Projeto de Infraestrutura e Fortalecimento das Instituições do Mercado de Carbono Organização do Mercado de Créditos de Carbono no Brasil Autores Alexandre da Costa Soares, Antonio Fernando Pinheiro Pedro , Daniela Stump Débora Ly Rolino Novaes, Francisco Silveira Mello Filho, Lourdes Alcântara Machado, Ricardo Audi Filho, Ricardo Gustav Neuding 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 1 04/11/2010 19:28:20 Este projeto foi financiado pelo Banco Mundial com recursos do Programa de Assistência Técnica do Fundo Fiduciário para o Desenvolvimento de Políticas e Recursos Humanos (PHRD) do governo japonês, que objetiva assistir a países considerados elegíveis pelo Banco Mundial a aprimorarem suas capacidades institucionais e técnicas. Os resultados, interpretações e conclusões expressas neste volume são de responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a opinião do Banco Mundial, da BM&FBOVESPA e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Direitos e Permissões O material desta publicação é protegido por direitos autorais. Sua reprodução total ou parcial sem permissão pode constituir violação da lei aplicável. O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial), a BM&FBOVESPA e a FINEP incentivam a divulgação de seu trabalho e concedem a permissão para reproduzir suas partes, desde que citada a fonte. Material produzido para o evento 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 2 04/11/2010 19:28:23 Projeto de Infraestrutura e Fortalecimento das Instituições do Mercado de Carbono Organização do Mercado de Créditos de Carbono no Brasil Autores Alexandre da Costa Soares Antonio Fernando Pinheiro Pedro Daniela Stump Débora Ly Rolino Novaes Francisco Silveira Mello Filho Lourdes Alcântara Machado Ricardo Audi Filho Ricardo Gustav Neuding 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 3 04/11/2010 19:28:29 4 Sumário Executivo Sistemas e Mercados de Carbono A preocupação global com a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) resultou na implementação de sistemas de controle de emissões ao redor do mundo, originando mercados de carbono de abrangência internacional, regional ou nacional. Os ativos negociados nestes mercados são genericamente denominados “créditos de carbono”. A negociação desses créditos pode resultar em sistemas mandatórios com estruturas denominadas cap and trade (limite e negociação) e baseline and credit (linha de base e crédito), em que esses ativos são utilizados como ferramenta básica de flexibilização para facilitar o cumprimento de metas ou compromissos de redução de emissões. Além disso, também pode resultar em mercados voluntários onde corporações e outras entidades contemporâneas, buscando atender às expectativas de seus stakeholders e conferir segurança e valorização aos negócios, adotam conceitos análogos e implementam, voluntariamente, iniciativas e projetos de redução de emissões geradores de créditos de carbono. 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 4 04/11/2010 19:28:44 5 1. Carbono e Brasil A evolução dos diversos sistemas de controle de GEE, com características ainda bastante indefinidas, poderá impactar fortemente o mercado mundial de carbono e sua estrutura, influenciando a formação do mercado brasileiro. É preciso aprender com as experiências internacionais, observar as barreiras encontradas e adotar soluções já testadas. O Brasil tem grande potencial para contribuir com esforços globais de combate ao aquecimento global, seja por meio da geração de créditos de carbono em seu território, seja por meio da exportação de soluções para redução de emissões de GEE em outros países. A Política Nacional de Mudança do Clima, instituída pela Lei Federal 12.187, de 29 de dezembro de 2009, está alinhada com o desenvolvimento de soluções de mercado para o cumprimento do compromisso nacional voluntário, de reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões projetadas até 2020. O mercado doméstico resultante, também mencionado na lei, terá característica voluntária, ao menos de início, podendo evoluir para um sistema mandatório ao longo do tempo. Esse mercado deverá considerar as peculiaridades de cada setor da economia e a assimetria característica de nosso sistema federativo. A criação de um mercado brasileiro de carbono, para atender à demanda local pelos créditos, deverá operar com regras próprias e com plataforma de negociação adequada. Esta é a perspectiva para a plena realização do potencial de redução de emissões de GEE no País. 2. Sistema Brasileiro de Controle de Carbono Com base na Política Nacional de Mudança do Clima, nas experiências internacionais e nas características da demanda local, este estudo pro- 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 5 põe a criação de um sistema privado, autorregulado e de adesão voluntária, denominado Sistema Brasileiro de Controle de Carbono (SBCC). A partir da adoção de metas de redução de emissões de GEE consolidadas nacionalmente, o SBCC as alocaria às fontes individuais de emissão mediante negociações setoriais. O SBCC daria origem ao Mercado Brasileiro de Carbono, permitindo aos seus membros cumprir com suas metas através da comercialização de ativos ambientais na forma de dois títulos transacionáveis: • Direito de Emissão de Carbono (DEC); • Obrigação de Remoção de Carbono (ORC). O Mercado Brasileiro de Carbono operaria em plataforma de comercialização dotada da dinâmica e da credibilidade adequadas para seu crescimento e consolidação. O SBCC visaria o desenvolvimento de ações que agregassem valor aos seus participantes, por meio dos mercados de consumo, financeiro e de capitais. A articulação com o Poder Público poderia assegurar aos participantes, adicionalmente, benefícios como prioridade em compras públicas e renúncias fiscais. Um selo SBCC identificaria as empresas, produtos e serviços que tivessem aderido ao esforço nacional para redução de emissões de GEE. Esse sistema promoveria a oportunidade de ingresso no mercado brasileiro de carbono de todos os setores industriais, das atividades relacionadas ao agronegócio e à preservação florestal. Seria a realização do grande potencial ambiental brasileiro. 3. Mercado internacional Embora o Brasil seja hoje importante exportador de créditos de carbono, as negociações destes ativos têm sido desenvolvidas fora do País, exceção feita aos leilões realizados pela BM&FBOVESPA. 04/11/2010 19:28:49 6 O País posiciona-se como um dos maiores potenciais fornecedores de soluções para redução de emissões de GEE, através da exportação competitiva de combustíveis e matérias-primas renováveis, para atender à demanda crescente nos países desenvolvidos. Esses países já têm sistemas de controle de emissões e mercados de carbono consolidados (a vista, a termo, por opções e outros derivativos), que, embora influenciados pela oferta brasileira de soluções de baixa emissão de carbono, não têm seus ativos negociados no mercado nacional. A oferta de uma plataforma brasileira e de produtos de negociação de carbono tem, portanto, do ponto de vista dos autores do estudo,interessante potencial, se vista em combinação com o crescente comércio internacional de combustíveis e matérias-primas renováveis. Verifica-se, assim, uma oportunidade de se estabelecer mecanismos de mitigação de riscos ou de maximização de resultados, vinculados à venda dos produtos físicos em questão. no País (DEC e ORC), transacionados inicialmente em operações a vista. Sendo tais ativos base de precificação dos potenciais mercados derivativos, o primeiro passo seria a criação de mercado a vista transparente, líquido e eficaz, no qual os agentes pudessem negociar em ambiente de confiança e bem regulado. Atingida esta maturidade, o estudo propõe uma segunda fase, com implementação de Mercados Derivados do Ativo, espelhando não apenas a ampla experiência internacional, mas também os instrumentos semelhantes em operação no Brasil para outras commodities: • Mercado Futuro; • Mercado a Termo; • Swap sobre o Ativo; • Opções sobre o Ativo; • Opções sobre o Futuro; 4. Empreendimentos redutores de emissões • ETFs (Exchange Traded Funds); • Leilões Extras de DEC e ou ORC. Outro aspecto considerado neste estudo é a oportunidade de impulsionar o financiamento de empreendimentos que reduzam GEE no Brasil ou no exterior, através de produtos relacionados com os mercados de carbono. O estudo propõe estruturar adequadamente as receitas futuras desses empreendimentos para que possam lastrear os investimentos em novas tecnologias e ativos reais. Em relação aos ativos já consolidados no exterior, particularmente as European Union Allowances e as Reduções Certificadas de Emissões (RCE), o estudo propõe a criação de contratos futuros e derivativos negociáveis no Brasil, que poderiam ser implementados independentemente dos produtos aplicáveis aos ativos originados no SBCC, com a mesma estrutura mencionada acima. Com esse conjunto, seria possível estabelecer, ao longo do tempo, um ambiente brasileiro único de negociação de ativos ambientais, originados no sistema brasileiro ou no exterior, que fosse dinâmico, completo, líquido, confiável e dotado de projeção internacional, a ser operado por entidade brasileira de alta qualificação. 5. Plataforma única de negociação Dada a existência de diversos contratos padronizados em bolsas ao redor do mundo, o estudo propõe a criação de contratos similares no Brasil. O SBCC daria origem aos ativos negociáveis 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 6 04/11/2010 19:28:52 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 7 04/11/2010 19:28:55 5-Organização do Mercado de Créditos de Carbono.indd 8 04/11/2010 19:28:57