CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA - ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA CURSO TÉCNICO EM AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA: FATORES DETERMINANTES, AÇÕES PREVENTIVAS. Alessandra Roberta da Costa Nunes Arlete Machado de Oliveira Franciele de Souza Rozeno Márcia Cristiane da Silva Vanderléia Gazola PALMITAL 2012 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA - ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA CURSO TÉCNICO EM AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE Alessandra Roberta da Costa Nunes Arlete Machado de Oliveira Franciele de Souza Rozeno Márcia Cristiane da Silva Vanderléia Gazola GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA: FATORES DETERMINANTES, AÇÕES PREVENTIVAS. Trabalho de conclusão de curso apresentado à ETEC prof. Mário Antônio Verza, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Técnico em Agente Comunitário de Saúde. Orientador (s): Prof. Nívea Mª. A.V. Damini. PALMITAL 2012 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA - ETEC PROF. MÁRIO ANTÔNIO VERZA Alessandra Roberta da Costa Nunes Arlete Machado de Oliveira Franciele de Souza Rozeno Márcia Cristiane da Silva Vanderléia Gazola GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA: FATORES DETERMINANTES, AÇÕES PREVENTIVAS. APROVADO EM ____/____/____ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________ NOME DO PROFESSOR – ORIENTADOR ______________________________________________________________ NOME DO PROFESSOR – EXAMINADOR ______________________________________________________________ NOME DO PROFESSOR – EXAMINADOR Dedicatória Dedicamos este trabalho aos nossos familiares, que nos apoiaram, o dedicamos também, à nossa orientadora de TCC Prof.(a) Nívea que muito nos ajudou e principalmente ao enfermeiro Geraldo que nos apoiou dando-nos orientações e subsídios para que pudéssemos vencer esta etapa. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a DEUS, por esta conquista. Aos nossos familiares pelo apoio concedido, pela ausência causamos. Aos nossos professores por todo esforço em nos ensinar. Ao nosso grupo de TCC, pela colaboração, cooperação, paciência e amizade. Ao nosso enfermeiro Geraldo que colaborou em muitos aspectos. Nossa muito obrigada. Epígrafe “A vida só pode ser compreendida, olhando-se para traz; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente”. (Soren Kierkergoard). RESUMO A adolescência é um período caracterizado pelo processo evolutivo do ser humano, no qual ocorrem inúmeras modificações, psicológicas, emocionais, sociais e biológicas. Durante essa fase surgem novos desejos, dúvidas, curiosidades e descobertas. Dentre esses conflitos vivenciados, encontra-se a descoberta do próprio corpo e do prazer sexual, que na maior parte é desprotegida, daí resultando em riscos para uma gravidez indesejada. Há décadas, a gravidez na adolescência tem sido estudada por ser considerado um grave problema social e que tem mobilizado diversos níveis como saúde educação e sociedade a criar ações envolvendo essas jovens. O desafio maior tem sido o de como criar um trabalho que contribua efetivamente para a prevenção desse agravo. Nota-se que apesar dos esforços, o número de gestações precoces tem-se mantido elevado. Embora com a modernidade e a divulgação de métodos previníveis, o índice de gravidez precoce, ainda é preocupante. Resta-nos uma grande dúvida: O que leva essas meninas engravidarem no momento em que seria decisivo para a sua evolução física, emocional e também profissional. adolescência está intimamente Concorda-se que a gravidez na relacionada a fatores como: nível socioeconômico, escolaridade, educação familiar recebida, e a utilização incorreta de métodos contraceptivos. Palavras-chave: Sexualidade; Adolescência; Gravidez; Fatores determinantes. LISTA DE TABELAS TABELA1-GESTANTES ACOMPANHADAS NO PRIMEIRO TRIMESTRE 2011….............................................................................................................15 TABELA 2-GESTANTES ACOMPANHADAS NO PRIMEIRO TRIMESTRE 2012….............................................................................................................15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PSF – Programa Saúde da Família. SIAB-Sistema de Informação de Atenção Básica. ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente. OMS- Organização Mundial de Saúde. BVS- Biblioteca Virtual da Saúde. WHO- World Health Organization. ACS- Agente Comunitário de Saúde. SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO. ..................................................................................................... 10 2. JUSTIFICATIVA. ................................................................................................... 11 3. OBJETIVOS:......................................................................................................... 12 3.1 Gerais: ............................................................................................................ 12 3.2 Específicos: .................................................................................................... 12 4. METODOLOGIA- DESENVOLVIMENTO. ............................................................ 13 5. CONCEITOS DE ADOLESCÊNCIA. .................................................................... 14 6. INCIDÊNCIA DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA. ........................................... 15 7. GESTANTES ACOMPANHADAS NO PRIMEIRO TRIMESTRE 2011,2012. ....... 17 8. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA. .... 19 8.1 Fatores psicológicos: .................................................................................... 19 8.2 Fatores sociais:.............................................................................................. 22 8.3 Fatores emocionais da gravidez precoce: ................................................... 24 8.4 Fatores biológicos da gravidez na adolescência:....................................... 25 9. PERSPECTIVA DE VIDA PARA ESSA GESTANTE ADOLESCENTE. .............. 29 10. POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICAS PARA PREVENÇÃO DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA. .............................................................................................. 30 11. POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICAS PARA A GESTANTE ADOLESCENTE. ...................................................................................................... 32 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS. ............................................................................... 34 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .................................................................. 35 10 1. INTRODUÇÃO A adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta, é uma fase em que ocorrem grandes mudanças e transformações psicológicas e fisiológicas. Gerando vários conflitos em sua personalidade, entre elas, o despertar para a sexualidade, fase esta que se exige maior atenção por parte da família, educadores e profissionais da saúde, pois é nessa fase que eles estão mais suscetíveis a riscos, como a gestação precoce. A adolescência é a fase do desenvolvimento compreendida entre 10 e 19 anos, essencial para que o ser humano atinja sua maturidade biopsicossocial. Nela há também a descoberta da sexualidade, de novas sensações corporais e a busca do relacionamento interpessoal entre os jovens, fase também denominada de Estagio Genital segundo Freud. Assim, neste quadro de novas e surpreendentes necessidades se dão os primeiros contatos sexuais, e, com isso, muitas vezes, acontece uma gravidez não planejada. O aumento da gravidez nessa fase da vida configura-se como um problema de saúde pública no Brasil, uma vez que neste momento os jovens deveriam estar se preparando para a idade adulta, especialmente em relação aos estudos e melhor ingresso no mercado de trabalho. O trabalho em questão fala sobre a gravidez na adolescência, fato esse de grande incidência vivenciada durante as atividades desenvolvida no nosso trabalho como Agente Comunitário de Saúde. Convivemos com um número elevado de adolescentes que engravidaram e também pela reincidência das mesmas em outra gestação. O trabalho tem como objetivo a discussão das situações que leva uma adolescente engravidar nessa fase da vida e propor ações educativas com essa população citada no trabalho. 11 2. JUSTIFICATIVA O trabalho em questão se deu de acordo com percepção da equipe, sobre um número elevado de adolescentes grávidas em nossa área de abrangência do PSF. Algumas delas já na segunda gestação, este fato tem nos preocupado muito, porém até agora não se conseguiu uma atuação efetiva, pois nota-se que as intervenções que foram tomadas surtiram pouco ou nenhum efeito, ora pela baixa adesão das adolescentes, ora pela ausência de projetos e planejamentos eficazes sobre o tema. 12 3. OBJETIVOS: 3.1 Gerais: Realizar revisão de literatura acerca dos aspectos psicológicos, emocionais, sociais e biológicos da gravidez na adolescência; 3.2 Específicos: Discutir a gravidez na adolescência como problema social; Identificar fatores determinantes da gravidez na adolescência; Realizar medidas educativas como formas de prevenção da gravidez precoce; Promover ações de orientação com as gestantes adolescentes; 13 4. METODOLOGIA- DESENVOLVIMENTO Para que esse trabalho fosse realizado foi feito uma revisão bibliográfica, que teve por objetivo analisar e refletir acerca dos aspectos sociais, emocionais, psicológicos e biológicos da gravidez na adolescência. Para isso foi realizada busca por publicações na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Lilacs Scielo, MEDLINE, Google Acadêmico, também foram consultados sites do Ministério da Saúde (OMS), IBGE, foi também consultado, alguns dados da Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento. 14 5. CONCEITOS DE ADOLESCÊNCIA Segundo o Dicionário Aurélio, a palavra adolescência, que vem do latim adolescentia, corresponde ao “período da vida humana que sucede a infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estende-se aproximadamente dos 12 aos 20 anos)”. A OMS- Organização Mundial de Saúde- define este período da vida com base no aparecimento inicial das características sexuais secundárias para a maturidade sexual, pelo desenvolvimento de processos psicológicos e de padrões de identificação que evoluem da fase infantil para a adulta, e pela transição de um estado de dependência pra outro de relativa autonomia. Ao longo do século XIX, a adolescência passou a ser reconhecida como período crítico da existência humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência vai dos 10 aos 20 anos incompletos, enquanto que, para o (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil, dos 12 aos 18 anos. Assim, não há consenso quanto à idade exata que no adolescente determina um grau de desenvolvimento ideal e completo para o exercício de suas competências. A gravidez na adolescência traz sérias implicações sendo estas familiares, emocionais, econômicas e biológicas. Atingindo-a isoladamente e a sociedade como um todo, limita ou adia futuras possibilidades de desenvolvimento e ingresso dessas jovens na sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerada gestação de autorrisco, devido à repercussão que se dá sobre a mãe e seu filho. 15 6. INCIDÊNCIA DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA Mesmo havendo uma leve redução na incidência da gravidez na adolescência, em algumas regiões do Brasil, ela é ainda o motivo de preocupação por parte dos profissionais de saúde e também por órgãos públicos. Em 2007 ocorreram 2.795.207 nascimento no país, dos quais 594.205 (21,3%) foram de mães com idade entre 10 e 19 anos (BRASIL, 2007). A gestação na adolescência nem sempre foi motivo de preocupação. Somente em meados do século XX aproximadamente, que a gravidez na adolescência começou a ser considerada uma questão de saúde pública, também não recebia a atenção de pesquisadores como recebe hoje em dia. No Brasil, essa preocupação tornou-se maior e mais visível com o aumento da proporção de nascimentos em mães menores de 20 anos que se observou ao longo da década 90, quando os percentuais passaram de 16,38% em 1991 para 21,34% em 2000 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, 2002). Devemos considerar, no entanto, que parte desse proporcional aumento pode ser atribuída à “diminuição expressiva das taxas de fecundidade nas faixas etárias acima de 25 anos”. (Yazaki, 2008). Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fundamentados em pesquisas realizadas no ano de 2007, relata que houve um aumento significativo de adolescentes gravidas entre 1996 a 2007. Em 1996 de todos os casos registrados de gestação, 6,9% eram de adolescentes, no ano de 2000 foram registrados 689 mil partos em adolescentes (um total de 30% de todos os partos realizados nesse ano). OLIVEIRA et al, (2009), relata que; “Anualmente, no Brasil, são realizados aproximadamente 700 mil partos em adolescentes, desse total 1,3% são em jovens de 10 a 14 anos”. Pesquisas relatam que no mundo todo, cerca de 14 milhões de adolescentes dão à luz anualmente sendo que 90% desse total vivem em países ORGANIZATION, 2004). em desenvolvimento. (WORLD HEALTH 16 Outra pesquisa realizada na América Latina e no Caribe, indicam que apesar da queda na taxa de fecundidade total “(TFT)”, quando observou-se o comportamento reprodutivo por grupos etários, foi verificado que, nas últimas décadas, houve aumento da fecundidade de mulheres menores de 20 anos de idade, especialmente entre aquelas com idade menor que 18 anos, embora tendo se elevado o uso de contraceptivos para esse grupo. (CENTRO LATINOAMERICANO Y CARIBEÑO DE DEMOGRAFÍA, 2005). 17 7. GESTANTES ACOMPANHADAS NO PRIMEIRO TRIMESTRE 2011,2012. Mulheres Janeiro 2011 n % 31 100% Fevereiro 2011 n % 25 100% Março 2011 n % 25 100% grávidas Adolescentes 12 38,71% 8 32,00% 7 28,00% Grávidas Fonte: SIAB (Sistema de Informação de Atenção Básica). Mulheres Janeiro 2012 n % 25 100% Fevereiro 2012 n % 23 100% Março 2012 n % 18 100% grávidas Adolescentes 10 40,00% 8 34,78% 6 33,33% Grávidas Fonte: SIAB (Sistema de Informação de Atenção Básica). De acordo com dados retirados do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), havia em janeiro de 2011, um total de 31 mulheres grávidas cadastradas no sistema. Dessas 31 gestantes, 12 eram adolescentes. No mês de fevereiro havia 25 adultas para oito (8) > de 20 anos, no mês seguinte também 25 para um total de sete (7) adolescentes gestantes. No primeiro trimestre de 2012 havia 25 cadastradas dentre elas dez (10) eram adolescentes. Nos meses afrente vê-se uma leve queda no número de adolescentes grávidas, motivo esse que pode ser: mudança da área e final da gestação. Os números indicam que o índice de adolescentes grávidas caiu discretamente, mas notamos que a porcentagem aumentou. O número total de 18 mulheres grávidas diminuiu, mas o total de adolescentes menores de 20 anos continuou praticamente o mesmo de um ano para o outro, motivo esse de grande preocupação visto que na área do nosso PSF, existe um número elevado de adolescentes em situação de risco, tendo relações sem proteção, desconhecendo ou mesmo, não dando importância ao uso de métodos contraceptivos, isso as tornam suscetíveis à doenças e a gravidez precoce. Mesmo que a ocorrência de uma gravidez na adolescência já tenha sido considerada um evento comum e até mesmo esperado em décadas passadas, pois homens e mulheres eram criados para casarem e terem filhos muito cedo. A mulher era preparada desde o nascimento para criar e procriar, educar seus filhos e cuidar do lar, estes filhos eram recebidos com carinho e satisfação. Atualmente a gravidez na adolescência não ocorre somente dentro do casamento e em geral, a menina sente-se desprotegida ao enfrentar essa realidade de gestar, parir, amamentar, cuidar e educar um novo ser. Portanto, sendo reconhecida como problema de saúde pública, e tem mobilizado níveis da sociedade tais como os trabalhadores e pesquisadores da área da educação e saúde a conhecer as causas de sua ocorrência. Chegando a uma concepção generalizada que a relaciona exclusivamente à pobreza e à exclusão social, ora tidas como causas, ora como consequências da gravidez na adolescência. 19 8. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 8.1 Fatores psicológicos: A sexualidade se torna algo muito importante para os adolescentes, ou seja, a formação como ser humano e o despertar da sexualidade. Mas em muitas vezes essas relações não são protegidas, a falta de perspectiva para o futuro, o desconhecimento de métodos contraceptivos e o não uso dos mesmos, contribuem para a gravidez precoce. Esses jovens apenas relacionam o ato sexual como algo prazeroso, deixando de lado aspectos emocionais, a responsabilidade, o planejamento e a proteção pela sua saúde. A gravidez na adolescência, por muitas vezes, ocorre de maneira indesejada, inesperada, levando a jovem a mudar completamente seu modo de viver e de estar na sociedade. Os hormônios nesta fase estão em plena erupção e são normais os desejos e impulsos sexuais e o inicio da atividade sexual, porem o que preocupa é a falta de preparo destas jovens para uma gravidez precoce e também para doenças sexualmente transmissíveis. Reis e Ribeiro (2010, p.2), afirmam que “hoje, os meninos e meninas entram na adolescência cada vez mais cedo”. Afirmam ainda que: Ao adquirir personalidade própria, o jovem geralmente se distancia da família, procurando maior autonomia. Com isso, a sua vida social se modifica: passa a preferir a companhia de outro adolescente, recusando a dos pais e irmãos. Os amigos de mesma idade passam a ser as pessoas mais importantes. Começa a vestir-se de acordo com o figurino do grupo, a falar a sua linguagem, a frequentar lugares diferentes, a chegar mais tarde em casa. Ao engravidar, a jovem tem de enfrentar, paralelamente, tanto os processos de transformação da adolescência com os da gestação. Isto, nesta fase, representa uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos tão grandes que para ser bem suportada necessitaria apoiar-se num claro desejo de tornar-se mãe. Porem, geralmente não 20 é o que acontece: as jovens se assustam e angustiam-se ao constatar que lhes aconteceu algo imprevisto e indesejado. Só este fato torna necessário que seja alvo de cuidados materiais e médicos apropriados, de solidariedade humana e amparo afetivo especial. A questão e que, na maioria dos casos, essas condições também não existem. Como a atividade sexual da adolescente é geralmente eventual, muitas alegam a falta de uso rotineiro de métodos contraceptivos. A maioria delas também não assume diante da família a sua vida sexual, portanto a posse do anticoncepcional denunciaria uma vida sexual ativa. Sendo assim a falta ou má utilização de métodos contraceptivos, a gravidez e o risco de engravidar na adolescência, podem também estar associados à baixa autoestima. A falta do convívio familiar, os bombardeios da mídia com relação ao sexo e a grande permissividade falsamente intitulada como desejável a uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre também é um fator importante para a gestação na adolescência. Descobrindo-se grávida, a mulher passa por vários sentimentos que vai de estresse e ansiedade, essa mistura de emoções se torna mais forte quando essa mulher é uma adolescente. Mas nem sempre esta gestação é indesejada. Otsuka et al., (2005), relata que; O desejo da maternidade nem sempre é motivo principal. Pode estar relacionado à vontade de perpetuação do namoro, à afirmação de feminilidade através da fertilidade, à vontade de encontrar um objetivo para a vida nos cuidados com o filho, à necessidade de companhia para lidar com a solidão através do relacionamento com o filho. Alguns jovens creem que ao assumir tal responsabilidade terá maior prestígio perante a sociedade passando a ocupar papel de destaque e até mesmo considerando-se um adulto com capacidade para assumir grandes desafios. Para essas jovens a gravidez parece ser vantajosa e também prazerosa, visto que a mesma acha que terá maior independência, não levando em conta as privações que tal ato lhe trará, mas ao mesmo tempo, enfrentam criticas, descaso e preconceitos pela sociedade em que vive. Desta forma acredita-se que a maternidade na adolescência é compreendida pelos jovens 21 como uma alternativa para se lidar com frustrações e uma série de conflitos presentes em seu cotidiano, tendo essa carência afetiva que muitas vezes esta associada às limitações das perspectivas futuras para seu projeto de vida, tornando assim um fator determinante para que ocorra a gravidez, principalmente em classes mais empobrecidas e desprivilegiadas da sociedade. Outro problema relacionado à gestação na adolescência é a imaturidade psíquica dos jovens pais, que se mostram pouco preocupados com o desenvolvimento do bebê e com a educação da criança. Tal imaturidade pode aumentar as chances da criança contrair doenças infecto- contagiosas e sofrer acidentes. Notam-se algumas particularidades no relacionamento da mãe adolescente com seu filho. “Há uma menor percepção das necessidades do bebê, são oferecidas menos atividades de estimulação para a criança, há pouca comunicação entre mãe e filho e há certa indiferença em relação aos pedidos da criança” (SANTOS et al., 2010). OLIVEIRA et al., (2010), relata que, “Há maior probabilidade de morte durante o primeiro ano de vida, comparado aos de mães com 20 anos e mais de idade”. VASCONCELOS (1985), afirma que "Quando se chega à puberdade, ali pelos 12, 13 anos, meninos e meninas estão preparados biologicamente para serem pais e mães; entretanto, não se está ainda preparado nem psicológica nem socialmente para arcar com as responsabilidades de uma nova família". 22 8.2 Fatores sociais: Mães adolescentes e seus filhos representam uma população de riscos, não só ao que ocorre pela imaturidade biológica, mas também ao que se refere à situação socioeconômica, uma vez que este último possui grande impacto no desenvolvimento cognitivo e de saúde dos filhos. MACHADO, et al, (2007), relata que o “abandono escolar, menor acesso ao mercado de trabalho, bem como atividade de lazer diminuída” são consequências da gravidez ainda na adolescência. É real que a pouca escolaridade aliada à pobreza e a falta de orientação familiar quanto aos métodos contraceptivos, associadas à baixa qualidade nessas informações, levam essas jovens muitas vezes a iniciar sua vida sexual, totalmente despreparada e consequentemente engravidam sem maturidade para assumir as novas responsabilidades. Nota-se outra realidade entre as camadas economicamente mais favorecidas e mais instruídas da população, que em sua maioria, considera a adolescência um período da vida no qual os jovens devem, ter um maior comprometimento com os estudos e seu futuro profissional e na medida do possível, explorar tais possibilidades antes de tomar decisões como casar e ter filhos. Este fato não indica que estas jovens não tenham uma vida sexual, mas que elas buscam métodos contraceptivos para evitar a gravidez. A família tem relação direta com o inicio da atividade sexual. Sendo assim, adolescentes que tem relações precoces ou engravidam nessa fase, provavelmente vem de famílias cujas mães também tiveram iniciado sua vida sexual muito cedo ou engravidaram na mesma fase. Desse modo, quanto mais jovens e imaturos os pais, maiores as chances de desorganização e desajuste familiar. A maternidade na adolescência é considerada, desde o final da década de 40, um problema de saúde pública, fenômeno esse que se intensificou a partir da década de 60, tornando-se um marco histórico de mudanças socioculturais na vida das mulheres. Dentre as conquistas femininas desse período, a dissociação entre prática sexual, casamento e reprodução a partir da acessibilidade que as mulheres tiveram em relação aos métodos 23 contraceptivos pode ser considerada um marco muito importante na construção e sua autonomia e no processo da liberdade reprodutiva. Mas, tais mudanças não foram acompanhadas por políticas públicas educacionais e de saúde direcionadas às necessidades vivenciadas pelo contexto sexual, o que colaborou para o aumento da gravidez na adolescência. Sem conhecimento do próprio corpo e de como lidar com suas necessidades e desejos, sem informação adequada e com dificuldade de acesso aos contraceptivos, adolescentes passaram a utilizar anticoncepcionais de modo irregular e, muitas vezes, sem acompanhamento pelo serviço de saúde. Na literatura científica, foi constatada uma diversidade de motivações para a gravidez na adolescência, que pode simplesmente emergir da vontade que a adolescente tem de idealizar de ter um filho nessa fase da vida, o desejo de prender o namorado, ou para poder sair da escola ou da casa dos pais. Outras, para dar mais sentido a sua vida vazia, ou mesmo por causa do desejo de querer sentir-se mais mulher. A gestação na adolescência nem sempre é um fato equivocado, inconsequente ou danoso; inclusive, em alguns casos, pode ser resultado de um planejamento prévio consciente e decorrente da vida afetiva estável. Estudos mostram que a maternidade na adolescência está associada à baixa renda, mas apesar de a gravidez nesta fase ocorrer com maior frequência nos grupos mais empobrecidos, não se pode negar que o fenômeno acontece em todos os estratos populacionais, porém suas consequências podem ser mais negativas para adolescentes cuja inserção social restringe o acesso a bens materiais e imateriais. Para Yazlle e cols. (2002) e Kassar e cols. (2006), “a ocorrência de problemas de saúde tanto na adolescente quanto em sua criança pode estar mais relacionada ao estado de pobreza do que à idade da jovem propriamente”. Esses autores observam que uma boa parte desta população encontra-se em condição socioeconomicamente precária, estando também suscetível a ausência de condições de higiene adequada, alimentação, habitação e saúde. DUARTE (1996), afirma ser a gravidez na adolescência um “desafio social e não um problema só da adolescente, que em sua maioria, além de estar assustada com a gravidez, fica sozinha nessa fase, porque às vezes pai, 24 familiares e amigos se afastam, se agridem, desencadeando ainda mais conflitos”. É um problema da sociedade moderna a gravidez indesejada na adolescência, que ocorre de forma desestruturada. As nossas avós casavamse bem novas, mas tinham um lar e proventos necessários para criar seus filhos. “Os filhos eram recebidos com satisfação, porque a mulher era preparada desde o nascimento para casar e procriar. A adolescência da sociedade moderna tem outros sonhos e necessidades” (MAGALHÃES et al., 2008) 8.3 Fatores emocionais da gravidez precoce: A gravidez é uma experiência transformadora na vida da adolescente, pois, provoca sentimentos de incerteza e insegurança diante da nova realidade em que está vivendo, terá agora que se reorganizar, é preciso deixar de ser filha para se dedicar à maternidade A adolescente que engravida, além de exercer o papel de filha, passa a exercer o papel de mãe, e ressignifica, nesse processo, a sua relação com a própria mãe (Andrade, Ribeiro, & Silva, 2006; Daadorian, 2003). “A família também passa a ter expectativas em relação ao seu desempenho como mãe e em relação ao seu futuro. Independente de ter ou não desejado ser mãe, o papel materno se impõe para a adolescente e passa a assumir um espaço significativo na sua vida” (Falcão & Salomão, 2005; Silva & Salomão, 2003). Tendo essa nova identidade a menina se sente com responsabilidade de enfrentar a sociedade e provar que é capaz de desenvolver o seu papel como mãe, mesmo que seja ainda muito jovem. De acordo com Organização Mundial de Saúde “World Health Organization” (WHO) 2004. A gravidez na adolescência é uma “questão mundial”. Cerca de 16 milhões de mulheres de 15 a 19 anos engravidam a cada ano. Dessas gravidezes 95% ocorrem em países de baixo ou médio desenvolvimento. A proporção de nascimentos de crianças de mães 25 adolescentes segundo áreas no mundo é: 2% na China 18% na América Latina e Caribe e mais de 50% África Sub- Saariana. Metades dos partos em adolescentes no mundo ocorrem em sete países: Bangladesh, Brasil, República Dominicana do Congo, Etiópia Índia Nigéria Estados Unidos. Nos países desenvolvidos a ocorrência desse tipo de gravidez é menor, no Japão ocorrem apenas quatro partos entre 1000 adolescentes/ano, na Holanda oito, no Canadá 24, mas nos Estados Unidos ocorrem 60 partos em 1000 adolescentes/ano. A designação de que uma adolescente grávida configura-se em um “problema”, é algo que pode causar constrangimentos e bloqueios nesta jovem, acarretando em baixa autoestima e isolamento por vergonha de estar grávida. Sabe-se que é difícil de imediato para a família aceitá-la, mas se houver acolhimento, respeito e colaboração no ambiente familiar, esta gravidez tem maior chance de ser levada até o final, sem maiores transtornos. Porém, sendo contrário, relacionamento gestante e família, ela poderá sentir-se imensamente solitária nesta experiência difícil e desconhecida e ainda tem se o risco de submeter-se a qualquer atitude em que acredita resolver o seu “problema”, como por exemplo, tentar o aborto. 8.4 Fatores biológicos da gravidez na adolescência: Um dos motivos da gravidez na adolescência estar ocorrendo de maneira desenfreada é que as meninas têm entrado cada vez mais cedo na menarca (primeira menstruação). Esse início precoce da fertilidade traz inúmeras transformações corporais e o despertar para os desejos sexuais começa a se aflorar rapidamente ficando assim, um maior tempo exposta ao risco de iniciar suas vidas sexuais completamente despreparadas. Quando engravidam precocemente estas jovens precisam enfrentar tanto os processos de transformação comuns na adolescência como também os da gestação, trazendo uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos que são muito grandes para que ela possa suportar sozinha, sendo suportável 26 se essa jovem tivesse um desejo claro de se tornar mãe. Mas geralmente não é essa a realidade, se vendo grávida fica angustiada, constatando que lhe aconteceu algo imprevisto na qual não desejava. Este fato exige cuidados apropriados tanto de profissionais da saúde, quanto da família, mas nem sempre é possível contar com ambos. Muitas vezes essa jovem tem dificuldades em contar para sua família que esta gravida, com medo de constatar esse fato, inicia tardiamente o prénatal possibilitando a ocorrência de complicações em sua gestação. Para (YAZLLE; FRANCO; MICHELAZZO, 2009). A gravidez nessa fase da vida tem sido considerada como fator de risco, do ponto de vista médico tanto para a mãe como para o filho e, também como fator agravante ou desencadeador de transtornos psicológicos e sociais. Vários estudos fazem referencias a maior incidência de complicações durante a gestação de adolescentes, tais como abortamento espontâneo, restrição de crescimento intrauterino, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro, sofrimento fetal intraparto e parto por cesárea. Por ocasião do parto normal, tem sido referida maior incidência de lesões vaginais e perineais. São citados, ainda, maior frequência de deiscência de sutura e dificuldade de amamentação Em relação às repercussões psicológicas, tem sido relatado aumento do número de casos de depressão pós- parto. Dentre as complicações referentes ao recém-nascido, observam-se maus tratos e descuidos, o que pode se estender à criança com mais idade. Na infância, principalmente no primeiro ano de vida, tem sido referida maior incidência de desnutrição e acidentes domiciliares. MACHADO et al, (2007), relata que “dentre os fatores de riscos biológicos para a gravidez na adolescência destaca-se o baixo peso ao nascer, a prematuridade, a não adesão ao aleitamento materno e o abortamento Além disso, a reincidência da gravidez é prevalente quando ações de educação em saúde são ausentes durante o pré-natal quanto ao que diz respeito aos métodos contraceptivos”. 27 Os filhos de mães adolescentes têm maior “probabilidade de apresentar baixo peso ao nascer e, consequentemente, maior probabilidade de morte do que os filhos de mães com 20 anos ou mais. A taxa de prematuridade também é mais alta nesse grupo, aumentando o risco de mortalidade perinatal” (OLIVEIRA, 1998). Para SOUZA e GOMES, (2009), “A idade da mãe ao ter o filho constitui importante fator relacionado ao óbito infantil, sobretudo quando há precocidade. Existem evidências de bipolarização das chances de ocorrência do óbito para filhos de mães muito jovens (menos de 20 anos), em função de uma série de fatores comportamentais, socioeconômicos e biológicos”. Oliveira, & Freitas, et al ((2009) afirmam que: Há evidências de que gestantes adolescentes podem sofrer mais intercorrências médicas durante gravidez e mesmo após esse evento que gestantes de outras faixas etárias. Algumas complicações como tentativas de hipertensão, abortamento, (pré) anemia, eclampsia, desnutrição, desproporção sobrepeso, céfalo-pélvica, hipertensão e depressão pós-parto estão associadas à experiência de gravidez na adolescência. Há problemas quanto ao desenvolvimento do recém-nascido prematuro, por apresentar maiores riscos na adaptação à vida após o nascimento, pois seus órgãos estão imaturos e vulneráveis a doenças. O risco da gestação na adolescência ainda está associado à falta de interesse ao pré-natal por parte da adolescente. Ressalta-se que o pré-natal é uma proteção sobre a saúde da gestante e do recém-nascido, contribuindo para que haja um menor índice na mortalidade materna, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal (Gama e cols., 2002). As respostas das jovens mães às demandas de seus filhos tendem a ser além de suas necessidades somando as dificuldades, inseguranças e falta de habilidades para o exercício do papel materno, juntamente com o pouco conhecimento sobre o desenvolvimento infantil que as adolescentes possuem pode configurar um quadro de grande risco para o feto. 28 Segundo Silva e Salomão (2003). As transformações cognitivas e emocionais características pelas quais as adolescentes passam nesse período do desenvolvimento fazem com que as jovens apresentem mais dificuldades para desempenhar de maneira satisfatória o papel materno, uma vez que não dispõem, na maior parte das vezes, dos recursos psicológicos necessários para atender e tolerar as demandas frustrações da maternidade. 29 9. PERSPECTIVA DE VIDA PARA ESSA GESTANTE ADOLESCENTE Considera-se a gravidez na adolescência, um problema de saúde publica de ordem crescente no Brasil e no mundo. Quanto mais precoce for a gravidez nessa fase, mais prejudicado se tornará o futuro tanto para ela quanto para o bebê, diminuindo ou até mesmo eliminando por completo qualquer perspectiva de vida para mães e filhos, pois, na maioria das vezes esta jovem terá que abandonar os estudos que até então seria sua única prioridade para o momento, e quando se dá o retorno aos estudos, ele pode ser em menores proporções, tornando-se difícil sua profissionalização e o ingresso no grupo de população economicamente ativa, torna-se preocupante devido às repercussões psicossociais acarretadas pela gestação precoce. Agravando as condições de vida dessas pessoas já em situações economicamente desfavoráveis e assim perpetuando ainda mais a pobreza, exclusão social. Essa mãe na maioria dos casos terá de assumir a responsabilidade materna sozinha sem a companhia do pai da criança, que muitas vezes a abandona, não tem recursos e nem mesmo se preocupa em dar atenção necessária para esse fim. 30 10. POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICAS PARA PREVENÇÃO DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA É também tarefa do município, por meio de sua Secretaria de Saúde e Educação, propor ações que visem à melhoria deste quadro crítico. Ações preventivas, para a gravidez na adolescência, e também para doenças sexualmente transmissíveis, as (DSTs), devem ser inseridas em vários níveis da sociedade, tendo sob a responsabilidade vários setores. O papel do Estado é fundamental, principalmente no caso da gravidez na adolescência que, é relacionado por diversos pesquisadores como sendo em grande parte relacionada baixa escolaridade e à baixa renda. A gestação na adolescência é representada como um grande desafio para os profissionais da saúde, educação, governantes e a sociedade. Podendo acarretar sérias consequências. Por isso devem ser instituídos programas educativos para o esclarecimento sobre sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos, riscos pela não adesão ao pré-natal, específicos para essas adolescentes. Ao trabalhar com desenvolvimento das habilidades em saúde sexual e reprodutiva do adolescente, na perspectiva da promoção da saúde para a prevenção da gravidez precoce, se torna um desafio para a equipe de saúde da família, Sabe-se da grande importância da inclusão da família na proteção ao adolescente acerca da sexualidade, por isso, politicas de saúde publica vem sendo ampliada por decretos, leis e portarias que promovam a saúde, educação e o bem estar a esse grupo e que o serviço de saúde e a sociedade entendam o processo adolescer. Nesse entendimento, as ações devem estar voltadas ao desenvolvimento de habilidades, promovendo o exercício pleno da população juvenil, que necessita de uma atuação efetiva sendo esta de forma coletiva, buscando a transformação. É de fundamental importância intensificar as ações educativas, em particular, sobre a sexualidade e a prevenção da gravidez precoce, por meio de grupos de orientação ao adolescente, seja elas em conversações diretas com os jovens ou em comunidade, a fim de reduzir este fenômeno e em consequência, contribuir para a promoção da saúde sexual e reprodutiva do adolescente. Vale ressaltar que quanto maior for sua participação nesses 31 programas de saúde e orientação sexual, melhor será o resultado da adesão a métodos que protejam a gravidez precoce. 32 11. POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICAS PARA A GESTANTE ADOLESCENTE Também há o risco de que essa adolescente reincida, ou seja, repita outras vezes o mesmo fato, caso não seja bem acompanhada por uma equipe de saúde, escola e família. Percebe-se que a situação, em sua maioria é enfrentada com dificuldade mediante toda a problemática física e emocional de uma gestação na adolescência. Por isso há a preocupação em criar ações de saúde públicas para que esse número de jovens que engravidam precocemente em nossa área de abrangência venha a diminuir. Segundo TAKIUTI (1996), “as adolescentes devem ser amparadas por todas as pessoas que as cercam e também preparadas física e psicologicamente no pré-natal para o parto quanto para o puerpério e amamentação”. Para TAKIUTI (1996). “a adolescente grávida precisa de oportunidade para retomar e repensar seu papel social, de cidadã, de mulher, de mãe, desenvolvendo assim uma autoestima favorável para que dessa fase em diante possa obter maior equilíbrio, apoio e uma melhor perspectiva de futuro para sua vida e a de seu bebê”. CAMARGO et al., 2009 afirma que, “No entanto, torna-se necessário conhecer melhor o que os adolescentes pensam, sua realidade, mitos e tabus com respeito a sua sexualidade para que se possa abordá-la de modo a contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento sexual saudável”. Pensando em com reverter essa situação problemática em que essas jovens adolescentes se encontram, sabendo que em sua maioria tem pouca ou nenhuma experiência em gestação, que foi criado em nossa área de abrangência da Estratégia Saúde da Família, um grupo de orientação para que as mesmas possam expor suas dúvidas e anseios. Nesse grupo são discutidos vários assuntos relacionados a diversos temas que envolvem a gravidez, amamentação, e métodos contraceptivos para que essas meninas não venham 33 a engravidar novamente, aumentando ainda mais os riscos já existentes. Há vários profissionais envolvidos. Por meio de palestras educativas, proferidas pelo médico, dentista, nutricionista, ACSs e principalmente pelo enfermeiro da Unidade que é o idealizador da ação. Ainda há muito que fazer, mas o começo tem sido muito promissor, pois já incute nessas mulheres a importância da prevenção de doenças no puerpério, materno infantil e reincidência em outra gestação. 34 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dessa problemática se torna incontestável a instituição de programas. A proposta inicial e imediata é a criação de atividades que envolvam a educação sexual utilizando palestras educativas para orientar esse publico alvo. Muitas meninas padecem por constrangimentos e duvidas tanto na hora da prevenção quanto a hora de procurar ajuda da família e da equipe de saúde, pois, a sexualidade é considerada como um grande tabu entre uma sociedade carregada de preconceitos que estão ligados às suas culturas e o silêncio muitas vezes é seu mecanismo de defesa. A equipe de saúde da família junto com a escola e a educação precisa procurar sanar as duvidas que esses jovens venham ter sobre doenças e a gravidez precoce. A cooperação dos profissionais envolvidos na prevenção deste agravo é de grande importância para incutir no adolescente que a gravidez precoce traz sérias complicações, sendo estas em sua família, na escola e na sua vida profissional, enfim, em todos seus projetos, causando um comprometimento pessoal que durará para o resto de suas vidas. A parceria com outras entidades é de fundamental relevância para que a população se mantenha mais próxima dos jovens ajudando assim na divulgação e ampliação do acesso às informações promovendo campanhas que sensibilizem essa faixa etária, que a gravidez pode ser evitada sem que estes percam o prazer da vida. 35 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Nader, P.R.A.; Cosme, L.A. Parto prematuro de adolescentes: influência de fatores sociodemográficos e reprodutivos, Espírito Santo, 2007. Esc. Anna Nery vol.14 no. 2 Rio de Janeiro Abr./Jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452010000200018. Acesso em 20 mar.2012. Lima, L.C. Idade materna e mortalidade infantil: efeitos nulos, biológicos ou socioeconômicos? Rev. bras. estud. popul. vol.27 n.1 São Paulo Jan./June 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010230982010000100012. Acesso em 20 mar. 2012. Oliveira, E.F.V.; Gama, S.G.N.; Silva, C.M.F.P. 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