UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS Curso de Especialização em Gestão Pública Pós-Graduação Lato Sensu FORMAÇÃO DE PREÇOS NA EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Fernanda do Nascimento SÃO CARLOS 2010 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS SECRETARIA GERAL DE RECURSOS HUMANOS Curso de Especialização em Gestão Pública Pós-Graduação Lato Sensu FORMAÇÃO DE PREÇOS NA EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Fernanda do Nascimento Monografia apresentada como requisito para a Integralização do curso de Especialização em Gestão Pública da Secretaria Geral de Recursos Humanos e Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos. Orientador: Prof. Dr. Edemilson Nogueira SÃO CARLOS 2010 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a DEUS pela vida e pelas inúmeras oportunidades, dentre elas, cursar essa Especialização. Ao Prof. Dr. Edemilson Nogueira pela orientação e atenção. À Coordenação do Curso de Especialização Lato Sensu da Secretaria Geral de Recursos Humanos pela iniciativa de montar a turma para servidores técnicoadministrativos. Ao Prof. Dr. Oswaldo Mário Serra Truzzi pela indicação do tema para o desenvolvimento desse estudo. À Maria Cristina Priore pelo incentivo e contribuição com dados da EdUFSCar. A todos amigos da EdUFSCar que ajudaram com suas contribuições. Aos meus pais, Neusa Ceccone (in memorian) e Geraldo Cruz do Nascimento por me incentivarem e me ensinarem o quão importante é o estudo e o trabalho na vida. À minha irmã e amiga Patrícia do Nascimento Dituri pela ajuda e incentivo. Ao meu companheiro, Márcio José Amaral, pelo apoio, companheirismo, amor e por sua ajuda e paciência. À minha amada filha Jenifer Nascimento Amaral pela compreensão. 4 SUMÁRIO 1 Introdução...................................................................................................................... 8 2 Revisão Bibliográfica .................................................................................................. 10 2.1 Formação de Preço ................................................................................................... 10 2.1.1 Importância da correta Formação de Preços.......................................................... 12 2.1.2 Métodos existentes para a Formação de Preços .................................................... 13 2.1.2.1 Abordagens da definição de Preços baseadas no Custo ..................................... 25 2.1.3 O Preço em relação ao mercado ............................................................................ 27 2.2 Apuração dos Custos ................................................................................................ 31 2.2.1 A Evolução da Contabilidade:............................................................................... 31 2.2.2 Terminologia Classificações e Nomenclatura ....................................................... 34 2.2.3 Princípios Contábeis Aplicados à Contabilidade de Custos.................................. 35 3. A Edufscar e a Formação de Preço de seus produtos. ................................................ 38 3.1 A Editora da Universidade Federal de São Carlos - Edufscar.................................. 38 3.2 Gestão Financeira e a Formação de Preços na Edufscar .......................................... 48 4. Conclusão ................................................................................................................... 53 5. Referências ................................................................................................................. 54 6. Bibliografia................................................................................................................. 55 5 Lista de figuras Figura 1: Desenvolvimento de preço do produto 13 Figura 2: Custeio por absorção 18 Figura 3: Desenvolvimento de uma estratégia de precificação efetiva 31 Figura 4: Rateio dos custos indiretos 37 Figura 5: Estrutura EdUFSCar 40 Figura 6: Eventos de 2005 a 2008 44 Figura 7: Representação das origens e aplicação de recursos 48 6 Lista de tabelas Tabela 1: Demonstração de resultado do lucro líquido 17 Tabela 2: Cálculo do preço – abordagem do custeio por absorção 17 Tabela 3: Demonstração de resultado apresentando a margem de contribuição 19 Tabela 4: Obtenção do valor da margem de contribuição 19 Tabela 5: Obtenção do valor da margem de contribuição em situações especiais 20 Tabela 6: Obtenção do preço 21 Tabela 7: Obtenção do preço com base no custo de transformação 22 Tabela 8: Obtenção do preço com base no custo marginal 23 Tabela 9: Levantamento dos custos dos livros 2008 50 Tabela 10: Levantamento dos custos dos livros 2009 51 Tabela 11: Média dos custos do livro por página 51 Tabela 12: Comparativo de preços entre editoras universitárias 52 7 RESUMO A decisão em estudar a formação de preços de livros na EdUFSCar é importante uma vez que, um preço inadequado pode acarretar em prejuízos para a Instituição e também pode identificar melhorias no processo de formação de preços. Para o desenvolvimento desse estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental sobre as abordagens de formação de preço existentes na qual identificou-se como são classificados os custos e como é formado o preço de produtos. Foram realizadas também uma descrição e uma análise da sistemática utilizada pela EdUFSCar para a determinação de preços de seus produtos. Palavras – Chave: Formação de Preços; custos de edição de livros. 8 1 INTRODUÇÃO A EdUFSCar – Editora da Universidade Federal de São Carlos foi criada em 1986, porém sua primeira publicação foi em 1993. Desde o seu primeiro livro, o reitor designou um conselho editorial com a finalidade de determinar diretrizes das publicações. A intenção de criar uma editora universitária é “possuir um papel primordial na dinamização deste fluxo de informações, uma vez que, hoje, o livro ainda é a forma mais viável, econômica e eficaz de aprendizagem e de transmissão de ideias, quando se quer atender a um número considerável de interessados”. (GARCEZ, 1987, p. 1) A EdUFSCar tem como objetivos: - divulgar a produção de conhecimento por meio da publicação de livros e materiais didáticos; - proporcionar a oferta de livros acadêmicos e de livros em geral para a comunidade da UFSCar e região, por meio de sua livraria; - promover eventos, como feiras, lançamentos, entre outros, relacionados à divulgação e venda de livros da EdUFSCar e oferta de livros em geral em condições mais favoráveis; - divulgar e atender a demanda por produtos com a marca UFSCar. Atualmente, a Editora conta com mais de 280 publicações. Em vista disso faz-se necessário um levantamento de dados financeiros para o desenvolvimento de uma formação de preço mais aprofundada. Objetivos Este trabalho mostra a importância de uma adequada formação de preço pelas empresas, bem como algumas metodologias utilizadas para esse fim, e tem como objetivo descrever e analisar a sistemática utilizada pela EdUFCar para a determinação dos preços de seus produtos. Faz, também, uma avaliação dos preços praticados pela EdUFSCar em comparação com outras editoras universitárias existentes no mercado. 9 Método Esse trabalho de pesquisa utilizou a Observação Participante como método, uma vez que o observador pertence ao grupo investigado e auxilia no desenvolvimento do preço do livro. Foi vantajosa a aplicação dessa metodologia porque facilitou acesso rápido aos dados da Editora. Inicialmente, foi feita uma pesquisa bibliográfica na qual se buscou livros, artigos de periódicos e outros tipos de publicações a respeito do tema de pesquisa para que pudesse ser realizada uma revisão teórica que fundamentasse o trabalho prático. No trabalho prático, foram coletados dados sobre os custos e preços praticados pela EdUFSCar. Com base nesses dados, foram obtidos uma sistemática de formação do preço do livro e um comparativo que demonstra como os preços praticados pela editora estão em relação ao mercado de editoras universitárias. Estrutura do trabalho Este trabalho está estruturado em quatro capítulos, cujo primeiro é essa introdução. No capítulo dois é feita uma revisão bibliográfica na qual se procura descrever os principais conceitos, técnicas e práticas sobre a formação de preço. O capítulo três faz uma apresentação da editora da Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar) e propõe uma sistemática para a formação dos preços de seus produtos. Por fim, apresenta-se a conclusão deste trabalho. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo foi desenvolvida uma revisão bibliográfica a respeito da formação de preços. O capítulo está dividido em duas partes: na primeira, foi escrito sobre a formação de preço, sua importância, os métodos existentes e o mercado; na segunda, discorreu-se a respeito da apuração dos custos. Como a EdUFSCar tem procurado melhorar as informações sobre seus aspectos financeiros é imprescindível uma análise dos custos e maneiras de formar preços. Dessa forma há necessidade de um entendimento das teorias e práticas apresentadas na literatura para o desenvolvimento adequado de uma sistemática de formação de preços dos livros da editora. 2.1 – Formação de preço Segundo Nagle e Holden (1994), a decisão sobre o preço é fundamental para a empresa e é uma arte, pois exige uma análise e compreensão da empresa como um todo. Para Urbany (2002, p. 314), o preço de um produto ou serviço “é a quantidade de dinheiro, bens ou serviços que deve ser dada para se adquirir a propriedade ou uso de um produto”. De acordo com Vieira (1968), para uma formação adequada de preços é necessária a análise dos custos, pois esses dois elementos são essenciais à boa atuação financeira e à estabilidade da empresa, seja agrícola, industrial, comercial ou bancária. Os custos, de modo geral, podem ser definidos como medidas monetárias dos sacrifícios com os quais uma organização tem que arcar a fim de atingir seus objetivos (BRUNI; FAMÁ, 2004). Os preços, por sua vez, correspondem à importância recebida pelas entidades em decorrência da oferta de seus produtos ou serviços. Deve ser suficiente o bastante para cobrir todos os custos incorridos e ainda fornecer um lucro para a entidade (BRUNI; FAMÁ, 2004). Segundo Vieira (1968) deve-se decidir sobre qual o preço a ser fixado para cada mercadoria ou serviço em cada momento e quando e como fazer discriminação de preços. Exemplo: o preço do produto será diferenciado para os clientes que adquirem em grandes quantidades. Para a fixação de preços, existem problemas de ordem interna e externa. De acordo com Vieira (1968), um dos problemas de ordem interna é que todos os setores 11 estão envolvidos no processo de formação de preço e a adequada coordenação desses setores resultará o bom ou mau funcionamento da política de preços da empresa. Ainda segundo Vieira (1968), os problemas de ordem externa são mais numerosos e complexos, dentre eles: os fornecedores que podem aumentar o preço do produto fornecido acarretando um aumento de preço no produto final e o comportamento das procuras de mercado exemplificado por uma empresa que segmentou os pneus por categorias, proporcionando um preço a cada categoria, com isso, puderam alargar a procura e elevar os lucros. Segundo Perez (1999), vários fatores influenciam na formação de preço de um produto ou serviço e o grau de influência de cada fator oscila ao longo do tempo. Entre esses fatores destacam-se: Concorrência: nos mercados onde há uma maior quantidade de empresas oferecendo produtos semelhantes, o preço tenderá a ser menor do que seria se não houvesse competidores. Clientes: ao estabelecer ou modificar o preço, as empresas se preocupam com as reações de seus clientes. Os clientes podem reduzir o consumo, ou até mesmo deixar de consumir o produto. Podem passar a fabricar o produto, ou até adquirir um produto substituto ou similar. Gastos: para produzir um produto, as empresas têm diversos gastos. O que o empresário espera é recuperar todas as despesas que efetuou e ainda obter lucros. Governo: pode ter uma influência muito forte na formação dos preços dos produtos e serviços ou mesmo determinar o preço do produto. São muitas as formas de que dispõe o governo para influir nos preços: subsídio, incentivos fiscais à produção, à exportação, restrições ou estímulos à importação, criação ou ampliação de tributos etc. Outros fatores, relativos aos custos ou aos valores percebidos, associados aos processos de formação de preço, segundo Bruni e Famá (2004), são: - Capacidade e disponibilidade de pagar do consumidor; - qualidade /tecnologia do produto em relação à necessidades do mercado consumidor; - existência de produtos substitutos a preços mais vantajosos; - demanda esperada do produto; - níveis de produção e/ou vendas em que se pretende ou que se pode operar; 12 - mercado de atuação do produto; - controle de preços impostos por órgãos governamentais; - custos e despesas de fabricar, administrar e comercializar o produto; - ganhos perdas de gerir o produto. Em relação ao processo de formação de preços, ainda de acordo com Bruni e Famá (2004), alguns dos principais objetivos podem ser apresentados, como: - proporcionar, em longo prazo, o maior lucro possível: a empresa consistiria em uma entidade que deveria buscar sua perpetuidade. Políticas de preços de curto prazo, voltadas para a maximização dos lucros, devem ser utilizadas somente em condições especiais; - permitir a maximização lucrativa da participação de mercado: não apenas o faturamento deveria ser aumentado, mas também os lucros das venda. - fixar o preço mais apropriado com condições diferenciadas para atender a volumes diferentes, prazos não uniformes de financiamento de vendas, descontos para financiamentos (prazos concedidos) mais curtos, comissões sobre vendas para cada condição. Em resumo para Bruni e Fama (apud SANTOS, 1994, p. 174), a formação de preços deve ser capaz de considerar a qualidade dos produtos em relação às necessidades dos consumidores, a existência de produtos similares a preços mais competitivos, a demanda esperada dos produtos, o mercado em que os produtos atuam, a intervenção do governo, os níveis de produção e vendas que se pretende ou podem ser operados e os custos e despesas de fabricar, administrar e comercializar os produtos. 2.1.1 – Importância da correta formação de preços Uma pequena diferença no preço pode gerar efeitos dramáticos na lucratividade do bem ou serviço (COELHO, 2007). Geralmente, o objetivo básico de um negócio é obter lucro em relação ao dinheiro aplicado. Para saber se o negócio é rentável ou não é necessário saber formar preço para as mercadorias adequadamente para obter o retorno desejado. Para Martins (2003, p. 218) “O importante é que o sistema de custos produza informações úteis e consistentes com a filosofia da empresa, particularmente com sua política de preços.” Ainda segundo Martins (2003), os preços podem ser fixados: com base nos custos, com base no mercado ou com base na combinação de ambos. Segundo Bruni e Famá (2004), as decisões empresariais associadas à gestão financeira devem sempre preocupar-se com custos incorridos e preços praticados. Uma 13 empresa somente se manterá próspera se praticar preços superiores aos custos incorridos. No entanto, os preços são delimitados pelo mercado. Caso a percepção de valor do mercado para o produto ou serviço ofertado pela empresa seja inferior ao desejado, as vendas fracassarão. No mesmo sentido destacado anteriormente, conforme salienta Perez (1999), o conhecimento do mercado e da clientela com que a empresa atua, bem como de suas despesas e custos são de vital importância para uma formação de preço adequada. Como se pode observar uma adequada formação de preço é de fundamental importância para possibilitar que as empresas se mantenham no mercado de maneira competitiva e obtenham recursos econômicos e financeiros satisfatórios. 2.1.2 – Métodos existentes para a formação de preços Existem duas maneiras de desenvolvimento do preço do produto, conforme destacado na figura 1. Uma delas é o preço baseado no custo, que é desenvolvido primeiramente pelo produto. A partir disso, define-se o preço, acrescentado o valor e, por último, os clientes. Outra maneira mais usual atualmente é o desenvolvimento do preço baseado no valor, que é o inverso da anterior, em que o cliente é o ponto de partida para a determinação do preço. Preço baseado no custo PRODUTO Æ CUSTOÆ PREÇOÆ VALORÆ CLIENTES Preço baseado no valor CLIENTESÆ VALORÆ PREÇOÆ CUSTOÆ PRODUTO Figura 1 Desenvolvimento de preço do produto. Fonte: Nagle e Holden (1994, p. 5). Conforme Figura 1, Oliveira e Perez Jr. (2000), explicam essa tendência: No contexto atual, devido a grande competitividade, o preço de venda de um produto relaciona-se mais com fatores externos à empresa do que a seus custos, embora seja necessário saber o preço a partir do custo como uma referência para comparar com o preço de mercado e determinar a conveniência ou não de vender o produto pelo preço que está no mercado ou definir outras alternativas como: aumentar as quantidades 14 vendidas, ter uma nova linha de produtos ou ainda, oferecer prestação de serviços diferenciada, agregando valor ao produto. Considerando que a empresa já está estabelecida no mercado e já tenha toda infraestrutura (imóveis, maquinários e pessoas), ela apresenta gastos e estes podem ser classificados como fixos ou variáveis (OLIVEIRA; PEREZ JR., 2000). Gastos fixos: são os gastos que não se alteram com o volume de produção e/ou vendas. Gastos variáveis: são aquele que variam proporcionalmente ao volume de produção e/ou vendas. Custeamento por ciclo de vida do produto (life cycle costing) De acordo com a visão de Perez (1999) na moderna concepção de analisar e entender as atividades empresariais, os custos de um produto ou serviço começam a ser incorridos bem antes da fase inicial dos processos produtivos. Portanto, tais custos devem ser entendidos como sendo aqueles gastos incorridos desde as etapas mais embrionárias do design de um produto até a fase final de sua exploração econômica. Em outras palavras, da prancheta dos engenheiros e pessoal de marketing até o abandono definitivo de sua produção e comercialização. Principalmente em unidades de negócios que operam em ambientes com alta automação e informatização, é fato reconhecido que parte significativa dos custos de manufatura já está comprometida bem no início do ciclo de vida do produto. Quando o produto é inserido na produção, torna-se muito mais difícil obter reduções de custos significativas. Também os gastos com pesquisas e desenvolvimentos de produtos, bem como com marketing de divulgação, quase sempre representam verbas substanciais já compromissadas antes do início da produção e comercialização do produto. Para Perez (1999) a gestão estratégica dos custos, assim como para a contabilidade gerencial, o efetivo custo de um produto compreende os gastos incorridos em todas as etapas destacadas anteriormente, ou seja: concepção e planejamento, pesquisa e desenvolvimento, design preliminar, design detalhado, divulgação, produção, comercialização, suporte logístico, assistência pós-venda etc. 15 Custo-meta ( target cost) Perez (1999) define conceitualmente o custo-meta, como o custo obtido pela subtração de um preço estimado (ou preço de mercado) da margem de lucratividade desejada, com o objetivo de atingir um custo de produção (incluindo custos de engenharia e/ou de marketing) igualmente desejado. O custo-alvo não precisa corresponder ao custo de produção inicialmente esperado. Pelo contrário, pode ser equivalente ao custo a ser atingindo ao longo do estágio de maturidade da produção. Como derivação desse conceito, tem-se o custeioalvo, ou target costing, que é um método utilizado na análise de produtos e desenhos de processo, envolvendo a estimativa de um custo-alvo e, consequentemente, o desenvolvimento de um produto que atinja esse alvo. O processo de custeio-alvo inicia-se com a estimativa, realizada pelo pessoal de marketing, do preço que um novo produto com características e funcionalidades especificas terá para ser vendido no mercado. A partir dessa definição mercadológica, equipes multidepartamentais de produtos e fabricação se inter-relacionam para determinar o custo-alvo do produto, que é a soma do custo de materiais, mão-de-obra e custos com as demais atividades. Também conhecido como custo-meta, esse tipo de custo representa, segundo Perez (1999), o custo baseado nas condições de mercado, calculado tendo como parâmetro o preço de venda necessário para se obter determinada participação no mercado, com as margens desejadas de lucratividade. Principalmente em setores industriais bastante competitivos, o preço de venda de um produto é estabelecido independentemente de seu custo inicial. Se o custo-meta estiver abaixo do custo inicialmente previsto do produto, a empresa precisa reduzir esse custo dentro de determinado período de tempo sob pena de perder as condições de competitividade. Em suma, o custo-meta pode ser mostrado aritmeticamente como: custo-alvo = preço de venda menos o lucro desejado. 16 Formação de preços baseada em custos Ainda segundo Perez (1999), o preço obtido a partir do custo é uma referência valiosa para comparar com o preço de mercado e determinar a conveniência ou não de vender o produto pelo preço que o mercado esteja disposto a pagar. O enfoque prático desenvolvido neste item enfatizou dois conceitos muito importantes: • margem de contribuição; e • valor presente. Esses dois conceitos se tornam ainda mais úteis quando o mercado opera com altas taxas de custo financeiro. Formação de preços baseada em gastos mais a margem de lucro Nas definições de gastos fixos e variáveis, Perez (1999) ressalta dois pontos: • O objetivo do empresário é o lucro e, portanto, ele deseja recuperar todos os gastos, sejam eles fixos ou variáveis; • Quanto maior for o volume de produção/vendas, menor será o gasto fixo por unidade. Se os gastos fixos mensais são de $ 100 e o volume mensal é de 20 unidades, o gasto fixo unitário será de $5 ($ 100 : 20). Se o volume mensal for de 40 unidades, o gasto fixo unitário será de $ 2,50 (100 : 40). Nesse momento, pode-se quantificar o limite inferior de preço para o produto ou serviço: • o preço mínimo, no curto prazo, será igual, e de preferência maior, que os gastos variáveis incorridos pra produzir e vender uma unidade do produto; • preços acima dos gastos variáveis estarão gerando uma margem de contribuição que, inicialmente, irá cobrir os gastos fixos e, em seguida, gerar o lucro da empresa; • o preço máximo será estabelecido pela demanda do consumidor. Para estabelecer regras práticas que permitam calcular preços no dia-a-dia das empresas, será considerado que a empresa já elaborou seu orçamento anual e estabeleceu o lucro desejado. Esse lucro projetado pode ser relacionado com as vendas projetadas e determinará a margem de lucro sobre vendas; ou pode ser relacionado com o patrimônio líquido, para obter o retorno esperado sobre o patrimônio líquido da empresa. 17 Na tabela 1, é apresentada a demonstração de resultado projetada para o ano, para o volume de produção estimada de 1.000 unidades a um preço unitário de $ 270. Tabela 1: Demonstração de resultado do Lucro Líquido. $ % Receita de vendas=RV=1.000 unid. X $ 270 270.000 100,00 Custo dos produtos vendidos= CPV=1.000 un x $ 144 144.000 53,33 Lucro bruto 126.000 46,67 Despesas operacionais = DO = 1.000 un x $ 72 72.000 26,67 Lucro líquido projetado 54.000 20,00 Fonte: Perez (1999, p. 269). Abordagem do custeio por absorção Voltando à demonstração de resultados projetada, pode-se constatar que além de apresentar o percentual de 20% de lucro líquido sobre vendas, também é apresentado o percentual de 46,67% de lucro bruto sobre vendas. Na abordagem do custeio por absorção para determinar preço, parte-se do custo para fabricar o produto (CPV) e a ele adiciona-se a margem de lucro bruto sobre vendas. Tabela 2: Cálculo do Preço – abordagem do custeio por absorção. P = CPV + 0,4667 P P- 0,4667 P = CPV 0,5333 P = $ 144 P = $ 144 / 0,5333 P = $ 270 por unidade Fonte: Perez (1999, p. 270). As dificuldades práticas e limitações conceituais ainda persistem, mas agora em menor grau, já que as despesas operacionais não são envolvidas no cálculo do preço. Segundo Martins (2003), custeio por Absorção é o método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, nascidos da situação histórica. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção. Todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos. (MARTINS, 2003) 18 Custeio por Absorção Empresas de manufatura Despesas Custos Estoque de produtos Demonstração de Resultados Venda Receita CPV Lucro Bruto Despesas Lucro Operacional Figura 2 Custeio por absorção. Fonte: Martins (2003, p. 37). A figura 2 mostra que custos e as despesas devem ser separados e considerados na Demonstração de Resultados em posições distintas, pois através dos custos/ Estoque dos Produtos/Vendas é que obteremos o CPV – Custo do Produto Vendido. Isto significa que através das vendas dos produtos gera-se uma receita, dessa receita subtraise o Custo do produto vendido gerando o Lucro Bruto, a partir do Lucro Bruto subtraise as Despesas chegando no Lucro Operacional. Abordagem da margem de contribuição Inicialmente, a demonstração de resultado projetada será adaptada para apresentar a margem de contribuição conforme tabela 3. 19 Tabela 3: Demonstração de resultado apresentando a margem de contribuição. $ % Receita de vendas = RV = 1.000 un x $ 270 270.000 100,00 Custos variáveis= CV= 1.000 un x $ 96 96.000 Despesas variáveis= DV= 1.000un x $ 24 24.000 Margem de contribuição = MC= 1.000 un x $ 150 150.000 Custos fixos = CF 48.000 Despesas fixas = DF 48.000 Lucro líquido projetado 54.000 55,56 20,00 Fonte: Perez (1999, p. 270). De acordo com Perez (1999) as vantagens desse método são: - a empresa pode obter gastos variáveis por unidade do produto; - não foi necessário efetuar qualquer tipo de rateio, evitando, dessa maneira, trabalho burocrático e as distorções que os rateios podem trazer; - com base nos gastos variáveis, calcula-se facilmente o preço normal de venda que assegura a meta de 20% de lucro líquido sobre vendas; - conhecendo o preço normal e os gastos variáveis, pode-se analisar preços especiais para situações também especiais, como promoção para liquidação de estoque ou venda para o mercado externo, como apresentado na tabela 4. Tabela 4: Obtenção do valor da margem de contribuição. $ Preço normal 270 Gastos variáveis 120 Margem de contribuição 150 Fonte: Perez (1999, p. 271). Para situações especiais, um preço de $ 200 por unidade apresentaria margem de contribuição de $ 80,00 por unidade, conforme ilustra a tabela 5. 20 Tabela 5: Obtenção do valor da margem de contribuição em situações especiais. $ Preço especial 200 Gastos variáveis 120 Margem de contribuição 80 Fonte: Perez (1999, p. 272). A aceitação ou não do preço de $ 200,00 por unidade depende de outros fatores, como existência ou não de capacidade ociosa. Custo financeiro Em períodos de altas taxas de inflação, o custo financeiro de uma operação passa a ser uma das variáveis mais importantes na formação do preço. As negociações se voltam mais para os prazos de pagamento e recebimento. As empresas buscam reduzir os prazos de recebimento e dilatar os prazos de pagamento. Os cálculos de custos e preços passam a ser diários e exigem rapidez e eficiência. Numa economia com altas taxas de custo financeiro, os prazos de recebimento e pagamento assumem importância muito grande. A sistemática a ser utilizada pela empresa para formação de preço deve prever essas constantes alterações de prazo. Preços com base no custo pleno Nesse método, os preços são estabelecidos com base nos custos plenos ou integrais – custos totais de produção, acrescidos das despesas de vendas, de administração e da margem de lucro desejada. No exemplo proposto por Bruni e Fama (2004), por exemplo, a Verde Vale Ltda. produz e comercializa arranjos com flores ornamentais. Sabe-se que os custos com materiais diretos para cada arranjo comercializado são iguais a $ 3,40. Os custos com MOD direta são aproximadamente iguais a $ 2,20. Custos indiretos de fabricação são apropriados com base em 300% da MOD. Despesas administrativas, com vendas e fretes de entregas alcançam $ 1,80. Se a empresa desejasse obter um lucro de $ 1,20 por arranjo, qual deveria ser o preço praticado? 21 Tabela 6: Obtenção do preço. Componente Valor MD 3,40 MOD 2,20 CIF 6,60 Observação Calculado com base em 300% da MOD ( 300%x 2,20=6,60) Custo Total 12,20 Despesas 1,80 Gasto Total 14,00 Lucro Desejado 1,20 Preço a Praticar 15,20 Soma das parcelas anteriores Soma dos custos e despesas Soma dos custos, despesas e lucro desejado Fonte: Bruni e Famá (2004, p. 324). Preços com base no custo de transformação Como os esforços da empresa são concentrados, basicamente, nos custos de transformação, esse método propõe-se a formar preços com base, apenas, nos custos de transformação, não considerando nos cálculos os custos com materiais diretos. Conforme exemplo proposto por Bruni e Fama (2004), ilustrado na tabela 7, uma Fábrica de Roupas sabendo que a margem de lucro desejada pela empresa sobre o custo integral ou pleno é igual a 20% (mark-up igual a 1,20) e empregando o método do custo pleno, seriam obtidos os preços sugeridos de $ 48,00 para o produto Blusa e $ 49,20 para o produto Saia. Todavia, o esforço da empresa sobre o produto Saia é expressivamente maior – custo de transformação de $ 30,00, contra $ 20,00 do produto Blusa. Assim, seria mais interessante para a empresa concentrar esforços de produção e vendas no produto Blusa, que requer esforços expressivamente menores de transformação – gerando, no entanto, mesma margem de lucro. Para evitar esse confronto, uma alternativa seria a de fixar preços tomando os custos de transformação como base. Empregando o produto Blusa, obtém-se uma margem de 40% sobre o custo de transformação. Se a mesma margem fosse aplicada para o produto Saia, seria obtido um preço sugerido para venda igual a $ 53,00 – uma variação positiva de $ 3,80 ou aproximadamente igual a 7,72%. 22 Tabela 7: Obtenção do Preço com base no custo de transformação. Componente Blusa Saia Pleno Transf. Pleno Transf. Matérias-primas 15,00 15,00 5,00 5,00 Custos de transformação 20,00 20,00 30,00 30,00 Despesas de vendas e adm. 5,00 5,00 6,00 6,00 Custo total de prod. e venda 40,00 40,00 41,00 41,00 Lucro sobre o custo integral 8,2 (20%) Lucro sobre o custo de transf. 8,00 12,00 (40%) Preço de venda sugerido 48,00 48,00 49,20 53,00 Fonte: Bruni e Famá (2004, p. 330). Preços com base no custo marginal O custo marginal poderia ser conceituado como o incremento de custo correspondente à produção de uma unidade adicional de produto. Assim, corresponde aos custos que não seriam incorridos se um produto fosse eliminado ou não produzido. Em um exemplo, também proposto por Bruni e Fama (2004) uma Fábrica de Artefatos de Madeira produz adornos, comercializando-os em todo o país. A empresa apresenta custos fixos anuais iguais a $ 50.000,00 e custos variáveis unitários iguais a $ 20,00. A diretoria da empresa estimou um lucro requerido igual a $ 20,00 por unidade comercializada. Sabe-se que a empresa possui uma capacidade instalada que permite produzir e vender 1.800 unidades por ano. Atualmente, são produzidas e comercializadas 1.000 unidade por ano, a um preço de $ 90,00 – obtido após considerar o custo integral e o lucro requerido. A estrutura de preços, custos e lucro da empresa pode ser vista na tabela 8. Considerando que a empresa recebeu de um grande importador de adornos localizado nos EUA um pedido de 300 peças, para serem entregues no decorrer do ano seguinte. O importador propôs-se a pagar $ 42,00 por unidade. Deveria a empresa aceitar a oferta? 23 Tabela 8: Obtenção do Preço com base no custo marginal. Total Unitário % 90.000,00 90,00 100% Custos Fixos (50.000,00) (50,00) -56% Custos Variáveis (20.000,00) (20,00) -22% Custos totais (70.000,00) (70,00) -78% 20.000,00 20,00 22% Receitas Lucros Fonte: Bruni e Famá (2004, p. 332). Conforme destacado por Bruni e Fama (2004), se a empresa optasse por formar seu preço com base no custo total, a proposta tenderia a ser recusada, já que o preço formado pela empresa é igual a $ 90,00. Logo, a proposta ofertada pelo importador seria considerada insatisfatória – apenas 46,67% do preço de venda praticado pela empresa, revelando um desconto implícito no preço de 53,33%. Verificando os custos unitários por produto, de acordo com o volume atual de 1.800 unidades por ano, a empresa contabiliza $ 70,00 por unidade, o que reforçaria a ideia de recusa do pedido. Ao aceitar, porém, o novo pedido, apenas os custos variáveis seriam alterados. Assim, a análise deveria envolver apenas os custos incrementais ou marginais - já que apenas estes seriam aumentados. Dessa forma, o pedido deveria ser aceito e a venda efetuada – o preço de venda proposto ($ 42,00) é bastante superior aos custos marginais da empresa ($ 20,00). De acordo com Sardinha, citado por Bruni e Fama (2004), as vantagens da utilização dessa abordagem são: a) A capacidade de produção instalada e projetada influencia os custos indiretos fixos, e não o número de unidades efetivamente fabricadas no período. Assim, os custos indiretos representam custos para criar a disponibilidade – custos relacionados a estar pronto para produzir. Seriam incorridos independentemente do volume de produção no período; b) Os ativos fixos geram custos à medida que se depreciam – fato normalmente associado ao tempo e não ao volume produzido; c) A abordagem por contribuição está relacionada diretamente à variação dos lucros em decorrência das vendas, facilitando as análises. 24 Já as desvantagens, ainda segundo Sardinha, citado por Bruni e Fama (2004), são as seguintes: a) no longo prazo , as receitas obtidas pela empresa devem ser capazes de cobrir os custos integrais da empresa – custos e despesas, variáveis e fixos. Assim, a formação de preços com base em custos marginais pode quebrar a empresa no longo prazo; b) aceitação de novos pedidos com preços estipulados com base nos custos marginais pode criar conflitos com consumidores tradicionais e/ou com o novo cliente no futuro. Consumidores tradicionais podem sentir-se enganados por estarem pagando mais pelo mesmo produto. Novos clientes que compraram o produto por um preço menor podem querer o mesmo tratamento no futuro. No decorrer do tempo, a empresa poderá não ser capaz de cobrir seus custos e auferir os lucros desejados pelos investidores; c) corre-se o risco de, ao praticar preços menores para pedidos incrementais, provocar atos de retaliação de competidores, resultando na fixação de baixas margens para o produto. Para agravar a situação, os consumidores poderiam acostumar-se com o preço baixo do produto e não comprá-lo no futuro a um preço superior – comprometendo lucros e rentabilidade futura da empresa; d) nem sempre é simples associar os custos incrementais aos novos pedidos. Os custos variáveis nem sempre são iguais aos custos marginais ou incrementais – alguns custos fixos poderiam tornar-se variáveis. Preços com base na taxa de retorno exigida sobre o capital investido Segundo Bruni e Fama (2004), o emprego desse método permite estimar o preço, com base em taxa pré-determinada de lucro sobre o capital investido. Diferentes poderiam ser as fórmulas empregadas para a obtenção do preço de venda. Uma das mais simples está apresentada a seguir. P= (CT +R% x CI) / V Onde: CI = capital investido CT = custos totais R% = lucro percentual desejado sobre o capital investido 25 P = preço sugerido de vendas V= volume de vendas Em um exemplo, também apresentado por Bruni e Fama (2004), para abrir uma pequena padaria, o Sr. Manoel necessita investir $ 50.000,00 em máquinas, equipamentos, aquisição e reforma do imóvel e capital de giro. Estimativas indicam que capital investido no negócio deveria apresentar uma taxa de retorno anual igual a, no mínimo, 20%. Os custos anuais da empresa são: -Salários e encargos R$ 24.000,00 -Materiais diretos R$ 18.000,00 -Depreciação R$ 8.000,00 -Outros gastos R$ 20.000,00 Perfazendo um total de R$ 70.000,00 Com base nesses números e sabendo que a empresa deverá fabricar e vender cerca de 800 mil pãezinhos de 50 g por ano, estime qual o preço mínimo a ser cobrado por pãozinho, de forma que o negócio seja lucrativo. De acordo com as informações fornecidas, o lucro anual a ser auferido pela empresa deveria ser igual a, no mínimo, $ 10.000,00 ( = $ 50.000,00 x 20%). Acrescido aos custos totais da empresa, resulta em um valor total igual a $ 80.000,00. Para saber o preço a ser praticado, bastaria aplicar a fórmula: P= (CT +R% x CI)/V P = ( 70.000,00 + 20% x 50.000,00)/ 800.000,00 = $ 0,10 Em outras palavras, a empresa deverá cobrar um preço, no mínimo, igual a $ 0,10 para o negócio ser válido do ponto de vista econômico. 2.1.2.1 – Abordagens de definição de preços baseadas no custo Preços com base no custo-padrão Segundo Bruni e Fama (2004), nesse modelo, a empresa estima seu custo- padrão, com o cuidado de corretamente separar os custos pertencentes aos produtos (variáveis) e os custos pertencentes à estrutura operacional da empresa (fixos). Eventuais distorções entre os custos reais e o custo-padrão devem ser prontamente corrigidas. Para se chegar ao preço a ser praticado, muitas vezes pode-se empregar o markup, do inglês marca acima, índice que, aplicado sobre os gastos de determinado bem ou serviço, permite a obtenção do preço de venda. Genericamente, o mark-up pode ser 26 empregado de diferentes formas: sobre o custo variável, sobre os gastos variáveis e sobre os gastos integrais. Supondo gastos (custos e despesas) iguais a G, preço de venda igual a P, lucro percentual sobre o preço de venda igual a L x P e impostos percentuais sobre o preço de venda iguais a I x P, o valor algébrico do mark-up pode ser deduzido da seguinte equação: G+IxP+LxP=P Colocando o preço em evidência, a equação anterior transforma-se em: P x ( 1 – I + L)) = G Ou, encontrando-se o valor do preço (P), é possível estabelecer o mark-up: índice que multiplica os gastos para se obter o preço de venda. P= 1 xG 1 – (I+L) Mark-up sobre o custo variável Nesse caso, o mark-up tem a finalidade de cobrir contas não consideradas no custo, como os impostos sobre vendas, as taxas variáveis sobre vendas, as despesas administrativas fixas, as despesas de vendas fixas, os custos indiretos de produção fixos (a depender da situação de custeio) e, obviamente, o lucro desejado pela empresa. O mark-up pode ser calculado de duas formas: multiplicador – mais usual, representa por quanto devem ser multiplicados os custos variáveis para se obter o preço de venda a praticar; e divisor – menos usual, representa percentualmente o custo variável em relação ao preço de venda. Fórmulas do Mark-up: Multiplicador: Mark-up = Preço de venda ou Mark-up = Custo Variável Divisor: Mark-up = Custo variável ou Mark-up = 1 1 – Soma Taxas Percentuais 1 – Soma Taxas Percentuais Preço de venda Onde: Soma Taxas Percentuais = soma de valores expressos em percentuais que influenciam no processo de formação de preços, como percentual de lucro desejado, taxa percentual de despesas diversas etc 27 Mark-up sobre o gasto integral Outra forma de emprego do mark-up consiste em sua utilização como multiplicador sobre os gastos totais da empresa. Em função da complexidade de alocação de custos e despesas indiretos, não é usual. As fórmulas do mark-up aplicado sobre os gastos totais podem ser apresentadas como: Multiplicador: Mark-up = Preço de venda Gasto total Divisor: Mark-up = Gasto total Preço de venda Segundo Urbany (2001) há duas abordagens comuns para determinar preços com base nos custos. Uma, é utilizar uma margem-padrão (mark-up) como regra prática. A segunda, é formar o preço somando o custo por unidade e o lucro desejado. Margem-Padrão (Mark-up): esta abordagem aplica uma margem sobre os custos, geralmente, em torno de 20%. Isso significa que “para cada unidade que vendemos, queremos que 20% do preço de venda represente lucro – um lucro extra incremental além e acima dos custos”. O preço pode ser calculado facilmente como segue: Custo unitário Preço de venda = (1- mark-up %) Definição de preços direcionada para o Retorno: esta abordagem acrescenta um lucro-alvo à cifra do custo por unidade (para cobrir tanto o custo como o lucro): Preço de venda= custo unitário + lucro unitário desejado. (URBANY, 2001, p. 20) Vantagens: consideram-se os custos fixos e variáveis, o preço é justo e é uma prática de negócios amplamente aceita. Desvantagens: um defeito nesse tipo de abordagem é que ela ignora a demanda. Ela supõe um certo nível de demanda, independente do preço o que de fato não ocorre. Outra grande desvantagem é que ela não consegue levar em conta a concorrência. 2.1.3 – O preço em relação ao mercado O Mercado possui influência sobre os preços, uma vez que, o cliente analisa a qualidade do produto e/ou serviço e preço. O preço influencia a percepção de valor do consumidor e a demanda consequentemente aumenta inversamente proporcional ao preço. (URBANY, 2001) Ao se considerar a formação de preço é necessário avaliar a concorrência, pois os preços dos concorrentes têm um impacto significativo nas vendas e também nos lucros resultantes. (URBANY, 2001) 28 Segundo Churchill (2000), as estruturas de mercado existentes e que influenciam na determinação do preço são: • Monopólio puro: somente uma empresa vende um produto para qual não há substitutos ou similares. Assim, o monopolista geralmente consegue controlar o preço do produto e a quantidade demandada. • Oligopólio: o número de vendedores é pequeno, mas o suficiente para que as atividades de um único vendedor afetem outras empresas. • Concorrência monopolista: há muitos vendedores do produto, mas o produto de cada vendedor é de alguma maneira, diferenciado na mente dos clientes do produto de cada um dos outros vendedores. Essa diferenciação dá à empresa alguma autonomia na definição de produção e preços. Contudo, a disponibilidade de produtos similares limita a autonomia dos preços. • Concorrência pura: há muitas empresas vendendo produtos idênticos e nenhuma delas é suficientemente grande para influenciar o preço de mercado. Nessas circunstâncias, a empresa pode vender toda a sua produção pelo preço praticado no mercado, mas não venderá nada além desse preço. Deve aceitar o preço de mercado e as condições impostas por ele. Assim, o preço é mais baixo quando a oferta do produto é grande e mais alto quando há apenas uma pequena quantidade disponível. Segundo Cogan (1999), pode-se utilizar a estratégia de preços distintos ou variáveis, que é aquela em que diferentes preços são aplicados a diferentes compradores para o mesmo produto. - Desconto em um Segundo - Mercado Esse desconto consiste na venda de uma marca a um preço num mercado alvo principal, e a um preço reduzido num segmento secundário de mercado (usualmente através de descontos). Isso frequentemente envolve excesso de inventário ou de capacidade de produção. -Desnatação A desnatação envolve a fixação de um preço relativamente alto, muitas vezes, no início da vida do produto. O preço é então sistematicamente reduzido à medida que o tempo passa. Produtos tecnológicos são, muitas 29 vezes, precificados dessa forma. Essa estratégica se aplica principalmente quando o produto é inovador e os consumidores estão em dúvida quanto a seu real valor. -Desconto Periódico e Randômico Desconto periódico é a estratégia de preços onde os descontos são oferecidos sistematicamente e de forma previsível. Já o desconto randômico é a estratégia de preços onde os descontos são oferecidos ocasionalmente e de forma não previsível. Para Cogan (1999), existem inúmeras estratégias para o preço, dentre elas: a estratégia de preços competitivos, de precificação por linha de produto e a de imagem e psicológica detalhadas a seguir: A Estratégia de preços competitivos pode ser utilizada das seguintes maneiras: - Igualando a estratégia da Competição, nesta estratégia a organização estabelece preços iguais aos de seus competidores. - Cotar por baixo do preço da competição é a estratégia onde a organização estabelece preços em níveis inferiores aos dos competidores. Enfatiza o oferecimento do menor preço dentre as alternativas disponíveis. A esperança com esta estratégia é de que volumes elevados com baixas margens se mostrarão mais rentáveis. - Líderes de preços e seguidores é a estratégia onde organizações com grandes fatias de mercado e de capacidade de produção (líderes) determinam o nível de preço. Outros, organizações mais fracas na mesma indústria (seguidores), irão segui-lo. - Preço de Penetração é introduzir um produto no mercado com a intenção de estabelecer rapidamente o preço no mercado. A lógica envolvida é a de que com o baixo preço rapidamente conseguirá grande participação no mercado e seus compradores permanecerão leais ao produto quando mais tarde o preço for aumentado. - Preço Predatório, certos preços são estabelecidos e mantidos por tradição. Esses preços costumeiros tendem a permanecer imutáveis por um longo período (preço do cafezinho, preço do jornal etc.) - Preço inflacionário, esses preços ocorrem quando as taxas de inflação são elevadas. Em essência, assim que o dinheiro passa a valer menos, a 30 força de compra declina e a maioria dos consumidores se tornam mais consciente do preço. Uma estratégia é a de aumentar o preço do produto para tornar possível a introdução de alternativas de menor preço. Um outra opção é a de reduzir serviços associados com o produto mantendo o mesmo preço. Ainda segundo Cogan (1999) as estratégicas de precificação por linhas de produto objetivam maximizar os lucros para o total dos produtos da linha, e não, propriamente, obter o maior lucro possível para um determinado item de uma linha de produtos. -Preço Cativo é a estratégia onde um produto básico, tal como aparelho de barbear, é precificado por baixo, mas os lucros dos produtos associados necessários para o funcionamento do produto básico, tal como lâminas de barbear, compensa a falta de lucro no produto básico. -Preço Isca e Preço do líder, o preço isca é o método de atração de clientes pelo oferecimento, para vendas, de itens de baixo-preço com a intenção de vender mais os produtos mais caros. - Preço Pacote e Múltiplas-Unidades de Preço, trata-se de uma estratégia onde o preço de um conjunto de produtos é menor que o total de cada preço individual. Múltiplas-unidades de preço vendem mais que uma unidade de um produto. As Estratégias de preços Imagem e Psicológica para Cogan (1999) são: - Preço Referência é uma estratégia onde um preço moderado é colocado para uma versão do produto que será mostrado próximo a um modelo de alto-preço da mesma marca, ou próximo a uma marca competitiva. - Preços Permanentes versus Ocasionais, os preços ocasionais se tornaram tradicionais (R$ 4,98 ao invés de R$ 5,00). A lógica é que se acredita que o consumidor percebe um preço de R$ 1,95 como sendo significativamente menor que o de R$ 2,00. - Preço Prestígio, ocorre quando um alto preço é percebido como sinônimo de alta qualidade. Exemplos: relógios Rolex, perfumes, pedras preciosas. Sua demanda é devida ao alto preço. 31 Para uma adequada maneira de se formar preços é necessário o Desenvolvimento de uma Estratégia de Precificação efetiva, veja na Figura 3: Desenvolvimento de uma Estratégia de Precificação efetiva Custos Clientes Concorrência Objetivos estratégicos Metas Táticas Preço ou política de preço Figura 3: Desenvolvimento de uma estratégia de precificação efetiva. Fonte: Nagle e Holden (1994, p. 10). A figura 3 demonstra que a empresa deve ter uma estratégia para desenvolvimento do preço, para isso é necessário saber quais os custos/ despesas envolvidos, analisar as necessidades dos clientes e a concorrência. A partir disso, estabelecer objetivos estratégicos, metas e táticas para alcançar uma política de preços. 2.2 – Apuração dos custos 2.2.1 – A evolução da Contabilidade Ao longo da história a percepção e utilização dos custos foram sendo aprimoradas com o advento das indústrias e conseqüente necessidade de dados para tomada de decisões. A seguir destacam-se a Contabilidade Financeira, a de Custos e a Gerencial. 32 Contabilidade Financeira Antes da Revolução Industrial (século XVIII), existia a Contabilidade Financeira, desenvolvida na Era Mercantilista e servia adequadamente para as empresas comerciais. Segundo Martins (2003), para a apuração do resultado de cada período, bem como do balanço em seu final, bastava o levantamento de estoques em termos físicos, já que sua medida em valores monetários era extremamente simples. O Contador verificava o montante pago por item estocado e, dessa maneira, valorava as mercadorias. Estoques iniciais (+) Compras (-) Estoques Finais (=) Custo das Mercadorias Vendidas Confrontando esse montante com as receitas líquidas obtidas na venda desses bens, chegava-se ao lucro bruto, do qual bastava deduzir as despesas necessárias à manutenção da entidade durante o período, à venda dos bens e ao financiamento de suas atividades. Daí o aparecimento da também clássica Demonstração de Resultados da empresa comercial: Vendas líquidas XXXXX (-) Custo das Mercadorias Vendidas Estoques Iniciais XXXXX (+) Compras XXXXX (-) Estoques Finais (XXXXX) (=) Lucro Bruto (XXXXX) XXXXX (-) Despesas Comerciais (Vendas) XXXXX Administrativas XXXXX Financeiras XXXXX (XXXXX) Resultado Antes do Imposto de Renda XXXXX 33 Uma definição bem resumida da Contabilidade Financeira, segundo Bruni e Fama (2004) é que ela é condicionada às imposições legais e requisitos fiscais. Como demonstrado acima por Martins (2003). Contabilidade de Custos Martins (2003) considera que o valor do Estoque existente na empresa deveria corresponder ao montante que seria o equivalente ao valor de “Compras” na empresa comercial e dessa maneira, passaram a compor o custo do produto os valores dos fatores de produção utilizados para sua obtenção. Para Martins (2003), a contabilidade de custos foi uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado. Em poucas palavras, Bruni e Famá (2004), definem a contabilidade de custos como voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no decorrer de suas operações. As funções básicas da contabilidade de custos devem buscar atender a três razões primárias: a) determinação do lucro: empregando dados originários dos registros convencionais contábeis da empresa, ou processando-os de maneira diferenciada, tornando-os mais úteis à administração; b) controle das operações e demais recursos produtivos, como os estoques, com a manutenção de orçamentos e padrões e comparações entre previsto e realizado; c) tomada de decisões: o que envolve produção (o que, quanto, como e quando fabricar), as formações de preços e a escolha entre fabricação própria ou terceirizada. Contabilidade Gerencial Devido ao crescimento das empresas e consequente aumento da distância entre o administrador e ativos e pessoas administradas, passou a Contabilidade de custos, segundo Martins (2003), a ser encarada como uma eficiente forma de auxílio no desempenho dessa nova missão, a gerencial. A Contabilidade Gerencial de acordo com Bruni e Fama (2004), tem como objetivo gerar informações úteis para a tomada de decisões. 34 Para Martins (2003), o conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los. 2.2.2 - Terminologia Classificações e Nomenclatura Para melhor compreender o estudo de apuração dos custos faz-se necessário entender a Terminologia em Custos Industriais: Gasto: Compra de um produto ou serviço qualquer que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Desembolso: Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Investimento: Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Custo: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Despesa: Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas. Perda: Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. (MARTINS, 2003, p. 24-26). De acordo com Martins (2003) as indústrias utilizam as seguintes denominações de custos: Custos de Produção do Período é a soma dos custos incorridos no período dentro da fábrica. Custo da Produção Acabada é a soma dos custos contidos na produção acabada no período. Pode conter Custos de Produção também de períodos anteriores existentes em unidades que só foram completas no presente período. Custo dos Produtos Vendidos é a soma dos custos incorridos na produção de bens e serviços que só agora estão sendo vendidos. Pode conter custos de produção de diversos períodos, caso os itens vendidos tenham sido produzidos em diversas épocas diferentes. (MARTINS, 2003, p. 47). Os custos ainda podem ser classificados em direto e indireto. Custos Diretos são aqueles que podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida de consumo (quilogramas de materiais consumidos, embalagens utilizada, horas de mão-de-obra utilizadas). Custos Indiretos são os que não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária (como o aluguel, a supervisão, as chefias, etc) (MARTINS, 2003, p. 48, 49). Além de direto e indireto também podem ser classificados em fixos e variáveis. Custos fixos são aqueles que independem de aumentos ou diminuições no volume de produtos produzidos. Exemplo: Aluguel Custos variáveis são os que dependem diretamente do volume de produção. Exemplo: materiais diretos. (MARTINS, 2003, p. 50). 35 Também podem ser classificados em custos primários e de transformação. Custos primários: soma de matéria-prima com mão-de-obra direta. Custos de transformação: soma de todos os Custos de Produção, exceto os relativos a matérias-primas e outros eventuais adquiridos e empregados sem nenhuma modificação pela empresa. (MARTINS, 2003, p. 51). 2.2.3 - Princípios Contábeis aplicados à Contabilidade de Custos Princípio da realização da receita Martins (2003) reconhece contabilmente o resultado (lucro ou prejuízo) apenas quando da realização da receita. E ocorre a realização da receita, em regra, quando existe a transferência do bem ou do serviço para terceiros. Para Martins (2003), contabilmente, já que a receita só será reconhecida futuramente, os valores agregados de gastos, relativos a fatores utilizados no processo de produção, vão sendo acumulado na forma de estoques. Só serão considerados como despesa também futuramente. Princípio da competência ou da confrontação entre despesas e receitas Para Martins (2003), após o reconhecimento da receita, deduzem-se dela todos os valores representativos dos esforços para sua consecução (despesas), que se dividem em dois grupos: a) despesas especificamente incorridas para a consecução daquelas receitas que estão sendo reconhecidas. Exemplo: Custo de produção do bem vendido. b) despesas incorridas para a obtenção de receitas genérica, e não necessariamente daquelas que agora estão sendo contabilizadas. Exemplo: despesas com propagandas. Princípio do custo histórico como base de valor Os ativos, segundo Martins (2003), são registrados contabilmente por seu valor original de entrada, ou seja, histórico. Isto pode acarretar problemas em casos de inflação pois o lucro não será real. Os estoques são avaliados em função do custo histórico de sua obtenção, sem correção por inflação ou por valores de reposição. 36 Princípio da consistência ou uniformidade Para Martins (2003), quando existem diversas alternativas para o registro contábil de um mesmo evento, todas válida dentro dos princípios geralmente aceitos, deve a empresa adotar uma delas de forma consistente. Princípio do conservadorismo ou prudência A definição do conservadorismo, para Martins (2003), obriga a adoção de um espírito de precaução por parte do contador. Ele deve sempre optar pela forma de maior precaução. Princípio da materialidade ou relevância Segundo Martins (2003), esta outra regra contábil é de extrema importância para Custos. Ela desobriga de um tratamento mais rigoroso aqueles itens cujo valor monetário é pequeno dentro dos gastos totais. Esquema Básico da Contabilidade de Custos (I) A figura 4 representa um esquema básico que inicialmente separa Custos e Despesas, apropria os Custos Diretos diretamente envolvidos com os produtos ou serviços e rateia os Custos Indiretos. Ainda segundo Martins (2003), os custos ocorridos no período só irão integralmente para o Resultado desse mesmo período caso toda a produção elaborada seja vendida, não havendo, portanto, estoques finais. Já as despesas – de Administração, de Vendas, Financeira etc. – sempre são debitadas ao Resultado do período em que são ocorridas: assim é que funciona o Custeio por Absorção. 37 Custos Indiretos Despesas Diretos Rateio Produto A Produto B Vendas Produto C Estoque Custo dos Produtos Vendidos Resultado Figura 4: Rateio dos custos indireto. Fonte: Martins (2003, p. 57). Departamentalização Para Martins (2003), cada departamento deve ter seu próprio centro de custo e para tal, é necessário ter uma estrutura de custos homogênea; estar concentrado num único local e oferecer condições de coleta de dados de custos. Complementando o Esquema da Figura 4, teríamos: a apropriação dos Custos Indiretos que pertencem aos Departamentos, agrupando, à parte, os comuns; o rateio dos Custos indiretos comuns aos diversos Departamentos, quer de Produção, quer de Serviços; a escolha da sequência de rateio dos custos acumulados nos Departamentos de Serviços e sua distribuição aos demais Departamentos e a atribuição dos Custos Indiretos, que agora só estão nos Departamentos de Produção, aos produtos, segundo critérios fixados. 38 3. A EdUFSCar e a Formação de Preço de seus produtos Este capítulo tem como objetivo fazer uma breve apresentação de Editora da Universidade Federal de São Carlos e a proposição de uma sistemática para a determinação de preços de seus produtos. 3.1 A Editora da Universidade Federal de São Carlos - EdUFSCar De acordo com Bufrem (2001, p. 20), [...] a editoração universitária, como experiência brasileira, iniciou-se na década de 1960. Algumas editoras nasceram com as universidades, outras evoluíram a partir da experiência das chamadas imprensas universitárias e, somente após alguns anos de produção, criaram seus conselhos editoriais e formalizaram suas atividades com regimentos próprios. Os projetos editoriais universitários, segundo Bufrem (2001, p. 40), [...] em geral caracterizados como culturais, visam prioritariamente atender às funções básicas de ensino, pesquisa e extensão. Por essas atividades, as editoras universitárias tornam-se indispensáveis, apesar das limitações do seu alcance, especialmente como no Brasil, onde sua presença é recente. Para Bufrem (2001, p. 43), [...] o processo de reflexão sobre o espaço cultural das editoras universitárias em relação às editoras privadas, provocado pela impossibilidade de uma concorrência e gerado nos encontros e reuniões de seus representantes, teve duas contribuições significativas. A primeira foi a consciência do papel de uma editora universitária e de suas vertentes de indiscutível alcance cultural e político. Já a segunda contribuição foi a progressiva definição dos limites de um campo de produção cultura autônomo em relação aos demais: a editoração universitária. Deve-se ter em mente que hoje “o livro ainda é a forma mais viável, econômica e eficaz de aprendizagem e transmissão de ideias, quando se quer atender a um número considerável de interessados”. (GARCEZ, 1987, p. 1) Atualmente o Brasil conta com cerca de 101 editoras universitárias, que fazem parte da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU) entre outras não associadas. (ABEU, 2009) A EdUFSCar é uma das editoras universitárias associadas a ABEU. 39 A EdUFSCar foi criada em 1986, porém sua primeira publicação ocorreu em 1993. Desde o primeiro livro, o reitor designou um conselho editorial com a finalidade de determinar diretrizes das publicações. A EdUFSCar opera em 5 frentes: • divulgar a produção de conhecimento por meio da publicação de livros e materiais didáticos; • proporcionar a oferta de livros acadêmicos e de livros em geral para a comunidade da UFSCar e região, por meio de sua livraria; • promover eventos, como feiras, lançamentos, entre outros relacionados a: divulgação e venda de livros da EdUFSCar e oferta de livros em geral em condições mais favoráveis; • divulgar e atender a demanda por produtos com a marca UFSCar; • parceria UAB-UFSCar. Pessoal: A equipe da EdUFSCar é composta por 19 (dezenove colaboradores): • 1 Diretor do quadro da UFSCar • 3 servidores técnico-administrativos do quadro da UFSCar. • 7 funcionários contratados com verba própria da EdUFSCar, via FAI. • 4 estagiários pagos com verba própria da EdUFSCar, via FAI. 4 estagiários pagos pelo SRH da UFSCar. A figura 5 ilustra a estrutura organizacional da EdUFSCar. 40 Estrutura EdUFSCar Secretaria Colaborador Voluntário Edemilson Nogueira Diretor Maria Cristina Priore Thamiris Prof. Truzzi Gestão Operacional Gestão Financeira Maria Cristina Priore Fernanda do Nascimento Livraria Produtos UFSCar Eventos Adriana – gerente Juciene- atendente Lilian, Beatriz e Mariana Maria Cristina Priore Marcela e Anderson Atende Livraria, Produtos e Editora Editora EDITORA Conselho Editorial Revisão Diagramação Estoque Vendas Divulgação Marcelo Assistente Adm. Priscila Vitor Patrícia Rita e Carlos Eduardo Fernanda Gina Legenda: Contratados CLT - FAI Contratados Estagiários FAI Contratados Estagiários SRH Figura 5: Estrutura EdUFSCar em agosto de 2009. 41 Espaço Físico Em 2008, a Diretoria, a Secretaria Executiva, a Diagramação e a Revisão passaram a ocupar a nova instalação. Com a nova instalação o pessoal ficou melhor distribuído, tendo um espaço amplo para reunião e para atender autores. A Livraria também passou por reformas em 2009, seu espaço físico foi ampliado assim como a possibilidade de ofertas de títulos para os clientes. Atualmente a livraria oferece aproximadamente 6.000 títulos de variados temas. A EDUFSCar também conta com um espaço reservado para o estoque de seus livros. Atualmente os estoques estão localizados na antiga oficina eletrônica no prédio da Prefeitura Universitária. Em breve deverão ser transferidos para um prédio em construção anexo a atual Secretaria da EdUFSCar. Equipamentos, mobiliários, sistema operacional e linhas telefônicas. Para as novas instalações foi necessário: - adquirir mesas e cadeiras, uma mesa de reunião, estantes para arquivo, monitores e computadores. - ampliar mais 4 linhas telefônicas e atualmente para atender as novas demandas possui um total de 9 linhas telefônicas. A EdUFSCar conta com um sistema operacional que controla estoque, vendas e o financeiro. Em paralelo, são obtidas informações sobre entradas e saídas de recursos da FAI por meio dos relatórios obtidos no site da FAI. Detalharemos a seguir cada setor, conforme organograma apresentado na figura 5. Diretoria A diretoria da EdUFSCar é responsável por todas as decisões da Editora e livraria, desenvolve contatos com novos autores, acompanha processo de produção de livros, financeiro, vendas, eventos e divulgação. Secretaria Executiva Na secretaria é controlado todos os originais recebidos, pareceres, contatos e contratos de autores, desenvolvimento de produtos para venda na livraria, obtenção de ISBN, participação em concursos, desenvolvimento da pauta da Reunião de Conselho, 42 organizar os materiais a serem discutidos em reunião bem como a elaboração da ata e acompanhar as deliberações. Toda documentação tanto de entradas como de saídas é distribuída através desse setor. Colaborador Voluntário O Prof. Dr. Edemilson Nogueira participa da reunião do Financeiro colaborando nos trabalhos de avaliação dos relatórios apresentados. Gestão Operacional A Gestão Operacional constitui-se do controle da produção de livros sendo constituída pelas seguintes etapas: atendimento inicial aos autores; entrada de originais; orçamento para FAPESP ou envio para um ou mais pareceristas; aprovação no Conselho Editorial; elaboração do contrato editorial; entrada para copidesque; diagramação; revisão; diagramação incorporando as alterações; conferência 1 e 2 e Prova Final; envio do material para a realização dos serviços de impressão e comercialização. Gestão Financeira Para a Gestão Financeira da EdUFSCar são elaborados relatórios financeiros que contemplam as análises da utilização de recursos próprios e principalmente dos recursos gerenciados pela FAI. A área financeira também é responsável pelas contas a pagar, pelas Requisições de compra bem como conserto de patrimônios. Além disso, é realizado, por uma funcionária do Estoque, um controle das contas a receber. Livraria A livraria do campus da EdUFSCar trabalha, preferencialmente, com editoras universitárias, entretanto, com a procura de outros títulos pela comunidade universitária, negocia cada vez mais com editoras comerciais, como Sextante, Objetiva, Martins Fontes, Ediouro, entre outras. O acervo da livraria contém todos os títulos considerados “Os mais vendidos” (com base na revista Veja, no jornal Folha de S. Paulo, entre outros), que contribuem 43 para ampliar as vendas. Assim, mais de 60 editoras estão representadas na livraria da EdUFSCar. Além de contatos com novas editoras, é feito um trabalho constante de renovação de estoque, em que são devolvidos títulos que não têm procura e selecionados lançamentos e novos títulos, sempre com a preocupação de atender aos cursos oferecidos pela UFSCar. A livraria do campus tem hoje aproximadamente 6.000 títulos. Atividades desenvolvidas pela livraria: - Encomenda de livros: são atendidas as solicitações de títulos que não se encontram disponíveis na livraria. - Oferecimento de descontos em datas comemorativas: no Dia do Livro, Dia dos Pais, Dia das Mães, entre outras datas comemorativas, a livraria seleciona títulos para serem comercializados com descontos especiais. - Oferecimento de 10% de desconto: nas compras de títulos de editoras universitárias. - Divulgação via Internet: toda semana, a EdUFSCar seleciona dois títulos como sugestão de leitura e divulga no InfoRede. - Visita a departamentos e outras instituições de Ensino Superior: a livraria da EdUFSCar visita departamentos e outras instituições de Ensino Superior e leva seus títulos e produtos para um público que muitas vezes não tem conhecimento da livraria no campus. - Solicitação de indicação bibliográfica: todo final de semestre é solicitado aos professores que preencham uma ficha com os títulos indicados em sua próxima disciplina, para que estes possam fazer parte do acervo da livraria. Eventos realizados nas livrarias: - Café literário: os professores discutem suas obras com os convidados e alunos da instituição. - Lançamento de livros: da EdUFSCar e de outras editoras. Produtos da Grife UFSCar Os produtos da Grife UFSCar tem como principal finalidade atrair um maior público para a Livraria e promover o nome da Universidade. 44 Atividades realizadas pelo responsável dos produtos da UFSCar: • Definição do produto; • Busca e definição do fornecedor; • Compra, estoque e venda do produto; • Reposição dos produtos . Atualmente, a Livraria tem mais de 23 produtos variando de 1 a 5 modelos por item em cores variadas, dentre eles: camisetas, bonés, mochilas, canetas, etc. Eventos da Editora: O setor de Eventos foi criado em 2005 com o objetivo de promover e divulgar os livros da EdUFSCar e outras editoras através de participações em Feiras, lançamentos e eventos que ocorrem na UFSCar. Veja figura abaixo a distribuição por tipos de evento: 2005 a 2008 58 60 39 25 40 Número de eventos 20 Com estande coletivo 23 Com estande próprio Café Literário Lanç.Outras Editoras 0 2005 2006 2007 2008 Lanç. EdUFSCar Eventos Internos Anos Figura 6: Eventos de 2005 a 2008. Fonte: relatórios de eventos. Através desse gráfico é possível verificar o quanto cresceu o número de participações de EdUFSCar em eventos como Feiras, eventos da ABEU entre outros. Com esse crescimento, consequentemente, aumentam-se as vendas de livros da EdUFSCar e a divulgação da editora. 45 Editora No âmbito da editoração, consideram-se como fornecedores os escritores, a gráfica e outros prestadores de serviços que atuam, por exemplo, no design de capa. É importante considerar que como editora universitária a atual contrapartida da editora para com o escritor é somente a publicação, do qual o autor recebe um número de exemplares pré-estabelecido por contrato, não há um pagamento em espécie para o autor. Esse modelo praticado está sendo avaliado podendo sofrer alterações a partir de 2010. A EdUFSCar deve seguir as normas legais de compra, através de licitação para aquisição de materiais e de prestação de serviços, o que a diferencia de outras editoras comerciais, pois não há a possibilidade de escolha por fatores como proximidade, ou melhor produto, deve-se considerar somente o fator “menor preço”. É necessário observar os concorrentes no ramo de editoração, sejam eles comerciais ou mesmo de outras editoras universitárias, para estabelecer desde suas linhas editorias, até o estabelecimento de preços, pontos de venda, e qualidade do produto. Conselho Editorial É composto pelo presidente Oswaldo Mário Serra Truzzi e pelos seguintes conselheiros: José Eduardo dos Santos, José Renato Coury, Nivaldo Nale e Paulo Reali Nunes. Através das reuniões com o Conselho Editoriais são decididos os livros a serem editados pela EdUFSCar bem como todo o andamento da Editora. Revisão O trabalho de revisão tem como objetivo adequar o texto às regras ortográficas e gramaticais da língua, além de apontar sugestões ao autor que contribuam com o aperfeiçoamento da estrutura textual. Nesse processo, o revisor deve levar em consideração o estilo de cada autor, sabendo estabelecer limites de modificação do trabalho revisado. 46 Diagramação É responsável pela montagem do projeto gráfico, pela montagem do texto dentro deste projeto, pelo tratamento de imagens, pelas elaborações de gráficos e ilustrações, pela incorporação das alterações da revisão, pela checagem e acompanhamento dos bonecos da gráfica. A produção editorial envolve a Revisão e a Diagramação e obedece as seguintes etapas: - na preparação de texto que consiste na 1ª leitura com a devida padronização; - o envio de dúvidas para o autor; - a diagramação; - a revisão de texto (2ª leitura); - o envio de novas dúvidas para o autor; - o envio do material para verificação do autor; - a incorporação das alterações; - a conferência de prova; - a conferência de dados e - a impressão. Estoque Como o estoque aumenta a cada ano é necessário mantê-lo organizado de maneira a facilitar a identificação dos livros. Em 2010, a EdUFSCar pretende finalizar a obra para atender esse estoque. Faz parte das atividades do estoque: as conferências das devoluções e reposição nas prateleiras, a conferência nas Entradas e Saídas de produtos, o atendimento aos Autores e Vendas e reposições na Livraria. 47 Vendas O setor de Vendas da EdUFSCar é responsável pela distribuição dos títulos EdUFSCar. A EdUFSCar obteve, em 2008, um desenvolvimento superior ao de 2007 em relação a vendas, devido ao aumento de acertos de consignações, vendas diretas e vendas pelo site. O objetivo de 2008 foi focado na divulgação de nossos títulos, expondo as obras publicadas ao conhecimento e à apreciação do público, dando também grande ênfase a cada lançamento. Foi desenvolvido no site da EdUFSCar <www.edufscar.ufscar.br> um novo procedimento de compra, dando a opção ao cliente de efetuar o pagamento via cartão de crédito e foi aberta, por meio da FAI, uma conta corrente específica da EdUFSCar, facilitando transações de pagamentos realizadas pelo cliente. Assim, a editora conseguiu um novo público e também uma maior quantidade de clientes cadastrados. Foram obtidas diversas novas carteiras de consignação (Mar Editorial, CLC, Associação São Carlos Presente e Futuro, JPP Aderaldo, Kosmos Editora, Air Books, Livro Certo, Arlequim, Nobel São Carlos, CIA dos Livros e Livraria Hildebrando), atingindo uma melhor visibilidade de nossos produtos, assim como o sucesso em vendas e recebimentos. O ano de 2009 foi marcado positivamente pelo aumento da procura, pela editora, por parte dos clientes e também de lançamentos que atraíram maior visibilidade do público, ocasionando diretamente o crescimento do nome da EdUFSCar. Divulgação Com o objetivo de promover os livros publicados pela EdUFSCar, foi criado o setor de divulgação. As atividades desenvolvidas por este setor visam promover livros publicados pela EdUFSCar. A meta é divulgar a produção científica e literária da universidade com o objetivo de ampliar o público consumidor da produção acadêmica e provocar um feedback precioso, a venda do produto. As estratégias usadas pela EdUFSCar para divulgar suas obras na maioria das vezes está focada na comunidade universitária, tanto da UFSCar como de outras 48 Instituições públicas e privadas, por serem livros técnicos e científicos em sua grande maioria. As divulgações são feitas através de folders enviados por e-mails (listas direcionadas por especialidade), do site da Editora <www.editora.ufscar.br>, de eventos como: Congressos, Simpósios, Feiras, do lançamento da obra, distribuição de catálogos e também com a realização de cafés literários. 3.2 Gestão Financeira e a Formação de Preços na EdUFSCar A partir de um estudo realizado na Editora por Priore (2006), pode-se compreender de forma precisa a origem dos recursos utilizados e onde são gastos. A figura 7 ilustra a origem e a aplicação dos recursos na EdUFSCar. Representação das origens e Aplicações de recursos RP UFSCar Apoio ($) Venda direta clientes livros e produtos Venda – livros da EdUFSCar EDITORA Frete Correio Pessoal Feira UFSCar Prestação de serviços Gráfica UFSCar RP UFSCar LIVRARIAS Eventos Mat. consumo Pessoal Sistema Dauertec Feira Livros UFSCar Anuidade ABEU Direitos autorais/ Cortesias Pagamentos Autores da casa Material de Consumo Sistema Dauertec Equipamentos / Mat. permanente Frete Correio Equipamentos / Mat. permanente Figura 7: Representação das origens e aplicações de recursos da EdUFSCar. Fonte: adaptada de Priore (2006, p. 43). FAI Pagamentos consignações 49 Os livros produzidos pela Editora são provenientes de Recursos da distribuição orçamentária, feita anualmente pela Pró-Reitoria de Administração. Com esses recursos, a Editora solicita os serviços de impressão que são contratos por meio de licitação,ou seja, pregões eletrônicos onde vence o fornecedor que oferecer um menor preço. Outra fonte de recursos utilizada para adquirir serviços de impressão é a FAPESP. Esses recursos são repassados do autor ou orientador para FAI. Outra possibilidade é a utilização de recursos arrecadados com a venda de livros e alocados na FAI. Para a formação do preço do livro não se pode considerar somente os serviços de impressão, existem outros custos diretos envolvidos em sua confecção. Para se descobrir o custo do livro, foram considerados esses custos diretamente envolvidos na produção do livro mais os serviços de impressão conforme a descrição realizada a seguir: - diagramação (projeto gráfico e tratamento de imagens); - revisão e normalização; e - criação e provas de capa (serviço terceirizado). Acrescentando: - os serviços de impressão: que envolvem a tinta utilizada (as coloridas são mais caras), tipo de papel e sua gramatura ( papel normalmente utilizado pela editora é o alta alvura 75g/m2 ou pólen soft 80g/m2 que apresentam qualidade e boa relação custo/benefício) e a tiragem (um número maior de exemplares, por exemplo: 1000, na maioria das vezes, tem um custo unitário menor que uma tiragem de 500). Outra consideração importante no desenvolvimento do preço do livro é o Mercado que será apresentado a posteriori com um levantamento de preços praticados em algumas editoras universitárias. Inicialmente, para compreender a relação de custos envolvidos na produção dos livros da EdUFSCar, foi realizado um estudo no qual procurou-se identificar os custos diretamente envolvidos nos livros da EdUFSCar editados nos anos de 2008 e 2009. Foram considerados como custos diretos, os custos de serviço de impressão bem como o custo do serviço de diagramação, revisão e capa. Conforme mostrado nas tabelas 9, 10,11 e 12. 50 Tabela 9: Levantamento dos custos dos livros 2008. n. formato pág. Título Tiragem impressão custo Custo por revisão diagramação capa exemplar pág. 500 1 14x21 200 3600 1400 1600 400 14,00 0,0700 2 14x21 180 3000 1260 1440 400 12,2 0,0678 3 14x21 148 2750 1036 1184 400 10,74 0,0726 4 16x23 332 4540 2324 2656 400 19,84 0,0598 5 16x23 316 4800 2212 2528 400 19,88 0,0629 6 14x21 180 6115 1260 1440 400 9,22 0,0512 7 14x21 100 4300 700 800 400 6,20 0,0620 8 16x23 260 6253 1820 2080 400 10,55 0,0406 Tiragem 1000 Fonte: relatórios financeiros EdUFSCar. Na primeira coluna das tabelas 9 e 10 estão os títulos publicados em 2008 e 2009, na segunda coluna, as formatações 14x21 e 16x23. Na coluna impressão, o valor em reais do custo do serviço de impressão, enquanto na coluna seguinte apresenta-se o custo da revisão que foi calculado multiplicando-se o número de páginas pelo valor da revisão de uma página que é de R$ 7,00. O custo da diagramação, apresentado na coluna seguinte foi calculado multiplicando-se o número de páginas pelo valor da diagramação que é de R$ 8,00. A coluna denominada de capa apresenta o custo em reais da contratação desse serviço. Na coluna custo do exemplar apresentamos a somatória dos custos de impressão, revisão, diagramação e capa dividido pela tiragem. Finalmente, na última coluna temos o custo por página representado pelo custo do exemplar dividido pelo número de páginas. 51 Tabela 10: Levantamento dos custos dos livros 2009. Tiragem 500 n. Custo Título formato pág. impressão revisão diagramação capa exemplar 9 14x21 84 2190 588 672 400 7,7 10 14x21 188 3185 1316 1504 400 12,81 11 16x23 352 6420 2464 2816 400 24,2 Tiragem custo por pág. 0,0917 0,0681 0,0688 1000 custo n. Custo por Título formato pág. impressão revisão diagramação capa exemplar pág. 12 14x21 180 4950 1260 1440 400 8,050 0,0447 13 14x21 144 3390 1008 1152 400 5,950 0,0413 14 14x21 168 4495 1176 1344 400 7,415 0,0441 15 16x23 268 6140 1876 2144 400 10,560 0,0394 16 16x23 286 5800 2002 2288 400 10,490 0,0367 17 16x23 382 6810 2674 3056 400 12,940 0,0339 18 16x23 242 5000 1694 1936 400 9,030 0,0373 19 16x23 204 4642 1428 1632 400 8,102 0,0397 20 16x23 360 6170 2520 2880 400 11,970 0,0333 Fonte: relatórios financeiros EdUFSCar. Nas tabelas 9 e 10, as informações foram segmentadas conforme a tiragem, os diferentes formatos, miolo preto e branco para descobrir um custo médio por página, veja resultado na tabela 11. Com esse resultado, foi obtido um custo estimado para implementar esses valores nos livros estocados e anteriores a 2008. Tabela 11: Média do custo do livro por página. Tiragem Formato Média 500 14x21 16x23 1000 14x21 16x23 0,0740 0,0638 0,0487 0,0373 Fonte: tabelas 9 e 10. A tabela 11 representa a média do custo do livro por página. Para se obter essa média, são somados os custos por página com essa formatação e tiragem e o resultado é dividido pela quantidade de livros com essa característica. Nas tabelas 9, 10 e 11 foram coletadas informações sobre os custos dos livros da EdUFSCar. A partir da informação do custo do livro é definido o preço aplicando-se 52 uma margem que cubra as despesas como 10% pagos pelos serviços da FAI, os descontos dados a distribuidores e ainda proporcione um lucro. Para definir se o preço praticado pela EdUFSCar está equivalente aos praticados por outras editoras universitárias, ou seja, pelo mercado, foram pesquisadas 4 grandes editoras universitárias. Como resultado dessa pesquisa pode-se obter a média por página de preços praticados segmentando apenas dois formatos de livro: o 14x21 e o 16x23 em livros de 2008 e 2009. Veja tabela 12. Tabela 12: Comparativo de preços entre editoras universitárias. Editoras formato 14x21 Universitárias n 150 a 199 n 200 a 249 formato 16x23 n 250 a 300 n 150 a 199 n 5 0,1475 4 0,1454 5 0,1278 2 0,2000 8 X 11 0,2029 16 0,1759 11 0,1489 2 0,1812 7 W 6 0,1894 5 0,1630 6 0,1478 13 0,1770 11 Y 40 média geral 0,1647 - sem informações sobre formato Z 0 * 2 EdUFSCar 5 0,1494 1 0,1263 0 * 200 a 249 Média Geral n 250 a 300 0,1261 2 0,1321 0,1672 8 0,1557 0,1625 14 0,1805 0,1655 3 0,1334 0,1465 0,1720 0,1700 0,1647 0,1437 Fonte: sites das editoras universitárias e relatórios financeiros da EdUFSCar. *como os dados foram referentes a 2008 e 2009 nessa distribuição por páginas, não existe essa informação. Onde n= representa o número de livros pesquisados. Na tabela 12, a primeira coluna apresenta 5 editoras universitárias entre elas a EdUFSCar para realizar um comparativo. A pesquisa envolveu a separação nos formatos 14x21 e 16x23 e no número de páginas (de 150 a 199, de 200 a 249 e 250 a 300). O cálculo foi feito da seguinte maneira: para cada editora, foi feita uma soma dos preços dos livros pesquisados seguido da divisão pelo somatório do número de páginas dos livros considerados. Com isso, chegou-se a uma média do preço por página em cada categoria. Ao analisar a primeira coluna, verifica-se que a EdUFSCar tem um preço bem próximo ao valor mais baixo nessa categoria 0,1475 x 0,1494. Na segunda coluna a EdUFSCar apresentou a menor média de preço por página, ja na terceira e quarta coluna não temos as informações para efetuar um comparativo. Na quinta coluna a EdUFSCar fica na quarta posição em relação às demais, enquanto que na sexta coluna a EdUFSCar posiciona-se em segundo lugar com relação às outras editoras. Finalmente, na última coluna, pode-se verificar que a média de preço por página da EdUFSCar é inferior a média de todas as outras quatro editoras. 53 É possível concluir que os preços praticados pela EdUFSCar são compatíveis com outras editoras universitárias bem conceituadas no mercado. Com essa média verifica-se que os preços da EdUFSCar são elaborados de uma forma eficaz que cobre os custos diretos e ainda oferece uma margem líquida para a Editora. 4. CONCLUSÃO A EdUFSCar promove a divulgação da produção de conhecimento por meio da publicação de livros e materiais didáticos. Nesse contexto é importante uma correta política de preços, visando facilitar o acesso as publicações e viabilizar a sustentação financeira da editora. A EdUFSCar tem uma política de preços coerente com o mercado a qual está inserida. Como foi possível observar pelo estudo realizado e apresentado neste trabalho, os preços praticados pela editora da UFSCar são compatíveis com os utilizados por outras editoras universitárias. Busca-se sempre estar em constante desenvolvimento, procurando melhorar e atender bem os autores e clientes. Em face desse lema, foram estudadas e implantadas melhorias visando aumentar a satisfação dos clientes e também dos autores. Com relação aos fornecedores, como a maioria das publicações vai para licitação, são elaborados, em conjunto com a Procuradoria Jurídica, editais mais rigorosos e com a apresentação de amostras para tentar minimizar a contratação de fornecedores que oferecem serviços de má qualidade. O resultado de uma obra é a imagem da Editora expressa em um livro. Este trabalho exigiu muita dedicação para que fosse atingido o objetivo de descrever e analisar a sistemática para a formação de preços dos livros utilizada pela EdUFSCar. Algumas horas na frente de livros e computador foram necessárias para a obtenção desse resultado, originando uma pesquisa muito interessante, pois por meio dela foi possível identificar quais são os custos diretamente envolvidos na produção de livros, bem como comparar os preços praticados pela EdUFSCar com os de outras editoras universitárias. Enfim, foi verificado que a maneira utilizada para a formulação de preços pela EdUFSCar está coerente e adequada ao mercado a qual está inserida e que o trabalho desenvolvido e apresentado nesta monografia atingiu plenamente os objetivos previamente definidos. 54 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDITORAS UNIVERSITÁRIAS. O que é ABEU? Disponível em: < http://www.abeu.org.br/2nivel.php?id_conteudo=1>. Acesso em: 10 dez. 2009. BUFREM, L. S. Editoras Universitárias no Brasil: uma crítica para a reformulação da prática. São Paulo: Edusp: Com-Arte; Paraná: UFPR, 2001. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. 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