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EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: ESSENCIAL PARA O CUIDADO DOS IDOSOS EM
INSTITUÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA
LEMOS, Juliana Cassiano 1
BARROS, Jacqueline Damasceno de Castro 2
RESUMO:
Este artigo se propõe a ampliar a qualidade de vida aos idosos institucionalizados tendo como
objetivo identificar a importância da Equipe Multidisciplinar junto as Instituições de Longa
Permanência para Idosos. Com este propósito, foram utilizados como fonte de dados,
bibliografias em livros e artigos científicos. Questões Abordadas: envelhecimento
populacional; instituições de longa permanência para idosos; a importância da equipe
multidisciplinar e o papel desempenhado por ela. Logo, a união multidisciplinar desempenha
um importante papel na vida dos residentes e da sociedade, forjando um caráter de
responsabilidade social.
UNITERMOS: Enfermagem; Instituição de Longa Permanência; Equipe Multidisciplinar
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Graduanda do 5º período de Enfermagem do Centro Universitário São Camilo – ES.
Professora Orientadora do Centro Universitário São Camilo – ES.
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INTRODUÇÃO:
Segundo Ballone (2000)
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, o envelhecimento é um fenômeno biológico, psicológico e social
que atinge o ser humano na plenitude de sua existência, modifica sua relação com o tempo,
seu relacionamento com o mundo e com a sua própria história. E está previsto no país até o
ano de 2025, um valor aproximado a 32 milhões de idosos, decorrentes da diminuição da
mortalidade, diminuição da fecundidade devido o ingresso das mulheres no mercado de
trabalho e pelo avanço sócio-econômico, cultural e tecnológico, porém, com este aumento
provavelmente o país e a sociedade não estarão preparados adequadamente para lidar com
esta população, principalmente porque muitos vêem o envelhecimento associado às doenças
crônicas e deterioração mental, o que gera um “pré-conceito”, levando a uma desvalorização
da Terceira Idade.
O envelhecimento já é por si só um momento de grandes conflitos, embora devesse ser
encarado como um processo natural e não como uma doença terminal, até porque a morte não
é privilégio dos “velhos”. Os aspectos sociais da velhice que permite ao idoso um equilíbrio
na sociedade, não são verdadeiros na nossa realidade, pois pregam segundo Cavan e citado
por Ballone (2000),
(1)
um contato social suficiente; uma ocupação cheia de significado; uma
certa segurança social; e um estado de saúde satisfatório, e o que se vê é o idoso sendo
colocado de lado seja no cantinho da sala em sua cadeira de balanço para não incomodar o
restante da família ou num local de “repouso”, longe dos olhos dos familiares; e como
pretende-se uma ocupação significante se a sociedade o julga inapto para o trabalho,
exaltando tão somente a vitalidade jovial onde a tendência do país é valorizar o novo e
desprezar o velho? Dessa maneira, ao invés dele se sentir dentro de suas limitações “alguém”
que está simplesmente passando por uma nova fase da vida, ele se retrai e se isola, perde o
interesse pelas coisas simples e com isso diminui ainda mais sua capacidade físico/ mental,
entrando também em conflito com suas emoções e crenças.
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Outras situações surgirão além do preconceito, como por exemplo, a falta de respaldo familiar
relacionado a dificuldades financeiras, distúrbios de comportamento, precariedade nas
condições de saúde e o abandono, devido à correria da família no dia-a-dia, levado pelo
engajamento no processo de urbanização e as muitas separações conjugais, onde cada vez
menos haverá parentes aptos e dispostos a cuidar de seus idosos.
Daí o surgimento de muitas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) para
assistir às necessidades dessa população, cuja família é incapacitada ou não existe; que têm
dificuldade para prover o seu próprio sustento; rica em incapacidades físicas e mentais e
considerados pouco atrativos para o convívio social.
A idéia da união multidisciplinar vem pela importância de proporcionar aos idosos que
apresentam esse perfil diferenciado uma qualidade de vida melhor, e ainda servindo de
exemplo para outras Instituições, no intuito de forjar no caráter da sociedade um sentimento
de responsabilidade social, além, de um papel humanizador, respeitando o indivíduo
independente de suas deficiências e limitações.
O motivo pelo qual foi despertado o interesse por esse tema e o desejo de abordar esse
assunto é compreender as necessidades dessas pessoas, tanto em questões saúde-doença,
como também no processo de carência afetiva/emocional.
OBJETIVO:
Identificar a importância da equipe multidisciplinar na Instituição de Longa Permanência para
Idosos.
METODOLOGIA:
Para o presente estudo optou-se pela pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos, que
ocorreu no período de Fevereiro a Maio do corrente ano.
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RESULTADOS:
Segundo Saldanha (2004),
(2)
os principais objetivos das Instituições de Longa Permanência
para Idosos (ILPIs) seriam oferecer ambiente seguro e acolhedor para idosos cronicamente
debilitados e funcionalmente dependentes; garantir serviços de atenção biopsicossocial que
atendam as necessidades das pessoas idosas em estado de vulnerabilidade; restaurar e manter
o máximo grau de independência funcional; preservar a autonomia; promover o conforto e a
dignidade dessas pessoas com doença terminal, oferecendo suporte aos seus familiares;
estabilizar ou tornar mais lenta a progressão de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis;
prevenir e reconhecer intercorrências agudas. Algumas Instituições são vistas como um lugar
desprovido de um atendimento assistencial correto pela falta de profissionais qualificados,
pois muitos são “cuidadores” sem uma capacitação e geralmente responsáveis também por
serviços gerais dentro da Instituição, deixando a assistência a desejar, oferecendo um cuidado
deficiente.
As ILPIs, conhecidas como “asilos”, em sua maioria, são vistas de forma estigmatizante pela
prestação de serviços de baixa qualidade e denominados por muitos, como “depósito
humano”, onde os idosos sem expectativa aguardam a morte chegar. Muitas vezes o que se
pode observar sobre os níveis de cuidado nessas Instituições é a falta de privacidade, a higiene
precária, pouco ou nenhum cuidado físico, desnutrição e desidratação, uso abusivo de drogas,
depressão, isolamento, condições de trabalhos ruins e por fim um esgotamento da parte dos
profissionais, dentre muitos outros aspectos que somam a essa problemática.
A importância da equipe multidisciplinar dentro das ILPIs é pela busca em proporcionar aos
idosos residentes um cuidado ampliado, visto que, segundo a Organização Mundial de Saúde
(1946), (3) a saúde é um bem estar físico/mental e social e não apenas a ausência da doença, ou
seja, passa-se a ver o ser humano como um todo, um conjunto de necessidades e não apenas
como uma peça de uma engrenagem e na velhice isso não é diferente, pelo contrário, as
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necessidades são grandes principalmente dentro dessas Instituições, além do que, já é
assegurado por lei ao idoso uma atenção integral a saúde, garantindo-lhe o acesso universal e
igualatório, em conjunto das ações e serviços para prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde (ESTATUTO DO IDOSO, Cap. IV Art. 15). (4)
No contexto da equipe multidisciplinar estão inseridos os profissionais da área da
Enfermagem (Cuidadores capacitados, Técnico de Enfermagem e Enfermeiro), Nutrição,
Fisioterapia, Psicologia e Assistência Social. O principal requisito para esses profissionais
atuarem nas ILPIs é conhecer o processo de envelhecimento para determinar as ações que
possam atender integralmente as necessidades dos idosos residentes e atendê-los respeitando
os princípios da autonomia, a fim de executar uma assistência com sensibilidade, segurança,
maturidade e responsabilidade.
De acordo com Santos (2008),
(5)
os cuidadores atuam realizando atividades simples e
repetitivas planejadas e sob a supervisão do enfermeiro, como por exemplo, cuidados da
higiene, alimentação via oral, prestar companhia aos idosos, promover movimentação e
conforto aos acamados. O técnico de enfermagem auxilia na supervisão dos cuidadores, assim
como também, observa, reconhece e descreve sinais e sintomas, promove cuidados de higiene
e conforto, proporciona alimentação enteral, afere sinais vitais, administra medicações, dentre
outros. O enfermeiro realiza cuidados de maior complexidade e que exige conhecimento
cientifico, tem como responsabilidade a administração/ gerenciamento, a função cuidativa,
educativa e de pesquisa. A gerência está relacionada a provimento de medicamentos e
materiais de curativos e outros de acordo com a necessidade da Instituição; a elaboração de
normas e rotinas; implantação e implementação do prontuário dos residentes, assim como de
escalas mensais dos trabalhadores. A parte cuidativa para prestar um cuidado com qualidade e
de maneira organizada faz uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que
possui cinco etapas interrelacionadas: Investigação (anamnese e exame físico), Diagnósticos
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de Enfermagem (Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem - NANDA),
Planejamento, Prescrições de Enfermagem e Avaliação, além dos cuidados básicos com a
alimentação, hidratação, movimentação, comunicação, avaliação e realização de curativos por
mais vezes ao dia e com produtos alternativos nas lesões, dentre muitas outras ações, optando
pela abordagem holística da saúde, reduzindo as necessidades de consultas médicas e de
internações hospitalares. O enfermeiro deve promover a educação aos profissionais do seu
ambiente de trabalho (o que chamamos de Educação Continuada), como uma estratégia de
desenvolvimento pessoal, levando-o a ter uma satisfação no trabalho melhorando a sua
produtividade, que refletirá na melhoria do cuidado prestado, como por exemplo, os cuidados
na prevenção de acidentes, orientações sobre hipertensão e diabetes e os cuidados paliativos.
E o enfermeiro tem como uma importante função, ser sempre um bom pesquisador buscando
inovações, ampliando seus conhecimentos e colaborando com trocas de experiências e
pesquisas que ainda são escassas sobre os assuntos da geriatria.
Nas ILPIs a equipe de Nutrição desenvolve seu trabalho visando a importância de hábitos
alimentares saudáveis sobre o perfil de cada residente baseado em suas patologias e
necessidades. Através de avaliações antropométricas e nutricionais, observando também o
sedentarismo, a obesidade, o tabagismo entre outras condições de morbidade e doenças
crônicas como diabetes mellitus e hipertensão arterial, são possíveis realizar cuidados
específicos e de suma importância e amplitude no cuidado assistencial. Segundo Zeni (2007),
(6)
os cardápios e assim como a distribuição correta dos grupos alimentares nas dietas dos
idosos, como por exemplo, o equilíbrio entre o consumo de pães e cereais, açúcares e doces,
leite e derivados, hortaliças, o grupo das carnes e ovos, das frutas e das leguminosas, devem
ser realizados na dosagem certa, e para uma boa aceitabilidade das dietas é importante ouvir
as preferências alimentares. Para isso a Nutrição também desenvolve um trabalho educativo
com as responsáveis pelo preparo do alimento orientando-as sobre o ambiente adequado para
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o preparo das refeições em relação a umidade, temperatura, iluminação, acústica, e alguns
pontos como contaminação cruzada, má-higienização das mãos e vegetais, e incorreto
descongelamento de carnes dentre outras, e também orientações aos residentes.
Segundo Pollock (1992), citado por Coelho,
(7)
a Fisioterapia atua junto aos idosos na
manutenção e na melhoria de sua capacidade funcional, buscando reduzir as incapacidades e
as limitações, promovendo uma maior independência na execução das atividades da vida
diária, melhora da auto-estima e conservando o ótimo funcionamento dos sistemas orgânicos,
o que condiciona aos idosos residentes de Instituições uma vivência rica em cuidados que
muitos em seus próprios lares não teriam condições de desfrutar, criando assim um diferencial
na assistência.
O campo de atuação da Psicologia se torna intenso, visto que o fato da separação familiar e a
idéia que lhe é imposta sobre sua internação, forjam para si um distanciamento e sentimento
de rejeição e impotência que devem ser trabalhados, evitando assim a depressão, a baixa autoestima, a carência afetivo/ emocional, dentre muitos outros distúrbios psíquicos/ emocionais
que são comuns numa ILPIs. Como diz Ballone (2000)
(1)
referente ao provérbio “Teme mais
a morte aquele que mais temeu a vida”: Os idosos quando em tempos anteriores as
circunstâncias existenciais eram mais satisfatórias, a potencialidade vital era plena, quando o
futuro era ainda distante e a solidão não tinha sido experimentada, os momentos de
dificuldades eram adaptativos, e hoje na condição de idoso residente de uma ILPI, a
característica adaptativa não é mais como a anterior, e as muitas pulsões e paixões reprimidas
ao longo da vida não encontram na velhice energia suficiente para mantê-las em repressão e
eclode na consciência um triste e amargo culto ao passado com suas frustrações, seus
pecados, suas angústias e seus rancores. Daí um difícil trabalho de estruturação psíquica que
deve ser realizado com dedicação, compreensão, respeito, paciência e amor. Elaborando
atividades coletivas como atividades físicas e mentais com cunho lúdico como jogos do tipo
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xadrez, dama, sudoko, palavra-cruzada, quebra-cabeça, acesso a internet e programações com
passeios, almoços, festas, cultos, entre outras, para propiciar uma distração e evitar a
ociosidade, onde eles terão oportunidade de vivenciar a Teoria da Atividade descrita por Bazo
(1990) citada por Oliveira, (8) que considera importante a manutenção da atividade na vida das
pessoas pelo maior tempo possível observando que sua ausência implica em apatia, depressão
e pessimismo.
Aproveitando esse ensejo de elaboração de programas e espaços para as atividades, entra em
ação o importante papel da Assistente Social, que dentro da Instituição pode possibilitar e
viabilizar conquistas de direitos pessoais dos idosos como, por exemplo, INSS e acesso a
parte burocrática das requisições de medicamentos de alto custo requeridos ao Estado e
solicitação de exames de alta complexidade, além de planejar e estudar o vínculo familiar, que
é um tema bastante polêmico e muita das vezes julgados erroneamente. Sabendo que sem o
conhecimento verdadeiro da situação que levou a família a internar o seu idoso, falsos
conceitos podem ser formados de maneira negativa como, por exemplo, falta de amor e
negligência, e se o próprio idoso não reconhece o verdadeiro motivo que o levou à
institucionalização, o seu tratamento pode ser mais dificultoso. Logo, uma melhor qualidade
de vida necessita desses aspectos trabalhados na vida do idoso residente em ILPIs.
CONCLUSÃO:
Em virtude do que foi mencionado é importante que todos se conscientizem sobre a
importância da assistência integral por parte dos profissionais que compõem a esfera
multidisciplinar, e seus respectivos papéis dentro da Instituição de Longa Permanência para
Idosos, assim como a responsabilidade social em aceitar que o envelhecimento é um processo
natural da vida, e que embora as pessoas idosas tenham suas limitações, continuam sendo
seres humanos dignos de respeito.
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REFERÊNCIAS:
1. http://www.psiqweb.med.br
BALLONE. G.J. – Personalidade, in. PsiqWeb, Programa de Psiquiatria Clinica na
Internet, Campinas,SP, 2000.
2. SALDANHA. A.L. – Quando é preciso escolher uma instituição geriátrica:
instrumentos para avaliação da qualidade dos serviços. In: Saúde do Idoso: a
arte de cuidar. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência; 2004. p. 28-34.
3. http://afrolib.afro.who.int/RC/RC%2055%20Doc-por/AFR%20RC55%2016%20%2011%C2%BA%20PROGRAMAGERAL%20DE%20TRABALHO%202005.pdf
Constituição da Organização Mundial de Saúde, In: Projeto do Décimo Primeiro
Programa
Geral de Trabalho para 2006-2015, Parag. 1. 2005.
Acesso dia: 25/06/2009
4. BRASIL. Senado Federal/ Comissão Diretora – Estatuto do Idoso, In: Projeto de Lei
Nº 57, de 2003, Cap. IV, Art. 15
5. http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/1554217.pdf
SANTOS. S.S.C. – O Papel do Enfermeiro na Instituição de Longa Permanência para
Idosos, Rio Grande do Sul, 2008
Acesso dia: 04/07/09
6. http://www.sepex.ufsc.br/anais_6trabalhos/207.html
ZENI. L.A.Z.R. – Um olhar a Terceira Idade: Promovendo Nutrição em Saúde em
uma Instituição Asilar, Florianópolis, 2007.
7. http://www.pergamum.univale.br/pergamum_ant/tcc/OProcessodeinstitucionaliza%C3
%A7%C3%A3odoidosoeopapeldaFisiotrapia.pdf
COELHO. G.A. – O Processo de Institucionalização do Idoso e o Papel da
Fisioterapia, Vale do Rio Doce.
Acesso dia: 04/07/2009
8. OLIVEIRA. R.C.S. – Velhice: Teoria, Conceitos e Preconceitos. A Terceira Idade.
São Paulo, Agosto, 2002. V13, Nº 25, p. 36-51.
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