Governo das Instituições do Ensino Superior: Eficiência e Participação J. M. Gaspar Martinho Departamento de Eng. Química e Centro de Química-Física Molecular, IST As instituições do Ensino Superior foram sujeitas, nos últimos anos, a grandes constrangimentos financeiros que exigiram a reformulação dos orçamentos, com a diminuição da componente de investimento, manutenção ou mesmo redução dos gastos com pessoal docente, mas mantendo ou mesmo aumentando os gastos administrativos. A diminuição dos gastos em pessoal docente teve como consequência a redução do número de docentes e o atraso na urgente renovação do corpo docente. O aumento dos gastos administrativos resultou de um aumento da burocracia motivado pela necessidade de responder às exigências das tutelas que têm requerido um aumento significativo no número de processos e procedimentos, mas também pelo aumento da burocracia interna às Instituições, quantas vezes injustificada. Este cenário acarretou, ou vai acarretar, a necessidade de aumentar a eficiência nas atividades de ensino, investigação e desenvolvimento tecnológico, mas também na gestão administrativa. Um aumento de eficiência exige a centralização da tomada de decisões para agilizar os procedimentos, o que está em grande parte já consubstanciado no RJIES. Contudo, a centralização acarreta uma diminuição da participação e envolvimento da comunidade educativa no governo das Instituições. A falta de participação leva ao alheamento e, a médio/longo prazo, à deterioração das condições de funcionamento com implicações na qualidade das instituições. Urge portanto repensar o governo das Instituições do Ensino Superior no contexto das dificuldades orçamentais em que previsivelmente estas irão viver nos próximos anos. Ao absolutamente necessário aumento da eficiência em todos os sectores, as Instituições têm de responder garantindo a participação e o envolvimento da Comunidade Universitária. Para que tal aconteça, e em particular no Instituo Superior Técnico, deve haver mais descentralização acompanhada por um aumento da responsabilização, nomeadamente na: i) Elaboração participada do Plano Estratégico com a contribuição do Conselho Científico e do Conselho Pedagógico, mas também dos Departamentos, Unidades de Investigação e Plataformas, de modo a incorporar as várias sensibilidades da Escola; ii) Elaboração dos Planos de Atividades, Planos Estratégicos e Orçamentos com definição clara dos objectivos e calendarização das metas que se pretendem atingir. Escrutínio esclarecido e responsável dos documentos pelos órgãos competentes (Conselho de Escola, Assembleia de Escola); iii) Divulgação externa e interna das realizações coletivas e individuais dos elementos da Comunidade de modo a aumentar o orgulho de pertença à Instituição; iv) Realização de acções de índole cultural, desportiva ou outras de modo a estimular o espírito de pertença e a preservar a identidade das Instituições.