Por Carlos Daniel Santos Vieira
ATENÇÃO

 O Romantismo é muito mais do que um período
literário
 É um estilo de vida e de arte!
Contexto HistóricoCultural

 Entre a segunda metade do XVIII e a primeira do
XIX
 Revolução Francesa (=popular e burguesa)
 Arte para a burguesia: entretenimento.
Contexto HistóricoCultural

 Noções que vieram com a Revolução:




Liberdade do indivíduo
Sentimento e emoção
Imaginação
Individualismo
Características

Amoroso calor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra:
Quanto sofro por ti! Nas lonfas noites
Adoeço de amor e de desejos
E nos meus olhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura...
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens
 (Álvares de Azevedo)
Características

Amoroso calor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra:
Quanto sofro por ti! Nas lonfas noites
Adoeço de amor e de desejos
E nos meus olhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura...
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens
 (Álvares de Azevedo)
Pode levar ao
Ilogismo
1. Subjetivismo
o ―eu‖ em foco; emoção; sentimento
Características

Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dois fantasmas que a existência formam,
– Dessa alma vã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
Do prazer que nos custa a dor passada.
 (Junqueira Freire)
2. Escapismo
- Morte (literatura mórbida)
- Sonho, imaginação
Características

"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os
cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos
que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso (...)
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem
corria o sertão e as matas do Ipu..."
3. Idealização da mulher

Isso quer dizer que o Romantismo era um período de
―seguir ordens‖, de convenções e formalismos….
Certo?
Características

 Liberdade de criação
 Despreocupação com a forma
 Abandono das formas fixas
 Valorização do verso branco (com métrica, mas sem
rima)
 Neologismos e coloquialismos
Figuras de linguagem

Predominam:
a) Metáfora: comparação sem o termo comparativo
X
Ela é como uma flor.
Figuras de linguagem

b) Prosopopeia ou personificação: dar qualidade
humanas a ―coisas‖ não-humanas
O dia amanheceu tristonho.
A chuva semeou a esperança.
c) Sinestesia: atribuir uma sensação a outro órgão
sensorial.
―ruído áspero‖, ―´música doce‖, ―som colorido‖
As 3 gerações brasileiras

 1ª Geração (1840/50)  Indianista
 2ª Geração (1850/60)  Ultrarromântica ou byroniana
 3ª Geração (1860/70)  Condoreira
1ª Geração: Indianista

 Indianista ou Nacionalista
 Aristocracia, que perdeu o poder, mergulha no
passado. Atitude regressiva e ressentida.
 Temas: heroísmo, passado remoto, religião, exaltação
da natureza.
1ª Geração: Indianista

 Que índio é esse??
• Índio com valores medievais
europeus
• O ―Mito do bom selvagem‖
(Rousseau)
Poesia indianista:
Gonçalves Dias

 Diversos poemas indianistas
 Poema épico I-Juca-Pirama, em dez cantos
 Narra o drama do último descendente da
tribo Tupi, aprisionado por uma tribo
inimiga.
 Poema mais famoso de Gonçalves Dias:
 Canção do Exílio
I-Juca Pirama

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimorés;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Coimbra - julho 1843)
Prosa indianista: José de
Alencar

 Nacional em 3 níveis: social, geográfico e
temático
 Vocabulário: expressões e fraseados nacionais
 Alegorização da fauna e da flora brasileiras
 Uso de mitos e lendas brasileiras
 Retrata famílias e relações patriarcais
Iracema, de José de Alencar

 ―Iracema‖
 Anagrama de ―AMERICA‖  símbolo de
identidade nacional
 Idealizadora na figura do índio e do
colonizador
Exercícios

 ... Sobre os conceitos do Romantismo:
 Página 230, ex. 1, 2 e 5
 ... Sobre o Romantismo Indianista
 Página 256, ex. 1
2ª Geração: Intimista

 Tédio, tuberculose e ―spleen‖ (Mal-do-século)
 Exagero do subjetivismo e do sentimentalismo
(Ultrarromântica; Individualista)
 Humor (às vezes, negro)
 Satanismo (―poesia maldita‖)  Geração Byroniana
2ª Geração: Intimista

 Erotismo
 Amor é sempre irrealizado
 Presença da morte
2ª Geração: Intimista

 Grande nome: Álvares de Azevedo
(1831-1852)
 Morreu com 21 anos, mas com grande
produção
 ―Lira dos Vinte Anos‖
 ―Noite na Taverna‖  contos fantásticos
e macabros. Lembram muito Edgar Allan
Poe.
2ª Geração: Intimista

Se eu morresse
amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao
menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu
futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
2ª Geração: Intimista

Trecho de “Idéias Íntimas”
Em frente do meu leito, em negro quadro,
A minha amante dorme. É uma estampa
De bela adormecida. A rósea face
Parece em visos de um amor lascivo
De fogos vagabundos acender-se...
E como a nívea mão recata o seio...
Oh! quanta s vezes, ideal mimoso,
Não encheste minh’alma de ventura,
Quando louco, sedento e arquejante
Meus tristes lábios imprimi ardentes
No poento vidro que te guarda o sono!
3ª Geração: Condoreira

ARAGO, J. Castigo de escravo.
Litografia, 19x11cm.
3ª Geração: Condoreira

 Condoreira ou Social
 Condor: ave que voa alto (metáforas ousadas, hipérboles,
antíteses fortes…)
 Gosto pelas frases pomposas
 Poesia abolicionista
 Poesia voltada para o receptor
3ª Geração: Condoreira

 Maior nome: Castro Alves
 2 vertentes:
 poesia lírica (amorosa e naturalista)
 poesia social (patriótica e abolicionista)
 Obra-prima: ―Espumas Flutuantes‖
3ª Geração: Condoreira

 Temas de Castro Alves:
A)
B)
C)
D)
E)
F)
G)
O amor e a mulher  mulher-anjo, amante e prostituta se unem
A morte
A natureza
A própria grandeza (grandeza do poeta)
A liberdade
Poesia participante
Escravidão
Adormecida
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço no tapete rente.
´Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom da auras,
Iam na face trêmulos —- beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
―Ó flor! —- tu és a virgem das campinas!
―Virgem! — tu és a flor da minha vida!‖
Trecho de
“Navio Negreiro”
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm’lo de maldade,
Nem são livres p’ra morrer...
Prende-os a mesma corrente
—- Férrea, lúgubre serpente —Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!..
Dama Negra (trecho)
POR QUE TARDAS, meu anjo! oh! vem
comigo.
Serei teu, serás minha... É um doce abrigo
A tenda dos amores!
Longe a tormenta agita as penedias...
Aqui, ao som de errantes harmonias,
Se adormece entre flores.
Quando a chuva atravessa o peregrino,
Quando a rajada a galopar sem tino
Açoita-lhe na face,
E em meio à noite, em cima dos rochedos,
Rasga-se o coração, ferem-se os dedos,
E a dor cresce e renasce...
A porta dos amores entreaberta
É a cabana erguida em plaga incerta,
Que ampara do tufão...
O lábio apaixonado é um lar em chamas
E os cabelos, rolando em espadanas,
São mantos de paixão.
Oh! amar é viver... Deste amor santo
— Taça de risos, beijos e de prantos
Longos sorvos beber...
No mesmo leito adormecer cantando...
Num longo beijo despertar sonhando...
Num abraço morrer.
Exercícios

 ... Sobre a Segunda Geração Romântica:
 Página 280, ex. 1, 2 e 3
 Página 286/287, ex. 3, 4 e 5
 ... Sobre a Terceira Geração Romântica
 Página 301, ex. 2, 3 e 4
 Página 306, ex. 3
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Por Carlos Daniel Santos Vieira