nº 2671 Terça-feira, 02 de Setembro de 2014 Sindsep/MA recolhe votos para a instalação de Constituinte exclusiva e soberana do sistema político Semana Nacional de Luta Pela Reforma Política Democrática começa com mobilização total dos trabalhadores em todo o país. Com o apoio de entidades como a UNE, MST, CNBB, OAB e CUT, foram abertos os debates sobre financiamento de campanhas eleitorais, alteração do sistema eleitoral, participação social, fortalecimento dos mecanismos de democracia direta, maior representatividade de trabalhadores, mulheres, negros, indígenas e dos demais grupos sub-representados nos espaços de poder. Durante a semana inteira, os brasileiros de todo o país estão sendo provocados a participar de duas ações muito importantes para a consolidação da democracia brasileira. A primeira é o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, com a pergunta: Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político? O objetivo é recolher votos da população para a instalação de uma assembléia nacional constituinte para mudar o sistema político. Outra ação é a coleta de assinaturas ao Projeto de Lei da Iniciativa Popular pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. A proposta das 102 entidades da sociedade civil, entre as quais está a CUT, que compõem a Coalização pela Reforma Política introduz uma série de mudanças na legislação para democratizar o sistema político e eleitoral, eliminando a influência do poder econômico sobre as candidaturas. Veja onde e como votar – O Sindsep/Ma irá coletar os votos e assinaturas durante toda a semana em diversos locais de trabalho em São Luís com urnas fixas e itinerantes e em sua sede no Monte Castelo – conforme quadro abaixo – e em suas secretarias regionais, também com urnas fixas e itinerantes. Será possível participar ainda pela internet no endereço www.plebiscitoconstituinte. org.br ou pelo www.reformapoliticademocratica.org.br/conheca-o-projeto/ “Os trabalhadores precisam participar ativamente dessa discussão para que possam ter a oportunidade de uma representatividade maior nas esferas de governo. O atual modelo político eleitoral privilegia o poder do capital e proporciona a eleição de seus representantes, que definem os rumos do país segundo os interesses dos patrões e banqueiros, deixando órfãos de representatividade o conjunto dos trabalhadores.” Disse Manoel Lages, secretário de comunicação do Sindsep/MA. Parceria e protagonismo – Pedro Armengol, secretário adjunto nacional de Relação do Trabalho da CUT destaca a importância da coalizão dos movimentos que se unificam em torno da reforma do sistema político do país e defende um plebiscito por uma Constituinte Exclusiva por meio da pressão popular. “Nosso sistema político tem uma herança na ditadura militar que inibe a participação com efetiva representatividade da sociedade. A reforma do sistema político nesse momento significa uma condicionante importante para, em passos sucessivos, promovermos a reforma agrária, tributária, de comunicação e outras reformas estruturais”, alerta Armengol. Participe, venha construir uma sociedade mais justa e igualitária. Ano XIII nº 2671 Pag. 02 02 de Setembro de 2014 O mito da democracia racial no Brasil por Joseh Silva - Carta Capital É falso afirmar que o Brasil não é um país racista. Viver nesta afirmação não se trata somente de “tapar o Sol com a peneira”, mas de continuar permitindo um quadro social que favorece uma população de elite e branca, ou, pelo menos, de pessoas que se identificam com isso. Não é necessário nem citar dados para concluir que o racismo está estampado em nossa bandeira: basta ver a situação dos negros a revelar que o racismo é institucional e estruturante da nossa sociedade. A partir disso, não podemos usar uma pontualidade como fato principal. Apesar de gravíssima, a atitude da torcedora do Grêmio, que foi flagrada pelas câmeras de tevê chamando o jogador Aranha, goleiro do Santos, de macaco, que deve ser responsabilizada, nada mais é do que um efeito colateral. Negros são maioria no país e, em disparada, a maior população carcerária. São vítimas de um genocídio perene e banalizado. Vivem em favelas e periferias em condições subumanas. O acesso ao serviço público é ruim. Diariamente, são agredidos pelo Estado de farda e por uma mídia fascista. Negros e negras sofrem com ataques racistas há gerações. Já passou do momento de acontecer, no mínimo, uma reparação integral. A estigmatização é uma arma muito poderosa, pois fortalece o preconceito, baixa a auto-estima de um povo e minimiza os efeitos de uma diáspora. O racismo é uma prática institucional exposta nesta pátria amada. A primeira cena que presenciei foi ainda muito cedo, acredito que tinha por volta de 12 anos. Eu, meu irmão e um amigo. Saímos de casa com trajes para uma partida de futebol na quadra de uma escola. Para chegar até lá, tínhamos de ir até a outra ponta da favela. No meio do caminho, nos deparamos com quatro policias que apontavam suas armas em direção a cada beco e viela. Quando eles nos viram, falaram baixinho para pararmos. Assutados, congelamos. Um policial pediu para meu irmão e eu, que temos o tom de pele mais claro, sairmos e seguraram nosso amigo, que foi agredido física e verbalmente. Esse tipo de prática seletiva acontece todos os dias dentro das favelas, e o País segue na farsa do “ninguém sabe, ninguém viu”. Mesmo com casos explícitos que tomam o cenário nacional, como Cláudia Ferreira, mulher negra, pobre e moradora do subúrbio do Rio, que depois de baleada, foi arrastada por uma viatura da Policia Militar, num ano de Copa do Mundo, momento em que o País é vitrine e as forças amardas mandam um recado para a população negra e pobre. Cena que remete à captura de um escravo por capitães do mato. Enquanto os efeitos colaterais do racismos institucional aumentam, práticas que transgridem leis e violam direitos humanos parecem não causar indignação e colocam em questão a atuação da justiça quando se trata de negro e pobre. Racistas não prendem racistas a não ser para salvar o próprio racismo. JUNTE-SE AO PLEBISCITO POPULAR EXPEDIENTE: Diário SINDSEP/MA é uma publicação diária do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado do Maranhão - SINDSEP/MA Av. Newton Bello, 524 - Monte Castelo, CEP 65035-430, São Luís - Maranhão. Fone: (98) 2108-0001. E-mail: [email protected] Presidenta: Angela Maria Silva Souza Secretaria de Comunicação: Manoel Lages Mendes Filho, José Alfredo Duarte Torres e José Amaro de Andrade Assessor: Ricardo Milán (DRT 775) Redação: Nielsen Furtado (DRT 789) Projeto Gráfico e Diagramação: Giancarlo Cunha e Rafael Costa