FACEBOOK : https://www.facebook.com/sindprevssindserv.federais NOTÍCIAS EM DESTAQUE 20 DE FEVEREIRO Empreiteiras da Lava Jato recorrem a Lula e cobram interferência política O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu sócio Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, têm recebido pessoalmente desde o fim do ano passado emissários de empreiteiros que são alvo da Operação Lava Jato. Preocupados com as prisões preventivas em curso e com as consequências financeiras das investigações, executivos pedem uma intervenção política de Lula para evitar o colapso econômico das empresas. Okamotto admitiu ter recebido ―várias pessoas‖ de empresas investigadas na Lava Jato. O Estado ouviu relatos de interlocutores segundo os quais, em alguns momentos, empresários chegaram a dar um tom de ameaça às conversas. No fim do ano passado, João Santana, diretor da Constran, empresa do grupo UTC, agendou um encontro com Lula – o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, foi preso pela Lava Jato e é apontado como coordenador do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobrás. Santana foi recebido por Okamotto. A conversa foi tensa. A empreiteira buscava orientação do expresidente. Em 2014, a UTC doou R$ 21,7 milhões para campanhas do PT – R$ 7,5 milhões em apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Indagado sobre o encontro com o diretor, Okamotto admitiu o pedido de socorro de Santana. ―Ele queria conversar, explicar as dificuldades que as empresas estavam enfrentando. Disse: ‗Você tem que procurar alguém do governo‘‖, contou o presidente do Instituto Lula. ―Ele estava sentindo que as portas estavam fechadas, que tudo estava parado no governo, nos bancos. Eu disse a ele que acho que ninguém tem interesse em prejudicar as empresas. Ele está com uma preocupação de que não tinha caixa, que tinha problema de parar as obras, que iria perder, que estava sendo pressionado pelos sócios, coisa desse tipo‖, disse Okamotto. A assessoria de imprensa da Constran nega o encontro. A força-tarefa da operação prendeu uma série de executivos de empreiteiras em 14 de novembro, na sétima fase da Lava Jato. Um deles era o presidente da OAS, Léo Pinheiro. Antes de ser preso, ele se encontrou com Lula para pedir ajuda em função das primeiras notícias sobre o conteúdo da delação premiada do exdiretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa que implicavam sua empresa. Lula e Pinheiro são amigos desde a época de sindicalista do ex-presidente petista, que negou ter mantido conversas sobre a Operação Lava Jato com interlocutores das empresas. Estratégias comuns A cúpula das empreiteiras também tem feito reuniões entre si para avaliar os efeitos da Lava Jato. Após a prisão dos executivos, o fundador da OAS, César Mata Pires, procurou Marcelo Odebrecht, dono da empresa que leva seu sobrenome, para saber como eles haviam se livrado da prisão até agora. Embora alvo de mandados de busca e de um inquérito da Polícia Federal, a Odebrecht não teve nenhum executivo detido na Lava Jato. Conforme relatos de quatro pessoas, Pires disse que as duas empresas têm negócios em comum e que a OAS não assumiria sozinha as consequências da investigação. Ele afirmou ao dono da Odebrecht não estar preocupado em salvar a própria pele, porque já havia vivido bastante. Mas não iria deixar que seus herdeiros ficassem com uma empresa destruída por erros cometidos em equipe. A assessoria de imprensa da Odebrecht disse que houve vários encontros entre as duas empresas, mas que nenhum ―teve como pauta as investigações sobre a Petrobrás em si‖. O departamento de comunicação da OAS nega a reunião com a Odebrecht. © Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo… Em consequência da Operação Lava Jato, as empreiteiras acusadas de fazer parte do ―clube‖ que fraudava licitações e corrompia agentes públicos no esquema de corrupção e desvios na Petrobrás estão impedidas de participar de novos contratos com a estatal. Com isso, algumas enfrentam problemas financeiros, o que tem tirado o sono dos donos dessas empresas. No dia 27 de janeiro, Dilma fez um pronunciamento no qual disse que ―é preciso punir as pessoas‖, e não ―destruir empresas‖. Críticas A tentativa de empreiteiras envolvidas na Lava Jato de pedir ajuda a agentes políticos já foi condenada pelo juiz Sérgio Moro – responsável pela operação – ao se referir aos encontros de advogados das empresas com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. ―Trata-se de uma indevida, embora malsucedida tentativa dos acusados e das empreiteiras de obter interferência política em seu favor no processo judicial (...) certamente com o recorrente discurso de que as empreiteiras e os acusados são muito importantes e bem relacionados para serem processados‖, criticou o juiz. (DÉBORA BERGAMASCO E ANDREZA MATAIS – O ESTADO DE S. PAULO) Antessala de Cardozo virou casa da Mãe Joana Não é preciso muito esforço para perceber que a ―obrigação‖ que o ministro José Eduardo Cardoso tem de receber advogados transformou a antessala do seu gabinete numa espécie de sucursal da casa da Mãe Joana. Graças às artimanhas da veneranda senhora, o doutor Sérgio Renault, advogado do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e coordenador do bilionário cartel de propinas da Petrobras, materializou-se na sala de espera do titular da pasta da Justiça. O doutor não tinha nada a tratar com o ministro. Em verdade, estava a caminho de um restaurante. Dividiria a mesa com outro advogado, o ex-deputado federal petista Sigmaringa Seixas. Que esteva no gabinete de Cardozo. Ele, sim, tinha assuntos a resolver com o ministro. Coisa ―pessoal‖, explicou o ministro. Nada a ver com a Lava Jato. Sigmaringa poderia ter sugerido a Renault que o aguardasse na mesa da casa de repastos onde dividiriam o feijão com arroz. Mas, por alguma insondável razão, sugeriu que o encontrasse na antessala de Cardozo. O ministro levou Sigmaringa até a porta. E trocou um dedo de prosa com Renault. Coisa de três minutos, disse Cardozo. Nada a ver com Ricardo Pessoa, o cliente de Renault. Que dorme no colchonete da PF desde novembro de 2014. Diretor-executivo da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, avalia que o episódio pede a realização de um teste: ―Sugiro a qualquer pessoa que combine encontrar-se com algum amigo no mesmo lugar [a antessala do ministro]. E, para isso, se apresente à portaria do Ministério da Justiça e informe sua intenção aos recepcionistas.‖ Cético compulsivo, Abramo oferece ―uma lavagem de carro grátis no posto de gasolina do Yousseff a quem conseguir entrar no elevador.‖ Na dúvida, dá um conselho a Cardozo: ―Se encontros podem ser marcados ali, sugiro que o ministro da Justiça anuncie publicamente no Diário Oficial que coloca sua antessala à disposição do público para encontros de qualquer natureza, não se olvidando dos fortuitos — como um motel, uma sauna, uma balada.‖ Sob pressão de familiares, Ricardo Pessoa negociava um acordo de delação premiada com os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato. Autoproclamado amigo de Lula, o empreiteiro queixava-se de abandono. Generoso provedor das arcas eleitorais do PT, ameaçava chutar o balde. De repente, deu meia-volta. O ministro Cardozo, naturalmente, não tem nada a ver com isso. Cardozo reconheceu ter recebido defensores da Odebrecht, outra empreiteira investigada na Lava Jato. Deu-se no dia 5 de fevereiro. ―Está na agenda‖, disse o ministro. Meia-verdade. Estiveram no ministério três advogados: Dora Cavalcanti, Pedro Estevam Serrano e Maurício Roberto Ferro —este último é vice-presidente jurídico da Odebrecht. Foram tratar de assuntos relacionados à Lava Jato. Na versão oficial, queixaram-se de ―vazamentos‖ de dados sigilosos sob a guarda da PF. E reclamaram da ação do DRCI, órgão da pasta da Justiça responsável pela recuperação de dinheiro sujo enviado ao exterior. Ou à Suíça, no caso sob investigação da força-tarefa da Lava Jato. A agenda do ministro, de fato, anotava os nomes dos visitantes. Mas não dizia que eram advogados. Tampouco mencionava que representavam a Odebrecht. Anotava: ―Audiência com os senhores Pedro Estevam Serrano, Maurício Roberto Ferro, Dora Cavalcanti e com a participação do Secretário Executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira.‖ No campo destinado ao detalhamento da ―pauta‖ do encontro, não havia vestígio de Lava Jato. Ali, escreveu-se: ―Visita institucional‖. Por quê? Cardozo alega que, ao formalizar o pedido de audiência, um dos advogados da Odebrecht, Pedro Serrano, sugeriu que o encontro fosse tratado como coisa ―institucional‖. Sabia-se que a agenda de Cardozo por vezes permanecera em segredo. ―Falhas técnicas‖, o ministro já havia explicado. Descobre-se agora que, nas ocasiões em veio à luz, a peça ostentava a transparência de um cristal Cica. Expansiva a mais não poder, Mãe Joana já não se contenta em dar expediente apenas na antessala do ministro. (JOSIAS DE SOUZA – UOL) Ministro da Justiça tropeça no excesso de explicações sobre reuniões secretas com advogados Pés pelas mãos – Ministro da Justiça apenas porque em 2010 foi um dos ―três porquinhos‖ da campanha presidencial de Dilma Vana Rousseff, a presidente reeleita e desaparecida, o petista José Eduardo Martins Cardozo complica-se a cada explicação que dá sobre um fatídico e misterioso encontro com advogados das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Após negar o encontro, Cardozo admitiu, por meio de nota, ter se reunido com os defensores das construtoras atoladas no Petrolão. O ministro, que alega ter se reunido com advogados da Odebrecht, mas recebeu em seu gabinete os defensores dos executivos das empreiteiras UTC e Camargo Corrêa. No rastro do dito pelo não dito, José Eduardo começa a tropeçar no excesso de explicações, o que pode dificultar a situação do governo corrupto do PT. A assessoria do ministro informou, depois de muitas criticas e pressão por parte da parcela de bem da sociedade, que o encontro foi para tratar de transgressões cometidas na condução do inquérito da LavaJato. Ora, se isso de fato ocorreu, os incomodados devem procurar a corregedoria da Polícia Federal, como mencionou o UCHO.INFO em matéria anterior, não procurar um ministro de Estado para solucionar uma questão menor. Como a desculpa não convenceu, na tarde desta quinta-feira (19) o ministro informou, através de sua assessoria, que o encontro com os advogados da Odebrecht foi para tratar de vazamento de informações da Operação Lava-Jato. Ou seja, as empreiteiras participaram do maior caso de corrupção da história moderna, mas querem ser tratadas com deferência, como se fossem redutos extremos da probidade. ―Disse a Odebrecht que, ao longo da operação, havia vazamentos ilegais que atingiam a empresa, que isso era clara ofensa à lei. [Mencionaram] que eu havia mandado abrir inquérito para investigar, o que é verdade. E [disseram] que o inquérito não estava sendo tocado corretamente pela PF. Eu pedi que fizessem uma representação formal‖, afirmou o ministro Cardozo. De acordo com José Eduardo Cardozo, a representação que questiona o vazamento de informações da Lava-Jato foi protocolada há duas semanas pelos advogados da Odebrecht. O ministro da Justiça destacou que o assunto foi levado a ele porque cabe ao próprio ministério ―fiscalizar‖ a atuação da Polícia Federal. ―A quem se dirigiria essa representação? Ao juiz? Não. Ao Ministério Público? Não. É ao Ministério da Justiça que é a quem está subordinada a PF‖, completou. Olhos abertos José Eduardo Cardozo está equivocado, pois em primeira instância essa fiscalização cabe à corregedoria da PF, não ao Ministério da Justiça. A grande questão é que o PT insiste em fazer da PF uma polícia de governo, quando na verdade esta é uma polícia de Estado. Há nesse imbróglio, que a cada instante ganha um capítulo extra, pelo menos duas questões a serem consideradas. O primeiro refere-se aos encontros com advogados de outras empreiteiras, como UTC e Camargo Corrêa, como já noticiado. A reunião serviu para que os duros e ameaçadores recados dos executivos das empresas, presos na carceragem da PF em Curitiba, chegassem ao núcleo duro do governo do PT. Isso é motivo suficiente para que a reunião secreta seja criticada. O segundo ponto está relacionado ao encontro com os advogados da Odebrecht, cujo grupo homônimo tem em Luiz Inácio da Silva seu principal lobista. Não faz muito tempo, Marcelo Odebrecht, presidente da construtora, disse em entrevista ao jornal ―Folha de S. Paulo‖ que não vê problemas em empresários palitarem nos assuntos do governo. Ou seja, o dirigente da empreiteira baiana deu a entender que a Presidência da República é o quintal da casa de Noca. É fato que o PT permitiu que uma instituição importante como a Presidência chegasse a esse ponto, mas tal situação não pode ser aceita facilmente pelos brasileiros. Mistério no ar José Eduardo Cardozo alega que é dever de qualquer autoridade receber advogados, como prevê o Estatuto da Advocacia, mas o ministro deveria forçar a própria memória e buscar no passado os encontros realizados em seu gabinete que não constaram da agenda, que, como manda a boa governança, deve ser pública. Em uma das ocasiões, Cardozo reuniu-se no Ministério da Justiça para tratar do escândalo que alvejou a ―companheira‖ Erenice Guerra, acusada de tráfico de influência enquanto estava no comando da Casa Civil da Presidência. O ministro pode até sofrer da chamada memória seletiva, mas temos equipe profissionais bem informados e com memória prodigiosa. (UCHO.INFO) Ministros do Supremo já questionam a longevidade das prisões da Lava Jato As prisões duradouras da Operação Lava Jato começam a incomodar os ministros do STF. Em privado, o relator do caso, Teori Zavascki, e outros integrantes da Segunda Turma do Supremo questionam a necessidade de manter na cadeia suspeitos detidos há mais de três meses, desde novembro do ano passado. Receiam que as detenções, por longevas, já caracterizem uma antecipação de pena. Algo vedado pelo Código de Processo Penal. Há uma semana, a Segunda Turma do STF, à qual pertence Zavascki, confirmou por unanimidade decisão liminar do relator que havia revogado em dezembro a ordem de prisão do juiz Sérgio Moro, do Paraná, contra o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Advogados dos outros presos voltarão à carga para reivindicar a soltura de seus clientes —por meio da interposição de novas petições ou da apreciação de recursos que ainda não foram julgados no mérito. Não são negligenciáveis as chances de êxito. No final do ano, o relator Zavascki indeferiu 11 pedidos de liberdade de presos da Lava Jato. Entre eles executivos de algumas das maiores empreiteiras do país: Camargo Corrêa, OAS, Galvão Engenharia, UTC e Engevix. O ministro não chegou a julgar o mérito dos recursos. Limitou-se a invocar a Súmula 691 do STF. Editada em 2003, essa súmula impede o Supremo de julgar habeas corpus contra decisão temporária (indeferimento de liminar) tomada individualmente por magistrado de outra Corte superior, exceto se houver flagrante ilegalidade. Os empreiteiros haviam batido à porta do STF porque tiveram pedidos de liberdade indeferidos por relator do STJ. Pela Súmula 691, eles só poderiam recorrer ao Supremo depois de uma manifestação colegiada e definitiva do STJ. Do contrário, haveria o que os advogados chamam de ―supressão de instâncias‖. No caso de Renato Duque, acusado de receber propinas e lavar dinheiro, Zavascki aceitou a alegação da defesa de que a improcedência da ordem de prisão expedida pelo juiz Moro, por evidente, justificava a superação da Súmula 691. De nada adiantou manifestação do procurador-geral Rodrigo Janot a favor da prisão. Dois ministros do STF já criticaram publicamente as prisões da Operação Lava Jato: Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello. Mas eles não integram o grupo incumbido de julgar os recursos dos presos. Compõem a Segunda Turma, além de Teori Zavascki, os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cármen Lúcia. Não são negligenciáveis as chances de prevalecer nesse colegiado, na primeira oportunidade, a tese segundo a qual as prisões preventivas decretadas em novembro pelo juiz Sérgio Moro já não se justificam. Alega-se que, pela lei, os investigados podem ser encarcerados para garantir a ordem pública e a ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para resgardar a segurança da aplicação da lei penal. Dissemina-se no STF a impressão de que, decorridos mais de 90 dias, todas essas pré-condições estão, por assim dizer, com o prazo de validade vencido. (JOSIAS DE SOUZA – UOL) Gastos com cartões corporativos em 2015 continuam secretos CGU ainda não divulgou os gastos com cartão corporativo em 2015 Às vésperas do mês de março, a Controladoria-Geral não contabilizou um só centavo dos gastos do governo federal com cartões corporativos em 2015. No ano passado, o governo Dilma torrou mais de R$ 65 milhões utilizando essa forma de pagamento, cuja conta é bancada pelo contribuinte. Na Presidência da República, 90% dos gastos com cartões corporativos são escondidos sob ―sigilo‖ desde o governo Lula. Lula tornou ―secretos‖ os gastos após a revelação de uso de cartões para pagar mordomias de sua família e de ministros. Nos gastos abusivos com cartões corporativos no governo Lula esteve até a compra de tapioca pelo então ministro Orlando Silva (Esporte). A CGU também não informa os gastos, em 2015, com diárias de servidores em viagem, nem com o programa Bolsa Família. (CLAUDIO HUMBERTO) ‘Governo tá negociando na base da enrolação’, diz Paulinho da Força Paulinho da Força Sindical (Foto: Leonardo Prado/Agência Câmara) De acordo com o deputado federal e presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), a expectativa das centrais sindicais de alcançarem um acordo com o governo federal sobre o pacote de ajustes fiscais é praticamente zero. ―Essa negociação tá tendendo ao fracasso. O governo tá negociando na base da enrolação. As centrais já não tão nem dando importância pra essas conversas‖, diz Paulinho, que apelidou as Medidas Provisórias 664 e 665 de ―pacote de maldades‖. Agora, o sindicalista diz que a aposta é tentar derrubar no Congresso as mudanças em direitos trabalhistas e previdenciários como seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte, anunciadas pela presidente Dilma Rousseff em dezembro do ano passado. (PODER ONLINE – IG) Sem acordo, professores mantêm greve Por ora, governo se comprometeu a manter direitos trabalhistas da categoria. Hoje, nova reunião discutirá problemas estruturais das escolas A greve dos professores e funcionários da rede estadual de ensino entra, hoje, em seu décimo segundo dia, ainda sem perspectiva de um acordo. Ontem, a primeira rodada de negociação entre a categoria e o governo do Paraná não foi capaz de pôr fim à paralisação. As partes avançaram apenas em um dos três itens da pauta reivindicada pelos educadores: o governo se comprometeu a não mexer em direitos conquistados historicamente pelos servidores da educação. O debate de um dos principais pontos – o porte das escolas, incluindo número de docentes e funcionários – ficou para uma nova negociação, que será realizada hoje. ―A greve continua. A reunião foi insuficiente para avançar no conjunto da pauta‖, disse Hermes Silva Leão, presidente da APP-Sindicato, que representa professores e servidores da rede estadual de ensino. ―O bloco [de reivindicações] que ficou para a sexta-feira [hoje] é fundamental. Avançamos em só 30% do debate‖, completou. CRISE NA EDUCAÇÃO Em mais de três horas de reunião a portas fechadas, o governo explicou aos educadores que vai reenviar à Assembleia Legislativa o ―pacotaço‖, que prevê uma série de medidas de austeridade. Entretanto, a proposta original será desmembrada em vários projetos, divididos por grupos de assuntos. O governo garantiu que vai manter direitos trabalhistas dos professores – como os anuênios e quinquênios – e que as proposituras vão tramitar normalmente pelo Legislativo. Ou seja, não haverá ―tratoraço‖, em que o plenário aprova uma comissão geral de modo a agilizar a votação dos projetos. ―Não enviaremos à Assembleia nenhum projeto que retire qualquer benefício, qualquer direitos dos trabalhadores. Não houve recuo do governo. Houve, sim, um avanço no sentido de discutirmos temas que são importantes ao futuro do Paraná‖, asseverou o secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD). Porte das escolas O item que deve ser discutido hoje – classificado como ―importantíssimo‖ pela APP-Sindicato – é o que está mais distante de um acordo. A categoria não abre mão da revisão do porte das escolas, ou seja, que os colégios tenham o mesmo número de turmas, professores, pedagogos e servidores que tinham em dezembro do ano passado. Ontem, a discussão deste tema não avançou porque os dados do sindicato e da Secretaria de Estado da Educação (Seed) são divergentes. A APP-Sindicato defende a imediata contratação de mil pedagogos que foram aprovados em concurso e que ainda não integram o quadro da rede. A categoria também exige a incorporação de mais professores temporários (além dos dez mil, cuja contratação já foi autorizada pelo governo), além da reabertura das 2,4 mil turmas fechadas e da retomada das atividades de contraturno (como cursos de línguas e aulas esportivas e artísticas), que também haviam sido suspensas. A Seed, por sua vez, garante que recontratou 9 mil funcionários temporários e que o número de professores é suficiente. Aulas não voltam antes de quarta-feira Ainda que o governo e a APP-Sindicato fechem um improvável acordo na reunião de hoje, a greve dos professores e servidores da rede estadual de ensino se estenderá pelo menos até a próxima semana. O fim da paralisação precisaria ser referendado por uma assembleia geral, que já não tem tempo hábil para ser realizada ainda nesta semana. No sábado, o Conselho Estadual da APP – que congrega núcleos sindicais de todas as regiões do estado – vai avaliar os rumos que o movimento deve tomar. Uma decisão após um eventual acordo não sairia antes da próxima quarta-feira. Enquanto isso, os professores seguem mobilizados. Ontem, milhares de professores se aglomeraram diante do Palácio Iguaçu, onde ocorreu a primeira rodada de negociações. Na Praça Nossa Senhora de Salete, centenas de educadores permanecem acampados, com apoio de outras categorias. Enquanto a reunião acontecia, os grevistas permaneciam do lado de fora, ora gritando palavras de ordem, ora cantando paródias de sambas e marchinhas de carnaval -- entre elas, uma versão de ―Madalena‖ (de Martinho da Vila), que dizia: ―Beto Richa, Beto Richa, você é um traidor...‖. Segundo a APP-Sindicato, a adesão à greve beira os 100%. Segundo o presidente da entidade, Hermes Leão, ―apenas uma ou outra‖ das 2,1 mil escolas do Paraná receberam seus alunos. ―Abriram por pressão de seus diretores, que estão pressionando professores e funcionários‖, disse. Foz e Cascavel têm dia de manifestação Vacy Alvaro, especial para a Gazeta do Povo, e Luiz Carlos da Cruz, correspondente Mais de três mil educadores participaram de um protesto ontem, em Foz do Iguaçu, no Oeste, durante o horário da reunião da categoria com o governo estadual no Palácio Iguaçu, em Curitiba. Em Foz, o movimento ganhou mais força com a presença de educadores municipais, que exigem do prefeito Reni Pereira o cumprimento da Lei de Plano de Cargos, Carreira e Salários dos professores, assinada em junho de 2014 mas ainda não implementada. Gritando palavras de ordem, o grupo percorreu ruas da região central, partindo da Praça do Mitre – onde mantém acampamento – até a prefeitura e o Núcleo Regional de Educação. De acordo com Fabiano Severino, presidente da APP-Sindicato/Foz, o ato pode ser considerado histórico para o município. ―Acredito que pela primeira vez isso acontece em Foz do Iguaçu. Vieram para a rua professores desde a educação infantil até o ensino superior‖, destacou, lembrando da presença também dos servidores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) nas manifestações. Nas nove cidades do núcleo de Foz da APP-Sindicato, a greve conta com a adesão total dos servidores. Cascavel Nem mesmo a forte chuva que caiu no início da tarde ontem em Cascavel, também no Oeste, impediu os professores de fazerem uma manifestação. Dezenas de professores se concentram no pátio do Centro Administrativo Regional onde funciona a sede do NRE (Núcleo Regional de Educação). Ainda no fim da tarde, a categoria teria o reforço dos servidores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do hospital da instituição, o Huop, também em greve desde segunda-feira. Vaias ao líder do governo Richa no Legislativo O líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Romanelli (PMDB), na foto ao lado, foi cercado e vaiado por professores grevistas, pouco depois de ter participado da primeira rodada de negociações. O parlamentar deixou a pé o Palácio Iguaçu e caminhou em direção à Assembleia, mas não passou despercebido pelos manifestantes. Aos gritos de ―vendido, vendido!‖, um grupo seguiu o deputado até a porta da sede do Legislativo. Sem perder a pose, Romanelli apenas sorriu aos professores. Universidades UEL vive pior crise da história Sem a verba de custeio destinada pelo governo estadual, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) vive a maior crise financeira de sua história, segundo a reitora Berenice Jordão. Para ela, a possibilidade de fechamento da instituição é real. ―Não queremos pensar que isso possa acontecer, mas não temos alternativa para essa situação.‖ A UEL deveria receber R$ 34 milhões, sem os quais as atividades acadêmicas, a manutenção e o custeio da saúde – no caso do Hospital Universitário (HU) e da Clínica Odontológica Universitária (COU) – ficam comprometidos. A suspensão dos recursos para custeio pegou a universidade de surpresa e em um momento em que as condições já são precárias. ―Encerramos o ano passado sem o repasse de R$ 6 milhões da verba de custeio e, por isso, não temos estoque de materiais, não fizemos manutenção‖, explica Berenice. Além disso, atividades do HU e da COU, de acordo com a reitora, também podem ser comprometidas. Dos R$ 34 milhões que o Estado deveria repassar à UEL, quase R$ 5 milhões são para o custeio do HU e da COU. E para receber a verba do SUS, o HU tem de manter algumas atividades como a compra de insumos, que depende da verba de custeio. ―A verba de custeio alavanca o recebimento do SUS‖, explica Berenice. Litoral A Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em Paranaguá, não tem condições de retomar as aulas. Carteiras estão quebradas, salas de aula sem piso e cheias de entulho e apenas um banheiro está funcionando em razão de uma reforma, de cerca de R$ 600 mil, parada no meio por falta de pagamento. Paraná Na última segunda-feira, a Gazeta do Povo mostrou que o governo estadual não garantiu os R$ 124 milhões para as despesas das instituições aprovados na Lei Orçamentária Anual. Por isso, pelo menos quatro (entre elas a UEL) das sete universidades estaduais correm sérios riscos de fechar. Há dias, as instituições do Paraná estão em greve por indeterminado. (ERIKA PELEGRINO, DO JL, E DÉBORA ALVES, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO) Atrasados - Governo fixa data para pagar rescisão de PSSs O governo do Paraná se comprometeu ontem a pagar a rescisão de contrato dos 29 mil professores temporários –contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS) – que atuaram na rede estadual de ensino em 2014. Os pagamentos deveriam ter sido feitos no fim de dezembro, mas estão atrasados. Segundo o secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD), a dívida será paga na próxima terça-feira. ―Serão R$ 84 milhões, pagos no dia 24‖, garantiu. O terço de férias dos professores e servidores da educação – que também está atrasado – deve ser pago em breve. Sciarra disse que o governo deve efetuar parte do pagamento na próxima semana. O restante será dividido em duas parcelas: março e abril. Apesar do compromisso do governo, a APP-Sindicato considera os esforços insuficientes. A categoria reivindica o pagamento integral dos atrasados (rescisão dos PSSs e terço de férias) já na próxima semana . A quitação do débito, no entanto, esbarra na falta de caixa do governo. Por outro lado, os sindicalistas conseguiram o compromisso de que não haverá novos atrasos. ―Tivemos reafirmada a garantia de que os pagamentos serão feitos em dia‖, destacou Hermes Leão. (FELIPPE ANÍBAL – GAZETA DO POVO) A arte coletiva de destruir a riqueza nacional Some-se a um governo medíocre uma oposição desvairada, uma mídia insensata, que não consegue olhar o país além dos seus próprios interesses, e se terá desenhado o mapa da insensatez, com a destruição de ativos brasileiros preciosos. Em geral diz-se que a esquerda é antiempresarial e a direita é liberal. No Brasil, a pesada herança da colonização consolidou um enorme sentimento anti-trabalho, anti-atividade produtiva também na direita, da qual os grupos de mídia são os principais arautos. Das novelas da Globo às seções econômicas dos jornais, o rentismo é atividade nobre; a atividade produtiva, uma excrescência tocada por chorões. Só isso para explicar a inércia com que o país contempla a destruição de ativos relevantes das empreiteiras envolvidas com a operação Lava Jato. *** Esse sentimento obtuso de ―punir‖ empresas – e não seus controladores – não é de agora. Uma empresa não é apenas seus ativos. É a inteligência que juntou, a rede de fornecedores, o quadro de funcionários, a marca, a tecnologia desenvolvida. Fechada, a empresa resume-se a um tanto de máquinas e prédios. É uma perda coletiva, não apenas para seu entorno, mas para o país. Por isso mesmo, em qualquer país com um mínimo de racionalidade coletiva, qualquer punição a ilícitos miraria executivos e controladores, não as empresas. *** Tome-se o caso da Lava Jato. Uma empreiteira não prevarica. Quem prevarica são seus executivos e controladores. Que se processem os controladores, exigindo que vendam seus ativos – incluindo as ações da companhia – para pagar as multas e ressarcimentos. Altere-se o controle, mas não destruam os ativos acumulados. *** As empreiteiras em questão são peças-chave para a próxima etapa do investimento em infraestrutura. Elas possuem a tecnologia, o know-how das Parcerias Público-Privadas, os quadros técnicos. No entanto, estão sendo destruídas. No Judiciário, há inúmeros casos de bloqueio da totalidade dos recursos nas contas da empresa, confundindo o capital de giro (essencial para fazer a empresa operar) com acumulação financeira. A visita do MPF aos EUA Apesar da seriedade de procuradores que engrossaram a força tarefa que foi aos Estados Unidos, ainda não estão claros os motivos da ida. Seria importante que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot esclarecesse, para não dar margem a suposições conspiratórias. O grupo foi se encontrar com o Departamento de Justiça. Qual a razão? Se a Petrobras está sendo processada nos Estados Unidos, e seu controlador é o governo brasileiro, admite-se a presença da AGU (Advocacia Geral da União), não de procuradores. A informação de que Janot foi ao Banco Mundial assinar uma convenção contra a corrupção não bate. De acordo com advogados conhecedores da política internacional, esse tipo de protocolo não tem relevância para exigir a presença de um Procurador Geral. Para esses observadores, a única explicação plausível seria a do PGR mostrar-se como a força que combate a corrupção, e apresentar-se – perante o governo Obama, em princípio contra qualquer disrupção da ordem democrática – como um avalista, para o caso de um interregno na democracia brasileira. Excesso de visão conspiratória? Pode ser. Mas a falta de esclarecimentos leva a essas desconfianças. (LUIZ NASSIF - IG E o salário, ó! O pacote de medidas anunciado pelo governo federal para elevar a arrecadação demonstra o que o contribuinte vai enfrentar neste e nos próximos anos. Um mau presságio já assustava o bolso do cidadão no fim do ano passado, mas o que está por vir desbanca qualquer discurso otimista que ainda restava para 2015. O tal ajuste fiscal anunciado, que deveria ocorrer por meio de cortes de salários, comissões e propinas instaladas na esfera federal, nada mais é que um aumento significativo de tributos. E mais uma vez o contribuinte é quem vai pagar a conta. O primeiro anúncio foi o aumento da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), imposto que regula o preço dos combustíveis e que estava zerado desde 2012. Seguindo essa linha, também foi anunciado o aumento sobre o PIS/Cofins dos combustíveis. Em resumo, o cidadão vai pagar mais para usar o carro. Isso sem mencionar o efeito cascata, pois esse aumento tem impacto em uma série de setores, como o transporte de cargas e o de passageiros. Não se fale, também, que já é cogitado o retorno da polêmica CPMF, que é, era e sempre será inconstitucional. Outro tributo que terá alteração com as medidas é o do PIS/Cofins que incide sobre produtos importados, cuja alíquota passará de 9,25% para 11,75%. De acordo com o ministro da Fazenda, esse aumento é reflexo da distorção causada pela retirada do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) da base de cálculo do PIS/Cofins no ano passado. O detalhe é que o ICMS foi excluído das importações em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento que se arrastava há anos. Ou seja, não é que o governo federal não cumpra a decisão, mas cumpre de um lado e cobra a conta do outro. Além disso, as empresas de cosméticos também vão ter sua parcela de contribuição nesse pacote. Um decreto presidencial vai equiparar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) entre o setor atacadista e o industrial. O governo garantiu que a medida não vai implicar no aumento da alíquota, o que não é verdade. Os contribuintes pessoas físicas que investem em Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCA) também não ficaram fora da proposta. O governo vai dobrar o valor do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que passará de 1,5% para 3% ao ano. Todo esse pacote deverá render cerca de R$ 20 bilhões a mais para os cofres públicos neste ano. Não bastassem estas notícias, a presidente Dilma Rousseff vetou o reajuste de 6,5% nos valores das faixas de incidência progressiva do Imposto de Renda Pessoa Física, que há anos está defasado. O governo defende um reajuste de 4,5%, contrário ao aprovado pelo Congresso. Segundo um estudo realizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, a defasagem da tabela acumulada desde 1996 chega a aproximadamente 64%. O que se pode concluir é que todas essas medidas do governo vão pesar somente ao cidadão que, além de pagar mais impostos, poderá ter de enfrentar regras mais rígidas para receber benefícios como segurodesemprego, abono salarial e pensão do INSS, entre outros. A economia brasileira entrou num descontrole completo. As medidas poderiam ser bem aceitas se o governo fizesse um corte significativo de gastos, principalmente com a máquina pública. Até o momento não foi anunciada nenhuma redução expressiva com ministérios, verbas de gabinete ou de cargos em comissão, que são exorbitantes. No orçamento previsto para 2015, o governo prevê um corte de apenas 0,1% nas despesas públicas, número inferior ao esperado, já que o país enfrenta uma recessão econômica e tem problemas para controlar a inflação. Para piorar, a maior redução do governo será na área da educação, justamente onde os investimentos deveriam ser maiores. Enquanto isso, o salário do cidadão continua defasado e o poder de consumo continua caindo. E, quando se fala em poder de compra, não é uma referência a produtos supérfluos ou desnecessários: são itens básicos que sobem em descompasso com o ganho real do contribuinte. O ano mal começou e dá sinais de que desta vez não será apenas uma marolinha e que todas as promessas da presidente Dilma Rousseff ficarão apenas na seara das propostas descumpridas da candidata. (CEZAR AUGUSTO C. MACHADO – GAZETA DO POVO) Povo omisso pela própria natureza No Fórum, advogado lamenta série de escândalos no Brasil. ―Já vislumbro as manchetes: ‗Brasil bate recorde mundial pelo escândalo conhecido como petrolão, e lidera o livro dos recordes‘‖ Vivemos num cenário catastrófico da política nacional, onde na última eleição presidencial vislumbramos toda sorte de promessas e, mentiras, a exemplo ―não há crise no Brasil‖; ―a inflação está controlada‖; ―não modificaremos a legislação trabalhista nem que a vaca tussa‖, ―não há crise energética‖, etc… Porém, depois que o atual governo foi eleito, temos visto na prática o contrário, quem dera se houvesse a tipificação do crime de estelionato eleitoral, porque será que essa redação os legisladores não redigem ou aprovam? A conduta de ludibriar os eleitores para se eleger a qualquer custo, se tornou praxe no Brasil. Ora, se o agente se alicerça em argumentos falsos, mentirosos, para obter vantagens em face principalmente da coletividade, certamente deveria ser punido rigorosamente por seus atos. Na arte da democracia, há liberdade e, devemos defendê-la a qualquer custo. No entanto, é inaceitável, em nome da soberania popular (voto), ludibriar uma população cada vez mais desprovida de educação, e que se apoia no mínimo de dignidade que lhe foi oferecida ao longo de décadas, oriunda principalmente dos programas sociais. Mas isso não é suficiente. E os demais direitos? Em contrapartida, estamos no meio de um ―apocalipse da corrupção‖, o povo brasileiro está esgotado, cansado, desanimado. O cidadão arca com o pagamento de uma carga tributária absurda, atualmente cerca de 36% de sua renda per capita e, em contrapartida, o retorno é deprimente, haja vista que a saúde, educação, transporte, segurança, previdência, etc… beiram o caos. Quando você aparentemente sai esperançoso pelas condenações na Ação Penal 470, conhecida popularmente como ―mensalão‖, entra num ―lava jato‖, num ―petrolão‖ mil vezes pior. Deparamo-nos com os desvios de dinheiro da maior estatal do país (Petrobras), hoje o maior escândalo de corrupção não só nacional, mais do PLANETA TERRA. Se houvesse o Guinness Book da corrupção, o Brasil seria o grande vencedor. Já vislumbro as manchetes: ―Parabéns, Brasil, pelo maior escândalo de corrupção do Planeta Terra!‖; ―Brasil bate o recorde mundial pelo escândalo conhecido como petrolão, e lidera o livro dos recordes.‖ Super homem, Homem Aranha, Batman… Que nada! Atualmente os heróis da pátria, são conhecidos como delatores premiados. Sejam bem-vindos, os senhores foram premiados com uma delação! Que orgulho tê-los em nosso país! Orgulho de ouvi-los dizer: ―Eu devolverei 200 milhões de dólares aos cofres públicos‖; ―Eu encerrarei minhas contas na Suíça, nas ilhas, nos paraísos fiscais, entregarei minhas mansões, meus carros importados‖. Como numa campanha política, todos falam somente a verdade! Deveria haver uma regra, do tipo ‗façam a delação antes de se elegerem‘: ―Eu prometo desviar dinheiro público, mas, se a casa cair, prometo devolver o que for desviado. Prometo indicar as contas nos paraísos fiscais e entregar todos os laranjas‖; ―Eu prometo receber doações milionárias das grandes empreiteiras, e organizar um cartel para que elas ganhem todos os contratos milionários com o governo e, assim, possam superfaturar as obras, e receberem mil vezes mais do que investiram na minha campanha‖. Se a casa cair, prometo não dizer: ―Eu repudio as denúncias!‖. A maior parte do dinheiro oriundo dos desvios da Petrobras abasteceu o nosso ―sistema político de poder democrático‖, que infelizmente não funciona sem barganhas, favores, reais, dólares, euros, ―presentinhos‖. Enquanto isso, os personagens políticos somente declaram em nota: ―Eu repudio!‖. Como nós, brasileiros, podemos nos orgulhar dessa democracia? Em que os espertalhões, ladrões, representam o povo e em nome do povo se vendem, editam leis muitas vezes contra nós, para favorecerem a si? Óbvio que não queremos regredir e, com certeza, a democracia é a melhor das opções para qualquer país. Contudo, da forma como ela é exercida no Brasil, há necessidade urgente de mudanças. Dentre essas, a principal é a reforma política. No entanto, como confiaremos nesses grupos políticos, que a todo tempo buscam seus próprios interesses, e se esquecem da real necessidade de uma reforma política, em que o povo seja o beneficiado? Estamos numa verdadeira cleptocracia! Não há que se orgulhar do atual momento político e, do sistema corrupto que se instalou nos Poderes da República do Brasil. O que nos resta quando o real sentido da democracia é deturpado, enquanto o povo brasileiro assiste de camarote às diretrizes catastróficas desse desgoverno nacional? Diante desse quadro difícil de ser alterado, enquanto o Hino Nacional Brasileiro entoa ―gigante pela própria natureza‖, ouso dizer ―povo omisso pela própria natureza‖! Propício nesse momento citar uma frase de Martin Luther King: ―O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons‖. (TIAGO CÉSAR COSTA – INFO DF) IPC - Um zumbi que já engoliu R$ 2 bilhões O Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) acabou oficialmente há 16 anos. Mas, a cada quatro anos, aparecem novos pensionistas. E mais: só este ano, a renda desses políticos já subiu 26,34%. Há quem acumule aposentadorias e ganhe mais de R$ 50 mil por mês Ana Volpe/Ag. Senado Liquidado após rombo, IPC foi herdado pela "viúva", ou seja, pelos cofres públicos Qualquer cidadão precisa trabalhar 30 ou 35 anos para se aposentar. Os políticos brasileiros, porém, não são cidadãos comuns e asseguram pensão especial com muito menos tempo. No Congresso, 242 deputados e senadores conseguiram a aposentadoria a partir de oito anos de contribuição. Para governadores da maioria dos estados, basta um mandato de quatro anos. Em muitos casos, apenas alguns meses no cargo já garantem o privilégio. A despesa é paga pelo contribuinte. O Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) foi extinto em 1999, mas continua a sangrar os cofres públicos. Tinha um enorme déficit atuarial – o popular rombo – quando foi liquidado. Como é costume no Brasil, a conta foi apresentada à ―viúva‖, à União. Como um zumbi, o instituto já consumiu R$ 2 bilhões – em valores atualizados – nos últimos 16 anos. A cada quatro anos, surgem novos pensionistas. Ocorre que o parlamentar que estava no mandato no momento da extinção do IPC pode continuar contribuindo para o Plano de Seguridade Social dos Congressistas. Quando deixa o Congresso, pode pedir a aposentadoria pelas convidativas regras do IPC. Só no ano passado, o gasto total ficou em R$ 116 milhões, com o benefício de 2.237 segurados, sendo 549 exparlamentares e 542 dependentes. Além disso, todo reajuste dos salários dos deputados e senadores é repassado para as aposentadorias. Neste ano, o aumento foi de 26,34%. A pensão de maior valor ficou em R$ 33,7 mil. Por fim, com a morte do exparlamentar, a viúva ou os filhos passam a receber pensão. No momento da extinção, eram 2.769 pensionistas. Atualmente, são 2.237. A Revista Congresso em Foco teve acesso à folha de pagamento dos aposentados e pensionistas do IPC pagos pela Câmara dos Deputados. No Senado, os valores pagos estão registrados no Portal de Transparência, mas os pagamentos precisam ser acessados um a um. Os dados foram cruzados com as pensões concedidas por 13 estados, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A situação é agravada porque há várias situações em que as aposentadorias se acumulam. O ex-senador Antônio Carlos Konder Reis, por exemplo, recebe R$ 33,7 mil pelo IPC e mais R$ 23,8 mil por ter sido governador biônico por Santa Catarina, durante a ditadura militar. O ex-senador Marco Maciel (DEM-PE) acumula a aposentadoria do IPC, no valor de R$ 30,8 mil, com a pensão especial de R$ 30,4 mil por ter sido governador de Pernambuco. Por ter deixado o Senado, o ex-presidente da República José Sarney terá à disposição duas aposentadorias, uma pelo IPC, no valor máximo do instituto, e outra como ex-governador do Maranhão, no valor de R$ 24 mil. A filha, Roseana Sarney, que deixou o governo em dezembro do ano passado, também receberá pensão como ex-governadora do Maranhão. Já usufrui da aposentadoria de R$ 23 mil como analista legislativo do Senado. E haja grana A fartura é tanta que uma viúva recebe pensão de dois estados e ainda do IPC. Maria Guilhermina Martins Pinheiro, que foi companheira do ex-governador Leonel Brizola nos últimos dez anos da sua vida, recebe pensão de R$ 30,4 mil do governo do Rio Grande do Sul e mais R$ 21,8 mil do estado do Rio de Janeiro. Brizola governou os gaúchos na década de 60 e os fluminenses por duas vezes, nos anos 1980 e 1990. Em 2008, Guilhermina conseguiu do Ministério da Justiça a declaração de Brizola como anistiado político. Com isso, foram considerados no cálculo da aposentadoria do IPC os dois anos que ele passou no exílio a partir de 1964, quando ele era deputado federal pela Guanabara. Ela recebe hoje pensão de R$ 12,8 mil pelo instituto. O ex-governador Alceu Collares (PDT-RS) recebe R$ 30,4 mil pelo governo gaúcho e mais R$ 13 mil pelo IPC. Além disso, ganha mais R$ 21 mil pela participação no Conselho de Administração da Itaipu Binacional, que se reúne a cada dois meses, fora as convocações extraordinárias. O colega Germano Rigotto tem a aposentadoria do governo gaúcho e mais um reforço de R$ 8,7 mil do instituto. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, tem direito à aposentadoria de R$ 19,3 mil como ex-governador da Bahia e a outra em torno de R$ 10 mil pelo IPC, mas não vai poder usufruir dos benefícios porque receberia acima do teto constitucional, o que é vedado pelo governo federal. Ele ainda estuda se vai utilizar parte da pensão do IPC para completar o teto, somando com o salário de ministro. Mas não sabe se terá alguma perda com o Imposto de Renda pelo fato de ter duas fontes de renda. Outro que está indeciso é o ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB). Ele informou, por meio da sua assessoria, que ainda estuda se vai pedir a aposentadoria pelo IPC, no valor de R$ 33,7 mil. O ex-senador Pedro Simon (PMDB-RS) já tem direito à aposentadoria de R$ 30,4 mil como ex-governador. Mas ele havia aberto mão do benefício e recebia apenas o salário de senador. Agora, terá direito a pensão integral do IPC. O seu gabinete informou que ele ainda vai decidir se solicita a aposentadoria. Mais viúvas Há vários casos de viúvas com pensões acumuladas. Maria de Lourdes Fragelli, viúva do ex-presidente do Senado e ex-governador nomeado do Mato Grosso José Fragelli (PMDB-MT), recebe R$ 6,5 mil pelo IPC e R$ 13,8 mil do governo mato-grossense. Viúva do ex-senador e ex-governador José Richa (PSDB-PR), Arlete Vilela Richa tem uma renda maior: R$ 13,3 mil pelo instituto e mais R$ 26,5 mil pelo governo paranaense. Alba Muniz Falcão, viúva do ex-governador e ex-deputado federal Muniz Falcão, recebe R$ 28,8 mil do governo alagoano e R$ 16 mil do IPC. Outro caminho para o acúmulo de aposentadorias é a passagem pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O ex-senador Valmir Campelo deixou o Congresso em 1997 e foi para o Tribunal de Contas, onde permaneceu por 16 anos e meio. Antecipou a sua aposentadoria em abril do ano passado para assumir o cargo de vice-presidente de Governo do Banco do Brasil. Hoje, tem a aposentadoria integral do TCU, R$ 37,7 mil, mais a pensão de R$ 12 mil paga pelo instituto. O ex-senador José Jorge (DEM-PE) já contava com aposentadoria pelo IPC quando deixou o mandato, em janeiro de 2007. Foi nomeado ministro do TCU dois anos mais tarde. Após cinco anos e dez meses no cargo, assegurou uma aposentadoria integral no valor de R$ 37,7 mil e outros R$ 17,5 mil pelo instituto. O ex-senador Iram Saraiva (GO) deixou o mandato em agosto de 1994 e foi direto para o TCU, onde exerceu o cargo de ministro por nove anos. Tem hoje uma aposentadoria de R$ 22,1 mil pelo IPC e mais a pensão de R$ 43,9 mil do tribunal. O ex-deputado Humberto Souto (PPS-MG), que foi líder do governo Fernando Collor, teve seis mandatos consecutivos como deputado federal, até 1995. Foi, então, para o TCU, onde permaneceu por quase nove anos como ministro. Voltou para a Câmara em 2007. Hoje, tem direito à aposentadoria integral do tribunal e mais R$ 27,8 mil pelo IPC. (LÚCIO VAZ - ESPECIAL PARA A REVISTA CONGRESSO EM FOCO)