Principais Doenças do Cafeeiro Doenças Fúngicas Ferrugem do café (Hemileia vastatrix Berk. & Br). - Importante em regiões de altitudes médias entre 400-600m (perdas de produção). Agente causal: Hemileia vastatrix Ocorrência: todo mundo. No Brasil foi encontrada em Itabuna - BA, em 1970 (vinda da África através de correntes aéreas). 1971: constatada em todos os estados cafeicultores do Brasil e, mais tarde no Paraguai. Perdas significativas na produção: até 50% em anos de alta carga no café arábica. Sintomas Gerais - Aparecem nas folhas na forma de pústulas, de cor alaranjada. Face inferior: essas pústulas são formadas de uredósporos do fungo. Faces superiores: manchas cloróticas, de formato coincidente com as pústulas da página inferior. - Ocorre desfolhas precoces, precisando de até dois ciclos de cultivos para a recuperação, período acompanhado de baixa produção. Sintomas iniciais: varia em função da temperatura, suscetibilidade da planta e idade das folhas, ocorrendo, em média, entre 7 a 15 dias após a penetração do fungo e infecção dos tecidos das folhas. - Aparecimento da esporulação na face inferior das folhas ocorre geralmente uma semana mais tarde. - Folhas adultas: a colonização é dificultada pelas características dos tecidos no limbo foliar. - Lavouras: o sintoma mais característico é a desfolha das plantas (abscisão), o que pode retardar o desenvolvimento e definhar as plantas, comprometendo, assim, a produção. - Desfolha antes do florescimento: interfere no desenvolvimento dos botões florais e na frutificação. - Desfolha durante o desenvolvimento dos frutos: poderá ocorrer à formação de grãos anormais e defeituosos. Etiologia - Hemileia vastatrix é parasita obrigatório (sobrevivência se dá somente em tecidos vivos, não havendo vida saprofítica de solo). Produz dois tipos de esporos: uredósporos teliósporos Disseminação: - área para outra: vento; - planta para planta: a água (agente mais eficiente). EX: Uma gota caindo numa lesão libera imediatamente os uredósporos que podem se elevar até 30 cm da lesão. Germinação do uredósporos: desenvolve-se tanto em ar úmido quanto em água (presença de água na forma líquida, uma condição muito favorável ao processo). - Temperatura: 24ºC é ótima para esta fase. - A germinação e penetração devem se processar imediatamente após a inoculação, porque, uma vez molhado, o esporo perde sua viabilidade se for novamente seco. - Produção de um ou mais pró-micélios (poros situados geralmente na extremidade do uredósporo). - O pró-micélio é incapaz de penetrar diretamente pela cutícula; desenvolve-se sobre a folha, ramificando-se até encontrar um estômato, por onde penetra para a câmara subestomática, através da formação de um órgão especial chamado apressório. Germinação dos esporos: ocorre melhor à temperatura na faixa 21 a 23ºC, devendo haver presença de água no estado líquido e ausência de luz EX: sistema adensado apresenta condições mais favoráveis à ferrugem em relação ao plantio tradicional. Durante o ciclo produtivo anual do café, há períodos mais ou menos favoráveis à ferrugem. Inverno e primavera: devido às condições climáticas e a menor suscetibilidade das folhas à penetração do fungo, a doença se mantém sobre controle. Dezembro: este quadro se inverte e a ferrugem inicia a infestação nas folhas novas. - Janeiro: a infecção evolui geometricamente atingindo a infestação máxima no outono (se não for feito o controle). - Este quadro pode variar de acordo com o ano e a região cafeeira. - A maior presença de inóculo da safra anterior poderá aumentar a infestação no ciclo produtivo. Controle - Deve observar o efeito da carga pendente sobre o grau de ataque de Hemileia vastatrix. - Porque a desfolha provocada pelo patógeno repercute de maneira direta na produção do ano seguinte, reduzindo a níveis baixos ou muito baixos os rendimentos na produção. - Anos de alta produção (maior enfolhamento), a doença evolui rapidamente, podendo atingir níveis superiores a 50% de infecção. - Anos de baixa safra (baixo enfolhamento), a doença atinge níveis mais baixos. - Recomendação de se efetuar uma pulverização quando a infecção tiver atingido 20 ou 30%. Controle da ferrugem: - Variedades resistentes - Fungicidas protetores e/ou sistêmicos. Alguns fatores analisados para efetuar recomendações de controle: - Período mais favorável à doença: dezembro a abril; - Carga pendente: afetará a suscetibilidade da planta; Clima: poderá mudar o período crítico de infestação; Percentual de infestação; Densidade de plantio; Nível tecnológico do produtor. Fungicidas preventivos: são quase sempre a base de cobre. - Existem diversas formulações comerciais, além de caldas que podem ser preparadas propriedade. Ex: calda bordalesa, o fungicida mais antigo. na - Os fungicidas cúpricos devem ser aplicados a partir de novembro-dezembro até março-abril, com intervalo de 30 a 45 dias. - O início das aplicações deve ser feito logo no início do ataque, com no máximo 5% de folhas atingidas (amostrar 12 pl/ha). - Número de aplicações: depende da carga da lavoura, podendo ser quatro em lavouras de carga alta até duas quando a carga é baixa. Não se deve exceder o número de 4 aplicações, pois pode haver desequilíbrios com ácaros e bicho mineiro. - Vantagem : baixo preço. - Desvantagem: é a necessidade de maior número de aplicações, o que pode ser mais difícil se a lavoura for adensada. - Além disto, eles não podem ser usados se a doença já se encontra instalada (mais de 5% de folhas atacadas). Fungicidas sistêmicos foliares: pertencem ao grupo dos triazóis e tem a capacidade de serem absorvidos pelas folhas, translocar e eliminar o fungo (atuam preventivamente), podendo ser aplicados mesmo quando a doença se encontra instalada. - Pulverização: ocorrer quando no máximo 20 % das folhas estão atacadas (amostrar 12 pl/ha), o que ocorre por volta de janeiro-fevereiro. Uma segunda aplicação pode ser necessária cerca de 45 a 60 dias após a primeira. Fungicidas granulados sistêmicos -Formulação granulada para aplicação via solo (triazóis). - Aplicados geralmente através de matracas próximos às raízes do cafeeiro. - No solo são absorvidos pelas raízes e se translocam por toda a planta, protegendo-a do ataque da ferrugem. - Devem ser aplicados preventivamente em novembro-dezembro para que possa haver tempo para o produto translocar, estando ativo no período mais favorável a ferrugem. Vantagens: o longo período residual e a facilidade de aplicação, principalmente em lavouras muito fechadas. Desvantagens: são o alto custo e a necessidade de umidade no solo para serem absorvidos e translocados. - Eles não permitem o manejo da doença, sendo aplicados mesmo naqueles anos em que a doença poderia não ser problemática. - Conforme as condições climáticas do ano pode ser necessária uma pulverização suplementar com sistêmicos foliares para complementar o efeito dos fungicidas granulados. Frequente utilização de fungicidas: - à seleção de fungos patogênicos resistentes. - Utilização de fungicidas mais potentes e de doses maiores gera contaminações de ambientes (águas, solos, ar) e deixando até resíduos em alimentos. - Contaminação por fungicidas, seja ela direta ou indireta, provoca sérios danos à saúde dos seres humanos. Cercospora ou Mancha-de-olho-pardo Agente causal: Cercospora coffeicola - Ocorre nas condições de viveiros e na fase inicial de transplantio no campo, quando as lavouras são localizadas em solos com baixa fertilidade, causando intensa desfolha. EX: Café Conilon - Cercospora coffeicola: sua intensidade é muito variável, em função dos clones que formam as variedades e das condições climáticas, tendo maior importância na fase de viveiro, em que as plantas muitas vezes não se desenvolvem. - Alta intensidade, pode ocorrer perdas elevadas nas mudas, pois provoca desfolha e “atrasa” sua saída para o campo. Sintomas - Os principais sintomas são manchas circulares , de coloração parda com centro branco ("olho de pombo"), circundado por um halo amarelado. Frutos: as manchas são amarronzadas e aparecem durante a fase de maturação na parte exposta ao sol, estendendo-se no sentido polar do fruto. - Grãos: tornam-se chochos e caem antes da colheita. -Ocorre ainda o apressamento da maturação dos frutos. - A doença predispõe, ainda, o cafeeiro à "Seca dos Ponteiros". Etiologia - Agente causador: Cercospora coffeicola. - Ordem Moniliales - Família Dematiaceae - Produz conídios septados e agrupados nas lesões, de ambos as faces da folha, sendo facilmente disseminados para outras folhas ou plantas vizinhas. - Tubo germinativo do fungo penetra nas folhas através das aberturas naturais, principalmente na face superior das folhas ou diretamente pela cutícula. - Frutos: quando ocorre a infecção, o fungo coloniza os tecidos e pode atingir as sementes. Disseminação do Patógeno - folha para folha pelo vento. Perpetuação da doença: através de conídios (esporos assexuados) vivendo no solo e em plantas atacadas. -Infecções são nutricionais??? favorecidas por fatores - Aplicação de nitrogênio e fósforo aumentam a incidência da doença, enquanto o potássio diminui levemente. -Plantas com deficiência de magnésio favorecem o desenvolvimento do patógeno. - Faltam, entretanto, mais experimentos que correlacionem estes fatores à doença, no cafeeiro. - Pode-se afirmar, contudo, que plantas bem nutridas em NPK, resistem mais à doença. Controle – se verifica em viveiros e em campo. Viveiro: substratos ricos diminuem a incidência da enfermidade. Fungicida - Adubos foliares podem ser adicionados. -A aplicação de cobre em viveiro parece reduzir o tamanho das mudas que vão para o campo em comparação com as que não recebem o cobre. Campo: - Cafezais adultos: aplicar fungicida -O controle deve coincidir com a fase de prématuração dos frutos. Mancha-manteigosa (Colletotrichum spp.) Sintomas Folhas: ocorrem pequenas manchas de aspectos oleoso, de bordas bem definidas, normalmente com 1 a 3 mm de diâmetro, que podem coalescer e necrosar os tecidos do limbo foliar. Ramos: os sintomas necróticos podem evoluir no sentido descendente, ocorrendo lesões nos nós. Frutos: quando infectados apresentam lesões deprimidas, as quais podem ocasionar a sua queda de maneira prematura. - Em estádio avançado da doença, ocorre a seca dos ramos e, conseqüentemente, a morte das plantas . Outros sintomas: - escurecimento e morte das estípulas dos nós nos ramos, manchas irregulares necróticas próximas às margens das folhas e queda destas. -aparecimento de manchas marrons no caule verde que podem levar, em alguns casos, à morte da planta. - Gemas e nos botões florais: podem aparecer lesões necróticas, que também atingem os frutos na fase de chumbinho, provocando a sua queda prematura. Mancha de Phoma (Phoma spp.) Sintomas - Flores, no pedúnculo dos frutos e nos frutinhos: causa lesões escuras, mumificações e queda de chumbinhos, superbrotamento causado pela morte das extremidades dos ramos e formação de grande número de ramos laterais. -Frutos novos: as lesões são escuras, deprimidas e de aspecto úmido. Nas folhas: geralmente a doença vem em forma de manchas (necrose) de cor escura e comumente aparece nas bordas encurvando-as. Nos galhos: começa pelas bases dos ramos (onde o ramo se encontra com o caule) e os ramos atacados ficam com depressões escuras e fundas. Condições favoráveis – ocorre com maior severidade sob condições de temperatura entre 16ºC e 20ºC, associada a ventos frios e chuvas finas e freqüentes. Disseminação: ocorre por respingos de água. - Viveiros: o excesso de irrigação é muito favorável à doença. Controle -Químico: Folicur 250 PM, Benlate, Rovral, Aliette, Brestan PM, Hokko Su Zu 200. - Medidas Preventivas: lavoura com quebra-vento e adubações equilibradas. OBS: Evitar ao máximo instalar as lavouras em áreas onde ocorrem ventos fortes e frios, que favorecem a doença (é fundamental a utilização de quebra-ventos). - Viveiros: evitar locais muito sombreados, bem como o excesso de adubações nitrogenadas. Mancha de Ascochyta (Ascochyta coffeae) - Encontra-se associada a outras enfermidades do cafeeiro, particularmente à Phoma. Sintomas: - Folhas mais velhas: lesões escuras e com anéis concêntricos; - Causa a queda prematura de folhas, frutos e seca dos ramos. OBS: As condições de ambiente favoráveis à infecção são semelhantes àquelas descritas para Phoma, assim como o controle químico e medidas preventivas. Roselineose ou “mal dos quatro anos” (Rosellinia spp.) - Podridão das raízes ou “mal dos quatro anos”. Ocorrência: praticamente em todas as regiões produtoras, principalmente em plantas novas, cultivadas em áreas recém-desbravadas e onde ocorre o desmatamento. Sintomas: Aparece em reboleiras, geralmente próximo a troncos de árvores em decomposição. Sintomas – Plantas infectadas: sintomas de clorose (amarelecimento), murcha e queda das folhas, com conseqüente seca dos ramos. - Frutos: não se desenvolvem e ficam chochos. Raízes: próximo à região do colo, ficam escurecidas, ocorrendo a desorganização da casca. - Observados filamentos (micélio) esbranquiçados (rizomorfas do fungo), que vão escurecendo progressivamente, ramificação. observando-se “nós” na Sob a casca: formam-se estrias de cor negra e ramificações das rizomorfas bem escuras, que invadem o lenho das plantas. - Cortes transversais das raízes: aparecem como pontuações escuras, sendo importantes formas de sobrevivência do fungo. Etiologia Agente causal: gênero Rosellinia, sendo relatadas para o cafeeiro as espécies R. bunodes Sacc. e R. pepo Pat. Controle – medidas preventivas, já que as plantas infectadas, quando identificadas pelos sintomas, não sobrevivem. Medidas de exclusão: são importantes, devendose realizar a remoção de tocos, raízes e troncos de árvores após derrubadas. - Reboleiras: recomenda-se o isolamento das plantas e a aplicação de cal, para acelerar a decomposição da matéria orgânica. - Este procedimento de calagem deve ser feito também nas reboleiras no início das chuvas. - As plantas doentes devem ser erradicadas e, preferencialmente, queimadas no próprio local. OBS: Recomenda-se evitar, sempre que possível, o plantio de café em áreas recém-desmatadas, já que nessas áreas há maior risco da presença do patógeno. Rhizoctoniose - Thanatephorus cucumeris (Frank) Donk (Rhizoctonia solani Kühn) - Conhecida como podridão de colo, tombamento e mal do colo, assume uma grande importância econômica em viveiros e sementeiras, reduzindo o número e a vigor das plantas. Campo: em local de plantio definitivo, pode afetar muda até um ano após o plantio, atrasando o desenvolvimento normal das plantas. Sintomas - Pré-emergência: ao taque do fungo causa a morte da plântula antes desta atingir a superfície do solo. - Canteiro: observam-se falhas, em reboleiras, evidenciando o desenvolvimento anormal da germinação. - Pós-emergência: os principais sintomas aparecem na região do caule próximo ao solo onde são formadas lesões com 1 a 3 cm de extensão, que circundam o caule, promovendo um estrangulamento e paralisação da circulação de seiva, ocasionando a murcha e posterior morte. - Alta umidade: pode-se observar um bolor cinzento sobre a lesão, formado pelo micélio do fungo. - A partir do segundo par de folhas, o caule tornase lenhoso, sendo menos suscetível à infecção. Mudas: durante a estação das chuvas, a lesão volta a se desenvolver, abrangendo uma extensão 5 a 10 cm, afetando a casca, formando uma cicatriz na parte superior, como um calo, o que leva a muda a quebrar-se facilmente sob a ação do vento. - Apresentam: sintomas reflexos na parte aérea, com seca dos ponteiros, ramos e folhas e, até mesmo, morte da planta até a idade de 2 a 3 anos. Etiologia - Causada pelo deuteromiceto Rizoctonia solani, que tem como estádio perfeito o basidiomiceto Thanatephorus cucumeris. - Habitante do solo, com grande capacidade saprofítica, podendo sobreviver durante longos períodos em restos de cultura ou de um ano para outro na forma de escleródios. - Aparecimento da doença: é favorecido por solos infestados, pela reutilização de sementeiras, pelo excesso de umidade (chuvas contínuas, irrigação excessiva ou local mal drenado) e pelo excesso de sombra no viveiro. - Campo: o ataque é severo durante a primavera e verão, devido à abundância de chuvas e às altas temperaturas. Controle - Medidas auxiliares de controle: devem-se eliminar as condições favoráveis à doença, evitando excesso de umidade e sombra nas sementeiras. - Tombamento: deve-se imediatamente suspender a irrigação, isolar as reboleiras e, no caso de sementeiras, eliminarem toda a área afetada. Químico: Iniciar as pulverizações nas reboleiras e, se necessário, em todos os canteiros, com fungicidas dicarboximidas repetindo-se as pulverizações após quinze dias. - Os tratamentos normais, com fungicidas cúpricos e ditiocarbamatos, usados contra cercosporiose, também ajudam no controle desta doença. O controle é feito no viveiro através de certas práticas: - desinfecção da areia do germinador (não reutilizá-la) e da terra do substrato; - evitar excesso de umidade e sombra; - facilitar a drenagem do germinador; - suspender a irrigação ao aparecimento dos primeiros sintomas; - eliminar a área afetada no caso de sementeiras; efetuar imersão de plântulas em solução fungicida antes do transplante. - Campo: não há controle quando a doença se manifesta no campo. Fusariose (Fusarium spp.) A fusariose ou murcha vascular do cafeeiro é causada pelo fungo Fusarium spp. e ataca o sistema vascular (vasos condutores de seiva do cafeeiro). Sintomas -Viveiro: as plântulas ficam com manchas escuras no hipocótilo (caule inicial), a extremidade deste pode morrer e ficar escura com a aparência de um palito de fósforo queimado. - Mudas: os sintomas são lesões necróticas claras ou escuras que circundam o caule a partir do nível do solo e evoluem em direção ao ápice, às vezes, secando e matando a muda. Campo: o sintoma característico é o murchamento e a morte do terço superior das plantas, ficando a parte inferior ainda verde. - Pode ocorre seca de ponteiros e engrossamento do caule na região do colo (próximo ao solo). - Geralmente os sintomas aparecem em plantas isoladas. Disseminação e condições favoráveis - na areia do germinador, - na terra do substrato - no solo da lavoura. - por mudas aparentemente sadias, cujos sintomas só aparecerão futuramente no campo. - por semente. - Plantas adultas: é possível a entrada do fungo através de lesões nas raízes, como as provocadas por nematóides, podendo até haver associação entre estes dois patógenos. - Principal forma de disseminação da doença: a falta de cuidados na produção de mudas. - O fungo também prefere solos ácidos. - Muitas vezes o solo da lavoura não está ácido na média (demonstrado na análise de solo), mas apresenta manchas de solo ácido, onde podem aparecer plantas com o sintoma. Prejuízos -maior ocorre no viveiro pelo retardamento no crescimento e eliminação de mudas. - Se a infestação for muito grande, o lote todo de mudas pode ser perdido. - No campo pode ocorrer morte de plantas adultas, reduzindo o stand. Controle -Viveiro: utilizar areia fina e lavada nos germinadores (esterilizá-la com água quente a 70ºC) e não reutilizá-la a areia; - As sementes devem ser sadias, oriundas de campos de sementes fiscalizadas, isentos de plantas com murcha vascular; - Tratar a água com hipoclorito de sódio quando a mesma for proveniente de rios; - Efetuar tratamento de semente com fungicidas sistêmicos; - Corrigir o pH do substrato com calcário; - Desinfectar a terra do substrato; - Arrancar e queimar do germinador as plântulas com suspeita da doença. OBS: Após esta operação, o operador deve esterilizar as mãos com solução de água e hipoclorito de sódio; - Antes do transplante, mergulhar as plântulas durante três minutos em solução com Tecto 600 a 0,1 %. - Canteiros: pulverizar com Tecto 600 a 0,1 %, dirigir o jato na direção do caule. - O controle da doença pode ser observado pela eliminação dos tecidos necrosados do caule, que secam e se desprendem, aparecendo por baixo tecido sadio; - Mudas que não responderem ao controle químico devem ser queimadas ou enterradas. - Na lavoura pode-se fazer o tratamento químico somente das plantas atacadas, utilizando Tecto 600 a 0,3%, dirigindo o jato na direção do caule. - Efetuar análise e correção do solo com calcário separadamente nas manchas onde é maior o número de plantas com sintomas. - As plantas que não tiverem chance de recuperação devem ser arrancadas, colocando-se cal virgem no local das mesmas. Antracnose-dos-frutos-verdes ou Coffea Berry Disease – CBD - Doença, quarentenária para o Brasil, e que é conhecida como Coffea Berry Disease (CBD). - A doença foi relatada pela primeira vez em 1992 no Quênia. - No continente confirmada. americano ainda não foi Etiologia – O agente etiológico foi inicialmente descrito como Colletotrichum coffeanum. - Proposta de alteração do nome do fungo para Colletotrichum kahawae. Sintomas: -Frutos verdes: são lesões negras deprimidas, que podem ocorrer em qualquer parte do fruto, podendo coalescer e cobrir todo fruto, desenvolvendo-se na superfície, em condições de alta umidade, massa de conídios de coloração rosada. - Os frutos doentes podem cair prematuramente ou ficar mumificados nos ramos. - Frutos verdes, podem formar-se lesões corticóides (scab), que podem ou não apresentar acérvulos do fungo. -Suscetibilidade dos frutos ao CBD depende das condições climáticas favoráveis, ocorrendo geralmente a infecção entre a 8ª e a 12ª semanas, não ocorrendo praticamente infecção após a 25ª semana, voltando os frutos a serem novamente infectados maturação. nas fases de pré-maturação e Traqueimicose ou murcha-do-cafeeiro (Coffea Wilt Disease – CWD) -Notificada em 1927 na República Centro-Africana em Coffea excelsa, - 1937 e 1939, a doença disseminou-se no Coffea canephora e Coffea liberica, nas plantações de Camarões, Guiné, Costa do Marfim e República Democrática do Congo, onde mais de 40% das plantações foram infectadas. Etiologia - Agente etiológico: fungo Gibberella xylarioides strictu sensu Heim & Saccas. - Estádio anamórfico (assexuado ou imperfeito): Fusarium xylarioides Steyaert. Doenças Bacterianas Requeima do cafeeiro (Xylella fastidiosa) Surgiu: café arábica no município de Macaubal – SP, em 1992 - “atrofia dos ramos do cafeeiro”, - Todas as regiões brasileira produtoras de café. - Todas as cultivares de Coffea arábica e também as espécies Coffea canephora, Coffea dewevrei, Coffea eugenioides, Coffea kapakata, Coffea racemosa e Coffea stenophylla, interespecíficos. bem como os híbridos Etiologia Agente etiológico: Xylella fastidiosa Descrição: bactéria fastidiosa, Gram-negativa, que tem células do tipo bastonete e parede celular enrugada, sendo limitada aos vasos do xilema das plantas. - Difícil de cultivar in vitro, exige meios de cultura específicos, como o BCYE, PD3 e PW, onde tem crescimento muito lento. Sintomas - Associada ao depauperamento generalizado das plantas. Sintomas mais comuns: enrolamento e a requeima do bordo das folhas. - Plantas doentes: apresentam tamanho reduzido, malformação das folhas, enrolamento dos bordos das folhas, encurtamento dos entrenós e clorose nas folhas. -Estádios avançados da doença: as plantas podem apresentar seca dos ramos. OBS: estes sintomas sugerem que o mecanismo envolvido esteja relacionado com a disfunção do sistema de transporte de água e nutrientes da planta. Cafeeiro: a bactéria foi encontrada nos vasos do xilema das plantas doentes, geralmente encontramse tiloses, células bacterianas e goma bloqueando esses vasos, além do desbalanço hormonal. Epidemiologia Disseminação: principalmente por meio de material propagativo infectado e por insetos vetores, dos quais se destacam as cigarrinhas da família Cicadellidae, já sendo identificadas mais de 11 espécies vetoras. OBS: presenças da bactéria em todas as regiões produtoras de café do Brasil e as grandes variabilidades genéticas das estirpes sugerem que X. fastidiosa já se encontra em associação e convivendo com o cafeeiro há muito tempo, mas a manisfestação dos sintomas aparecem quando as plantas estão sob condições de estresse ou com desequilíbrios nutricionais. Controle – A medida de controle recomendada é manter as plantas com bom vigor vegetativo, através do manejo adequado e recomendado para o cafeeiro, com destaque para a produção de mudas em viveiros protegidos. -Devem-se prevenir os fatores de estresse nas plantas e que as predispõem às doenças e pragas. - Uso de matéria orgânica e adubações equilibradas, bem como o controle do déficit hídrico. - A poda de condução e a recepa das plantas (tipo de poda drástica do cafeeiro indicada quando as plantas perderam completamente sua ramagem lateral baixa(saia)) são também recomendadas, principalmente quando as lavouras apresentam muitas plantas debilitadas. Mancha-aureolada - Pseudomonas syringae pv. garcae - Doença bacteriana constatada pela primeira vez em 1955 na região de Garça, no Estado de São Paulo. - Ocorre principalmente nas regiões mais frias, no Paraná, em São Paulo, no sul de Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul, sem causar problemas nas demais regiões cafeeiras. Sintomas - A doença incide sobre folhas, rosetas, frutos novos e ramos do cafeeiro, atingindo mudas no viveiro e plantas no campo. - Folhas: sintomas necróticos do tipo mancha, de coloração pardo-escura, com 0,5-2,0 cm de diâmetro e centro necrótico, circundada por um halo amarelado. - As lesões distribuem-se por toda a superfície foliar, sendo mais freqüentes nas bordas das folhas, por onde a bactéria encontra maior facilidade de penetração, através de ferimentos causados por danos mecânicos. - A mancha é constituída de tecido seco e quebradiço, que freqüentemente se dilacera e cai, deixando uma perfuração no seu lugar. - Com a coalescência dos halos amarelados, formam-se grandes áreas necrosadas, que resultam na queda prematura das folhas. - A doença incide também sobre ramos, causando requeima, e sobre frutos novos na fase de chumbinho, causando necrose. - Lavouras novas (até 3-4 anos de idade): são mais atingidas, ocorrendo desfolha, seca de ponteiros, superbrotamento e retardamento no desenvolvimento das plantas. - Viveiros: as mudas atingidas sofrem desfolha e o ponteiro morre, chegando a causar a morte das plantas. Etiologia Agente etiológico: Pseudomonas syringae pv. garcae - Penetra por ferimentos causados por danos mecânicos através da agitação das folhas pelo vento, lesões causadas por insetos ou por outras doenças. Ocorrência: corre em períodos frios, quando a queda de temperatura vem associada à chuva fina, sendo maior o ataque no período de julho a setembro. Viveiros: ocorre no final do inverno e na primavera, quando tem início a retirada da cobertura das mudas, ficando estas muito sujeitas à variação de temperatura. . Controle -Deve iniciar na fase de viveiro, com a escolha do local de instalação, que deve estar protegido de ventos frios. - Quando a doença se manifestar, recomendam-se duas aplicações de fungicidas cúpricos (0,3%) a cada duas semanas, associados ou não a antibióticos, como Distreptine 20 e Agrimicina 20, na concentração de 0,2%. - Ataque severo nas mudas: recomenda-se efetuar a poda à altura do terceiro par de folhas, eliminando-se assim as pontas danificadas e os focos principais. - Campo: o controle deve ser preventivo, através da instalação de quebra ventos na fase de formação do cafezal e adotando-se pulverizações adicionais de fungicidas cúpricos aparecimento da bacteriose. quando ocorrer o Doenças Viróticas Mancha-anular dos frutos - Bitancourt (1938; 1939) fez o primeiro relato da mancha-anular em folhas de cafeeiro no Estado de São Paulo. A doença está associada ao ácaro plano, Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae), que é considerado uma espécie polífaga, ocorrendo em mais de 100 espécies de plantas, dentre elas o cafeeiro, em que foi associado com a mancha-anular, causada por um vírus do grupo Rhabdovirus. Em 1987, a doença foi registrada no Espírito Santo, mas com sintomas diferentes dos relatados na literatura, com lesões pequenas, passando de amarelas e necróticas ao longo das nervuras. Sintomas - Folha: manchas cloróticas nas folhas, geralmente em forma de anéis concêntricos que se espalham junto às nervuras, amarelecendo gradualmente e provocando a queda prematura das folhas e, conseqüentemente, a desfolha gradativa das plantas. - A desfolha ocorre geralmente do tronco para a parte externa da planta, sendo este sintoma chamado pelos agricultores de “planta oca”. - Frutos: os sintomas da mancha-anular caracterizam-se por lesões circulares deprimidas, que chegam a provocar a deformação do pericarpo. - Os frutos perdem a qualidade para bebida, e os grãos ficam predispostos à infecção de outros patogenos, como é o caso do fungo C. gloeosporioides, que é encontrado em condições saprofíticas no cafeeiro. Manejo da doença – controle do ácaro com adoção de estratégias que incluam vários métodos para auxiliar na redução do vetor, como controle biológico, cultural, variedades resistentes e químicos, neste caso com a racionalização do uso de inseticidas / acaricidas. Doenças Causadas por Nematóides Doenças Causadas por Nematóides - O cafeeiro é atacado por várias espécies de nematóides. As mais freqüentes são Meloidogyne incognita, M. exigua, M. coffeicola e Pratylenchus. - A espécie mais importante no Brasil é M. incognita, que ocorre com maior gravidade em regiões de solos arenoso, em São Paulo, no Paraná e algumas áreas do Sul de Minas. - Meloidogyne incognita: afeta drasticamente o sistema radicular do cafeeiro, causando necrose e rachaduras, com aspecto de cortiça, reduzindo a absorção de água e nutrientes pela planta. - Causam acentuada redução e o enfraquecimento das plantas tornando-as antieconômicas; muitas plantas chegam a morrer. - M. incognita tem muitas plantas hospedeiras, como algodão, batata, fumo, feijão, soja, girassol, sorgo, milho, beldroega, guanxuma, mentrasto, maria pretinha, falsa serralha e capim pé-degalinha, o que dificulta o emprego de rotação de culturas. - M. exigua é uma espécie menos agressiva, que causa pequenas galhas nas raízes do cafeeiro, reduzindo a produção, sem, contudo causar depauperamento acentuado da lavoura. Disseminação - enxurradas, - uso de implementos agrícolas - irrigação com água coletada em encosta de cafezais infestados. -A erradicação da praga é considerada praticamente impossível. - Porém, pode-se reduzir a sua incidência e ser necessário saber conviver com o problema. Controle -uso de mudas sadias. - Viveiros: expurgo do substrato, deve-se localizálos longe de lavouras ou águas infestadas, protegendo-os contra as enxurradas, evitando-se o trânsito de pessoas vindas de áreas infestadas e usando-se sempre contaminadas. terras de áreas não - Em áreas infestadas por M. exigua, dependendo do grau de ataque, a convivência pode ser tolerada, a curto e médio prazo, através do uso de melhores adubações, principalmente com adubo orgânico, e de tratos na lavoura. - Em áreas na qual o café foi arrancado, o solo deve ser revolvido para a sua maior exposição ao sol e mantido de seis meses a um ano sem plantio de café ou de culturas hospedeiras. -Uso de matéria orgânica em solos carentes: promover condições favoráveis à multiplicação de inimigos naturais; - utilizar práticas agrícolas que movimentem pouco o solo como o uso de herbicidas ao invés de capinas e evitar o trânsito na área em dias chuvosos. - O uso de nematicidas, para proteger plantios novos pode ser feito, usando-se granulados sistêmicos como o Aldicarb, Carbofuran, Terracur e Nemacur. - Os nematicidas, no campo, devem ser aplicados no início da estação chuvosa, quando o sistema radicular entra em franca absorção de água e nutrientes pela emissão de radicelas. - A eficiência do produto aumentará, coincidindo também, com as melhores condições de temperatura e umidade para a eclosão de larvas de segundo estádio no solo, já que estas são as mais sensíveis à ação nematicida que aquelas no interior de raízes ou dos ovos. - Lavouras adultas, é impraticável, sob o ponto de vista econômica, realizar aplicações de nematicidas, por ser preciso tratar grande volume de solo e, ainda, por já estarem às raízes primárias do cafeeiro, na maioria dos casos, bastante comprometidas, com difícil recuperação. Doenças Abióticas Mortes das raízes e seca dos ramos ou ponteiros (die-back) Causas associadas a esses sintomas: têm recebido mais atenção são a deficiência de nutrientes, deficiência hídrica, altas temperaturas, umidade excessiva do solo, ventos frios e presença dos fungos Colletotrichum spp. e Phoma spp. - Está também relacionadas aos desequilíbrios hormonais e distúrbios na demanda e/ou disponibilidade de nutrientes para a produção de frutos, principalmente os fotoassimilados como os carboidratos. - A morte das raízes é um problema conhecido desde a década de 1930 em que cafeeiros com alta carga de frutos podem apresentar seca de ponteiros e que está é precedida pela morte das raízes das plantas. - Após um surto de seca de ponteiros ocasionado por sobrecarga de frutos e a não regeneração das raízes absorventes, profundas, o principalmente cafeeiro perde o as mais equilíbrio morfofisiológico e a sua capacidade produtiva. Práticas de Manejo de Doenças Nas condições da cafeicultura brasileira a doença mais grave: - Ferrugem (Hemileia vastatrix), - Cercosporiose (Cescospora coffeicola) - Seca de ramos (Phoma e Ascochyta). Menor importância: - Bacteriose Mancha Aureolada do Café ( Pseudomonas garcae) - Leprose (Citrus leprosis vírus - CiLV-C), é transmitido pelo ácaro Brevipalpus phoenicis virose). - Amarelinho fastidiosa). do cafeeiro (bactéria Xylella