A COMUNICAÇÃO DE RISCO NO PROCESSO DE GESTÃO DE CRISES Milene Rocha Lourenço1; Marlene Marchiori2 RESUMO: Este artigo pretende analisar e criar reflexões sobre a Comunicação de Risco, o papel que assume perante os públicos de interesse (Stakeholders), e a sua importância no processo de Gestão de Crise, pois, comunicar o risco implica em fazer uma mediação entre empresa e público, com o intuito de estabelecer um processo interativo, de troca de informações, a fim de melhorar a compreensão acerca dos riscos e contribuir na construção de significados. Portanto, por promover um relacionamento efetivo com os Stakeholders, facilitar a interação entre eles, e favorecer um melhor entendimento em relação ao risco, a Comunicação de risco assume papel fundamental no processo de Gestão de Crise, pois possibilita a solidificação da confiança e credibilidade, preservando desta forma, os valores básicos da organização. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação de Risco; Crises; Gestão de Crise; Stakeholders. INTRODUÇÃO Sabe-se que vivemos em uma época de grandes mudanças e transformações na sociedade. Daft (2008), afirma que os desafios do ambiente atual são inúmeros, tais como: globalização, diversidades culturais, preocupações éticas; responsabilidade social; velocidade de resposta para mudanças ambientais, crises organizacionais, enfim, uma série de fatores que podem influenciar no desenvolvimento das organizações modernas. A globalização, por exemplo, gerou inovações no âmbito tecnológico, econômico e social das empresas, aumentando a velocidade com que a informação e a comunicação fluem nos dias atuais. Este fato ampliou a exposição das mesmas e dos indivíduos perante as ameaças e aos olhos do público, que estão cada vez mais atentos a todos os acontecimentos. A sociedade atual requer atenção das organizações para potencialidade de crises e a partir daí se torna fundamental se relacionar com públicos e estar próximo, para que a tomada de decisão coletiva possa prevenir a instalação de uma crise, pois, quando se está próximo dos grupos é possível acessá-los com mais facilidade e encontra a melhor maneira de interagir com os mesmos. As organizações, neste sentido, visam alcançar a excelência em comunicação, pois, é por meio do fortalecimento da comunicação, que se torna possível construir uma 1 Discente do 4º ano do Curso de Relações Públicas da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista do Grupo de pesquisa GECORP – Grupo de Estudos de Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Departamento de Comunicação - CECA – Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, PR. Bolsista PIBIC/CNPq. Email: [email protected] 2 Orientador do trabalho. Docente do Curso de Relações Públicas do Departamento de Relações Públicas – CECA. Pesquisadora líder do GECORP – Grupo de Estudos de Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Universidade Estadual de Londrina – UEL. Londrina, PR. Email: [email protected] Anais Eletrônico VII Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar CESUMAR – Centro Universitário de Maringá Maringá - Paraná interação entre a organização e seu público (Marchiori, 2008), o que resulta na solidificação da confiança e credibilidade dos mesmos. Pensando a comunicação desta forma e entendendo-a como estratégica, é possível observar o surgimento de um novo modelo de comunicação, a Comunicação de Risco (AAKKON, 2004). Esse modelo de comunicação se direciona a atuar diretamente com os públicos de interesses (Stakeholders) a respeito de situações que envolvam crises ou risco, ou seja, é responsável por gerar um maior entendimento a respeito do grau e da natureza dos perigos que rodeiam a organização, além disso, é responsável pela construção de relacionamentos efetivos com os Stakeholders em momentos que a organização não se encontra em situação favorável. Com isso, transforma estes públicos em aliados e parceiros da empresa (PALENCAR, 2005; COVELLO, 1992, HEATH,2000). Para Covello (2007), a Comunicação de Risco proporciona maior transparência acerca do modo de agir das organizações, bem como a maneira que lidam com as diferentes situações críticas que podem enfrentar (COVELLO, 2007). Desta forma, é importante lembrar que a Comunicação de Risco se configura como uma das etapas da Gestão de Crises, a qual atua em situações que envolvem momentos de crises, ou riscos. Por isso, pode ser entendida como uma atividade de controle dos riscos potenciais (RINALDI E BARREIROS, 2007). A partir disto, Fearn-Banks (2001, p. 480) entende que a Gestão de Crises pode ser um plano estratégico, que tem a capacidade de prevenir e responder antes, durante e após uma crise ou qualquer evento negativo, pois, é um sistema que reduz a possibilidade do risco e as incertezas da organização, permitindo, desta forma, que a empresa tenha pleno controle do seu “destino”. Neste contexto, a Comunicação de Risco, apesar de ser entendida apenas como uma etapa do processo evidencia-se como essencial na Gestão de Crise, pois atua efetivamente em situações de crise e auxilia os gestores em seus relacionamentos e tomadas de decisão junto aos Stakeholders (RINALDI E BARREIROS, 2007). Alguns autores ponderam a importância do desenvolvimento das práticas da Comunicação de Risco nas organizações e sua valorização enquanto parte essencial na Gestão de Crise. Torquato (2002, p.60), por exemplo, acredita que “A comunicação é vital para a administração das crises vividas pela organização”. O papel da comunicação de risco na Gestão de Crise consiste basicamente no estabelecimento de relacionamentos com os públicos estratégicos; mapeamento dos riscos; identificação de situações de emergência; monitoria da percepção e atitudes dos públicos; avaliação dos resultados e elaboração de novas campanhas de comunicação com o intuito de fortalecer a imagem da empresa (TORQUATO, 2002). Contudo, apesar destas considerações, observa-se que este tema, quando se refere ao ambiente empresarial e questões de relacionamentos, ainda é pouco estudado no Brasil, bem como em outros países subdesenvolvidos. Ainda existem empresas que não possuem a consciência da importância da implantação de um plano de Gestão de Crises, e da Comunicação de Risco como fundamental em todo processo que pode envolver uma crise. Lucchese (2001, apud. RANGEL, 2007) corrobora com o que foi dito e afirma que em países subdesenvolvidos a comunicação de risco se configura como um meio de proteção para a população e promove seus interesses sanitários e ambientais. Porém, este fato acontece porque a comunicação de risco teve inicio a partir de desejos, do governo e funcionários industriais, de informar, compartilhar a tomada do poder de decisão, e desenvolver alternativas para o controle direto de regulamentações (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989, apud. PALENCAR, 2008. Tradução nossa). Anais Eletrônico VII Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar CESUMAR – Centro Universitário de Maringá Maringá - Paraná Por isso, este trabalho tem como objetivos discutir a Comunicação de Risco como elemento fundamental na Gestão de Crises, e entender que essa comunicação assume um papel de mediação entre empresa e público, a fim de estabelecer um processo de troca de informações e melhorar a compreensão acerca dos riscos. No entanto, para atingir tais objetivos foi realizado um levantamento bibliográfico, de caráter exploratório buscando uma revisão e crítica da literatura. Esse procedimento ofereceu embasamento para responder a questão central do trabalho: A comunicação de risco se faz importante na gestão de crise? Cabe destacar que este estudo é uma contribuição das atividades desenvolvidas pelo Grupo de Estudos de Comunicação Organizacional e Relações Públicas – GECORP, da Universidade Estadual de Londrina, cuja pesquisadora líder é a professora, doutora Marlene Marchiori, no período de 2008 a 2012. Entre as atividades desenvolvidas, o grupo trabalha questões relacionadas às crises organizacionais, bem como gerenciamento e administração de crises, análise dos riscos, e a comunicação de risco, destacando a atividade de Relações Públicas estratégicas como fundamental neste processo. Para isto, o grupo procura analisar e criar reflexões sobre a Prática da Comunicação de Risco nas 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, de acordo com a avaliação da revista Exame, ano 2010. Este estudo dará suporte para definir o que realmente se entende por Comunicação de Risco no Brasil. METODOLOGIA Com relação à coleta de dados foi realizada uma pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório, onde foram analisadas e reunidas as bibliografias mais relevantes a este tema. Esse estudo permite a criação de um instrumento de pesquisa, pois oferece embasamento suficiente para que se possa finalizar alguns pontos e iniciar um segundo momento, o qual se trata de uma pesquisa quantitativa. A próxima etapa deste estudo será a realização de uma pesquisa com as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, de acordo com a avaliação da revista Exame, 2010, com o intuito fundamental de identificar como é entendida a Comunicação de Risco no Brasil. CONCLUSÃO Este trabalho teve como objetivo evidenciar a importância da Comunicação de Risco no processo de Gestão de Crises, bem como salientar a necessidade do envolvimento dos Stakeholders nesse processo. Desta forma, ficou evidente que este modelo de comunicação, por construir relacionamentos efetivos e duradouros e auxiliar na construção da confiança e credibilidade, se faz essencial em todos os processos que envolvam crises, isto é, em toda Gestão de Crise. Assim, foi possível observar o quanto é interessante que as organizações valorizem a Comunicação de Risco como elemento fundamental na Gestão de Crise, pois, em momentos críticos, comunicar o risco de maneira correta e eficiente pode ser um grande diferencial. REFERÊNCIAS AAKKO, Eric. Risk Communication, Risk Perception, and Public Health. Wisconsin Medical Journal, 2004, v.103, nº1 Anais Eletrônico VII Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar CESUMAR – Centro Universitário de Maringá Maringá - Paraná COVELLO, Vicent et. Al. Communicating scientific information about health and environmental risks: problems and opportunities from a social and behavioral perspective. 1987. In: A importância da comunicação de riscos para as organizações – Alexandra Rinaldi e Dorival Barreiros/ ORGANICOM – Ano 4 nº 6 /1º Semestre 2007 DAFT, R. L. Organizações: teorias e projetos. 2.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008 FEARN-BANKS, Kathllen. Crisis Communication: a review of some best practices. In: ORGANICOM: Revista Brasileira de comunicação organizacional e Relações Públicas. São Paulo, Gestcorp. ECA-USP, 2007. MARCHIORI, Marlene. Comunicação Organizacional e Relações Públicas: Perspectivas teóricas e práticas no campo estratégico. 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