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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
MESTRADO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
Andréa Cristina Costa
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO SOBRE A
INTRODUÇÃO DESTE MÉTODO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Santa Cruz do Sul
2012
Andréa Cristina Costa
UNISC
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO SOBRE A INTRODUÇÃO
DESTE MÉTODO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde – Mestrado
ANDRÉA CRISTINA COSTA
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO SOBRE A
INTRODUÇÃO DESTE MÉTODO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC, como requisito parcial para à obtenção do título de
Mestre em Promoção da Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Edna Linhares Garcia
Co-orientador: Prof. Dra. Hildegard Hedwig Pohl
Co-orientador: Prof. Dra. Miria Suzana Burgos
Colaborador: Prof. Dr. Valeriano Antonio Corbellini
Santa Cruz do Sul
2012
C837a
Costa, Andréa Cristina
Acupuntura na saúde do trabalhador : um estudo sobre a introdução
deste método para a promoção da saúde / Andréa Cristina Costa. –
2012.
3 v. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Promoção da Saúde) – Universidade
de Santa Cruz do Sul, 2012.
Orientação: Profª. Drª. Edna Linhares Garcia.
Co-orientação: Profª. Drª. Hildegard Hedwig Pohl.
Co-orientação: Prof. Drª. Miria Suzana Burgos.
Colaboração: Dr. Valeriano Antonio Corbellini.
1. Acupuntura. 2. Saúde ocupacional. 3. Promoção da saúde dos
empregados. 4. Dor. 5. Espectroscopia de infravermelho. I. Garcia,
Edna Linhares, orient. II. Pohl, Hildegard Hedwig, orient. III.
Burgos, Miria Suzana, orient. IV. Corbellini, Valeriano Antonio,
colab. V. Título.
Bibliotecária responsável Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
CDD: 613.62
ANDRÉA CRISTINA COSTA
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO SOBRE A
INTRODUÇÃO DESTE MÉTODO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC, como requisito parcial para à obtenção do título de
Mestre em Promoção da Saúde.
Banca examinadora
Dra. Edna Linhares Garcia
Professora orientadora - UNISC
Dra. Andréia Rosane de Moura Valim
Professora examinadora - UNISC
Dra. Sandra Torrossian
Professor examinador - UFRGS
AGRADECIMENTOS
Quero aqui deixar um agradecimento especial a dois professores em especial no
Mestrado em Promoção da Saúde: a minha orientadora Prof. Edna Linhares Garcia por ter
acreditado deste o início na minha ideia de realizar um trabalho que investigasse a
acupuntura como um novo dispositivo para a Promoção da Saúde. Por ter me apoiado,
incentivado e contribuído para a realização deste sonho, que hoje começa a se tornar
realidade e a se tornar público. Só tenho elogios a essa grande mestre.
Agradeço as professoras co-orientadoras: Prof. Miria Suzana Burgos e Prof.
Hildegard Hedwig Pohl, pelos ensinamentos.
Agradecimento especial ao colaborador Prof. Valeriano Antonio Corbellini, por ter
me auxiliado em todos os momentos nas coletas e análise das amostras sanguíneas. Pela
contribuição dos seus conhecimentos para o sucesso deste trabalho.
Agradeço aos meus professores no Mestrado em Promoção da Saúde, pelos
ensinamentos passados. Bem como aos meus colegas e colegas nesta jornada.
Agradecimento especial a uma colega sempre disposta a emprestar um ombro amigo,
Cheila Morgana Weide. Muito obrigada!
Agradeço a Secretaria Municipal de Saúde, e a coordenação e funcionários da
UMREST pela acolhida e por proporcionar que realizasse a pesquisa neste local.
Agradeço as minhas pacientes da UMREST, que participaram da pesquisa. Agradeço
por terem confiado em mim. E por terem contribuído com os seus discursos para o
entendimento de como o ser humano pode se conhecer melhor e como a acupuntura
proporcionou benefícios em suas vidas.
Agradeço a Deus pela vida e oportunidades que me foram dadas e de poder ser uma
profissional da Saúde, que jamais deixou de buscar e ainda busca um atendimento holístico
e integral aos seus pacientes.
Agradeço aos meus pais, Elisabeth e João, que durante toda a minha formação
acadêmica e profissional não mediram esforços para me proporcionar uma educação de
qualidade. E os princípios morais e valores me passados.
Ao meu marido, Ricardo, pelas horas e momentos de paciência, em que sempre
esteve ao meu lado, me amparando, confortando. E com certeza, é o grande amor da minha
vida PRA SEMPRE.
A minha filha, Gabriela, que é a minha grande obra prima.
As minhas irmãs, Juliana e Ana Carolina, pelo incentivo.
Ao meu avô, Adão, que foi um exemplo em nossas vidas. Minha avó, Odette, por ter
sido nossa segunda mãe quando éramos pequenas. E aos meus demais familiares.
A um casal de amigos muito especial Marisa Oliveira e Caco Baptista, pelo apoio,
amizade e incentivo nos momentos difíceis. E pelos momentos de descontração e alegria
proporcionados ao nos encontramos.
DEDICATÓRIA
A todos que de uma forma ou outra contribuíram para que esse momento chegasse. Dentre
eles: familiares, professores e pacientes.
Aos que creem como eu, que podemos proporcionar aos pacientes do SUS, um
atendimento de acupuntura em Postos de Saúde e Serviços de Saúde.
Aos que acreditam na ideia de Clínica Ampliada. E que buscam sempre um atendimento
holístico. Visando sempre um tratamento holístico, vendo o ser humano como um todo.
(corpo físico, mental, emocional e energético).
Em memória de meu avó, Adão Andrades Garcia.
“Pela Linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros. E
eles têm coisas a dizer a você. Também nosso corpo é antes de
tudo um centro de informações para nós mesmos.”
Pierre Wel e Roland Tompakow
“Nesse instante, esteja você onde estiver, há uma casa com o seu
nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as
chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a
morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais recônditas e
reprimidas lembranças, é o seu corpo”.
Thérèse Bertherat
“Na infinidade da vida onde estou, tudo é Perfeito, pleno e
completo. Não escolho mais acreditar nas velhas carências e
limitações. Agora escolho começar a me ver como o Universo me
vê: perfeito, pleno e completo”.
Louise L. Hay
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAPS - Centro de Atendimento Psicossocial
FTIR – Técnica de Espectroscopia no Infravermelho
HPS – Hospital Pronto-Socorro
OMS: Organização Mundial da Saúde
RS – Rio Grande do Sul
SUS – Sistema Único de Saúde
SCS – Santa Cruz do Sul
UMREST- Unidade Municipal de Referência em Saúde do Trabalhador
UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação de mestrado, conforme o Regimento do Programa de Pós-Graduação
em Promoção da Saúde – Mestrado da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, é
composta por cinco partes: projeto de pesquisa, relatório do trabalho de campo, artigos,
nota para divulgação da pesquisa na imprensa, e anexos.
O projeto de pesquisa foi defendido em outubro de 2010, perante banca composta
pelos professores Edna Linhares Garcia, Miria Susana Burgos, Hildegard Hedwig Pohl,
Valeriano Antonio Corbellini. E presença dos demais professores e alunos do Mestrado em
Promoção da Saúde.
Dois artigos que compõem a dissertação:
ARTIGO 1: Promoção de saúde e acupuntura: A produção de sentidos acerca da dor e do
bem-estar quando da introdução deste método a sujeitos em sofrimento
ARTIGO 2: A acupuntura e promoção de saúde: Análise de dados espectrais a partir do
infravermelho e da escala da dor.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................... 3
DEDICATÓRIA............................................................................................................................... 5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................................. 6
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................... 7
CAPÍTULO I
PROJETO DE PESQUISA ................................................................................................................ 09
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 15
3 OJETIVOS ................................................................................................................................. 27
4 METODO .................................................................................................................................. 28
5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ................................................................................................. 36
6 RECURSOS HUMANOS E INFRA-ESTRUTURA ............................................................................. 38
7 ORÇAMENTO/RECURSOS MATERIAIS ........................................................................................ 39
8 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS .................................................................................... 40
9 RISCOS/DIFICULDADS/LIMITAÇÕES .......................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 42
CAPÍTULO II
RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO ......................................................................... 47
CAPÍTULO III
ARTIGOS ................................................................................................................................. 50
ARTIGO 1 ................................................................................................................................... 79
ARTIGO 2 ................................................................................................................................... 73
CAPÍTULO IV
NOTA À IMPRENSA
................................................................................................................... 101
ANEXOS ................................................................................................................................... 102
CAPÍTULO I
PROJETO DE PESQUISA
UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL - UNISC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE – MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PROMOÇÃO DA SAÚDE
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO SOBRE A
INTRODUÇÃO DESTE MÉTODO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Mestranda: Andréa Cristina Costa
Santa Cruz do Sul, novembro de 2010
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Andréa Cristina Costa
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR:
UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DE SENTIDOS ACERCA DA INTRODUÇÃO
DESTE DISPOSITIVO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de PósGraduação em Promoção da Saúde – Mestrado, Área de
Concentração Promoção da Saúde, Universidade de Santa
Cruz do Sul.
Orientador: Dra. Edna Linhares Garcia
Co-Orientador: Dra. Hildegard Hedwig Pohl
Dra. Miria Suzana Burgos
Colaborador: Dr. Valeriano Antonio Corbellini
Santa Cruz do Sul, novembro de 2010
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1 INTRODUÇÃO
A busca por um novo olhar frente à Saúde Pública fez o Ministério da Saúde
implementar a Política Nacional de Humanização (PNH) (BRASIL, 2004), com o objetivo de
realizar uma mudança nos modelos de atenção e de gestão das práticas de saúde. O Ministério
da Saúde objetivou priorizar o atendimento de qualidade e incentivar a participação dos
gestores, trabalhadores e usuários, com o objetivo de consolidar o Sistema Único de Saúde
(SUS). A humanização no atendimento em saúde, busca a autonomia e o protagonismo dos
sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, participação no processo de gestão, vínculos
solidários e a não dissociação entre atenção e gestão. A busca de uma saúde integral fez com
que surgisse a ideia de Clínica Ampliada (BRASIL, 2004), priorizando o atendimento de
qualidade, com a participação integrada dos gestores, trabalhadores e usuários na
consolidação do SUS.
Primeiramente abordaremos uma breve história da Saúde Pública, onde Buss & Labra
(1997), relatam que nos anos 30-40, a assistência médica era prestada principalmente nos
centros urbanos por médicos de forma privada e nos anos 50, os profissionais tinham seus
papéis mais definidos. Contudo, a partir da década de 80, a Saúde Pública Brasileira focou-se
no interesse direto pelo espaço e pela cidade. Da mesma maneira, a implantação dos Serviços
de Atenção Primária à Saúde no Brasil, segundo Vasconcelos (1997), foi conseguida através
de reivindicações da população que se iniciou na década de 1970.
O ponto seguinte será contextualizar a Saúde do Trabalhador e a Vigilância em Saúde
do Trabalhador, através de autores que explicam o valor do trabalho para as pessoas.
Conforme Morin (2001), grande parte das pessoas continuariam trabalhando, mesmo não
precisando, pois o trabalho, além de ser uma fonte de sustento, é um meio de se relacionar
com os outros, de se sentir como parte integrante de um grupo ou da sociedade, de ter uma
ocupação, de ter um objetivo a ser atingido na vida.
Em seguida, abordaremos este novo dispositivo para a Promoção da Saúde, que
contempla a acupuntura. Segundo Chonghuo (1993) esta se constitui na observação e
interpretação dos fenômenos naturais e da própria natureza, que considera o homem um
participante ativo no processo de reestabelecimento do equilíbrio e coloca o homem sob um
processo de participação ativa com o Cosmos. Acupuntura, segundo Vale (2006), foi o
primeiro método analgésico eficaz no tratamento da dor na história da Medicina. Baseado na
moderna terapêutica eclética a utilização de medidas paliativas ou curativas, independente de
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serem convencionais ou alternativas, e a combinação das mesmas sendo considerada
satisfatória. A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2002) protocolou um documento
referindo que a acupuntura apresenta inúmeras possibilidades terapêuticas, desde doenças
agudas e crônicas, podendo ser indicada e sugerida para todos os níveis de atenção com alto
percentual de resolução e eficiência. E a mesma entidade vem estimulando o uso da Medicina
Tradicional Chinesa nos programas de saúde, com o objetivo de complementar a Medicina
Ocidental Moderna.
Entendemos a acupuntura como novo dispositivo para à Promoção da Saúde; como
uma dessas práticas que podem propiciar um novo olhar e uma nova condição ao sujeito.
Conforme Tesser (2009), as práticas complementares de saúde apresentam um crescimento
nos últimos meses e aponta-a como alternativa a ser introduzida cada vez mais nos
atendimentos do SUS.
As experiências demonstram a aceitação da oferta de práticas
complementares tanto no plano da promoção como no do tratamento pelos usuários do SUS.
Para o gestor público, a Acupuntura pode representar mais uma forma de abordagem a ser
oferecida a população nos centros de saúde, hospitais e em ambulatórios ligados ou não a
universidades. Consideramos esta possibilidade pelo relativo baixo custo, e agrega benefícios
ao atendimento, propiciando a efetividade terapêutica, de modo a complementar o tratamento
já realizado (IORIO, SIQUEIRA e YAMAMURA, 2010).
A seguir, abordaremos as questões referentes ao delineamento da pesquisa, desde a
metodologia que será utilizada definindo o tipo de pesquisa, os sujeitos da amostra, e as
condições que comporão a sua execução como cronogramas e modos de análise dos dados,
que assegurarão a efetiva realização da mesma. A presente pesquisa constitui-se de uma
investigação científica delineada pela abordagem qualitativa da realidade. A opção por esse
tipo de abordagem, necessariamente leva a nos abster de realizar um trabalho de pesquisa com
amostras representativas de grandes grupos e, portanto de generalização de seus resultados.
Dentro da perspectiva qualitativa, compreendemos que o objeto de estudo é histórico e
socialmente constituído, sendo possível através da análise, na interação e no confronto entre o
empírico e o teórico, compreender os sentidos produzidos num determinado contexto. A
abordagem qualitativa da realidade possibilita compreender a produção de subjetividade, o
particular das relações, dos processos e de fenômenos admitindo, para tanto, segundo Minayo
(2004) que existe um nível de realidade que não pode ser mensurável, quantificável e nem
redutível à operação de variáveis.
Em caráter introdutório, salientamos que escolhemos a proposta teórico-metodológica
denominada de produção de sentidos do cotidiano. Conforme Spink & Frezza (2000), o
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conhecimento se produz na coletividade, ou na interpessoalidade, e se justifica pelos poucos
trabalhos que fazem a interação entre a Clínica Ampliada – Acupuntura – Saúde do
Trabalhador, e analisando a produção de sentidos.
Dessa forma, além de divulgar os benefícios da acupuntura para esses pacientes criando
um dispositivo novo na nossa cultura no que diz respeito à promoção de saúde e tratamento de
doenças, e configura uma possibilidade viável de um novo olhar da Saúde do trabalhador.
Assim, levantam a seguinte pergunta de pesquisa: a produção de sentidos dos pacientes após
se submeterem a técnica de acupuntura, possibilitará uma nova percepção de si e experiência
da dor ? E como questionamentos complementares: Que sentidos são produzidos e como será
a aceitação da acupuntura? Há transformação nas relações do sujeito com seu corpo, com sua
maneira de perceber seu adoecimento, com sua forma de se relacionar consigo mesmo, com o
outro, com a vida? E se há informações espectrais e se existe relação entre as mesmas, à
escala da dor e as impressões dos sentidos relatados pelos pacientes?
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo contextualizaremos, inicialmente, a história da Saúde Pública, com o
objetivo de introduzir os assuntos que serão abordados e contextualizados ao longo do
referencial teórico, que irá embasar a presente pesquisa. É de suma importância que
contextualizemos os passos que a Saúde Pública percorreu para a implantação e criação da
Saúde do Trabalhador, que propiciará a criação de novos dispositivos, como a acupuntura,
para à Promoção da Saúde.
2.1 História da Saúde Pública
A implantação dos Serviços de Atenção Primária à Saúde no Brasil, segundo
Vasconcelos (1997), foi conseguida através de reivindicações da população que se iniciou na
década de 1970. Mas, também devido ao governo pretender com essa ação que as classes
menos privilegiadas ficassem ao seu lado, e desta forma, poderia continuar utilizando o
dinheiro público para a construção de hidrelétricas e estradas. Estes serviços têm seu
significado diferenciado de lugar para lugar, tendo relação com forças políticas como: sua
utilização para fins eleitoreiros, profissionais insatisfeitos com salários, desvalorização das
qualificações, salários baixos e a falta de recursos disponíveis para realizar suas atividades.
Valla & Stotz (1994) sugerem que há diversas formas de interpretação do significado do
que é a Atenção Primária, tendo como estratégia o reordenamento do setor saúde, o que
sugere uma visão mais ampla do sistema de saúde e da população que está inserida; a atenção
primária somente para satisfazer algumas necessidades elementares da população que se
encontra em absoluta pobreza; e a atenção primária com um nível de atenção do sistema
saúde, onde este é responsável pela saúde da população de uma área específica. Vasconcelos
(1997) relata que os Serviços de Atenção Primária à Saúde ainda podem ser utilizados como
foi mencionado anteriormente para fins eleitoreiros, mas também como um padrão tecnicista,
onde cada doença é tratada de uma determinada maneira previamente estabelecida e o padrão
comprometido com os trabalhadores, que visa uma medicina ampliada onde o indivíduo é
visto como um todo.
Após uma breve abordagem sobre a história da Saúde Pública, o próximo item a ser
abordado será a contexto histórico da Saúde do Trabalhador, com seus contextos históricos e
particularidades.
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2.2 Vigilância e Saúde do Trabalhador
Conforme Morin (2001), grande parte das pessoas continuariam trabalhando, mesmo
não precisando, pois o trabalho, além de ser uma fonte de sustento, é um meio de se relacionar
com os outros, de se sentir como parte integrante de um grupo ou da sociedade, de ter uma
ocupação, de ter um objetivo a ser atingido na vida. O mesmo autor em pesquisa com
estudantes de administração, administradores da França e do Quebec relatam como sentidos
do trabalho: realizar e atualizar suas competências; adquirir segurança e ser autônomo;
relacionar-se com os outros e estar vinculado a grupos; contribuir com a sociedade; ter um
sentido na vida, o que inclui ter o que fazer e manter-se ocupado. Ao analisar quais os fatores
da organização do trabalho que contribuiriam para um trabalho com sentido, são destacados
pelos estudantes: boas condições de trabalho (um trabalho que corresponda às competências
do trabalhador, horário conveniente, bom salário e preservação de boas condições de saúde);
oportunidade de aprendizagem e realização adequada da tarefa; trabalho estimulante, variado
e com autonomia.
O sentido do trabalho é fortemente influenciado pela sua organização, pois esta é capaz
de alterar os comportamentos dos trabalhadores de forma que paulatinamente passem a ter
atitudes positivas para com as funções que executam, com a organização e com eles mesmos.
A organização do trabalho deve oferecer aos trabalhadores a possibilidade de realizar algo que
tenha sentido, de praticar e desenvolver suas competências, de desenvolver seus julgamentos
e seu livre arbítrio, de conhecer a evolução de seus desempenhos e de se ajustar. (MORIN,
2001, p. 9).
Um dos principais pontos destacados por Morin (2001) é que o trabalho com sentido faz
com que o trabalhador conheça mais sobre sua atividade e possibilita que a organização
alcance a eficácia sem a preocupação de constantes reforços ao trabalhador com "programas
motivacionais" para estimulá-lo a gerar melhor desempenho. Na verdade, o sentido que as
pessoas encontram no seu trabalho depende de fatores tais como autonomia, reconhecimento,
desenvolvimento e crescimento, o que nem sempre as organizações oferecem.
Para Dias e Hoefel (2005), a atenção diferenciada na ação da saúde do trabalhador
surgiu no mundo ocidental no século XVIII, com a Revolução Industrial, que ocasionaram
além dos prejuízos econômicos, devido ao número de acidentes e adoecimentos ocorridos
neste período devido, as péssimas condições de trabalho, onde as indústrias passaram a
contratar médicos, com o intuito de cuidar da saúde dos trabalhadores. Os mesmos autores
afirmam que, após a Constituição de 1988, ter incorporado questões de Saúde do Trabalhador
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através do conceito ampliado de saúde foram incluídas questões como habitação, alimentação,
renda, meio ambiente, trabalho e emprego.
Conforme Alves (2003), a Vigilância em Saúde do Trabalhador, precisa se ater às
mudanças que ocorreram no processo saúde/doença com o objetivo de possibilitar as
respostas efetivas aos problemas colocados para os trabalhadores, e que não tem sua resolução
apenas com ações curativas e preventivas. E pensando-se nestas mudanças o novo enfoque, na
promoção da saúde e a proposta da vigilância da saúde apresentam como pontos
preponderantes referentes à saúde do trabalhador, a integração e a saída do isolamento em que
se encontra nas políticas públicas de saúde, através da inserção de políticas saudáveis, e
sobretudo, a colocação de que os problemas de saúde do trabalhador não dizem respeito
apenas aos trabalhadores, mas ao meio ambiente e à população como um todo, através de
melhores condições de moradia e saneamento, incluindo acesso à educação e aos serviços de
saúde. Reinhardt e Fischer (2009) afirmam que somente as ações que visem à integração e
entre as instituições, abrangendo todos os trabalhadores, independentemente da forma de
vínculo com o trabalho e privilegiando-se as ações de promoção, prevenção e proteção sobre
as de reparação, contribuirão para a melhoria da saúde dos trabalhadores da saúde.
2.3 História da Acupuntura
A Medicina Tradicional Chinesa é uma prática milenar, e segundo Chonghuo (1993), é
baseada na observação e interpretação dos fenômenos naturais e da própria natureza, e que
considera o homem um participante ativo no processo de reestabelecimento do equilíbrio e
coloca o homem sob um processo de participação ativa com o Cosmos. É uma Medicina que
utiliza minerais, animais, plantas, e a acupuntura é sua modalidade mais conhecida no
Ocidente. Na visão de Medeiros e Saad (2009), a acupuntura é um tratamento de saúde
milenar, e que se baseia nos preceitos da Medicina Tradicional Chinesa, que vem em
crescente crescimento e valorização pelo ocidente.
Segundo Wilhelm (1991), a origem na Medicina Tradicional Chinesa se baseia na
Filosofia Taoísta, e juntamente com o Confucionismo e o Budismo, formam os pilares e os
alicerces da cultura chinesa. O taoismo, não busca uma adaptação às regras da sociedade, mas
propõe uma grande transformação pessoal, permitindo que a pessoa transcenda a si mesma,
em busca da verdade, baseado nas leis da natureza.
Conforme Tymowski, Guillaume e Fiévet-Izard (1986), na história da acupuntura
destacam-se 5 períodos: Pré-História (com o livro Nei Ching); o Período Pré-Imperial (com a
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maior obra e mais antiga o I Ching (O Livro das Mutações); o Período Imperial ( com o livro
Nei Ching (o Livro do Interno) e o Tong-Jen-Tchen-Kieu-King (Tratado do Homem de
Bronze); Fundação da República (declínio da Acupuntura em detrimento da Medicina
Ocidental) e a República Popular da China (Acupuntura reencontrando o seu período de
Esplendor).
Em sua filosofia, encontramos ideias como as encontradas que relatam que existe uma
energia essencial, e primitiva, que rege todos os elementos (FAUBER E CREPON, 1990).
Essa energia denominada Chi, é que dá formação, através de vários processos de mutação, ao
Yin e o Yang, que são dois tipos de energia existentes na natureza e responsáveis pelo
equilíbrio em todas as estruturas dos organismos. O objetivo de todas as técnicas utilizadas
pela MTC é manter o equilíbrio necessário entre estas energias para que se possa viver em
plenitude, pois as doenças são geradas justamente pelo seu desequilíbrio.
Conforme Maike (1995) e Chonghuo (1993), acupuntura advém de um longo processo
histórico. Sendo o resultado de experiências do povo trabalhador chinês, durante séculos, em
busca da eliminação de doenças. Há evidências que, desde a Idade da Pedra, as pessoas já
utilizavam instrumentos feitos de pedra na busca da saúde e de forma curativa, e eram
conhecidas como bian. Com a entrada na Era do Bronze e em seguida na do Ferro, as bian
(primitivas), formam substituídas pelas de metal. E, com o passar dos anos, esses
instrumentos foram, aos poucos, sendo aperfeiçoados.
Tymowski, Guillaume & Fiévet-Izard (1986) relatam que as origens da Acupuntura
datam da pré-história chinesa, onde agulhas de pedra e de espinha de peixe eram utilizados na
China na Idade da Pedra (cerca de 3.000 anos A.C.). Há registros históricos que documentam
a acupuntura chinesa em outros países desde tempos muito remotos. Sendo introduzida a sua
prática, na Coréia no Século VI, e no Japão no mesmo período, quando um monge chamado
Zhi Cong por mares, levando consigo livros clássicos que demonstravam a técnica da
acupuntura, como Mingtangtu (Illustrated Manual of Channels, Collaterals and Acupuncture
Points. Já, no final do século XVII, a acupuntura se espalhou pela Europa (MAIKE, 1995).
Conforme Carneiro (2001), a acupuntura é um método simples, mas tem suas
complexidades peculiares, onde podemos caracterizá-lo como simples quando pensamos no
instrumento que a mesma se utiliza, uma agulha, para promover, com sua inserção, um
estímulo-organizador e obter, como resposta, o equilíbrio do organismo; e complexo, pela
complexidade de raciocínio e suas múltiplas variáveis para o entendimento dos seus processos
e funcionamentos.
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Nas três últimas décadas, conforme Bellotto, Martins e Akerman (2005) as pesquisas
em acupuntura possibilitarão a comprovação através de provas científicas dos seus
mecanismos neurobiológicos e as aplicações clínicas, que foram realizados de acordo com
preceitos estabelecidos por moldes cientificamente aprovados e que contribuíram para que em
1995, o Conselho Federal de Medicina aprova-se a mesma como uma especialidade médica
no Brasil.
2.3.1 Atuação da Acupuntura
A Acupuntura, segundo Vale (2006), foi o primeiro método analgésico eficaz no
tratamento da dor na história da Medicina. Baseado na moderna terapêutica eclética, o
consenso de que no controle da dor, e em especial na dor crônica, é satisfatória a utilização de
medidas paliativas ou curativas, independente de serem convencionais ou alternativas ou,
mesmo, através da combinação das mesmas. Conforme Yamamura (1993), o ponto norteador
da Medicina Tradicional Chinesa é os fenômenos precursores das alterações funcionais e
orgânicas, que acarretam os sinais e sintomas; e o fator causal, nada mais é do que o
desequilíbrio da energia, em decorrência do meio ambiente (origem externa) ou pelas
emoções retidas (origem interna). Tratamentos naturais antiálgicos são capazes de
salvaguardar a energia corporal, ativando o instinto de sobrevivência (VALE, 2006, p. 531).
De acordo com Sierpina e Frenkel (2005), a ação da acupuntura ocorre através da
hiperestimulação das agulhas que ocasiona uma modulação neuroquímica dos impulsos
dolorosos na medula espinhal e no encéfalo, ou então, promoveria uma desobstrução dos
canais de energia (meridianos), tornando-os condutores de energia entre o cosmos (Yang) e a
terra (Ying), segundo a teoria clássica chinesa. Vale (2006), relata que o Relatório da
Organização Mundial de Saúde (1978) reconhece o método de agulhamento como uma
prática médica eficaz. Desde 1995 a acupuntura é reconhecida como especialidade médica no
Brasil, e conforme Sierpina e Frenkel (2005) há efeitos comprovadamente superiores aos
realizados com grupo placebo. Kaptchuk (2002), em seus estudos afirma que a analgesia por
acupuntura envolve a estimulação de nervos de pequeno diâmetro e limiar diferenciado, os
quais mandam mensagens à medula espinhal, o passo seguinte é a ativação de neurônios do
tronco cerebral e do hipotálamo, o que desencadeia a ação dos mecanismos de opióides
endógenos.
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2002) protocolou um documento referindo
que a acupuntura apresenta inúmeras possibilidades terapêuticas, desde doenças agudas e
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crônicas, podendo ser indicada e sugerida para todos os níveis de atenção com alto percentual
de resolução e eficiência. E a mesma entidade vem estimulando o uso da Medicina
Tradicional Chinesa nos programas de saúde, com o objetivo de complementar a medicina
ocidental moderna. No caderno intitulado como “Estratégias da OMS sobre Medicina
Tradicional 2002-2005” foi recomendado o uso da Medicina Tradicional Chinesa pelos países
em desenvolvimento, por se tratar de uma ação de promoção da saúde barata, que propicia o
alcance de muitas pessoas e a possibilidade de ser aplicada em grande escala nas unidades de
saúde, oferecendo opções de tratamentos além do convencional alopático, medicamentoso,
incorporando, inclusive, o saber do usuário.
Em estudo qualitativo realizado por Cintra e Figueiredo (2010), que teve como
objetivo analisar as possíveis contribuições da acupuntura como forma de promoção da saúde,
em serviços públicos de saúde do município de São Paulo, obteve resultados que apontam que
a acupuntura praticada nos serviços públicos possibilita a interdisciplinariedade e possibilita a
integração da percepção do indivíduo sobre si mesmo e seu contexto, ocasionando mudanças
nas causas primárias das doenças. Assim, o contato com a Acupuntura praticada nos serviços
de saúde de 44 unidades básicas de saúde do município de São Paulo mostrou-se passível de
contribuir para o desenvolvimento de ações de Promoção de Saúde (CINTRA e
FIGUEIREDO, 2010, p.139). Iorio, Siqueira e Yamamura (2010), afirmam que devem ser
incentivadas as políticas públicas que introduzam os serviços de acupuntura no Sistema Único
de Saúde (SUS), e para os diversos setores da população, dependendo da demanda, devido ao
fato da acupuntura desempenhar papel importante nas diferentes fases do adoecimento, da
prevenção de doenças, quando a mesma está em fase energética, até a reabilitação. E por ser
uma técnica que reconhece a condição única de cada indivíduo (DOWNEY, 2005).
2.3.2 A Acupuntura no Brasil
Conforme Ferreira (1999), a medicina praticada pelos chineses chegou ao ocidente por
volta de 1255, com a viagem à Terra dos Mongóis, de William de Rubruk. No século XVI,
padres jesuítas portugueses que viviam no Japão, puderam conhecer a Medicina Chinesa; já
no século XVII, iniciaram os relatos médicos, feitos por médicos ocidentais na Ásia.
O interesse da comunidade médica voltou-se a acupuntura, quando o jornalista James
Reston foi tratado com Acupuntura, e assim varias clínicas de dor crônica passaram a utilizar
a mesma para analgesia (FERREIRA, 1999). Na década de 1920 e 1930, foi que no ocidente
com Souliè de Morant e seus discípulos, a acupuntura passou a ser utilizada em clínicas e
23
hospitais (CORDEIRO & CORDEIRO, 2001). Conforme Cintra e Figueiredo (2010), a
utilização da acupuntura foi introduzida na tabela do Sistema de Informação Ambulatorial SIA/SUS em 1999, através da Portaria nº 1230/GM (BRASIL, 1999), e sua prática reforçada
pela Portaria 971, publicada pelo Ministério da Saúde em 2006, que aprovou a Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde, que
possibilita a aplicação da técnica da acupuntura nos sistemas médicos complexos, e que no
Sistema Único de Saúde, com o objetivo de estimular os mecanismos naturais de prevenção
de doenças e recuperação da saúde, tendo como ponto preponderante a abordagem que vise a
prática da escuta de forma acolhedora, a fim de propiciar um vínculo terapêutico e integrando
o ser humano com o meio ambiente e com a sociedade (BRASIL, 2006).
Por meio da resolução COFFITO-60 publicada no Diário Oficial da União (DOU) nº
207, de 29 de outubro de 1985, Seção I, p. 15.744, o fisioterapeuta foi o primeiro profissional
da área de saúde do Brasil a possuir um instrumento normativo sobre a prática da acupuntura,
podendo “aplicar, complementarmente, os princípios, métodos e técnicas da acupuntura,
desde que apresente, ao respectivo Conselho Regional de Fisioterapia Terapia Ocupacional
(CREFITO), título, diploma ou certificado de conclusão de curso específico, patrocinado por
entidade de acupuntura de reconhecida idoneidade científica ou por universidade”, sendo essa
uma possível explicação para o elevado interesse que a acupuntura desperta entre os
fisioterapeutas (COFFITO,1985).
2.4 O corpo no Ocidente e Oriente
Baseado nos fundamentos teóricos, Wilhelm (1991) enfatiza que a MTC entende o ser
humano como um todo, não sendo compreendido somente em termos de patologia (doenças),
como órgãos isolados; pelo contrário, considera o homem como um ser que engloba o todo,
em busca do equilíbrio, com corpo e mente caminhando juntos harmonicamente, com o
objetivo da manutenção da saúde e da integralidade do ser humano. Conforme Ernest &
White (2001), os antigos médicos chineses baseavam a ação da acupuntura na filosofia e
cultura taoista, onde existe uma força abstrata responsável pela criação, interligação, mudança
e desenvolvimento de todas as coisas.
Cordeiro & Cordeiro (2001) relatam que o homem absorve, através da respiração, a
energia celeste yang e, através da alimentação, a terrestre yin, que compõem a energia
essencial, que ao se somar a energia ancestral, constitui o ser humano como um todo. Através
da energia essencial passamos nossa sabedoria para as próximas gerações; já a ancestral é a
24
que recebemos dos antepassados, e tende a diminuir com o passar dos anos. O funcionamento
do organismo segundo Kidson (2006) se baseia no fluxo normal de energias do organismo ou
força vital, ou simplesmente, Qi. Estando presente sempre em estado de fluidez, e em
processo constante de interligação entre o Qi do organismo e do Qi do ambiente.
A Medicina Chinesa apresenta conceitos diferenciados de órgãos e de vísceras da
Medicina Chinesa difere do conceito da Medicina Ocidental. Órgãos (Zang) e as Vísceras
(Fu), na concepção chinesa, representam a integração dos fenômenos energéticos, que agem
tanto nas manifestações somáticas como na mental, e as duas em conjunto constituem os Zang
Fu, ou o conceito de Energia (Qi) dos Órgãos e das Vísceras. Como exemplo, o Qi do Fígado
é o responsável por todas as atividades fisiológicas conhecidas do Fígado e também pela
atividade mental, raciocínio, decisão, julgamento, emoções do tipo raiva, ódio, ira, tensão,
agitação psíquica (YAMAMURA, 1993; SOUZA, 2007). A Medicina Ocidental vê cada
órgão somente sob o aspecto anatômico-material, enquanto a Medicina Chinesa os analisa
como um sistema complexo incluindo o aspecto anatômico e suas emoções, tecidos, órgãos
dos sentidos, atividades mentais, cor, clima e demais correspondentes (MACIOCIA, 1996).
O pensamento chinês "esperar ter sede para cavar um poço, pode ser muito tarde"
reflete toda a filosofia preventiva, sob todos os aspectos, principalmente da área da Saúde.
Com este intuito, a Medicina Chinesa aborda vários setores, desde o modo pelo qual o
indivíduo cresce e se desenvolve de maneira normal até os casos extremos do processo de
doença. Assim, destacam-se cinco setores essenciais: a alimentação, o Tai Chi Chuan, a
Acupuntura, as Ervas Medicinais e o Tao Yin, treinamento interior, além do estudo sobre a
fisiologia e fisiopatologia energética dos Zang Fu (YAMAMURA, 1993).
Conforme Maciocia (1996) existe uma relação entre cada sistema e uma emoção em
particular é mútua, onde o estado do sistema afetará as emoções e o mesmo será afetado pelas
emoções. O Coração (Xin) relaciona-se à alegria, o Fígado (Gan) à fúria, o Pulmão (Fei) à
tristeza e à preocupação, o Baço (Pi) ao pensamento e o Rim (Shen) ao medo. Da mesma
forma, os fatores externos também influencia o corpo, sendo que o Calor influencia o
Coração (Xin), o Vento influencia o Fígado (Gan), a Secura influencia o Pulmão (Fei), a
Umidade influencia o Baço (Pi) e o Frio influencia o Rim (Shen). Um excesso destes fatores
externos por um período prolongado pode afetar adversamente os Zang Fu.
Ferreira (2008) destaca que a imagem do corpo não pode ser interpretada como mera
sensação ou imaginação, mas sim, a forma como essas sensações e sentimentos se
materializam em nossa mente, e a relação que temos com nosso próprio corpo e com o mundo
e que se estruturam na nossa mente. Torna-se necessário contextualizarmos como o corpo é
25
visto na nossa cultura, pois a imagem que temos dele se manifestará na relação que temos
com a sociedade e onde ocorrem os conflitos, e hábitos e costumes, correspondem aos nossos
mecanismos de controle. A imagem que temos do corpo, independente do plano em que
estiver sendo abordado, o fisiológico, psicológico ou social irá incorporar diferentes sentidos.
E, estes sentidos, é que pretendemos analisar ao longo da presente pesquisa com a adoção
deste novo dispositivo que estamos pretendendo demonstrar com o intuito de instituir a
prática de Promoção da Saúde.
2.5 Produção de Sentidos
A contextualização da Produção de Sentidos será abordada nesta seção com o intuito de
elucidar as concepções que motivaram a escolha do método que avalia a produção de sentidos
como metodologia da pesquisa em questão. E segundo Orlandi (2002), o discurso não pode
ser analisado fora de um contexto, e só produzirá sentido se estiver relacionado ao efeito de
sentidos entre os interlocutores. Assim, tem-se como pressupostos a contextualização, pois
“não se pode atribuir um sentido a um enunciado fora de um contexto”. Dentro deste
contexto, se compreende os sujeitos, a situação vivenciada e foca o contexto sócio-histórico e
o ideológico.
A produção de sentidos, segundo Spink & Frezza (2000), é uma forma de conhecimento
a partir da perspectiva construcionista, e o mesmo é baseado em três movimentos
interdependentes que constituíram um movimento de estruturação e conformação de uma
visão de mundo a partir do nosso tempo. Neste contexto, o conhecimento se produz na
coletividade, ou na interpessoalidade. Outro ponto importante é a ideia de que não existe uma
verdade absoluta, mas reconhece que a mesma é estabelecida através de convenções
específicas de cada tempo, de cada lugar, e desta forma, a “verdade” se acomoda ao desejo do
coletivo, tendo sempre que ser submetida à esfera ética.
Baseado nestes pressupostos foi escolhido o método empregado nesta pesquisa, em que
a produção de sentido ocorre na interação, na coletividade, através da compreensão de como
as pessoas, lidam com as situações, com os processos da vida à sua volta, e como “descrevem,
explicam e/ou compreendem o mundo em que vivem, incluindo elas próprias”. (SPINK &
MEDRADO, 2000, p.60). O essencial não é o registro histórico dos repertórios
interpretativos, mas o contexto destes sentidos, entre os sentidos novos e os antigos, e
compreender que os mesmos podem ser alterados a qualquer momento (SPINK &
MEDRADO, 2000).
26
2.6. Novos Dispositivos para a Promoção da Saúde
Busca-se através desta contextualização a adoção de novos dispositivos para a
Promoção da Saúde, proporcionando um novo olhar frente ao paciente, e demonstrando que
existem evidências de que a acupuntura pode ser implantada de forma mais dinâmica na
Saúde do Trabalhador.
Em novembro de 1986, na cidade de Ottawa, Canadá, reunia-se a I Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde. Essa conferência, conforme Alves (2003), foi uma
resposta à demanda por uma nova concepção de saúde, que pudesse responder à
complexidade dos problemas de saúde da atualidade, e que a mesma se relaciona a questões
como as condições e modos de vida. Deslandes (2004) nos remete a analisarmos como
atendíamos os usuários dos serviços de saúde, antes da criação da Política Nacional de
Humanização. E com base nos princípios advindos desta nova política, busca-se a efetivação
da ideia da Clínica Ampliada na Saúde do Trabalhador através da melhoria na qualidade dos
atendimentos prestados pelos profissionais de saúde e o atendimento de qualidade entre
usuário e profissional da saúde.
Buss (2000) relata que este novo enfoque acerca de uma concepção ampla dos
processos de saúde e doença, nos remete a determinantes múltiplos da saúde e para a
intersetorialidade. Prediz-se como requesitos para a saúde: paz, alimentação, renda, educação,
habitação, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e eqüidade. Conforme
Carvalho (2008), os princípios da Promoção da Saúde, ainda não implantados totalmente pela
falta de comprometimento dos profissionais de saúde. Os profissionais de saúde tem o dever
de se engajar na busca da efetivação dos princípios que estabelecem essa promoção, visando
cada vez mais atingir um número maior de habitantes, e promovendo políticas públicas que
visem o bem-estar e a qualidade da sociedade. Além do mais, de ser mais difundida entre os
profissionais de saúde que estão na linha de frente das medidas que visam a tão sonhada
promoção da saúde. Alves (2003) relata que, em face dos desafios atuais quando se pensa em
saúde e doença, a saúde pública vem repensando sua atuação com base na discussão acerca da
promoção da saúde, que tem contribuído de forma importante no redirecionamento das
práticas em saúde.
Segundo Tesser (2009), as práticas complementares de saúde, onde se encaixa a
acupuntura vem crescendo nos últimos meses, e apontam como alternativas a serem cada vez
mais introduzidas no SUS. Tais experiências vêm mostrando aceitação da oferta de práticas
complementares tanto no plano da promoção como no do tratamento pelos usuários do SUS.
27
Pesquisas demonstram que a acupuntura vem ganhando espaços nos serviços de saúde
(BELLOTTO, MARTINS e AKERMAN, 2005) e em pesquisas que avaliam seus
mecanismos de ação (CARLSSON, 2002; CHU, 2002).
Conforme Ayres (2001), não basta apenas escutar, ver e tocar mais, ou seja, precisa
haver uma maior interação entre os sujeitos. Toda essa atenção com a narrativa, o ver e o
tocar são efetivamente benéficas para que alcancemos êxito técnico em nossas ações de saúde.
Sendo necessário, um novo olhar sobre o discurso do paciente, o escutar e perceber o sentido
que está implícito no processo de expressão de seus sintomas e sentimentos. E só
alcançaremos o sucesso prático, se levarmos em consideração os modos como estes entendem
que deve ser a vida e a saúde no seu cotidiano, o que mais uma vez constitui argumentos para
a justificativa da escolha do método que analisa a produção de sentidos no cotidiano.
A ideia de vínculo remete a algumas práticas e atitudes fundamentais para a realização
do cuidar: abrir mais espaço para os usuários como verdadeiros sujeitos, e não como objetos
de intervenção; mais continência e continuidade no serviço às diferentes demandas de
indivíduos e comunidades; promover um efetivo envolvimento de profissionais e usuários ou
comunidades com os processos de cuidado. Aqui, mais uma vez, é fazer mais e melhor do que
já sabemos fazer, mas também fazer diferente, ou talvez compreender de outra forma esse
fazer. É necessário rever a ideia de sujeito que está na base dessas apostas (AYRES, 2001),
conjugo do método de produção de sentidos.
Buss e Carvalho (2009) afirmam que os progressos a partir da ideia de promoção da
saúde evoluíram bastante na última década, e alertam que existem fortes indícios que essas
abordagens permanecem em crescimento no país, seja nos campos da política, da tecnologia e
ciência, bem como os movimentos sociais. Cunha (2005) defende que a homeopatia e a
acupuntura devem ser incorporadas como ferramentas terapêuticas pelos profissionais da
atenção básica do SUS, possibilitando o enriquecimento da técnica terapêutica da clínica.
Para o gestor público, a Acupuntura pode representar mais um dispositivo de
atendimento no SUS, desde atendimento em centros de saúde, hospitais e em ambulatórios
ligados ou não a universidades. Sendo o mesmo de relativo baixo custo, e possibilita
benefícios ao atendimento, propiciando a efetividade terapêutica, de modo a complementar o
tratamento já realizado, além de favorecer a adesão ao tratamento e fidelização da clientela
(IORIO, SIQUEIRA e YAMAMURA, 2010). O próprio autor afirma sobre a importância da
Acupuntura e da medicina convencional unirem-se, pois dessa união sairão ganhando os
pacientes, o profissional e a ciência, o que contribuirá para uma visão mais ampla do sujeito.
28
Todos esses dispositivos propostos e assinalados tem como pressupostos o olhar
interdisciplinar na busca da saúde no contexto do Trabalhador, objetivando a promoção da
saúde através da integração de diversos profissionais em busca do mesmo objetivo, de
diferentes olhares, como o da Medicina Tradicional Chinesa, bem como de técnicas variadas
que possibilitem o bem-estar e a qualidade de vida destes trabalhadores. Pretende-se com este
novo dispositivo proporcionar uma nova concepção de corpo, outra percepção do sujeito para
com seu corpo e sua relação com o mesmo, com o sofrimento que traz, com sua doença, com
sua disposição para as relações, para si mesmo e para a vida.
29
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Analisar a produção de sentidos com relação à percepção de si e experiência da dor
desencadeada pela introdução da prática da acupuntura no cuidado da saúde do trabalhador na
Unidade Municipal de Referência em Saúde do Trabalhador (UMREST) de SCS/RS.
3.2 Objetivos Específicos
- Descrever e analisar os sentidos produzidos, bem como as sensações relatadas pelos usuários
da UMREST que se submeterem a atendimento de acupuntura, a cada sessão, relatando as
modificações sentidas.
- Identificar as transformações que os sujeitos apresentam nas formas de perceber seu
sofrimento, seus adoecimentos, seu corpo, suas relações ao longo do processo de introdução
do dispositivo da acupuntura.
- Verificar o conhecimento que estes pacientes tinham da acupuntura antes do início do
tratamento.
- Identificar as razões que levaram estes pacientes a participarem da pesquisa e dos
atendimentos de acupuntura.
- Coletar dados quantitativos que avaliem as informações espectrais e da escala de dor que se
associem com as impressões dos sentidos relatados pelos pacientes.
30
4 MÉTODO
4.1 Amostra/População/Sujeitos
A amostra foi definida a partir da experiência da pesquisadora neste tipo de atendimento
e pelo caráter da pesquisa, onde o mais importante não é a quantidade de integrantes da
pesquisa, mas a produção de sentidos e os relatos dos sujeitos. A presente pesquisa iniciará
com 11 sujeitos, tomando como referência um estudo de Lemos (2006) e considerando a
possibilidade de visibilidade da realidade, conforme ela se apresenta, o número pode ser ampliado.
A presente pesquisa terá como critérios de inclusão a aceitação do sujeito em participar
da pesquisa, a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com a respectiva
aceitação, ter idade igual ou superior a 18 anos, e apresentem vínculo com a Unidade referida.
E como critérios de exclusão torna-se o fato de terem se submetido a tratamento por
acupuntura nos últimos 12 meses. Não haverá distinção entre sexo, idade e o diagnóstico do
paciente.
Conforme Ayres (2001), os sujeitos são seres com suas necessidades e valores, capazes
de produzir coisas e transformar sua própria história. O número de pessoas não é o ponto
principal deste tipo de análise e sim os pontos de vista e a observação (MINAYO, 1999, p.
103), tendo seu ponto crucial na questão da validade da amostra está na sua capacidade de
objetivar o objeto empiricamente, em todas as suas dimensões. Minayo (1993) refere que, em
uma pesquisa qualitativa, o número de sujeitos que irão compor o quadro de entrevistas
dificilmente pode ser determinado, sobretudo por que o resultado dependerá muito mais da
qualidade das informações obtidas através dos depoimentos, bem como a profundidade e o
grau de divergência. Sendo que a amostra ideal não está vinculada aos princípios numéricos,
desta forma não são os valores numéricos que definirão a representatividade da amostra, mas
sim, o conteúdo das observações, das entrevistas sobre os sentidos e significados da
acupuntura para cada sujeito (MINAYO, 1999).
Segundo informações do site da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul a UMREST,
presta um serviço especializado e de referência na atenção à Saúde do Trabalhador, e vinculase à Secretaria Municipal de Saúde, tendo sido a primeira unidade no interior do Estado com
fundação em dezembro de 2001. Integrado aos demais serviços do Sistema Único de Saúde
(SUS), o atendimento é realizado por uma equipe multiprofissional composta por um médico,
uma enfermeira, uma psicóloga e uma auxiliar de enfermagem. Com atuação diferenciada e
focada em ações de prevenção, promoção e educação em saúde do trabalhador, assistência
31
integral, vigilância epidemiológica e vigilância em ambientes de trabalho, o posto
especializado tem hoje 490 pacientes fixos, alguns dos quais em tratamento há mais de quatro
anos (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ DO SUL, 2009).
4.2 Delineamento Metodológico
A abordagem metodológica que será utilizada na presente pesquisa foi escolhida devido
à intenção de se analisar os sentidos produzidos pela acupuntura, para satisfazer essa intenção
optou-se pela abordagem teórico-metodológica denominada de produção de sentidos no
cotidiano, através das práticas discursivas e o mesmo se baseia na autora Mary Spink. E por
compreender que é possível destacar e observar o que se repete e se modifica, implicando
desta forma uma postura que vai além do que está institucionalizado nas linguagens sociais, e
destacando o uso da linguagem e privilegiando o caminho dos sentidos construídos no
cotidiano (SPINK & MEDRADO, 2000). Assim como Spink e Frezza (2000), nos propomos
à utilização desta metodologia que tem seu conhecimento afiliado a visão da Psicologia Social
e da Sociologia do Conhecimento. As práticas discursivas que permitem segundo Spink e
Gimenes (1994) acessar a produção de sentido encontram-se na escala das relações pessoa a
pessoa, sem esquecer-se de estar familiarizado com a diversidade própria ao imaginário social
sobre os objetos que são o foco dos processos de significação.
Conforme Minayo (1999), quando se investiga qualitativamente precisamos ter como
ponto norteador a abertura, a flexibilidade, a capacidade de observar e interagir com os
sujeitos envolvidos na pesquisa. E tendo como ponto crucial o entendimento de fenômenos,
através da perspectiva do objeto estudado, e a partir das mesmas realiza as interpretações
destes fenômenos estudados (NEVES, 1996). A preocupação é com a realidade que não pode
ser quantificada e no aprofundamento no mundo dos significados, motivos, valores
envolvidos no fenômeno estudado (MINAYO, 1993) e quando ouvimos um discurso devemos
refletir sobre como o mesmo se encontra materializado na ideologia e como se manifesta na
linguagem (ORLANDI, 2002). E a produção de sentido ocorre na interação, na coletividade,
através da compreensão de como as pessoas, lidam com as situações, com os processos da
vida à sua volta, e “descrevem, explicam e/ou compreendem o mundo em que vivem,
incluindo elas próprias” (Spink & Medrado, 2000, p.60). Sobretudo conhecer é dar sentido ao
mundo (SPINK, GIMENES, 1994, p. 150).
Neves (1996) relata que compreender e interpretar fenômenos, embasados nos seus
significados e levando-se em consideração o contexto são tarefas que propiciam a produção
32
de conhecimento, contribuindo para uma visão mais abrangente dos problemas, com contato
direto com o objeto de análise e possibilitando um olhar diferenciado de como a realidade é
compreendida. O objetivo básico da Análise do Discurso é realizar uma reflexão geral sobre
as condições de produção e apreensão da significação de textos produzidos nos mais
diferentes campos, e considera o não-dito e o que já foi dito antes com o intuito de
compreensão do modo de funcionamento, os princípios de organização e as formas de
produção social do sentido (MINAYO, 1999, p. 211).
Faz-se necessário esclarecer que quando optamos pela análise da produção de sentidos e
das práticas discursivas, não estaremos abrindo mão do rigor e que o mesmo será garantido
pelo próprio autor da pesquisa quando explicita as normas que regerão a coleta e a análise dos
dados, e os pressupostos teóricos e metodológicos que irão orientar a interpretação. Desta
forma, a interpretação é colocada como um processo de produção de sentidos que permeia o
processo de pesquisa e a partir dos mesmos, são produzidos os resultados da análise que
podem ser oriundos de várias técnicas de visibilização, que certificarão o rigor e a
objetividade na subjetivação gerada a partir dos repertórios de interpretação utilizados para a
compreensão dos sentidos. Entre as técnicas de visibilidade, os mapas de associação de ideias
que sistematizam o processo de análise das práticas e buscam os aspectos formais da
produção de linguagem, as associações que contemplam os mapas propiciando mais um
recurso para entender a produção de sentidos (SPINK ; LIMA, 2004).
Para uma fundamentação que aborde dados quantitativos utilizar-se-à a coleta de sangue
periférico, da polpa digital antes e após algumas sessões de acupuntura de cada paciente para
análise metabólica global via impressão digital metabólica pela técnica de espectroscopia no
infravermelho (FTIR). Onde os pacientes serão submetidos a duas coletas (antes e após uma
sessão de acupuntura na primeira, quinta e décima) de 5 microlitros (em triplicata) de
sangue periférico em três momentos: na primeira, na quinta e na décima sessão; buscando
encontrar adaptações metabólicas com o procedimento da acupuntura em função do número
de sessões e informações espectrais que se associem com as impressões dos sentidos relatados
pelos pacientes. E a aferição dos valores referentes à Escala de Dor conforme Protocolo de
Borg, nas mesmas sessões em que serão realizadas as coletas de sangue, no início e final da
sessão.
33
4.3 Hipóteses
A hipótese levantada antes do início da pesquisa foi formulada e pensada de acordo com
a experiência prática da pesquisadora e através de referenciais teóricos que comprovam os
benefícios que a acupuntura proporciona para o organismo humano.
Sendo:
- a produção de sentidos dos pacientes após se submeterem a técnica de acupuntura,
possibilitará uma nova visão de vida e novas experiências;
- informações espectrais e da escala de dor que se associem com as impressões dos sentidos
relatados pelos pacientes.
4.4 Procedimentos Metodológicos
As etapas metodológicas da pesquisa ocorrerão da seguinte forma:
- 1ª Etapa: Aprovação do Projeto no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC;
- 2ª Etapa: Divulgação na UMREST de Santa Cruz do Sul sobre a pesquisa intitulada:
“Acupuntura na Saúde do Trabalhador: Um estudo sobre a produção de sentidos acerca da
introdução deste dispositivo para à Promoção da Saúde”;
- 3ª Etapa: Esclarecer junto aos sujeitos da pesquisa como se dará a pesquisa, através da
apresentação do Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido e sua posterior assinatura pelo
sujeito pesquisado e pelo pesquisador;
- 4ª Etapa: Atendimento dos pacientes uma vez por semana com a técnica de acupuntura e
realização da entrevista com questões semi-estruturadas (ANEXO A). E, ao longo de cada
atendimentos os participantes da pesquisa serão questionados sobre as mudanças que
perceberão ao longo dos atendimentos e dos sentidos que foram produzidos. E coleta de
sangue periférico da polpa digital antes e após a primeira, quinta e décima sessão de
acupuntura de cada paciente para análise metabólica global via impressão digital metabólica
pela técnica de espectroscopia no infravermelho (FTIR). E a aferição dos valores referentes à
Escala de Dor conforme Protocolo de Borg, nas mesmas sessões em que serão realizadas as
coletas de sangue, no início e final da sessão;
- 5ª Etapa: Os atendimentos e as entrevistas serão filmadas para posterior transcrição dos
depoimentos. Transcrição de todos os depoimentos;
34
- 6ª Etapa: Criação de um diário de informações para facilitar a captação dos depoimentos e
separados em categorias de acordo com a produção de sentidos e contendo fatos que segundo
a pesquisadora possam ser relevantes para o entendimento da mesma;
- 7ª Etapa: Análise dos dados encontrados na Análise Bioquímica realizada pelo Método de
Espectrometria no Infravermelho, na primeira, quinta e décima sessão de acupuntura; e a
análise da escala de Dor de Borg, nas mesmas sessões, antes e após o atendimento.
- 8ª Etapa: Discussão dos dados encontrados e confecção do Mapa de Associação de Ideias
que serão colhidos através das filmagens e da entrevista semi-estruturada, e sintetizarão o
processo de análise das práticas discursivas.
4.5 Técnicas e instrumentos de coleta
Será realizada uma investigação descritiva na fonte direta de dados e nos materiais
registrados através da gravação em câmera fotográfica digital, sendo que, os materiais
registrados são revistos pelo pesquisador. Os dados serão recolhidos, em situação natural e
complementados pela informação que se obtém através do contato direto; transcrições de
entrevistas, notas de campo, vídeos.
Para a coleta de dados, será aplicado uma entrevista com questões semi-estruturadas
(ANEXO A), que serão o ponto norteador para avaliar a produção de sentidos. Onde serão
coletados dados relevantes sobre o participante da pesquisa, e propiciar uma comunicação
verbal, e um diálogo, sendo a mesma dirigida pela pesquisadora, e conforme Minayo (1999),
as mesmas devem ser gravadas, para posterior transcrição. E em todos os encontros, num total
de 10 (dez) a pesquisadora estará sempre questionando os participantes sobre mudanças ou
alterações em conhecimentos e sentidos. As falas serão devidamente registradas, através de
filmagem com câmera fotográfica digital, com os questionamentos e colocações comuns e
diversificadas. Outra forma de coleta se dará pela observação participante (MINAYO, 1999),
que consiste no contato do pesquisador com o pesquisado de forma direta objetivando a
informação sobre a realidade dos atores da pesquisa, cujas informações e dados serão
anotados em um diário de campo.
Outros procedimentos de coleta de dados serão: coletar sangue periférico da polpa
digital antes e após algumas sessões (1ª, 5ª, 10ª sessão) de acupuntura de cada paciente para
análise metabólica global via impressão digital metabólica pela técnica de espectroscopia no
infravermelho (FTIR). As amostras de sangue periférico de 5 mL serão depositadas em tubos
eppendorfs com 100 mg de brometo de potássio (grau espectroscópico) e liofilizados. Os
35
espectros de amostras de sangue liofilizado serão coletados por espectroscopia de reflectância
difusa no infravermelho com Transformada de Fourier (DRIFTS) com 32 pulsos de varredura
na faixa 4000-600 cm-1, 4 cm-1 de resolução, armazenados em absorbância normalizada, e
analisados por métodos de reconhecimento de padrões (análise por agrupamento hierárquicoHCA e por componentes principais-PCA) buscando encontrar a) adaptações metabólicas com
o procedimento da acupuntura em função do número de sessões e b) informações
espectrais que se associem com as impressões dos sentidos relatados pelos pacientes.
E a aferição da Escala de Dor conforme Protocolo de Borg, antes e após a sessão de
acupuntura, na primeira, quinta e décima sessão. Salientando que todos estes procedimentos
serão coletados e realizados pela pesquisadora, que receberá treinamento adequado, conforme
as Normas de Biossegurança.
Os instrumentos de coleta de dados:
- Entrevista semi-estruturada com questões referentes à acupuntura e a produção de sentidos
percebida pelos pacientes. (ANEXO A)
- Análise metabólica global via impressão digital metabólica pela técnica de espectroscopia
no infravermelho (FTIR).
- Aferição da intensidade da Dor através da Escala de Dor de Borg.
- Filmagem das entrevistas e dos atendimentos.
- Transcrição das entrevistas realizadas pela pesquisadora, que serão filmadas.
- Confecção de Mapa de Associação de Ideias com as produções de sentidos.
4.6 Procedimentos de Intervenção
Os procedimentos de intervenção que os participantes da pesquisa serão submetidos
serão sessões de acupuntura, num total de 10 sessões, com duração de 30 minutos cada, 2
vezes por semana. E a entrevista semi-estruturada (ANEXO A) com questões que possibilitem
ao paciente expressar as suas sensações e sentidos, e salientando que a cada atendimento o
pesquisado será questionado sobre mudanças e sentimentos percebidos desde o início das
sessões de acupuntura. E coletar sangue periférico da polpa digital antes e após algumas
sessões (1ª, 5ª e 10ª) de acupuntura de cada paciente para análise metabólica global. E a
aferição através da Escala de Dor de Borg do nível de dor antes e após a acupuntura, na
primeira, quinta e décima sessão.
4.7 Processamento dos dados
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Os dados serão colhidos ao longo das 10 semanas de atendimento através das filmagens
e do que referiram na entrevista semi-estruturada a fim de entender a produção de sentidos
desencadeada pelo tratamento da Acupuntura nas suas vidas. Ao final das sessões será
confeccionado um mapa das produções de sentidos para que a seguir possam ser analisados os
depoimentos. E a buscando encontrar adaptações metabólicas com o procedimento da
acupuntura em função do número de sessões e informações espectrais que se associem com as
impressões dos sentidos relatados pelos pacientes.
Os passos para a compreensão dos sentidos serão baseados no que refere Minayo
(1993), onde será realizada a ordenação dos dados, através da transcrição das informações de
cada participante da pesquisa de forma individual, após leitura exaustiva do material coletado
a fim de compreender o sentido das experiências relatadas pelos sujeitos, e identificando
quando há relevância nas informações. Após, os mesmos serão agrupados em tópicos por
semelhanças ou por destaques, e em seguida, o cruzamento das informações finais que serão
confrontadas com o referencial teórico e a realidade observada.
As etapas para a compreensão dos sentidos, conforme Minayo (1993), onde:
- ordenação dos dados: transcrição das entrevistas de forma individual, e após organizálas da mesma forma.
- leitura exaustiva do material coletado: com o intuito de compreender os sentidos de
forma geral das experiências dos participantes da pesquisa, bem como compreender as
informações, e identificar a relevância das mesmas.
E análise dos dados encontrados através da Técnica de Espectroscopia no Infravermelho
e no Protocolo de Borg referente à Escala de Dor.
Em seguida a leitura das transcrições, os fatos serão agrupados em tópicos por
semelhanças ou por destaques. E como ponto subsequente o cruzamento de informações finais
que serão confrontadas com o referencial teórico e a realidade observada. Conforme a
Resolução n. 196, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), os trechos retirados das
entrevistas serão identificados de acordo com o número da ficha de avaliação, sendo A1, A2,
A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9, A10 e A11.
4.8 Considerações Éticas
O projeto será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa
Cruz do Sul - UNISC. O material utilizado para cada sessão de acupuntura será de uso
individual e o mesmo será descartado ao final de cada sessão, em local apropriado, para ser
37
descartado pela Empresa competente para a coleta do mesmo. E os materiais referentes a
coleta de sangue periférico, serão de uso individual e serão descartados conforme as Normas
de Biossegurança. Importante salientar que o participante da pesquisa não pagará nenhum
valor monetário pelos atendimentos recebidos.
Conforme a Resolução n. 196, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), os
trechos retirados das entrevistas serão identificados de acordo com o número da ficha de
avaliação, sendo A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9, A10 e A11.
38
5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Cronograma
J
1
Rev. Bibliográfica
2
Confec./finalização
projeto
3
Defesa do Projeto
4
Encaminhamento ao
Comitê de Ética
5
Etapas
de
Levantamento dados
5.1 Pré-avaliação dados
5.2 Intervenção
5.3 Pós-Avaliação dados
6 Análise/Discussão dados
7 Red. Final dissertação
8 Pré-def. Dissertação
9 Comunicação
10 Elaboração de artigo
11 Defesa da Dissertação
J
2
0
1
0
A S O N D
2
0
1
1
J F M A M J
J
2
0
1
2
A S O N D J F M
X X X X X X X X
X X X X
X X
X X
X X X
X X X
X X X
X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X
X
X
X X X X X X X X X X X X
X
Cronograma de sessões (Microciclos)
Os procedimentos de intervenção que os participantes da pesquisa serão submetidos
serão sessões de acupuntura, num total de 10 sessões, com duração de 30 minutos cada, 2
vezes por semana, caracterizando microciclos que ocorrerão da seguinte maneira:
- Primeira Sessão de Acupuntura: Esclarecimentos sobre a pesquisa, e leitura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, bem como sua assinatura. A pesquisadora esclarecerá
sobre como será realizado o atendimento de acupuntura e realizará uma entrevista semiestruturada com questões relacionadas à percepção de sentidos com a acupuntura. Será
colatada uma gota de sangue periférico antes e após o atendimento de acupuntura. Importante
ressaltar que a sessão vai ser filmada bem como os depoimentos. E será realizado a seguir a
coleta de dados referentes à produção de sentidos neste primeiro contato com a acupuntura.
Bem como o questionamento sobre a escala de dor segundo Protocolo de Borg, antes e após a
sessão de acupuntura.
- Importante salientar que na primeira, na quinta e na décima sessões de acupuntura será
realizado o procedimento de coleta de uma gota de sangue periférico, antes e após a sessão de
acupuntura, e o questionamento da intensidade da dor conforme Escala de Dor de Borg.
39
- Segunda Sessão à Décima Sessão de Acupuntura: o participante será questionado sobre o
que percebeu em cada semana de atendimento, ou seja, será questionado sobre a produção de
sentidos a cerca do tratamento de acupuntura e das suas reações e sentimentos. E será
submetido a um atendimento de acupuntura, com duração de 30 minutos; todas serão
devidamente registradas por máquina fotográfica digital, para que possa ao final de cada
atendimento, proceder à realização da transcrição dos dados coletados.
40
6 RECURSOS HUMANOS E INFRA-ESTRUTURA
Os atendimentos de acupuntura serão realizados pela própria pesquisadora e os
mesmos ocorrerão em uma sala na UMREST de Santa Cruz do Sul, 2 vezes por semana, em
turno e dia a ser definido pela pesquisadora e a coordenação da UMREST de Santa Cruz do
Sul.
41
7 ORÇAMENTOS/RECURSOS MATERIAIS
CUSTEIO
ESPECIFICA
ÇÃO
FINANCIADORES
QUANTIDADES
Agulhas
de
acupuntura
descartáveis
Recursos próprios
100 caixas
agulhas
Algodão
Hidrófilo
Recursos próprios
Álcool
96°
Recursos próprios
Etílico
VALOR
UNITÁRIO
VALOR
TOTAL
14,00
1.400,00
4
8,00
32,00
1
5,00
5,00
de
100
TOTAL:
1.5511.437,00
42
8 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS
Espera-se, com esta pesquisa, que os participantes da pesquisa experimentem uma
nova abordagem de atendimento segundo a Medicina Tradicional Chinesa, que possibilite
uma nova visão sobre os sentidos desencadeados com a prática da mesma, bem como os
benefícios que a literatura refere sobre suas sintomatologias, e com isso possam perceber
sinais que seus corpos emitem quando estão em desequilíbrio. Através desse maior
conhecimento de seus corpos e sentimentos, pretendemos implantar um sistema de Promoção
da Saúde, onde cada participante será responsável por seu auto-cuidado, tratamento e
prevenção de doenças, bem como de sua promoção da saúde e proporcionar a estes pacientes
uma nova abordagem, através do conhecimento da visão oriental sobre cada patologia e
sintomas, a fim de proporcionar uma maior compreensão da situação vivenciada e
proporcionar a efetivação do Conceito de Clínica Ampliada na Saúde do Trabalhador, na
UMREST de Santa Cruz do Sul.
43
9 RISCOS/DIFICULDADES/LIMITAÇÕES
Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas
pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. Conforme vários autores e
exemplificando com Neves (1996), é a coleta de dados ser extremamente cansativa e
tradicionalmente individual, demandando um tempo bastante grande para a codificação,
transcrição das falas e análise.
Excessiva confiança no investigador, enquanto instrumento de coleta de dados e a
reflexão exaustiva das notas de campo, com o intuito de tentar dar conta do objeto estudado,
além de controlar o efeito do observador. Falta de detalhes sobre os processos através dos
quais suas conclusões foram alcançadas, falta de observância de aspectos diferentes e
diferentes enfoques, certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados, sensação de
dominar profundamente o seu objeto de estudo, envolvimento do pesquisador na sua situação
(ou com sujeitos) pesquisada.
Os riscos como: desistência de participantes ao longo da pesquisa por questões
pessoais variadas, que as informações colhidas pelos participantes não sejam ricas o suficiente
para a interpretação mais correta da produção de sentidos. Como a população que vem
buscando essa nova abordagem de saúde, por experiência própria da pesquisadora, vem
aumentando com o passar dos anos, acredita-se que não haverá problemas quanto à procura e
comprometimento dos sujeitos na pesquisa.
As limitações das pesquisas qualitativas são que conforme Minayo (1999), quando se
investiga qualitativamente precisamos ter como ponto norteador a interação com o sujeito
pesquisado, o que nem sempre podemos encontrar. Quanto à perspectiva, às técnicas de
coleta de dados e de tratamento dos dados, essa modalidade de pesquisa requer também por
parte do pesquisador habilidades e conhecimentos para interpretar as situações e superar a
mera aplicação de técnicas de coleta de dados. Portanto, nesse tipo de investigação, o
pesquisador precisa estar atento às situações, articulado e desenvolvendo permanentemente a
habilidade de aprender a aprender. O diferencial não está apenas no acúmulo de informações,
mas na capacidade de aprender onde buscar as informações que são necessárias para atingir os
objetivos propostos para este estudo.
44
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48
CAPÍTULO II
RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO
49
O TRABALHO DE CAMPO
O início da pesquisa ocorreu entre outubro e dezembro de 2010, na UMREST de Santa
Cruz do Sul, com 2 sessões de acupuntura por semana, totalizando 10 sessões para cada
paciente. Inicialmente, pretendia-se fazer um atendimento por semana, mas como a Prefeitura
Municipal de Santa Cruz do Sul, estava em turno único, das 7h30 às 13h30, a pesquisadora
teve que adaptar o seu cronograma inicial a essa situação.
Os atendimentos ocorreram dentro da normalidade, somente o primeiro onde haveria a
coleta de sangue periférico da polpa digital antes e após a sessão de acupuntura, não pode ser
validado por uma falha no processo de coleta, onde não se coletou em triplicatas. Desta
forma, alteramos as coletas de sangue para análise para a 2ª, 5ª e a 10ª sessão de acupuntura,
antes e após o atendimento. As demais coletas, foram todas realizadas com sucesso pela
pesquisadora.
Conforme relato das pacientes, o que mais incomodava não era a picada das agulhas de
acupuntura, mas sim o momento em que precisavam coletar sangue da polpa digital para
análise sanguínea por infravermelho. Algumas pacientes relataram incômodo nas sessões
posteriores. E dificuldade de caracterizar a intensidade da dor de forma numérica, por
exemplo, caracterizar a dor em 0,5 ou 1.
As sessões de acupuntura eram realizadas em um ambiente com música ambiente
relaxante, e a coloção de agulhas nos pontos adequados para cada patologia, além de um
ponto que considero de extrema importância, que é a escuta do paciente, através do
acolhimento e do princípio da integralidade. Conforme relato das pacientes, sempre houve um
clima de acolhimento da pesquisadora para com as pacientes, o que possibilita que haja uma
interação maior entre a profissional de saúde e o paciente.
Após cada atendimento a pesquisadora iniciava a transcrição dos depoimentos que
haviam sido filmados, o que se iniciou em outubro de 2010 e término em março de 2011,
totalizando um arquivo de 114 páginas, e a posterior confecção do mapa de associação de
idéias, com 5 categorias, sendo elas adoecimento/sofrimento; corpo; acupuntura, trabalho;
razões de aceitação e mudanças, com 413 páginas.
Em seguida, ainda criou-se sub-categorias, com o objetivo de expressar os dados
relevantes encontrados ao longo do discurso das
pacientes, como na categoria
adoecimento/sofrimento: dor, inutilidade, choro e depressão; na corpo: inutilidade, choro e
depressão; na acupuntura: melhora da dor, indicariam a acupuntura; na trabalho: inutilidade,
50
choro, limitação/incapacidade, depressão; na razões da aceitação: não conheciam; se fariam
novamente e na categoria mudanças: melhora do sono, diminuição da dor e ânimo.
As dificuldades encontradas ao longo da pesquisa foram o grande volume de
informações coletadas para que se pudesse relacionar, tanto a produção de sentidos das
pacientes, bem como os dados espectrais das pacientes e a escala da dor. Ao final deste
estudo, pudemos demonstrar que as hipóteses levantadas inicialmente, de que a acupuntura
além de provocar modificações na produção de sentidos das pacientes, reduz o quadro de dor,
também provoca adaptações metabólicas.
51
CAPÍTULO III
ARTIGOS
52
1 ARTIGO 1
Promoção de Saúde e Acupuntura: a produção de sentidos acerca da dor e do
bem-estar quando da introdução deste método a sujeitos em sofrimento *
* Elaborado conforme as normas da Revista de Saúde Pública (Online)
Área: Interdisciplinar
QUALIS-CAPES: A2
53
Promoção de Saúde e Acupuntura: a produção de sentidos acerca da dor e do
bem-estar quando da introdução deste método a sujeitos em sofrimento
Acupuncture and Health Promotion: the production of meanings about pain and wellbeing when the introduction of this method to subjects suffering
Título resumido: Promoção de Saúde e Acupuntura
Acupuncture and Health Promotion
Andréa Cristina Costa1
Miria Suzana Burgos1,3
Hildegard Hedwig Pohl1,3
Valeriano Antonio Corbellini1,2
Edna Linhares Garcia1,4
1
Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde – UNISC
2
Departamento de Química e Física – UNISC
3
Departamento de Educação Física e Saúde – UNISC
4
Departamento de Psicologia – UNISC
Autor para correspondência:
Andréa Cristina Costa
Avenida Independência, 2293 – Bloco 42, sala 4206
Bairro Universitário – 96815-900 – Santa Cruz do Sul/RS
e-mail: [email protected]
[email protected]
54
RESUMO
Objetivo: analisar a produção de sentidos, quando da introdução da acupuntura na
experiência da dor, com vistas ao tratamento e à promoção da saúde.
Método: o método utilizado na pesquisa foi à proposta teórico-metodológica
denominada de produção de sentidos do cotidiano, por possibilitar a análise da
produção de sentidos, através do discurso destes sujeitos, a partir da utilização da
acupuntura e da escala de Borg, de intensidade da dor.
Resultados: Ao analisar a produção de sentidos, através dos discursos após a
introdução da acupuntura e a escala de dor de Borg, os resultados demonstram que
a percepção dos sujeitos em relação ao seu corpo e ao adoecimento foi se
modificando ao longo dos atendimentos em acupuntura. Isto se evidencia na medida
em que a dor, presente nas falas como elemento central e preponderante na vida
dos sujeitos, vai cedendo espaço e ao final da intervenção, os sentidos produzidos
demonstram que novas possibilidades de viver e perceber a vida e o corpo estão
presentes para estes sujeitos.
Conclusão: Ao analisar a produção de sentidos, após a inserção da acupuntura,
acerca das categorias: sofrimento/adoecimento, corpo, acupuntura, trabalho, motivo
da aceitação e mudanças apresentadas, pôde-se perceber que este método além de
produzir uma redução da dor, possibilita a promoção da saúde. Conclui-se que o
método da acupuntura, nos serviços de saúde, promove uma intervenção que vem
ao encontro do princípio do SUS, a integralidade; além de produzir bem-estar e
redução da dor, este configura uma forma de promoção da saúde.
Contagem de palavras: 248
ABSTRACT
Objective: to analyze the production of directions, when of the introduction of the
acupuncture in the experience of pain, with sights to the treatment and the promotion
of the health.
Method: the method used in the research was to the proposal theoreticianmethodological called of production of felt of the daily one, for making possible the
55
analysis of the production of directions, through the speech of these citizens, from
the use of the acupuncture and the scale of Borg, of intensity of pain.
Results: When analyzing the production of directions, through the speeches after the
introduction of the acupuncture and the scale of pain of Borg, the results
demonstrates that the perception of the citizens in relation to its body and the
disease was if modifying throughout the sessions in acupuncture. This if evidences in
the measure where pain, gift in you say them as central element and preponderant in
the life of the citizens, it goes yielding space and to the end of the intervention, the
produced directions demonstrate that new possibilities of living and perceiving the life
and the body are gifts for these citizens.
Conclusion: When analyzing the production of directions, after the insertion of the
acupuncture, concerning the categories: suffering/illness, body, acupuncture, work,
reason of the acceptance and presented changes, could be perceived that this
method beyond producing a reduction of pain, makes possible the promotion of the
health. One concludes that the method of the acupuntura, in the health services,
promotes an intervention that comes to the meeting of the beginning of the SUS, the
completeness; beyond producing well-being and reduction of pain, this configures a
form of promotion of the health.
Word count: 277
Descritores: produção de sentidos; acupuntura; escala da dor de Borg
Descriptors: production of meanings, acupuncture, the pain scale of Borg
Descriptores: la producción de significados, La acupuntura, La escala de dolor de
Borg
INTRODUÇÃO
Este artigo origina-se da dissertação de mestrado “Acupuntura na saúde do
trabalhador: um estudo sobre a introdução deste método para a promoção da
saúde”, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde –
Mestrado da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), com o objetivo de
56
analisar os sentidos que são produzidos quando da introdução da acupuntura no
tratamento de sujeitos, em estado de adoecimento e de intensa dor, na Unidade
Municipal de Referência em Saúde do Trabalhador (UMREST).
A partir da busca por um novo olhar frente à saúde pública e ressaltando as
idéias da I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em 1986, o
Ministério da Saúde implementou a Política Nacional de Humanização (PNH),8 com
o intuito de realizar uma mudança nos modelos de atenção e de gestão das práticas
de saúde.1
Tomando-se como suporte a idéia da Clínica Ampliada e os benefícios da
acupuntura, certificados pela Organização Mundial da Saúde (WHO) a qual vem
estimulando o uso da Medicina Tradicional Chinesa nos programas de saúde, com o
objetivo de complementar à Medicina Ocidental Moderna,23 buscou-se investigar
como a acupuntura iria repercutir na vida destes sujeitos que se apresentavam em
estado de intensa dor e adoecimento incapacitante.
Muitas pesquisas demonstram que a acupuntura vem ganhando espaços
nos serviços de saúde;3 e pesquisas avaliam seus mecanismos de ação.9,10 Para o
gestor público, a acupuntura representa mais um dispositivo de atendimento no
SUS, na direção dos princípios da integralidade, além de ser um tratamento de custo
relativamente baixo.17 À busca do olhar interdisciplinar e do princípio da
integralidade ocorre muito além da colocação de agulhas, se associa ao discurso do
paciente, através da escuta do relato do mesmo, e em co-participação, ajuda-os a
reconhecer suas potencias e construir novas vias de viver apesar do adoecimento.
A produção de sentido ocorre na interação, na coletividade, pela
compreensão de como as pessoas lidam com as situações, com os processos da
vida à sua volta, e como “descrevem, explicam e/ou compreendem o mundo em que
vivem, incluindo elas próprias”21 (p.60).
No presente trabalho busca-se demonstrar as mudanças ocorridas a partir
da introdução da acupuntura, na concepção de corpo, na percepção do sujeito
acerca de seu próprio corpo e sua relação com o mesmo, com o estado de
adoecimento, além de avaliar as mudanças percebidas em relação à dor e a
sensação de bem-estar.
MÉTODO
57
Esta pesquisa tomou como método a proposta teórico-metodológica de Mary
21
Spink , denominada de produção de sentidos no cotidiano, através das práticas
discursivas, que visam compreender os sentidos produzidos, a partir da interação
entre sujeitos.
Os procedimentos metodológicos ocorreram a partir da aprovação do projeto
em Comitê de Ética em Pesquisa - CEP, sob o protocolo 2684/10, e posterior
divulgação
na
Unidade,
seleção
dos
participantes,
com
patologias
musculoesqueléticas.
Os dados foram coletados em 10 pacientes do sexo feminino, entre outubro
e dezembro de 2010, em 10 sessões de acupuntura que cada paciente se
submeteu, duas vezes por semana, através de entrevista semi-estruturada e escala
de dor de Borg, na 2ª, 5ª e 10ª sessões, antes e após a aplicação da acupuntura. A
escala é utilizada quando o objetivo é acompanhar alterações da intensidade da dor
num mesmo indivíduo ou as respostas de uma mesma pessoa pré e póstratamento.22 A colocação de agulhas, foi associada à escuta do paciente, de modo
a acolher queixas e relatos, e assim ajudá-los a reconhecer nos processos de seus
estados de adoecimentos, relações com o que sentem, com a vida que levam, seus
afetos, desafetos, etc.
Para essa investigação utilizou-se como critérios de inclusão o aceite do
sujeito, a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ter idade igual
ou superior a 18 anos e apresentar vínculo com a UMREST. Como critério de
exclusão, o fato de terem se submetido a tratamento por acupuntura nos últimos 12
meses, para que todos os sujeitos da pesquisa estivessem no mesmo estágio, e
desta forma, avaliar os efeitos, a partir deste contato iniciado nesta pesquisa.
Ressalta-se que não se considerou a idade e diagnóstico do paciente, pois o
objetivo era analisar a produção de sentidos a partir do contato destes com a
acupuntura na experiência da dor.
Após os atendimentos foi realizada Elaboração do mapa de associação de
idéias, a partir das entrevistas, transcrição dos atendimentos (filmados) e da
interação entre a pesquisadora e os sujeitos da pesquisa. A etapa de transcrição dos
depoimentos originou um arquivo extenso do qual emergiu as categorias do mapa
de associação de idéias. Os depoimentos foram agrupados em categorias de acordo
com os objetivos estabelecidos no início da pesquisa como: sofrimento/adoecimento;
58
corpo; acupuntura; trabalho; razões da aceitação e mudanças. Este artigo tratará
das categorias: sofrimento/adoecimento; corpo e mudanças.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A fim de caracterizar ainda mais as categorias pertencentes ao mapa de
associação de idéias, criou-se sub-categorias, que expressam dados relevantes
encontrados
ao
longo
do
discurso
das
pacientes,
como
na
categoria
adoecimento/sofrimento: dor, inutilidade, choro e depressão; na corpo: inutilidade,
choro e depressão; na acupuntura: melhora da dor, indicariam a acupuntura; na
trabalho: inutilidade, choro, limitação/incapacidade, depressão; na razões da
aceitação: não conheciam; se fariam novamente e na categoria mudanças: melhora
do sono, diminuição da dor e ânimo.
Análise Global a partir das categorias
A elaboração das categorias apresenta-se como uma forma de caracterizar
o discurso das pacientes. Assim na categoria adoecimento/sofrimento emergem
suas angústias, frustrações e como sentiam o sofrimento e o adoecimento; na do
corpo expressam a visão que tinham do seu corpo antes e após o adoecimento; na
categoria acupuntura emergem impressões sobre a técnica, conhecimentos prévios;
na categoria trabalho refletem o sentido do trabalho antes e após a doença, e como
se sentiam e se sentem exercendo suas funções laborativas; na categoria razões da
aceitação emergem sentidos sobre o desconhecimento a cerca da técnica e a
confiança que desenvolvem para com ela; como última categoria “mudanças
percebidas ao longo das sessões” expressam melhora do sono, diminuição da dor e
ânimo.
Estas informações foram classificadas em sub-categorias que encontram-se
no Quadro 1, onde na categoria sofrimento/adoecimento, a sub-categoria com maior
correspondência foi a de dor, seguida pela sensação de inutilidade e depressão; na
sub-categoria melhora da dor, pertencente a categoria acupuntura, 100% das
pacientes referiam melhora da dor e que indicariam a técnica para outras pessoas; e
na categoria mudanças, 100% das pacientes referiram melhora do sono e
diminuição da dor. Isto evidencia os benefícios da acupuntura do ponto de vista das
pacientes da pesquisa.
59
Adoecimento/sofrimento
Ao se trabalhar com definições como dor e sofrimento, é necessário o
entendimento de seus significados, e de que forma este estado se reflete na forma
do indivíduo se portar, perante os outros:
A dor é uma experiência em que a subjetividade se fecha sobre
si mesma, não existindo lugar para o outro no seu mal-estar. A
dor é uma experiência solipsista, restringindo-se o indivíduo a
si mesmo, não revelando nenhuma dimensão alteritária. A
interlocução com o outro fica assim coartada na dor, que se
restringe ao murmúrio e lamento, por mais intensa que seja.
Daí a passividade que sempre domina o indivíduo quando algo
dói, esperando que alguém tome uma atitude por ele. Se isso
não ocorre, a dor pode mortificar o corpo do indivíduo, minando
6
o somático e forjando o vazio da autoestima. (p.191)
Em contrapartida, o sofrimento é uma experiência alteritária 6, em outras
palavras, o outro está sempre presente para o ser que sofre. Denota-se uma
interlocução na experiência do sofrimento, e não uma atitude auto-suficiente e
narcísica, como na dor. A percepção do sofrimento alheio provoca um processo
afetivo,12 o acolhimento.
A doença e o adoecer expressam o modo de uma pessoa viver e de se
relacionar com o mundo. Esse adoecimento também traz consequências, uma vez
que ele “discrimina, estigmatiza e exclui”.7 A doença vêm à tona, carregada de
sensações, emerge o desconhecido, o omitido.15
Quando adoecemos temos a oportunidade de re-significarmos
conceitos que se tornaram vagos ou até mesmo automáticos
com o passar do tempo e que assumiram um significado
simbólico independente do contexto presente em que estamos
15
vivendo. (p.3).
Por meio dos discursos observa-se um sentimento comum nos sujeitos do
estudo: a sensação de inutilidade, em decorrência de não se sentirem mais úteis em
seus trabalhos, ou perceberem que apresentam limitações que impedem de realizar
atividades corriqueiras, que realizavam anteriormente, as quais compõem e
produzem o próprio sentido de suas existências. O discurso da paciente, na primeira
sessão e na décima sessão, evidencia que ao longo dos atendimentos sua postura
frente ao seu adoecimento e a sua condição atual, modificou-se:
Dor: 3 (início); 2,5 (final)
P: O que a senhora deixa de fazer por causa
dessa dor?
A1: Eu deixei de caminha, eu deixei de passear,
Dor: 3 (início); 2 (final)
P: Como percebe o sofrimento hoje?
A1: Não é uma coisa normal. Parece que eu
conheci mais o porquê da dor. Hoje me analiso
60
de me diverti. Eu deixei de limpa a casa, sai
mais, assim de vê as coisas na rua. Hoje em dia
eu só venho no médico e fico em casa assim.
P: E isso incomoda?
A1: Incomoda. A gente não vive, né. A gente
passa, é como assim se passa um dia do outro,
entendeu? E essa inutilidade, me incomoda. ...
Eu me sinto uma inútil.
bem mais.
Os sentidos que aí se produzem evidenciam que a paciente modificou a
forma como percebia a sua dor. Inicialmente, a dor era o que mais se salientava em
seu discurso. O que encontra-se presente no discurso das demais pacientes, onde
com o passar dos atendimentos perceberam que a dor e adoecimento eram
somente uma parte de toda essa engrenagem. Constata-se que à medida que se
percebiam de forma mais ampla, conseguiam entender o seu sofrimento de forma
diferente e vivê-lo também de forma diferente. Em outros termos, apesar do
sofrimento muitas vezes continuar existindo, são percebidas novas possibilidades.
Hoje apresentam uma percepção de si mesmo como alguém que apresenta certo
adoecimento, mas que não se resumem a este. Desse modo, conseguem vislumbrar
e perceber que o sofrimento não são elas, e sim que são pessoas que estão em
sofrimento,e que estão implicadas na própria produção destes modos de sofrimento.
Em outros termos, constata-se que finalmente percebem a própria implicação no
sofrimento.
Em outro depoimento, outra paciente também evidencia o sentimento de se
sentir inútil e a impossibilidade de realizar atividades que antes realizava. No último
dia de atendimento constata-se que a forma como a paciente percebia o sofrimento
se modificou, ao longo dos atendimentos, e aponta a perspectiva de melhora, que
antes não havia:
Dor: 2 (início); 0 (final)
P: Incomoda essa situação?
A8: Incomoda muito. Me sinto inútil. Tu vê as
pessoas fazendo as coisas e não pode faze. Às
vezes eu pego uma panela, e deixo cai no chão.
Dor: 3 (início); 0,5 (final)
P: Como percebe o sofrimento hoje?
A8: Hoje já melhorou. Consigo pensar eu vou
ficar bem. Eu vou ficar bem. Eu vou melhorar.
Constata-se o sentido de findar com a própria vida, tamanha era a sensação
de desamparo e desespero, na primeira sessão. Já na décima, constata-se que
passaram a encarar os sofrimentos e as frustrações noutra perspectiva: a de
enfrentar os fatos e tentar modificá-los. Ou seja, se sentiam parte atuante deste
processo, agora como sujeitos ativos e não mais somente como passivos.
61
Dor: 5 (início); 3 (final)
P: Como é que tu te sente nestes momentos?
A10: Uma pessoa tão minúscula.
(...)
Dor:: 5 (início); 1 (final)
P: Como percebe o sofrimento hoje?
A10: Hoje eu encaro o sofrimento. Eu não fujo
dele. Antes eu fugia. Ou usando ele para ser a
vítima. Ou não. Ficava lá. Eu não quero ver. Eu
não quero.
A10: Eu acho que se eu tivesse uma arma, eu
teria feito. Eu acho que era o único meio, eu falo
até hoje que seria o único meio, que seria uma
arma. Eu teria coragem.
A dicotomia “sofrimento e prazer” está sempre presente quando se
problematiza o trabalho. O prazer ocorre quando o trabalhador mobiliza todos os
recursos, a fim de resgatar o sentido do trabalho para si.19 Quando isso não ocorre,
o trabalhador é tolhido de ser sujeito de seu comportamento e insurge as desordens,
o sofrimento e dissociação.12,13
Esta visão trás a tona a participação do sujeito e seu papel frente à produção
de si mesmo e da perspectiva da construção de outro significado do adoecer na
experiência do corpo.22 Remete a ideia da integralidade, do olhar atento 18 frente a
esse encontro com o sujeito, e desta forma, construir uma abordagem
individualizada baseada no diálogo.
Defender a integralidade é defender antes de tudo que as
práticas em saúde no SUS sejam sempre intersubjetivas, nas
quais profissionais de saúde se relacionem com sujeitos, e não
com
objetos.
Práticas
intersubjetivas
envolvem
18
necessariamente uma dimensão dialógica. (p.1414)
Corpo
Para introduzir esta categoria, lança-se mão da seguinte citação, pois
expressa a forma como os sujeitos da pesquisa percebiam seus corpos:
Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com o
seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que
perdeu as chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada.
Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais
4
recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo. (p.11)
O corpo é a primeira vítima do sistema austero de produção,13 “o corpo é o
registro mais eminente no qual se enuncia o mal-estar”5 (p.175), como um “conjunto
de marcas impressas sobre e no organismo, pela inflexão promovida pelo Outro”6 (p.
62).
Projeta-se um corpo indefeso, oprimido e fragilizado pela impotência do
aparelho mental. De acordo com Bertherat4 “nosso corpo somos nós. É nossa única
62
realidade perceptível. Não se opõe à nossa inteligência, sentimentos, alma. Ele os
inclui e dá-lhes abrigo” 4 (p. 14). E que tomar consciência do corpo é “ter acesso ao
ser inteiro, pois corpo e espírito, psíquico e físico, e até força e fraqueza,
representam não a dualidade do ser, mas sua unidade”. 4 (p. 14).
Ao trabalhar com acupuntura, percebe-se partes não integradas dessa
pessoa que se apresenta fragmentada e com uma imagem corporal totalmente
dissociada.17
Sei que existo porque sinto as sensações de dor, desconforto
físico, mas não as reconheço como sendo Eu, pois não tenho
controle sobre essas sensações. Mas se as deixo, vivo a
15
sensação de não existir, então só me resta viver com elas.
(p.6)
A manifestação psicossomática transporta uma esperança de abrigar o
corpo na psique. Almeja-se o reestabelecimento do corpo.17
Na categoria corpo emergem depoimentos de pacientes que reforçam o
sentimento de não se sentirem úteis e o sentimento de não reconhecimento de si e
da posse de seu próprio corpo, nas primeiras entrevistas e questionamentos e, ao
final dos atendimentos, mais uma vez, evidencia-se a mudança de percepção:
Dor: 3 (início); 2,5 (final)
P: Como é que a senhora percebe o seu corpo?
A1: Agora?
P: Agora, antes...
A1: Aí eu me sinto uma pessoa de 90 anos. Eu
me sinto assim imprestável.
Dor: 3 (início); 0 (final)
P: Está percebendo o teu corpo de forma
diferente?
A7: Bem mais. Parece que eu só tinha o corpo
para doer. Em vez de eu procurar um meio de
aliviar, de.
Dor: 2 (início); 0 (final)
P: Como você percebia o seu corpo antes,
quando trabalhava?
A8: Antes me sentia mais gente.
P: E agora como à senhora vê?
A8: Um lixo.
Dor: 5 (início); 1 (final)
P: Como percebe o corpo hoje?
A10: Vendo meu corpo de forma diferente. De
saber que eu sentia dor, mas não tenho que
aceitar. Eu saber reconhecer. Me conhecer. Eu
também fazer um diagnóstico da minha dor. Não
preciso. Eu não tenho que conviver.
Dor: 3 (início); 2 (final)
P: Como percebe o corpo hoje?
A2: Mais leve. Antes eu me sentia pesada. Sem
vontade até de caminhar. Aquela dor que eu
tinha podia não ser tão forte, mas a cabeça não
ajudava. Aquilo era um terror para mim.
Os depoimentos salientam a transformação na forma de perceberem seus
corpos bem como expressam a descoberta de uma nova forma de encarar a
realidade, que nos remete a uma citação de Bertherat4:
Em vez de ficar sempre falando de si, de pensar de sentir
portanto só por meio das palavras, resolve escutar as sutis e
variadas mensagens do corpo. Descobre que o corpo é ele
mesmo e que vai mais além; que é mais rico e profundo que as
63
palavras. Descobre que pode interromper o monólogo contínuo
do seu pensamento e provar a si mesmo o que existe através
das sensações. Assim descobre uma nova linguagem, uma
linguagem de amor que lhe é própria e cuja única fonte de
4
referência é o corpo. (p. 184)
E quando perguntadas sobre como percebiam a diferença desde o início do
tratamento, os depoimentos demonstraram toda a mudança apresentada na forma
de encarar seu corpo, seus sofrimentos e suas frustrações.
Dor: 3 (início); 0 (final)
A7: Olha. Acho que noventa por cento eu me encontrei. Me
encontrei aqui. (...) De valorizar outras coisas. Te sentir. Tu te
encontrar. O teu Eu. (...) E não supervalorizar a dor.
Dor: 3 (início); 2 (final)
P: O que tu acha que modificou?
A1: Eu acho que deixei de ver tanta gravidade. Supervalorizar
a dor. (...).
Dor: 5 (início); 1 (final)
P: E hoje quais são as mudanças que percebe?
A10: Maravilhada hoje. E as mudanças principalmente no meu
emocional. Cabeça.
Ressalta-se, sobretudo, que os sentidos produzidos demonstram que não
apenas houve modificação e redução da dor, mas mudança na perspectiva destes
sujeitos voltarem a acreditar que são muito mais do que uma dor, ou uma limitação.
Em outros termos, expressam que, apesar da dor muitas vezes continuar existindo e
persistindo, conseguem perceber que suas vidas significam muito mais do que isso.
Conseguem vislumbrar outras possibilidades que, enquanto colocavam a dor como
fator preponderante e central nas suas existências, não conseguiam perceber. Hoje,
cada uma destas participantes percebe que pode haver instrumentos para amenizar
estes incômodos, e que podem continuar se sentindo pertencentes à sociedade, se
sentindo produtoras de seu próprio bem-estar.
Para Dejours, o sofrimento é “inevitável e ubíquo”,14 e está em toda a parte.
A origem do sofrimento, por sua vez, tem suas raízes na história de cada pessoa,
isto é, depende da construção social e psíquica de cada pessoa.
E, para compreendermos realmente as patologias, precisamos ter em mente
que:
A situação que precipita o sujeito na doença se reveste, para
esse doente, de uma situação afetiva particular, porque ela
está ligada a seu passado ou a uma problemática conflitual não
resolvida. É em função desses vínculos que ela tem, para ele,
2
um efeito de estresse. (p. 202)
64
Ao nos depararmos com um ser humano, ao interagir com ele, somos
afetados e afetamos e nenhuma emoção é eterna ou engessada em nosso corpo. 11
Esta forma de abordagem, possibilita o olhar integrador e promotor de saúde,
através da integração de saberes e técnicas, da acupuntura e da relação de
aspectos psicológicos que se expressam no corpo e no comportamento social.
Inicialmente, cada sujeito centrava-se na dor e não no sofrimento. A dor volta a se
transformar em sofrimento,5 através da interação com o outro, e da percepção de
que a dor finda por isolar o indivíduo.
A pesquisa realizada nos mostra que urge a necessidade de se repensar a
forma e as medidas que possibilitariam a promoção da saúde para sujeitos em
estado de dor e sofrimento, colocando a acupuntura como uma possibilidade real de
melhora da sensação de bem-estar. Para além da análise qualitativa realizada nesta
pesquisa, os dados quantitativos relacionados à escala de dor de Borg, também
colhidos, evidenciam a melhora do quadro de dor e sensação de bem-estar.
Matos18 nos possibilita evidenciar a correlação entre o princípio do SUS, a
integralidade e a perspectiva da acupuntura frente ao sujeito, onde os projetos
terapêuticos, fundamentados na integralidade e construídos no âmbito da coparticipação, através do diálogo entre paciente e profissional da saúde, guardam
como característica chave a capacidade de compreender o contexto destes
encontros.
A introdução da acupuntura e a abordagem que a autora adota na pesquisa,
buscando além da técnica com a colocação das agulhas nos locais adequados, a
importância do escutar o sujeito, da interação e do diálogo, possibilitou uma
mudança na forma dos pacientes encararem o adoecimento/sofrimento, o corpo,
além da redução do quadro álgico. Os encontros/sessões findaram por sustentar
processos de co-construção do projeto do cuidado de si, possibilitando além da
sensação de bem-estar, a promoção de saúde nos seus processos de vida.
Contagem de palavras: 3416
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67
Quadro 1. Análise Global a partir das categorias
Categorias
Sofrimento/
adoecimento
Corpo
Acupuntura
Trabalho
Razões da
aceitação
Mudanças
Sub-categorias
Dor
A1
•
Inutilidade
Choro
Depressão
Inutilidade
Choro
Depressão
Melhora da dor
Indicariam
Inutilidade
Choro
Limitações/
incapacidade
Depressão
Já conheciam
•
Não conheciam
Se fariam
novamente
Melhora do sono
Diminuição da
dor
Ânimo
•
•
•
•
A2
•
A3
•
•
•
•
•
A4
•
A5
•
A6
•
A7
•
•
•
•
A8
•
A9
•
•
•
•
A10
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
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•
•
•
•
•
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•
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•
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•
•
•
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•
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•
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•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
68
1.1 NORMAS DA REVISTA DE SAÚDE PÚBLICA
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
ISSN 0034-8910 versão
impressa
ISSN 1518-8787 versão on-line
Categorias de artigos
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Processo de julgamento dos manuscritos
Preparo dos manuscritos
Suplementos
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Documentos
Taxa de Publicação
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Artigos Originais
Incluem estudos observacionais, estudos experimentais ou quase-experimentais, avaliação de
programas, análises de custo-efetividade, análises de decisão e estudos sobre avaliação de
desempenho de testes diagnósticos para triagem populacional. Cada artigo deve conter objetivos
e hipóteses claras, desenho e métodos utilizados, resultados, discussão e conclusões.
Incluem também ensaios teóricos (críticas e formulação de conhecimentos teóricos relevantes) e
artigos dedicados à apresentação e discussão de aspectos metodológicos e técnicas utilizadas na
pesquisa em saúde pública. Neste caso, o texto deve ser organizado em tópicos para guiar os
leitores quanto aos elementos essenciais do argumento desenvolvido.
Recomenda-se ao autor que antes de submeter seu artigo utilize o "checklist" correspondente:
CONSORT checklist e fluxograma para ensaios controlados e randomizados
STARD checklist e fluxograma para estudos de acurácia diagnóstica
MOOSE checklist e fluxograma para meta-análise
QUOROM checklist e fluxograma para revisões sistemáticas
STROBE para estudos observacionais em epidemiologia
Informações complementares:
Devem ter até 3.500 palavras, excluindo resumos, tabelas, figuras e referências.
As tabelas e figuras, limitadas a 5 no conjunto, devem incluir apenas os dados
imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas. As figuras não devem repetir
dados já descritos em tabelas.
As referências bibliográficas, limitadas a cerca de 25, devem incluir apenas
aquelas estritamente pertinentes e relevantes à problemática abordada. Deve-se
evitar a inclusão de número excessivo de referências numa mesma citação.
Citações de documentos não publicados e não indexados na literatura científica
(teses, relatórios e outros) devem ser evitadas. Caso não possam ser
69
substituídas por outras, não farão parte da lista de referências bibliográficas,
devendo ser indicadas nos rodapés das páginas onde estão citadas.
Os resumos devem ser apresentados no formato estruturado, com até 300 palavras, contendo os
itens: Objetivo, Métodos, Resultados e Conclusões. Excetuam-se os ensaios teóricos e os artigos
sobre metodologia e técnicas usadas em pesquisas, cujos resumos são no formato narrativo, que,
neste caso, terão limite de 150 palavras.
A estrutura dos artigos originais de pesquisa é a convencional: Introdução, Métodos, Resultados
e Discussão, embora outros formatos possam ser aceitos. A Introdução deve ser curta, definindo
o problema estudado, sintetizando sua importância e destacando as lacunas do conhecimento que
serão abordadas no artigo. As fontes de dados, a população estudada, amostragem, critérios de
seleção, procedimentos analíticos, dentre outros, devem ser descritos de forma compreensiva e
completa, mas sem prolixidade. A seção de Resultados deve se limitar a descrever os resultados
encontrados sem incluir interpretações/comparações. O texto deve complementar e não repetir o
que está descrito em tabelas e figuras. A Discussão deve incluir a apreciação dos autores sobre
as limitações do estudo, a comparação dos achados com a literatura, a interpretação dos autores
sobre os resultados obtidos e sobre suas principais implicações e a eventual indicação de
caminhos para novas pesquisas. Trabalhos de pesquisa qualitativa podem juntar as partes
Resultados e Discussão, ou mesmo ter diferenças na nomeação das partes, mas respeitando a
lógica da estrutura de artigos científicos.
Comunicações Breves - São relatos curtos de achados que apresentam interesse para a saúde
pública, mas que não comportam uma análise mais abrangente e uma discussão de maior fôlego.
Informações complementares
Devem ter até 1.500 palavras (excluindo resumos tabelas, figuras e referências)
uma tabela ou figura e até 5 referências.
Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos
originais, exceto quanto ao resumo, que não deve ser estruturado e deve ter até
100 palavras.
ARTIGOS DE REVISÃO
Revisão sistemática e meta-análise - Por meio da síntese de resultados de estudos originais,
quantitativos ou qualitativos, objetiva responder à pergunta específica e de relevância para a
saúde pública. Descreve com pormenores o processo de busca dos estudos originais, os critérios
utilizados para seleção daqueles que foram incluídos na revisão e os procedimentos empregados
na síntese dos resultados obtidos pelos estudos revisados (que poderão ou não ser procedimentos
de meta-análise).
Revisão narrativa/crítica - A revisão narrativa ou revisão crítica apresenta caráter descritivodiscursivo, dedicando-se à apresentação compreensiva e à discussão de temas de interesse
científico no campo da Saúde Pública. Deve apresentar formulação clara de um objeto científico
de interesse, argumentação lógica, crítica teórico-metodológica dos trabalhos consultados e
síntese conclusiva. Deve ser elaborada por pesquisadores com experiência no campo em questão
ou por especialistas de reconhecido saber.
Informações complementares:
Sua extensão é de até 4.000 palavras.
70
O formato dos resumos, a critério dos autores, será narrativo, com até 150
palavras. Ou estruturado, com até 300 palavras.
Não há limite de referências.
COMENTÁRIOS
Visam a estimular a discussão, introduzir o debate e "oxigenar" controvérsias sobre aspectos
relevantes da saúde pública. O texto deve ser organizado em tópicos ou subitens destacando na
Introdução o assunto e sua importância. As referências citadas devem dar sustentação aos
principais aspectos abordados no artigo.
Informações complementares:
Sua extensão é de até 2.000 palavras, excluindo resumos, tabelas, figuras e
referências
O formato do resumo é o narrativo, com até 150 palavras.
As referências bibliográficas estão limitadas a cerca de 25
Publicam-se também Cartas Ao Editor com até 600 palavras e 5 referências.
Autoria
O conceito de autoria está baseado na contribuição substancial de cada uma das pessoas listadas
como autores, no que se refere sobretudo à concepção do projeto de pesquisa, análise e
interpretação dos dados, redação e revisão crítica. A contribuição de cada um dos autores deve
ser explicitada em declaração para esta finalidade (ver modelo). Não se justifica a inclusão de
nome de autores cuja contribuição não se enquadre nos critérios acima. A indicação dos nomes
dos autores logo abaixo do título do artigo é limitada a 12; acima deste número, os autores são
listados no rodapé da página.
Os manuscritos publicados são de propriedade da Revista, vedada tanto a reprodução,
mesmo que parcial, em outros periódicos impressos. Resumos ou resenhas de artigos
publicados poderão ser divulgados em outros periódicos com a indicação de links para o
texto completo, sob consulta à Editoria da RSP. A tradução para outro idioma, em
periódicos estrangeiros, em ambos os formatos, impresso ou eletrônico, somente poderá
ser publicada com autorização do Editor Científico e desde que sejam fornecidos os
respectivos créditos.
Processo de julgamento dos manuscritos
Os manuscritos submetidos que atenderem às "instruções aos autores" e que se coadunem com a
sua política editorial são encaminhados para avaliação.
71
Para ser publicado, o manuscrito deve ser aprovado nas três seguintes fases:
Pré-análise: a avaliação é feita pelos Editores Científicos com base na originalidade,
pertinência, qualidade acadêmica e relevância do manuscrito para a saúde pública.
Avaliação por pares externos: os manuscritos selecionados na pré-análise são submetidos à
avaliação de especialistas na temática abordada. Os pareceres são analisados pelos editores, que
propõem ao Editor Científico a aprovação ou não do manuscrito.
Redação/Estilo: A leitura técnica dos textos e a padronização ao estilo da Revista finalizam o
processo de avaliação.
O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento.
Manuscritos recusados, mas com a possibilidade de reformulação, poderão retornar como novo
trabalho, iniciando outro processo de julgamento.
Preparo dos manuscritos
Devem ser digitados em extensão .doc, .txt ou .rtf, com letras arial, corpo 12, página em
tamanho A-4, incluindo resumos, agradecimentos, referências e tabelas.
Todas as páginas devem ser numeradas.
Deve-se evitar no texto o uso indiscriminado de siglas, excetuando as já conhecidas.
Os critérios éticos da pesquisa devem ser respeitados. Para tanto os autores devem explicitar
em Métodos que a pesquisa foi conduzida dentro dos padrões exigidos pela Declaração de
Helsinque e aprovada pela comissão de ética da instituição onde a pesquisa foi realizada.
Idioma
Aceitam-se manuscritos nos idiomas português, espanhol e inglês. Para aqueles submetidos em
português oferece-se a opção de tradução do texto completo para o inglês e a publicação
adicional da versão em inglês em meio eletrônico. Independentemente do idioma empregado,
todos manuscritos devem apresentar dois resumos, sendo um em português e outro em inglês.
Quando o manuscrito for escrito em espanhol, deve ser acrescentado um terceiro resumo nesse
idioma.
Dados de identificação
a) Título do artigo - deve ser conciso e completo, limitando-se a 93 caracteres, incluindo
espaços. Deve ser apresentada a versão do título em inglês.
b) Título resumido - com até 45 caracteres, para fins de legenda nas páginas impressas.
72
c) Nome e sobrenome de cada autor, seguindo formato pelo qual é indexado.
d) Instituição a que cada autor está afiliado, acompanhado do respectivo endereço (uma
instituição por autor).
e) Nome e endereço do autor responsável para troca de correspondência.
f) Se foi subvencionado, indicar o tipo de auxílio, o nome da agência financiadora e o respectivo
número do processo.
g) Se foi baseado em tese, indicar o nome do autor, título, ano e instituição onde foi apresentada.
h) Se foi apresentado em reunião científica, indicar o nome do evento, local e data da realização.
Descritores - Devem ser indicados entre 3 e 10, extraídos do vocabulário "Descritores em
Ciências da Saúde" (DeCS), quando acompanharem os resumos em português, e do Medical
Subject Headings (MeSH), para os resumos em inglês. Se não forem encontrados descritores
disponíveis para cobrirem a temática do manuscrito, poderão ser indicados termos ou expressões
de uso conhecido.
Agradecimentos - Devem ser mencionados nomes de pessoas que prestaram colaboração
intelectual ao trabalho, desde que não preencham os requisitos para participar da autoria. Deve
haver permissão expressa dos nomeados (ver documento Responsabilidade pelos
Agradecimentos). Também podem constar desta parte agradecimentos a instituições quanto ao
apoio financeiro ou logístico.
Referências - As referências devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas e normalizadas
de acordo com o estilo Vancouver. Os títulos de periódicos devem ser referidos de forma
abreviada, de acordo com o Index Medicus, e grafados no formato itálico. No caso de
publicações com até 6 autores, citam-se todos; acima de 6, citam-se os seis primeiros, seguidos
da expressão latina "et al".
Exemplos:
Fernandes LS, Peres MA. Associação entre atenção básica em saúde bucal e indicadores
socioeconômicos municipais. Rev Saude Publica. 2005;39(6):930-6.
Forattini OP. Conceitos básicos de epidemiologia molecular. São Paulo: Edusp; 2005.
Karlsen S, Nazroo JY. Measuring and analyzing "race", racism, and racial discrimination. In:
Oakes JM, Kaufman JS, editores. Methods in social epidemiology. San Francisco: Jossey-Bass;
2006. p. 86-111.
Yevich R, Logan J. An assessment of biofuel use and burning of agricultural waste in the
developing world. Global Biogeochem Cycles. 2003;17(4):1095, DOI:10.1029/2002GB001952.
42p.
Zinn-Souza LC, Nagai R, Teixeira LR, Latorre MRDO, Roberts R, Cooper SP, et al . Fatores
associados a sintomas depressivos em estudantes do ensino médio de São Paulo, Brasil. Rev
Saude Publica. 2009; 42(1):34-40.
73
Para outros exemplos recomendamos consultar o documento "Uniform Requirements for
Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Medical Publication"
(http://www.icmje.org).
Comunicação pessoal, não é considerada referência bibliográfica. Quando essencial, pode ser
citada no texto, explicitando em rodapé os dados necessários. Devem ser evitadas citações de
documentos não indexados na literatura científica mundial e de difícil acesso aos leitores, em
geral de divulgação circunscrita a uma instituição ou a um evento; quando relevantes, devem
figurar no rodapé das páginas que as citam. Da mesma forma, informações citadas no texto,
extraídas de documentos eletrônicos, não mantidas permanentemente em sites, não devem fazer
parte da lista de referências, mas podem ser citadas no rodapé das páginas que as citam.
Citação no texto: Deve ser indicado em expoente o número correspondente à referência listada.
Deve ser colocado após a pontuação, nos casos em que se aplique. Não devem ser utilizados
parênteses, colchetes e similares. O número da citação pode ser acompanhado ou não do(s)
nome(s) do(s) autor(es) e ano de publicação. Se forem citados dois autores, ambos são ligados
pela conjunção "e"; se forem mais de dois, cita-se o primeiro autor seguido da expressão "et al".
Exemplos:
Segundo Lima et al9 (2006), a prevalência se transtornos mentais em estudantes de medicina é
maior do que na população em geral.
Parece evidente o fracasso do movimento de saúde comunitária, artificial e distanciado do
sistema de saúde predominante.12,15
A exatidão das referências constantes da listagem e a correta citação no texto são de
responsabilidade do(s) autor(es) do manuscrito.
Tabelas - Devem ser apresentadas separadas do texto, numeradas consecutivamente com
algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. A cada uma deve-se atribuir um
título breve, não se utilizando traços internos horizontais ou verticais. As notas explicativas
devem ser colocadas no rodapé das tabelas e não no cabeçalho ou título. Se houver tabela
extraída de outro trabalho, previamente publicado, os autores devem solicitar autorização da
revista que a publicou , por escrito, parasua reprodução. Esta autorização deve acompanhar o
manuscrito submetido à publicação
Quadros são identificados como Tabelas, seguindo uma única numeração em todo o texto.
Figuras - As ilustrações (fotografias, desenhos, gráficos, etc.), devem ser citadas como figuras.
Devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram
citadas no texto; devem ser identificadas fora do texto, por número e título abreviado do
trabalho; as legendas devem ser apresentadas ao final da figura; as ilustrações devem ser
suficientemente claras para permitir sua reprodução, com resolução mínima de 300 dpi.. Não se
permite que figuras representem os mesmos dados de Tabela. Não se aceitam gráficos
apresentados com as linhas de grade, e os elementos (barras, círculos) não podem apresentar
volume (3-D). Figuras coloridas são publicadas excepcionalmente.. Nas legendas das figuras, os
símbolos, flechas, números, letras e outros sinais devem ser identificados e seu significado
esclarecido. Se houver figura extraída de outro trabalho, previamente publicado, os autores
devem solicitar autorização, por escrito, para sua reprodução. Estas autorizações devem
acompanhar os manuscritos submetidos à publicação.
74
Submissão online
A entrada no sistema é feita pela página inicial do site da RSP (www.fsp.usp.br/rsp), no menu do
lado esquerdo, selecionando-se a opção "submissão de artigo". Para submeter o manuscrito, o
autor responsável pela comunicação com a Revista deverá cadastrar-se. Após efetuar o cadastro,
o autor deve selecionar a opção "submissão de artigos" e preencher os campos com os dados do
manuscrito. O processo de avaliação pode ser acompanhado pelo status do manuscrito na opção
"consulta/ alteração dos artigos submetidos". Ao todo são oito situações possíveis:
Aguardando documentação: Caso seja detectada qualquer falha ou
pendência, inclusive se os documentos foram anexados e assinados, a secretaria
entra em contato com o autor. Enquanto o manuscrito não estiver de acordo
com as Instruções da RSP, o processo de avaliação não será iniciado.
Em avaliação na pré-análise: A partir deste status, o autor não pode mais
alterar o manuscrito submetido. Nesta fase, o editor pode recusar o manuscrito
ou encaminhá-lo para a avaliação de relatores externos.
Em avaliação com relatores: O manuscrito está em processo de avaliação
pelos relatores externos, que emitem os pareceres e os enviam ao editor.
Em avaliação com Editoria: O editor analisa os pareceres e encaminha o
resultado da avaliação ao autor.
Manuscrito com o autor: O autor recebe a comunicação da RSP para
reformular o manuscrito e encaminhar uma nova versão.
Reformulação: O editor faz a apreciação da nova versão, podendo solicitar
novos esclarecimentos ao autor.
Aprovado
Reprovado
Além de acompanhar o processo de avaliação na página de "consulta/ alteração dos artigos
submetidos", o autor tem acesso às seguintes funções:
"Ver": Acessar o manuscrito submetido, mas sem alterá-lo.
"Alterar": Corrigir alguma informação que se esqueceu ou que a secretaria da Revista
solicitou. Esta opção funcionará somente enquanto o status do manuscrito estiver em
"aguardando documentação".
"Avaliações/comentários": Acessar a decisão da Revista sobre o manuscrito.
"Reformulação": Enviar o manuscrito corrigido com um documento explicando cada correção
efetuada e solicitado na opção anterior.
Verificação dos itens exigidos na submissão:
1. Nomes e instituição de afiliação dos autores, incluindo e-mail e telefone.
2. Título do manuscrito, em português e inglês, com até 93 caracteres, incluindo os espaços entre
as palavras.
3. Título resumido com 45 caracteres, para fins de legenda em todas as páginas impressas.
4. Texto apresentado em letras arial, corpo 12, em formato Word ou similar (doc,txt,rtf).
75
5. Nomes da agência financiadora e números dos processos.
6. No caso de artigo baseado em tese/dissertação, indicar o nome da instituição e o ano de
defesa.
7. Resumos estruturados para trabalhos originais de pesquisa, português e inglês, e em espanhol,
no caso de manuscritos nesse idioma.
8. Resumos narrativos originais para manuscritos que não são de pesquisa nos idiomas português
e inglês, ou em espanhol nos casos em que se aplique.
9. Declaração, com assinatura de cada autor, sobre a "responsabilidade de autoria"
10. Declaração assinada pelo primeiro autor do manuscrito sobre o consentimento das pessoas
nomeadas em Agradecimentos.
11. Documento atestando a aprovação da pesquisa por comissão de ética, nos casos em que se
aplica. Tabelas numeradas seqüencialmente, com título e notas, e no máximo com 12 colunas.
12. Figura no formato: pdf, ou tif, ou jpeg ou bmp, com resolução mínima 300 dpi; em se
tratando de gráficos, devem estar em tons de cinza, sem linhas de grade e sem volume.
13. Tabelas e figuras não devem exceder a cinco, no conjunto.
14. Permissão de editores para reprodução de figuras ou tabelas já publicadas.
15. Referências normalizadas segundo estilo Vancouver, ordenadas alfabeticamente pelo
primeiro autor e numeradas, e se todas estão citadas no texto.
Suplementos
Temas relevantes em saúde pública podem ser temas de suplementos. A Revista publica até dois
suplementos por volume/ano, sob demanda.
Os suplementos são coordenados por, no mínimo, três editores. Um é obrigatoriamente da RSP,
escolhido pelo Editor Científico. Dois outros editores-convidados podem ser sugeridos pelo
proponente do suplemento.
Todos os artigos submetidos para publicação no suplemento serão avaliados por revisores
externos, indicados pelos editores do suplemento. A decisão final sobre a publicação de cada
artigo será tomada pelo Editor do suplemento que representar a RSP.
O suplemento poderá ser composto por artigos originais (incluindo ensaios teóricos), artigos de
revisão, comunicações breves ou artigos no formato de comentários.
Os autores devem apresentar seus trabalhos de acordo com as instruções aos autores disponíveis
76
no site da RSP.
Para serem indexados, tanto os autores dos artigos do suplemento, quanto seus editores devem
esclarecer os possíveis conflitos de interesses envolvidos em sua publicação. As informações
sobre conflitos de interesses que envolvem autores, editores e órgãos financiadores deverão
constar em cada artigo e na contra-capa da Revista.
Conflito de interesses
A confiabilidade pública no processo de revisão por pares e a credibilidade de artigos publicados
dependem em parte de como os conflitos de interesses são administrados durante a redação,
revisão por pares e tomada de decisões pelos editores.
Conflitos de interesses podem surgir quando autores, revisores ou editores possuem interesses
que, aparentes ou não, podem influenciar a elaboração ou avaliação de manuscritos. O conflito
de interesses pode ser de natureza pessoal, comercial, política, acadêmica ou financeira.
Quando os autores submetem um manuscrito, eles são responsáveis por reconhecer e revelar
conflitos financeiros ou de outra natureza que possam ter influenciado seu trabalho. Os autores
devem reconhecer no manuscrito todo o apoio financeiro para o trabalho e outras conexões
financeiras ou pessoais com relação à pesquisa. O relator deve revelar aos editores quaisquer
conflitos de interesse que poderiam influir em sua opinião sobre o manuscrito, e, quando couber,
deve declarar-se não qualificado para revisá-lo.
Se os autores não tiverem certos do que pode constituir um potencial conflito de interesses,
devem contatar a secretaria editorial da Revista.
Documentos
Cada autor deve ler, assinar e anexar os documentos: Declaração de Responsabilidade e
Transferência de Direitos Autorais (enviar este somente após a aprovação). Apenas a Declaração
de responsabilidade pelos Agradecimentos deve ser assinada somente pelo primeiro autor
(correspondente).
Documentos que devem ser anexados ao manuscrito no momento da submissão:
1.
2. Agradecimentos
Declaração
de
responsabilidade
Documento que deve ser enviado à Secretaria da RSP somente na ocasião da aprovação do
manuscrito para publicação:
77
3. Transferência de direitos autorais
1. Declaração de Responsabilidade
Segundo o critério de autoria do International Committee of Medical Journal Editors, autores
devem contemplar todas as seguintes condições: (1) Contribuí substancialmente para a
concepção e planejamento, ou análise e interpretação dos dados; (2) Contribuí
significativamente na elaboração do rascunho ou na revisão crítica do conteúdo; e (3) Participei
da aprovação da versão final do manuscrito.
No caso de grupo grande ou multicêntrico ter desenvolvido o trabalho, o grupo deve identificar
os indivíduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito. Esses indivíduos devem
contemplar totalmente os critérios para autoria definidos acima e os editores solicitarão a eles as
declarações exigidas na submissão de manuscritos. O autor correspondente deve indicar
claramente a forma de citação preferida para o nome do grupo e identificar seus membros.
Normalmente serão listados em rodapé na folha de rosto do artigo.
Aquisição de financiamento, coleta de dados, ou supervisão geral de grupos de pesquisa,
somente, não justificam autoria.
Todas as pessoas
responsabilidade.
relacionadas
como
autores
devem
assinar
declaração
de
MODELO
Eu, (nome por extenso), certifico que participei da autoria do manuscrito intitulado (título) nos
seguintes termos:
"Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade
pelo seu conteúdo."
"Certifico que o manuscrito representa um trabalho original e que nem este manuscrito, em parte
ou na íntegra, nem outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, foi
publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, quer seja no formato
impresso ou no eletrônico."
"Atesto que, se solicitado, fornecerei ou cooperarei totalmente na obtenção e fornecimento de
dados sobre os quais o manuscrito está baseado, para exame dos editores."
Contribuição: _______________________________________________________________
_________________________ ___________________
Local, data
Assinatura
78
Documentos
2. Declaração de Responsabilidade pelos Agradecimentos
Os autores devem obter permissão por escrito de todos os indivíduos mencionados nos
Agradecimentos, uma vez que o leitor pode inferir seu endosso em dados e conclusões. O autor
responsável pela correspondência deve assinar uma declaração conforme modelo abaixo.
MODELO
Eu, (nome por extenso), autor responsável pelo manuscrito intitulado (título):
Certifico que todas as pessoas que tenham contribuído substancialmente à
realização deste manuscrito mas não preenchiam os critérios de autoria, estão
nomeados com suas contribuições específicas em Agradecimentos no
manuscrito.
Certifico que todas as pessoas mencionadas nos Agradecimentos me forneceram
permissão por escrito para tal.
Certifico que, se não incluí uma sessão de Agradecimentos, nenhuma pessoa fez
qualquer contribuição substancial a este manuscrito.
_________________________
Local, Data
___________________
Asssinatura
3. Transferência de Direitos Autorais
Enviar o documento assinado por todos os autores na ocasião da aprovação do manuscrito.
A RSP não autoriza republicação de seus artigos, exceto em casos especiais. Resumos podem ser
republicados em outros veículos impressos, desde que os créditos sejam devidamente
explicitados, constando a referência ao artigo original. Todos as solicitações acima, assim como
pedidos de inclusão de links para artigos da RSP na SciELO em sites, devem ser encaminhados à
Editoria Científica da Revista de Saúde Pública.
MODELO
"Declaro que em caso de aceitação do artigo por parte da Revista de Saúde Pública concordo que
os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Faculdade de Saúde
Pública, vedado qualquer produção, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de
divulgação, impressa ou eletrônica, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e,
se obtida, farei constar o competente agradecimento à Faculdade de Saúde Pública e os créditos
correspondentes."
79
Autores:
______________________________________________________________
Título:
______________________________________________________________
_________________________
Local, Data
_________________________
Local, Data
___________________
Asssinatura
___________________
Asssinatura
Taxa de Publicação
A partir de Janeiro de 2012, a RSP instituirá uma taxa por artigo publicado. Esta taxa será paga
por todos os autores que tiverem seus manuscritos aprovados para publicação, excetuadas
situações excepcionais devidamente justificadas. Manuscritos submetidos antes de Janeiro de
2012 estarão isentos do pagamento da taxa. A taxa de publicação será utilizada para
complementar os recursos públicos que a Revista obtém da Faculdade de Saúde Pública, da
Universidade de São Paulo e de órgãos de apoio à pesquisa do Estado de São Paulo e do Brasil.
Esta complementação é essencial para assegurar a qualidade, impacto e agilidade do periódico,
em particular para manter várias melhorias introduzidas na RSP nos últimos anos, em particular
seu novo sistema eletrônico de submissão e avaliação de manuscritos, a revisão da redação
científica por especialistas com pós-graduação em Saúde Pública e a tradução para o Inglês de
todos os manuscritos não submetidos originalmente naquele idioma. Este último procedimento
permite a leitura no idioma Inglês de todos os artigos publicados pela RSP sem prejuízo da
leitura em Português dos artigos originalmente submetidos neste idioma, os quais representam a
maioria das contribuições divulgadas pela Revista. A taxa será de R$ 1.500,00 (US$ 850.00)
para artigos Originais, Comentários e Revisões e de R$ 1.000,00 (US$ 570.00) para
Comunicações Breves. Assim que o manuscrito for aprovado, o autor receberá instruções de
como proceder para o pagamento da taxa, bem como para, quando couber, solicitar isenção da
cobrança. A RSP fornecerá aos autores os documentos necessários para comprovar o pagamento
da taxa perante suas instituições de origem, programas de pós-graduação ou órgãos de fomento à
80
pesquisa.
Na submissão do manuscrito, após completar o cadastro, o autor deve ler e concordar com os
termos de originalidade, relevância e qualidade, bem como sobre a cobrança da taxa. Ao indicar
sua ciência desses itens, o manuscrito será registrado no sistema para avaliação.
Após a avaliação por relatores externos e aprovação pela Editoria, o autor receberá as instruções
para realizar o pagamento da taxa. Esta deverá ser depositada no Banco Santander, Agência
0201, Conta 43001186-4, no nome do Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública da USP.
Após efetuar o depósito, o comprovante deverá ser enviado por email ([email protected]) ou fax
(+55-11-3068-0539), informando o número do manuscrito aprovado e, caso necessite, o recibo a
ser emitido pelo CEAP.
81
2 ARTIGO 2
A acupuntura e promoção de saúde: uma análise a partir da espectroscopia no
infravermelho e da escala da dor*
The acupuncture and health promotion: an analysis from infrared spectroscopy and
range of pain*
* Elaborado conforme as normas da Revista de Saúde Pública
Área: Interdisciplinar
QUALIS-CAPES: A2
82
A acupuntura e promoção de saúde: uma análise a partir da espectroscopia no
infravermelho e da escala da dor*
The acupuncture and health promotion: an analysis from infrared spectroscopy and
range of pain
Título resumido: Análise da acupuntura a partir da espectroscopia no infravermelho
Analysis of the acupuncture from infrared spectroscopy
Andréa Cristina Costa1
Miria Suzana Burgos1,3
Hildegard Hedwig Pohl1,3
Valeriano Antonio Corbellini1,2
Edna Linhares Garcia1,4
1
Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde – UNISC
2
Departamento de Química e Física – UNISC
3
Departamento de Educação Física e Saúde – UNISC
4
Departamento de Psicologia – UNISC
Autor para correspondência:
Andréa Cristina Costa
Avenida Independência, 2293 – Bloco 42, sala 4206
Bairro Universitário – 96815-900 – Santa Cruz do Sul/RS
e-mail: [email protected]
[email protected]
83
RESUMO
Objetivo: Verificar possíveis adaptações metabólicas em trabalhadoras submetidas
à acupuntura usando espectroscopia no infravermelho (FT-IR) em associação com a
escala de dor.
Método: Foi realizada coleta de sangue periférico da polpa digital antes e após a 2ª,
5ª, 10ª sessão de acupuntura de cada paciente para análise metabólica global
via impressão digital, pela técnica de espectroscopia no infravermelho (FTIR). Os
estudos
de
análise
multivariada
foram
conduzidos
usando
o
programa
computacional PIROUETTE® 4.0 da INFOMETRIX.
Resultados: Ao confrontarmos as amostras de sangue coletadas antes e após os
atendimentos de acupuntura, e a escala de dor referida pelos mesmos, percebe-se
que os espectros e a intensidade da dor referida pelas pacientes apresentam boa
correlação acima de 0,8, em quatro pacientes, o que demonstra correlação entre o
discurso das pacientes e os dados espectrais.
Conclusão: A partir das adaptações metabólicas entre os indicadores bioquímicos e
a acupuntura, evidenciados na pesquisa, sugere-se que se realizem novos estudos
para verificar a reprodutibilidade dos dados encontrados na presente pesquisa, com
uma população maior.
Contagem de palavras: 168
ABSTRACT
Objective: To verify possible metabolic adaptations in women undergoing
acupuncture using infrared spectroscopy (FT-IR) associated with pain scale.
Method: peripheral blood collection of digital pulp before and after the 2nd, 5rd,
10TH session of acupuncture for each patient for metabolic analysis global track
digital printing, by the technique of infrared spectroscopy (FTIR). The studies of
multivariate analysis were conducted using the computer program PIROUETTE® 4.0
of INFOMETRIX.
Results: confronting the collected blood samples before and after the sessions of
acupuncture, and the scale of pain reported by the same, it is seen that the spectra
and the intensity of pain reported by patients show good correlation above 0.8 , in
84
four patients, which shows a correlation between the speech of patients and the
spectral data.
Conclusion: from the metabolic adaptations between the biochemical indicators and
acupuncture, as evidenced in the research, it is suggested that further studies to
verify the reproducibility of the data found in this research, with a larger population.
Word count: 163 words
Descritores: espectroscopia no infravermelho, acupuntura, escala da dor de Borg.
Descriptores: infrared spectroscopy, acupuncture, the pain scale of Borg.
Descriptores: espectroscopía infrarrojo, la acupuntura, la escala de dolor de Borg
INTRODUÇÃO
A acupuntura tem sido recomendada pela Organização Mundial da Saúde
(WHO), como complementação à medicina ocidental moderna, 20 além de trazer um
olhar alternativo na clínica ampliada e na promoção da saúde, preconizados na I
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em 1986, em Otawa. Este foco
encontra-se no presente estudo, que trata da acupuntura no tratamento da saúde do
trabalhador, com enfoque bioquímico, quando alia este método à análise de
espectroscopia, a partir do infravermelho e da escala da dor.
De acordo com Sierpina e Frenkel (2005)13, a ação da acupuntura ocorre
através
da
hiperestimulação
das
agulhas
que
ocasiona
uma
modulação
neuroquímica dos impulsos dolorosos na medula espinhal e no encéfalo, ou então,
promove uma desobstrução dos canais de energia (meridianos), tornando-os
condutores de energia entre o cosmos (Yang) e a terra (Ying), segundo a teoria
clássica chinesa.
Baseado nos fundamentos teóricos, a Medicina Tradicional Chinesa 19
entende que o ser humano não deve ser tomado como partes dissociadas, onde as
patologias (doenças) passam a ser compreendidas como órgãos doentes isolados;
pelo contrário, considera o homem na sua integralidade, em busca do equilíbrio, com
85
corpo e mente caminhando juntos harmonicamente, objetivando a manutenção da
saúde.
Dentro das ciências biológicas, as aplicações de FT-IR são numerosas,
diversificadas, e reconhecidas nas últimas décadas, quando combinadas com
adequadas estratégias de análise multivariada. É uma ferramenta de impressão
digital metabólica de rápida detecção e diagnóstico de doença ou disfunção.
3
Além
de ser uma ferramenta extremamente útil no monitoramento do plasma, pela
capacidade de determinar 26 concentrações plasmáticas de um único espectro com
uma pequena quantidade de sangue, o equivalente a uma alíquota extraída da polpa
digital, apresenta uma visão global do organismo humano.2
A espectroscopia no infravermelho é uma técnica usada para análise de
componentes orgânicos, gerados através das medidas químicas.15 A região
denominada por infravermelho corresponde à região do espectro situada na faixa de
onda de 14290 a 200 cm-¹ e está situada entre regiões do visível e das microondas.
12,1
A caracterização de uma substância submetida à espectroscopia no
infravermelho se faz através da formação de bandas, não pela característica
estrutural da molécula como um todo, mas sim, por suas porções, seus
grupamentos, e esta correlação fornece a conformidade da substância.14
Atualmente, a espectroscopia no infravermelho utilizada baseia-se em um
aparelho denominado espectrofotômetro no infravermelho com transformada em
Fourier (FTIR), podendo ser por reflexão difusa no infravermelho médio com
transformada de Fourier (DRIFTS). Essa radiação fornece informações qualitativas e
quantitativas
sobre
a
natureza
química
da
amostra.4 Caracteriza-se
pela
sensibilidade e reprodutibilidade, permite a determinação do conteúdo do sangue,
contemplando marcadores biológicos. Não só diferencia as células e tecidos com
base em suas propriedades espectrais, mas tem potencial para servir como uma
ferramenta de diagnóstico.18,15
É necessário avaliar a preparação da amostra bem como a manipulação de
espectros e tratamentos matemáticos.2 Os métodos multivariados são os mais
adequados, porque permitem um estudo com várias espécies ao mesmo tempo,
mesmo com a existência ou ausência de diferenças espectrais marcantes.6 Sendo
utilizada para determinar os metabólitos essenciais para determinada doença,
fortalece a utilização na medicina preventiva.7
86
A análise de componentes principais (PCA) é uma técnica de redução de
dados que, se condensam os dados originais com um grande número de variáveis
iniciais a um conjunto de dados com apenas algumas variáveis refletindo as
informações mais relevantes de análise.15
A análise hierárquica de agrupamentos (HCA) é uma ferramenta excelente
para análise preliminar dos dados, sendo útil para determinar a semelhança entre
objetos e identificar amostras anômalas5 e baseia-se no cálculo da distância no
espaço das variáveis.10,8
O trabalho de Wu e colaboradores21, com ressonância magnética e a
acupuntura, motivou a introdução da espectroscopia na pesquisa, onde neste
trabalho houve resultado positivo ao analisar os efeitos percebidos pela acupuntura.
E, sobretudo, pela abordagem holística22,16 da medicina tradicional chinesa que
busca harmonizar o corpo e o psíquico. Tal perspectiva vem ao encontro desta
técnica analítica, que adota um “top-down”, ou seja, estratégia para refletir a função
dos organismos de sistema terminal da rede metabólica e compreender as
alterações metabólicas de um sistema completo, causados por intervenções em
contexto holístico.
Assim o objetivo desse estudo foi verificar possíveis adaptações
metabólicas entre indicadores bioquímicos e procedimentos de acupuntura, usando
espectroscopia no infravermelho, com escala de dor em trabalhadoras submetidas à
acupuntura.
MÉTODO
Os dados foram coletados em 10 pacientes do sexo feminino, com
desordens musculoesqueléticas, em 10 sessões de acupuntura que cada paciente
se submeteu, duas vezes por semana, através de entrevista semi-estruturada e
escala de dor de Borg, na 2ª, 5ª e 10ª sessões, antes e após a aplicação da
acupuntura. A escala é utilizada quando objetiva-se acompanhar alterações da
intensidade da dor num mesmo indivíduo ou as respostas de uma mesma pessoa
pré e pós-tratamento.11
Para essa investigação, utilizou-se como critérios de inclusão o aceite do
sujeito, a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ter idade igual
ou superior a 18 anos, e apresentar vínculo com a UMREST - Unidade Municipal de
Referência em Saúde do Trabalhador, que trata da saúde do trabalhador. Como
87
critério de exclusão, o fato de terem se submetido a tratamento por acupuntura nos
últimos 12 meses, para que todos os sujeitos da pesquisa estivessem no mesmo
estágio, e desta forma, avaliar os efeitos, a partir deste contato iniciado nesta
pesquisa. Ressalta-se que não se considerou a idade e diagnóstico do paciente,
pois o objetivo era analisar a produção de sentidos a partir do contato destes com a
acupuntura na experiência da dor.
Para verificar as mudanças metabólicas ocorridas na análise sanguínea
utilizou-se a Análise por Agrupamento Hierárquico das triplicatas das 6 coletas de
cada paciente, com transformação das variáveis, correção de razão sinal ruído
(SNV) e normalização, pré-processamento das variáveis centrado na média, com
distância euclidiana e método de ligação flexível.
A coleta de sangue periférico foi realizada na polpa digital, antes e após a 2ª,
5ª, 10ª sessão de acupuntura de cada paciente, para análise metabólica global
via impressão digital metabólica (fingerprint), pela técnica de espectroscopia no
infravermelho (FTIR). Pacientes foram submetidos a duas coletas (antes e após uma
sessão de acupuntura) de 5 µL (em triplicata) de sangue periférico. As amostras de
sangue periférico de 5 mL foram depositadas em tubos eppendorfs com 100 mg de
brometo de potássio (grau espectroscópico) e liofilizados. Os espectros de amostras
de sangue liofilizado foram coletados, por espectroscopia de reflectância difusa no
infravermelho, com Transformada de Fourier (DRIFTS), com 32 pulsos de varredura
na faixa 4000-600 cm-1, 4 cm-1 de resolução, armazenados em absorbância
normalizada, e analisados por métodos de reconhecimento de padrões (análise por
agrupamento hierárquico-HCA). A técnica tem por objetivo encontrar adaptações
metabólicas com o procedimento da acupuntura em função do número de sessões e
informações espectrais que se associem com as impressões dos sentidos relatados
pelos pacientes e a escala de dor de Borg, coletada nas mesmas sessões. Os
estudos
de
análise
multivariada
foram
conduzidos,
usando
o
programa
computacional PIROUETTE® 4.0 da INFOMETRIX.
Para a análise por Agrupamento Hierárquico (HCA), foi elaborada a matriz
das replicatas dos espectros de cada amostra (6 coletas de cada paciente), com
transformação das variáveis, correção de razão sinal ruído (SNV), normalização,
pré-processamento das variáveis autoescalado usando o algoritmo de Ward (mínima
variância entre amostras).
88
Para a análise por Regressão por Mínimos Quadrados Parciais (PLS), foi
elaborada uma matriz, utilizando as médias aritméticas dos espectros das replicatas,
de cada amostra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1 Dados Clínicos
Como forma de caracterizar a amostra de pacientes, criou-se a Tabela 1,
como ferramenta para demonstrar aspectos clínicos do grupo de pacientes, que
apresentam como características gerais: serem do sexo feminino, idade que varia
dos 44 anos até os 60 anos e doenças osteomusculares.
2 Avaliação pela escala de dor
Percebe-se ao analisar a Figura 1, que as pacientes apresentaram sempre
redução do quadro de dor se comparada antes e após a acupuntura, com exceção
de algumas sessões onde o quadro álgico se manteve o mesmo, tanto antes como
após a acupuntura. Algumas pacientes apresentaram redução bastante significativa
do antes e após a acupuntura, como a paciente 7, na primeira sessão de
acupuntura. Esta paciente apresentou uma redução de 10 para 5, respectivamente
no início e final da sessão; e na quinta sessão de 10 para 3, respectivamente no
início e final da sessão.
Os dados relatados e analisados correspondem aos das pacientes que
demonstraram melhores correlações entre a análise metabólica e a escala da dor de
Borg, referida pelas participantes da pesquisa. É importante salientar que os dados
quantitativos necessitam ser correlacionado aos discursos das pacientes e a escala
de dor, para trazerem significados. Desta forma, destacamos os resultados dos
sujeitos analisados: P2, P4, P5 e P8, que obtiveram correlação acima de 0,8.
Paciente 2
89
Em relação a paciente 2, pode-se avaliar pelo dendrograma que o maior
impacto do contato com a acupuntura ocorre na primeira coleta de sangue, ou seja,
na segunda sessão, pelo agrupamento das amostras em espectros próximos, o que
também se evidencia quando se realiza a verificação da escala de dor de Borg, em
que a paciente iniciou a sessão com intensidade de dor 3, e ao final referiu
intensidade 0. Nas demais coletas, a variação entre a intensidade da dor não foi tão
significativa. Na segunda coleta sem variação (intensidade 3) e na última coleta
intensidade 3 no início e 2, ao final.
Paciente 4
A paciente 4, igualmente à paciente 2, também demonstra que o maior
impacto do contato com a acupuntura ocorre na primeira coleta de sangue, que
corresponde à segunda sessão de acupuntura. E em relação à escala de dor,
percebe-se o que foi apontado na análise metabólica, onde a paciente inicia, com
intensidade de dor 2 e finaliza com 0,5; e na segunda medição inicia com 3 e reduz
para 2; e na última avaliação, inicia com 1 e reduz para 0,5.
Paciente 5
A paciente 5, demonstra impacto tanto na primeira coleta, como na segunda.
Com resultados ainda melhores na segunda coleta, em que os espectros das
amostras agrupam-se de forma mais evidente no início e no final da sessão.
Infelizmente, na terceira coleta a paciente não pode comparecer, devido a uma
internação hospitalar na época, que não teve relação com a patologia
musculoesquelética e nem com o tratamento por acupuntura. E em relação à escala
de dor de Borg, na primeira coleta, a intensidade 3 não se modifica, tanto no início,
como no final da sessão, e na segunda coleta de 1 passa para 0,5, ao final da
sessão, o que se evidencia os dados no espectro.
.
Paciente 8
A paciente 8 demonstra uma melhor alinhamento dos dados espectrais na
primeira coleta, o que se percebe em relação à escala de dor; sendo que na primeira
coleta, a intensidade da dor varia de 5 para 0,5 ao final da sessão; na segunda
coleta de 5 para 1, ao final da sessão e na terceira coleta, de 3 para 0,5.
90
O que demonstra que nestas pacientes mencionadas anteriormente, o
“sangue indicou a mesma coisa que o discurso das pacientes”, evidenciando a
correlação entre a acupuntura, a análise metabólica e a escala de dor referida.
3 Análise por espectroscopia no infravermelho
Ao analisar a Figura 2, dos espectros das 10 pacientes, percebe-se que o
maior impacto foi o na primeira coleta de sangue, e que algumas pacientes
obtiveram uma semelhança maior entre as coletas, ou seja, as triplicatas da primeira
coleta se alinharam em grupo, o que caracteriza boa reprodutibilidade. As pacientes
em questão, P2, P4, P5 e P8, apresentaram essa mesma característica.
4 Análise por agrupamento hierárquico
Ao analisar a Figura 3, percebe-se novamente que as pacientes
apresentaram modificações metabólicas quando comparadas antes e após a
acupuntura, e que o maior impacto foi sempre na primeira coleta de sangue, ou seja,
na segunda sessão de acupuntura. Esta situação excetua-se na paciente 5, que
apresentou também a mesma característica na segunda coleta de sangue. E
novamente, as mesmas pacientes obtiveram resultados que demonstram que o
maior impacto foi na primeira coleta (P2, P4, P5 e P8). Os dados espectrais das
pacientes indicam que ao se agruparem as triplicatas da primeira coleta em grupos,
caracteriza que as modificações metabólicas foram percebidas com maior
intensidade na primeira coleta. O que de maneira nenhuma quer dizer que não
houve adaptações metabólicas nas demais coletas.
5 Análises de regressão por mínimos quadrados parciais
Como descreve o estudo de Ellis e Goodacre3, um espectro de
infravermelho de sangue contém muitas informações importantes e que precisam
ser descritas. Entretanto, não há necessidade de utilização de todas as bandas,
devendo-se selecionar aquelas em que há maior quantidade de informação química
relevante, isto é, com maior número de informações importantes para o estudo. Este
princípio, junto com a exclusão de amostras consideradas outliers, foi aplicado aos
conjuntos de dados em estudo sendo obtidos os modelos de regressão PLS, para
91
alguns parâmetros bioquímicos da amostra populacional, os quais se encontram
descritos na Tabela 2 junto com suas respectivas figuras de mérito.
Ao se analisar o coeficiente de correlação e o erro médio padrão, pretendese verificar se os dados espectrais encontrados obtêm boa reprodutibilidade e
correlação entre o sangue e a escala de Borg. Onde novamente as mesmas
pacientes acabaram por obter uma correlação boa, acima de 0,8. O que demonstra
que as mesmas apresentam boa correlação quando se analisa os dados sanguíneos
em comparação com o que as mesmas referiram através da escala de dor.
Quando se utiliza os dados com a faixa espectral otimizada, com exclusão
de outliers, percebe-se uma maior correlação entre os dados sanguíneos e a escala
de Borg, onde a correlação se aproxima de 1, o que demonstra que o relato das
pacientes em questão, quando aferiam o quadro álgico é bastante fidedigno. O que
demonstra que quanto maior a correlação, entre os dados espectrais e a escala de
Borg, maior a reprodutibilidade dos dados encontrados.
Ressaltamos que uma baixa correlação não destitui o relato da paciente de
seu valor significativo. Apenas demonstra que pode ter ocorrido interferências
quando a paciente referiu numericamente à intensidade da dor. O que pode ter
ocorrido pela dificuldade de aferir a intensidade quantitativamente, pela percepção
de corpo que apresentavam no início da pesquisa.
Segue abaixo as pacientes que apresentaram melhor correlação entre os
dados espectrais e a escala de Borg.
Paciente 2:
A paciente 2: ao analisar o coeficiente de correlação de validação cruzada
(R²) e a escala da dor obteve-se uma correlação de 0,975, e um erro médio padrão
de validação cruzada (RMSECV) baixo de 0,280, o que mostra que o discurso da
paciente, juntamente com espectro, apresenta informações que podem ser
confiáveis e que a paciente em questão seria uma boa candidata para ser analisada
em pesquisas futuras (Tabela 2).
Paciente 4
A paciente 4 apresenta como coeficiente de correlação de validação cruzada
(R²) de 0,974 e um erro médio padrão de validação cruzada (RMSECV) baixo de
0,2, o que também demonstra que a paciente poderia ser utilizada em outras
92
pesquisas futuras pela comprovação da correlação existente entre o discurso das
pacientes em relação à escala de dor de Borg e o espectro (Tabela 2).
Paciente 5
A paciente 5 obteve um coeficiente de correlação de validação cruzada (R²)
de 0,931 e um erro médio padrão de validação cruzada (RMSECV) de 0,427, o que
demonstra que, novamente, o discurso da paciente em relação à escala de dor
correlaciona-se de forma positiva com os dados espectrais encontrados, o que a
possibilita como candidata a novas pesquisas (Tabela 2).
Paciente 8
A paciente 8 obteve um coeficiente de correlação de validação cruzada (R²)
de 0,886 e um erro médio padrão de validação cruzada (RMSECV) de 0,533, o que
também a coloca como uma candidata a pesquisas futuras, pela correlação
existente entre os dados espectrais e o discurso da paciente referente à escala de
dor de Borg (Tabela 2).
Paciente com correlação acima de 0,6, mas com erro alto - Escala da dor X
Sangue
A paciente 7 apresenta um caso bastante interessante de se analisar, pois
apresenta um coeficiente de correlação de validação cruzada (R²) de 0,732, mas um
erro médio padrão de validação cruzada (RMSECV) de 2,527, significativamente
alto. Este dado poderia ser explicado por algum viés, tal como, uma dificuldade de
caracterizar o valor exato da dor, superestimando-a na escala de Borg, o que pode
ser sugerido pelos escores relatados na primeira coleta 9 e 5 no final; na segunda
coleta, 10 e 3 no final e na terceira coleta, 3 e 0 no final. Esta suposição poderia
explicar esse erro médio padrão tão elevado.
Pacientes com correlação baixa
Algumas pacientes podem ser classificadas como de baixa correlação,
sendo elas: paciente 1, com coeficiente de correlação de validação cruzada (R²) de
0,174 e erro médio padrão de validação cruzada (RMSECV) de 0,796; paciente 3,
93
com coeficiente de correlação de validação cruzada (R²) de 0,187 e erro médio
padrão de validação cruzada (RMSECV) de 1,065; paciente 6, com coeficiente de
correlação de validação cruzada (R²) de 0,298 e de erro médio padrão de validação
cruzada de 1,535; paciente 10, com coeficiente de correlação de validação cruzada
(R²) de 0,071 e erro médio padrão de validação cruzada (RMSECV) de 1,339. Isto
caracteriza esses sujeitos como ruins para correlação e nos convoca a investigar e
supor motivos para explicações, tais como: dificuldade de classificar a dor na escala
de Borg, dificuldade de perceber o próprio corpo. Este último dado pode ser
confirmado pelo discurso das pacientes.
P: Como percebe o corpo? Relação corpo e mente?
A3: Eu acho que o corpo sente uma coisa e a mente outra.
Acho que são separados. A mente pra mim são os meus
pensamentos, meus sentimentos. E o corpo é um membro que
tá me levando. Que eu me mantenho em pé. Caminho. Graças
a Deus.
Importante salientar que todos os pacientes apresentaram adaptações
sanguíneas ao serem submetidos a sessões de acupuntura, e referiram redução do
quadro de dor, mas alguns pacientes obtiveram uma correlação maior entre a
análise sanguínea e a escala de dor de Borg.
Por se tratar de um estudo novo, em que se compara a técnica da
espectroscopia por infravermelho e o tratamento da acupuntura, não se encontram
muitos trabalhos científicos a respeito. É importante ressaltar que nos estudos
encontrados mostram que a acupuntura é capaz de provocar analgesia. E, Wanq et
al. (2011)20, salienta que utilização da metabolômica pode contribuir para expressar
o significado científico da medicina baseada em evidências chinesas, pelo olhar
global que se faz, tanto pela acupuntura, como na metabolômica.
Os resultados encontrados, na presente pesquisa, evidenciam que os
resultados obtidos pela utilização da acupuntura foram positivos e que também
foram encontrados em um estudo com FMRI,
17
no qual os achados sugerem que a
acupuntura pode não só ativar uma rede do cérebro associados com a resposta
expectativa e placebo, mas também as regiões cerebrais implicadas no efeito real de
analgesia. Outro estudo de Napadow et al9, sugere que a acupuntura modula a
atividade no nível do tronco cerebral nos sistemas monoaminérgicos e opioidérgicos.
O presente trabalho conseguiu alcançar o objetivo inicial de verificar
possíveis adaptações metabólicas entre indicadores bioquímicos e procedimentos
94
de acupuntura, usando espectroscopia no infravermelho com escala de dor em
trabalhadoras submetidas à acupuntura. Os resultados demonstraram haver
alterações metabólicas, quando realizada comparação, antes e após a acupuntura e
que os mesmos apresentam correlação com a escala de dor de Borg, referida pelas
pacientes.
Desta forma, o presente trabalho serve como um norte, para que novas
pesquisas a respeito, com uma população ainda maior, a fim de verificar a
reprodutibilidade destes achados. Os dados quantitativos, para terem significado,
devem ser correlacionados com o discurso das pacientes, e nesta pesquisa
verificou-se que o sangue e a escala de dor “falaram” a mesma coisa.
Contagem de palavras: 3283
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96
Tabela 1: Características clínicas do grupo de pacientes femininas submetidas à 10
sessões de acupuntura
Paciente
1
Identificação
53 anos, estado civil divorciada, grau de
instrução 2º Grau Completo, profissão
técnica em enfermagem, moradora de
Santa Cruz do Sul. Em tratamento na
UMREST desde maio de 2006.
Diagnóstico clínico
Osteoatrose uncovertebral em
C3-C4, C4-C5, C5-C6; discopatia
degenerativa, de C3 a C7;
discopatia degenerativa de discos
intervertebrais de T11-T12, T12L1, L1-L2 e L2-L3; epicondilite
lateral; Síndrome do Túnel do
Carpo
2
60 anos, casada, faxineira, moradora de
Santa Cruz do Sul. Realiza atendimento
na Unidade desde março de 2003.
discopatia degenerativa C5-C6;
espondiloartrose, uncoartrose na
cervical.
3
57 anos, estado civil casada, profissão
trabalhava em fumageira e atualmente
dona de casa, residente em Santa Cruz
do Sul. Em tratamento na Unidade desde
novembro de 2006.
síndrome do túnel do carpo
bilateral, tendinite em membros
superiores
e
tenossinivites,
bursite nos membros superiores e
na coluna discopatia degenerativa
e osteófilos.
4
52 anos, casada, monitora de creche,
residente em Santa Cruz do Sul. Em
tratamento na Unidade desde julho de
2006.
bursite incipiente em ombro direito
e esquerdo; na coluna cervical
retificação da lordose fisiológica
cervical; lesão ligamentar, lesão
meniscal bilateral e sinovite
crônica.
5
59 anos, viúva, residente em Santa Cruz
do Sul. Em tratamento na Unidade desde
2005.
síndrome do Túnel do Carpo
bilateral, epicondilite bilateral e
fibromialgia.
6
50 anos, estado civil divorciada, função
profissional
empregada
doméstica,
residente em Santa Cruz do Sul. Em
tratamento na Unidade desde novembro
de 2008.
artrose
das
articulações
apófisárias, discopatia difusa na
coluna
cervical;
discopatia
degenerativa entre L2-L3 e L3-L4,
artrose e escoliose mobar dextroconvexa; artrose das articulações
interfalangeanas
distais
e
epicondilite lateral e medial.
7
52 anos, profissão servente, estado civil
casada. Em tratamento na Unidade
desde 2005.
tendinite em membro superior
direito.
8
46 anos, divorciada, servente de limpeza
em casas de família, residente em Santa
Cruz do Sul. Em tratamento na Unidade
desde setembro de 2010.
tendinopatia aguda em ombro
direito.
9
59 anos, estado civil casada, atualmente
aposentada,
mas
era
costureira,
moradora de Santa Cruz do Sul. Em
tratamento na Unidade desde setembro
de 2002.
discopatia degenerativa em L5-S1
com redução
do espaço
intervertebral; protusão discal
difusa em L4-L5 e polineuropatia
periférica
(polineurite)
de
evolução crônica.
97
10
44 anos, profissão costureira, estado civil
divorciada, residente em Santa Cruz do
Sul. Em tratamento na Unidade desde
junho de 2010.
síndrome do Túnel do Carpo
bilateral
e
comprometimento
radicular em C6 e C7 à direita.
98
10
9
Escala de Dor (Borg)
8
7
6
5
4
3
2
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Sessão de acupuntura
Figura 1: Escala de dor referida para cada paciente (0-10) em função da sessão de acupuntura.
início da sessão; = Final da sessão
=
99
sessão X
Log (1/R)
sessão V
sessão II
p
p = 0,05
início
fim
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
-1
Número de Onda (cm )
Figura 2: Espectros médios de reflectância difusa no infravermelho com transformada de Fourier de
sangue total de 10 pacientes referentes aos estágios final e inicial de três sessões de acupuntura,
com respectivos valores de p segundo teste t em função da frequência.
100
Figura 3: Dendrograma (segundo algoritmo de Ward) dos espectros médios de reflectância difusa
no infravermelho com transformada de Fourier de sangue total de 10 pacientes (1-10) referentes
aos estágios inicial (I) e final (F) de três sessões de acupuntura (1-3), na faixa espectral de 4000-1
2400 e 2200-750 cm .
101
Tabela 2 – Resultados de modelagem de PLS-DRIFTS entre replicatas de espectros FT-IR de
amostras de sangue total de pacientes (coletadas na 2ª, na 5ª e na 10ª sessão de acupuntura) e
escala de dor.
Paciente
1
2*
-1
2
Região Espectral (cm )
RMSECV R
VRA (%)
VL
4000-2400, 2200-750
0,796
0,174 98,83
3
4000-3400, 3200-3000, 2600-2500, 17000,280
0,975 99,72
6
1600, 1400-1300, 1200-900
3*
3900-2400, 2200-750
0,993
0,267 98,93
4
4*
4000-3900, 3800-3700, 3100-2800, 25000,200
0,974 99,75
7
2400, 2200-1700, 1600-1500, 1300-1000
4000-2400 e 2200-750
5*
0,427
0,931 97,36
2
4000-2400 e 2200-750
6
1,535
0,298 99,51
6
7*
4000-2400, 2200-2100, 1700-1500, 13002,527
0,732 98,84
5
750
4000-2400 e 2200-750
8
0,533
0,886 89,35
1
4000-2400, 2200-800
9*
4000-2400 e 2200-750
10
1,339
0,071 80,87
1
2
LEGENDA: RMSECV = erro médio padrão de validação cruzada; R = coeficiente de correlação de
validação cruzada; VRA = variância relativa acumulada; VL = variáveis latentes; C = Faixa espectral
completa; O = Faixa espectral otimizada. * = com exclusão de outliers.
102
CAPÍTULO IV
NOTA À IMPRENSA
103
Pesquisa avalia a acupuntura, como método para a promoção de saúde e analisa a
produção de sentidos, escala de dor e análise sanguínea através da espectroscopia no
infravermelho.
O Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde da UNISC divulga os resultados
da pesquisa “Acupuntura na saúde do trabalhador: um estudo sobre a introdução deste método
para a promoção da saúde”. A pesquisa é resultado da dissertação de mestrado realizada pela
aluna Andréa Cristina Costa. Os pesquisadores analisaram a produção de sentidos a partir do
tratamento com a acupuntura, além de verificar em análise metabólica do sangue no
infravermelho antes e após a acupuntura e a escala de dor de Borg.
Foram realizados dois tipos de estudos: o primeiro analisava a produção de sentidos
quando da introdução do método da acupuntura, através do discurso dos participantes da
pesquisa; o outro buscou verificar os dados espectrais antes e após a acupuntura e relacionar
com a escala de dor.
A partir da análise da produção de sentidos, pode-se verificar que as participantes da
pesquisa modificaram a forma de verem e sentirem seu adoecimento e sofrimento, e que ao
final da pesquisa ocorreu uma redução do quadro de dor. E os dados espectrais em relação a
escala da dor, mostraram que o sangue e o discurso das pacientes apresentava uma correlação
acima de 0,8 em 4 pacientes. Importante salientar que todas as pacientes apresentaram
adaptações metabólicas com a introdução da acupuntura e redução do quadro de dor.
Chegou-se à conclusão que, a acupuntura reduziu o quadro de dor destas pacientes da
UMREST, além de produzir modificação na forma de perceberem seu sofrimento e
adoecimento. As pacientes submetidas a este método puderam produzir outras vias de
experiências prazerosas de vida, apesar da doença, e passaram a ocupar um lugar de coconstrução dos processos de cuidado de si. A análise do sangue mostrou que a acupuntura
modifica o espectro do sangue. Desta forma, sugere-se a partir dos resultados encontrados na
pesquisa, a introdução da acupuntura em centros de saúde para não apenas redução de dor,
mas como método de promoção de saúde.
104
ANEXOS
105
ANEXOS DO PROJETO DE PESQUISA
ANEXO A
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
IDENTIFICAÇÃO DO PECIENTE:
N°:
DATA:
PESSOAL
Nome:________________________________________________ Data Nasc.:__________
Naturalidade:_______________ Estado civil:______________Filhos:_________________
Nível de Escolaridade: ____________________________
Endereço:__________________________________________________________________
Profissão:____________________________________Fone(s):_______________________
PROFISSIONAL
Situação Funcional: (
) Aposentado (a) (
) Pensionista
(
) Trabalhador (
)
Desempregado ( ) Outros
Rendimentos:
Atividades Desenvolvidas:
Renda Familiar:
1. O que significa a acupuntura para você? O que lhe vem à cabeça com a palavra
acupuntura?
2. Como você acredita que a acupuntura pode lhe auxiliar?
3. Fale sobre as razões que levaram você a se submeter ao tratamento por acupuntura.
4. Que diferença você percebe desde o início do tratamento até hoje?
5. Você conhece alguém que já tenha se submetido a um tratamento de acupuntura? Por
quê? O que a pessoa referia?
6. Qual o significado do trabalho em sua vida?
7. Como você percebe o seu corpo, hoje?
106
ANEXO B
ESCALA DE DOR DE BORG
NOME:
DATA:
1ª SESSÃO:
ANTES
DEPOIS DA ACUPUNTURA
5ª SESSÃO
ANTES
DEPOIS DA ACUPUNTURA
10ª SESSÃO:
ANTES
DEPOIS DA ACUPUNTURA
Escala CR10 de Borg
0 Absolutamente nada
"Sem D"
0,3
0,5 Extremamente fraco
Apenas perceptível
1 Muito Fraco
1,5
2 Fraco
Leve
2,5
3 Moderado
4
5 Forte
Intenso
6
7 Muito forte
8
9
10 Extremamente forte
"D Máx"
11
...
●
Máximo absoluto
O mais intenso possível
107
ANEXO C
Ao Coordenador do Comitê de Ética e Pesquisa
Santa Cruz do Sul, 22 de setembro de 2010
Prezado Coordenador
Eu, Andréa Cristina Costa, fisioterapeuta e especialista em Acupuntura pelo Projeto
Promoções e Assessoria – Centro de Estudos e Qualidade de Vida de POA e mestranda no
Programa de Pós-Graduação – Mestrado em promoção da Saúde – UNISC, e tendo como
orientadora da Dra. Edna Linhares Garcia e co-orientadoras Dra. Hildegard Hedwig Pohl e
Dra. Miria Suzana Burgos, solicito apreciação e aprovação no Comitê de ética em Pesquisa da
UNISC do projeto de pesquisa “Acupuntura na Saúde do Trabalhador: Um estudo sobre a
produção de sentidos acerca da introdução deste dispositivo para a Promoção da Saúde”. Os
sujeitos da pesquisa serão pacientes atendidos na Unidade Municipal de Referência em Saúde
do Trabalhador (UMREST) de Santa Cruz do Sul. O objetivo principal do projeto será
analisar a produção de sentidos desencadeada pela introdução da prática da acupuntura no
cuidado da Saúde do Trabalhador na UMREST de SCS/RS. A pesquisadora será responsável
pelos atendimentos de acupuntura na Unidade de Referência, e os mesmos ocorreram uma vez
por semana, totalizando 10 semanas de atendimentos, que serão realizados no ano de 2010.
Atenciosamente,
________________________________
_______________________________
Andréa Cristina Costa
Dra. Edna Linhares Garcia
(pesquisadora)
(orientadora)
_________________________________
Dra. Hildegard Hedwig Pohl
(co-orientadora)
________________________________
Dra. Miria Suzana Burgos
(co-orientadora)
108
ANEXO D
Santa Cruz do Sul, 22 de setembro de 2010
Ao
Comitê de Ética em Pesquisa
Da UNISC
Prezados Senhores
Eu, Marina Silva Gomes, Secretária de Saúde de Santa Cruz do Sul, conheço o protocolo de
pesquisa “Acupuntura na Saúde do Trabalhador: Um estudo sobre a produção de sentidos
acerca da introdução deste dispositivo para a Promoção da Saúde”, desenvolvido pela
pesquisadora e mestranda em Promoção da Saúde – UNISC Andréa Cristina Costa, e
orientadora pela Dra. Edna Linhares Garcia e Co-orientação Dra. Hildegard Hedwig Pohl e
Dra. Miria Suzana Burgos, bem como os objetivos e a metodologia de pesquisa que será
desenvolvida e autorizo o desenvolvimento de pesquisa na UMREST de Santa Cruz do
Sul/RS.
Atenciosamente,
___________________________________
Marina Silva Gomes
Secretária de Saúde de Santa Cruz do Sul/RS
109
ANEXO E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: “ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UM
ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DE SENTIDOS ACERCA DA INTRODUÇÃO
DESTE DISPOSITIVO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE”.
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa cujo objetivo principal é
analisar a produção de sentidos desencadeada pela introdução da prática da acupuntura no
cuidado da saúde do trabalhador, na UMREST de SCS/RS e os específicos, descrever os
depoimentos e sensações relatadas pelos pacientes a cada sessão de acupuntura, especificando
as modificações sentidas; identificar as transformações que os sujeitos apresentam nas formas
de perceber seu sofrimento, seus adoecimentos, seu corpo, suas relações ao longo do processo
de introdução do dispositivo da acupuntura; verificar o conhecimento sobre a acupuntura;
verificar adaptações metabólicas com o procedimento da acupuntura em função do número de
sessões e informações espectrais que se associem com as impressões dos sentidos relatados
pelos pacientes. Os benefícios principais desta pesquisa serão: facilitar a inserção da
Acupuntura na Saúde do Trabalhador, e demonstrar um novo dispositivo na Promoção da
Saúde.
Os procedimentos para realizar essa pesquisa serão: o usuário da UMREST que desejar
participar da pesquisa em questão deverá se comprometer a comparecer a Unidade por 10
sessão, duas vezes por semana, e em cada uma delas receberá atendimento de acupuntura. O
participante da pesquisa se comprometerá a responder questões de uma entrevista semiestruturada com questões referentes a análise dos sentidos desencadeados pela acupuntura. As
sessões terão duração de 30 minutos e serão filmadas e os depoimentos serão utilizados para
a análise do discurso, bem como utilizada a escala de dor de Borg na primeira, quinta e
décima sessão, no início e no final da mesma. O material utilizado para cada sessão de
acupuntura será de uso individual e o mesmo será descartado, ao final de cada sessão, bem
como o material para coleta de sangue periférico. Importante salientar que o participante da
pesquisa não pagará nenhum valor monetário pelos atendimentos recebidos.
Para realizar essa pesquisa será necessária a coleta de sangue, serão submetidos a
duas coletas (antes e após uma sessão de acupuntura) de 5 microlitros (em triplicata) de
sangue periférico em três momentos: na primeira, na quinta e na décima sessão. Coletando-se
sangue periférico da polpa digital antes e após algumas sessões de acupuntura de cada
110
paciente para análise metabólica global (metabolomics) via impressão digital metabólica
(fingerprint) pela técnica de espectroscopia no infravermelho (FTIR). As amostras de sangue
periférico de 5 mL serão depositadas em tubos eppendorfs com 100 mg de brometo de
potássio (grau espectroscópico) e liofilizados de uma gota, e o procedimento será realizado
pela própria pesquisadora na primeira, quinta e décima sessão, antes e após o atendimento de
acupuntura. Para a coleta de sangue, será utilizado material descartável e a pesquisadora
receberá treinamento para a realização da coleta, respeitando as normas de biossegurança. E o
paciente será questionado sobre o quadro álgico conforme Protocolo de Borg para Escala da
Dor, na primeira, quinta e décima sessão, antes e após o atendimento.
O participante da pesquisa terá introduzido em seu corpo agulhas descartáveis de
acupuntura que poderão desencadear sensações iniciais de calor, frio, ou um leve desconforto
inicial, mas que estão de acordo com os pressupostos da acupuntura. Essa sintomatologia
inicial desaparecerá em poucos segundos.
Todas as informações permanecerão em sigilo absoluto, para não expor os participantes
da pesquisa. As informações obtidas a partir dos questionários e das discussões serão apenas
utilizadas para fins de pesquisa. Os participantes da pesquisa serão identificados somente com
a inicial de seus nomes. A divulgação das informações (sem nenhum tipo de identificação dos
voluntários) se dará em publicações científicas especializadas.
Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo a
minha participação neste projeto de pesquisa, pois fui comunicado, de forma clara e
detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento e coerção, dos objetivos, da
justificativa, dos procedimentos que serei submetido, dos riscos, desconfortos e benefícios,
todos acima listados.
Fui, igualmente, informado:
- Da garantia de receber resposta a qualquer dúvida;
- Da liberdade de retirar meu consentimento, a qualquer momento, e deixar de participar do
estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu cuidado e tratamento; qualquer
pergunta ou esclarecimento a qualquer dúvida sobre os procedimentos, riscos, benefícios e
outros assuntos relacionados com a pesquisa;
- Da garantia de que não serão identificados quando da divulgação dos resultados e que as
informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos, vinculados ao presente
projeto de pesquisa;
111
- Do compromisso de proporcionar informação atualizada, obtida durante o estudo, ainda que
essa possa afetar a minha vontade em continuar participando;
- Da disponibilidade de tratamento médico e indenização, conforme estabelece a legislação,
caso existam danos a minha saúde, diretamente causados por esta pesquisa;
- De que se existirem gastos adicionais, serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa, sendo
reabsorvidas por este.
A pesquisadora responsável por este Projeto de Pesquisa é a fisioterapeuta, especialista
em acupunturista e mestranda do Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Promoção da
Saúde – UNISC, Andréa Cristina Costa (51) 37132069 e (51) 99625178). O presente
documento foi assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o voluntário da pesquisa
e a outra com a pesquisadora responsável.
Data: ____/_____/_____
______________________
Nome do participante
_______________________
Assinatura do participante
______________________
Assinatura do pesquisador
112
ANEXO F
Ao Comitê de Ética e Pesquisa da UNISC
Santa Cruz do Sul, 22 de setembro de 2010.
Prezados Senhores
Eu, Miria Suzana Burgos, responsável pelo Programa de Pós-Graduação – Mestrado em
Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, conheço o protocolo de
pesquisa “ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO SOBRE A
PRODUÇÃO DE SENTIDOS ACERCA DA INTRODUÇÃO DESTE DISPOSITIVO PARA
A PROMOÇÃO DA SAÚDE”, desenvolvido pela aluna e pesquisadora Andréa Cristina
Costa, e orientado pela Dra. Edna Linhares Garcia e co-orientado por Dra. Hildegard Hedwig
Pohl e Dra. Miria Suzana Burgos, bem como os objetivos e a metodologia da pesquisa que
será desenvolvida. Autorizo o desenvolvimento da pesquisa na instituição.
Atenciosamente,
__________________________________
Miria Suzana Burgos
(Coordenadora do PPGPS)
__________________________________
Andréa Cristina Costa
(Pesquisadora)
113
ANEXO G
Ao Comitê de Ética e Pesquisa da UNISC
Santa Cruz do Sul, 16 de outubro de 2010.
Prezados Senhores
Eu, Wolmar Alipio Severo Filho, Coordenador do Departamento de Química e Física da
Universidade de Santa Cruz do Sul, conheço o protocolo de pesquisa “ACUPUNTURA NA
SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DE SENTIDOS
ACERCA DA INTRODUÇÃO DESTE DISPOSITIVO PARA A PROMOÇÃO DA
SAÚDE”, desenvolvido pela aluna e pesquisadora Andréa Cristina Costa, e orientado pela
Dra. Edna Linhares Garcia e co-orientado por Dra. Hildegard Hedwig Pohl e Dra. Miria
Suzana Burgos, bem como os objetivos e a metodologia da pesquisa que será desenvolvida.
Autorizo o desenvolvimento da pesquisa na instituição.
Atenciosamente,
__________________________________
Wolmar Alipio Severo Filho
(Coordenador do Departamento de Química e Física
____________________________________
Professor Dr. Valeriano Antonio Corbellini
(Responsável pela Análise de Espectrometria no Infravermelho)
__________________________________
Andréa Cristina Costa
(Pesquisadora)
114
ANEXO H
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Conselho Nacional de Saúde
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP
FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES
HUMANOS
FR - 369427
Projeto de Pesquisa
ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DE SENTIDOS ACERCA DA INTRODUÇÃO
DESTE DISPOSITIVO PARA À PROMOÇÃO DA SAÚDE
Área de Conhecimento
4.00 - Ciências da Saúde - 4.08 - Fisioterapia e Terapia Ocupacional - Terap.
Grupo
Grupo III
Nível
Terapêutico
Fase
Não se
Aplica
Área(s) Temática(s) Especial(s)
Unitermos
acupuntura, saúde do trabalhador, promoção da saúde
Sujeitos na Pesquisa
Nº de Sujeitos no Centro
11
Total Brasil
11
Nº de Sujeitos
Grupos Especiais
Total
11
Medicamentos
Wash-out
HIV / AIDS
NÃO
NÃO
Placebo
NAO
Sem Tratamento Específico
NÃO
Banco de Materiais Biológicos
NÃO
Pesquisador Responsável
Pesquisador Responsável
ANDRÉA CRISTINA COSTA
CPF
000.768.870-90
Identidade
1075424158
Área de Especialização
ACUPUNTURA
Maior Titulação
ESPECIALIZAÇÃO
Nacionalidade
BRASILEIRA
Endereço
TRAVESSA EVARISTO ALVES DE OLIVEIRA 83
Bairro
SENAI
Cidade
SANTA CRUZ DO SUL - RS
Código Postal
96845-040
Fax
Email
[email protected]
Telefone
/ 51 37132069/99625178
Termo de Compromisso
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares. Comprometo-me a utilizar os materiais e
dados coletados exclusivamente para os fins previstos no protocolo e publicar os resultados sejam eles favoráveis ou não.
Aceito as responsabilidades pela condução científica do projeto acima.
_________________________________________
Data: _______/_______/______________
Assinatura
Instituição Onde Será Realizado
Nome
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ DO SUL - SECRETARIA
MUNICIPAL DE SAÚDE
Participação
Estrangeira
NÃO
Unidade/Órgão
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
Endereço
RUA ERNESTO ALVES, 858
Código Postal
96810-060
CNPJ
95.440.517/0001-08
Telefone
51 37152254
Nacional/Internacional
Nacional
Projeto Multicêntrico
NÃO
Bairro
CENTRO
Cidade
SANTA CRUZ DO SULR - RS
Fax
51 37152254
Email
[email protected]
Termo de Compromisso
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares e como esta instituição tem condições
para o desenvolvimento deste projeto, autorizo sua execução.
Nome: __________________________________________________
Data: _______/_______/______________
_________________________________________
Assinatura
Vinculada
115
Nome
Universidade de Santa Cruz do Sul - Unisc
Unidade/Órgão
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO PROMOÇÃO DA
SAÚDE
Endereço
Av.Independência,2293
Código Postal
96815-900
Telefone
(051)37177300
CNPJ
95.438.412/0002-03
Nacional/Internacional
Nacional
Participação Estrangeira
NÃO
Projeto Multicêntrico
NÃO
Bairro
Universitário
Cidade
Santa Cruz do Sul - RS
Fax
(051)37171855
Email
[email protected]
Termo de Compromisso
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares.
Nome: __________________________________________________
Data: _______/_______/______________
_________________________________________
Assinatura
O Projeto deverá ser entregue no CEP em até 30 dias a partir de 05/09/2010. Não ocorrendo a
entrega nesse prazo esta Folha de Rosto será INVALIDADA.
116
ANEXO I
Santa Cruz do Sul, 16 de outubro de 2010
A Coordenação do Comitê de Ética em Pesquisa
Adendo
Eu, Andréa Cristina Costa, mestranda do Curso de Pós-Graduação em Promoção da
Saúde - Mestrado, solicito a apreciação e posterior aceite do Adendo ao Projeto de Pesquisa
“ACUPUNTURA NA SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO SOBRE A
PRODUÇÃO DE SENTIDOS ACERCA DA INTRODUÇÃO DESTE DISPOSITIVO
PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE, aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Unisc, sob protocolo 2684/2010. Em virtude de contribuições levantadas na Defesa Oficial do
Projeto no dia 16 de outubro de 2010 para o grupo de professores do PPGPS quando então
foram sugeridas modificações de baixo custo e elevado impacto na metodologia e que podem
ampliar a validade e aplicabilidade dos resultados visando atender às exigências de
publicações em revistas nível B2 a A1. As modificações sugeridas incluem coletar sangue
periférico da polpa digital antes e após algumas sessões de acupuntura de cada paciente para
análise metabólica global (metabolomics) via impressão digital metabólica (fingerprint) pela
técnica de espectroscopia no infravermelho (FTIR). Protocolo de pesquisa já aprovado pelo
CEP de responsabilidade do Prof. Dr. Valeriano Antonio Corbellini , intitulado de
“CORRELAÇÃO ENTRE PERFIL BIOQUÍMICO SANGÜÍNEO E DESEMPENHO DE
ATLETAS NO ENSAIO ERGOESPIROMÉTRICO DE BRUCE E EM PROVAS
ESPECÍFICAS UTILIZANDO ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO”. E a inclusão
da escala de dor de conforme Protocolo de Borg (já utilizada em Projetos Aprovados da Prof.
Dra. Hildegard E. Pohl).
Sendo que os pontos a serem incluídos:
Escalas (Categoria - Razão) de Borg para mensuração da dor (Borg CR Scales)
Segundo Scopel, Alencar, Cruz (2007), a escala é utilizada quando o objetivo é acompanhar
alterações da intensidade da dor num mesmo indivíduo ou as respostas de uma mesma pessoa pré
e pós-tratamento. Cook et al. (1997) consideraram a Escala de Borg válida e fidedigna na
117
avaliação da intensidade da dor. Além disso, verificaram certa preferência dos pacientes a esta
escala em comparação a VAS. Souza e Silva (2005) referem que é uma escala compreensível para
a grande parte das pessoas, além de poder ser aplicada a maioria dos pacientes em diferentes
situações. Ressaltam que pode ser utilizada para medir além da intensidade da dor, as percepções,
sintomas e emoções.
Referências:
COOK, D. B.; O'CONNOR, P. J.; EUBANKS, S. A.; SMITH, J. C; LEE, M. Naturally occurring
muscle pain during exercise: assessment and experimental evidence. Medicine and Science in
Sports and Exercise, n. 29, 999-1012, 2007.
SCOPEL, E.; ALENCAR, M.; CRUZ, R. Medidas de avaliação da dor. Revista Digital
(Buenos Aires), n.11, v. 105, 2007.
SOUSA, F. F.; SILVA, J. A. A métrica da dor (dormetria): problemas teóricos e metodológicos.
Revista DOR, n. 6, v.1, 469-513, 2005.
- Espectroscopia no Infravermelho
Pacientes serão submetidos a duas coletas (antes e após uma sessão de acupuntura) de 5
microlitros (em triplicata) de sangue periférico em três momentos: na primeira, na quinta e na
décima sessão. As amostras de sangue periférico de 5 mL serão depositadas em tubos
eppendorfs com 100 mg de brometo de potássio (grau espectroscópico) e liofilizados. Os
espectros de amostras de sangue liofilizado serão coletados por espectroscopia de reflectância
difusa no infravermelho com Transformada de Fourier (DRIFTS) com 32 pulsos de varredura
na faixa 4000-600 cm-1, 4 cm-1 de resolução, armazenados em absorbância normalizada, e
analisados por métodos de reconhecimento de padrões (análise por agrupamento hierárquicoHCA e por componentes principais-PCA) buscando encontrar a) adaptações metabólicas com
o procedimento da acupuntura em função do número de sessões e b) informações
espectrais que se associem com as impressões dos sentidos relatados pelos pacientes.
Saliento a relevância do incremento destes procedimentos na presente pesquisa, e que tais
procedimentos já foram aprovados em outros Projetos encaminhados ao Comitê de Ética em
pesquisa da Unisc.
118
Contando com sua costumeira atenção, envio
Cordiais Saudações
______________________________________
Andréa Cristina Costa
Pesquisadora e mestranda em PPGPS
Santa Cruz do Sul, 16 de outubro de 2010
Ao Coordenador do Laboratório e ao Chefe de Departamento de Química e Física
119
ANEXOS DA DISSERTAÇÃO
120
ANEXO A: Dados Espectrais
121
DADOS ESPECTRAIS DOS PACIENTES DA PESDQUISA:
Primeiro estudo: verificar se as coletas sanguíneas apresentaram reprodutibilidade (semelhança
numa mesma coleta e diferenças entre as coletas para cada paciente.
Tipo de estudo: Análise por Agrupamento Hierárquico das triplicatas das 6 coletas de cada paciente.
Transformação das variáveis: correção de razão sinal ruído (SNV) e normalização entre 0 e 100;
Pré-processamento das variáveis: centrado na média;
Distância: Euclidiana;
Método de Ligação: Flexível;
Paciente 1
Figura 1: Dendrograma de espectros de reflectância difusa no infravermelho com Transformada de
Fourier de amostra de sangue coletado da polpa digital de paciente 01 antes e após diferentes
sessões de acupuntura.
122
Paciente 02
Figura 2: Dendrograma de espectros de reflectância difusa no infravermelho com Transformada de
Fourier de amostra de sangue coletado da polpa digital de paciente 02 antes e após diferentes
sessões de acupuntura.
123
Paciente 03
Figura 3: Dendrograma de espectros de reflectância difusa no infravermelho com Transformada de
Fourier de amostra de sangue coletado da polpa digital de paciente 03 antes e após diferentes
sessões de acupuntura.
124
Paciente 04
Figura 4: Dendrograma de espectros de reflectância difusa no infravermelho com Transformada de
Fourier de amostra de sangue coletado da polpa digital de paciente 04 antes e após diferentes
sessões de acupuntura.
125
Paciente 05
126
Paciente 06
127
Paciente 07
128
Paciente 08
129
Paciente 09
130
Paciente 10
131
Segundo estudo: verificar se os espectros de sangue de cada paciente correlacionam com os
respectivos valores atribuídos com base na escala de dor.
PLS-DRIFTS Replicatas de sangue periférico versus Escala de Dor
Otimizados
Paciente Região espectral Nº F Amostras
excluídas
4
VRA
RMSECV
PRESS
Rval
98.081184
98.397652
98.645340
0.695490
0.659770
0.663242
8.706720
7.835337
7.918021
0.663957
0.700530
0.697163
98.609337
0.382620
2.049569
0.898163
98.295349
99.306229
0.958940
0.768732
16.552177
10.637080
0.631624
0.742660
98.503601
0.688589
7.112326
0.760216
completo
otimizado
simplificado
(800-900+
10001100+15002000
c/ variáveis
excluídas
2
2
2
completo
otimizado
simplificado
(800-900+
10001100+15002000
c/ variáveis
excluídas
3
4
7
Completo
otimizado
otimizado c/
variáveis
excluídas
5
6
98.413147
2.870137
148.278381 0.663036
99.113815
2.219443
88.666702
0.788327
ficou pior que o otimizado s/ exclusão de variáveis
1
Completo
3
98.826317
0.795907
11.402428
0.173518
3
Completo
8
99.861099
1.065483
20.434586
0.186823
5
Completo
Otimizado
1
1
89.349678
85.950119
0.533297
0.468733
3.412869
2.636522
0.885591
0.912144
6
Completo
6
99.507339
1.535969
42.465630
0.297779
8
Completo
7
99.774414
2.201142
87.210503
0.203350
9
Completo
Otimizado
2
7
94.275002
99.307098
0.494695
0.418219
4.405013
3.148329
0.625498
0.762140
10
Completo
6
98.651474
1.542477
42.826210
0.058702
2
104FA
104FC
204IC
204FB
3
102IA
102IC
102FB
132
ANEXO B: Dados Espectrais e Correlações
133
134
ANEXO C: Gráficos Escala da Dor de Borg
135
136
137
138
139
140
ANEXO D: Quadro de Escala da Dor ao longo das 10 sessões
141
Quadro de Escala da Dor ao longo das 10 sessões
1ª
sessão
2ª
sessão
3ª
sessão
4ª
sessão
5ª
sessão
6ª
sessão
7ª
sessão
8ª
sessão
9ª
sessão
10ª
sessão
A1
3/2,5
A2
2/3
A3
5/3
A4
3/2
A5
3/1
A6
2/1
A7
10/5
A8
2/0
A9
0,5/0,5
A10
5/3
3/2
3/0
2/3
2/0,5
3/3
3/0
9/5
5/0,5
2/0,5
2/2
5/3
2/0,5
3/2
2/0,5
3/1
2/0
10/3
3/0,5
2/0
1/0,5
5/3
1/1
3/2
1/0,5
1/0,5
5/0
6/3
5/2
0,5/0
3/0,5
4/2
3/3
3/2
3/2
1/0,5
2/0
10/3
5/1
0,5/0,5 3/2
5/0,5
2/1
3/2
3/1
1/0,5
0,5/0,5 2/2
5/2
0,5/0
0/0
5/2
5/2
3/2
2/0,5
1/0
3/0
5/2
5/3
0,5/0
2/0
5/3
5/2
5/1
3/2
2/0,5
3/0
3/2
5/1
0,5/0
1/0
4/2,5
0,5/0,5 3/0,5
1/0,5
1/0
3/0
3/0
3/0
0,5/0
5/2
3/2
3/2
1/0,5
Não
veio
3/0
3/0
3/0,5
0,5/0
5/1
3/0,5
142
ANEXO E: Evolução da Escala de dor
143
144
145
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