Problemas chamados desafiadores Young & Freedman - 12a edição setembro 2009 1 1.1 Cap. 24 Capacitância e Dielétricos 24.76 Um capacitor esférico isolado possui carga + Q sobre o condutor interno (raio ra ) e carga − Q sobre o condutor externo (raio rb ). A seguir, metade do volume entre os dois condutores é preenchida por um dielétrico lı́quido com uma constante K, conforme indicado na seção reta da Figura 24.∞. (a) Determine a capacitância do capacitor preenchida até a metade. → (b) Calcule o módulo E(r) de E no volume entre os dois condutores em função da distância r ao centro do capacitor. Fornece resposta para a metade superior e a metade inferior desse volume. (c) Determine a densidade de cargas livres superficial sobre o condutor interno e sobre o condutor externo. (d) Calcule a densidade de cargas ligadas superficial sobre a superfı́cie interna do dielétrico (r = ra ) e sobre sa superfı́cie externa do dielétrico (r = rb ). (e) Qual é a densidade de carga ligada sobre a superfı́cie plano do dielétrico? Explique. —————————————————————————————— Solução : (a) Uma solução de malandro esperto : Utilizamos o resultado do capacitor de duas esferas concêntricas : Q 1 1 Va − Vb = − 4 π 0 ra rb conduzindo à capacitância ra rb C = 4 π 0 (1) rb − ra 1 Ora, as duas esferas concêntricas podem ser vistos como dois capacitores em paralelo formados cada um por por duas semi-esferas, cuja capacitância é a metade de (1). C0 = 2 π 0 ra rb rb − ra (2) Quando temos um dielétrico entre os condutores, a capacitância é : CK = 2 π K 0 ra rb rb − ra (3) e esses dois em paralelo, conduz a Ctot = 2 π (K + 1) 0 ra rb rb − ra (4) (b) Se não souber a fórmula (1) ou se não perceber o truque de decompor o capacitor original e recompor duas metades um sem e outro com dielétrico, temos que proceder R de maneira mais racional : primeiro calcular E(r), depois Va − Vb = E(r) dr e finalmente Ctot. A simetria do problema ( o dielétrico está na metade das esferas!) → permite a hipótese que E= E(r) r̂ e que o módulo E(r) é o mesmo na região sem que → na região com dielétrico. Utilizando o teorema de Gauss para o vetor E : Q = 0 E(r) 2 π r2 + E(r) 2 π r2 (5) Segue que E(r) = Q 1 2 (1 + K) π 0 r2 e Va − Vb = 1 2 (1 + K) π 0 1 1 − ra rb (6) ! Q (7) conduz à fórmula (4). (c) O campo na esfera interna e na externa são : E(ra ) = Q Q 1 1 ; E(rb ) = 2 (1 + K) 0 2 π ra (1 + K) 0 2 π rb2 A densidade de cargas livres superficial sobre o condutor interno : na parte superior é Q 1 σ0(int) = 0 Ea = (1 + K) 2 π ra2 e, na parte inferior : σ1(int) = K 0 Ea = 2 Q K (1 + K) 2 π ra2 (8) (9) (10) Sobre o condutor externo : na parte superior é σ0(ext) = − 0 Eb = −Q 1 (1 + K) 2 π rb2 (11) e, na parte inferior : σ1(ext) = − K 0 Eb = −Q K (1 + K) 2 π rb2 (12) (d) No dielétrico em contato com o condutor interno, a densidade superficial de carga induzida será σ10 (int) (negativa !) determinada pela lei de Gauss : (σ1 (int) + σ10 (int)) Ea = 0 Usando (8) e (10) obtemos : σ10 (int) = 1−K Q 1 + K 2 π ra2 (13) Na parte do dielétrico em contato com a esfera externa a lei de Gauss implica em − Eb = (σ1(ext) + σ10 (ext)) 0 onde σ1(ext) é negativa e dada por (12). Obtemos : σ10 (ext) = K −1 Q 1 + K 2 π rb2 (14) (e) Não há cargas induzidas, pois o campo elétrico é contı́nuo passando do dielétrico com constante K ao ar, que é outro dielétrico. 3