Universidade Federal da Bahia Instituto de Química Programa de Pós Graduação em Química ESTUDO QUÍMICO DO EXTRATO HEXÂNICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓLIGICA DOS EXTRATOS ORGÂNICOS DA PRÓPOLIS MARROM CLARA E ESCURA DA BAHIA DARLAN COUTINHO DOS SANTOS Salvador 2010 DARLAN COUTINHO DOS SANTOS ESTUDO QUÍMICO DO EXTRATO HEXÂNICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓLIGICA DOS EXTRATOS ORGÂNICOS DA PRÓPOLIS MARROM CLARA E ESCURA DA BAHIA Dissertação submetida ao colegiado do programa de pós graduação em Química da UFBA para obtenção do título de mestre em química orgânica ORIENTADOR: Prof. Dr. Jorge Maurício David Salvador 2010 Aos meus pais, Carlos e Margarida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por tudo. Aos meus pais, Carlos e Margarida, e minha irmã Michele por todo apoio. Ao Dr. Jorge David, pela orientação na elaboração desse trabalho. A Profa. Dra. Juceni Pereira David pelo apoio e concessão do seu laboratório para realização de diversos trabalhos experimentais. Ao Prof Dr. Edinildo Torres pela coleta do material. Aos professores do programa de pós graduação pelos valiosos ensinamentos. Aos funcionários do Instituto de química. Aos colegas de laboratório Charleston, Bruno,Clayton, Luciano, Jéferson, Érika, José Candido, Raul, Eliezer, Marcelo, Marcos Paraíba, Marcos Vinicius, Paty, Roberta, Manuela, Larissa, Bel e Marquinhos pela ótima convivência. Aos amigos Cristiano, Leôncio, Tico, Nai, Jr, Daniel, Rocha, Manu, Nana, Karem, Naty que sempre estiveram comigo. A minha madrinha Rose. A Cínara por todo apoio. A CNPq e Capes pelo apoio financeiro. SUMÁRIO Lista de Figuras .............................................................................................. vii Lista de Tabelas.............................................................................................. x Lista de Quadros ............................................................................................ xi Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos ....................................................... xii Resumo........................................................................................................... xiii Abstract...................................................................................................xiv 1.Introdução.........................................................................................................1 1.1Própolis.......................................................................................................1 1.2 Composição química da própolis...............................................................4 1.3Propriedades farmacológicas.....................................................................8 1.4 Própolis do Brasil........................................................................................10 2. Objetivos........................................................................................................17 3. Parte Experimental..............................................................................................18 3.1 Local..............................................................................................................18 3.2 Coleta do material.........................................................................................18 3.3 Preparo dos extratos.....................................................................................19 3.4 Separação e isolamento dos constituintes do extrato hexânico da própolis marrom clara (PHC)................................................................................................20 3.4.1 Purificação da fração PHC 4................................................................21 3.4.2 Purificação da fração PHC 6................................................................23 3.4.3 Purificação da fração PHC 7................................................................24 3.5 Análise dos extratos por cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa....................................................................................................................26 3.6 Avaliação da atividade antioxidante pelo método sequestrante de radical DPPH......................................................................................................................26 3.7 Bioensaio de letalidade dos extratos sobre Artemia salina...........................28 4. Resultados e discussão......................................................................................29 4.1Perfil cromatográfico e espectro na região do ultravioleta dos extratos orgânicos da própolis marrom clara e escura da Bahia submetidas à CLAE-DAD.29 4.2 Elucidação estrutural de PHC 4.4.12c............................................................35 4.3 Elucidação estrutural de PHC 6.4.3.1............................................................44 4.4 Elucidação estrutural de PHC 6.4.4...............................................................50 4.5 Elucidação estrutural de PHC 7.10 D.............................................................61 4.6 Avaliação da atividade antioxidante dos extratos da própolis marrom clara e escura da Bahia......................................................................................................65 4.7 Avaliação da atividade citotóxica dos extratos da própolis marrom clara e escura da Bahia.......................................................................................................67 5. Considerações finais...........................................................................................68 6. Referências bibliográficas...................................................................................69 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Flavonóides identificados na própolis..................................................7 Figura 2. Compostos fenólicos identificados em amostras de própolis..............7 Figura 3. Própolis verde do Brasil.....................................................................11 Figura 4.Estrutura da Aterpilina C....................................................................12 Figura 5. Própolis vermelha do Brasil...............................................................13 Figura 6. Estrutura da homopterocarpina e medicarpina..................................13 Figura 7. Substâncias de isoladas de amostras de própolis de Alto SantoCeará................................................................................................................ 15 Figura 8. Benzofenona prenilada identificada na própolis marrom da Bahia..................................................................................................................16 Figura 9. Representação esquemática do radical 1,1-difenil-2picrilhidrazila(púrpura) e do 1,1-difenil-2- picrilhidrazina...................................27 Figura 10. Perfil cromatográfico de PHC por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm......................................................................30 Figura 11. Espectro de UV do composto com tempo de retenção 24.9 minutos..............................................................................................................30 Figura 12. Perfil cromatográfico de PHE por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm......................................................................31 Figura 13. Espectro de UV do composto com tempo de retenção 25.1 minutos..............................................................................................................31 Figura 14. Perfil cromatográfico de PMC por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm......................................................................32 Figura 15. Espectro de UV de alguns compostos presentes em PMC.............32 Figura 16. Perfil cromatográfico de PME por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm......................................................................33 Figura 17. Espectro de UV de alguns compostos presentes em PME.............33 Figura 18. Espectro de RMN de 1H da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz)..................................................................................................................37 Figura 19. Ampliação(1) do espectro de RMN de 1H da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz)...............................................................................38 Figura 20. Ampliação (2) do espectro de RMN de 1H de PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz)...........................................................................................................38 Figura 21. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz)..................................................................................................................39 Figura 22. Ampliação(1) do espectro de RMN de 13 C da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz................................................................................39 Figura 23. Ampliação(2) do espectro de RMN de 13 C da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz)...............................................................................40 Figura 24. Espectro de RMN DEPT 135º da substância PHC 4.4.12C (CDCl3, 125 MHz)...........................................................................................................41 Figura 25. Ampliação do espectro de RMN DEPT 135º da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz)................................................................................41 Figura 26. Espectro de gHSQC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz)..................................................................................................................42 Figura 27. Espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz)..................................................................................................................43 Figura 28. Ampliação (1) do espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 ,500 MHz)..............................................................................................43 Figura 29. Ampliação (2) do espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12C(CDCl3 , 500 MHz).................................................................................44 Figura 30. Principais correlações observadas no espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12 (tautômero A)...............................................................44 Figura 31. Espectro de massas- APCI modo positivo de PHC 4.4.12C..........45 Figura 32. Estrutura da 7-epi-clusianona..........................................................48 Figura 33. Espectro de RMN de 1H da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3 , 300 MHz)..................................................................................................................50 Figura 34. Ampliação do espectro de RMN de 1H da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3 , 300 MHz).............................................................................................51 Figura 35. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3 , 75 MHz)..................................................................................................................52 Figura 36. Ampliação (1) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3, 75 MHz)....................................................................................52 Figura 37. Ampliação (2) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3, 75 MHz)....................................................................................53 Figura 38. Perfil cromatográfico da fração PHC 6.4.4 no cromatográfo Dionex equipado com detector de arranjo de diodo (DAD), com coluna analítica.........56 Figura 39. Espectro de massas da fração PHC 6.4.4 [M + H+].......................57 Figura 40. Espectro de RMN de 1H da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 300 MHz)..................................................................................................................57 Figura 41. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz)..................................................................................................................58 Figura 42. Ampliação (1) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz)...............................................................................................58 Figura 43. Ampliação (2) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz)...............................................................................................59 Figura 44. Ampliação(3) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz)...............................................................................................59 Figura 45. Espectro de RMN de 1H de PHC 7.10D (CDCl3 , 300 MHz)..................................................................................................................62 Figura 46. Ampliação do espectro de RMN de 1H de PHC 7.10D (CDCl3 , 300 MHz)..................................................................................................................63 Figura 47. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 7.10 D (CDCl3 , 75 MHz)..................................................................................................................63 Figura 48. Espectro no Infravermelho de PHC 7.10D (filme)...........................64 Figura 49. Porcentagem de atividade antioxidante dos extratos hexânicos e metanólicos da própolis e do padrão ácido gálico.............................................66 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Atividade antioxidante por seqüestro de radical DPPH do extrato etanólico de própolis e das substâncias 1,5-7...................................................15 Tabela 2. Massas dos extratos orgânicos das própolis clara e escura do Estado da Bahia.............................................................................................................20 Tabela 3. Frações obtidas da primeira coluna da fase hexânica.....................20 Tabela 4. Frações obtidas do fracionamento da amostra PHC 4......................21 Tabela 5. Frações obtidas do fracionamento da amostra PHC 4.4...................22 Tabela 6. Subfrações obtidas do fracionamento da amostra PHC 6................23 Tabela 7. Subfrações obtidas do fracionamento da amostra PHC 6.4.............24 Tabela 8. Subfrações obtidas do fracionamento da amostra PHC 7................25 Tabela 9. Dados espectroscópicos de gHSQC de PHC 4.4.12C tautômero A) (CDCl3 , 500 MHz) comparados com os valores da literatura...........................46 Tabela 10. . Dados espectroscópicos de RMN de 13C de PHC 4.4.12C (tautômero B) (CDCl3 , 125 MHz) comparados com os valores da literatura.............................................................................................................47 Tabela 11. Dados do espectro de RMN de 13C (CDCl3 , 75 MHz) de PHC 6.4.3.1 e valores da literatura............................................................................54 Tabela 12. Dados do espectro de RMN de 13C (CDCl3, 75 MHz) de PHC 6.4.4 e valores da literatura.......................................................................60 Tabela 13. Dados do espectro de RMN de 1H e 13C (CDCl3 , 75 MHz)de PHC 7.10D e valores da literatura............................................................................64 Tabela 14. valores de IC50 para os extratos hexânicos e metanólicos da própolis clara e escura da Bahia........................................................................66 Tabela 15. Resultado dos testes de toxicidade sobre Artemia Salina, relativo aos extratos da própolis marrom clara e escura da Bahia.................................67 LISTA DE QUADROS Quadro 01. Relação de algumas propriedades biológicas da própolis em ordem cronológica...............................................................................................3 Quadro 02. Classificação das própolis Brasileiras............................................10 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AcOEt- Acetato de etila CC- Cromatografia em coluna CCDC- Cromatografia em camada delgada comparativa CCDP- Cromatografia em camada delgada preparativa DEPT- Distortionless enhancement polarization transference HMQC- Heteronuclear multiple quantum coherence HMBC- Heteronuclear multi bond correlaction IV- Infravermelho J- constante de acoplamento MeOH- metanol MHz- megahertz PHC- Própolis hexânico claro PHE-Própolis hexânico escuro PCC- Própolis clorofórmico claro PCE- Própolis clorofórmico escuro PMC- Própolis metanólico claro PME- Própolis metanólico escuro RMN- Ressonância magnética nuclear RMN- 1H Ressonância magnética nuclear de hidrogênio RMN- 13C Ressonância magnética nuclear de carbono UV- Ultravioleta CLAE- Fr Cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa EM- Espectrometria de massas Hex- hexano RESUMO Própolis é uma mistura complexa, formada basicamente por secreções salivares das abelhas e por um material resinoso e balsâmico coletado por elas dos ramos, flores, pólen, brotos e exsudados de árvores, à qual têm sido atribuídas propriedades antimicrobiana, antioxidante, antiinflamatória, antiviral entre outras. Sua composição varia com a flora da região e época da colheita. Este trabalho descreve o perfil cromatográfico dos extratos hexânicos e metanólicos da própolis da Bahia obtidos por maceração, bem como o isolamento e a elucidação estrutural de algumas substâncias presentes na fase hexânica da própolis marrom clara, e avaliação da atividade antioxidante e citotóxica dos extratos. Utilizando-se métodos cromatográficos usuais (CC, CCDC e CCDP) foram isolados do extrato hexânico o trans cinamato de metila, o cinamato de sitosterila que tem seu primeiro relato na própolis, além de duas benzofenonas a hyperibona A e a clusianona, esta última também identificada pela primeira vez na própolis. As estruturas das substâncias isoladas foram elucidadas através da análise dos dados obtidos pelos espectros no IV, de RMN de 1H, 13 C, DEPT, além de técnicas bidimensionais (COSY, HMBC e HMQC). Os testes de atividade antioxidante in vitro utilizando a metodologia do seqüestro do radical estável DPPH, demostraram que os extratos apresentaram moderada atividade antioxidante quando comparados com o padrão ácido gálico. Nos ensaios de atividade citotóxica frente Artemia salina os extratos apresentaram CL50 < 145 ug/mL podendo ser um indicativo de atividade antitumoral. Palavras- chave: Própolis da Bahia, benzofenonas, atividade antioxidante, atividade citotóxica. ABSTRACT Propolis is a complex mixture, constituted by salivary secretions of bees and a balsamic and resinous material collected by them of the branches, flowers, pollen, buds and exudates of trees. It is known for its antimicrobial, antioxidant, anti-inflammatory and antiviral properties, among others. Its composition varies with flora of the region and the harvest time. This study describes the chromatographic profile of hexane and methanol extracts of Bahia´s propolis which are obtained by maceration. The hexane extract was also submitted to different chromatographic procedures and the isolates were submitted to an evaluation of the antioxidant and cytotoxic activities. From these procedures were isolated trans methyl cinnamate, sitosteril cinnamate which is the first report of occurrence in própolis. Besides it was also isolated two benzophenones hyperibone A and clusianone. This is also the first report for this compound in própolis. The structures of the isolated compounds were elucidated by IR, 1H and 13C NMR, DEPTand bidimensional techniques (COSY, HMBC and HMQC) data analysis. Tests for antioxidant activity in vitro using the methodology of the DPPH demonstrated that extracts showed moderate activity compared with the standard gallic acid. In the testing cytotoxic activity against artemia salina extracts showed LC50 < 145 ug/mL may be indicative of antitumor activity. Keywords: Bahia propolis, benzophenones, antioxidant activity, cytotoxic activity. 1. Introdução 1.1 Própolis A palavra própolis deriva do grego e significa pro “em defesa de”, polis “cidade”, ou seja, em defesa da cidade ou, no caso da colméia. A própolis é utilizada pelas abelhas para proteger a colméia contra agentes invasores, embalsamar pequenos animais mortos que não puderam ser retirados da colméia e contra os ventos frios, a fim de manter uma temperatura adequada no interior da colméia (MARCCUCI, 1996). É um material resinoso e balsâmico produzido pelas abelhas a partir da mistura de secreções salivares, enzimas e diversas substâncias coletadas de diferentes partes das plantas como brotos, botões florais e exsudados resinosos (GHISALBERT, 1979). A composição química da própolis depende de diversos fatores tais como: ecologia da flora, período de coleta da resina, clima, variabilidade genética das abelhas rainhas, sendo assim algumas substâncias estão presentes em todos os tipos de própolis, porém outras substâncias são características de própolis derivadas de espécies particulares de plantas. A composição química da própolis inclui flavonóides (como a galangina, quercetina, pinocembrina e kaempferol), ácidos aromáticos e ésteres, aldeídos e cetonas, terpenóides e fenilpropanóides (como os ácidos caféico e clorogênico), esteróides, aminoácidos, polissacarídeos, hidrocarbonetos, ácidos graxos além de vários outros compostos ocorrendo em pequenas quantidades. Há também na sua constituição presença de elementos inorgânicos tais como o cobre, manganês, ferro, cálcio, alumínio, vanádio e silício. Dentre as substâncias da própolis, os flavonóides, por apresentarem atividades antioxidante, antiviral e antibacteriana, vêm recebendo uma atenção especial dos pesquisadores (LUSTOSA et al., 2008). A própolis brasileira é a única que apresenta composição química bastante diversificada devido à grande biodiversidade das regiões. Existem relatos na literatura afirmando que a própolis apresenta diferentes atividades biológicas tais como: antioxidante, antitumoral, antiúlcera, antiinflamatória e portanto vem sendo utilizada há milhares de anos pelo homem. Além destas atividades, é utilizada também, contra infecções do trato respiratório e para tratamentos de infecções bacterianas e fúngicas (SOUZA et al., 2007). Na África do Sul, na guerra dos Bôeres ao final do século XIX, foi bastante utilizada devido às suas propriedades cicatrizantes. Na antiguidade, por apresentar propriedades anti-putrefativas a própolis era utilizada pelos egípcios para embalsamar cadáveres, além disso, suas propriedades medicinais foram reconhecidas por médicos gregos e romanos como Aristóteles, Dioscorides, Plínio e Galeno (Capasso & Castaldo, 2002). Por apresentar características de panacéia (quadro 1) e devido ao seu valor agregado fora do Brasil, principalmente no Japão onde um frasco de extrato alcoólico da própolis pode chegar a custar 150 dólares, o interesse global pela própolis vem aumentando, porém de certa maneira essas características também atrapalham sua aceitação, pois alguns médicos e profissionais da área tendem a desconfiar de sua eficácia devido a lhe serem atribuídas dezenas de atividades biológicas simultaneamente (PEREIRA et al.,2001). Durante a segunda guerra mundial foi empregada em diversas clínicas russas, também foi bastante utilizada na antiga URSS na medicina humana e veterinária no tratamento da tuberculose, observando-se uma regressão dos problemas pulmonares e recuperação do apetite (PEREIRA et al., 2001). A coloração da própolis varia de acordo com a região de colheita, seu odor é característico e variável, porém algumas amostras não possuem nenhum odor, seu ponto de fusão é variável estando na faixa de 60-70°C sendo que em alguns casos seu ponto de fusão pode chegar até 100°C. É uma substância dura em 15°C, tornando-se maleável em torno de 30°C (MARCUCCI, 1996). A própolis apresenta grande importância medicinal e econômica, sendo comercializada em várias preparações farmacêuticas e cosméticas, tais como: comprimidos, pastilhas, dentifrícios, loções, cremes faciais, tinturas, pomadas, etc. (BANKOVA et al., 2000). Quadro1. Relação de algumas propriedades “biológicas” da própolis em ordem cronológica. Data País Propriedade farmacológica 1957 URSS Uso como anestésico 1967 Romênia Uso no tratamento dermatológico, ação antifúngica. 1968 e URSS Uso no tratamento de úlceras (em ratos). Polônia Estudo das propriedades bactericidas 1981 1968 (gênerocândida) 1976 Alemanha Antifúngicas (ex.: Scopulariopsis brevicaulis) Polônia Antiprotozoários. 1981 URSS Antibióticos(Staphylococus aureus) 1983 Ioguslávia Atividade citotóxica in vitro de EEP (de 1976 e 1977 células HeLa, carcinoma cervical humano) 1984 Brasil Antimicrobiano 1985 Iugoslávia Inibidor de Bacilus subtilis 1986 Tchecoslováquia Inibidor de RNA polimerase de Escherichia. 1989 Polônia Antitumoral (carcinoma de Ehrlich) 1990 Itália Inibição de vários vírus (Herpes) 1992 Bulgária Inibição do vírus Influenza A 1993 EUA Antitumoral (testado em ratos e bovinos) 1993, Japão Citotoxicidade da própolis brasileira Brasil Atividade contra Trypanosoma Cruzy Eslováquia Antimutagênico 1995 e 1998 1994 e 1995 1998 PEREIRA et al.,2001 1.2 Composição química da própolis Apesar de possuir estudos escassos sobre a composição química de própolis brasileiras, existem vários estudos realizados em outros países sobre o tema. As características fitogeográficas existentes ao redor da colméia é um dos principais fatores que determina a composição química da própolis (KUMAZAWA et al., 2004). Entretanto a composição química da própolis também pode variar sazonalmente em uma mesma localidade (SFORCIN et al. 2000). Variações na composição química foram observadas entre amostras de própolis coletadas em uma mesma região, por diferentes raças de A. mellifera (SILICI & KUTLUCA, 2005). Como conseqüência desta composição química diferenciada da própolis, ocorre também uma variação nas suas atividades farmacológicas (MENEZES, 2005). Os principais compostos químicos isolados da própolis até o momento podem ser organizados em alguns grupos principais como (ALDEMANN, 2005): a) hidrocarbonetos superiores; b) álcoois (cinâmicos, fenetílico, prenílico, isobutenol, benzílico); c) ácidos alifáticos (acético, angélico, butírico, fumárico, isobutírico, metilbutírico) e ésteres derivados (acetatos de isobutila, isopentilia e isopentenila) d) ácidos aromáticos (benzóico, caféico, cinâmico, cumáricos (orto, meta e para) ferúlico, gálico, salicílico, 3,4 dimetoxicinâmico, gentísico, hidroxinâmico, isoferúlico, vanílico) e ésteres aromáticos derivados (acetato de benzila, benzoato de benzila, cafeato de benzila, cumarato de benzila, cafeato de fenil etila, ferulato de prenila, salicilato de benzila, cafeato de butenila, cafeato de butila, cafeato de cinamila, cafeato de butila, benzoato de etila, benzoato de metila, salicilato de metila; ésteres do ácido caféico com álcoois graxos de cadeia longa- dodecanol, tetradecanol, hexadecanol); e) ácidos graxos superiores típicos de cera (araquídico, behênico, cerótico, lignocérico) e usuais (palmítico, oléico, láurico, mirístico) e seus ésteres (hexacosilhexadecanoato); f) aldeídos (benzaldeído, aldeído caprótico, vanilina, isovanilina, p- hidroxibenzaldeído); g) cetonas (acetofenonas e seus derivados); h) flavonas e flavonóis (acacetina, apigenina, apigenina-7- metil éster, crisina, galanina, galanina-3- metil éster, quercetina, canferol, tectocrisina, canferid; 3,7,4’,5’ tetrametil éter da quercetina); i) flavononas (narigenina, pinobanksina, pinobanksina-3- acetato, pinobanksina3- butirato, pinobanksina-3- metil éter, pinocembrina, pinostrobina); j) chalconas e dihidrochalconas (de alpinetina, narigenina, pinobanksina, pinobanksina-3- acetato, pinocembrina, pinostrobina); l) terpenóides (farnesol, geraniol, cimeno, limoneno, estireno, naftaleno, βbisabolol, 1,8-cineol, derivados de clerodane, derivados do labdane, β-amirina, sequisterpenóides, ledol spatulenol, germacreno); m) esteróides (acetatos de estigmasterol e calinasterol); n) aminoácidos (alanina, β- alanina, ácido α-aminobutírico, ácido –δaminobutírico, arginina, asparaginina, ácido aspártico, cistina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, hidroxiprolina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, ornitina, fenilalanina, prolina, ácido piroglutâmico, sarcosina, triptofano, valina, serina, treonina, tirosina); o) açúcares (d-ribofuranose, d-frutose, d-glucitol, d-glucose, talose, sacarose, xilitol, xilose, galactose, manose, ácido galacturônico, lactose, maltose, melibiose, eritritol, inositol); p) lignanas (sesamina, aschantina, sesartenina, dihidrobenzofurano); q) vitaminas (A, B1, B2, B6, C e E); r) minerais ( sódio, potássio, magnésio, bário, estrôncio, Cádmio, chumbo, cobre, manganês, ferro, cálcio, vanádio, silício, alumínio, níquel, zinco, cromo, titânio, prata, molibdênio, cobalto). Os flavonóides são compostos fenólicos que compreendem um amplo grupo de substâncias naturais e que não são biosintetizados pelos animais (BEECHER 2003; MANACH et al., 2004). Cerca de 4000 flavonóides já foram descritos, entre eles, apigenina, quercetina, hesperetina, rutina, luteolina, genisteina, daidzeina, autocianidina, kanferol, que são os mais comuns. A presença e a concentração desses compostos são utilizadas como índice de qualificação de amostras de própolis (LU et al., 2004). A importância para o homem destes compostos se deve ao fato de que, uma dieta a base de flavonóides interfere em diversos processos fisiológicos, auxiliando na absorção e na ação de vitaminas, atuando nos processos de cicatrização como oxidantes, além de apresentarem atividade moduladora do sistema imune (WILLIAMS et al., 2004). Como exemplo da composição flavonoídica da própolis, foi desenvolvido um método, utilizando a técnica cromatográfica HPLC-ESI/MS para analisar os extratos etanólicos de amostras de própolis da Argentina, Itália e Espanha. Este procedimento permitiu identificar a presença de diversos flavonóides (figura 1) (VOLPI & BERGONZINI, 2006). Figura 1. Acacetina (1), Apigenina (2), Crisina (3), Galangina (4), Genisteína (5), Kaempferol (6), Narinenina (7), Pinocembrina (8). Outras classes comumente encontradas na composição química da própolis obtidos em outros países são os ácidos fenólicos e seus ésteres, na maioria derivados de ácido benzóico. A figura 2 mostra alguns compostos fenólicos derivados de produtos apícolas (MARCUCCI,1998). Figura 2. Compostos fenólicos identificados em amostras de própolis. 1.3 Propriedades farmacológicas As causas dos processos inflamatórios são variadas e estão associadas a diversas doenças. Em trabalhos realizados com camundongos e coelhos tem sido constatada uma atividade antiinflamatória de soluções hidroalcoólicas da própolis, tanto em aplicações tópicas, bem como através de injeção ou mesmo via oral. Detalhes desses estudos podem ser encontrados em IVANOVSKA et al., (1995), PARK et al., (1996), LEDON et al., (1997), MENEZES et al., (1999), OZTURK et al (2000). A atividade antiinflamatória da própolis foi atribuída a alguns compostos como ácido cafeico, quercetina, narigenina e o éster fenetílico do ácido cafeico. Essa atividade seria resultante da supressão da síntese de prostaglandinas e de leucotrienos pelos macrófagos ( BORRELLI et al., 2002). Outros compostos também apresentam atividade antiinflamatória e já foram encontrados na própolis como ácido salicílico, apigenina, ácido felúrico e galanina (KROL et al., 1996). A atividade farmacológica mais popularmente conhecida e comprovada cientificamente é a capacidade da própolis em inibir o crescimento de microorganismos (MENEZES, 2005). As amostras de própolis oriundas da Europa no que diz respeito à atividade antimicrobiana apresentam características similares a amostras de própolis brasileiras (POPOVA et al., 2004). Ensaios de antibiose com a própolis, frente a 10 bactérias Grampositivas e 20 Gram-negativas, constataram que a atividades antibacteriana da própolis é mais efetiva sobre a Gram-positivas (ANTUNES et al., 1996). Poucos estudos constataram a inibição da levedura Candida Albicans em cultura pela própolis (SOSA et al., 1997 & HEGAZI et al., 2000). Alguns autores como OHSUGI et al., (1997), HASHIMOTO et al ., (1998), BANSKOTA et al., (2000) e BOYANOVA et al., (2005), observaram a inibição do crescimento de Helicobacter pylori. Desta forma, a inibição de úlceras gástricas através da ingestão de própolis, possivelmente está relacionada com a atividade anti-helicobacter, pois a ação desta bactéria está relacionada com estas úlceras. Atividade antiprotista também foi observada em camundongos infectados com Trypanosoma Cruzi (CASTRO & HIGASHI, 1995). A inibição de vírus da gripe em aves utilizando a própolis em testes in vitro foi relatada por KUJUMGIEV et al., (1999). HARISCH et al., (1997) também descreveram atividade inibitória da própolis sobre replicação do vírus HIV-1 em culturas celulares de linfócitos CD4. A constante busca de novos fármacos para o controle e o combate a diversos tipos de neoplasias tem levado pesquisadores a isolar compostos contidos em diversas amostras de própolis de diversas regiões (BURDOCK, 1998). Diversos compostos isolados em amostras de própolis oriunda de diferentes regiões apresentaram atividade inibitória no crescimento de diversos tumores. Um diterpeno (PMS-1) isolado da própolis brasileira apresentou atividade inibitória frente ao hepatocarcinoma humano (MATSUNO, 1995). Segundo MITAMURA et al., (1996) o efeito dessa atividade do PMS-1 sobre o tumor de pele está relacionado com a inibição da síntese de DNA destas células. A crisina, per tencente a classe das flavonas, também isolada de amostras de própolis oriunda da Europa mostrou-se efetiva em inibir o crescimento de cultura da linhagem de glioma C6 de rato; as células mantiveram-se estacionárias na fase G1 do ciclo celular (WENG et al., 2005). Diversos compostos hidrossolúveis da própolis que, atuando sinergisticamente, aumentaram a atividade de drogas tumoricidas, inibindo assim o desenvolvimento de tumores acíticos de Ehrlich (SUZUKI et al., 1996). Doenças cardiovasculares, doenças reumáticas, doenças neurológicas, doenças psiquiátricas, envelhecimento precoce, neoplasias, osteoporose, diabetes e inflamação estão relacionadas com aumentos nos níveis de radicais livres em nosso organismo (DEVASAGAYAN et al., 2004). A própolis apresenta uma gama de compostos, incluindo os polifenóis, com capacidade de remover os radicais livres em excesso que são responsáveis por essas patologias citadas anteriormente (MARQUELE et al., 2005). 1.4 Própolis do Brasil De acordo com sua composição química e suas características físico químicas existe uma classificação da própolis brasileira em 12 tipos sendo cinco encontrada na região sul, seis na região nordeste e uma na região sudeste e centro-oeste do país (PARK et al.,2000) (quadro 2), apresentando uma composição química bastante diferente. Recentemente, um novo tipo de própolis brasileira foi classificada como o 13° tipo, a própolis vermelha oriunda da região do estado de Alagoas, que apresenta diversas atividades biológicas e apresenta uma coloração vermelha intensa ( CABRAL et al., 2009). Quadro 2. Classificação das própolis brasileiras. Extrato etanólico de própolis Grupos Cor Origem da própolis 1 Rio Grande do Sul Amarelo Sul 2 Rio Grande do Sul Castanho claro Sul 3 Paraná Castanho escuro Sul 4 Paraná Castanho claro Sul 5 Paraná Marrom esverdeado Sul 6 Bahia Marrom avermelhado Nordeste 7 Bahia Marrom esverdeado Nordeste 8 Pernambuco Castanho escuro Nordeste 9 Pernambuco Amarelo Nordeste 10 Ceará Amarelo escuro Nordeste 11 Piauí Amarelo Nordeste 12 São Paulo Verde ou Marrom Sudeste esver esverdeado A própolis verde (figura 3) oriunda da região central do Brasil é produzida pelas abelhas do tipo Apis mellifera, sua cor característica é devida à espécie tipicamente brasileira Baccharis dracunculifolia, conhecida na medicina popular como alecrim do campo que é a principal fonte de coleta das abelhas para produção da própolis verde (Park et al., 2004). Figura 3. Própolis verde do Brasil. Fonte : http://2.bp.blogspot.com/_TFaflqw9q0/SUe9MBhwXbI/AAAAAAAAMo8/VdGNZItNIec/s400/clip_raw_propolis.JP G(acessado em 10/11/2009) Diante de todos os tipos de própolis encontrados no Brasil, a própolis verde ganhou a preferência do mercado mundial, é amplamente consumida no Japão como suplemento alimentar na profilaxia de doenças devido as suas ótimas características organolépticas e também em razão do menor teor de poluentes ambientais (SOUZA et al., 2007). Sua coloração varia do amarelo esverdeado ao verde intenso, por ser dura, é facilmente transformada em pó por moagem mecânica. A composição química da própolis verde é bastante diversificada onde predominam os derivados do ácido cinâmico. Outras classes de substâncias que são encontradas na própolis verde são os monos e sequisterpenos que são responsáveis pelo odor característico e pela atividade antimicrobiana reportada à própolis. Apesar de não ser maioria, alguns flavonóides foram detectados que devem ser os principais responsáveis pela atividade antioxidante da própolis, ésteres de cadeia longa e alguns triterpenos também foram encontrados em algumas amostras da própolis verde (SALATINO et al., 2005). Segundo Paulino e cols 2008 o 4- hidroxi-3,5 diprenil ácido cinâmico (artepilina C) (figura 4) é a substância mais abundante na própolis verde, sua coleta é feita pelas abelhas a partir dos exsudatos da espécie Baccharis dracunculifolia. Figura 4. Artepilina C Um trabalho publicado recentemente no periódico Journal of Ethnopharmacology reporta que os compostos fenólicos encontrados na própolis verde são responsáveis pela atividade antiúlcera. Os resultados obtidos revelaram que os ácidos caféico, cinâmico, p- cumárico e ferúlico apresentaram uma diminuição de cerca de 50% na área lesionada em modelo experimental de ulcera em ratos (BARROS et al., 2008). A morte de células ganglionares da retina é uma característica comum de muitas doenças oftalmológicas como glaucoma, neuropatias ópticas e varias doenças retinovascular. Apesar de já existirem tratamentos a busca de novos medicamentos é constante. Em estudos preliminares, a própolis verde apresentou resultados promissores no tratamento contra danos à retina, uma vez que o extrato de própolis verde teve efeito neuroprotetor contra danos em células in vitro. Os componentes comuns tais como; 3,4 di-O-ácido cafeoilquínicos, 3,5-di-O-ácido cafeoilquínicos e ácido p-cumárico são os responsáveis pela atividade apresentada (INOKUCHI et al., 2006). Recentemente um novo tipo de própolis proveniente da região de mangue do Estado de Alagoas teve sua origem botânica identificada como Dalbergia ecastophyllum, uma espécie de leguminosa. Esta própolis é denominada “própolis vermelha” (figura 5) devido a sua coloração vermelha intensa, e já foram reportadas para esse tipo de própolis diversas atividades biológicas em testes in vitro (CABRAL et al.,2009). Figura 5. Própolis vermelha do Brasil. Fonte: www.agricultura.al.gov.br (acessado em 15/12/2009). Da própolis vermelha já foram isolados e identificados diversos compostos tais como: ácido butanodióico, m- guaiacol, metileugenol, metil oorselinato de metila, metoxieugenol, ácido hexadecanóico, 7,4 dihidroxiisoflavona, 2,4,6 trimetilfenol, entre outros, sendo que substâncias como medicarpina e homopterocarpina (figura 6) jamais tinham sido identificadas em amostras de própolis (ALENCAR et al.,2007). A B Figura 6. Homopterocarpina(a) e medicarpina(b). Células humanas de câncer de pâncreas são conhecidas por apresentarem tolerância acentuada a falta de nutrientes, por esta razão, estas células sobrevivem por um longo período de tempo sob condições carentes de nutrientes. Atualmente a cirurgia é a única modalidade que oferece qualquer perspectiva de cura. Portanto, há uma necessidade urgente de buscar fármacos capazes de combater essas células cancerígenas. O extrato metanólico da própolis vermelha coletada no Estado da Paraíba apresentou 100% de citotoxicidade contra células humanas de câncer de pâncreas, essa ótima atividade pode está associada à substância 3,8 hidroxi-9- metoxiprotecarpana que foi identificada na própolis (AWALE et al., 2008). Segundo (Torres et al.,2008) pesquisas mostraram que as própolis do Brasil mais estudadas são a própolis vermelha e a própolis verde, embora existem alguns relatos na literatura de estudos de outros tipos de própolis. O estado do Piauí é um dos maiores produtores de mel do Brasil, sua localização geográfica o torna ímpar no que refere à ocorrência de formações vegetais específicas (cerrado, caatinga e matas de cocais) e áreas de ecotonos. Utilizando a microidrodestilação como técnica de extração e a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas como técnica de identificação foi possível investigar a fração volátil do óleo essencial de amostras de própolis piauiense. Diante dos resultados obtidos, onde cinco amostras de própolis de diferentes regiões foram analisadas, todas elas apresentaram diferenças no que se refere à composição química de suas frações voláteis. Dependendo da região de coleta houve predominância de mono ou de sesquiterpenos. Quando comparou-se os constituintes das amostras com predominância de uma determinada classe de terpenos, observou-se que em geral, ocorrem variações qualitativas na sua composição. Assim, estes dados indicam que inviabiliade no estabelecimento de um perfil químico característico para as amostras de própolis piauiense. Deve-se destacar que,a presença desses compostos voláteis, mesmos em baixas concentrações, são indicativo de atividade antimicrobiana. Recentemente a composição química da própolis do Ceará foi investigada, a amostra de própolis utilizada para investigação foi coletada no município de Alto Santo-Ceará, onde a vegetação predominante é a “caatinga”. Foram isoladas e identificadas sete substâncias do extrato etanólico (figura 7), com predominância dos triterpenos e flavonóides: ácido canárico (1), lupeol (2), lupenona (3), germanicona (4), quercetina (5), canferol (6) e acacetina (7). O extrato etanólico de própolis e as setes substâncias isoladas foram submetidas a testes de atividade antioxidante utilizando-se o método de seqüestro de radicais DPPH (tabela 1), através dessa metodologia observou-se atividade antioxidante significativa para os flavonóides quercetina 5, canferol 6 e acacetina 7. Como esperado os flavonóides com maior número de hidroxila como a quercetina e o canferol apresentaram maior percentagem de inibição (ALBUQUERQUE et al., 2007). Tabela 1. Atividade antioxidante por seqüestro de radical DPPH do extrato etanólico de própolis e das substâncias 1,5-7. Substâncias Concentração (mg/ml) 1,00 0,05 0,025 % Extrato 66 50 45 1 26 25 22 5 70 70 70 6 68 60 59 7 53 29 19 BHT 100 98 97 Trolox 100 95 90 (ALBUQUERQUE et al., 2007) Figura 7. Substâncias de 1-7 isoladas de amostras de própolis de Alto Santo-Ceará. Assim, a composição química da própolis comparada com a provável fonte vegetal pode ser considerada como o melhor indicador de sua origem botânica. Com o objetivo de caracterizar quimicamente a própolis da região Sul do Brasil os pesquisadores (PARK et al., 2002) investigaram a origem botânica da própolis. As amostras de própolis foram coletas nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Realizaram-se análises utilizando as técnicas cromatográficas CG-EM e CCDAE-FR e foi possível identificar cinco tipos diferentes de própolis na região Sul. Existem poucos estudos sobre a atividade biológica da própolis marrom da Bahia e apenas um relato sobre estudo químico, as atividades biológicas decritas para a própolis do estado foram as atividades antioxidante (PARK, et al.,2000) e antimicrobiana (CASTRO et al. 2009). A atividade antimicrobiana possivelmente está relacionada com a presença de ácidos graxos e seus derivados. Um estudo recente da fase hexânica da própolis oriunda do Estado da Bahia relatou identificação de uma substância com ótima atividade bacteriana pertencente à classe das benzofenonas preniladas, conhecida como a hyperibona A (figura 8) (CASTRO et al.,2009). Assim, torna-se pertinente a investigação minuciosa da composição química e avaliação da atividade biológica da própolis da Bahia, visto que o consumo da própolis é bem estabelecido e estimulado. Figura 8. Benzofenona prenilada identificada da própolis marrom da Bahia. 2. Objetivos Isolar os constituintes químicos presentes no extrato hexânico da própolis marrom clara da Bahia; Identificar as substâncias isoladas através das técnicas analíticas como: CLAE/ MS, Espectroscopia no Infravermelho e RMN; Traçar o perfil cromatográfico dos extratos orgânicos da própolis marrom clara e escura da Bahia; Avaliar a atividade antioxidante in vitro dos extratos pelo método de seqüestro do radical livre estável DPPH; Avaliar atividade citotóxica dos extratos através do bioensaio de letalidade sobre Artemia salina. 3. Parte experimental 3.1 Local O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Produtos Naturais (GPPN) situado no Departamento de Química Orgânica do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia com apoio do Laboratório de produtos Naturais(LPPN) localizado na faculdade de Farmácia. 3.2 Coleta do material As amostras de própolis marrom clara e escura (tipo 6) foram obtidas no município de Entre Rios, na apícola localizada na fazenda experimental Naturapi pelo professor Dr. Ednildo Andrade Torres da Universidade Federal da Bahia. Na preparação dos extratos, na solubilização das amostras e nas eluições em CCDC, CCDP e CC foram utilizados solventes como: hexano, acetato de etila, clorofórmio, metanol diclorometano todos de grau analítico da Quimex e Quemis. Nos procedimentos cromatográficos em coluna foram utilizados como fase estacionária os adsorventes gel de sílica 60 da Akros com diâmetro de partícula entre 0,063-0,200 nm e sílica Flash com diâmetro de partícula entre 0,040-0,063 mm da Acros Co. Nas cromatografias em camada delgada preparativa foram preparadas placas utilizando-se suspensão de gel de sílica (Sílica gel 60 PF254 MERCK) em água destilada e espalhadores (Espalhador Quickfit e Desaga Heidelberg), ajustados para 1,0 mm de espessura, posteriormente essas placas ficaram expostas 24 horas para secagem a temperatura ambiente e foram ativadas durante 1 hora a temperatura de 100 °c. Nos procedimentos de cromatografia em camada delgada comparativa foram utilizadas placas pré-preparadas de gel de sílica 60 F254 de procedência Merck. Para a revelação das cromatoplacas foram utilizados reagente spray Libermann - Buchard, luz UV (254/366 nm) e/ou vapores de iodo.Para o preparo do reagente utilizou-se um béquer arrefecido e mediu-se 60 ml de anidrido acético, em seguida adicionou-se gota a gota com agitação constante, 10 ml de ácido sulfúrico concentrado. Posteriormente adicionou-se 30 ml de ácido acético glacial, seguido de 0,6 g de sulfato de sódio anidro. Para evaporação dos solventes orgânicos utilizou-se o rotaevaporador da marca BUCHI 461. Os espectros no infravermelho foram obtidos em espectrofotômetro ABB BOMEM SÉRIE MB e os espectros de RMN 1H, 13 C, DEPT, HMBC e HMQC foram registrados em espectrômetro de RMN Varian. GEMINI 2000 (7,00 Tesla), operando a 300 MHz (1H) e 75 MHz (13C), utilizando-se CDCl3, como solvente. Para obtenção dos cromatogramas utilizou-se um cromatógrafo a líquidos da VARIAN POLARIS modelo 320. Os espectros de massas de baixa resolução foram registrados em um equipamento SHIMADZU LCMS -2010. 3.3 Preparo dos extratos Amostras de própolis marrom clara (141,18 g) e de própolis marrom escura (142,30 g) foram submetidas à extração através de maceração onde o hexano foi utilizado como líquido extrator. O procedimento foi realizado por três vezes consecutivas, cada uma em torno de 48h cada, e o filtrado obtido em cada etapa foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, obtendo-se assim os extratos hexânicos da própolis marrom clara e escura (Tabela 2). As tortas obtida após extração com hexano foram posteriormente submetidas à maceração em MeOH, três extrações, com cerca de 48 h cada, e o filtrado obtido em cada etapa foi reunido e concentrado sob pressão reduzida, originando os extratos metanólicos da própolis marrom clara e escura (Tabela 2). Os extratos metanólicos da própolis marrom clara e da própolis escura foram dissolvidos em MeOH/H2O (7/3) e particionados com clorofórmio, dando origem a duas fases, clorofórmica (fase clorofórmica) e a hidrometanólica. Para obtenção da fase acetato de etilia tanto a fração da própolis marrom clara e escura hidrometanólica foram concentradas a pressão reduzida para eliminação do metanol, as fases aquosas da própolis marrom clara e escura foram submetidas à partição com acetato de etila originando as fases AcOEt e aquosa. Em seguida as fases obtidas foram concentradas, pesadas e identificadas de acordo com a Tabela 2. Tabela 2. Massas dos extratos orgânicos das própolis clara e escura do Estado da Bahia Extratos Massa (g) Própolis marrom clara-hexânico Rendimento (%) 34,91 24,72 34,90 24,52 (PHC) Própolis marrom escurahexânico (PHE) Própolis marrom clara- 53,22 37,69 26,82 20,25 clorofórmico (PCC) Própolis marrom escuraclorofórmico (PCE) 3.4 Separação e isolamento dos constituintes do extrato hexânico da própolis marrom clara (PHC) O extrato hexânico (PHC) foi submetido a fracionamento por CC de sílica gel 600 (0,063-0,200 mm da Merck) utilizando-se inicialmente hexano como fase móvel e em seguida misturas de hex/AcOEt em gradiente de polaridade. Foram obtidas 38 frações de 50 mL cada que foram agrupadas após análise em CCDC (tabela 3) Tabela 3. Frações obtidas da primeira coluna da fase hexânica. Código Frações Eluente reunidas Hex:AcEOt) Massa (g) PHC 1 1 1:0 2,2626 PHC 2 2-4 1:0 0,4345 PHC 3 5-7 95:05 0,9149 PHC 4 8 9:1 4,0052 PHC 5 9-11 9:1 7,9018 PHC 6 12-15 8:2 4,8703 PHC 7 16-19 7:3 3,0020 PHC 8 20-23 7:3 2,8001 PHC 9 24-29 1:1 3,4520 PHC 10 30-33 0:1 1,5236 PHC 11 34-36 MeOH 1,3546 PHC 12 37-38 MeOH 1,0045 3.4.1 Purificação da fração PHC 4 Após análise espectral de RMN de 1H as frações PHC 4 e PHC 5 foram agrupadas em PHC 4 (11,907 g), pois ambas apresentaram sinais semelhantes na região referente aos compostos aromáticos e perfis cromatográficos semelhantes. Com isso a fração PHC 4 foi submetida à CC empregando-se como fase estacionária sílica flash e fase móvel misturas de hex/AcOEt em gradiente de polaridade. Foram coletadas 16 subfrações de 30 mL cada que foram reunidas após análise em CCDC (tabela 4). Tabela 4. Frações obtidas do fracionamento da amostra PHC 4. Código Frações Eluente Massa (g) reunidas (Hex:AcEOt) PHC 4.1 1-2 1:0 0,9810 PHC 4.2 3-4 1:0 3,8396 PHC 4.3 5-6 95:05 0,0109 PHC 4.4 7 9:1 3,5201 PHC 4.5 8-9 9:1 1,7258 PHC 4.6 10 8:2 0,8664 PHC 4.7 11-12 7:3 0,1782 PHC 4.8 13-15 7:3 0,3377 PHC 4.9 16 1:1 0,0586 A fração PHC 4.4 (3,5201g) foi submetida a novo fracionamento em CC empregando-se como fase estacionária sílica flash e fase móvel o sistema hex/AcOEt em gradiente. Foram obtidas 12 subfrações que foram agrupadas após análise em CCDC( tabela 5). Tabela 5. Frações obtidas do fracionamento da amostra PHC 4.4 Código Frações Eluente Massa (g) reunidas (Hex:AcEOt) PHC 4.4.1 1-2 1:0 0,0207 PHC 4.4.2 3-6 1:0 1,0020 PHC 4.4.3 7-8 95:05 1,0037 PHC 4.4.4 9 9:1 0,1489 PHC 4.4.5 10-11 9:1 0,8952 PHC 4.4.6 12 8:2 0,3150 A fração PHC 4.4.2 foi submetida a fracionamento em CC empregandose como fase estacionária sílica flash e fase móvel a mistura hex/AcOEt em gradiente. Foram obtidas 15 frações e após análise em CCDC, utilizando-se como reveladores radiação por luz UV (245 e 365 nm) a fração PHC 4.4.2.12 (38 mg) foi submetida à cromatografia em camada delgada preparativa utilizando-se como eluente (Hex:AcEOt 85:15) originando a fração PHC 4.4.12.C (15 mg) que após análise em CCDC apresentou um aspecto cromatográfico de substãncia pura. Após análise espectral ratificou-se que a mesma pertencia à classe das benzonfenonas. 3.4.2 Purificação da fração PHC 6 A fração PHC 6 (3,8703 g) foi submetida a fracionamento em CC empregando-se como fase estacionária sílica flash e fase móvel o sistema hexano/acetato de etila em gradiente. Foram obtidas 10 frações de 60 mL cada que foram agrupadas de acordo com análise em CCDC, utilizando-se como reveladores radiação por luz UV (245 e 365 nm) (tabela 6). Tabela 6. Subfrações obtidas do fracionamento da amostra PHC 6. Código Frações reunidas Eluente Massa (g) (Hex:AcEOt) PHC 6.1 1 1:0 1,1066 PHC 6.2 2 1:0 0,3315 PHC 6.3 3 95:05 0,1251 PHC 6.4 4-5 9:1 1,0405 PHC 6.5 6 9:1 0,4552 PHC 6.6 7-8 8:2 0,3150 PHC 6.7 9 7:3 0,0802 PHC 6.8 10 7:3 0,0252 A subfração PHC 6.4 (1,0405) foi submetida a fracionamento em CC empregando-se como fase estacionária sílica flash e fase móvel o sistema hexano/acetato de etila em gradiente. Foram coletadas 10 frações de 20 mL cada que foram agrupadas após análise em CCDC utilizando-se como reveladores radiação por luz UV (245 e 365 nm) (tabela 7). Tabela 7. Subfrações obtidas do fracionamento da amostra PHC 6.4. Código Frações Eluente reunidas (Hex:AcEOt) Massa (g) PHC 6.4.1 1 1:0 0,1202 PHC 6.4.2 2 1:0 0,2004 PHC 6.4.3 3 95:05 0,2501 PHC 6.4.4 4-5 9:1 0,0640 PHC 6.4.5 6-8 8:2 0,2745 PHC 6.4.6 8-10 7:3 0,0514 Após análise em CCDC a subfração PHC 6.4.4( 64 mg) foi submetida à análise de RMN de 1 H e 13 C sendo possível à identificação de uma benzofenona prenilada em mistura com outra substãncia. Análise via HPLC confirmou a presença de outras substâncias. A subfração PHC 6.4.3 (250 mg) foi submetida a fracionamento em CC empregando-se como fase estacionária sílica flash e fase móvel o sistema hexano/acetato de etila em gradiente. Foram obtidas 16 subfrações que foram agrupadas de acordo com seu perfil cromatográfico. Foi possível identificar após análise de RMN de 1H e 13 C a subfração PHC 6.4.3.1 (15 mg) como sendo um sitosterol esterificado com o trans cinamato de metila. 3.4.3 Purificação da fração PHC 7 A purificação da fração PHC 7 (3,0020 g) foi realizada através do fracionamento em CC empregando-se como fase estacionária sílica flash e fase móvel o sistema hex/AcOEt em gradiente. Foram obtidas 23 subfrações de 30 ml cada que foram agrupadas de acordo com seu perfil cromatográfico (Tabela 8). Tabela 8. Subfrações obtidas do fracionamento da amostra PHC 7. Código PHC 7.1 Frações Eluente reunidas (Hex:AcEOt) 1-2 1:0 Massa (g) 0,1741 PHC 7.2 3 1:0 0,1247 PHC 7.3 4-5 95:05 0,1362 PHC 7.4 6 95:05 1,4154 PHC 7.5 7 95:05 0,1765 PHC 7.6 8-10 9:1 0,0695 PHC 7.7 11-13 9:1 0,2358 PHC 7.8 14 8:2 0,1299 PHC 7.9 15 8:2 0,2657 PHC 7.10 16 8:2 0,0601 PHC 7.11 17 7:3 0,1606 PHC 7.12 18-19 7:3 0,0526 PHC 7.13 20 7:3 0,0232 PHC 7.14 21 0:1 0,0125 PHC 7.15 22-23 0:1 0,0058 A subfração PHC 7.10 (60,1 mg) foi submetida à cromatografia em camada delgada preparativa utilizando-se como eluente (Hex:AcEOt 95:05) originando a fração PHC 7.10 D (13 mg) que após análise em CCDC utilizandose como reveladores radiação por luz UV (245 e 365 nm) apresentou um aspecto cromatográfico de substãncia pura. Após análise espectral de RMN de 13 C e 1H foi possível identificar a subfração PHC 7.10 D como sendo o trans cinamato de metila. 3.5 Análise dos extratos hexânicos e metanólicos da própolis marro clara e escura da Bahia por Cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa (CLAE-FR) Os extratos hexânicos da própolis clara e escura foram submetidos a análises por CLAE em fase reversa. Vinte microlitros de cada extrato na concentração de 1mg/ml foram injetados em um cromatógrafo líquido acoplado a um detector de arranjo de foto diodo a 260 nm sendo utilizada a coluna de fase reversa LiChroCART Purospher Star® C 18(50 mm x 4 mm) com tamanho da partícula 3 µm combinado com pré-coluna LiChroCART 4-4 LiChrospher. A fase móvel utilizada foi água e algumas gotas de ácido acético utilizado para diminuir a força do eluente(solvente A) e metanol (solvente B), com vazão constante de 1mL/min. Iniciou-se o gradiente com 40% A e 60 % de B até 3 minutos, 30% de A e 70% de B até 10 minutos, 25% de A e 75% de B até 20 minutos, 10% de A e 90% de B até 28 minutos, 40% de A e 60% de B até 45 minutos. Para obtenção dos cromatogramas a coluna foi mantida a temperatura ambiente. O mesmo procedimento foi utilizado para os extratos orgânicos apenas mudou-se o gradiente para 50% de A e 50%de B até 3 minutos, 45% de A e 55% de B até 10 minutos, 40% de A e 60% de B até 20 minutos, 30% de A e 70 % de B até 30 minutos, 20% de A e 80% de B até 40 minutos, 15% de A até 85% de B até 50 minutos, 10% de A e 90% de B até 60 minutos, 50% de A e 50% de B até 65 minutos. 3.6 Avaliação da atividade antioxidante pelo método sequestrante de radical DPPH Os extratos metanólicos e hexânicos da própolis clara e escura foram submetidos a teste de atividade antioxidante in vitro, utilizando-se a metodologia do seqüestro de radical DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil). Por ter a capacidade de aceitar um elétron ou radical hidrogênio para torna-se uma molécula estável (figura 9) o DPPH é bastante utilizado em ensaios para determinar a capacidade antioxidante de extratos e substãncias. Visualmente quando o DPPH (coloração púrpura) entra em contato com substâncias antioxidantes a coloração do meio reacional fica amarelada (BRAND-WILLIAMS et al., 1995). Preparou-se 50 ml de uma solução metanólica de DPPH (45µg/mL) em seguida preparou-se soluções metanólicas dos extratos em 5 concentrações (20, 50, 100,150, 200 µg/mL), onde o ácido gálico foi utilizado como padrão. Para realização dos testes foram utilizados 3 mL de solução de DPPH com 1 mL da amostra, as absorvâncias foram medidas a 517 nm em um espectrofotômetro após 15 minutos de incubação. Para zerar o equipamento preparou-se o branco com 3 mL de DPPH e 1 mL de metanol. Todas as reações foram realizadas a temperatura ambiente e em local protegido da luz. Todas as análises foram realizadas em triplicatas. Através do software ED50v10 foi possível calcular o IC50. Figura 9. Representação esquemática do radical 1,1-difenil-2-picrilhidrazila(púrpura) e do 1,1-difenil-2- picrilhidrazina (amarelo claro) respectivamente. A percentagem de atividade antioxidante foi calculada utilizando-se a seguinte fórmula: % A.A = (ABS controle15 – ABS amostra15) X 100 ABS controle15 Onde: A.A (atividade antioxidante), ABS controle15 (absorbância no tempo 15 minutos do metanol + DPPH) e ABS amostra15 (absorbância da amostra no tempo 15 minutos). 3.7 Bioensaio de letalidade dos extratos sobre Artemia salina O ensaio de toxicidade sobre Artemia Salina LEACH foi realizado de acordo com a metodologia proposta por MEYER et al., 1982. Foram preparadas 5 soluções de( 50, 75, 100, 150 e 200 µg/mL) dos extratos hexânicos, metanólicos e clorofórmicos da própolis marrom clara e escura. Os ovos de Artemia salina foram eclodidos em um aquário retangular, utilizando-se solução salina 3,8 g/L obtida de acordo com as especificações do fabricante. O sistema foi aerado com bomba específica. O aquário foi construído com uma divisão interna de acrílico contendo vários orifícios, produzindo dois compartimentos não equivalentes em tamanho. Os ovos foram adicionados no compartimento menor, previamente escurecido utilizando-se papel alumínio. O compartimento maior foi externamente iluminado com lâmpada 60W, de modo a atrair os camarões para este compartimento, após a eclosão. Após 48 horas foram transferidos 10 camarões para cada frasco, utilizando pipeta Pasteur esterilizada e, o volume dos frascos completados até 5 mL com água do mar artificial. As amostras bem como os controles foram mantidos sob iluminação por 24 horas e o número de camarões sobreviventes foram determinados com auxílio de uma lupa. Todos os experimentos, inclusive os de controle foram realizados em triplicata. Os dados obtidos foram processados e os valores de CL50 foram calculados usando o método de probit. 4. Resultados e discussão 4.1 Perfil cromatográfico e espectro na região do ultravioleta dos extratos orgânicos da própolis marrom clara e escura da Bahia submetidas à CLAE-DAD Os extratos orgânicos da própolis marrom clara e escura foram submetidos à análise por CLAE em escala analítica, de modo a traçar um possível perfil cromatográfico dos extratos hexânicos e metanólicos. A figura 10 (p. 30) apresenta o perfil cromatográfico do extrato hexânico da própolis clara (PHC). Nesse perfil destaca-se a presença de uma substância majoritária, com pico com tempo de retenção em 24.9 minutos. A figura 11 (p. 30) apresenta o espectro de UV referente ao composto com tempo de retenção 24.9 minutos. A figura 12 (p. 31) apresenta o perfil cromatográfico do extrato hexânico da própolis escura (PHE). Nesse perfil destaca-se o pico com tempo de retenção 25.1 minutos. A figura 13 (p. 31) apresenta o espectro de UV referente ao composto com tempo de retenção 25.1 minutos. A figura 14 (p. 32) apresenta o perfil cromatográfico do extrato metanólico da própolis clara (PMC). Nesse perfil destacam-se vários picos com diferentes tempos de retenção indicando assim a diversidade de substâncias com cromóforos presentes neste extrato. A figura 15 (p. 32) apresenta os espectros de UV referentes aos compostos com tempos de retenção 10.9, 20.6, 22.6, 25.3, 26.7 e 35.9 minutos. A figura 16 (p. 33) apresenta o perfil cromatográfico do extrato metanólico da própolis escura (PME). Nesse perfil destacam-se vários picos com diferentes tempos de retenção indicando assim a diversidade de substâncias com cromóforos presentes neste extrato. A figura 17 (p. 33) apresenta os espectros de UV referentes aos compostos com tempos de retenção 9.5, 10.6, 35.9 e 39.1 minutos. 24.9 PHC 26.9 Figura 10. Perfil cromatográfico do extrato hexânico da própolis clara por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm. 24.9 min Figura 11. Espectro de UV do composto com tempo de retenção 24.9 minutos 25.1 PHE 26.9 Figura 12. Perfil cromatográfico do extrato hexânico da própolis escura por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm. 25.1 min Figura 13. Espectro de UV do composto com tempo de retenção 25.1 minutos. 10.9 22.6 25.3 26.7 35.9 PMC 20.6 Figura 14. Perfil cromatográfico do extrato metanólico da própolis clara por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm Figura 15. Espectro de UV de alguns compostos presentes em PMC 9.5 10.6 35.9 26.3 39.1 PME Figura 16. Perfil cromatográfico do extrato metanólico da própolis escura por CLAE escala analítica no comprimento de onda de 260 nm. Figura 17. Espectro de UV de alguns compostos presentes em PME. Nas análises em CLAE o extrato PHC apresentou um perfil cromatográfico semelhante ao perfil do extrato PHE. Nota-se que ambos apresentaram um pico de maior intensidade com tempos de retenção PHC 24.9 minutos e PHE 25.1 minutos. Utilizando como parâmetro a análise em CLAE podemos inferir a similaridade da composição química dos extratos PHC e PHE. Os extratos polares da própolis PMC e PME em análises por CLAE apresentaram um perfil cromatográfico bastante rico em relação aos extratos hexânicos PHC e PHE. Observou-se que PMC e PME apresentaram perfis cromatográficos parecidos, sendo mais um indicativo de semelhança entre a composição química dos extratos da própolis clara e da própolis escura. O espectro de UV do pico 24.9 minutos do extrato PHC apresentou dois máximos de absorção, o primeiro em 245.60 nm e o segundo em 277.39 nm. Basicamente todos os picos referentes ao extrato PMC apresentaram absorção máxima em torno de 250.0 nm, com perfis de absorção semelhantes entre 200 e 400 nm. Comparando-se os valores dos espectros de UV referentes aos picos do extrato PMC com os valores presentes na literatura (SILVERSTEIN et al., 1979) podemos inferir, utilizando como parâmetro o espectro de UV, à presença de compostos carbonilados e fenólicos na própolis da Bahia, pois eles absorvem em radiações em torno de 250 e 280 nm. O espectro de UV referente ao pico 35.9 minutos apresentou perfil semelhante ao das isoflavonas (FERNANDES et al., 2009). Os espectros de UV dos extratos PHE e PME não apresentaram comprimento de onda máximo não sendo possível uma análise mais detalhada. 4.2 Elucidação estrutural de PHC 4.4.12c PHC 4.4.12.c A benzofenona prenilada PHC 4.4.12.c (15 mg) foi identificada a partir da análise dos dados de RMN (mono e bidimensionais) e EM. O EMESI registrado no modo positivo apresentou íon pseudo molecular [M+H] em m/z 503 que, juntamente com a intensidade do pico de M+1, em m/z 504 é indicativo de FM C33H42O4 para a substância PHC 4.4.12.c. Análise do espectro de RMN de 1H (figuras 18, p.37; 19 e 20 p. 38) indicou diversos sinais na região entre δ 1,52 e 1,74 correspondente aos grupos metílicos CH3-13, CH3-14, CH3-25, CH3-26, CH3-30 e CH3-31). O multipleto observado em δ 2,42 foi atribuído aos hidrogênios metilênicos CH210 e CH2-22 uma vez que estão localizados em uma posição beta ao grupamento carbonila (C-9) encontram-se mais desblindados em relação aos hidrogênios metilênicos CH2-27. Pode-se também observar no espectro multipletos referentes a hidrogênios olefínicos que não puderam ser atribuídos devido a similaridade do ambiente químico e magnético que estes hidrogênios encontram-se (Tabela 9). No entanto, a presença de um sinal largo em δ 17,53 é característico de hidroxila quelada de benzofenonas preniladas (SANTOS et al., 1999) e, os sinais na região de δ 7,24 a 7,50 são referentes aos hidrogênios do anel aromático. Observou-se no espectro de RMN de 13 C (figuras 21 e 22 p. 39; 23, p. 40) o registro de 43 sinais de carbonos. Dentre eles pode ser observado a presença de quatro sinais cujos deslocamentos químicos são característicos de carbonilas (δ 207,27; δ 197,48; δ 194,68 e δ 193,88). A presença de um anel aromático na substância foi corroborado pela presença de sinais característicos em δ 137,26; δ 132,46; δ 127,80; δ 128,86; δ 128,76 indicando um grupo fenila. Foi possível através do espectro de RMN de DEPT 135° (figuras 24 e 25, p. 41) a identificação de dez carbonos metílicos, nove carbonos metilênicos, nove carbonos metínicos e quinze carbonos não hidrogenados totalizando 43 carbonos. Análise do espectro de gHSQC (figura 26 p. 42) permitiu correlacionar os sinais dos hidrogênios em δ 4,80; em δ 4,95 e em δ 5,15 com os carbonos C-11 em δ 119,12; C-28 em δ 122,31 e C-23 em δ 119,90 respectivamente referentes às unidades isoprênicas típicas das benzonfenonas isopreniladas. As outras correlações observadas estão descritas na Tabela 9 (p.46) onde pode-se verificar a comparação com os valores de RMN de C-13 descrito para esta substância (PICCINELLI et al., 2005). No entanto, o espectro de gHMBC (figuras 27 e 28, p. 43; 29, p. 44) permitiu ratificar que a substância em questão pertencia a classe das benzofenonas isopreniladas sendo que as principais correlações espectrais observadas estão representadas na Figura 30 (p. 40). Dentre elas pode-se destacar as correlações dos hidrogênios ligado a C-6 e a carbonila C-4 (δ 193.88), de H-10 com C-2 (δ 194.68), C-9 (δ 207.27) e C-12 (δ 134.46) e de H-21 com C-15 (δ 197.48). Diante da intensidade e número dos sinais observados, dos dados espectrais discutidos anteriormente, juntamente com o pico correspondente ao íon molecular em m/z 503 ( [M]. +), registrado pelo espectro de massas (figura 31, p. 45) e comparando-se os dados espectrais com os dados descritos na literatura (PICCINELLI et al., 2005) foi possível concluir que a substância, em solução, encontra-se na forma de tautômeros. Os dados espectrais discutidos anteriormente são do tautômero A e a (tabela 10, p. 47) mostra os dados espectrais do tautômero B comparado com os valores descritos na literatura (PICCINELLI et al., 2005). B A PHC 4.4.12C (tautômeros) Figura 18. Espectro de RMN de 1H da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura 19. Ampliação parcial (1) do espectro de RMN de 1H da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura 20. Ampliação parcial (2) do espectro de RMN de 1H de PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura 21. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz) Figura 22. Ampliação parcial (1) do espectro de RMN de 13 C da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz) Figura 23. Ampliação parcial (2) do espectro de RMN de 13 C da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz) Figura 24. Espectro de RMN DEPT 135º da substância PHC 4.4.12C (CDCl3, 125 MHz) Figura 25. Ampliação parcial do espectro de RMN DEPT 135º da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 125 MHz) Figura 26. Espectro de gHSQC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura27. Espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura 28. Ampliação parcial (1) do espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura 29. Ampliação parcial (2) do espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12C (CDCl3 , 500 MHz) Figura 30. Principais correlações observadas no espectro de gHMBC da substância PHC 4.4.12 (tautômero A). Inten. (x1,000,000) 8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 503 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 435 2.0 1.5 1.0 311 0.0 300.0 525 519 379 0.5 343 327 325.0 391 363 350.0 375.0 400.0 419 425.0 541 557 485 447 574 473 450.0 475.0 500.0 525.0 550.0 Figura 31. Espectro de massas- APCI modo positivo de PHC 4.4.12C 575.0 592 m/z Tabela 9. Dados espectroscópicos de gHSQC de PHC 4.4.12C (tautômero A) (CDCl3 , 500 MHz) comparados com os valores da literatura. Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 δ 13 C PHC 4.4.12C 67.28 194.68 116.10 193.88 64.62 42.92 42.32 48.53 207.27 24.91 119.12 134.46 18.11 25.71 197.48 137.26 128.76 127.78 132.46 127.78 128.86 30.59 119.90 134.46 18.11 26.09 28.49 122.31 133.27 17.87 26.03 16.34 23.72 (*) (PICCINELLI et al., 2005). δ13 C(*) (67.3) (194.6) (116.1) (193.9) (64.7) (42.9) (43.0) (48.6) (207.3) (24.9) (119.1) (134.5) (18.0) (25.7) (197.5) (137.2) (128.9) (127.8) (132.5) (127.8) (128.9) (30.6) (119.9) (134.5) (18.1) (26.1) (28.6) (122.3) (133.3) (17.9) (26.0) (16.4) (23.7) δ 1 H e PHC 4.4.12C 1.37 e 2.00 1,50 2.71 4.80 1.74 1.60 7.50 7.24 7.35 7.24 7.50 2.42 5.15 1.62 1.74 1.68 4.95 1.52 1.74 0.82 1.21 δ 1 H(*) (1.38 e 2.00) (1.51) (2.74) (4.82) (1.70) (1.61) (7.53) (7.40) (7.52) (7.40) (7.53) (2.43) (5.16) (1.65) (1.76) (1.67) (4.96) (1.53) (1.70) (0.84) (1.23) Tabela 10. Dados espectroscópicos de RMN de 13C de PHC 4.4.12C( tautômero B) (CDCl3 , 500 MHz) comparados com os valores da literatura. Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 δ 13 C PHC 4.4.12c 71.04 (**) 116.88 (**) 59.60 41.49 42.32 47.60 207.27 25.55 119.12 134.46 17.87 ou 18.11 2.578 197.48 137.26 128.86 127.78 132.46 127.78 128.86 29.86 120.38 134.45 18.11 26.09 28.10 122.23 133.26 18.11 26.03 16.23 22.59 δ13 C(*) 71.0 192.6 116.8 195.5 59.6 41.5 42.3 47.7 207.3 25.5 119.1 134.5 18.0 25.7 197.7 137.2 128.9 127.8 132.5 127.8 128.9 29.9 120.4 134.5 18.1 26.1 28.2 122.2 133.3 18.1 26.0 16.2 22.6 (*) (PICCINELLI et al., 2005). (**) Os valores das carbonilas não apareceram no espectro de RMN de 13C. Assim, PHC 4.4.12.c foi identificada como sendo 3-benzoil-4-hidroxi-8,8 dimetil-1,5,7-tris(3 metil-2-but-1-enil) bicilo[3.3.1] non-3-eno-2,9-diona (1R, 5R e 7S) também conhecida como clusianona. As benzofenonas isopreniladas são típicas das espécies Clusia e Garcinia ambas pertencentes à família Guttiferae. No entando, está é a primeira vez que essa substância é encontrada na própolis. Em trabalho anterior (PICCINELLI et al., 2005) foi observado que a clusianona apresenta atividade anti-HIV moderada frente a células infectadas e uma ótima atividade citotóxica. Esta substância foi isolada pela primeira vez a partir das raízes de Clusia congestiflora (McCANDLISH et al., 1976). Em 1991, foi também encontrada nos frutos de C. sandinensis embora sem a determinação da estereoquímica do C-7 (DELLE MONACHE, et al., 1991). Finalmente, em 1996 a mesma foi isolada da resina floral da espécie C. apititusantensis onde a estereoquímica do carbono 7 foi então determinada (DE OLIVEIRA, et al., 1996). Santos et al., após isolar 7-epi-clusianona (figura 32) sugeriu que o composto isolado em 1991 não seria a clusianona e sim o epímero 7-epi-clusianona. Figura 32. Estrutura da 7-epi-clusianona. 4.3 Elucidação estrutural de PHC 6.4.3.1 PHC 6.4.3.1 - Cinamato de sitosterila Após eluição em CCDC e revelação com reagente de LiebermanBuchard a substância PHC 6.4.3.1 apresentou uma coloração rósea indicativo de triterpeno ou esteróide. Análise do espectro de RMN de 1H (figuras 33, p. 50; 34 p. 51) indicou vários sinais na região entre δ 0.70 e 1.26 correspondente aos grupos metílicos do sistema esteroidal (CH3-18, CH3-19, CH3-21, CH3-26, CH3-27, CH3-29). A presença de um multipleto em δ 4.75 correspondente ao hidrogênio oximetínico que, pelo deslocamento indica que a hidroxília encontra-se esterificada pois, o valor de H-3 no sitosterol é em campo mais baixo (δ ~3.3). Já o dubleto em δ 5.41 (4,5 Hz) característico de hidrogênio olefínico H-6 do sistosterol. Os dubletos em δ 6.40 e 7.65. apresentando J=15,9 Hz são indicativos de sistema olefínico com configuração trans e os sinais na região entre δ 7.37 e 7.70, integrando para 5H indicam um anel aromático monossubstituido. De posse dos espectros de RMN de 13 C (figuras 35 e 36, p. 52; 37, p. 53) foi possível corroborar a existência de um carbono oximetínico em δ 74.10, que também encontra-se mais desblindado quando comparado com o C-3 do β –sitosterol devido esterificação com o grupo cinamoila. Os carbonos olefínicos em δ 139.41 e 122.71 referentes à (C-5 e C-6), respectivamente, corroboram com a estrutura esteroidal da substância. O registro de um sinal em δ 166.41referente a carbono acila, corrobora com a afirmação que a substância é um derivado esterificado do ácido cinâmico com sitosterol. Além disso, estes dados comparados a valores descritos na literatura (GOULART et al., 1993) (tabela 11, p. 54) do β - sitosterol permitiram a identificação inequívoca da substância PHC 6.4.3.1 como sendo o cinamato de sitosterila. É descrito que o cinamato de sitosterila possui atividade alelopática. Alelopatia, que pode ser definida como os efeitos diretos ou indiretos promovidos por substâncias químicas produzidas por certos organismos, sobre o crescimento e desenvolvimento de outros indivíduos do meio. Diante disso a liberação de metabólicos secundários contidos nos tecidos vegetais pode afetar a composição floristica de uma área. Alguns fenômenos como: a dominância de uma única espécie ou grupos de espécie sobre outras, a mudança e substituição de espécies no processo de sucessão podem ser explicados pela alelopatia (ESPINDOLA el al., 2005). O cinamato de sitosterila foi isolado anteriormente de Lafoensia glyptocarpa (Lytraceae) (ESPINDOLA el al., 2005), porém esse é o primeiro relato dessa substância na própolis. Apesar de ser uma substância já conhecida seus dados de RMN não estão disponíveis na literatura. Figura 33. Espectro de RMN de 1H da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3 , 300 MHz) Figura 34. Ampliação parcial do espectro de RMN de 1H da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3 , 300 MHz) Figura 35. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3 , 75 MHz) Figura 36. Ampliação parcial (1) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3, 75 MHz). Figura 37. Ampliação parcial (2) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.3.1 (CDCl3, 75 MHz). Tabela 11. Dados do espectro de RMN de 13C (CDCl3 , 300 MHz) de PHC 6.4.3.1 e valores da literatura. Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 1’ 2’ e 6’ 3’ e 5’ 4’ 7’ 8’ 9’ *(GOULART et al., 1993). δ 13 C PHC 6.4.3.1 37.03 31.88 74.10 42.32 139.69 122.72 31.92 31.92 50.05 36.63 21.04 39.73 42.32 56.70 24.29 28.25 56.03 11.86 19.35 36.15 19.03 33.94 33.70 45.84 26.01 19.03 19.81 23.06 11.86 134.54 128.03 128.85 130.15 144.41 118.71 166.41 δ13 C(*) 37.25 31.64 71.81 42.29 140.73 121.71 31.89 31.89 50.12 36.40 21.08 39.68 42.29 56.87 24.30 28.24 56.05 11.87 19.38 36.16 19.03 33.94 33.12 45.83 26.03 18.76 19.81 23.06 11.99 - 4.4 Elucidação estrutural de PHC 6.4.4 PHC 6.4.4 A fração PHC 6.4.4 foi submetida à cromatografia líquida de alta eficiência em escala analítica. A figura 38 (p. 56) apresenta o perfil cromatográfico da fração e, pode ser verificado que existe mais de um sinal predominante na fração. Portanto, trata-se de uma mistura. O EM-ESI, registrado no modo positivo (figura 39 p. 57) não indica presença do pseudo íon molecular. O perfil do espectro de RMN de 1 H é indicativo da presença de benzofenonas isopreniladas uma vez tem similaridades ao espectro da clusionana (p. 37). O espectro de RMN de 1H (figura 40, p. 57) apresentou, entre outros, diversos sinais na região entre δ 0.9 e 3.1 referentes à hidrogênios ligados a carbonos metílicos e metilênicos. Além disso é possível identificar a presença de hidrogênios olefínicos em δ 4.9 e 5.1 referentes as unidades isoprênicas. Os sinais presentes na região entre δ 7.2 e 7.8 indicam a presença do grupo benzoíla. Nos espectros de RMN de 13C (figuras 41 e 42 p.58; 43 e 44 p.59) foram observados 61 sinais de carbonos. Notou-se a presença de 5 carbonos na região entre δ 190.30 e 206.81 região característica das carbonilas. O Caráter aromático da substância foi confirmado devido à intensidade dos sinais em δ 127.83, 128.00. A presença de três sinas em δ 70.27, 70.64 e 71.04 indicaram possivelmente a presença de carbonos oximetínicos. Foi possível identificar um dos componentes da mistura como sendo a Hyperibona A m/z 518 através da comparação direta dos dados de RMN de 13 C registrados com os descritos na literatura (CASTRO et al., 2009) (tabela 12). Esse é o segundo relato de identificação dessa substância na própolis da Bahia, segundo Castro et al., testes de atividades biológicas reportaram a essa substância ótima atividade antimicrobiana. Até o momento, com os dados disponíveis, não foi possível identificar a outra benzofenona presente da mistura. Figura 38. Perfil cromatográfico da fração PHC 6.4.4 no cromatográfo Dionex equipado com detector de arranjo de diodo (DAD), com coluna analítica. Figura 39. Espectro de massas da fração PHC 6.4.4 [M + H+] Figura 40. Espectro de RMN de 1H da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 300 MHz) Figura 41. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz) Figura 42. Ampliação parcial (1) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz) Figura 43. Ampliação parcial (2) do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz) Figura 44. Ampliação parcial (3)do espectro de RMN de 13C da substância PHC 6.4.4 (CDCl3 , 75 MHz) Tabela 12. Dados do espectro de RMN de 13C (CDCl3, 300 MHz)de PHC 6.4.4 e valores da literatura. Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 e 16 13 e 15 14 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 *(CASTRO et al., 2009) δ 13 C PHC 6.4.4 78.55 193.21 115.77 172.27 60.39 39.13 42.62 47.99 204.93 193.48 137.06 128.00 127.83 131.99 22.03 90.12 71.04 25.71 23.92 ou 24.08 30.26 120.51 133.52 26.45 17.90 26.69 122.21 132.4 25.87 17.78 16.32 23.05 δ13 C(*) 78.7 193.3 115.9 172.3 60.2 39.3 42.7 48.1 204.9 193.6 137.0 128.1 127.9 131.9 22.1 90.2 71.1 25.7 24.0 30.4 120.7 133.6 26.5 17.9 26.8 122.3 132.5 25.9 17.8 16.4 23.1 4.5 Elucidação estrutural do cinamato de metila (PHC 7.10D) O 3 9 4 8 1 2 7 OCH3 10 5 6 PHC 7.10D A partir da análise dos dados de RMN de 13 C e 1H e do espectro no infravermelho foi possível elucidar a estrutura da substância PHC 7.10D como sendo o éster metílico do ácido 3-fenil prop-2-enóico mais conhecido como trans cinamato de metila. De posse dos espectros de 1H (figuras 45 p. 62 e 46, p. 63) foi possível identificar em δ 3,8 a presença da metoxila, dois dubletos em δ 6.5 (J=15.7 Hz) e δ 7.8 (J=15.7 Hz) correspondentes a hidrogênios da ligação dupla, cujas constantes de acoplamento indicam olefina com configuração trans. Além desses, foram observados sinais em δ 7.36 (5 e 9) δ 7.50 (6 e 8) e δ 7.62 (7) referentes aos hidrogênios do anel aromático que foram identificados de acordo com os dados descritos na literatura (ESPINDOLA et al., 2005). A confirmação da identificação de PHC 7.10D foi realizada após análise dos dados do espectro de RMN de 13 C (Figura 47, p. 63). O espectro apresentou oito sinais, sendo que os sinais em δ 128.02 e δ 128.84 são referentes a dois carbonos cada. O pico em δ 51.68 é característico de metoxila ligada a carbono acila como também o sinal em δ 167.39 referente a carbono acila típico de éster (Tabela 13). Analise do espectro no infravermelho da substância (figura 48, p. 64) confirmou a presença de um grupo éster, devido à presença de um sinal de deformação axial em 1716 cm-1 típica de carbonila além de ausência de deformação entre 3500 -3000 cm-1, característica de grupos OH, descartando assim a possibilidade da substância ser um derivado de ácido carboxílico. Também foi observada a presença de dois picos característicos em 773 e 668 cm-1 referentes a deformações angulares fora do plano de C-H aromático monosubstituído. Esses dados comparados com valores descritos na literatura para o grupo cinamoila (CHALONER, 2005) permitiram a identificação inequívoca de PHC 7.10 D como sendo o trans cinamato de metila. O trans cinamato de metila já foi identificado utilizando-se a técnica CGMS na própolis oriunda da região do sul do Brasil(PARK et al., 2002), porém este é o primeiro relato de isolamento dessa substância na própolis da Bahia e não foram encontrados dados de RMN na literatura para esta substância. Figura 45. Espectro de RMN de 1H de PHC 7.10D (CDCl3 , 300 MHz) Figura 46. Ampliação parcial do espectro de RMN de 1H de PHC 7.10D (CDCl3 , 300 MHz) Figura 47. Espectro de RMN de 13C da substância PHC 7.10 D (CDCl3 , 75 MHz) Figura 48. Espectro no Infravermelho de PHC 7.10D (filme) Tabela 13. Dados do espectro de RMN de 1H e 13C (CDCl3 , 75 MHz)de PHC 7.10D e valores da literatura. Posição 1 2 3 4 5e9 6e8 7 10 PHC 7.10 D 1 13 H C 167.39 6.52 (d) 117.75 7.77 (d) 144.84 134.32 7.36 (d) 128.02 7.50 (m) 128.84 7.62 (m) 130.25 3.80 51.68 Cinamoila 1 H** 6.42 7.67 7.30 7.46 7.46 - 13 C* 168.54 119.08 146.00 135.64 129.27 130.08 131.48 4.6 Avaliação da atividade antioxidante dos extratos da própolis marrom clara e escura da Bahia A produção de radicais livres é controlada nos seres vivos por diversos compostos antioxidantes, os quais podem ter origem endógena (por ex., superóxido dismutase), ou serem provenientes da dieta alimentar e outras fontes. Destas últimas destacam-se tocoferóis (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), polifenóis, selênio e carotenóides. Quando há limitação na disponibilidade de antioxidantes podem ocorrer lesões oxidativas de caráter cumulativo. Os antioxidantes são capazes de estabilizar ou desativar os radicais livres antes que ataquem os alvos biológicos nas células. De forma geral, denominam-se antioxidantes as substâncias que presentes em baixas concentrações, comparadas ao substrato oxidável, retardam significativamente ou inibem a oxidação do substrato (BARREIROS et al., 2006). A figura 49 mostra os resultados expressos em percentual da atividade antioxidante dos extratos da própolis utilizando-se como método o teste de seqüestro do radical DPPH. Pela analise da figura 49 percebe-se que os extratos hexânicos e metanólicos da própolis marrom clara e escura não apresentaram atividade oxidante superior a 20%. Na medida de IC50, que expressa a quantidade de antioxidante necessária para reduzir em 50% a concentração inicial de DPPH os valores obtidos estão descritos na Tabela 14. Sendo assim esse resultado pode ser um indicativo da ausência de compostos fenólicos. Segundo Park et al., (2002) a própolis do estado da Bahia apresenta composição química distinta dos demais tipos, devido à predominância de compostos de natureza mais apolar e significativa ausência de flavonóides. Figura 49. Porcentagem de atividade antioxidante dos extratos hexânicos e metanólicos da própolis e do padrão ácido gálico. Tabela 14. Valores de IC50 para os extratos hexânicos e metanólicos da própolis clara e escura da Bahia. Extrato IC50 ug/mL PHC 1,192 X 10-3 PHE 1,570 X 10-3 PMC 5,26 X 10-2 PME 6,50 X 10-2 4.7 Avaliação da atividade citotóxica dos extratos da própolis marrom clara e escura da Bahia O ensaio sobre Artemia Salina Leach é um método simples, barato e eficiente de determinação de toxicidade aguda de substâncias. A tabela 15 apresenta os resultados de toxicidade para os extratos hexânicos (PHC E PHE), metanólicos (PMC e PME) e para os clorofórmicos (PCC e PCE). De acordo com a literatura (ANDERSON et al., 1991) a substância que apresentar CL50 < 100 µg/mL é considerada muito ativa, aquela que apresentar CL50 ≥ 100 µg/mL, no intervalo entre 100 e 900 µg/mL é considerada moderadamente ativa e a substância que apresentar CL50 > 1000 µg/mL é considerada inativa. Todos os extratos, exceto os extratos hexãnicos apresentaram CL50 < 145 µg/mL sendo assim esses extratos podem apresentar atividade anti- tumoral (DOLABELA, et al., 1997). Como a composição química desses extratos ativos ainda não foi estudada, torna-se pertinente uma investigação na composição química buscando isolamento das substâncias responsáveis por essa atividade. Tabela 15. Resultado dos testes de toxicidade sobre Artemia Salina, relativo aos extratos da própolis marrom clara e escura da Bahia. Extratos CL50 µg/mL PHC >1000 PHE >1000 PCC 68.99 PCE 37.85 PMC 118.1 PME 83.83 5. Considerações finais Este trabalho contribuiu para o conhecimento da composição química e atividade biológica da própolis marrom da Bahia. Pode-se verificar nos resultados obtidos no desenvolvimento deste trabalho que foram isoladas substâncias de classes distintas. O fracionamento do extrato hexânico da própolis levou a identificação do cinamato de metila e do cinamato de sitosterila, que tem seu primeiro relato na própolis, de duas benzonfenonas a hyperibona A e a clusianona que também foi isolada pela primeira vez na própolis. Existem pouquíssimos relatos sobre estudo químico e avaliação biológica realizados com esse tipo de própolis e a única substãncia identificada foi a hiperibona A. Foi possível utilizando a técnica CLAE traçar o perfil cromatográfico dos extratos orgânicos da própolis e verificou-se a riqueza da composição química dos extratos orgânicos polares. A avaliação da atividade antioxidante, pelo método do seqüestro do radical livre estável DPPH, dos extratos hexânicos e metanólicos da própolis marrom clara e escura indicou que os extratos apresentaram de baixa a moderada atividade antioxidante quando comparado com o ácido gálico que foi utilizado como padrão. A excelente atividade citotóxica da própolis frente à Artemia salina pode ser um indicativo de atividade antitumoral desses extratos, pois todos os extratos apresentaram CL50 < 145 µg/mL exceto os extratos hexânicos. 6. Referências bibliográficas ADELMANN, J. Própolis: variabilidade composicional, correlação com a flor e atividade antimicrobiana/antioxidante, dissertação (mestrado em Ciências Farmacêuticas) Universidade Federal do Paraná, p.186, 2008. ALBUQUERQUE, I. L.; ALVES, L. A.; LEMOS, T. L. G.; MONTE, F. J. Q.; FILHO, R. B. Ácido canárico (3,4-seco derivado do lupano) em própolis do Ceará.Química Nova. v.30, n.4, p.828-831,2007. ALCICI, N.M.F. 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