UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS
RELATÓRIO FINAL
UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS, FITOTERÁPICOS E
DOS POTENCIAIS RISCOS DE SUAS INTERAÇÕES COM
MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS, POR IDOSOS ATENDIDOS
PELA FARMÁCIA – ESCOLA – SÃO CAETANO DO SUL.
PESQUISADORA: JAQUELINE MARTINS BADANAI
ORIENTADORA: PROFA. DRA. CELI DE PAULA SILVA
SÃO CAETANO DO SUL
2011
RESUMO
O sistema de saúde é altamente influenciado pelo envelhecimento, desta
forma, muitos idosos utilizam medicamentos em busca da manutenção da
sua saúde. Devido à complexidade do regime terapêutico prescrito para
idosos, constata-se a associação observada entre maior complexidade e
falta de adesão ao tratamento proposto enaltecendo a importância da
simplificação dos regimes terapêuticos e da prevenção da polifarmácia,
evitando possíveis interações medicamentosas e de efeitos adversos, já que
os idosos são os mais vulneráveis a este tipo de ocorrência. O presente
trabalho tem por objetivo verificar a incidência do uso de plantas medicinais,
medicamentos fitoterápicos e das possíveis interações destes compostos
com
medicamentos
alopáticos,
entre
os
pacientes
atendidos
pela
FarmaUSCS, com 60 anos ou mais. Através de entrevistas com aplicação
de questionário contendo em sua maioria perguntas fechadas, referentes
às características pessoais (sexo, idade, escolaridade), condições de saúde
(doenças auto-referidas)
e
sobre
o
uso
de
plantas
medicinais,
medicamentos fitoterápicos e medicamentos alopáticos. Verificou-se que
66,14% dos pacientes são do sexo feminino e 33,84% do sexo masculino.
Encontram-se na faixa etária de 60 a 70 anos 49,22%, 71 a 80 anos 43,26%
e acima de 81 anos 7,52%. Dos entrevistados, 50,47% informou usar planta
medicinal periodicamente. No presente trabalho, verificou-se a exposição
dos idosos aos riscos de interações devido ao uso concomitante de Ginkgo e
AAS, de diuréticos tiazidicos e Ginkgo e do quebra-pedra e o diurético
hidroclorotiazida.
PALAVRAS-CHAVES: Fitoterápicos, Alopáticos, Idosos e Plantas Medicinais.
1. INTRODUÇÃO
O número de pessoas com mais de 60 anos em 2005 foi superior a 18
milhões, o que corresponde a quase 10% da população brasileira. O grupo de
pessoas que se encontram nesta faixa etária vem crescendo ano a ano,
acarretando um aumento de mais de cinco milhões de pessoas entre os anos
de 1995 e 2005. O número de mulheres idosas, acima de 80 anos, é mais do
que o dobro do de homens nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Belo
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, indicando uma concentração feminina
nestes grandes centros (IBGE, 2006).
A região Sul e Sudeste do Brasil apresenta o maior envelhecimento do
País. Segundo dados o alargamento da pirâmide etária pode ser observado
pelo aumento de idosos com 65 anos ou mais. Em 1991 o número de idosos
representava 4,8% da população, sendo que em 2010 esse valor corresponde
a 7,4%. (IBGE, 2010).
Cerca de 81% dos idosos entrevistados em pesquisa realizada pelo
SESC/Fundação
Perseu
Abramo,
relataram
possuir
alguma
doença,
referenciando 16 enfermidades que atingem, pelo menos, 5% desta população.
Dentre as doenças relatadas, a hipertensão atinge quase a metade (48%) da
população brasileira idosa (SESC/Fundação Perseu Abramo, 2007).
O sistema de saúde é muito influenciado pelo envelhecimento, pois
muitos idosos utilizam medicamentos em busca da manutenção da sua saúde
(Marliére et al., 2008).
Com o envelhecimento, o funcionamento dos órgãos torna-se deficiente,
acarretando alterações na atividade dos medicamentos. Durante este processo
é comum a ocorrência de diversas patologias simultaneamente, facilitando a
polifarmácia, muito praticada, com ou sem a prescrição médica, fato este que
favorece a ocorrência de efeitos adversos e interações medicamentosas.
(Souza et al., 2010). De acordo com Acúrcio et al. (2009), a polifarmácia pode
induzir ao aumento de uso inadequado de medicamentos, em detrimento à
utilização de medicamentos essenciais para a saúde do idoso.
Em relação à complexidade do regime terapêutico prescrito para idosos,
Acúrcio et al. (2009), constataram que a associação observada entre maior
complexidade e falta de adesão ao tratamento proposto enaltece a importância
da simplificação dos regimes terapêuticos e da prevenção da polifarmácia,
evitando possíveis interações medicamentosas e de efeitos adversos, pois os
idosos são os mais vulneráveis a este tipo de ocorrência. É importante que
ocorra uma abordagem multiprofissional como estratégia relevante na busca do
acesso aos medicamentos realmente necessários e o cumprimento da
prescrição, devido à baixa adesão terapêutica por este grupo de pessoas.
O consumo de medicamentos de origem vegetal decorre, basicamente,
do fato desses produtos representarem terapias de menor custo em relação
àquelas normalmente oferecidas pela indústria farmacêutica. Atualmente, 30%
dos medicamentos comercializados são originados direta ou indiretamente de
plantas (Devienne et al., 2004).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) vem estimulando o uso da
medicina tradicional/medicina complementar/alternativa nos sistemas de saúde
de forma integrada às técnicas da medicina ocidental modernas, preconizando
o desenvolvimento de políticas observando os requisitos de segurança,
eficácia, qualidade, uso racional e acesso a este tipo de medicamento
(Michiles, 2004).
Os levantamentos que geram dados que possam contribuir para
pesquisas na área de plantas medicinais/fitoterápicos, buscando a garantia e o
uso seguro destes produtos pela população, vêm de acordo com a
preocupação demonstrada através da aprovação da Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (Portaria
no. 971/2006) e da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
(Decreto Federal no. 5813/2006).
Estudos comparativos entre drogas sintéticas utilizadas na atenção
primária e drogas vegetais potencialmente equivalentes (SUS/RJ), demonstram
que 21 fármacos, pertencentes a 14 classes farmacológicas diferentes
possuem potencial de substituição total ou parcial, por extratos de plantas
medicinais nativas e aclimatadas, sinalizando positivamente para investimentos
em fitoterápicos (Michiles e Botsaris, 2005).
Em levantamento sobre o perfil medicamentoso de idosos participantes
de um grupo da terceira idade, verificou-se que 55,4% dos entrevistados usam
como alternativa (auto-medicação) as plantas medicinais. Flores e Mengue
(2005), realizando um levantamento sobre o uso de medicamentos pela
população idosa na região sul do Brasil, verificaram resultados semelhantes, já
que 56% dos idosos usavam chás associados com “medicamentos”.
Muitas substâncias, quando associadas, podem dar origem a outras,
alterando as propriedades farmacológicas produzindo produtos tóxicos e
desconhecidos. Estas incompatibilidades podem ser físicas, químicas,
farmacotécnicas e farmacológicas (Ferro, 2006).
Há diversas pesquisas sobre a potencialização dos efeitos diuréticos do
dente-de-leão (Taraxacum officinale), da atividade anti-depressiva da erva-deSão João (Hypericum perforatum) e dos efeitos hipnóticos e ansiolíticos do
maracujá (Passiflora incarnata) (Cordeiro et al., 2005; Alexandre et al., 2008).
O Ginkgo biloba pode potencializar o efeito de antiagregantes
plaquetários (como o AAS) ou anticoagulantes (Warfarina), com risco maior de
hemorragias quando administrados concomitantemente e o Ginseng (Panax
ginseng) deve ser evitado em conjunto com hipoglicemiantes e insulina, devido
ao efeito sinérgico poder levar a crises hipoglicemiantes. O Kava-kava (Piper
methisticum) antagoniza as anfetaminas, potencializa o efeito de barbitúricos,
álcool, benzodiazepínicos e outras drogas psicoativas, como o alprazolan
(Ferro, 2006).
A insuficiência de informações acerca dos efeitos adversos pode estar
relacionada a uma valorização secundária a este item, tanto por quem faz a
prescrição quanto por quem o utiliza. Uma pesquisa realizada em Hospital no
Rio Grande do Sul, revelou que os efeitos adversos do medicamento podem
ser omitidos pelo responsável à prescrição, devido ao fato de que as
informações negativas relativas ao medicamento prejudiquem a adesão do
paciente ao tratamento (Silva et. al, 2000).
Em pesquisa realizada com indivíduos atendidos na Farmácia escola da
Universidade Municipal de São Caetano do Sul e usuários do fitoterápico
Ginkgo (Ginkgo biloba L.), verificou-se que a 13,73% dos entrevistados faziam
associação deste medicamento com o Ácido Acetil Salicílico (AAS), sem
conhecimento dos riscos dos potenciais riscos de interações devido ao uso
concomitante desses dois tipos de medicamentos (Puppo e Silva, 2008).
JUSTIFICATIVA
De acordo com dados fornecidos pela Prefeitura Municipal em 2010, São
Caetano do Sul é um município com uma população total de 144.857
habitantes e de idosos, com mais de 60 anos, de 30.784, perfazendo 21,25%
do total, superior a média nacional que é de 10% (Prefeitura Municipal de São
Caetano do Sul, 2010).
Com o objetivo de verificar a porcentagem dos indivíduos atendidos pela
FarmaUSCS e usuários de plantas medicinais e fitoterápicos, Silva e Silva
(2009), observaram que a grande maioria dos entrevistados, que afirmaram
usar as plantas como remédios, foi de pessoas acima de 60 anos que
correspondem a cerca de 50,47%. Em busca da identificação do perfil
medicamentoso e da frequência de associação entre o Ginkgo e ácido
acetilsalicílico, em usuários atendidos pela FarmaUSCS (Puppo e Silva, 2008),
verificaram que 41,18% dos pacientes entre 60-70 anos e 27,75% com 70 anos
ou mais, faziam o uso do fitoterápico Ginkgo, dispensado pela FarmaUSCS.
Entre os indivíduos entrevistados, constatou-se que 13,73% eram usuários
desse medicamento e faziam a associação com o AAS (ácido acetilsalicílico),
havendo o risco da ocorrência de sangramentos, devido à ao aumento de
inibição da agregação plaquetária (Destro et al., 2006).
Devido à polifarmácia, muito praticada pela grande maioria dos idosos, e
dos riscos das possíveis interações medicamentosas, pelo uso concomitante
de medicamentos fitoterápicos com medicamentos alopáticos, verificou-se a
necessidade de um levantamento sobre a utilização inadequada desses
compostos por este grupo de pessoas.
2. OBJETIVOS
Verificar a incidência do uso de plantas medicinais, fitoterápicos e das
possíveis interações desses compostos com medicamentos alopáticos,
entre os pacientes atendidos pela FarmaUSCS, com 60 anos ou mais.
Identificar o perfil medicamentoso dos idosos com 60 anos ou mais,
munícipes de São Caetano do Sul e usuários da FarmaUSCS.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo foi descritivo e realizado através de entrevistas,
utilizando-se um questionário com a maioria das perguntas fechadas,
referentes às características pessoais (sexo, idade, escolaridade), condições
de saúde (doenças auto-referidas) e sobre o uso de plantas medicinais,
medicamentos fitoterápicos e medicamentos alopáticos.
Os entrevistados foram selecionados de acordo com os seguintes
critérios: ter idade igual ou superior a 60 anos, ser usuário da FarmaUSCS e
aceitar participar da entrevista após a leitura do Termo de Consentimento livre
e esclarecido. Os indivíduos serão selecionados de forma não probabilística. A
amostra será composta de, aproximadamente, 10% dos usuários atendidos
pela FarmaUSCS em 2010/2011.
MODELO DO QUESTIONÁRIO
Nome:_________________________________________Data:_____________
Endereço:_______________________________________________________
Idade:_________________
Escolaridade:
Sexo: ( ) Masculino
( ) Feminino
1º. Grau
( ) Completo
( ) Incompleto
2º. Grau
( ) Completo
( ) Incompleto
Superior
( ) Completo
( ) Incompleto
Outros
( )
Ocupação:
_____________________________________________________________
Você faz uso de plantas medicinais? Sim ( ) Não ( ) Às vezes (
)
Nunca ( )
Quais plantas são usadas?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Para que utiliza estas plantas?
Faz uso de medicamentos fitoterápicos? Sim (
Nunca ( )
) Não (
) Às vezes (
)
Quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Faz uso de medicamentos (alopáticos)? Sim ( ) Não ( ) Às vezes (
)
Nunca ( )
Quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Possui alguma doença? Sim ( ) Não ( )
Qual(is)?________________________________________________________
Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nome da Pesquisa: Utilização de plantas medicinais, fitoterápicos e dos
potenciais riscos de suas interações com medicamentos alopáticos, por idosos
atendidos pela farmácia-escola – São Caetano do Sul.
O presente trabalho busca verificar o uso de plantas medicinais,
fitoterápicos e medicamentos alopáticos, pelos idosos atendidos pela farmáciaescola da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, para detectar os
potenciais riscos de suas interações. A coleta de dados para esta pesquisa
será realizada por meio de entrevistas com a maioria das perguntas fechadas e
anotadas pelo pesquisador, após o entrevistado estar ciente deste documento.
Sua participação é de grande importância para o sucesso desta pesquisa.
Tendo recebido as informações contidas neste documento e após
esclarecimento dos direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do
exposto e desejo participar da pesquisa.
A
garantia
de
receber
a
resposta
a
qualquer
pergunta
ou
esclarecimento a dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros
relacionados com a pesquisa.
A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar
de participar do estudo.
A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter
confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade.
Compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o
estudo, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando.
TERMO DE CONSENTIMENTO
São Caetano do Sul,_____/_______/_______
Nome:________________________________________________R.G.:______
Assinatura:______________________________________________________
Nome:__________________________________________________________
Assinatura do pesquisador_________________________________________
Professora Responsável: Profa. Dra. Celi de Paula Silva
Telefones: (11) 46991171 e (11) 96841716
e-mail: [email protected]
4. RESULTADOS
Entre os idosos que participaram da pesquisa, 33,86% são do sexo
masculino e 66,14% do sexo feminino (tabela 1).
Tabela 1. Porcentagem de idosos distribuídos de acordo com o sexo
informado. São Caetano do Sul, 2011. (n = 319)
SEXO
NÚMERO
%
MASCULINO
FEMININO
108
211
33,86
66,14
A Faixa etária predominante foi de 60 a 70 anos, perfazendo 49,22%
dos entrevistados.
Tabela 2. Porcentagem de idosos distribuídos de acordo com a faixa etária
informada. São Caetano do Sul, 2011. (n = 319)
FAIXA
ETÁRIA
60 A 70
71 A 80
81 A 90
NÚMERO
%
157
138
24
49,22
43,26
7,52
Tabela 3. Porcentagem de entrevistados distribuídos de acordo com o uso de
plantas medicinais. São Caetano do Sul, 2011.
USO DE PLANTAS MEDICINAIS
FREQUENTE
NÃO USA
ESPORÁDICO
NÚMERO
49
158
112
%
15,36
49,53
35,10
Entre as espécies mais citadas pelos entrevistados (tabela 4), podem ser
destacadas: a Erva-Cidreira (17,36%), Erva-doce (13,83%), Camomila
(11,90%) e Boldo (9,32%).
Tabela 4. Relação das plantas medicinais usadas pelos idosos entrevistados.
São Caetano do Sul, 2011.
PLANTAS
CIDREIRA
ERVA-DOCE
CAMOMILA
BOLDO
HORTELÃ
CHÁ VERDE
CARQUEJA
MELISSA
ALECRIM
BOLDO- DO- CHILE
ESPINHEIRA -SANTA
SENE
CANELA
CAVALINHA
GENGIBRE
GUACO
LOURO
QUEBRA -PEDRA
BABOSA
CANELA DE MACACO
CHÁ BRANCO
CRAVO
FOLHA DE LARANJEIRA
INSULINA
MANJERICÃO
UNHA- DE- GATO
NÚMERO
56
43
37
29
18
17
7
9
6
6
4
4
3
3
3
3
3
3
2
2
2
2
2
2
2
2
%
17,36
16,73
14,40
11,28
7,00
6,61
2,72
2,72
2,33
2,33
1,56
1,56
1,17
1,17
1,17
1,17
1,17
1.17
0,78
0,78
0,78
0,78
0,78
0,78
0,78
0,78
*Foram descartadas as plantas citadas apenas uma vez, correspondendo a
8,58% do total.
Tabela 5. Uso de medicamentos fitoterápicos pelos idosos entrevistados. São
Caetano do Sul, 2011.
USO DE MEDICAMENTOS
FITOTERÁPICOS
FREQUENTE
NÃO USA
ESPORÁDICO
NÚMERO
%
124
185
12
38.87
3.76
Entre os medicamentos fitoterápicos relacionados pelos entrevistados
(tabela 7), encontram-se o acheflan (Cordia verbenaceae), arnica, castanha-daíndia, nova rutina e o ginkgo, único manipulado pela FarmaUSCS.
Tabela 6. Relação dos medicamentos fitoterápicos que são usados pelos
idosos entrevistados. São Caetano do Sul, 2011.
PLANTAS
GINKGO BILOBA
ARNICA
ACHEFLAN
CASTANHA-DA-ÍNDIA
NOVA RUTINA
NÚMERO
130
2
1
1
1
%
95,59
1,47
0,73
0,73
0,73
5. DISCUSSÃO
Muitos idosos que utilizam o Ginkgo biloba estão expostos a pelo menos
uma interação medicamentosa potencial entre fitoterápicos e medicamentos
alopáticos (Alexandre et al, 2007). O uso concomitante de Ginkgo com o ácido
acetilsalicílico pode aumentar os riscos da ocorrência de hemorragias
(Kenneth, 2006). Dos 56 idosos entrevistados que relataram usar o Ácido
Acetilsalicílico,
18
também
usam
concomitantemente
o
medicamento
fitoterápico a base de ginkgo, expondo-se aos riscos da ocorrência de
hemorragias.
A utilização de diuréticos Tiazidicos concomitantemente com Ginkgo
pode ocasionar o aumento da pressão arterial. Verificou-se que 107
entrevistados utilizam diuréticos tiazídicos, e 40 (18,18%) com Ginkgo estando,
portanto, expostos aos riscos de suas interações (Kenneth, 2006).
Os riscos de possíveis interações medicamentosas, devido ao uso
concomitante entre plantas e com medicamentos alopáticos, foi observado
0,3% dos entrevistados que utiliza a planta quebra-pedra e o diurético
hidroclorotiazida. Está interação pode ocasionar o aumento da excreção de
eletrólitos e a ocorrência de arritmias (Prace, 2008). O uso de camomila (5,3%)
e boldo-do-Chile (1,5%) concomitantemente com Ginkgo, lítio e AAS, pode
aumentar os riscos de sangramento. (Cardoso et al., 2009).
A interação pode ocorrer através de utilização das plantas medicinais em
praticas de automedicação. Nesses casos dificilmente o médico é informado
destes procedimentos. Além de poder trazer efeitos adversos e intoxicantes,
podem alterar os resultados desejados dos medicamentos alopáticos e
fitoterápicos (Junior, 2008).
6.
CONCLUSÃO
Devido ao uso concomitante de diferentes medicamentos, os idosos
representam um dos grupos mais suscetíveis aos riscos de potenciais
interações medicamentosas. Os profissionais da saúde, muitas vezes, por
falta de informação, acabam prescrevendo medicamentos alopáticos
juntamente com os fitoterápicos, por acreditarem que substâncias vegetais
não causam nenhum mal ao organismo.
No presente trabalho, verificou-se a exposição dos idosos aos riscos
de interações devido ao uso concomitante de Ginkgo e AAS, de diuréticos
tiazidicos e Ginkgo e do quebra-pedra e o diurético hidroclorotiazida.
Orientar o paciente sobre os riscos do uso em conjunto de vários
medicamentos alopáticos, medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais é
de fundamental importância para que haja a garantia da sua eficácia e ao
mesmo tempo que seu uso seja seguro.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alexandre, Rodrigo F; Bagatini, Fabiola; Simões, Claudia; Interações entre
fármacos e medicamentos fitoterápicos à base de ginkgo ou ginseng.
Rev.
Bras.
de
Farmacognosia,
2008.
Disponivel
em:
http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v18n1/a21v18n1.pdf Acesso em: agosto 2011.
Cardoso, C. M. Z.; Silva, C. P.; Yamagami, K.; Lopes, R. P.; Santos, F.;
Bonassi, I.; Jesuíno, I.; Geres, F.; Martorie Jr., T.; Graça, M.; Kaneko, B.;
Pavani, E.; Inowe, C.
Elaboração de uma cartilha direcionada aos
profissionais da área a saúde, contendo informações sobre interações
medicamentosas envolvendo fitoterápicos e alopáticos. Revista Fitos.
Vol.4, n.1, p. 56-69, 2009.
Cordeiro,
C.H.G.,
Chung,
M.C.,
Sacramento,
L.V.
Interações
medicamentosas e fitoterápicos e fármacos: Hypericum perforatum e
Piper methysticum. Rev. Bras. de Farmacognosia, v. 15, p. 272-278, 2005.
SESC/Fundação Perseu Abramo, 2007
Destro MWB, Speranzi MB, Destro C, Guerra C, Recco GC,Romagnolo LGC.
Estudo da utilização no préoperatório de medicamentos ou drogas
fitoterápicas que alteram a coagulação sanguínea. Rev Col Bras Cir. 33
(2):107-11, 2006.
Devienne K.F., Raddi M.S.G., Pozetti G.L. Das plantas medicinais ao
fitofármacos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 6, n.3, p. 11-14,
2004
Ferro, D. Fitoterapia: conceitos clínicos. Editora Atheneu. São Paulo, 2006.
473 p.
IBGE 2006. Instituto Brasileiro de Geografia E Estatística. Síntese de
indicadores sociais 2006. Rio de Janeiro: 2006. 317p. (Estudos & Pesquisas -
Informação
demográfica
e
socioeconômica,
19)
Disponível
em:
<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 25 mai. 2007.
Junior, Valdir Florencio da Veiga. Estudo do consumo de plantas medicinais
na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos
profissionais de saúde e modo de uso pela população. Rev. bras.
Farmacognosia, vol.18, p. 4-5, 2008
Kenneth A. Bachmann & Jeffrey D. Lewis & Matthew A. Fuller & et al.
Interações Medicamentosas. Edição 2, vol.0, Editora Manol2, 2006.
Marliére,L. D. P.; Ribeiro, A. Q.; Brandão, M. G. L.; Klein, C. H.; Acurcio, F. A.
Utilização de fitoterápicos por idosos: resultados de um inquérito
domiciliar em Belo Horizonte (MG), Brasil. Rev. bras. farmacogn. vol.18, p.
3-7 suppl.0 João Pessoa Dec. 2008.
Michiles, E. Diagnóstico situacional dos serviços de fitoterapia no estado
do Rio de Janeiro. Rev. Bras. Farmacognosia, v. 14 (supl. 1), p. 16-19, 2004.
Michiles, E., Botsaris, A.S. Medicamentos sintéticos e Fitoterápicos:
potencialidades de equivalência. Fitos, v. 1, n.1, p. 36-42, 2005.
Prace. Interações plantas medicamentos. http://www.prace.ufop.br Acesso
em Agosto de 2011.
Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul. www.saocaetanodosul.sp.gov.br.
Acesso em Maio de 2010
Puppo, E.; Silva, C. de P. Levantamento do perfil medicamentoso e
freqüência de associações entre o Ginkgo (Ginkgo biloba L.) e Ácido
Acetilsalicílico, em usuários atendidos pela FarmaUSCS de São Caetano
do Sul. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl. (Journal of Basic and Applied
Pharmaceutical Sciences). V. 29 (1), p. 53-59, 2008.
Fundação Perseu Abramo.Idosos no Brasil Vivências, desafios e expectativas
na 3ª idade. Sesc, 2007. www.fpabramo.org.br/tags/tags-707. Acesso em Maio
de 2010
Silva, C.P.; S, J.A. Levantamento do uso de plantas medicinais e produtos
fitoterápicos
pelos
indivíduos
atendidos
na
Farmácia-Escola
(Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS). USCS, 2009.
Silva, T. da, Schenkel, E.P., Mengue, S.S. Patient Knowledge about drugs
prescribed in a teaching hospital. Cad. Saúde Pública, v.16, n.2, p. 449-455,
2000.
Souza, P.M.;Santos, L.L.;Silveira, C.A.N. Fármacos em idosos.Secretaria de
Ciência, Tecnologia e insumos estratégicos/MS – FTN, 2010
Download

utilização de plantas medicinais, fitoterápicos e dos