F.5.1 – Direito
A Produção do Espaço Capitalista: O Caso de Cruz das Almas.
Autor: João A. A. Souza1 , Orientador: Alessandra Marchioni2
1. Estudante do Curso de Direito da Sociedade de Ensino Universitário do Nordeste – SEUNE; *[email protected]
2. Professora da Universidade Federal de Alagoas; *[email protected]
Palavras Chave: Shopping Parque Maceió, Relações de Dominação; Cruz das Almas.
Introdução
Cruz das Almas é um bairro litorâneo de MaceióAL, localizado entre dois bairros de classe alta e três de
classe baixa, incorporando em seu espaço geográfico
social esses dois perfis. Em novembro de 2013, um
shopping center destinado a classe “A” foi inaugurado,
iniciando uma mudança na configuração urbana desse
bairro. Com a inauguração, parte do local começou a ser
reestruturado, com a construção de avenidas de acesso e
revitalização da orla marítima, bem como a construção de
prédios residências de luxo. Tal reestruturação, no
entanto, não alcança todos os moradores do bairro. Com
uma metodologia embasada no “estruturalismo genérico”
de Pierre Bourdieu o objetivo central desse trabalho é fazer
uma breve análise da seletividade estatal na produção
desse espaço urbano, observando o porquê de apenas
uma parte do bairro ter recebido investimentos para
melhorias.
Figuras 2 e 3: Melhorias no bairro
Figuras 4 e 5: Partes do bairro que continua sem melhorias.
Resultados e Discussão
Nesse sentido, observa-se, em Cruz das Almas,
dois grupos pertencentes a um mesmo espaço, habitados
pelos respectivos grupos sociais: O Grupo X com acesso
mais amplo à infraestrutura urbana, incluindo acesso
viário, abastecimento de água potável, esgotamento
sanitário, fornecimento de energia e gás. O Grupo Y, que
tem acesso a essa infraestrutura de forma precária,
principalmente, quanto ao acesso viário e esgotamento
sanitário, drenagem pluvial.
Esses grupos representam forças antagônicas que
disputam o acúmulo de capital econômico, social e político.
“Para a disputa que ocorre entre eles [...], importa a luta
pelo poder sobre o Estado, já que ele concentra o
monopólio da construção da realidade fática e simbólica,
especialmente a competência de definição das coisas do
mundo. Por isso, está em jogo a disputa pelo poder público
do Estado, sobre a definição de políticas públicas mais ou
menos relevantes [...]” (MARCHIONI, 2011, p.163)
Segundo Bourdieu (2004), “todo campo é campo
de forças e um campo de lutas para conservar ou
transformar esse campo de forças” (2004, p.22). O
“campo” é composto por agentes e esses “[...] criam o
espaço, e o espaço só existe (de alguma maneira) pelos
agentes e pelas relações objetivas que ai se encontram.”
(2004, p. 23)
Sendo assim o grupo que vence a disputa tem ao
seu lado a figura do Estado, que passa a produzir políticas
públicas de melhorias ao seu favor. Isso explica o porquê
de se produzir benefícios para determinada parte do bairro
enquanto a parcela vizinha continua sem nenhum tipo de
política de avanço em habitação ou saneamento básico.
Assim, é possível afirmar que o Estado é propriamente
uma “estenografia” resultante do que se passa no espaço.
Figura 1: Novo shopping em Cruz das Almas
Conclusões
É possivel concluir que a porção da população que
mora nas imediações do “Parque Shopping” não possui
condições sociais e econômicas para frequentar o local
inaugurado. Desse modo, é possível afirmar que o novo
empreendimento redefiniu um espaço urbano. Um espaço
de expansão capitalista e especulação imobiliária que
concentrará em uma parcela da população maior valor e
lucro, e que, ao revés, aprofundará a exclusão de outra
parte da popualção já em situação precária.
De qualquer forma, o “Parque Shopping” é a
cristalização das relações de poder e dominação, em que
o Estado, ao viabilizar sua construção, com a nomeação
de um alvará, licenciamento e habite-se, declara
legitimamente como as “coisas devem ser” (BOURDIEU,
2000).
Agradecimentos
Agradeço a minha professora orientadora, doutora Alessandra Marchioni
por todo o apoio e ensinamentos para a elaboração dessa pesquisa.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: DIFEL, 1989.
________________. Os Usos Sociais da Ciência: por uma Sociologia
Clínica do Campo Científico. São Paulo: UNESP, 2004.
_______________. Questões de Sociologia. Lisboa: Fim de Século,
2003.
_______________. Razões Práticas Sobre a Teoria da Ação. 9. ed.
Campinas: Papirus Editora, 2008.
HARVEY, David. A Produção Capitalista do Espaço. São Paulo:
Annablume editora, 2005.
MARCHIONI, Alessandra. Amazônia à Margem da Lei: Abordagem
Jurídica Segundo Pierre Bourdieu. Maceió: EDUFAL, 2011.
67ª Reunião Anual da SBPC
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