UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL A FISIOTERAPIA NO CUIDADO AO IDOSO EM UM HOSPITAL GERIÁTRICO, COM ENFOQUE MULTIPROFISSIONAL Ana Maria Farias Orientadora: Profª Eniva Stum Pós-Graduação Lato Sensu em Fisioterapia em Geriatria 2011 Departamento de Ciências da Vida Rua do Comércio, 3000 – Bairro universitário Caixa Postal 560 Fone: (55) 3332-0200 – Fax (55) 3332-9100 WWW.unijuí.edu.br CEP 987600-000 Ijuí – RS Brasil ANA MARIA FARIAS A FISIOTERAPIA NO CUIDADO AO IDOSO EM UM HOSPITAL GERIÁTRICO, COM ENFOQUE MULTIPROFISSIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Fisioterapia em Geriatria Orientadora: Profª Eniva Stum Novembro/2011 RESUMO: O trabalho tem como objetivo sistematizar a atuação do profissional fisioterapeuta em uma unidade hospitalar destinada à assistência ao idoso, num trabalho multiprofissional. Trata-se de um relato de experiência realizado no decorrer do componente curricular Vivências em Geriatria e Gerontologia do curso de Pos- Graduação Lato Sensu em Fisioterapia em Geriatria e Gerontologia. O mesmo ocorreu no Instituto de Geriatria e Gerontologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, com duração de sessenta horas. O referido hospital conta com uma equipe multiprofissional, composta por profissionais especializados na área de geriatria e gerontologia para a assistência à saúde do idoso. A dinâmica do cuidado do idoso compreende uma relação de cuidado com os pacientes e entre os profissionais uma relação de diálogo e respeito à opinião do outro, fundamentais para a boa evolução do idoso. Importante que os profissionais compreendam o idoso numa dimensão global, ir além de sua área, ter uma avaliação bio-psico-social e espiritual para então agir dentro da sua especialidade. A essência da atividade multiprofissional é o restabelecimento da saúde do idoso, melhorando sua capacidade funcional geral e diminuindo o tempo de internação. Estar com profissionais que trabalham em equipe no atendimento aos idosos com saúde fragilizada, foi uma experiência valiosa na minha formação profissional. Todo o embasamento teórico obtido durante o curso de pós-graduação pode ser visto na prática e, nesse sentido, ficou mais bem expresso na nossa missão como fisioterapeutas. Palavras-chave- idoso; hospital; equipe multiprofissional; fisioterapeuta. INTRODUÇÃO O envelhecimento é uma realidade mundial e as projeções para 2050 mostram que o planeta abrigará 21,1% de pessoas idosas segundo a Organização Pan-Americana de Saúde. Dados do censo de 2010 (IBGE) mostram o aumento do envelhecimento da população brasileira. Hoje são 14 milhões e estima-se que em 2050 o Brasil alcance 22,5% de sua população com mais de 65 anos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (1992 apud RAMOS, 2002), o envelhecimento é uma das mais importantes modificações na estrutura da população mundial. Esta mudança no perfil etário é uma verdade em todos os países do mundo, porém, entre os dotados de menos recursos econômicos e sociais como o nosso, a questão cerca-se de uma gama de problemas decorrentes. Filho (2000) salienta a magnitude desta evolução populacional em nosso País. Segundo a World Health Statistics (1997 apud RAMOS, 2002), em 1950 ocupávamos o 16º lugar em população com idade igual ou superior a 60 anos, com 2,1 milhões de idosos. Em 2025, estima-se que este contingente se elevará para 31,8 milhões (incremento de 1.514%), o que levará o País a ocupar a sexta posição. A Organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza o envelhecimento como uma menor capacidade de adaptação dos processos metabólicos às influências do meio ambiente, extremamente variável e dependente de vários fatores. Nos seres humanos, o envelhecimento está muito ligado ao aparecimento de disfunções e de doenças. Entretanto, esta associação não é obrigatória. Por este motivo Troen (2003 apud PAPALÉO NETO, 2002) classifica o envelhecimento como normal e usual, além das modificações associadas ao envelhecimento, ocorreriam doenças e disfunções. De acordo com Schwanke (2001 apud RAMOS, 2002), chama-se a primeira de normal, porque é a esperada, ainda que seja um tipo de envelhecimento pouco freqüente nas populações humanas. Pelo mesmo motivo, nomina o envelhecimento associado a doenças, de usual, uma vez que esta é a situação mais freqüente, atualmente. Conhecer os idosos na sua integralidade é trabalhar para melhorar a qualidade de vida desse contingente populacional. O envelhecimento está associado a uma série de doenças, incapacidades e dependências, portanto, se constitui em um desafio para os profissionais da saúde e requer qualificação para assisti-los com qualidade. Nessa perspectiva, evidencia-se a necessidade de formar profissionais nas mais diversas áreas, sensíveis, atentos e qualificados às demandas referentes ao cuidado do idoso, tanto no âmbito domiciliar quanto hospitalar. No que tange ao fisioterapeuta, ele pode contribuir tanto em termos de ações que visem a promoção da saúde do idoso, quanto a prevenção de doenças, tratamento e recuperação de incapacidades físicas. A sociedade mostra avanços no que tange ao atendimento eficaz e digno do idoso. A importância do envelhecimento populacional no Brasil é reconhecida pela Lei Nº 8.842/1994, que estabelece a Política Nacional do Idoso, posteriormente regulamentada pelo Decreto Nº 1.948/1996. Esta Lei assegura direitos sociais que garantem a promoção da autonomia, integração e participação efetiva do idoso na sociedade, de modo a exercer sua cidadania. O envelhecimento já não é visto como o fim de tudo, com atestado de incapacidade, até mesmo de realizar suas atividades básicas de sobrevivência. A pessoa merece ser tratada com respeito e dignidade. Ela tem seus direitos garantidos no Estatuto do Idoso, sancionado pelo Senado Federal em 2003 e é a normativa que apresenta maior diversidade de citações de direitos assegurados. A oportunidade de acompanhar, por um período de cinco dias, o trabalho de uma equipe multiprofissional do Instituto Geriátrico e Gerontológico do Hospital São Lucas da Puc de Porto Alegre-RS, permitiu que eu observasse e refletisse acerca do trabalho de diversos profissionais da saúde, integrantes da equipe da área gerontológica, os quais interagem com seus conhecimentos específicos, de forma a contribuir para a eficácia do trabalho, embasado na complexidade que se reveste o envelhecimento. “No Rio Grande do Sul a instituição que mais tem se destacado e que é pioneira na matéria nos países latinoamericanos é o Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS”(TERRA, 2005, p.10). O Hospital da PUC conta com uma equipe multiprofissional, composta por profissionais especializados na área de geriatria e gerontologia, apresenta, portanto, um perfil adequado para a assistência à saúde do idoso. Entende-se que o atendimento ao idoso abrange territórios distintos, tais como biológico, psicológico e social. O envelhecimento é um fenômeno biológico, psicológico e social que atinge o ser humano na plenitude de sua existência, modificando sua relação com o tempo, seu relacionamento com o mundo e com sua própria história (MESQUITA e PORTELA, 2004). Considera-se que a equipe multiprofissional do Hospital São Lucas desenvolve um trabalho de excelência na área gerontológica. Com base nessas considerações, busca-se com o presente estudo sistematizar a atuação em uma unidade hospitalar destinada à assistência ao idoso, num trabalho multiprofissional. Os resultados do mesmo podem ser importantes no sentido de contribuir para uma melhor compreensão de como se dá o atendimento a esse segmento populacional no âmbito hospitalar e, em especial, com enfoque na atuação do fisioterapeuta. A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA A oportunidade que se teve no decorrer do curso de pós-graduação lato sensu de optar pela escolha do local onde seria realizada a vivência, possibilitou o conhecimento de uma unidade de atendimento geriátrico complexo, com atuação de diversos profissionais. O Estatuto do Idoso rege que constituem obrigações das entidades de atendimento: [...] manter no quadro de pessoal, profissionais com formação específica (art. 50,XVII). Sendo assim, o Hospital São Lucas da PUC-RS contempla esta normativa. É uma instituição ligada à Universidade, conta com um quadro de profissionais completo. Observou-se a atuação de todos os profissionais da saúde, integrantes da equipe da área gerontológica, os quais realizam um trabalho que vai desde o primeiro contato com o paciente idoso até a alta hospitalar. O grupo interage, com seus conhecimentos específicos, de forma a contribuir com a eficácia do trabalho, embasado na complexidade que se reveste o envelhecimento. No decorrer da observação da rotina diária dos profissionais da referida instituição percebeu-se um intenso trabalho junto aos pacientes e também em reuniões, encontros onde se evidenciava a interrelação entre os mesmos, com registro das experiências, trocas de conhecimento e tomada de decisões referentes ao tratamento do idoso. O relato de resultados de pesquisas e de trocas de experiência contribuem para a geração de um ambiente adequado à assistência e proteção ao idoso em seu processo de adoecimento, com déficit de capacidades funcionais. Evidenciou-se que cada profissional que integra a equipe busca colocar em prática seus conhecimentos, e em equipe, cuidam, investigam e promovem ações terapêuticas na assistência integral ao idoso. O Hospital São Lucas, HSL, o Instituto de Geriatria e Gerontologia – IGG, ligado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –PUCRS está situado à Avenida Ipiranga, 6690, Jardim Botânico na cidade de Porto Alegre/RS. É um hospital geral, de natureza filantrópica, que assiste a pacientes adultos e pediátricos e abrange praticamente todas as especialidades. Disponibiliza um serviço de atendimento ambulatorial e de internação hospitalar, aliado à oportunidade de contatos sistemáticos com os mais avançados estudos na área do envelhecimento humano, de prevenção e de tratamento das doenças características de idoso. São realizadas no IGG, aproximadamente, 15 a 20 consultas de idosos por dia. Os leitos, em número de vinte, estão sempre ocupados e há lista de espera. Como é um hospital filantrópico atende um grande número de idosos das classes mais populares, ligados à saúde pública. Também atende pessoas de diversos convênios. Há mais de trinta e cinco anos o Instituto de Geriatria e Gerontologia é um órgão especializado da PUC-RS, diretamente ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade. O hospital é um campo de estágio curricular onde os estudantes dos cursos de graduação e de pós-graduação realizam suas práticas orientados e acompanhados por professores ou profissionais das respectivas áreas de atuação. O Instituto de Geriatria e Gerontologia-IGG funciona no terceiro andar do Hospital São Lucas, com uma área física de 2.942m2 que abriga: vinte leitos para internação geriátrica; ambulatório com cinco salas equipadas para consultas: eletrocardiógrafos, ecografia, fundoscopia e espirometria; laboratório de lipídeos com espectofotômetro, cromatógrafo à gás, cromatógrafo de coluna líquida, agregômetro de plaquetas, além de equipamentos de rotina laboratorial; laboratório de Biologia do envelhecimento, equipado com: termociclizador para PCR, sistemas para eletroforese, microscópios, micrótomo, analisador de imagens; laboratório de Biomedicina, localizado no Instituto de Pesquisas Biomédicas com equipamentos para rotina histológica e de imunohistoquímica, bem como de biologia molecular; laboratório de metabolismo ósseo e osteoporose equipado com densitometria e ultrassonometria óssea; biblioteca com livros e periódicos das áreas biomédica, geriátrica e gerontológica; computadores ligados ao Centro de Processamento de Dados da PUCRS e com acesso à internet; sala de aula e seminários; salas para professores, doutorandos, mestrandos e estagiários bolsistas. O Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, funciona como um Hospital-Escola da Faculdade de Medicina, possui todas as especialidades médicas. Se constitui em campo de estágio para estudantes dos cursos de graduação e de pós-graduação da PUCRS. Mantém residência médica com vários programas e mantém programas de prevenção, elaboração de estratégias públicas e o acompanhamento de doenças dos idosos. A partir do estudo dos casos clínicos apresentados pelos idosos, há o desenvolvimento de pesquisas, de forma a qualificar os profissionais para o atendimento ao idoso. Quanto a dinâmica de funcionamento do IGG, os idosos são encaminhados à Unidade pelos Postos de Saúde e pelos ESFs. Ao acessar o hospital, o idoso passa por uma avaliação multidimensional e abrangente pela equipe multiprofissional, cujos dados ficam armazenados nos prontuários para serem usados durante o acompanhamento do paciente. Esta avaliação consta de dados sociodemográficos, clínicos, funcionais, equilíbrio e mobilidade. Após, se internados, são acompanhados, tratados com suas devidas necessidades e reavaliados, de forma integral. Na observação da rotina diária dos profissionais da instituição percebeu-se um intenso trabalho junto aos pacientes e também em reuniões, encontros onde há interrelação entre os profissionais, registro de experiências, aquisição, trocas e ampliação de conhecimentos, aliados a tomadas de decisões conjuntamente no tratamento do idoso. Nesses encontros, todos os profissionais envolvidos no cuidado ao idoso são ouvidos. Resultados de pesquisas são explicitados, o que fazem da instituição um ambiente de assistência e proteção ao indivíduo em seu processo de envelhecimento, quando suas capacidades funcionais já estão deficitárias. Cada profissional coloca em prática seus conhecimentos, e em conjunto, planejam, investigam e promovem ações terapêuticas no atendimento integral ao idoso. A formação profissional dos integrantes da equipe cuidadora do idoso é determinante a bons resultados na assistência ao idoso. Entender o processo de envelhecimento permite uma ação especializada em todas as áreas, física, psicológica e social do idoso. E, quanto mais integral for o atendimento, mais rápida a reabilitação e com isso ocorre a redução do tempo de internação do idoso. A Fisioterapia é o campo de atuação profissional na área da saúde que se responsabiliza principalmente pela prevenção e tratamento das disfunções do movimento humano. O objetivo da Fisioterapia é intervir no movimento corporal humano e, por meio do próprio movimento e outros recursos físicos diminuir as disfunções e desconfortos que apresentam, ou impedir o aparecimento destas. O perfil do fisioterapeuta que se pretende formar inclui forte sensibilidade social e sólido conhecimento teórico e prático das disfunções mais recorrentes, de interesse da fisioterapia, portanto, com abordagem generalista. O profissional deverá apoiar-se em seguro conhecimento das ciências básicas, das possibilidades de prevenir o aparecimento de anormalidades, reconhecer a disfunção, diagnosticar, tratar e manter a saúde. A dinâmica do cuidado do idoso no IGG compreende uma relação de cuidado com os pacientes e entre os profissionais uma relação de diálogo e respeito à opinião do outro, fundamentais para a boa evolução do idoso. Se o princípio da geriatria é a abordagem multiprofissional, o bom relacionamento da equipe só traz benefícios ao paciente. Integram a equipe do IGG os seguintes profissionais: uma enfermeira, especialista em UTI; uma secretária de internação, três técnicas em enfermagem no turno da manhã, duas no turno da tarde e duas à noite, uma assistente social, uma psicóloga, uma nutricionista, uma educadora física, uma fisioterapeuta, dois preceptores médicos e outros voluntários, residentes e médicos, quatro de internação e quatro de ambulatório e uma secretária para os professores. Há um trabalho contínuo de pesquisa, embasado nos casos clínicos dos idosos assistidos e esse se considera que fortalece a instituição e melhora a qualidade da assistência à população idosa. Os serviços oferecidos referentes às atividades de prevenção são: grupo de apoio aos cuidadores de idosos, grupos de estudo sobre envelhecimento, cursos de formação para cuidadores e palestras para familiares de idosos internados. Atende consultas, momentos em que os idosos são avaliados por médicos residentes, acompanhados por preletores e, se internados, são atendidos por uma equipe multiprofissional composta por nutricionista, educador físico, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, enfermeiros e médicos que, num trabalho conjunto, avaliam o idoso através de consulta, exames médicos multidimensionais, avaliação fisioterápica, psicológica, social e trabalham para tratar e melhorar a qualidade de vida dos internados. Cada um executa um dado conjunto de ações em separado, porém buscando, constante e continuadamente, articular ações realizadas pelos demais profissionais. A equipe busca a integralidade das ações desenvolvendo ações assistenciais, de diagnóstico e de tratamento de enfermidades. Os profissionais discutem as ações e procuram atender as necessidades de saúde dos idosos de forma integral. No contato com diversos profissionais, evidencia-se que eles gostam de atuar no respectivo local, bem como de interagir com os demais profissionais que integram a equipe. Se reportam à interação com o idoso, destacam as orientações para a alta hospitalar e, principalmente, aos bons resultados obtidos com o trabalho de uma equipe multiprofissional. Percebe-se a preocupação dos profissionais em acolher e assistir o idoso, a convicção dos benefícios de um trabalho multiprofissional no cuidado a esse contingente populacional aliada a resolutividade no que se refere a assistência integral aos mesmos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na busca de sistematizar a atuação em uma unidade hospitalar destinada à assistência ao idoso, num trabalho multiprofissional, pode-se afirmar que o respectivo objetivo foi alcançado, pois se teve oportunidade de acompanhar o trabalho dos diferentes profissionais na atenção ao idoso, tanto no âmbito ambulatorial quanto de internação hospitalar. A presença da família é fundamental no cuidado ao idoso e isso pode ser observado na vivência realizada. A equipe busca inserir a família no cuidado e a acompanha, inclusive, com visitas domiciliares. Evidenciou-se que a equipe multiprofissional do Hospital São Lucas desenvolve um trabalho de excelência na área gerontológica e busca, permanentemente, a qualificação de seus profissionais nos espaços em que se encontra para refletir sobre questões relativas às experiências pessoais junto ao idoso. Nesses momentos, igualmente, acontecem as discussões, pesquisas, palestras onde todos produzem conhecimento visando melhorar o atendimento. Evidencia-se que há um processo educativo dos profissionais voltados à promoção da saúde do idoso. Considera-se que o papel do fisioterapeuta é mais amplo, não deve estar restrito à fisioterapia respiratória. Ela tem papel importante tanto nos recursos terapêuticos como na preservação da função ao adiamento da instalação de incapacidades em sua forma preventiva, evitar a síndrome da fragilidade. A oportunidade de estar com profissionais que trabalham em equipe no atendimento aos idosos com saúde fragilizada em virtude de conseqüências da velhice, foi uma experiência valiosa na minha formação profissional. Todo o embasamento teórico obtido durante o curso de pós-graduação pode ser visto na prática e, nesse sentido, ficou melhor expresso na nossa missão como fisioterapeutas. Considera-se que a qualificação profissional é fundamental e pode reduzir, inclusive, o tempo de internação dos idosos. O fisioterapeuta que atende pacientes idosos deve ser conhecedor dos princípios de aplicação de exercícios físicos nessa idade, bem como a grande preocupação em alertar essas pessoas sobre os melhores cuidados para obter um envelhecimento saudável, orientando-os sobre a realização e a prática dos exercícios físicos. Hoje, a mídia divulga constantemente evidências dos efeitos positivos da atividade motora regular e contínua, melhorando a capacidade de resistência física, intelectual e psicológica dos indivíduos e, o exercício físico para os idosos vai centrar na prevenção, manutenção e reabilitação à saúde. Dada a importância da fisioterapia na avaliação das potenciais intervenções e contribuições possíveis, ela deverá não somente ser vista como recuperação e reabilitação, mas também explorar atividades voltadas à atenção primária da saúde, antes que a doença se estabeleça. A fisioterapia permitirá aos membros de outras equipes de reabilitação utilizar os serviços que essa profissão proporciona. Considera-se importante que os profissionais compreendam o idoso numa dimensão global, ir além de sua área, ter uma avaliação bio-psico-social e espiritual para então agir dentro da sua especialidade. A essência da atividade multiprofissional é o restabelecimento da saúde do idoso, melhorando sua capacidade funcional geral e diminuindo o tempo de internação. Durante os cinco dias de observação e diálogo com a equipe multiprofissional do hospital ficou claro que o caminho para entender e cuidar do idoso é esse, com seriedade, imbuído num processo de pesquisa para cada vez mais aprimorar o atendimento a essa população que, merecidamente, precisa ser mais bem cuidada. Lidar com esse contingente populacional deve ser prioridade em todas as áreas do saber. Se o envelhecimento está associado a uma série de doenças, incapacidades e dependências é um desafio para a saúde pública buscar as suas causas para trabalhar junto às famílias, que são os cuidadores diretos dos idosos, formas de diminuir os prejuízos na saúde, o grau de dependência dessas pessoas e assim também o número de internados em hospitais. É uma ação conjunta que vai traçar um novo perfil da sociedade contemporânea quanto ao contingente populacional de idosos. A experiência no hospital na área geriátrica mostrou o quão são positivas as ações da equipe multiprofissional e que o trabalho do fisioterapeuta vai ter melhores resultados se o profissional da área tiver um diagnóstico das outras áreas. Sua ação será mais correta. Também é necessário que os profissionais recebam formação específica na área de geriatria e gerontologia social. REFERÊNCIAS BARROS, J. Psicologia do Envelhecimento e do Idoso. 2ª ed. Porto: Legis Editora. 2005) BRASIL, Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências [legislação na Internet]. Brasília; 1994. CORVISIERI, Eurico.A República;Platão. Editora Nova Cultural Ltda, São Paulo:1997. CADERNO DE ATENÇÃO À SAÚDE BÁSICA, 2006. COSTA, Maria Fernanda Baeta Neves Alonso da; CIOSAK, Suely Itsuko. Atenção Integral na saúde do idoso. Rev. Esc. Enferm. USP; 44(2): 437-444, jun.2010. [ acesso em 04/10/2011] IBGE, 2008. 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