Anais do I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, ISSN 2177-8248 Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010 GT 1. Gênero e políticas públicas – Coord. Silvana Mariano Políticas Públicas no Século XXI: centralidade das famílias e o papel da mulher enquanto cuidadora de paciente com transtorno mental Diuslene Rodrigues Fabris٭ Resumo A crise fiscal dos Estados do denominado primeiro mundo, na década de 1970, provocaram reação no mundo capitalista, exigindo a reorientação das políticas públicas. Emerge o chamado modelo neoliberal, que propõe entre outros a minimização dos Estados e a redução das intervenções do Welfare State. A família passa a gozar de uma outra visibilidade, e muitas das funções anteriormente assumidas pelo Estado, lhes são devolvidas, inclusive outras tantas passam a lhes ser exigidas, com vistas a atender as demandas impostas por conta de reestruturação produtiva. A partir dos anos de 1980, estudos feministas passam a sugerir especial atenção ao papel ocupado pelas mulheres neste contexto de transformações societais. Neste trabalho propõe-se compreender especialmente o espaço ocupado pela mulher cuidadora de PTM. Palavras-Chave: Políticas Públicas, Centralidade das famílias, Gênero Feminino e PTM. ٭Assistente Social Docente e membro do Grupo de Pesquisa em Fundamentos do Serviço Social: Trabalho e Questão Social do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus de Toledo – Paraná. Docente do Núcleo de Formação Profissional: Política de Saúde: determinantes históricos na construção do Sistema Único de Saúde no Brasil; Coordenadora da Atividade de Extensão: Estação Saúde, Meio Ambiente e Educação Ambiental. E-mail: [email protected] 13 Introdução Com a reforma do Estado Liberal, ora denominado neoliberal, que tem seu cerne por volta de 1973, quando ascendem os governos conservadores, acentuam-se rapidamente os níveis das desigualdades sociais, a miséria, a fome e as epidemias. A “reconquista” da proteção social por parte de um Estado cada vez mais minimizado, tanto em estrutura quanto em funções, torna-se então um dos grandes desafios do novo século. Consolida-se o mito de que o capital deverá acumular-se ainda mais a fim de que possa dar conta das demandas existentes e que, enfim, poderá então amparar a todos, inclusive os que se encontram excluídos dos processos de produção. Assim a manutenção do sistema liberal de Estado encontra seu aporte no sistema de noções ideológicas representadas pelas políticas sociais, pelas normas, pelas leis, práticas profissionais e cotidianas, que propagam o ideário liberal, desdobrando-o a fim de minimizar os embates cotidianos. Como afirma DONZELOT (1986), os liberais vêem na estrutura familiar a garantia da propriedade privada, da ética burguesa contra as intervenções do Estado, em defesa da melhoria do nível de vida. Por estar no centro do debate político que fundamenta os princípios liberais do Estado, a família torna-se o foco principal, na discussão que se trava entre os socialistas, “estadistas”, negadores da família, acusados de totalitaristas; e, de outro lado, os partidários de uma definição liberal do Estado, que permitiria à sociedade se organizar em torno da propriedade privada e da família. ENGELS (1984) faz um apanhado geral acerca dos estágios préhistóricos da cultura, em que vai pontuando as relações matrimoniais ao longo da história. Destacam-se, nesse estudo, as discussões em torno das questões referentes ao gênero e à propriedade, afirmando que a partir do momento em que a descendência passa a ser masculina, abolindo a filiação feminina e o direito hereditário feminino, inicia-se o processo de desmoronamento dos direitos maternos. O homem passa a apoderar-se da direção da casa, iniciando um processo de instauração da família patriarcal, prevalecendo o sistema monogâmico de casamentos. A monogamia teve sua origem nos conceitos de amor sexual individual, mantendo, da mesma forma que o sistema poligâmico, estreita relação com o que era mais conveniente para a sociedade de sua contemporaneidade. 14 A literatura revela que a monogamia foi a primeira forma de família com bases na economia, representando um triunfo da propriedade privada sobre a propriedade comum primitiva, originada espontaneamente. Reflexo de sua origem histórica, a família monogâmica traz consigo intrinsecamente o conflito entre homens e mulheres, traduzindo proporcionalmente as contradições e os antagonismos que movem a sociedade. DONZELOT (1986) retoma essa discussão em torno do eixo temático família/Estado, a partir da ruptura do modelo familiar medieval, no qual a família é a única fonte provedora e responsável pelos seus. Ao romper-se esse modelo, dividem-se essas funções com o ente estatal. Ao intimar-se o Estado para que se encarregue dos cidadãos, a fim de satisfazer suas necessidades, destrói-se simbolicamente o arbítrio familiar em sua soberania. Rompe-se com aquilo que prendia o indivíduo ao seio de sua família, e o Estado passa a ser cobrado enquanto um ente que deve organizar a felicidade dos cidadãos, ofertando-lhes assistência, trabalho, educação e saúde. Contudo, passa-se a discutir o perigo dos Estados totalitários, ou talvez dos socialistas negadores da família. Nesse contexto de discussão da importância da representação familiar, passa-se a discutir o modelo conservador, porém “seguro”, de estado liberal, que permite à sociedade organizar-se em torno da propriedade privada e da família. Convém observar, porém, que essa interferência tranqüilizadora não é o bastante para explicar os motivos que tornam a família ícone associado à liberdade, tampouco é suficiente para explicar por que a família moderna organiza seus vínculos de maneira tão flexível e oposta à antiga rigidez jurídica. Assim, a discussão da questão família/Estado não deve centrar-se em identificar para que serve a família, dentro da lógica econômica liberal, mas em compreender por que ela funciona. Conforme DONZELOT (1986), o problema está, antes de tudo, nas transformações pelas quais a família passa, e não especificamente na sua conservação. Pois se fosse o caso somente de preservá-la, sua história seria pura e simples defesa dos privilégios que ela consagra e, seu perfil, o da dominação, sem disfarce de uma classe sobre a outra. O fato de os discursos de denúncia dos privilégios sociais e das dominações de classe terem progressivamente se dissociado da crítica da família, transformando-a, ao mesmo tempo, em ponto de parada das críticas à ordem estabelecida, e em ponto de apoio das reivindicações por mais igualdade social, constitui-se num convite para focalizar a família e suas transformações, antes de tudo, como uma forma positiva de solução dos problemas colocados por uma 15 definição liberal do Estado, e não como elemento negativo de resistência à mudança social. Outra questão colocada por Martins (2002, p. 29), acerca da instituição familiar, diz respeito à organização econômica desta. O autor argumenta que com o desenvolvimento do capitalismo, a família foi direcionada a transformar-se numa espécie de protótipo do trabalhador coletivo, visto que no grupo familiar o salário deixa de ser do indivíduo para ser da família. Desta forma, quando ocorrem exclusões temporárias de alguns de seus membros, a família os assume eximindo o sistema econômico, e conseqüentemente o Estado, de pagar pelos problemas sociais oriundos da exclusão. Desta forma transferem-se para o grupo familiar os custos sociais das irracionalidades do modelo capitalista de produção e organização social. Concretiza-se a passagem de um governo das famílias para um governo através da família. Para DONZELOT (1986), a expulsão da família para fora do campo sócio-político, e a possibilidade de nela ancorar os mecanismos de integração social, não são o produto de um encontro fortuito entre o imperativo capitalista de manutenção da propriedade privada e uma estrutura destinada à produção de sujeição através do complexo de Édipo, ou o que quer que seja, mas o resultado estratégico de uma série de intervenções que fazem funcionar a instância familiar mais do que se baseiam nela. Nesse sentido, a família moderna não é tanto uma instituição quanto um mecanismo. É através da disparidade das figuras familiares, dos desníveis entre o interesse individual e o interesse familiar, que funciona esse mecanismo. Neste sentido ROSA (2008), acrescenta que chama a atenção no caso brasileiro, o crescimento significativo do número de famílias monoparentais, chefiadas por mulheres e que apresentam as mais elevadas taxas de empobrecimento pela inserção precária e subordinada da mulher no mercado de trabalho, e para agravar este quadro, no contexto das famílias de pacientes com transtorno metal, PEGORARO (2008), salienta que normalmente, são as mulheres que cuidam ou se responsabilizam pelos usuários dos serviços de psiquiatria. Por outro lado deve-se esclarecer que por muitas ocasiões ela deixa de ser cuidadora para ser também usuária dos serviços de saúde mental, fator evidente e revelador da sobrecarga social cultural a qual ela está exposta. 16 2 objetivos O objetivo deste trabalho é contribuir reflexivamente com os profissionais Assistentes Sociais, discentes, docentes, equipes multidisciplinares e pesquisadores, na construção das políticas públicas, no que se refere à demanda contemporânea da abordagem familiar, refletindo acerca da sobrecarga imputada as famílias e mais especificamente a mulher enquanto sujeito que historicamente mais tem demandado atenção para a família nos serviços sócio assistenciais em psiquiatria. 3 metodologia da pesquisa Este artigo foi produzido a partir da pesquisa bibliográfica, pois, Segundo Gil (2002, p. 45), “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Desta forma, esta reflexão subsidiar discussões contemporâneas acerca da centralidade das famílias na organização das políticas sociais contemplando também as questões referentes ao gênero feminino enquanto cuidador de PTM. 4 cuidado informal em saúde mental: espaço destinado ao feminino Historicamente as famílias foram sendo gradativamente afastadas dos considerados loucos. Tomava-se esta medida justificando o afastamento como necessário e positivo para o tratamento. Contudo a partir da segunda grande guerra, já no século XX, foram implantadas diversas políticas de desinstitucionalização do tratamento psiquiátrico. Estas medidas trouxeram aos familiares a possibilidade do convívio e reaproximação com seu portador de transtorno mental, abrindo espaço para um novo papel no contexto familiar: a pessoa cuidadora. Para Wanderley (1998, p.09), “a prática do cuidar não é nova. Nova é a discussão pública acerca da função social de cuidar”, fator que deveria dar a pessoa cuidadora nova visibilidade social; contudo há de concordar que na maioria das vezes esta perspectiva não tem se efetivado no realidade cotidiana e social Porém MARANHÃO (2000) pondera que o ato de cuidar está vinculado à capacidade de quem cuida, e está dotado de sentidos impressos por esse sujeito cuidador. Neste contexto PEGORARO (2008), acrescenta que partindo do principio de que o cuidado não é o mesmo independente de quem o exerça, torna-se relevante apontar o papel que as mulheres enquanto 17 principais cuidadoras assumem no contexto familiar, diante de um quadro de doença mental. A maternagem, embora seja uma condição determinada cultural e ideologicamente às mulheres, é internalizada por ela durante seu processo de socialização como seu ser. Desta forma, a mulher tende a assumi-la a ponto tal de comprometer sua individualidade feminina. A maternagem ou o cuidado de pessoas, como uma atividade que exige determinadas qualidades psicológicas e relacionais que foram assimiladas e organizadas internamente pelas mulheres na qualidade de desejo consciente e inconsciente e apropriada socialmente, foi então inserida na relação hierárquica e diferenciada da divisão social e sexual do trabalho como uma atividade subalterna, com valor social significante, pois, como foi referenciada a condição biológica da mulher foi naturalizada (Chodorow, 1990 apud Rosa, 2008, p.276) E apesar do grande número de estudos e produções feministas terem demonstrado ao longo do tempo, que o denominado amor materno é na verdade um sentimento que independe do sexo, a sociedade ainda atribui à mulher a exclusividade desta capacidade. O que se observa, ainda, é a dificuldade de se desencantar a relação mãefilho que persiste no imaginário social como um mito. A mãe tanto é pressionada socialmente para assumir o provimento do cuidado, muito bem expresso no dito popular “quem pariu Mateus o balance”, quanto o tem internalizado como um encargo que lhe é devido porque “saiu do seu ventre e eu não vou abandonar”. (Rosa, 2008, p.279) O excesso de atribuições imputado especialmente à mãe, muitas vezes pode levá-la a queixar-se, e até mesmo a solicitar a ajuda de outros membros da família que assumam com ela a difícil tarefa do cuidado. Contudo na prática observa-se que ela acaba delegando apenas atribuições periféricas como a busca de medicamentos, pois se sente responsabilizada pelo cuidado. Segundo CARRASCO (2002), a participação cada vez mais abrangente das mulheres no mundo produtivo mercantilizado, deu visibilidade à tensão existente entre o tempo para cuidar e o tempo exigido para a produção, colocando em evidência uma das grandes contradições deste modelo: a obtenção do lucro e o cuidado dispensado à vida humana. Diante deste contexto da realidade cotidiana das mulheres cuidadoras do paciente com transtornos mentais, ROSA (2008), coloca que o provimento do cuidado produz um impacto na individualidade feminina, pois de um lado está diretamente relacionado ao estágio da evolução em que se encontra o transtorno mental e o grau de comprometimento que provoca na autonomia e independência do portador de transtorno mental; e por 18 outro lado à posição que a mulher ocupa em relação ao portador de transtorno mental, pois logo no início da trajetória da doença quando há ainda o desconhecimento da mesma, é normal o cuidador fazer investimentos temporais, emocional e econômico, acreditando na possibilidade de recuperação e cura. Como esta cura não vem, a pessoa responsável por estes cuidados passa então a estabelecer mecanismos de controle sobre o paciente, buscando assim controlar também os episódios de crise e o agravamento da doença, o que subjetivamente lhe dá o controle do sujeito. A família sente-se responsável pelo controle social do PTM e é pressionada socialmente a agir com ele de modo que se comporte de acordo com as normas sociais. Quando não consegue o controle comportamental do PTM, o provedor de cuidado e a família também se isolam socialmente. (Rosa, 2008, p.327) Neste sentido há que se considerar que mulher assume enquanto potencial mediadora, o peso emocional e o ônus de cuidar não só do PTM, mas também de todo o restante da família, ficando exposta ao eminente risco de também adoecer. Vários aspectos da vida do cuidador ficam comprometidos. Mas a principal queixa se relaciona ao descanso, sobretudo às interrupções ou qualidade noturna do sono [...] Por sua vez, o sono e sua qualidade estão estreitamente relacionados à saúde mental e ao que há de mais significativo em relação à individualidade e preservação da liberdade do provedor de cuidado [...]. (Rosa, 2008, p.287) Assim, “ser o cuidador (a)” da pessoa com transtorno mental, significa assumir para si não apenas um ônus pessoal, de noites mal ou não dormidas, mas também um ônus social e econômico de abdicar da própria vida. Contudo este conjunto de questões que passam a pertencer ao sujeito cuidador não é visível aos olhos da sociedade, e a desvalorização e o não reconhecimento do trabalho e dos serviços domésticos, executado especialmente por mulheres, favorecem a manutenção da dicotomia entre a cisão que se estabeleceu na sociedade moderna em torno do espaço privado e o espaço público. Há que se considerar também que o transtorno mental ao exigir cuidados intermitentes, submete e compromete não somente a autonomia do portador da doença como também dos seus familiares, alterando o projeto existencial da pessoa cuidadora. No que se refere ao universo da mulher cuidadora, os aspectos culturais e sociais, aparecem enraizados no contexto das relações familiares, onde ela compreende e assume o espaço doméstico como sendo 19 exclusivamente seu, a ponto de como diz GARCIA (1995), viverem a culpa de sentir desejos, de querer existir além dos serviços que prestam, levandoas muitas vezes ao adoecimento. Fator que para ROSA (2008), provoca ainda mais instabilidade no grupo familiar, pois segundo a autora, a mulher ocupa o lugar do elo organizador das ações e cotidiano do grupo, principalmente entre as famílias de baixa renda, observa-se também que os filhos tendem a ser mais afetados, pois em geral deixam de ir à escola, ao médico e ficam sem assistência para suas necessidades básicas. Cabe diante desta observação salientar que contemporaneamente, as relações sociais pretensamente têm sido direcionadas a buscar seus fundamentos na perspectiva dos princípios de cidadania, contudo mantêmse ainda no interior destas relações as desigualdades de gênero, reafirmadas e reproduzidas também nas políticas públicas. No contexto brasileiro, a família torna-se, então, a principal instituição garantidora da reprodução da força de trabalho, pela própria ausência ou precariedade da intervenção estatal por meio das políticas públicas de corte social. As condições da organização interna do grupo doméstico para a reprodução da força de trabalho são dadas fundamentalmente pela forma como seus integrantes se engajam no mercado de trabalho, pois a localização da pessoa na estrutura produtiva tornando-se o determinante da identidade e do comportamento de cada indivíduo na família [...]. (Rosa, 2008, p.190) Vemos então, a família e a mulher assumirem posições iguais, visto que no interior do grupo familiar o papel feminino se internaliza e é solicitado socialmente, constituindo-se espaço social de e para o provimento do cuidado, na tensão entre afirmações e negações de individualidades, possibilitando ao Estado reconfigurar-se, assumindo cada vez mais a distancia que o modelo liberal busca em relação aos sujeitos usuários das políticas públicas. 5 Conclusão A perspectiva das políticas públicas do século XXI, fixar seus parâmetros em torno do grupo familiar, desconsidera que estas estiveram por muito tempo à margem de muitos processos e conquistas da sociedade, especialmente no que se refere ao campo do direito social e da participação. Ficando sujeitas a uma ação estatal pontual, seletiva, clientelista e assistencialista que historicamente privilegiou em sua ação os grupos política e economicamente mais expressivos. Como fator de agravamento deste contexto que se quer compreender no âmbito do cuidado para com o PTM, emerge também a questão de 20 gênero, fruto deste contexto excludente, mas que tem suas raízes ancoradas em anos de história e cultura, que negaram para mulher o espaço da visibilidade social de sua contribuição, e mais contemporaneamente o espaço para usufruir das conquistas e dos direitos sociais ora definidos. Assim pensar o ambiente do cuidado e o espaço que a mulher cuidadora ocupa, nos chama a refletir acerca da sobrecarga de obrigações impostas as famílias de baixa renda, que por outro lado encontram-se cada vez mais vulnerabilizadas, pelas constantes crises econômicas e a dinâmica mudança dos valores societais os quais não conseguem acompanhar, assim firmou-se no seio do Estado e da sociedade a ideologia de que, independentemente das condições objetivas das famílias, estas devem ser capazes de cuidar e proteger seus membros, fato que as qualifica como capazes, por outro lado quando a família deixa de corresponder a esta prerrogativa, passa a ser categorizada como família incapaz. Chama também a atenção o fato de que apesar das políticas públicas trabalharem como uma idéia de diversidade de famílias é ainda muito presente os modelos padronizados de papeis familiares, enfatizando-se especialmente o estereótipo do comportamento materno, o que continua a movimentar os serviços a partir de expectativas de papéis típicos onde o cuidado com os “improdutivos” cabe à mulher, à cuidadora, a quem historicamente se nega o direito de ser cuidada. 6 Bibliografia CARRASCO, Cristina. A sustentabilidade da Vida Humana: Um Assunto de Mulheres? Cadernos SEMPREVIVA, Porto Alegre: SOF, 2002. CHODOROW, N. Psicanálise da maternidade: uma crítica a Freud a partir da mulher. Rio de Janeiro, Ed. Rosa dos Tempos, 1990. In ROSA, Lúcia Cristina dos Santos. Transtorno Mental e o cuidado na família. São Paulo: Cortez, 2008. DONZELOT, Jacques. A polícia das famílias. Trad. M. T. da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1986. ENGELS, Friedrich. 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