AS NOVAS TECNOLOGIAS NO CENÁRIO EDUCACIONAL E A
CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS
Vandeilton Trindade Santana1
Socorro Aparecida Cabral2
RESUMO:
Este artigo objetiva discutir sobre as Novas Tecnologias no cenário educacional bem
como abordar a convergência das mídias no âmbito pedagógico, buscando compreender
de que modo os serviços que são disponibilizados nos ambientes da web são utilizados
como interfaces de comunicação pedagógica. No que tange as Novas Tecnologias, é
salutar entender como as TIC’s estão inseridas no contexto educacional e como as
mesmas estão sendo trabalhadas. Diante de uma sociedade contemporânea,
compreender como se dá os processos midiáticos e tecnológicos na educação é de
fundamental importância para as práticas pedagógicas, bem como para estabelecer um
elo de aproximação entre as práticas educativas inovadoras e as TIC’s.
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Convergência de mídias. Novas Tecnologias.
INTRODUÇÃO
Atualmente vivemos num contexto digital, em que o avanço rápido, veloz das
TIC’s, tem ocasionado diversas discussões acerca dos impactos que estas têm causado.
È notório, que esses impactos advém da convergência das mídias. Elas que por sua vez,
são as protagonistas de uma sociedade focada na era digital. Podemos observar que a
mesma tem um poder enorme de influência sobre nossos costumes, na nossa vida de
forma geral. Como e quem hoje, vive sem um celular, por mais simples que seja? Como
se comunicar, sem os sms, e-mails? As cartas manuscritas foram substituídas pelos
emails, as visitas, foram substituídas pelas chamadas de vídeo, cam, etc.
1
Pós graduando no curso de Especialização em Gestão Educacional – Latu Senso, pela Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia.
2
Professora orientadora.
1
Portanto, é oportuno pensar, neste novo modelo comunicativo/tecnológico, que
deverá estar baseado nas potencialidades que definem a nova situação. É bom
atentarmos para os pilares fundamentais nesse processo, de forma especial a educação.
Compreender as multifuncionalidades desta era digital é vislumbrar um modelo de
educação inovador que busca através dos recursos oferecidos pelas Novas Tecnologias
agregar às práticas pedagógicas de modo a fortalecer os processos de interação e
interatividade nas práticas/atividades pedagógicas. Nesta sintonia, comungo do
pensamento de Almeida e Moran (2005, p.84) “[...] na interação com o mundo o
aprendiz coloca-se diante de situações que devem ser resolvidas e, para tanto, interage
com o computador para buscar informações, interpretá-las, representá-las e construir
conhecimento. [...]”.
Assim, a interatividade agregada com o avanço das Tecnologias de Informação
e Comunicação e as convergências das mídias, poderão revolucionar e transformar os
atores submergidos neste processo. As relações interativas convergem com o
pensamento de Vygotsky (2002) no que diz respeito às interações sociais. Para ele
confere novos significados e olhares para a vida em Sociedade. É importante notar, que
esses novos significados nos remetem a pensar num modelo de sociedade carregada de
valores.
Por um lado, os costumes, a cultura, o modo de cada um fazer-se inserido no
seio social, por outro, o ápice da tecnologia. Momento no qual, a sociedade para pára
resignificar seus costumes, agregar os processos tecnológicos no seu dia a dia. Sabemos
que o novo sempre impulsiona, porém é uma necessidade estarmos inseridos nesse
contexto social-tecnologico3. Nem sempre a relação da sociedade com a tecnologia se
deu de forma suave, embora as TIC’s tragam inúmeros benefícios à sociedade, ainda é
salutar o processo de evolução social que nossa sociedade vive. A globalização, com
seu teor ideológico, não abre mão dessa evolução, trazer a dinâmica dos processos de
evolução social frente à globalização e o contexto digital, com a convergência das
mídias, tanto no campo educacional quanto tecnológico, é o objetivo desse trabalho.
No que diz respeito ao contexto educacional, embora estejamos distante do
modelo que almejamos no que se refere as TIC’s, não podemos deixar de registrar os
avanços das tecnologias e a convergência das mídias, que favorecem esse processo de
3
Termo usado para designar uma amigável relação entre a sociedade e a tecnologia – (grifo meu)
2
formação do profissional da educação, superando o conceito de uma comunicação e
educação unilateral, e centrada. Nesta esteira descreve Nelson de Luca Pretto:
Na relação professor-aluno-conhecimento, deve estar presente a
interatividade, não como consequência da presença das tecnologias,
mas como foco, como uma característica, um requisito para a
construção do conhecimento. Nesse contexto, institui-se uma nova
dinâmica: o trabalho do professor intensifica-se, estrutura-se, uma
nova relação pedagógica e exige-se uma nova plataforma de trabalho,
uma nova organização da escola, uma nova competência técnica e
política dos professores ( 2005, p. 136)
Diante disso, imersos num mundo onde a tecnologia está cada vez mais presente,
é preciso atentar para a inserção destas Novas Tecnologias nas práticas pedagógicas,
trazendo assim, uma ressignificação na concepção de uma educação inovadora e
tecnológica. Se tratando do sistema educacional, a situação necessita de uma reflexão
mais aprofundada. É necessário que o educador tenha um conhecimento preciso acerca
do assunto para refletir sua prática com mais cuidado neste espaço.
A convergência das mídias tem sido um passo instigante para a sociedade, bem
como um avanço avassalador do capitalismo. Os avanços ocorrem de forma rápida, as
tecnologias de comunicação, então, revolucionam significativamente a indústria, esta
que tem o papel de produzir os mais avançados meios tecnológicos que surgirem. O
mundo globalizado esbanja suas ansiedades, o avanço da tecnologia, mais
especificamente, aquela voltada para os meios de comunicação, e com chegada da
informática, não importa o lugar em que você esteja, é possível ter acesso a toda e
qualquer informação em segundos. Tudo isso é globalização.
A CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS E CURRÍCULO
A convergência desse processo midiático e o avanço das tecnologias, nos leva a
refletir que os meios de comunicação nos dias de hoje, entre as pessoas torna-se
diferenciada. Por exemplo, a linguagem entre os usuários da internet, geralmente
jovens, já ultrapassou as telas do computador e já é utilizada nas mais variadas
atividades. Palavras como web, net, link, que eram empregadas somente para a
informática, atualmente estão em constante uso entre as pessoas. Na compreensão de
Lévy (1999), é impossível separar o ser humano de seu ambiente material, assim como
3
dos signos e das imagens por meio dos quais atribui sentido à vida e ao mundo. De
acordo com o mesmo autor, as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma
cultura.
Neste sentido, o contexto digital, evidenciou no ser humano uma visão
extremamente tecnológica. A Cultura midiática trouxe consigo inúmeras inquietações
para o ser humano. A cibercultura, segundo Lévy (1999, p.17), “especifica um conjunto
de técnica (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modo de pensamento e
de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Desse
modo, podemos observar que a cibercultura é vista como um modelo cultural
contemporâneo, sob a égide de novas interfaces e da cibercultura, comprometidas por
outras temporalidades e territorialidades. Assim, de acordo com o mesmo autor, o
ciberespaço
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos
computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura
material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de
informações que ela abriga, assim como os seres humanos que
navegam e alimentam esse universo( LÉVY, 1999, p. 17).
Como o uso das novas tecnologias, a convergência das mídias está a todo vapor,
no ápice da sociedade pós-moderna, é imprescindível a utilização dessas ferramentas
num contexto globalizado que vivemos. São tantas inovações que muitas vezes nos
perdemos em meio a toda essa revolução tecnológica. Diante dos textos discutidos, sob
a ótica de Ramal (2002), Pretto (2005) e Primo (2000), as novas tecnologias têm
causado na educação um olhar reflexivo no que tange aos profissionais da educação, o
uso dessa tecnologia em sala de aula e a incorporação dessas no círculo cultural de cada
estudante tem provocando grandes revoluções. Neste sentido, o professor passa a
desempenhar o papel do professor mediador, reflexivo e inovador.
De acordo com Marcos Silva (1999), citado por Pretto (2005, p.134), “[...] o
professor necessita interromper a tradição do falar/ditar. Ele necessita construir um
conjunto de territórios a serem explorados pelos seus alunos [...]”. Os processos de
aprendizagem dos estudantes estão cada vez mais impelindo a integração das mídias,
abrindo possibilidades para um meio interativo mais significativo e colaborativo no
processo ensino-aprenizagem. A comunicação, como uma forma de linguagem mais
eficaz e abrangente, traz para o sujeito uma visão macro de sociedade, bem como
4
potencializa seu ciclo de aprendizagem. Neste processo, é interessante ressaltar a
importância da interação mutua que segundo Primo (2000), se caracteriza por um
sistema aberto. Assim, para que de fato haja uma aprendizagem significativa, é
necessário haver essa interação entre professor x aluno x professor. Por conseguinte,
“[...] os sistemas interativos mútuos estão voltados para a evolução e desenvolvimento
[...]” (Primo, 2000, p.86).
Aliar todo esse avanço das TIC’s na educação é necessário uma reflexão acerca
do currículo. Trabalhar com a concepção de currículo que temos ainda, é muito
complexo, pois o ranço de um currículo engessado, fechado, gradeado, perpetua nas
escolas brasileiras, como um parasita. Primo (2000) caracteriza a interação mútua como
um sistema aberto. Essa interação é o tripé fundamental para convergir o currículo com
as novas tecnologias na educação, tarefa que não é fácil. No entanto, nos chama atenção
para um modelo de aprendizagem significativa e colaborativa no sentido de imprimir no
estudante uma cultura midiática como parte integrante de sua formação. A educação
sempre esteve aliada a tecnologia, porém, o que sempre faltou foi uma formação
consistente para os professores, a fim de trabalhar com os estudantes em sala de aula as
novas tecnologias, refletindo no como, para que e por que utilizá-las. Acredito que a
produção de conhecimento hoje, advém também, através das tecnologias. Imagine como
seria o trabalho dos cientistas sem as tecnologias.
As práticas pedagógicas são a base essencial para o desenvolvimento cognitivo e
intelectual dos/as alunos/as na perspectiva de uma aprendizagem pautada na concepção
de um currículo intercultural e interdisciplinar. Assim sendo, pensar o currículo num a
perspectiva reflexiva, rompe com a prática da fragmentação que tanto aflige nosso
cotidiano escolar. Para Sacristán (1998, p. 30), “essa fragmentação do currículo tem
consequências no nível do desenvolvimento pessoal [...]”. Por outro lado, Bonilla
(2005) traz uma concepção de currículo agregado às TIC’s, o que chama de “currículo
hipertextual” 4, este abordado como um novo modelo para a formação docente. Muitos
problemas educacionais são gerados com base na concepção de um currículo que subjaz
às práticas pedagógicas. O papel do currículo dentro desse contexto é exatamente,
naturalizar a seleção cultural de conteúdos, fazendo com que esse conhecimento
4
Entendido aqui como um modelo de currículo aliado a interdisciplinaridade, funcionando como rede,
em que estão ligados a vários saberes, em que se conectam, interpretam de acordo a realidade, valores
e culturas.
5
representado seja decorrência dos valores reconhecidos pelos professores em sala de
aula.
Hoje, a necessidade de um currículo em rede, como afirma Bonilla (2005), é
cada vez mais emergencial. Ainda segundo a autora, a estruturação de um currículo em
rede é uma das possibilidades de inovação na realidade dos atuais cursos de formação
docente. Os estudantes necessitam de um currículo atrelado as TIC’s. Viver sem
internet, sem celular, sem TV é como se estivéssemos na Idade Média em pleno século
XXI. Desse modo podemos perceber que as inovações agregadas ao currículo trazem
uma ressignificação no processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido, deve ser aplicado
o potencial provocador que as novas tecnologias trazem, sintetizando como
hipertextualidade (Ramal 2002, p.251). “[...] como num hipertexto, não haverá “etapas a
vencer”, mas sim dimensões que se sobrepõem, se conectam e se interpretam, de acordo
com a pesquisa e a criatividade dos sujeitos. [...]”. (Ramal, 2002, p.252). Conforme o
pensamento de Ramal, o hipertexto inserido no currículo configura um novo olhar no
que diz respeito a concepção de rede trazida pela mesma autora. Assim, podemos
observar que a estruturação de um currículo pautado num currículo hipertextual,
descaracterizará o modelo de currículo marcado pela rigidez, endurecimento,
fragmentado.
Por fim, pontuamos dizendo que é preciso que o professor tenha conhecimento e
familiaridade com cada instrumento que vai e pode ser utilizado nos processos de
ensino-aprendizagem. Claro, que isso perpassa pela formação continuada do professor.
Nesta perspectiva, é de fundamental importância trabalhar a convergência das TIC’s na
educação, como ferramenta promissora na construção de uma concepção de currículo
pautado nas mais diversas situações de aprendizagens. Nessa esteira, a interatividade
segundo Pretto (2005, p.130), [...], “é não-linearidade, é potência, é cooperação, é
permutabilidade, ouvir... argumentar [...]”. O currículo pensado, construído a partir
desse olhar, vislumbra o conceito de interação dado por Watzlawick, Beavin e Jackson,
citados por Primo (2000, p.84), “[...]não é somativa, e não pode ser vista como um
derivativo de “propriedades”. [...]”. Assim, acredito que trabalhar as TIC’s na educação
é um processo. A pesquisa, a comunicação, às linguagens, a interatividade, o
conhecimento, são mecanismos que irão potencializar e fortalecer o aprendizado do
aluno de forma que as diversas linguagens forem sendo trabalhadas frente à articulação
e parcerias entre escola x aluno x professor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trazer as TIC’s para a educação, não é e nunca foi tarefa fácil. Apesar de
estarmos inseridos numa sociedade contemporânea, fato este que leva-nos a conviver
com diferentes situações no contexto educacional, é importante ressaltar que as Novas
Tecnologias, têm dado a educação novos rumos, nova cara, no que diz respeito o seu
uso nas práticas educativas.
É bom lembrar ainda, para que de fato, aconteçam essas interações, é preciso a
escola estar aberta a essas novos nuances que a mídia apresenta. A convergência dessas
mídias, é uma discussão que requer um detalhamento cauteloso. Embora a mesma
estando presente no nosso cotidiano, ainda continua sendo usada de forma isolada.
Convergir as mídias nas práticas educativas é um condicionante necessário para uma
reflexão aprofundada, principalmente no que diz respeito a formação do professor e
suas práticas em sala de aula. Neste sentido, a necessidade do docente estar observando
esses avanços rápidos das tecnologias da comunicação e informação, implica
exatamente no pensar e na concepção de uma pedagogia reflexiva e inovadora.
Sabemos que os processos de ensino-aprendizagem, é incitada a partir do
momento que essas práticas forem trabalhadas de forma que converge as mídias com os
conteúdos trabalhados. Ressaltamos ainda, a consolidação de um currículo pautado nas
TIC’s, trazendo para o campo educacional uma concepção de um currículo vivente e
estruturado no contexto digital. Aliado a essa proposta, é imprescindível pensarmos em
um contexto digital, sem pensarmos nas políticas conectivas. A ideia de rede é
exatamente para servir de reflexão no que se refere às TIC’s e principalmente ao
currículo articulado e estruturado como possibilidade de inovação no processo de
formação do professor e sua prática.
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