Revista Ceciliana Dez 2(2): ,53-56 2010 ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 - Universidade Santa Cecília Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana A CONTRIBUIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES PARA UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA DOS FUTUROS APOSENTADOS Daniela de Castro Soares, Edilene de Jesus Falcão, Fabiane Sartori Pereira, Maria Cristina Pereira Matos Faculdade de Administração de Empresas e Ciências Contábeis da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) Recebido em: 20/08/09 Aceito em: 05/10/09 Publicado em: 04/12/10 RESUMO O presente estudo trata do tema a contribuição das organizações para uma melhor qualidade de vida dos futuros aposentados, o interesse em estudar essa temática deu-se pelo fato de que a expectativa de vida da população brasileira ter aumentado. O período pré-aposentadoria tem proporcionado inúmeros problemas dentro das organizações e na vida pessoal das pessoas que vivenciam este período de transformação. No mundo atual, o trabalho ocupou um papel de status na sociedade. O respeito e admiração estão vinculados com o emprego e cargo que a pessoa ocupa. As pessoas que exercem cargo de chefia têm dificuldade em refletir sobre a aposentadoria, devido à ligação de trabalho, produtividade e status sociais. Algumas empresas têm se preocupado com a aposentadoria dos seus colaboradores. Cuidar tanto de quem fica, quanto de quem sai é uma de suas responsabilidades sociais, bem como uma possibilidade de remodelação e planejamento do corpo funcional que permanece. Sendo assim as empresas estão incluindo em sua programação de Qualidade de Vida programas de pré-aposentadoria, visando suavizar o impacto que esta nova fase da vida pode causar nessas pessoas. Palavras-chave. Pré-aposentadoria, qualidade de vida, benefícios sociais. 1. Introdução O pós-carreira para os colaboradores traz em si inúmeras e complexas variáveis relativas ao modelo educacional da sociedade, voltado para a preparação do exercício profissional; ao capital intelectual, como recurso mais importante e vital para o futuro das organizações; ao aumento do índice de longevidade da população e declínio das taxas de natalidade, indicando significativa elevação da idade média da população economicamente ativa, conforme dados estatísticos de fontes seguras, como por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; as repercussões correlatas para as organizações; e ao próprio indivíduo que precisa preparar-se psicológica e economicamente para o fato. Sabe-se que o capital intelectual é vital para a definição das vantagens competitivas de uma organização na atualidade. Segundo Chiavenato (1) o capital intelectual é formado por: capital interno, capital externo e capital humano; boa parte desse capital intelectual é representada pelo capital humano, que com o passar do tempo será valorizado por suas experiências e conhecimentos adquiridos. Diante desses fatos as empresas devem captar, desenvolver e, sobretudo, cuidar deste capital representado pelos recursos humanos, que possuem conhecimentos técnicos, são altamente capacitados e bem treinados, como é o caso de profissionais formados em grandes universidades e que têm uma visão bastante globalizada. As empresas devem enxergá-los como o recurso mais importante, escasso, e que definirá o futuro da organização. Na mesma linha de pensamento de Chiavenato, Lacombe (2) sustenta que para obter sucesso e garantir a sua continuidade, as organizações devem priorizar o desenvolvimento dos seus colaboradores. Araujo (3) afirma que as organizações que adotam estratégias para atrair, motivar e manter as pessoas, oferecendo benefícios realmente interessantes agindo de forma eticamente correta, destacam-se das demais. Dessa forma, entre as políticas e práticas de recursos humanos que iniciam com recrutamento, seleção, integração, passando pelo treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e monitoramento de competências, remuneração, participação nos resultados, reconhecimento, motivação e desligamento, já estudadas e aplicadas no mundo empresarial, surgindo uma nova demanda: a questão da aposentadoria. A mão-de-obra qualificada ou não, nesse desconhecido cenário, deverá encontrar formas para, em sua aposentadoria, poder usufruir das vantagens e benefícios merecidos, em função de sua dedicação e atuação profissionais emprestadas à sociedade. Nessa missão, deverá ter o apoio da própria sociedade, da organização e da família. A literatura já sinaliza que algumas Soares et al., Revista Ceciliana Dez 2(2): 53-56, 2010 empresas têm se preocupado com a aposentadoria que envolve o futuro de seus colaboradores, pois cuidar tanto de quem fica, quanto de quem sai, é uma de suas responsabilidades sociais, bem como uma possibilidade de remodelação e planejamento do corpo funcional que permanece. Diante desse fato, as empresas estão incluindo em sua programação de qualidade de vida, programas de pré-aposentadoria, visando a suavizar o impacto que esta nova fase da vida pode causar nessas pessoas, tais como: conseqüências psíquicas, sociais e econômicas. O objetivo principal deste estudo se dá em apresentar as vantagens e limitações na execução dos programas que visam uma melhor qualidade de vida aos futuros aposentados. Para que os objetivos pudessem ser atingidos, o presente estudo empregou uma metodologia de caráter exploratório, utilizando, além da pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo aplicando-se como instrumento de coleta de dados, o questionário. Após a coleta de dados, os resultados obtidos foram tratados, apresentados e interpretados, sendo possível uma análise onde se pôde atender aos propósitos do presente estudo. O universo apontado foi composto por 23 organizações constituintes do Pólo Industrial (22 organizações industriais e uma empresa prestadora de serviços). Das 23 organizações do Pólo Industrial de Cubatão, convidadas a fazerem parte da pesquisa deverá ser ponderado um universo de apenas 6 organizações pesquisadas. 2. Materiais e Métodos 3. Resultados Tabela 1 – A empresa possui programa de pré-aposentadoria Respostas Quantidade % Porcentagem Sim 4 75,0 Não 2 25,0 Não pensou no assunto 0 00,0 Está implementando 0 00,0 TOTAL 6 100,0 Gráfico 1 - A empresa possui programa de pré-aposentadoria ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados. 54 Soares et al., Revista Ceciliana Dez 2(2): 53-56, 2010 Tabela 02 – Objetivos da implementação desse tipo de programa Respostas Quantidade % Porcentagem Competitividade 0 00,0 Responsabilidade social corporativa 2 25,0 Busca de certificações 0 00,0 Melhorar a qualidade de vida dos funcionários 4 75,0 TOTAL 6 100,0 Gráfico 2 - Objetivos da implementação desse tipo de programa Tabela 3 – Principais limitações na implementação de programas de preparação para aposentadoria Limitações Quantidade % Porcentagem Resistência do futuro aposentado 0 00,0 Não é prioridade da empresa 6 100,0 Ausência de estrutura física 0 00,0 Escassez dos recursos financeiros 0 00,0 Outros 0 00,0 TOTAL 6 100,0 ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados. 55 Soares et al., Revista Ceciliana Dez 2(2): 53-56, 2010 Gráfico 3 – Principais limitações na implementação de programas de preparação para aposentadoria 4. Discussão O resultado obtido com essa pergunta é relevante, pois demonstra que 75% das empresas que participaram da pesquisa possuem algum tipo de programa voltado á preparação dos futuros aposentados. Este resultado é pertinente devido ao fato das mesmas possuírem em seu corpo funcional, colaboradores que estão frente à esta condição, revelando que se preocupa com os mesmos desde o seu início na empresa até a fase do desligamento. A maioria das empresas respondeu que quando implantaram programas de pré-aposentadoria estavam preocupadas em melhorar a qualidade de vida dos seus colaboradores. Esse fato causou surpresa, pois, conforme exposto no discorrer do estudo, quando as empresas oferecem algum tipo de benefício aos seus colaboradores as mesmas estão preocupadas com a qualidade de vida no trabalho, mas também com sua competitividade. Apesar das organizações demonstrarem que se preocupam com a questão da aposentadoria, houve unanimidade de respostas de que esse projeto está em segundo plano, ou seja, não é de maior prioridade. preparo para a aposentadoria, pois, no momento em que implantaram esse tipo de programa puderam demonstrar que se preocupam com o futuro dos seus colaboradores, assim como seu bem-estar e qualidade de vida. Dessa forma, os resultados obtidos com a pesquisa, ao contrário do que se esperava, sinalizaram que as organizações do Pólo Industrial de Cubatão percebem que preparar os seus colaboradores para o pós-carreira é uma de suas responsabilidades sociais, porém, essa questão não é de prioridade maior nas agendas institucionais. As organizações ao incluem em seus projetos de qualidade de vida no trabalho, programas específicos de preparo para aposentadoria, contribuem para que seus colaboradores estejam prontos para por em prática, projetos que deixaram de ser realizados anteriormente, em função da dedicação de tempo ao trabalho. Convém destacar que esse resultado está respaldado por autores mencionados no desenvolvimento do trabalho, os quais confirmam que os programas de preparação para a aposentadoria, por parte das organizações, é relevante e fundamental, pois contribui com o bem-estar e com a qualidade de vida, uma vez que os dados estatísticos na atualidade, apontam percentuais preocupantes de doenças e mesmo mortes logo após a aposentadoria. 5. Conclusão Ao iniciar o presente estudo, a expectativa era de que as organizações do lócus apresentado neste estudo, não tinham nenhum tipo de preocupação com a questão do preparo para a aposentadoria, mesmo conhecendo uma literatura ainda incipiente que já anunciava a realização de alguns programas desse gênero, ou seja, preparar os colaboradores prestes a se aposentar para que possam enfrentar sem dificuldades essa nova fase da vida. As organizações que participaram da pesquisa empírica revelaram com suas respostas, que estão engajadas com a questão do 6. Referências Bibliográficas CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2003. LACOMBE, Francisco. Recursos humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. ARAÚJO, Luis César G. de. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2006. ISSN 2175-7224 - © 2009/2010 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados. 56