada!!! Profa. Dra. Fátima de Souza Freire Universidade Federal do Ceará Av. da Universidade, 2431, Benfica Fortaleza, Ceará, Brasil Tel. 55 (85) 4009 7406 [email protected]