DISCRIMINAÇÃO RACIAL E DESIGUALDADES ECONÔMICOSOCIAIS UMA ANÁLISE SOBRE REINVINDICAÇÕES DE MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICAS SETORIAIS COM RECORTE RACIAL NO BRASIL (1990-2004) Alessandra Manoela da Cruz Universidade Federal de São Paulo [email protected] Resumo Neste artigo analisaremos parte da literatura mais expressiva sobre conquistas alcançadas em termos de abertura de espaços para a discussão da questão racial enquanto um problema social no Brasil. Verificaremos como se deu esse diálogo analisando parte da produção acadêmica sobre esse tema e a dinâmica entre legislação, políticas públicas setoriais e demandas dos movimentos negros, no período dos anos 1990 aos 2000. A partir do final dos anos 1970, estudos que relacionavam discriminação racial a desigualdades econômico-sociais conquistam algum destaque acadêmico, fazendo abordagens, dentre outras, que evidenciavam a ação da população negra diante das instâncias de poder. Uma ciência social marcada pelo estudo da falta/ ausência passa a dividir espaço maior com estudos que sublinham agência e escolha, negociação e conflito, rebelião e resistência. Ainda que muitos acadêmicos e ativistas chamem atenção para as diversas dificuldades enfrentadas na construção dessa abordagem (Cf. HASENBALG, 1991), é possível verificar grandes mudanças e avanços. Num contexto mais amplo, a redemocratização do Brasil ocorrida em 1985, após 21 anos de ditadura militar, tem grande papel na possibilidade de realização desses novos ideais. A ideia de homogeneidade que permeava o conceito de nação, por exemplo, cedeu espaço para o multiculturalismo e o multirracialismo, tendo então o Estado o dever de garantir que a diversidade linguística e cultural de seus cidadãos fosse preservada e a igualdade de oportunidades fosse garantida, baseada em resultados concretos (GUIMARÃES, 2006, p. 273). Em termos de legislação, podemos citar a Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã por considerar demandas de diversos setores sociais. Há também, em 1989, a Lei nº. 7.716, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. Pelo Movimento Negro, com ideias já mais amadurecidas sobre formas de intervenção a serem cobradas dos poderes estatais, é organizada, em 1995, a Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e pela Vida. Já nos anos 2000, principalmente após a III Conferência Mundial das Nações Unidas de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, ocorrida em Durban, África do Sul, em 2001, uma grande mudança é percebida. Foi a partir daí que o compromisso em realizar políticas públicas setoriais contra o racismo foi posto de maneira mais incisiva, conseguindo respostas mais concretas. Exemplos são a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em 2003, a concessão de cotas em universidades públicas federais, iniciada em 2004, e as reservas de vagas de emprego no funcionalismo público. Tendo esse histórico em vista, o objetivo será verificar o diálogo, evidenciado a partir de meados dos anos 1990, entre movimentos negros, produção acadêmica e ações governamentais que levaram ao fortalecimento da discussão e aplicação de políticas públicas setoriais com foco na população negra. Palavras-chave: Discriminação racial; Produção acadêmica; Movimento Negro; Políticas públicas setoriais. Abstract In this article, we will analyze the most significant part of the literature on achievements in terms of opening spaces for discussion of the race issue as a social problem in Brazil. We will check how this dialogue was analyzing the academic literature on this topic and the dynamics between law, public sector policies and demands of black movements in the period of 1990 to 2000. From the late 1970’s, studies that linked racial discrimination to economic and social inequalities win some academic prominence, making approaches, among others, evincing the action of the black population across instances of power. A social science study marked by the lack / absence is sharing space with larger studies that emphasize agency and choice, negotiation and conflict, rebellion and resistance. Although many scholars and activists to call attention to the various difficulties faced in building this approach (Cf. HASENBALG, 1991), it is possible to check major changes and advances. In a broader context, the re-democratization of Brazil in 1985, after 21 years of military dictatorship, has big role in the possibility of achieving these new ideals. The idea of homogeneity that permeated the concept of nation, for example, gave way to multiculturalism and multiracialism, then the State has the duty to ensure that the linguistic and cultural diversity of its citizens were preserved and equal opportunities were guaranteed based on concrete results (GUIMARÃES, 2006, p. 273). In terms of legislation, we can cite the Constitution of 1988, called the Citizen Constitution by considering demands from various social sectors. Also, in 1989, Law no. 7716, which defines crimes resulting from prejudice based on race or color. By Black Movement, with already more mature ideas about forms of assistance to be charged to state powers, is organized, in 1995, Zumbi dos Palmares against Racism and for Citizenship and Life. Already in the 2000s, especially after the III World UN Conference Against Racism, Racial Discrimination, Xenophobia and Related Intolerance, held in Durban, South Africa, in 2001, a major change is perceived. It was from there that the commitment to carry out sectorial public policies against racism was put in a more incisive way, achieving more concrete answers. Examples are the creation of the Secretariat for the Promotion of Racial Equality (SEPPIR) in 2003, the granting of federal quotas in public universities, started in 2004, and the reserves of jobs in the civil service. Having this background in view, the goal is to verify dialogue, evidenced from the mid-1990s among black movements, academic research and government actions that led to the strengthening of the discussion and implementation of sectorial public policies focusing on black population. Keywords: Racial Discrimination; Academic production; Black Movement; Public sector policies. Resumen En este artículo vamos a analizar la parte más importante de la literatura sobre los logros en cuanto a la apertura de espacios para la discusión de la cuestión racial como un problema social en Brasil. Comprobaremos cómo fue este diálogo el análisis de la literatura académica sobre este tema y la dinámica entre la legislación, las políticas y las demandas de los movimientos negros en el período de 1990 a 2000. Desde finales de 1970, los estudios que vinculan la discriminación racial a las desigualdades económicas y sociales ganan alguna prominencia académica, hacer planteamientos, entre otros, evidenciando la acción de la población negro en las posiciones de poder. Un estudio de la ciencia social marcado por la falta / ausencia está compartiendo espacio con los estudios más grandes que hacen hincapié en la agencia y la elección, la negociación y el conflicto, la rebelión y la resistencia. Aunque muchos académicos y activistas para llamar la atención sobre las diversas dificultades que enfrentan en la construcción de este enfoque (Cf. HASENBALG, 1991), puede comprobar los grandes cambios y avances. En un contexto más amplio, la redemocratización de Brasil en 1985, tras 21 años de dictadura militar, tiene gran papel en la posibilidad de alcanzar estos nuevos ideales. La idea de la homogeneidad que impregnaba el concepto de nación, por ejemplo, dio paso a la multiculturalidad y multiracialismo, entonces el Estado tiene el deber de garantizar que la diversidad lingüística y cultural de sus ciudadanos fueron preservados y se garantiza la igualdad de oportunidades basado en los resultados concretos (GUIMARÃES, 2006, p. 273). En cuanto a la legislación, se puede citar la Constitución de 1988, llamada la Constitución Ciudadana, considerando las demandas de los diversos sectores sociales. También, en 1989, la Ley núm. 7716, que define los delitos resultantes de prejuicios basados en la raza o el color. Al Movimiento Negro, con las ideas ya más maduras sobre formas de ayuda con cargo a los poderes del Estado, se organizó, en 1995, Zumbi dos Palmares contra el Racismo y por la Ciudadanía y la Vida. Ya en la década de 2000, especialmente después de la III Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia, celebrada en Durban, Sudáfrica, en 2001, se percibe un cambio importante. Fue desde allí que el compromiso de llevar a cabo las políticas públicas sectoriales contra el racismo fue puesto en una forma más incisiva, lograr respuestas más concretas. Ejemplos de ello son la creación de la Secretaría para la Promoción de la Igualdad Racial (SEPPIR) en 2003, la concesión de cuotas federales de las universidades públicas, se inició en 2004, y las reservas de puestos de trabajo en la función pública. Tener este fondo en la vista, el objetivo es verificar el diálogo, se evidencia a partir de mediados de la década de 1990 entre los movimientos negros, acciones de investigación y gubernamentales académicos que condujeron al fortalecimiento de la discusión e implementación de políticas públicas sectoriales centrados en la población negro. Palabras clave: Discriminación Racial; La producción académica; Movimiento Negro; Políticas del sector público. Apresentação do tema Hoje em dia localiza-se com alguma facilidade uma extensa bibliografia sobre o negro brasileiro, produzida dentro e fora do país, por estrangeiros e por nacionais. O estudo de suas formas de vida, posição econômico-social e cultura em geral são objetos de pesquisa instigantes e importantes para a história do país, já que a população negra é uma das principais formadoras de sua gente. Antes de prosseguir, é importante explicitar o que se entende por “negro” no escopo deste artigo. É em 1996, no Programa Nacional de Direitos Humanos apresentado pelo então governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que esse conceito se define nos termos que é utilizado aqui. Tendo recebido apoio de um Grupo de Trabalho Interministerial criado com o objetivo de sugerir ações e políticas de valorização da população negra (FRY & MAGGIE, 2004, p. 71), o Programa Nacional de Direitos Humanos de 1996 apresenta como medida a ser alcançada a médio prazo “determinar ao IBGE a adoção do critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente da população negra” (PNDH, 1996). Essa definição passa a ser guia na construção e aplicação de leis futuras sobre o tema. O Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), por exemplo, define população negra como “o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga”. Ficando clara aqui a diferença de estabelecer o critério da autodeclaração como determinante para que se reconheça uma pessoa ou grupo como negro. Quanto à proporção que a população negra representa no Brasil em relação à população geral, vejamos os dados do censo demográfico feito pelo IBGE em 2010, que utiliza a autodeclaração como critério para indicar a cor/raça das pessoas. De um total de 190.755.799 pessoas, 47,73% se consideram brancas; 43,13%, pardas; 7,61%, pretas; 1,09%, amarelas; 0,43%, indígenas e 0,0035% não declararam. Note-se que, de acordo com o que consideramos como negros, a 1 maior parte da população do Brasil é hoje constituída por esta população, que representa 50,74% do total. Isso posto, prosseguiremos na análise de estudos acadêmicos investigando algumas conquistas alcançadas em termos de abertura de espaços para a discussão da questão racial enquanto um problema social no país. Problemática Em que medida é possível observar nas últimas décadas, a partir da produção acadêmica, mudanças no tratamento dado à relação entre discriminação racial e desigualdades sociais? Interlocução teórico-conceitual Compreendendo o debate ao longo da história Até meados dos anos 1970, a população negra brasileira foi estudada sob diversas formas de abordagem, despertando interesse de pesquisadores que estudaram muitos aspectos de sua vida e cultura. Dos variados temas, de religião a culinária, o que interessa para esse trabalho são os que tratam das relações raciais tendo como pano de fundo a desigualdade social. Resumidamente, podem-se destacar as teorias que mais influenciaram os estudos sobre esse assunto. Vejamos. As mudanças no modo de organizar a vida intelectual no Brasil tiveram início com a chegada da família real portuguesa, em 1808. Foi a partir daí que se começou a criar institutos do saber no Brasil. Desde então e até a primeira metade do século XIX, os grupos de intelectuais brasileiros podiam ser considerados bastante homogêneos (CARVALHO, 1980 apud SCHWARCZ, 1993, p. 24). Todavia, com o crescimento da produção de café na década de 1850 ocorre uma mudança no centro econômico do país, do Nordeste para o Sudeste, o que contribuiu para o financiamento dos centros de saber desta região, em detrimento dos daquela. O fim do século XIX foi período muito importante em termos de teorias raciais. E não apenas. Nessa época o Brasil passou por muitas mudanças nos mais variados setores: econômico, político, social (PRADO JR., 1973). Foi em meados desse século, já com a escravidão e a monarquia irremediavelmente 2 chegando ao fim, que teorias raciais aportaram no Brasil e “teóricos do darwinismo racial fizeram dos atributos externos e fenótipos elementos essenciais, definidores de moralidades e do devir dos povos... e de questões políticas e históricas dados ‘inquestionáveis’ da própria biologia.” (SCHWARCZ, 2012, p. 20). Se juridicamente as pessoas tornavam-se iguais, do outro lado da moeda estava a adoção de teorias que procuravam justificar a diferença pela desigualdade ou inferioridade (SCHWARCZ, 1993). No Brasil, porém, muitos teóricos de diversos ramos, de médicos a bacharéis em Direito, propunham uma maneira de fazer com que essas desigualdades fossem amenizadas e o país, finalmente, seguisse pelos caminhos do progresso: a miscigenação (leiase: branqueamento). Cabe destacar que, ainda que seguindo uma tendência europeia, no Brasil ocorreu um fenômeno bastante peculiar quando da utilização de teorias como o positivismo, o darwinismo social e o evolucionismo. Segundo Lilia Schwarcz (1993, p.15), ao contrário do que muitos estudiosos do assunto argumentam, não houve uma simples cópia das ideias trazidas de fora, mas antes uma incorporação do que “combinava” com o contexto nacional. Em O Espetáculo das Raças, a autora nos apresenta as principais teorias raciais do século XIX, mostrando como, no Brasil, chegou a haver utilizações conjugadas de teorias consideradas opostos em sua origem. A valorização da mestiçagem em meio a teorias de superioridade de pessoas brancas é grande exemplo, pois punha por terra a intocável pureza das raças. Era muito comum nesse período a utilização de conceitos como mestiçagem, branqueamento, cientificismo, determinismo geográfico, eugenia, superioridade e desigualdade entre as raças humanas. Num segundo momento, já nos anos 1930, um dos autores de maior destaque é sem dúvida o pernambucano Gilberto Freyre. A partir principalmente do lançamento de seu livro Casa Grande & Senzala, em 1933, intérpretes trazem à tona o conceito de democracia racial (Conf. GUIMARÃES, 2006), termo aparentemente usado pela primeira vez em 1941 por Arthur Ramos (GUIMARÃES, 2002, p.01) e que marcaria as pesquisas sobre raça no Brasil durante muito tempo. 3 Lembremos que Freyre escreve num contexto de preocupação quase geral quanto à identidade nacional, que são os anos 1930. Em um período em que se procurava entender o país e a especificidade de seu povo através de teorias raciais (NINA RODRIGUES, 1894; VIANNA, 1920), questões atreladas a preocupações como a formação da nação e o progresso civilizatório, Freyre, algo influenciado pelo culturalismo de Franz Boas, coloca a mestiçagem como traço positivo do Brasil. A miscigenação de raças e culturas fora responsável, segundo o autor, por nos fornecer um caráter original, que, mesmo em tempos de senhores e escravos, teria contribuído para “diminuir as distâncias sociais e culturais entre os extremos da sociedade” (FERREIRA, 1996, p.238). Esta postura em relação a uma sociedade escravocrata gerou – e podemos dizer que ainda gera - grandes embates, mas a obra de Gilberto Freyre pode ser considerada revolucionária para as Ciências Sociais e para os estudos sobre as relações raciais no Brasil por levar a discussão de nossas especificidades para o campo da cultura, e não do determinismo biológico ou geográfico, tão correntes à época. Um terceiro e último momento que se pode destacar vem nos anos 1950, quando Florestan Fernandes passa a estudar questões raciais. Impulsionado por um projeto financiado pela UNESCO, o autor passa a estudar mais profundamente as relações raciais em diversas regiões do Brasil, tornando-se, junto a alguns de seus alunos, referência no assunto. Os resultados questionam a factibilidade do mito da democracia racial e mudam os rumos das pesquisas sobre as relações entre negros e brancos no país. Esses estudiosos tiveram como grande mérito mostrar que as relações entre brancos e negros no Brasil não são harmoniosas como sugere o mito da democracia racial, sendo esta constatação, sustentada por pesquisas realizadas em especial na região sul e sudeste do país (Conf. CARDOSO, 2003 [1962]; IANNI, 1972), um grande marco de separação em relação à linha de pensamento chamada culturalista, que teve em Gilberto Freyre seu mais famoso representante no Brasil. Para Florestan Fernandes e seus orientandos Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni, pesquisadores da chamada Escola de Sociologia Paulista, o motivo da não inserção do negro na sociedade de classes se deu menos pela discriminação racial que de fato sofreram, do que por não terem tido condições 4 de desenvolver, devido à dureza do cativeiro, as condições indispensáveis de pensamento que exige uma sociedade capitalista de natureza competitiva. Exemplos são ambição e um núcleo familiar que lhes desse as bases para criar as necessidades de poupança. Assim, a população negra não teria os “requisitos psicossociais da personalidade livre elaborados em sua pessoa” (IANNI, 1972, p. 66). Verificamos aqui o argumento de que, devido à herança escravocrata, a população negra considerava o trabalho indigno, tendo como conceito de liberdade o não trabalho. Em certa medida, esse argumento foi usado como justificativa para a busca por trabalhadores na Europa, pois estes seriam entes já formados no capitalismo e no trabalho livre, vistos como agentes do progresso em uma sociedade manchada pelo atraso da escravidão e carente de trabalhadores adequados para a nova composição econômicosocial. Fazendo um balanço geral, notamos que, de formas diferentes, essas teorias estavam altamente tingidas pela ideia da ausência. Num primeiro momento, o mais radical, faltava ao negro, em resumo, ser branco. Sua inferioridade racial o impediria de se desenvolver (ideia de evolucionismo) e viver de maneira igualitária com o branco, inclusive em termos de produção de um legado que se pudesse considerar relevante para a humanidade. O segundo momento destacado aqui traz uma ideia mais positiva quanto ao negro e sua cultura. As raças não brancas deixam de ser apontadas como culpadas pelo atraso no desenvolvimento capitalista do país e suas formas de expressão cultural são destacadas e, algumas, assimiladas no cadinho da cultura nacional. Todavia, suas mazelas sociais são quase totalmente ignoradas. O terceiro momento, bastante diferente dos demais, vem carregado de crítica social. Os problemas enfrentados pelo negro cotidianamente são expostos e o conceito de democracia racial é altamente criticado e combatido. Há a constatação da existência do racismo e que as condições em que vivem os negros são muito piores em termos de acesso a saúde, educação e emprego que os brancos. O mal maior, não obstante, estaria na herança escravocrata que o próprio negro trazia consigo. A maneira de superar essa condição de desigualdade social seria adaptando-se à forma capitalista de vida e emprego, deixando de lado o arcaísmo escravocrata. 5 Após esses períodos, mudanças relevantes no estudo sobre o negro brasileiro vieram. Confrontando diretamente muitas ideias levantadas pela Escola Paulista de Sociologia, estudos de fins dos anos 1970 e início dos 1980 trouxeram diversas questões, enriquecendo o debate nesse campo. Foi a partir do final dos anos 1970 que a população negra começou a ser estudada por pesquisadores, como Carlos Hasenbalg (1979) e Nelson do Valle Silva (1978), que conseguiram algum destaque ao abordar a ação desses atores sociais diante das instâncias de poder. Uma ciência social marcada pelo estudo da falta ao tratar da população negra, falando em inferioridade da raça (Nina Rodrigues, 1894) ou ainda arcaísmo e ausência de condições psicossociais para lidar com uma sociedade capitalista (Fernandes, 1965; Ianni,1972), dentre outras análises que destacam ausências, passa a dividir espaço com estudos que sublinham a agência e a escolha (CHALHOUB,1990) a negociação e o conflito (REIS & SILVA, 1989), a rebelião e a resistência (REIS, 1986). Não que antes desse período inexistissem trabalhos que rumassem por esses caminhos. Ainda no início do século XX, autores como Manoel Bonfim (1903) e Lima Barreto (1909) procuravam analisar o Brasil a partir das camadas populares e se opondo a algum caráter científico no conceito de raça. É importante falar também do intelectual Clóvis Moura que, tendo produzido significativamente nos anos 1980, lançou seu primeiro livro, Rebeliões da Senzala, ainda em 1959. Nele o autor já enfatizava a agência do escravizado, colocando “ênfase no processo de resistência violenta do negro ao escravismo” (OLIVEIRA, 2011, p. 46). Esses foram apenas alguns exemplos e por certo muitos outros nomes poderiam ser citados em períodos anteriores aos anos 1980. Não se fala, portanto, de um método de abordagem novo. O caso é que pesquisas apontam que apenas a partir de meados dos anos 1970 pesquisas assim conquistaram espaços menos marginalizados. Grande exemplo é o de Carlos Hasenbalg que, em 1979, lança no Brasil como livro o resultado de sua tese de doutorado, apresentada à Universidade da Califórnia, intitulado Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil. Já no prefácio, o autor deixa claro que seguirá uma linha de investigação diversa 6 daquela adotada pela Escola Paulista, dizendo que “mais do que na organização social destruída noventa anos atrás (ou nos supostos ‘defeitos’ das vítimas), as causas da atual subordinação social do negro são procuradas nas práticas racistas e discriminatórias do período posterior à abolição” (HASENBALG, 1979, p. 18). Considerado o primeiro autor nas Ciências Sociais brasileiras a estabelecer o elo entre racismo e desigualdades sociais (GUIMARÃES, 2006, p.259), Hasenbalg é ainda um dos grandes nomes nos estudos sobre o negro no Brasil. Daí em diante, já adentrando os anos 1990, muitos estudos que tratavam da escravidão e das classes trabalhadoras passaram a considerar que “as ações dos escravos, libertos e trabalhadores urbanos resultam de negociações, escolhas e decisões frente às instituições e aos poderes normativos.” (Chalhoub, 2009). Percebe-se uma forma de pesquisa que busca contemplar as relações que os membros menos favorecidos no universo social mantêm com os grupos detentores de poder e/ou que melhor se beneficiam dos bens sociais. O fim dos anos 1970 marca também uma época de rearticulação de movimentos sociais no Brasil. No caso do Movimento Negro, acontece em 1982 o I Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), surgindo após articulações ocorridas nos anos anteriores com diversas frentes, estabelecendo um programa de ação, que previa rearranjos internos e também formas de alianças e negociações com outros círculos. E nesse contexto de grandes lutas e algumas conquistas a questão do negro vai sendo colocada no período analisado. Contexto político e social A ideia de nação, vigente no pós-guerra em muitas partes do globo, sofreu grandes alterações nos anos 1980. O período dos anos 1930 e 1940 foi de preocupação com a construção de uma nação com identidade única. Havia projetos políticos de Estado nessa direção, e o “sistema político fora concebido e funcionava guiado por princípios universalistas genéricos, que desconsideravam pertenças sociais específicas” (GUIMARÃES, 2006, p. 270). A ideia de homogeneidade cedeu espaço para o multiculturalismo e o 7 multirracialismo, estando então o Estado não mais focado em buscar transformar seu povo em um, mas, ao contrário, com o dever de garantir que a diversidade linguística e cultural de seus cidadãos fosse preservada e a igualdade de oportunidades fosse garantida, baseada não em intenções, mas em resultados concretos (op. Cit., p. 273). A busca por um povo único, o mestiço, vai se esvaindo pelas pressões dos movimentos sociais. São postas à mesa, então, demandas de minorias étnicas e raciais, como das populações negras e indígenas. A redemocratização, em 1985, tem grande papel na possibilidade de realização desses novos ideais. Como citamos anteriormente, há leis na década de 1980 e a própria Constituição abrindo possibilidades de ação contra o racismo. Já nos anos 2000, a postura adotada pelo Estado brasileiro não repousa na criação de leis criminais como ação principal. O governo que dirigia o país, seguindo um caminho coerente com as posições assumidas desde 1995, quando assumiu a presidência da República Fernando Henrique Cardoso - o primeiro presidente brasileiro a assumir publicamente a existência do racismo no Brasil -, passa a propor ações afirmativas para os afrodescendentes (FRY & MAGGIE, 2004. p. 67). Reivindicações e Políticas Públicas: os anos 1990 Políticas públicas setoriais voltadas para a temática racial começaram a ser debatidas com maior intensidade, inclusive como demanda do Movimento Negro, a partir de meados dos anos 1990. Se nos anos 1980 e início dos 1990 a noção de democracia racial ainda era bastante difundida, a partir desse momento ela começa a ser altamente questionada e medidas concretas de combate ao racismo passam a ser cobradas (THEODORO, 2009, p. 11). Assim, a transformação ocorrida nos anos 1990 que leva à discussão sobre a falácia da democracia racial para além da Academia pode ser entendida quando articulamos alguns acontecimentos, já indicamos anteriormente – a saber, fatos como a rearticulação do Movimento Negro e a Conferência em Durban, considerada um marco (LIMA, 2010, p. 79; JACCOUD, 2008, p. 58). 8 Resultados Parciais Ainda há um extenso caminho a percorrer para que seja possível vislumbrar respostas satisfatórias à pergunta colocada neste trabalho. Não obstante, cremos ser possível partir para alguns apontamentos relevantes neste debate. Procurando articular, a partir da literatura disponível, movimentos que caminham na direção de uma resposta positiva à problemática levantada, traremos alguns dados. Em 18 de junho de 1978, reuniram-se em São Paulo diversos grupos de movimentos negros que convergiam ao pensar que a luta de classes deveria ser combinada com a luta antirracista na sociedade brasileira. Após anos de repressão e clandestinidade, como resultado da ditadura militar no país (19641985), esse ponto de convergência e uma conjuntura nacional e internacional de conquistas de maiores espaços para as lutas dos movimentos sociais, e particularmente de movimentos negros, permitiu a criação do Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial (MUCDR), que mais tarde se tornaria o MNU, Movimento Negro Unificado (DOMINGUES, 2007, pp. 113-114). Por sua pluralidade, elegemos o MNU como porta-voz do movimento negro para este trabalho. Quanto às suas reivindicações, o Programa de Ação de 1982, quando da realização do I Congresso do movimento, colocava como mais relevantes: Desmistificação da democracia racial brasileira; organização política da população negra; transformação do movimento negro em movimento de massas; formação de um amplo leque de alianças na luta contra o racismo e a exploração do trabalhador; organização para enfrentar a violência policial; organização nos sindicatos e partidos políticos; luta pela introdução da História da África e do negro no Brasil nos currículos escolares, bem como a busca pelo apoio internacional contra o racismo no país. (DOMIINGUES, 2007, p. 114) Cada um desses pontos é bastante complexo e diversas análises podem ser feitas quanto ao que aconteceu nos 20 anos seguintes à sugestão dessas reivindicações. Sem tratar esses acontecimentos como meras causalidades, podemos, no entanto, fazer algumas conexões. Em primeiro lugar, no que toca à desmistificação da democracia racial brasileira, os levantamentos 9 apresentados anteriormente indicam que essa luta foi travada nos movimentos negros e muitos intelectuais e acadêmicos trouxeram à tona levantamentos científicos que convergem quanto a não existência de uma igualdade racial no país. É importante salientar, contudo, que fenômenos muito distintos ocorreram na esfera acadêmica e na esfera das relações sociais cotidianas em relação às evidências sobre a democracia racial. Enquanto no universo acadêmico este mito fora colocado por terra, “na esfera pública o ciclo de estudos [iniciado pelo Projeto Unesco] não gerou mudança alguma na tradicional autoimagem da sociedade brasileira.” (Maio 2000, p.116). Ainda assim, o fato de ter sido deslegitimado pela ciência pode ser considerado um grande passo na luta do movimento negro. O segundo ponto colocado, organização política da população negra, é muito abrangente, mas é possível, acredita-se, ter nas políticas de ação afirmativa e na criação da SEPPIR um exemplo de algum sucesso neste aspecto. Criada como órgão de assessoramento imediato ao Presidente da República, à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial compete assessorar direta e imediatamente a presidência no planejamento, coordenação da execução e avaliação do Programa Nacional de Ações Afirmativas, dentre outras atribuições. Por fim, cabe ressaltar a importância da dinâmica entre Academia, Estado e Movimentos Sociais. Note-se que se a relação entre esses três setores por um lado não é de dependência, por outro pode fazer com que cada um tenha seus planos alterados pelos contatos feitos com os demais. Para deixar a ideia mais clara, pensamos aqui não em simples causalidades, mas em algo que vai ao encontro do conceito de afinidades eletivas, como utilizado por Max Weber. Vejamos a explicação de Michael Löwy (2011[2004]) sobre o termo sob perspectiva weberiana: Afinidade eletiva é o processo pelo qual duas formas culturais – religiosas, intelectuais, políticas ou econômicas – entram, a partir de determinadas analogias significativas, parentescos íntimos ou afinidades de sentidos em uma relação de atração e influência recíprocas, escolha mútua, convergência ativa e reforço mútuo. (...) É claro, a afinidade eletiva depende do grau de ‘adequação’ ou de 10 ‘parentesco’ entre as duas formas, mas ela depende também de outros fatores: a afinidade eletiva é favorecida ou desfavorecida por certas condições históricas. Em outros termos, é necessária uma determinada constelação – para utilizar um conceito que Karl Mannheim deslocou com sucesso da astrologia para a Sociologia do Conhecimento - de fatores históricos, culturais e sociais para que se desenrole um processo de attractio electiva, de seleção recíproca, reforço mútuo e até mesmo, em alguns casos, de simbiose de duas figuras espirituais. (pp. 139-140) Trazendo para o nosso tema, consideramos que, nos termos acima, uma “constelação” de aspectos tenha se dado no período histórico aqui estudado, o que poderia explicar, por múltiplos fatores, mas num dado período, uma sintonia nos caminhos tomados por certos setores das áreas mencionadas, culminando no reconhecimento de maneira mais ampla da existência do racismo no país e na adoção de medidas para tratar do assunto, como a aplicação de políticas de ação afirmativa. É o que acontece, por exemplo, a partir principalmente dos anos 1990, quando a atenção de muitos analistas e estudiosos se volta a pautas colocadas diretamente por grupos de militantes. Nestas pautas, há identificação de um fenômeno que pode ser entendido como a formação, no Brasil, de grupos que cultivam identidades étnico-raciais negras, se organizam em associações privadas e desenvolvem demandas políticas próprias, buscando interlocução com aparelhos do Estado. A importância política desses grupos fica clara no papel central que desempenham hoje na reforma universitária em curso, pressionando com sucesso a adoção de cotas para negros, sendo também bem-sucedidos na demanda pela criação de uma Secretaria Especial para Promoção da Igualdade Racial, com estatuto de ministério, assim como na indicação de quadros seus para ocupar postos relevantes em outros aparelhos do Estado brasileiro. (GUIMARÃES, 2010, p. 115). É possível verificar que movimentos negros, constatando que modos de promoção social considerados universalistas acabavam, de maneira geral, em desvantagem para os negros (GUIMARÃES, 2010, p. 115), passaram a questionar a universalidade destes critérios e a cobrar, isto sim, meios concretos de distribuição das riquezas sociais. Essa posição vai ao encontro de 11 uma tendência internacional que pode ser chamada de multiculturalismo, em que “diversidade, já em versão multicultural, significa diferenciação e particularização racial e cultural. Busca-se afirmar o reconhecimento da diferença racial como uma nova modalidade de direitos, por suposto moralmente mais justa, cuja função maior seria debelar as desigualdades, não as diferenças, entre as raças (...)” (GRIN, 2005-2006, p.38). A III Conferência Mundial das Nações Unidas de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, considerada a primeira a tratar o racismo e discriminação racial em sua incidência planetária (LINDGREN ALVES, 2002, p.200), é grande exemplo de adoção do conceito do multiculturalismo em suas propostas de ação, tendo exercido alta influência na criação da SEPPIR. Sabese que reconhecimento de diferenças não gera, como uma consequência natural, uma distribuição de riquezas sociais mais justa. Todavia, conseguir explicitar a existência da diferença e, mais que isso, que essa diferença vem gerando de maneira infundada grandes desigualdades socioeconômicas, pode ser passo importante para a luta por uma divisão mais igualitária dos produtos sociais. Referências Bibliográficas AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – Século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial. 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