Maturidade é benéfica para a gestão de projetos Mercado vive um “boom” da profissão e discute metodologias que definem o nível de maturidade das organizações para gerir projetos O nível de maturidade das organizações para a gerência de seus respectivos projetos pode ser comparado ao ciclo de vida das pessoas, em que a relação saudável com o tempo traz inúmeros benefícios. Em se tratando de administração de projetos, o tempo pode representar uma melhor performance da organização, mais envolvimento das pessoas direta ou indiretamente ligadas à empresa, ganhos financeiros, entre André Barcaui, da ESI International outros. Mas para alcançar os resultados da maturidade existem conceitos que precisam ser repensados, paradigmas a serem quebrados. Na medida em que as organizações estão se “projetizando”, fica evidente a necessidade de se estabelecer metodologias de gestão que as conduzam continuamente ao sucesso. “A vida da empresa depende disso”, afirma André Barcaui, diretor de Desenvolvimento de Negócios da ESI International, especializada em gestão de projetos. O também professor do MBA Administração de Projetos da Fundação Instituto de Administração (FIA) ressalta a importância do tempo na administração de projetos: “a construção da maturidade é gradativa”, reitera Barcaui. No dia 10 de abril, o executivo apresentou a palestra “Project Management Maturity” para executivos e alunos do MBA Administração de Projetos da FIA, na FEA. “Gerenciar projetos é, em última análise, gerenciar pessoas, por meio de testes de competências, conhecimentos, uso de ferramentas e processos, essencialmente. Tudo isto feito dentro da ética levará aos objetivos desejados”, afirma o executivo. Por mais que as pessoas nas organizações resistam a teorias metodológicas e conceitos, Barcaui ressalta que eles trazem resultados práticos. O professor afirma que é preciso abandonar a gestão dos projetos baseada no “feeling” e implementar os conceitos de maturidade. Um dos desafios está em equacionar a relação entre o tempo e os investimentos envolvidos no projeto, até que os resultados sejam alcançados. Dados do Standish Group (2000) mostraram que os projetos internos em todo o mundo tiveram apenas 16% de sucesso total, 32% parcial e 52% falharam. Existem dezenas de modelos de maturidade. O que se constata é a adoção do modelo Organization Project Management Maturity Model (OPM3), criado pelo Project Management Institute (PMI) como padrão institucional. O PMI é um órgão certificador da administração de projetos sediado nos Estados Unidos e que congrega cerca de 100 mil profissionais de todo o mundo. Uma pesquisa feita pelo professor da Universidade de Beckerley, William Ibbs, demonstra o quadro real de maturidade das organizações em seus projetos. O levantamento feito com 52 empresas em 2002 aponta que os prazos de conclusão são ultrapassados em 222% e somente 61% das organizações pesquisadas mantêm o escopo original dos respectivos projetos. Por meio deste estudo, ressalta o palestrante, Ibbs criou índices de performance dos projetos organizacionais O estágio de maturidade dos projetos são medidos numa régua, criada por Ibbs, com escala de 1 a 5. Abaixo do nível um, a empresa está muito ruim. O primeiro estágio é chamado de “linguagem comum”, aquele em que as empresas têm gestão informal dos projetos. O nível dois é dos “processos comuns”. Já no terceiro nível a organização aplica uma “metodologia singular”, em que as fases do projeto são respeitadas. O nível quatro é o do “benchmarking”, no qual as empresas são referência no mercado. O último estágio da maturidade é denominado, segundo Barcaui, o “nirvana” da gestão de projetos. Nele, afirma o professor, há melhorias contínuas e raras empresas o alcançam. “A pesquisa aponta que a maturidade está positivamente associada com a performance”, ressalta Barcaui. O professor mostra que este é um ciclo de melhoria contínua em gerência de projetos. “A vantagem de mensurar sua maturidade é ser mais preciso. Você atinge um nível de previsibilidade, diferente da maturidade”, acrescenta. Antonio Amaru Maximiano, professor da FEA e vice-coordenador do MBA Administração de Projetos concorda com a adoção de modelos que estruturam os projetos, defendendo a certificação. Mas, alerta o docente, é preciso que não seja criada uma “camisa de força”. Segundo ele, toda organização passa ou passará pela experiência em gerenciar projetos e pessoas. No entanto, se ela acabar se restringindo a desenvolver um modelo de maturidade, a organização obterá apenas a certificação na gerência de projetos, desvalorizando a competência. E “apesar de toda competência, historicamente passa-se pelas fases de desenvolvimento do projeto até chegar ao nirvana do aprendizado contínuo que não termina nunca”, completa Maximiano. Barcauí enfatiza a importância tanto da adoção da metodologia como a mensuração de todos os estágios de maturidade dos projetos. No entanto, completa Barcauí, é indispensável o apoio e envolvimento da alta gestão da empresa. “Sem ela, de nada adiantará as melhores práticas de gestão”.