PSICANÁLISE KLEINIANA:
Sadismo Infantil,
Angústia e Culpa
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Freud:
As chamadas “fixações” (aprisionamento da libido
– energia do instinto sexual – nas etapas do
desenvolvimento, desde o nascimento: erotismo
oral, anal e genital, dirigidas às pessoas
significativas do ambiente da criança – Complexo
de Édipo.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Klein:
Ela descobre que a libido ocorre de modo
misturado, coexistindo todas as formas; apenas, a
cada etapa da evolução infantil, uma delas
predomina. Separa então a libido pré-genital
(oral, anal, uretral), na qual o sadismo
prepondera, da etapa genital infantil, em que
predomina a libido sobre o sadismo. Isso tem um
efeito crucial sobre a estrutura e função do
superego.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
Para
M. Klein a relação arcaica
com a mãe, em detrimento da
sexualidade e do pólo paterno, são
os
elementos
cruciais
na
constituição do psiquismo e nas
possibilidades
de
relações
saudáveis.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 OU
AINDA...
“A relação arcaica com o objeto
primário seio/ mãe, é o elemento
crucial na constituição do psiquismo, e
as fantasias inconscientes da criança
influencia e dinamiza as relações dela
com o objeto”.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Em
fantasia, o bebê introjeta objetos tais
como o seio da mãe e o pênis do pai, estes
objetos são internalizados, mas não são
réplicas exatas dos objetos externos reais,
são sempre coloridos pela fantasia e as
projeções da criança. São divididos em
objetos ideais e objetos persecutórios,
conhecidos amplamente como seio bom e
seio mau – CISÃO.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
A
projeção do instinto de vida no objeto
externo cria o objeto que gratifica,
alimenta, ama e protege o bebe; é
considerado um “peito bom”, é amado. A
projeção do instinto de morte no objeto
externo cria o objeto frustrador, que rejeita
e ameaça o bebê; é considerado um “peito
mau”, e é odiado.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Ele
começa a perceber que o objeto amado- que
ele quis proteger – e o objeto odiado – que ele
quis destruir – são componentes de um só objeto
o “peito total”. E assim vai ocorrendo com os
outros objetos parciais amados e odiados, temidos
e desejados, que, ao serem integrados, tornam-se
amados e odiados simultaneamente, de modo que
o sujeito ingressa num novo mundo, com novas
dimensões – o mundo da ambivalência –
responsável pelo fato das pessoas serem tão
contraditórias e complexas.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
Klein
denomina “posição” para
caracterizar duas fases do inicio da
vida que se repetem e se intercalam no
decorrer do desenvolvimento humano,
fases essas que caracterizam as
ansiedades, os modos de defesas, a
angústia utilizada pelo ego.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Na
posição esquizoparanóide a angústia é nomeada
de angústia de aniquilamento. Essa primeira posição é
marcada pelo sentimento de ambivalência, onde o bebe
sente pelo objeto tanto amor como ódio.
 A angústia de aniquilamento ou persecutória é quando
o ego sente que será atacado, é o medo de ser atacado,
extinto, destruído. Nesse momento o medo e a angústia
estão voltados para o próprio ego, o bebê teme sua
sobrevivência. A angústia gera um movimento por
parte do ego que busca se defender fazendo assim com
que surjam os mecanismos de defesa que são: a
Cisão, a Projeção, A Negação, a Idealização e a
Dissociação.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Na
posição Depressiva o bebê percebe que o
objeto amado é único, o objeto amado é o mesmo
que o objeto odiado, percebe o objeto como um
total. Nesse momento a angústia que surge é
voltada para o objeto, surge a culpa por todo o
ódio e os ataques que o bebê teve contra o objeto
amado. O bebê, então, tem medo de destruir o
objeto, e o movimento de Reparação é freqüente,
a tentativa de reparar o que antes era agredido.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
A
fase em que o sadismo atinge seu auge,
precede o estágio anal mais arcaico, onde as
tendências edipianas se manifestam pela
primeira, ou seja, seria o mesmo que dizer
que o conflito edipiano se inicia sob o
domínio do sadismo. E também, o superego
segue de perto as tendências edipianas, e o
ego fica sob influencia do superego.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
No
estágio sádico-oral a criança passa
por uma fase canibalesca, com
fantasias canibais, que giram em torno
de comer o seio (corpo da mãe) e que
não dizem respeito somente à
gratificação de se alimentar, servem
também para satisfazer os impulsos
destrutivos.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
A
fase
sádico-anal
é
caracterizada pelo interesse nos
processos de excreção, também
aliado as tendências destrutivas,
pois a evacuação das fezes
simboliza e expulsão do objeto
incorporado.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Entre
os estágios sádico-oral e sádicoanal, ainda tem-se o estágio sádico-uretal,
sendo que estes últimos seriam a
continuação da fase sádico-oral, tendo como
meta específica o ataque e destruição.
Enfim, a criança entra numa fase em que se
concentra para destruir o corpo da mãe e o
seu conteúdo.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Para
entender o sadismo:
 Exemplo do garoto e esquilo: o menino está a
pensar que queria comer todos os bolos do
mundo, ou puxar o rabo do gato, arrancar penas
do papagaio... a mãe diz que o menino vai comer
pão seco e tomar chá sem açúcar.
 Neste
exemplo descobrimos o fator que
impulsiona o sadismo no menino, ele quer comer
os bolos mais gostosos e a mãe ameaça que vai
comer pão seco e beber chá sem açúcar, a
frustração oral transformou a “mãe boa” em “mãe
má”.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
A
única arma que crianças muito pequenas têm a
sua disposição é sujar o ambiente ao seu redor,
sujar tudo com seus excrementos (derramar tinta,
entornar copo, etc.), quebrar as coisas, rasgar.
Tudo representa as armas do sadismo primário
na criança, que usa seus dentes, unhas, músculos,
tudo que tem para investir no ataque contra o
corpo da mãe.
 Exemplo do garoto e do esquilo: o garoto derruba
o bule de chá e a xícara, quebrando tudo. Tenta
espetar o esquilo.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
Quando
os objetos primários são
introjetados, o ataque contra eles, com
todas as armas do sadismo mencionadas
a cima, provoca na criança o medo de
sofrer o ataque semelhante.
Exemplo do garoto e do esquilo: quando
todos os animais vão pra cima do garoto.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
O
sadismo é superado quando a criança atinge o nível
genital, e quanto maior a força com que essa fase se
instala, maior a capacidade da criança em criar um
amor objetal e vencer seu sadismo através da pena e
compaixão.
 Exemplo do garoto e do esquilo: quando o menino
sente pena do esquilo que machucou a pata e o ajuda,
o mundo hostil torna-se amigável. Enquanto cuida do
esquilo ferido a criança murmura “mamãe”.
 A criança aprende a amar e acredita nesse sentimento,
o insight psicológico revela-se na forma como a
criança muda de atitude.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
Depois de empregar suas ferramentas sádicas ao ataque
contra o corpo da mãe, intensifica a compulsão da
necessidade de punição a fim de reduzir a ansiedade (lê-se
angústia), com uma punição menos rigorosa do que a
situação de ansiedade.
 A criança projeta, essa ansiedade para fora, e converte
seus objetos em seres perigosos, porém, o perigo pertence
as suas próprias pulsões agressivas, por isso o medo
sempre será proporcional aos seus impulsos sádicos/sua
agressividade. Podemos, então, observar a conexão entre
os medos da criança e sua tendência agressiva. Forma-se
um ciclo vicioso, onde a ansiedade impele a destruição do
objeto, provocando um aumento da ansiedade, que a
empurra novamente contra o objeto.

SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Logo
que o sadismo se reduz, o superego se
modifica e passa a gerar menos ansiedades
e mais sentimentos de culpa, e são ativados
os mecanismos de defesa, que por sua vez,
formam a base da atitude moral e ética, com
isso a criança passa a ter mais consideração
pelos objetos primários, para, a partir daí,
se tornar sujeito ao sentimento social.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Conforme
Klein (1996):
Como ocorre a mudança de superego arcaico,
percebido como ansiedade e cujos efeitos são antisociais, para a consciência desenvolvida, vista como
culpa que funciona a partir de um ponto de vista
moral? Quando a distinção entre medo e culpa, que
até então só tinha uma importância descritiva, tornase um diferencial crucial numa nova teoria. Então a
sinterização de figuras polarizadas, a assimilação
crescente do superego pelo ego e a passagem do medo
para a culpa podem ser compreendidos em termos
dos processos da posição depressiva.
(KLEIN, M. Amor, culpa e reparação e outros
trabalhos (1921-1945). 1996)
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Medo
e culpa são duas forças diferentes que
emanam do superego, diferenciando o superego
arcaico da culpa da consciência desenvolvida.
 Quando o rigor excessivo do superego é
suavizado, os castigos que o ego impõe por causa
dos ataques geram culpa, que por sua vez
despertam tendências de consertar o dano. Assim
como a convicção/consciência de que ao atacar o
corpo da mãe, está atacando também ao pai e aos
irmãos, é uma das causas do sentimento de culpa.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Por
exemplo, quando o bebê morde o seio,
ele tem a impressão de ter destruído o
objeto amado. Daí surge a culpa, um
arrependimento, remorso por ter destruído
o objeto amado.
 A ambivalência presente nesse momento é
acompanhada da culpa e da tendência de
reparação. Existe uma angustia que
deprime.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Se
a destrutividade do bebê for excessiva, ele tem
a impressão de ter destruído o objeto amado,
acarretando luto, dor e remorso – gerando a
CULPA PERSECUTÓRIA, e tenta indenizar o
objeto numa divida constante.
 Se a destrutividade do bebê não for excessiva, há
possibilidade de ser reparada. O bebê renuncia a
destrutividade e inicia um processo de
restauração do objeto.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
A
culpa pode ser compreendida como a reação aos
impulsos sádicos destrutivos, acompanhado das
fantasias inconscientes de ter atacado e danificado
o objeto de que se necessita. O predomínio
normal de amor sobre ódio na posição depressiva
resulta
na
internalização
de
objetos,
principalmente dos bons no superego. Estes
objetos bons neutralizam os objetos maus. O
superego protege os objetos bons através da culpa
para não perder o amor parental.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Também
surge o desejo de reconstruir o objeto
destruído, como forma de agradar a mãe e evitar o
ataque contra si, e também para não perder o objeto
amado.
 Exemplo da pintura: Ruth faz a pintura de sua mãe,
primeiro uma mulher envelhecida, cansada, marcada,
e em segundo momento, uma mulher forte, esbelta,
altiva e desafiadora, também como sendo sua mãe.
 Neste, faz-se óbvio o desejo de reparação, de
compensação. O desejo de restaurar estava por trás
do desejo sádico e primário de destruir. Ao fazer isso,
Ruth pode reduzir sua ansiedade. Na análise de
crianças vê-se constantemente a utilização do
desenho como restauração de objetos.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Conforme
Klein (1996), o conteúdo específico, em
conjunto com os detalhes de suas fantasias
destrutivas, determinam suas sublimações, que
servem às tendências de restituição ou ao desejo
de ajudar os outros. Quando a criança passa a
demonstrar tendências mais construtivas, através
do brincar, demarca o início da relação com o
objeto mais desenvolvida, e do crescimento do
sentimento social e ético. Ainda, por fim, os
sentimentos sociais e morais da criança se
desenvolvem a partir de um superego mais
brando, que por sua vez é governado pelo nível
genital.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
Ansiedade:
medo
de
objetos
imaginários / introjetados / imagos, e
de ser atacado.
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
Obrigada
pela
sua participação
e atenção!!!
SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA
 Ana
Gabriela Cavalcante de Melo
RA: A04993-2
 Thais Siqueira Antonio
RA: A3282B-9
 Thalita Valério Rodrigues Chenci
RA: A1987B-4
 Vivian Ribeiro da Cruz
RA: A16701-3
Download

SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA