4 DIÁRIO CATARINENSE, QUARTA-FEIRA, 8 DE FEVEREIRO DE 2012 Reportagem Especial Índice de alunos que conseguem completar o ensino médio até os 19 anos é o maior do país, segundo ONG que acompanha a evolução do ensino no Brasil. A notícia ruim é que o Estado tem mais de 117 mil crianças e jovens fora da escola, caindo para a 13a posição neste quesito METAS PARA A EDUCAÇÃO Estudante de SC conclui estudo dentro do prazo CHARLES GUERRA, BD, 30/09/2011 JÚLIA ANTUNES LORENÇO Santa Catarina é o Estado onde mais alunos concluíram o ensino médio até os 19 anos. Os dados foram revelados, ontem, pelo movimento Todos Pela Educação, que acompanha a qualidade de ensino no país. O percentual de 69,1%, observado em 2009 no Estado – o dado mais recente – superou a meta de 59,2%, traçada pela organização. A média nacional é 50,2%. O Todos Pela Educação trabalha com cinco metas, que devem ser cumpridas até 2022, quando completa 200 anos da Independência do país. A cada ano, uma etapa deve ser alcançada. No relatório De Olho nas Metas 2011 – o quarto divulgado até agora – revelou como os estados e as regiões brasileiras estão cumprindo do que foi traçado. Os dados são baseados nos resultados mais recentes do Censo 2010 e de indicadores sociais, fornecidos pelo Ministério da Educação, como Prova Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb),além da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad). Santa Catarina é destaque na meta 4, que traça prazo para conclusão da educação básica.Além de ter o maior percentual de estudantes que terminaram o ensino médio até os 19 anos, SC está em terceiro lugar entre os estados com mais alunos que concluíram o fundamental até os 16 anos, com 79%.A taxa está dentro do percentual estipulado de 81%, já que o resultado alcançado tem um intervalo de confiança que varia de 72,6% a 85,4%. Em primeiro, aparece o Distrito Federal com 82,2% e em segundo, São Paulo, com 79,6%. O único Estado que não alcançou foi o RS. Apesar de ter alunos concluindo a educação básica dentro das metas traçadas, o acesso à escola entre estudantes catarinenses de quatro a 17 anos está abaixo do esperado – dado que se refere à meta 1. O Estado aparece em 13º quando o assunto é atendimento escolar, com 91,4% da população desta faixa etária estudando. Isso significa que 117.616 crianças e jovens catarinenses estão fora da escola. Destes, a maioria (64,5 mil) tem entre 15 e 17 anos.No Brasil,são 3,8 milhões. Em relação à meta de aprendizado adequado à série em que o aluno está cursando, o Estado ficou abaixo no último ano do ensino fundamental.A taxa de 19,7% para matemática ficou atrás da meta de 22,1%. Em português, o percentual de 30,8% também não alcançou os 32,4% determinados. [email protected] Objetivos estão sob risco no país Pelos números apresentados nesta última pesquisa,e se continuar nesse ritmo,nem o Estado nem o país devem alcançar as metas traçadas para 2022.A constatação é da diretora-executiva do Todos Pela Educação,Priscila Cruz. – Se não houver uma política mais incisiva, se não for implementada nenhuma política pública,não vamos conseguir – ressaltou. A diretora observou que Santa Catarina, assim como Paraná e Distrito Federal, é sempre bem avaliada no cumprimento das metas. Entre os motivos, estão fatores de formação cultural e socioeconômicos, que influenciam nos resultados. Apesar de ter ficado entre os melhores, ela considera o desempenho de SC ruim. Priscila ressalta o dado de que no terceiro ano do ensino médio, apenas 14,9% dos alunos dominam matemática. – É um dado que chama atenção porque é muito abaixo do esperado para um estado como Santa Catarina. Rio Grande do Sul, que é vizinho, com características semelhantes, está com 19,4% – pondera. Formação dos professores reflete nos resultados Aprendizado dos alunos em Língua Portuguesa, escrita e leitura foi avaliado em todo o país A taxa gaúcha é a mais alta do país, que no geral, vai mal no aprendizado de matemática no ensino médio.Para a diretora,um dos fatores para o desempenho ruim está na falta de investimentos no professor: – É preciso melhorar a formação inicial dos professores, para que eles sejam mais qualificados. Os salários precisam ser melhores, apesar do piso nacional que ainda é baixo – ressaltou. O educador e ex-diretor de educação básica da Secretaria de Estado da Educação,Antonio Pazeto, acrescenta que, além de formação dos professores pouco adequada, o baixo desempenho dos alunos em matemática está associado ao currículo, ao material didático e às metodologias, fora da realidade e da aplicação prática no dia a dia. Sobre o fato de SC ter a maior quantidade de alunos terminando o ensino médio antes dos 20 anos, ele considerou o resultado satisfatório. Pazeto acredita que isso se deve ao fato de ter cursos de nível médio em todos os municípios catarinenses e de que muitos empregos exigem a conclusão desta etapa da educação como um pré-requisito.