SINMED-RJ repudia fim de atendimento de Ginecologia no Salgado Filho Ginecologistas do Salgado Filho lutam contra a transferência do serviço para a Maternidade Fernando Magalhães O Conselho Distrital de Saúde defendeu a permanência do Serviço de Ginecologia no Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF). A proposta, levada à última conferência do Conselho pelos médicos ginecologistas residentes do HMSF, surgiu a partir de boatos de que a especialidade seria transferida para o Instituto da Mulher Maternidade Fernando Magalhães. O SINMED-RJ vai solicitar uma reunião com o presidente da Câmara Municipal, Vereador Jorge Felipe, para repudiar a saída do Ser viço de Ginecologia do Salgado Filho, anunciado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Além disso, também serão pedidas audiências ao Secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, e ao Ministério Público. As medidas foram aprovadas durante reunião entre o sindicato e os médicos do HMSF, no último dia 27. “Não vamos permitir que esse serviço saia daqui”, afirmou o presidente do SINMED-RJ, Jorge Darze. De acordo com os médicos, a moção de repúdio à saída do Serviço de Ginecologia da unidade foi aprovada por 26 votos. “O Conselho é soberano. Se o governo não acatar essa aprovação, não estará sendo democrático”, completou Darze. O Salgado Filho conta com 19 médicos residentes de diversas especialidades. “Se eu transformar esse hospital em atendimento de traumatologia apenas, o que vou fazer com meus residentes de especialidades que não se encaixam nesta função?”, questionou o chefe do Centro Cirúrgico, Paulo Rodrigues. De acordo com relatório do hospital, “em 2014, foram realizados no Serviço de Ginecologia do HMSF 6.669 atendimentos ambulatoriais, 437 cirurgias ginecológicas, 876 biópsias ajudando a elucidar diagnóstico de patologias benignas e malignas e suporte de emergência a 1.118 mulheres”. O documento diz ainda que, nos primeiros meses deste ano, já foram realizadas 198 cirurgias e que cerca de 600 inter venções são estimadas até o final do ano. “Apesar de a direção do hospital dar prioridade para as cirurgias de trauma, a Ginecologia continua aumentando o número de inter venções. Chegamos atualmente com aproximadamente 60 cirurgias por mês”, acrescentou Paulo Rodrigues. “Estamos estruturados há 20 anos, nunca atrapalhamos a emergência de Traumatologia. Não queremos sair daqui”, declarou a médica ginecologista, Sandra Spetseri. LEIA MAIS NA PÁGINA 4 Não ao PL 4330 e à terceirização da atividade-fim A recente decisão da Câmara dos Deputados de aprovar o Projeto de Lei 4330, que trata da terceirização do trabalho, nos levou a uma enorme preocupação com o futuro das condições de trabalho, de uma forma geral, e com os reflexos dessa medida na área da saúde pública, cujo cenário é de extrema gravidade, visto que a terceirização já está presente entre nós, há alguns anos, e tem trazido enormes prejuízos ao funcionamento do setor. Os governos abdicaram da realização do concurso público. Hoje, a mão-de-obra terceirizada existe em uma quantidade crescente e para nós, isso representa um grande retrocesso na legislação brasileira, principalmente a que regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS), que contém direitos consagrados no debate do processo Constituinte. A Constituição de 1988 está sendo literalmente atropelada. Isso obviamente nos preocupa, porque o Supremo Tribunal Federal - que recentemente considerou as Organizações Sociais constitucionais, abrindo a possibilidade da gestão e da contratação da mão-de-obra terceirizada -, não autoriza as OSs a terceirizarem a atividade-fim. O PL 4330 amplia o trabalho das OSs quando autoriza a terceirização para todas as áreas, incluindo a administração pública, e garantindo a sua ocorrência também na atividade-fim. Estamos diante de um projeto que tem sérias repercussões no SUS. O desenho do nosso sistema de saúde é pautado por regras que hoje estão ameaçadas, como a obrigação do concurso público, o plano de carreira, a estabilidade do servidor público, etc. Todas essas regras garantem direitos à população, que está hoje ameaçada. Lamentavelmente, a Câmara dos Deputados já aprovou o projeto e, agora, cabe ao Senado pronunciar-se sobre o assunto. Temos uma grande responsabilidade no enfrentamento dessa proposta. Por isso, é urgente a necessidade de nos reunirmos com os senadores do Rio de Janeiro para tentar con- vencê-los a votar contra a medida. Recomendo ainda que a FENAM faça o mesmo com os demais sindicatos do país para que, conscientizando os senadores de cada estado, consigamos uma maioria expressiva que possa rejeitar essa proposição, minimizando, assim, os JORGE DARZE efeitos da constitucionalidade das Organizações Sociais. É bom lembrar que não só as OSs estão contribuindo para o projeto de terceirização no Brasil. Não podemos esquecer das fundações de direito privado, que estão em curso pelo país, inclusive no Rio de Janeiro, assim como empresas de direito privado. A Prefeitura do Rio aprovou, na Câmara dos Vereadores, a criação de uma empresa de direito privado, assim como a contratação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) - uma outra opção que o governo federal apresenta ao sistema público de saúde na gerência dos hospitais universitários e de ensino. Dessa forma, o SINMED-RJ, ao lado da FENAM e de outras entidades representativas, posiciona-se claramente CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO DA ATIVIDADE-FIM. Conclamamos os médicos e as forças políticas da sociedade, comprometidas com as causas sociais, a se unirem a nós para buscar conscientizar os senadores de que esse projeto trará consequências desastrosas para os trabalhadores, para a população e, consequentemente, para o Estado. Classe trabalhadora, siga perseverante! O trabalho e o pleno emprego são instrumentos de dignidade e justiça social! COMUNICAÇÃO SINMED/RJ REPÓRTER: Gabrielle Torres FOTOGRAFIA: Claudionor Santana EDITORA: Ana Freitas (RG 15542/88) DIAGRAMAÇÃO: Namélio Soares E-mail: [email protected] “O PL 4330 é um grave retrocesso para a legislação do trabalho e o SUS”, dizem entidades médicas D iretores do SINMED-RJ, do CREMERJ, da FENAM, e de outros sindicatos da área da saúde vão unificar forças para impedir a aprovação do Projeto de Lei 4330/2004, que regulamenta os contratos de terceirização para todas as áreas nos setores público e privado. O próximo passo será convidar os senadores que representam o Rio de Janeiro no Congresso Nacional, para expor as ameaças que a aprovação deste projeto trará para a população. A ideia foi fruto do “Fórum Sobre a Lei 4330 – A Terceirização do Trabalho e os Reflexos na Saúde”, realizado pelo SINMED-RJ, no último dia 25, no auditório do sindicato. “A terceirização já se faz presente e tem trazido enormes prejuízos ao funcionamento do sistema público de saúde. Mas esse projeto amplia o trabalho das Organizações Sociais, quando autoriza a terceirização da atividade-fim. A medida representa um grande retrocesso na legislação brasileira, violando a Constituição, no que diz respeito à obrigação do concurso público e à estabilidade do servidor”, declarou o presidente do SINMED-RJ, Jorge Darze. O advogado que coordena o Departamento Jurídico do SINMED-RJ, Lucas Laupman, alertou para o discurso enganoso do projeto. “Diante dos absurdos que são autorizados, no fim, o projeto traz um caráter protetor, assegurando direitos que já existem”. De acordo com o advogado, um estudo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) diz que o maior índice de acidentes de trabalho atinge trabalhadores terceirizados. Existem, atualmente, 12 milhões de trabalhadores terceirizados irregulares. Com a aprovação desse projeto, o número passaria para 35 milhões, conforme informou o secretário de Saúde Suplementar da FENAM, Márcio Bichara. Já o assessor jurídico da FENAM, Luiz Felipe Buaiz, afirmou que se o projeto for chancelado, vai Fórum reúne entidades médicas, que unem forças para impedir aprovação do PL 4330 impetrar, com o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn). “Essa lei quer atender aos interesses da classe dominante, a empresarial, e tirar a responsabilidade sobre as contratações da administração pública”, declarou o advogado. O artigo 23° da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que toda pessoa tem direito ao Pleno Emprego. “Terceirizar atividade-fim é mitigar o Pleno Emprego. Não queremos grande quantidade de vagas e, sim, vagas de qualidade”, alertou Buaiz. Para o presidente do CREMERJ, Pablo Vazquez, “a instabilidade da terceirização causa insegurança, pois o trabalhador não reivindica seus direitos por medo de ser demitido”. Além disso, é preciso ficar atento para a quarteirização que o projeto também autoriza – o que distancia cada vez mais o trabalhador do seu real empregador. A súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho, considera ilegal a terceirização da atividade-fim, permitindo esse tipo de contratação somente para as atividades consideradas meio, ou seja, aquelas que não têm direta relação com a atividade final da empresa. “Se esse projeto for aprovado, o empregado tem que se dirigir primeiro à empresa contratada. Desta forma, a administração pública não irá se responsabilizar por nada que ela terceiriza”, disse o assessor jurídico do Sindicato dos Médicos do Paraná, Luiz Gustavo. “Se as pessoas tivessem consciência do que representa esse projeto, ele nem teria entrado em pauta na Câmara. A conscientização dos trabalhadores é a ponte chave para a luta”, disse o diretor do SINMED-RJ, José Alexandre Romano. A vice-presidente do SINMED-RJ, Sara Padron, concordou com o discurso, dizendo que o movimento precisa ser levado à Organização Internacional do Trabalho. SINDICATOS SE UNIFICAM Além do SINMED-RJ, estiveram presentes sindicatos representativos de outras classes. FISIOTERAPEUTAS PSICÓLOGOS SINDSPREV O jovem que está entrando no mercado de trabalho aproveita as oportunidades, pois, para ele, isso é um acúmulo de experiência. Esse profissional aceita algumas condições, porque ele nem chegou a ter contato com o modelo ideal. Compete a nós, dos sindicatos, instruí-los, para que eles possam fazer parte da nossa luta. Temos uma missão esclarecedora e orientadora.” Diego de Faria Presidente do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais do Estado do Rio de Janeiro “Essa unificação de forças deverá fazer com que o Congresso entenda que esse projeto é prejudicial para a classe trabalhadora e, consequentemente, para o país, pois quem move a economia é esta classe. Vivemos em um país capitalista, onde quanto menos se ganha, menos dinheiro é movimentado na sociedade.” Marinaldo Santos Presidente do Sindicato dos Psicólogos do Estado do Rio de Janeiro “As empresas terceirizadas devem ser apenas complementares e não exercer a função do início ao fim. A população perde a qualidade do atendimento. A terceirização busca o lucro, para isso, os atendimentos tornam-se corridos.” Oswaldo Sergio Diretor do SINDSPREV-RJ Secretário justifica fechamento de maternidades com queda de taxa de natalidade S egundo os médicos residentes do Salgado Filho, o secretário Daniel Soranz comentou sobre a possível transferência do serviço para a Maternidade Fernando Magalhães com a justificativa de que precisa “cobrir buracos”. Soranz disse ainda que a maternidade possui um novo espaço com disponibilidade de leitos. Os residentes informaram ainda que o líder da pasta disse que o fechamento de maternidades no Rio de Janeiro se dá devido à queda da taxa de natalidade. Um médico estatutário da maternidade Fernando Magalhães, que não quis se identificar, enviou uma mensagem ao SINMED-RJ. “Já temos serviço de ginecologia atuante dentro dos limites que a unidade comporta! Somos uma maternidade com um volume imenso de pacientes obstétricas, que frequentemente já saem nos jornais, por terem seus partos no chão ou seu puerpério em cadeiras e sofás, pelos corredores, por falta de leitos! Nosso centro cirúrgico, atualmente, só dispõe de duas salas operatórias para dar conta de cirurgias obstétricas de rotina e urgência, com uma média de 10 cirurgias por 12 horas de plantão! Nosso serviço de esterilização de material é antigo e muito limitado, não havendo máquinas, nem mesmo hidráulica que possibilite o uso seguro de material de cirurgia videolaparoscópica! Além disso, nossa UTI materna recém-inaugurada só conta com profissionais terceirizados, não tendo pessoal fixo no fim de semana!”. De acordo com o médico, a medida teria sido comunicada pela direção da maternidade. “Não faz sentido transferir um serviço que funciona bem para ‘tapar buraco’ de um lugar que não tem condição de receber esta demanda”, disse a chefe do Serviço Ginecológico do HMSF, Ana Cristina. “Não há dúvidas de que esse projeto está fadado ao insucesso e trará prejuízos para a população. É uma falta de respeito transferir o MATERNIDADE: Na Maternidade Fernando Magalhães, as puérperas ficam em cadeiras nos corredores SALGADO FILHO Leitos vazios no Salgado Filho. Pacientes só se internam na véspera da cirurgia. atendimento para uma região mais longe. Alguns pacientes não vão ter condições de se locomover”, alertou Darze. “O sistema só tem causado danos com esse projeto de entregar a administração pública às Organizações Sociais”, completou. Angra dos Reis: Audiência de conciliação entre Prefeitura e sindicatos No próximo dia 02, às 15h, será realizada uma audiência de conciliação, entre a Prefeitura de Angra dos Reis, o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Angra dos Reis (SINSPMAR), no Salão Nobre da Presidência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. De acordo com o Departamento Jurídico do SINMED-RJ, trata-se de ação, proposta pelo Município de Angra dos Reis em face dos sin- dicatos citados, pretendendo a declaração de ilegalidade total da greve, que supostamente lhe fora comunicada a partir de 1º de abril de 2015. No referido processo, o SINMED-RJ alega que a prefeitura agiu com má fé, faltando com a verdade e induzindo o Magistrado ao afirmar que os médicos daquele município estavam em greve, além de omitir os reiterados atrasos nos salários dos profissionais.