1 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E O USO DAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR José Wilson dos Santos [email protected] Luciana Kemie Nakayama [email protected] Sonner Arfux de Figueiredo [email protected] Antonio Sales [email protected] Docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul-UEMS Resumo Buscamos neste artigo evidenciar as possibilidades de utilização do software graphmática para o ensino de funções do primeiro e segundo graus numa turma de 9º ano do ensino Fundamental em uma escola pública estadual, apresentadas por dois estágiários do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul-UEMS de Nova Andradina. Para tanto procedemos uma análise qualitativa dos relatórios de aula produzidos pelos referidos estágiários, fundamentados nos três tipos de abordagens para uso das Tecnologias Digitais da Comunicação e Informação (TDCIs), apresentados por Vieira-Souza; a apropriação, a complementação e a produção. A análise deste estudo revela a influência da disciplina de Estágio Supervisionado para a formação do futuro professor, bem como, a contribuição da integração das TDCIs para o ensino de matemática. Palavras-chave: Tecnologias Digitais da Comunicação e Informação, Educação Matemática, Formação de Professores. Considerações iniciais Dentre os elementos, da atual conjuntura educacional, que nos trazem preocupação dois deles são postos em destaque neste texto: a formação inicial do professor de Matemática e o uso da informática no ensino da Matemática. Tanto um quanto o outro tem recebido destaque especial nas pesquisas e publicações da atualidade. O primeiro deles, a formação inicial, marcado pelas 2 contradições próprias de uma época de transição da passagem de uma visão de aprendizagem bancária (FREIRE, 2010) e prática como imitação de modelos, “a prática pela prática e o emprego de técnicas sem a devida reflexão” (PIMENTA;LIMA, 2004, p.37) para uma onde o professor exerce uma prática reflexiva, de dimensão individual e coletiva, o que implica autonomia e responsabilidade” (SEBEM, 2003). Moreira (1995) sugere que os professores [universitários] vejam os estudantes como “intelectuais transformadores, capazes de assumir responsabilidades pelas decisões relativas aos conteúdos que vão ensinar à forma como vão ensinar e aos objetivos perseguidos” (p. 129). Uma visão coerente com a perspectiva de Giroux (1997) e Freire (2010), um projeto sem dúvida defensável, que, porém contrasta com a realidade vivida. Esta mesma preocupação é partilhada por outros educadores, como resalta a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), onde aponta dentre alguns problemas a serem enfrentados nos cursos de licenciatura: [...] a ausência de conteúdos relativos às tecnologias da informação e da comunicação. [...] O isolamento entre escolas de formação e o distanciamento entre as instituições de formação de professores e os sistemas conhecimentos matemáticos e os conhecimentos pedagógicos e entre teoria e prática [...](SBEM, 2003, p. 6). Admitimos que as transformações necessárias conforme destaca a SBEM sejam possíveis, todavia implica numa mudança de paradigmas na atual estrutura universitária, o que demanda esforços urgentes na constituição do curso de formação que almejamos. Neste contexto, nosso trabalho com os acadêmicos consiste em uma atividade de reflexão sobre a proposta que ele apresentará à escola quando a ela se apresentar para atuar como estagiário ou como profissional. Entendemos como Pimenta e Lima (2004 p.12) que “os professores são profissionais essenciais na construção dessa nova escola” porque “contribuem com seus saberes, seus valores, suas experiências nessa complexa tarefa de melhorar a qualidade social da escolarização”. Ainda segundo a mesma autora “a atividade docente é sistemática e científica, na medida em que toma objetivamente (conhecer) o seu objeto (ensinar e aprender) e é intencional, não casuística”. (p.83) A experiência desenvolvida como será visto envolveu o trabalho com funções do primeiro e segundo graus na perspectiva de promover e investigação e a experimentação 3 matemática na perspectiva de Ponte, Brocardo e Oliveira (2006) e dos Parâmetros Curriculares de Matemática (PCN) (BRASIL, 1998). No documento citado consta que dentre as atitudes a serem adotadas no ensino da Matemática está a promoção do processo investigativo. Os PCNs propõem que esta disciplina deva contribuir para o “Desenvolvimento da capacidade de investigação e da perseverança na busca de resultados, valorizando o uso de estratégias de verificação e controle de resultados” (BRASIL, 1998, p.75) e para Ponte “investigação é um termo relacionado, academicamente, à pesquisa onde se parte de uma questão muito geral ou de um conjunto de informações pouco estruturadas a partir das quais se procura formular uma questão mais precisa e sobre ela produzir diversas conjecturas. Neste processo, por vezes formulam-se novas questões e abandonam-se, em parte ou no todo, as questões iniciais. As conjecturas que resistirem a vários testes vão ganhando credibilidade, estimulando a realização de uma prova que, se for conseguida, lhes conferirá validade matemática” (PONTE, 2003, p. 1). A análise dos relatórios de estágio mostrou que houve a construção de conhecimento em ambas as partes: do aluno da educação básica com o trabalho direto com o software como será relatado posteriormente e do acadêmico em formação que conseguiu vivenciar na prática os benefícios do uso da tecnologia numa abordagem de produção tirando o máximo proveito dentro dos seus conhecimentos e experiências vivenciadas nas aulas de estágio. Como um fator importante no processo didático no contexto atual está a inclusão das TDICs, que de forma indisfarçável se faz presente em todos os setores da sociedade e, mais precisamente. no ambiente escolar. As TDICs têm sido cada vez mais usadas na educação (VALENTE, 2005). As formas como são utilizadas, ou melhor, as abordagens ou estágios de integração de tecnologias ao ensino que, segundo Soares-Vieira (2012), resulta em um contexto escolar modificado. Na perspectiva da pesquisadora, abordagens têm a ver com modos e finalidades de utilzações dos recursos disponibilizados pela teconologia em atividades pedagógicas. Esclarece que não há uma hierarquia ou ordem cronológica nessas abordagens, mas contextos de atuação e objetivos, elencando assim três diferentes tipos de aborgagens, a apropriação, a complementação e a produção.. 4 A abordagem de apropriação ocorre no momento em que o professor acredita que é necessário informar o aluno sobre os modos de utilização da tecnologia, o manuseio da máquina e a operacionalização do software, para somente então dar inicio a sua proposta de construção do conhecimento em questão. Ainda, segundo a pesquisadora, essa abordagem pode também ocorrer em decorrência da falta de conhecimento pedagógico do professor. Neste sentido evidenciamos um movimento interno as escolas que impulsionam o professor para o uso das TDCIs, movimento este que defendemos, todavia, muitas vezes a a falta de bagagem pedagógica por parte do docente, limita o mesmo à utilização técnica dos recursos. Outra abordagem destacada por ela e a abordagem de complementação e ocorre quando o professor usa tecnologia para ilustrar o que foi ensinado em aula ou como um recurso para tornar a aula menos cansativa. Nesse caso estão incluídas também as pesquisas na web e os jogos educativos. Em nossa concepção esta abordagem requer um cuidado especial para não ser comparada a história anedotário, quando já na década de 20 a revista americana The Mathematics Teacher apresentava textos históricos de matemática com o intuito de motivar os alunos. Segundo Miguel e Miorim (2004), num contexto de recreação estes textos eram apresentados como uma “recompensa” depois de um “árduo e desgastante trabalho de esforço e concentração”, uma forma de aliviar o estresse. A terceira abordagem detectada na pesquisa de por Soares-Vieira foi denominada de produção. O professor posiciona-se como orientador do processo e os alunos interagem com a tecnologia. Indica domínio da tecnologia e dos conceitos da disciplina por parte do professor e o computador é um recurso integrado onde o professor orienta o aluno na elaboração de atividade, na investrigação de propriedades matemáticas. São atividades desenvolvidas para produzir conhecimento, desenvolver a iniciativa do aluno, produzir interação aluno-máquina, aluno-aluno e aluno-conhecimento. Inclui atividades de autoria e a integração de vários recursos tecnológicos. Quando a atividade a ser desenvolvida é oriunda da matemática envolve software específicos e também tarefas que incluam atividades que desafiam a observação de propriedades e de relações internas e externas ao tema abordado. Concordamos com a pesquisadora citada que quando o professor adota a abordagem de ensino mediado por tecnologia e webtecnologia classificada de produção ele fomenta a autonomia e a criatividade do aluno e possibilita situações de 5 aprendizagem. Nessa abordagem a atuação do professor consiste principalmente em definir tarefas e nortear o desenvolvimento das atividades propostas aos alunos. No caso analisamos a inserção de um software que funciona como ferramenta de autoria individual (VALENTE, 2005) durante as aulas de estágio supervisionado com o objetivo de preparar o acadêmico para o desenvolvimento de um projeto de ensino envolvendo o software de uso livre, graphmática, e o estudo de funções do primeiro e segundo graus. Esse tema foi escolhido em virtude de ser parte do programa dos anos finais do ensino fundamental. As atividades com software gráficos além da visualização, possibilitam a ênfase em um “aspecto fundamental na pedagógica da disciplina: a experimentação” (BORBA; PENTEADO, 2003, p. 37). Afirmam os autores citados que “As novas mídias, como os computadores com software gráficos, as calculadoras gráficas, permitem que o aluno experimente bastante de modo semelhante ao que faz em aulas experimentais em biologia ou física” (ibidem). A experimentação em matemática tem, especialmente na perspectiva desta proposta de trabalho, o papel fundamental de contribuir para a elaboração de conjecturas e sua verificação. É dessa forma que supomos que contribui para aflorar os tipos de raciocínio presentes na atividade de produção matemática. A proposta partiu do pressuposto de que os experimentos devem ser construídos na coletividade, através de uma técnica didática específica, a experimentação, e as conjecturas devam ser resultantes de desafios previamente elaborados pelo professor. Supomos que os raciocínios virão à luz pela via da “maiêutica” tendo a experimentação como instrumentos de fecundação, cultivo e afloração. Delineando a pesquisa: um olhar reflexivo sobre a atividade realizada. Destacamos a experiência de licenciandos em matemática com o uso da tecnologia vivenciada durante a disciplina de Estágio Supervisionado, relativo ao ensino fundamental. Para tanto, tomamos como objeto de análise os relatórios de dois estágios, disponíveis no arquivo da Universidade, procedendo uma análise qualitativa dos dados. Segundo Santos (2011,p. 59), tal análise está [...] voltada à compreensão das crenças, das opiniões, das relações, de fatores sociais, culturais e emocionais, entre outros, que interferem na análise dos dados coletados e que não poderiam ser compreendidos se submetidos a análises meramente quantitativas. 6 Os acadêmicos tiveram na disciplina de estágio um contato com o software Graphmatica durante oito horas aula onde aprenderam a trabalhar com funções de primeiro e segundo graus, cônicas e funções trigonométricas através de atividades coordenados pelos professores de estágio supervisionado. Percebe-se neste caso uma preocupação em incluir as TDICs na formação dos acadêmicos, ainda que estas não sejam parte integrante do currículo atual da disciplina, todavia, em consonância com as recomendações da SBEM conforme destacamos anteriormente. Além dessas aulas eles puderam fazer uso da tecnologia diretamente com alunos do ensino fundamental conforme relatamos a seguir. Os acadêmicos apresentaram o software Graphmatica ao nono ano da uma escola estadual localizada no município de Anaurilândia, Mato Grosso do Sul, em forma de um projeto associado à disciplina de Estágio Supervisionado. No início do projeto os estagiários relatam que usaram um datashow para que os alunos pudessem compreender como trabalhar com o programa. Verificamos que tal atitude configura-se na abordagem de apropriação citada por Soares-Vieira, necessária para os acadêmicos pudessem dominar o uso do software sem, no entanto, fazer da abordagem um fim da sua ação pedagógica, mas apenas um meio necessário para a interação aluno-software. Inicialmente as atividades envolveram função do primeiro grau, cuja representação gráfica é uma reta. Foi sugerido aos alunos que construissem a representação gráfica de uma função dada, sem saberem que se tratava de reta. Muitos alunos, que ainda não havia estudado o tema, denominaram a reta de risco, sendo orientados a formalização dos termos em momento posterior . Foram realizadas ainda atividades para verificar a inclinação da reta através da alteração do coeficiênte angular, bem como do deslocamente da reta sobre o eixo Oy com a variação do coeficiente angular da reta.. Usando o software os alunos puderam representar diferentes gráficos de funções, bem estabelecer relações entre a linguagem algébrica e geométrica, cuja representação encontra-se nas figuras 1 e 2 abaixo: 7 Figura 1: Inclinação da reta Figura 2: Deslocamento da reta A análise dos dados revelam as articulações a partir das construções propostas, como a possibilidade de fazer comparações com diferentes gráfico, permitindo aos mesmos levantar hipóteses, validar ou refutar suas considerações, conforme preconiza a SBEM e pelos Parametros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1998). Ao desenvolver o projeto os estagiários ainda abordaram o gráfico de parábola realizando atividades que permitissem aos alunos elaborar conjeturas quanto a abertura da concavidade de uma e relacionar sua posição ao sinal do coeficiente do termo “a”(fig.3) Figura 3: Gráfico de uma equação do segundo grau Verificamos que todas estas atividades foram inseridas num contexto de produção de acordo com Soares-Vieira (2012), visto que as mesmas são introduzidas no início do processo, e permitem a compreensão dos conceitos matemáticos a medida que o aluno interage com a tecnologia, avança e retroage conforme sua necessidade, permitindo uma relação dinâmica entre o aluno e a máquina, tendo o professor como mediador do processo na construção do conhecimento. 8 Ao final do projeto os estagiários propuseram aos alunos a construção de um desenho livre por meio do Graphmática, alguns dos quais estão representados na figuras 4 e 5: Figura 4: Desenho livre 1; graphmática Figura 5: Desenho livre 2; graphmática Percebe-se nas construções a utilização dos diversos conceitos que permeiam a representação de equações do primeiro e segundo graus em intervalos delimitados, e equações da circunferência em posições específicas e raios determinados. Destacamos que tal construção difere da abordagem de complementação descrita anteriormente, visto que, diferente desta, a construção sugerida não é alheia ao processo, aparecendo apenas no final de uma etapa, mas, contrariamente, é parte integrante do mesmo, permitindo a utilização do software para explicitação de um conhecimento construido por meio dele. Indicações Importantes: considerações a respeito da atividade realizada Ao propor um novo conhecimento ao aluno, um dos objetivos principais de todo professor é se fazer compreender, uma vez que: Se no exercício da docência espera-se que o futuro professor seja capaz de articular conhecimentos específicos e pedagógicos de modo a possibilitar ao aluno a construção de significados e a aprendizagem de conteúdos, conduzindo-o à autonomia, é a licenciatura o lugar e espaço oportuno para que ele desenvolva esta competência (SANTOS, 2011, p.144). Diante disso compreendemos que a licenciatura tem importância essencial no desenvolvimento de competências para o ensino, e não somente na aquisição de 9 conhecimento de conteúdo, o que “exige a definição de currículos próprios da Licenciatura que não se confundam com o Bacharelado ou com a antiga formação de professores que ficou caracterizada como modelo 3+1” (CNE/CP9, 2001, p. 6). A análise dos dados revela que os estagiários sugeriram atividades que tiveram a oportunidade de praticar durante as aulas de estágio na universidade, o que revela a influência da formação em suas concepções de ensino de Matemática, bem como na constituição de uma bagagem e um “modelo”do que é significa ser professor de Matemática. Este contato inicial com o software representou aos licenciandos um porto seguro que, por meio de suas experiências vivenciadas no curso adquiriram mais segurança ao realizarem a explicação das atividades, como pode ser observado pela fala da aluna A.D.S.P do 9 ano.ao comentar sobre a ação dos estagiários durante o projeto: Figura 6: Relato da aluna Outros relatos seguem na mesma linha, como a aluna A.L.R, que afirma “[...] os novos professores, eles são ótimos, pois explicam bem, são atenciosos, se temos alguma dúvida eles explicam novamente”. Da mesma forma a aluna A.A.F diz: “[...] “Os professores [referindo-se aos estagiários] são otimos professores explicaram muito bem.” Segundo a aluna A. L. R. “[...] deu para conhecer melhor sobre os deslocamentos dos 10 gráficos.” enquanto o aluno H.D.R afirmado “[...] da para fazer muita coisa legal com a matemática[...]”. De acordo com os relatos apresentados é possível conjecturar que a atividade desenvolvida promoveu não somente a compreensão dos conceitos, como o fez por meio de um envolvimento significativo, por de uma estratégia que une os alunos a tecnologia digital (onde parece haver um atração natural). Por meio da mediação docente os alunos demonstram superar suas dificuldades iniciais, apresentado motivação e compreensão dos conceitos trabalhados. Veja o que diz o professor regente da sala que acompanhou o desenvolvimento do projeto: O curso foi de grande importância para os alunos , pois no 9º ano se inicia os estudos de funções de 1º e 2º grau e o programa vai auxiliar de modo positivo para aprendizagem deles e atraves da tecnologia os alunos despertam mais o interesse em aprender. Observamos que a tecnologia desperta o interresse do aluno em aprender além de possibilitar a construção de conceitos matemáticos ainda que esses conceitos não tenham sido vistos formalmente, demonstrando a eftividade e relevância da abordagem de produção para o processo de ensino e de aprendizagem de matemática. Nesta abordagem percebemos que os acadêmicos estágiários direcionaram as atividades não permitindo que o software fosse usado apenas como descontração, e sim enquanto instrumento para facilitar a aprendizagem, conforme pode ser observado entre outros, na fala da aluna A.F. “No começo eu pensei que seria complicado mas fui pegando o jeito e aprendi.” A experiência mostrou que é possível utilizar a tecnologia de forma eficiente para o ensino. Neste processo o professor assume o papel de mediador, profissional capaz de compreender as ideias do aprendiz e sobre como atuar no processo de construçào de conhecimento para intervir apropriadamente na situação, de modo a auxiliá-lo nesse processo ( VALENTE, 2005). Considerações Finais Ao dar início a esta pesquisa nos propusemos a investigar algumas possibilidades do uso da tecnologia para o ensino de matemática, mais especificamente, do uso de computador e o software graphmática para o ensino de funções do primeiro e segundo 11 graus, durante o trabalho realizado por dois estagiários do curso de licenciatura em matemática durante suas atividades em uma escola pública estadual. Para tanto analisamos os relatórios produzidos durante o estágio, onde buscamos compreender qual a proposta de aula desenvolvida pelos estagiários, bem como a relação desta com os conhecimentos adquiridos durante o curso de formação. Para tanto, tomamos por base três abordagens de ensino por meio das TDCIs propostas por Vieira-Souza, e sob este parâmetro, lançamos nos nosso olhar sobre os relatórios produzidos. A análise dos dados aponta para a produção e desenvolvimento das atividades em consonância com tendências atuais para o ensino de matemática, conforme preconizam os PCNs e a SBEM entre outros. Observamos que as atividades dos acadêmicos estagiários apontam uma alternância de abordagens durante o processo, passando inicial de uma abordagem de apropriação, onde os alunos da turma onde foi realizado o estágio obtiveram instruções sobre os comandos e funcionamento do software para, a partir deste domínio técnico, poder dar início a sua aprendizagem. Na sequência as atividades são conduzidas centrando-se numa abordagem de produção, permitindo a construção de gráficos e figuras por meio da representação e conversão destas do campo algébrico ao geométrico e vice-versa. Neste percurso as TDCIs são integradas ao processo de ensino, de modo a permitir a construção de conhecimento por meio da interação aluno-tecnologia-professor (estagiário), sendo o processo centrado na relação entre aluno e tecnologia, mediados pelos referidos professores. Cabe ressaltar que, ao se identificar algumas abordagens metodológicas por meio das TDCIs não estamos assegurando uma sequência linear deem o prevalecimento de uma em detrimento da outra, sendo possível a co-existência de diferentes abordagens em comentos alternados do processo quando necessário, todavia, defendemos sim uma proposta onde o objetivo central possibilitar ao aluno o acesso ao conhecimento por meio da seja a experimentação, conforme aponta Borba e Penteado (2003). Ao longo deste processo observamos que os acadêmicos puderam vivenciar dois momentos distintos: tiveram a oportunidade de aprender a dominar a tecnologia com as aulas de estágio, bem como, de realizarem o projeto, podendo vivenciar a experiência de desenvolver em sala de aula estes conhecimentos, possibilitando-os a compreensão do potencial das TDCIs para a construção de conhecimento matemático. 12 Por outro lado, observamos que ao realizar tal experiência, os estágiários limitaramse a reprodução das atividades da mesma forma a que foram submetidos, não revelando no relatórios, situações que nos permitam identificar modificações sugerindo mudanças significativas que indicassem autonomia da dupla na implementação de suas ações. Buscar uma compreensão das contribuições do uso das TDCIs na formação do próprio estagiário foge aos objetivos deste artigo, apresentando-se como possibilidade para futuras pesquisas. Referência Bibliográfica BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Mirian Godoy. 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