Informativo Vocacional
Irmãos das Escolas Cristãs
(Irmãos Lassalistas)
• Brasil •
VEM
E
SEGUE-ME
Expediente:
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24230-150 - Niterói - RJ - B R A S I L
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Equipe de redação: ...................................... Jovens, Vocacionados, Formandos e Irmãos Lassalistas.
Programação gráfica: .................................. Irmão Paulo Petry.
Revisão gramatical: ..................................... Irmão Benno Backes.
Impressão:
Gráfica e Editora LA SALLE
Rua Dr. Paulo César, 222 - Icaraí
24220-400 - Niterói - RJ
Junho de 2002
Humildes criaturas, queridas por Deus
Irmão Paulo Petry, fsc
E naquele momento o Senhor
quis que eu existisse. Maravilha das maravilhas,
a vida outra vez venceu. A vida
se renovou, a vida se manifestou, a vida simplesmente existiu. Nada mais do que a vontade
divina e eis que existi. Neste
simples gesto, nesta simples
atitude do Deus da vida, passei
a fazer parte do mundo, passei a
fazer parte da história, passei a
fazer parte do universo. Simplesmente, como em todos os
gestos criadores, o Senhor me
moldou, o Senhor me gerou, o
Senhor me fez pertencer à sua
criação. Por mais que eu agradeça, por mais que eu louve e
glorifique o Criador, sempre estarei aquém daquilo que Ele
merece, estarei longe do que
lhe é devido. Pois “a Ele e somente a Ele devo toda honra,
toda glória e o louvor para sempre” (cf. Ap 5,11-13).
posso ter diversas atitudes. No
entanto, meu modo de ser e
existir deve ser único, deve ser
fiel, constante e perseverante,
adaptado ao projeto de Deus a
meu respeito. Minha existência
há de ser uma busca perene da
vontade do Pai. Há de ser uma
constante renovação da vida no
Espírito Santo que me anima.
Há de ser uma perseverante
conquista dos bens do alto, seguindo o exemplo de Jesus o
Filho, que sempre fez a vontade
do Pai. Minha existência há de
ser, portanto, um contínuo exercício de fidelidade, uma louca
vontade de descobrir e viver o
projeto divino para mim, em
minha comunidade, na sociedade, no mundo de hoje.
De fato, os seres humanos,
diante do Criador, têm atitudes
muito diversas e encaram sua
Nesta condição de criatura,
de filho querido de Deus Pai,
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condição criatural de diferentes
maneiras. Uns se acham mais
prendados e por isto se julgam
mais dignos que os demais.
Outros consideram-se especiais e deixam-se dominar pela
soberba, chegando até a esquecer a sua condição de criaturas. Há também os
que olham para o Criador como o Todo Poderoso, e julgando-se
à imagem e semelhança
dele, dominam e pisam no
próximo para subir na vida, para
triunfar neste mundo. Estes esquecem que o Criador, além de
Todo Poderoso, talvez seja muito mais Todo Amor, Todo Misericórdia, Todo Perdão. É claro
que outros tantos, senão a grande maioria dos seres humanos,
percebem em si os dons recebidos, acolhem-nos com humildade e reconhecimento e
colocam-nos à disposição daqueles que o Senhor pôs ao seu
lado, para juntos construírem
um mundo melhor, para juntos
caminharem rumo à Terra Prometida, para juntos alcançarem
o paraíso definitivo.
Voltando-me outra vez à
minha condição de criatura,
noto que o Senhor da Vida um
dia me moldou. Segundo a linguagem figurativa da Bíblia, o
Senhor, de um bocado de terra
moldou o ser humano: “Então o
Senhor Deus formou o corpo do
homem com o pó da terra e
insuflou nele um sopro de vida;
e o homem tornou-se um
ser vivo” (cf. Gn 2,6-8). E
esta ação criadora repete-se continuamente.
Sempre de novo o Senhor toma cuidado de
sua obra. Sempre de novo Ele
volta a modelar este bocado de
terra, que insiste em tomar a
figura própria, negando-se a ser
a obra prima do artista maior.
Tantas vezes me percebo
resistindo diante dos apelos do
Senhor. Ele me pede que eu seja
um vaso de uso nobre e eu quero simplesmente ser um de uso
comum. Ele me pede
que eu seja uma peça
importante na obra
toda, porém, por mim
seria somente uma
peça de decoração. Ele
me quer como ânfora
plena de água para
saciar a sede dos
passantes, todavia a água em mim
apodrece, pois
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optei por ser uma ânfora Deixa-te
inalcançável. Ele me modelar
pede que eu seja uma
cerâmica fina que alegra o ambiente, contudo, prefiro ser cerâmica
tosca e sem serventia
para evitar qualquer serviço. Ele me pede que
eu seja um tijolo resistente que
garanta a firmeza da construção, no entanto eu, em minha
autosuficiência egoísta, prefiro
ter minha própria textura e composição, pondo em risco a minha própria vida e a de minha
comunidade. Ele me pede que
eu preste um serviço digno, mas
eu prefiro nem me envolver.
Todas estas são resistências comuns aos seres humanos, criados para serem felizes. Além
destas, existem outras mais que
impendem a renovação da vida,
o desabrochar das vocações, o
desenvolvimento da missão
confiada a cada ser humano, a
revelação plena dos mistérios
divinos em nossa realidade.
Uno-me aqui ao Profeta
Isaías, que tão bem retrata a
nossa condição de criaturas, ao
comparar-nos ao barro nas
mãos do oleiro, o Oleiro que
molda o barro conforme melhor
convém. “Ai do homem
que luta contra o seu
Criador! Será que o vaso
de barro se põe a argumentar contra o oleiro
que o fabricou? Já alguma vez se viu o barro a
disputar com aquele
entre cujas mãos está a
ser moldado, e dizer: «Eh! Pára
aí! Isso não é assim que se faz!»”
(cf. Is 45,8-10). Fomos criados
para ser felizes, somos chamados à felicidade, mas quantas e
quantas vezes complicamos as
coisas, revoltamo-nos sem razão, deixamos de compreender
que a vida é bem curta e que
neste curto espaço de tempo é
que deixaremos a «nossa marca». Tendo escolhido bem a vocação e sendo fiéis ao chamado
do Senhor, estaremos indo pelo
caminho que nos conduzirá à
nossa realização pessoal. Realizados, seremos capazes de oferecer o melhor de nós para
cumprir a missão da humanidade, que é viver plenamente o
amor trinitário, manifestado por
Cristo Jesus em sua mensagem,
sua vida, morte e ressurreição.
Creio que é chegado o momento de permitir que Senhor
da História retome o rumo da
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Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
minha vida, retome o destino
da humanidade, e faça assim,
da nossa, a história da salvação.
Para isto cada um de nós é chamado por Deus a entregar-se, a
doar-se e oferecer-se como o
barro nas mãos do oleiro.
própria vida. Este é o gesto, este
é o oferecimento que de fato
podemos colocar no altar do
Senhor. A vida que dele recebemos, por pura graça e bondade,
a Ele oferecemos em atitude de
humilde adoração e gratidão.
Como vocacionados, como
chamados por Deus, entreguemos em suas mãos a nossa vida,
as nossas preocupações, nossas vontades, desejos e aspirações. Certamente, nesta entrega
humilde e sem condições, Ele
fará grandes coisas em nós.
Entregue-se nas mãos de Deus
Como vocacionados somos
chamados por Deus a doar-nos
sem reservas, para realizar a
missão que Ele quer nos confiar.
Nesta doação certamente seremos felizes, pois estaremos dentro dos planos do Pai, vivendo
segundo seus sagrados desígnios para conosco.
Como vocacionados ofereçamos ao Deus da vida a nossa
Seres criados para a felicidade, sejamos sempre este barro
que se deixa moldar. Evitemos
a dureza, a secura, a resistência
e todo fechamento que nos tornam soberbos, auto-suficientes
e impenetráveis até mesmo para
a ação criadora e renovadora de
Deus. Permitamos ao Senhor,
que nos criou de forma tão original, que Ele retire de nós os
excessos, cubra nossas deficiências, preencha nossos
vazios e faça sempre mais brilhar nossas qualidades, dons
que de sua bondade infinita e
de forma totalmente gratuita
recebemos desde as origens
para a sua glória sem fim.
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Pensando e enfrentando o futuro
Postulante de II Ano Aldair José da Silva, São Paulo/SP
“Eu me preocupo com isso
depois”. “O futuro está fora do
meu alcance”. “Eu tenho que
desfrutar a vida hoje enquanto
posso, porque amanhã talvez
seja tarde demais”. Esta é a maneira como muitos pensam
hoje. Os cientistas já previam o
perigo que confrontaria o mundo. Mesmo assim, poluímos e colocamos em
risco o nosso sistema ecológico. Os
médicos nos advertem sobre o perigo
de fumar, mas as
pessoas continuam
fumando. Por que
isso acontece? Por que
as pessoas preferem prazeres imediatos da vida, sem
pensar nas conseqüências de
suas ações?
Algumas pessoas gostam
de pensar no futuro. A astrologia e o horóscopo são muito
populares ao redor do mundo,
mas não podem determinar o
nosso futuro. A melhor maneira
de se preparar para o futuro é
viver cada dia de maneira que
mais tarde não venhamos a ter
remorsos. Não são apenas
grandes decisões que tomamos e as super-escolhas que
fazemos que determinarão o nosso
futuro, mas tamb é m uma série
de pequenas coisas que fazemos
diariamente. É claro que existem muitas co i s a s q u e
acontecerão no nosso futuro, e que não
poderemos controlar. As circunstâncias exercem grandes
influências neste sentido. Entretanto, se colocarmos nossa
vida à disposição de Deus e nos
concentrarmos no que podemos
controlar, como nossas atitu-
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Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
des, os amigos que escolhemos,
“a opção de vida que queremos
seguir”, estudar e trabalhar aplicando da melhor forma nossas
habilidades e potenciais, então
poderemos mudar o curso do
nosso futuro.
Recordamos aqui que, na
nossa história de vida, está presente o chamado do Criador.
Ele nos convida a segui-lo para
sermos pescadores de homens.
Mas, muitas vezes por temer o
futuro, temos dificuladas de responder SIM ao seu precioso convite: Vem e segue-me! Por isso,
quero lembrar que não só devemos pensar e temer o futuro, e
sim enfrentá-lo com o presente
bem vivido, plantando assim boas
sementes para colher bons frutos,
acreditando neste chamado e no
seu projeto para
cada um de nós.
Bem sabemos
que uma das poucas coi-
sas, senão a única, que não podemos controlar é o dia da nossa morte. Conseqüentemente
precisamos confiar cegamente
na Providência Divina, pois
quando confiamos em Deus,
podemos estar seguros do seu
cuidado e controle sobre o nosso amanhã. Ele que é providente há de nos conduzir pelo
caminho do bem, da paz, da
doação e da verdade, contanto
que o deixemos agir em nossa
vida. Se seguirmos a Jesus,
ouvindo seus ensinamentos e
praticando seus mandamentos,
existe uma promessa que Ele
fez aos seus primeiros discípulos, e que está em vigor e é
verdadeira em nossos dias: “Eu
estarei convosco
até o final dos séculos”. Confiantes
na sua promessa,
coloquemo-nos
em suas mãos,
para que, como argila nas mãos do
oleiro, Ele possa vir
e terminar a obra que começou.
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A formação no
Juvenato La Salle - Uruará/PA
Texto elaborado pelos Juvenistas de Uruará com a colaboração do Ir. Moacir Paulo Orth, fsc
Caros leitores, queremos
compartilhar com vocês alguns
elementos importantes que
estamos vivenciando na formação para Vida Religiosa, especificamente a de Irmão Lassalista.
A formação é a constante
experiência do inacabamento:
do já, mas ainda não. Em outras
palavras, à medida que vamos
crescendo como pessoas, vamos
nos dando conta do quanto ainda precisamos avançar. Isto significa que a consciência da
incompletude emerge exatamente com mais profundidade
à medida que novos elementos
são integrados na nossa vida.
E o mesmo ocorre com a
educação. Nós Lassalistas, que
enxergamos o mundo com os
“óculos” da educação, bem sabemos disso. Ela acontece em
tempos e espaços diversos e se
estende do nascer ao pôr do sol
da nossa vida.
Vivemos aqui no juvenato
muitas coisas como: estudos em
geral, esportes, leituras de cultura geral e de espiritualidade,
orações, momentos de convivência, retiros e aulas de formação específica. A formação
provém do resultado de todos
os itens citados acima. Todos
estes conteúdos e atividades
que são desenvolvidas aqui no
juvenato visam ao nosso preparo como jovens vocacionados
a serviço do Reino.
Entendemos que a formação não acontece em momentos fixos e pré-estabelecidos.
Não há parêntesis. Existem experiências mais significativas e
relevantes. Porém a formação,
bem como nosso processo
educativo, acontece ou deixa de
acontecer nos diferentes espaços por onde transitamos.
E como se está vivendo
esse processo no juvenato?
Chegamos aqui com grande vontade de crescer, e com o
passar dos dias fomos crescendo como pessoas e vocacio-
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Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
nados. Este crescimento está
sendo diário, pois sempre
estamos a conhecer coisas novas que nos deixam firmes em
nossa vocação e fortes em nossa formação. Com isso, chegamos à conclusão de que estamos
tendo uma boa formação aqui
no juvenato.
A formação no juvenato nos
ajuda a amadurecer humana e
cristãmente, crescer na nossa
aceitação e abertura para com
os outros, sendo sempre verdadeiros e confiantes em nossa
capacidade e na capacidade
dos outros. O processo de
formação na etapa do juvenato
possibilita ao formando
(juvenista) melhor conhecer-se
descobrindo quais seus pontos
positivos e negativos: os positi-
vos são cultivados; aos negativos são apontados caminhos
para superá-los.
O objetivo da formação é
levar o formando o mais próximo possível, a ser o modelo do
amor testemunhado por Jesus
Cristo. E a formação começa
com a opção clara pelo cristianismo, e a assunção gradativa
dos seus valores.
E como alertamos no início,
a formação é processo duradouro. É fundamental ter paciência
e prudência. Por outro lado, não
podemos nos acomodar ou protelar nosso amadurecimento.
Pois, no mundo em que vivemos, urge que vivamos cada
vez com mais intensidade os
valores do Reino de Deus.
Grupo de juvenistas em Uruará/PA - 2002
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Caminhada vocacional
Wemerson Martins e Janislon Lira
Iremos relatar um pouco da
nossa caminhada vocacional.
Quando começamos a participar da pastoral vocacional, vimos que tínhamos uma grande
e longa jornada pela frente, e o
caminho que iríamos percorrer
era cheio de alegria, amor e até
preconceito.
Preconceito que vinha trazer
dúvida à nossa caminhada
vocacional. Dúvida que acabaria depois de recebermos o convite para ingressar em uma casa
de formação e discernir nossa
vocação. Aceitamos o convite e
fomos morar em Cândido Mendes/MA, momento em que surgiu mais uma dificuldade: deixar
os nossos familiares e viver
numa realidade totalmente diferente da que vivemos em nossas
casas. Tivemos que nos habituar aos horários, aos trabalhos
pastorais. No começo, sem experiência, só encontramos barreiras, depois de pegar o gosto
pela catequese vimos os frutos
que uma pastoral bem feita pode
dar. Outra dificuldade foi o nosso entrosamento com os alunos no colégio, mas esta foi
vencida pela força que carregamos junto a nossa vocação.
Na vida de um candidato
a religioso Irmão lassalista
sempre haverá provações e
sofrimentos, que podem ser
vencidos pela força do amor,
da fé e da esperança. Se
estamos sofrendo, é porque
estamos buscando algo,
buscando conhecer a nós
mesmos. E como diz um
ditado popular: “aquele
que deseja ir até o fim de si
mesmo jamais será poupado do
desafio do sofrimento”.
Depois de fazer um pouco
de experiência no pré-juvenato
em Cândido Medes, recebemos
o convite para vir a Uruará/PA,
onde se localiza o juvenato La
Salle. Aceitamos o convite e
estamos no primeiro ano como
juvenistas. “Estamos gostando”.
Trabalhamos com catequese e
alguma vez participamos de
encontros de jovens. Olhando
para trás, dá pra ver que o nosso
trabalho com a catequese, os
trabalhos pastorais e as aulas
de formação com o nosso formador Irmão Moacir nos fazem
crescer de uma forma tal, que os
obstáculos já não são tantos.
Mas ainda há dificuldades, que,
com certeza, iremos superar
com fé e amor em São João Batista de La Salle.
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Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Relacionamento com o outro
Vicente de Paula Fialho da Silva
Waldemir Silva do Carmo
Para que haja um bom relacionamento, precisamos ouvir um
chamado, o qual nos impulsiona a
conhecer as pessoas. Ouvindo este
chamado, fomos em busca do nosso discernimento; não tínhamos
sequer uma noção de onde poderia ter surgido e assim prosseguimos a caminho, em busca deste
discernimento.
Chegando ao juvenato, encontramos várias pessoas distintas;
cada um de nós veio por caminhos diferentes. No início vieram
em nossa mente diversas perguntas que não sabíamos responder.
E os dias foram passando, e nós,
um pouco intimidados, passamos
a partilhar um pouco das nossas
experiências e as diferenças culturais de um para outro Estado. Às
vezes sentíamo-nos impulsionados ou dominados por alguns receios, mas nem por isso deixamos
de ir em frente em nosso conhecimento de pessoas novas. Aos
poucos toda esta aproximação
contribuiu para que nos tornássemos amigos uns dos outros.
Muitas vezes, quando nos
deparamos com uma pessoa pela
primeira vez, formulamos várias
imagens diferentes de como seria
ela. Sabemos que o relacionamento entre duas pessoas não
acontece do dia para a noite;
precisamos dar tempo ao tempo e aos poucos iremos cultivando laços de amizade.
Chegamos a entender que a
nossa convivência fez com que
surgissem laços afetivos entre nós
e as pessoas com as quais convivemos. Isso só pode ocorrer desde que estejamos dispostos a nos
unir com as mesmas, vivendo então um processo coerente, que
requer um maior empenho e esforço de nossa parte.
No passar do tempo acontecem desentendimentos, intrigas
e discussões, que não deixam de
fazer parte do relacionamento
e que nos ajudam no crescimento
e amadurecimento pessoal e
comunitário. Nestas situações
pudemos perceber a ação e a
reação das pessoas. Tudo isto foi
revelando como estas pessoas são
de fato interiormente.
E vivendo esse processo que
acabamos de assimilar, hoje
sentimo-nos alegres por termonos tornado amigos.
Concluindo, queremos dizer que todo relacionamento
humano envolve o conjunto das
pessoas mais ou menos significativas, atingindo as mesmas
como um todo.
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Lixo X material
Irmãos noviços
Enivaldo Oliveira Barroso e José Francisco dos Santos
Este texto para a revista Vem e Segue-me foi
escrito a partir de uma experiência de estágio,
com pessoas que trabalham na reciclagem do lixo.
Lixo: s.m. 1. O que se varre de casa,
da rua, e se joga fora, entulho. 2. Coisa imprestável.
Material: adj. 1. Relativo à matéria.
2. Conjunto de objetos
que forma uma obra, etc.
O que jogamos fora, depois
de usado, é lixo ou material? Analisado de um ponto de vista, afirmaremos que é lixo. Mas, quando
começamos a refletir que algo
descartado por alguém poderá
ser transformado, por exemplo,
em matéria-prima para a indústria, ajudando, assim, a diminuir o preço dos produtos,
descobriremos que é material e
que, todos os dias, estamos jogando dinheiro fora. São, talvez,
bilhões de reais que o Brasil
deixa apodrecer todos os anos.
O que não se poderia fazer
com esse dinheiro!? Outrossim,
estaríamos colaborando para a
d e s p o l u i ç ã o d o planeta Terra e, assim, garantindo um
mundo melhor para as futuras gerações.
Segundo a revista “Super Interessante”, de setembro de
2000, dos mais de cinco mil
municípios brasileiros, apenas
135 praticam algum tipo de
coleta seletiva do “lixo”, sendo um deles o Município de
Canoas, RS.
A Associação dos Carroceiros
e Catadores de Canoas está localizada na Rua Dom Pedrito, 800, no
bairro Mathias Velho. Coordenada por Maria Ferreira e Frei
Claudelino Brustolin, Capuchinho,
é constituída por 28 associados,
em sua maior parte mulheres, que
conseguem reaproveitar de 50 a
60 toneladas de “lixo” por
mês, dado que pode parecer insignificante diante
das toneladas e toneladas de “lixo” que são depositadas, todos os dias,
nos aterros públicos do Município. Do embrulho do bombom
até pedaços de ferro da construção civil, tudo pode ser transformado em produtos para a
indústria.
Sabendo da importância desse serviço prestado à sociedade,
nós, Enivaldo de Oliveira Barroso,
José Francisco dos Santos e Márcio
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Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Pies, noviços lassalistas, nos propusemos conhecer de perto e viver alguns dias com as pessoas
que trabalham no local em que é
feita a triagem do “lixo”.
A partir dessa convivência,
co n s t a t a m o s q u e a n o s s a
sociedade não está sendo
educada para perceber o
quanto a reciclagem do “lixo”
poderia fa z e r p a r t e d o c o t i d iano das pessoas. É uma lacuna, que mostra como é
pequeno o nosso comprometimento com a qualidade de vida
das futuras gerações.
A Associação está se
constituindo em ponto
de referência para outras entidades semelhantes, que desejam
conhecer o trabalho
por ela realizado e
planejam implantar
um projeto parecido em outros
Municípios e Estados. Também o
local onde é feita a triagem do
“lixo” vem sendo procurado por
escolas municipais e estaduais,
como forma de complementação
do trabalho de conscientização
dos alunos sobre a importância da
coleta seletiva do “lixo” e outros
aspectos a ele relacionados.
Do apurado com a venda do
material selecionado, 20% é destinado à manutenção e à ampliação da Associação; os outros 80%
são divididos, em partes iguais,
entre os 28 associados. Embora
possa parecer um trabalho degradante, para as pessoas que o realizam o mais importante não é o
dinheiro que recebem, mas, sim,
a contribuição que prestam à preservação da natureza e para que
as futuras gerações possam desfrutar das coisas que a nossa Mãe
Terra colocou e continua colocando à disposição dos homens e das
mulheres.
A partir dos estudos e trabalhos que realizamos, concluímos
que lixo não existe. Lixo é o único
produto da economia com preço negativo, ou seja,
paga-se para livrar-se
dele. E paga-se muito.
As prefeituras brasileiras costumam gastar
entre 5% e 12% de
seu orçamento com
lixo. A cultura do desperdício, tão difundida no Brasil, joga fora 5,8 bilhões de reais
por ano porque não recicla o
lixo urbano. Embora seja possível utilizar 100% do lixo, só
13% é efetivamente aproveitado, principalmente com a
reciclagem de papel, de vidro e
de metais. Já 76% do lixo brasileiro acaba em lixões a céu aberto.
Reciclar é uma palavra-chave
que o Brasil ainda não aprendeu a
pronunciar direito. Lixo é produto de uma visão equivocada dos
materiais. Segundo a reportagem
da revista ‘Super Interessante’, a
13
comida que é desperdiçada no
Brasil (em restaurantes, feiras, supermercados... e nas casas), se
fosse reaproveitada, seria suficiente para alimentar dezenove milhões de miseráveis. O primeiro
passo para isso acontecer é aprovar o Estatuto do Bom Samaritano,
que está mofando na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara
desde 1997. O Brasil produz
280.000 tonelada de lixo por dia.
Se fosse investido no processo de
reciclagem, poderia gerar 120.000
empregos, segundo o economista Sabetai.
Na verdade lixo não existe. O
que existe é ignorância, falta de
vontade e ineficiência. Lembrese: A reciclagem de uma única
latinha de alumínio propicia
economia de energia suficiente
para manter uma geladeira ligada
por quase dez horas; Cada quilo
de vidro reutilizado evita a extração de 6,6 quilos de areia; Cada
tonelada de papel poupada preserva vinte eucaliptos.
O aproveitamento do lixo valoriza dois bens que não têm preço: a saúde da população e a
natureza. A grande lição de vida
que tiramos desta experiência é
que nada se perde, ou melhor,
como já foi dito por alguém antes
de nós, tudo se transforma. Cabe a
nós ser inteligentes.
Pastoral
voacional
é!!!???
Irmão Marcelo Luís Reichert, fsc
“A vocação é uma semente de
amor de Deus no coração da
gente. Alguém, um padre, uma
religiosa, um leigo convicto ou
uma leiga fervorosa... vai e
planta, e cultiva, e rega a
semente da vocação, como
humildes cooperadores de Deus.
Mas quem dá a virtude, o
crescimento, a graça é Deus, pelo
seu Espírito Santo e pelos
merecimentos de Jesus Cristo”.
Dom José
Em primeiro lugar, a Pastoral Vocacional é dinâmica: pastoral. E pastoral vem de pastor.
Precisamos ser os pastores (animadores) que orientam e chamam as ovelhas (animados)
pelo bom caminho, o caminho
da felicidade, da vida em
ambundância.
Em segundo lugar, ao falar
de Pastoral Vocacional se fala de
experiência de vida, de chama-
14
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
do e resposta, de vocação à vida
e além disso, de desejos, sonhos, dúvidas, projetos, enfim
sobre o discernimento de alguma vocação, entre as várias, que
o(a) jovem pretende seguir/
abraçar para/com/como vida.
É necessário dispor-nos e
despojar-nos para praticar com
humildade, compromisso e
amor a Pastoral Vocacional.
Existe a necessidade de voltarnos constantemente para dentro de nós mesmos (olhar
interior) para sentir, fazer processos de espiritualidade, pastoral-missão, consagração,
encarnados na realidade.
Na medida que orientamos
alguém e nos dispomos a
orientar, também precisamos
deixar-nos orientar por outro alguém. Assim, de igual modo,
constantemente precisamos rever os processos e concepções
para ajudar alguém a discernir
sua vocação.
Pastoral Vocacional é envolvimento, é doação, é compromisso com a vida, é revelar
quem eu sou (transparência), é
testemunhar Jesus Cristo, é, em
nosso caso, viver com autenticidade a vida de Irmão Lassalista,
é indicar rumos, direções.
Ainda, Pastoral Vocacional
para mim é escutar, sentir as
pessoas, os chamados, os
apelos e necessidades e ser
u m a presença animadora,
fortificadora e criativa. Só sou
essa presença se me permito
fazer experiências de vida e deixar o outro me ensinar com as
suas experiências; e, acima de
tudo, se me deixo conduzir pelos caminhos que Deus me prepara e indica.
“Que alegria para o(a) agente
de Pastoral Vocacional,
no entanto,
ser o(a) semeador(a),
o(a) jardineiro(a),
o(a) cultivador(a)
de uma vocação!
A alegria do(a) jardineiro(a)
é ver o desabrochar
das flores no jardim,
encantando e perfumando...
A alegria do(a) agricultor(a)
é ver os frutos sazonados que
vão alimentar e revigorar os
filhos e as filhas de Deus.
A alegria do(a) agente vocacional
é ver o(a) seu(sua)
vocacionado(a)
florindo e frutificando
na Seara do Senhor!...”
Dom José
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Encontros de vocacionados
Animadores vocacionais: Irmãos Edgar A. Haab e Marcelo Reichert, fsc
Na linha do acompanhamento de jovens que têm intenção de seguir a vocação de Irmão
Lassalista, na Província Lassalista de Porto Alegre, realizamos no mês de julho/2002 três
encontros de vocacionados,
acontecendo um encontro em
cada centro vocacional: Porto
Alegre, RS (para os jovens da
região metropolitana), Cerro
Largo, RS (jovens da Diocese de
Santo Ângelo - região das missões) e São Miguel do Oeste, SC
(jovens da Diocese de Chapecó).
O objetivo destes encontros/
retiro é ajudar no discernimento
vocacional ao qual os jovens se
propõem. E somado a este
objetivo propiciar uma formação/integração humana e
cristã lassalista.
Estes jovens vocacionados
antes de participar dos encontros vocacionais já manifestaram seu interesse e
motivação em conhecer melhor a vida de Irmão Lassalista,
propondo-se ao discernimento
da sua vocação.
De modo geral percebemos
uma boa motivação, interesse,
participação e preocupação com
o futuro dos jovens nos encontros vocacionais. Outro aspecto
Vocacionados que participaram
do encontro em Cerro Largo, RS,
nos dias 5, 6 e 7 de julho de 2002
16
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relevante é o encanto, carência
e sede pela oração, integração
humana e auto-conhecimento
que os jovens demonstram. Para
muitos destes jovens, o desafio
primeiro é o compromisso com
a própria vida.
Como já foi dito, estes encontros aconteceram em julho
deste ano, nos dias 5, 6 e 7, em
Cerro Largo e Nova Santa Rita; e
nos dias 12, 13 e 14, em São
Miguel do Oeste. Na região
metropolitana participaram
dezesseis jovens vocacionados
e o encontro foi realizado na
Quinta São José, no Município
de Nova Santa Rita, RS.
O encontro esteve sob a coordenação dos Irmãos Marcelo
Reichert, Airton Muller e Miguel
Freitas. Na região das Missões,
28 jovens participaram do encontro, realizado no Colégio La
Salle Medianeira de Cerro Largo. Coordenaram este encontro
os Irmãos Daniel Steinmetz,
Gilmar Staub, Elisandro Kaiser e
Edgar Haab. E na região Oeste
Catarinense dezenove jovens se
fizeram presentes. O encontro
esteve sob a coordenação dos
Irmãos Luís Carlos Dalla
Rosa, Edgar Haab, Dirceu
Bohnenberger e Gilmar Staub.
Grupo de vocacionados
com Irmão Dirceu e Irmão Luiz
Grupo de vocacionados
da região de São Miguel do Oeste
17
Duas fotos do encontro de vocacionados coordenado pelo Irmão Marcelo Reichert.
Este encontro foi realizado em Nova Santa Rita, 6-7/7/2002.
18
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
O estudo dos jovens teólogos
Postulantes de I Ano: Cleber Faccio e Eucledes Casagrande, Esteio/RS.
Vivemos em um mundo de
constantes mudanças. Mudança de hábitos, de ideologias, de
valores... neste sentido o estudo adquire uma importância
cada vez maior. Ele é arma essencial na luta contra as desigualdades sociais, contra o
aumento de distância, entre os que têm e podem
desfrutar de tudo o que
é mais moderno, e os
que vivem à margem
da sociedade.
Neste contexto
cabe ao Irmão
Lassalista estar atualizado e informado,
para que em sua missão
possa dar respostas concretas e
atuais, sendo agente no processo de transformação das desigualdades sociais, através do
ensino, da ajuda na organização das classes sociais excluídas, na busca de seu espaço e
de seus direitos.
Assim também o estudo é
algo importante na vida de um
postulante, pois através dele
nos tornamos ousados, abrimos nossos horizontes para o
mundo da informação e do saber, vendo não só as idéias
distorcidas e mascaradas que o
sistema (meios de comunicação, política, ideologias...) nos
passa, mas também, intervindo
de forma direta nesta realidade
de exclusão.
O Curso de Teologia
no Unilasalle vem nos
proporcionando um
estudo amplo sobre:
pesquisa; atividade
pastoral, comunitária
e institucional; assessoria na área de
conhecimento teológico; contribuição das ciências, principalmente da Filosofia, na busca de
uma síntese superior do saber,
no diálogo entre fé e razão, garantindo-se o lugar legítimo da
Teologia no mundo da Ciência e
da Cultura. Em casa temos semanalmente aulas formativas
(leituras sobre o Fundador São
19
Acima, flagrante de estudo dos jovens teólogos, durante encontro de entrosamento e reflexão.
Prática da teoria pastoral. Abaixo, um momento em que preparamos comunitariamente
o material a ser usado em nossas atividades de pastoral.
20
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
João Batista de La Salle, leituras espirituais, estudo sobre
celebrações e liturgias, leitura
orante da Palavra de Deus...),
também aula de língua espanhola e acompanhamento com
fonoaudióloga.
Estar sempre aberto a novas
fontes de conhecimento é o que
nós devemos sempre levar em
conta. A leitura diária de revistas, jornais, livros... nos ajuda a
dialogar com o pensamento da
modernidade, com a plural realidade histórico-social, suas
proposições e inquietações, visando assim a contribuir na
construção de uma sociedade
mais justa, solidária e fraterna.
Prática da teoria pastoral
Postulantes de I Ano Adaril Borges dos Santos e Fábio Tioni Karling, Esteio, RS
Iniciando o segundo semestre do Curso de Teologia no
Unilasalle, deparamo-nos com
a cadeira de Teoria e Prática Pastoral. Após bom embasamento
teórico, foi-nos proposto o desafio de engajarmo-nos em
algum trabalho pastoral.
Escolhemos então a
Pastoral da Saúde como
forma de nos aproximarmos das necessidades e apelos da realidade
circundante. Este trabalho
é desenvolvido no Hospital São
Camilo da cidade de Esteio, todas as quartas-feiras. Fundamenta-se principalmente em
visitas aos doentes, participa-
ção na liturgia e animação das
celebrações.
Observamos, na grande
maioria dos pacientes, uma extrema vontade de viver e um
exemplo de determinação e
de luta frente aos obstáculos que a vida lhes impõe. Levamos a eles o
carinho, o diálogo, o entusiasmo e a força de que
precisam. Há nesta relação uma reciprocidade de
experiências que enriquece
ambas as partes
“Estive doente e me visitastes” (cf. Mt 25,34). Procuramos
responder ao apelo de Deus para
consolidar nossa vocação.
21
Seguindo em frente
Postulantes Adenilson de Faria - II Ano, e
Cláudio Henrique Rocha Moreno - I Ano, São Paulo/SP
Hoje me sinto mais forte,
mais feliz, quem sabe.
(Almir Sater)
Mais uma etapa de nossa
vida de formação está se
findando. Queremos, neste
breve espaço, mostrar como
foi e está sendo esta caminhada formativa. Serão abordados vários aspectos da
formação como: faculdade, formação interna da congregação,
vida de oração, trabalho, pastoral da catequese e vocacional e
caminhada como grupo.
Começando pela faculdade,
estamos cursando teologia e filosofia na FAI unidade Santana,
no período noturno. As nossas
dificuldades estão sendo sanadas com o esforço e dedicação
de cada um naquilo que dificulta o seu desenvolvimento. Com
estes cursos, surge aos poucos
em nós o desejo de nos aprofundar no mistério da teologia,
de conhecer um pouco mais a
teoria sobre nós mesmos e identificar o meio em que vivemos.
Tudo isto colabora para que
nossa prática pastoral e comunitária seja mais concreta e
compromissada, fazendo crescer em nós uma espiritualidade
mais ativa.
Já no quesito formação interna podemos partilhar com os
leitores de Vem e Segue-me que
temos dois anos de postulado
aqui em São Paulo. Nestes dois
anos, o que fala bem alto para
que tudo dê certo é a união do
grupo. Esta união evita também
dispersões. É claro que nem tudo
é sempre um mar de rosas. Em
dois anos, é claro que tivemos
nossos desentendimentos, mas
nada que um bom pedido de
desculpas não resolvesse... às
vezes tudo se resolvia com um
simplesmente «deixa pra lá».
Muitas coisas aconteceram desde que chegamos. Primeiro foi a
22
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
recepção nossa no Postulado. Em seguida vieram os estudos, as tarefas
e muitos lugares e pessoas que conhecemos, e
que com certeza são importantes para a nossa
formação. Dentre estas
pessoas importantes
destacamos os alunos
das escolas lassalistas,
que conhecemos e com
Postulantes Cláudio Henrique e Adenilson,
os quais convivemos no
autores deste artigo.
encontro da Pajula. Este
do algumas canções lassalistas
encontro nos marcou bastante
e religiosas. Ah! não podemos
pelo desejo dos jovens de
esquecer que nesta ocasião
formar uma comunidade firpassamos nas salas do primáme entre eles. Outro fator
rio, apresentando-nos e contanmarcante em nossa formação
do um pouco de nossa vida e da
deste ano foram as visitas às
congregação. Ainda em São
nossas escolas. Toda nossa
Carlos, jogamos uma partida de
comunidade, durante as férifutebol com os alunos, cujo
as de julho, visitou o Instituresultado ficará sepultado nato Abel em Niterói, RJ, e
quele campo... Todos estes
fizemos um retiro, além de
momentos e encontros nos
ter algumas aulas de expresencorajam para uma dedicação
são corporal na Casa Abel em
maior ao próximo, têm um granAraruama, RJ. Durante este ano
de significado em nossa formaestivemos também no Colégio
ção para a vida religiosa e
La Salle de Botucatu, SP, e no
aumentam em nós o desejo de
Diocesano de São Carlos, SP.
partilhar nossos dons.
Neste último tivemos maior
participação e envolvimento
Apesar de alguns percalços,
com os alunos, fazendo uma
a formação continua firme em
apresentação teatral e cantanseu objetivo de mostrar a dire-
23
ção e dar sustentação para que
o formando continue sua caminhada de cristão, na vida religiosa ou não... O postulado é uma
fase de esclarecimentos. Aqui
relembramos alguns colegas
que estiveram conosco, e que,
por um discernimento pessoal
acompanhado pelo Irmão formador, descobriram que esta
não era a sua vocação. Mas voltando para nossa formação, destacamos também as dinâmicas
de grupo que vêm tendo um
bom rendimento.
orante da Palavra. No plano de
formação há vários outros momentos em que todo o grupo dá
ênfase maior à vida espiritual,
seja em retiros ou dinâmicas
grupais, seja na vida cotidiana
ou na oração comunitária.
A esta canção acrescentamos nós: É preciso oração para
alimentar a vida.
Todos os postulantes têm
um estágio a ser feito na área da
educação, e este é feito no Centro Educativo e de Assistência
Social La Salle (CEASLAS), com
o acompanhamento da diretora
Sônia Mardelei Rodrigues. Este
estágio traz um primeiro contato com uma realidade de sala de
aula. Tal contato nos enriquece,
pois temos uma convivência
maior e mais drieta com crianças e jovens de diferentes
realidades, o que nos abre
novos horizontes para a educação humana e cristã.
Pois é, outro aspecto que
não podemos esquecer de modo
algum é a vida de oração, que
foi e está sendo trabalhada com
especial atenção pelos nossos
formadores. O grupo de primeiro ano está se aprofundando no
método de oração lassaliano, e
os postulantes do segundo ano
voltaram-se mais ao método
Na pastoral da catequese
todos têm mostrado grande estima em evangelizar através da
palavra, seguindo o exemplo de
Jesus Cristo. Na formação temos um bom tempo dedicado à
preparação e atualização catequética, onde são sanadas as
dificuldades que vão surgindo
durante nossa prática nas diver-
É preciso amor pra poder pulsar.
É preciso paz pra poder sorrir.
É preciso chuva para florir.
(Almir Sater)
24
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
sas paróquias em que atuamos.
Atuamos na catequese que prepara as crianças para a primeira
eucaristia, trabalhamos com
grupos de perseverança, e preparamos jovens para o sacramento da crisma. Estas são as
áreas em que auxiliamos na
evangelização. Atulamente trabalham como catequistas os
postulantes: Adenilson, Ailton,
Alberto, Alessandro, Alexsandro, Clodoaldo, Herbertz,
Marcelo, Neori,
Niucelmo,
Paulino e Ronivaldo. Na paróquia, preparando os coroinhas,
atuam os postulantes Cláudio
Henrique e João Batista.
A equipe de Pastoral Vocacional é formada pelo Irmão
Roque e mais os postulantes
Cláudio Henrique, João Batista
e Jonas. Esta equipe prepara e
trabalha nos encontros vocacionais para jovens que desejam entrar na congregação.
Cremos que estamos conseguindo realizar
um bom
Ufa!!! Coube todo mundo na foto, Irmãos Nelson Rabuske e Roque do Carmo Amorim Neto,
Prof. Marco Antônio Rosas, os vocacionados Fábio e Rubens, mais os postulantes de 1º e 2º
ano de São Paulo, SP: Paulino da Luz, Jonas Elder Cerbaro, Ailton do Carmo Nogueira,
Eduardo Luiz Lima, João Batista Gomes Macêdo, Neori Mateus Favero, Aldair José da Silva,
Marcelo Merlin, Alberto Körbes, Herbertz Ferreira, Adenilson de Faria, Alessandro Batista
Mendes, Ronivaldo Floriano Silva, Clodoaldo Artz, Cláudio Henrique Rocha Moreno,
Alexsandro Batista Santos e Niucelmo Berkenbrock. Casa Abel, Araruama, RJ, julho de 2002.
25
trabalho, e é para nós
uma grande experiência. Contribuímos com
nossos formadores na
tarefa do acompanhamento pessoal desses
jovens, especialmente
nas correspondências,
e isto nos exige uma
certa responsabilidade, afinal estamos trabalhando com vidas
em busca de descoberta vocacional.
O espírito de aventura e luta
para vencer dificuldades deve
estar presente diariamente
em nós formandos,
junto com
a alegria de
conviver
e partilhar.
Em nossa caminhada de grupo, no
início faltava entrosamento, o que é normal, pois não nos
conhecíamos. O fato
de não nos conhecer- Aqui escalamos rochas e escarpas bem íngremes, ao mesmo
mos e as diferenças
tempo que podíamos apreciar as belezas do Pontal do
pessoais motivaram
Atalaia, Arraial do Cabo, RJ - julho de 2002.
alguns momentos de
desunião, mas, com o passar do
o ser humano é um mistério.
tempo, fomos nos entrosando,
Neste mistério algumas dificulisto é, conhecendo uns aos oudades se revelam, e na medida
tros, e hoje o grupo está vivendo possível tentamos controládo em harmonia. É certo que
las. Às vezes nossas tentativas
algumas confusões ainda perde aceitação, acerto, correção
sistem, pois é muito difícil ou
nos levam à descontração... dequase impossível um conhecipois de alguma desavença,
mento mais profundo e aceitaquando tudo volta à calma,
ção das diferenças de todos em
aquilo que parecia um obstácutão pouco tempo. Sabemos que
lo intransponível, vira até moti26
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
vo de muitos risos em nossas
partilhas e momentos comunitários. Apesar da resistência de
alguns, as nossas partilhas e
reuniões comunitárias são momentos muito especiais, e cremos que são importantes na
vida de todas as pessoas que
querem viver em comunidade.
Cada um de nós compõe a sua
história e cada ser em si carrega
o dom de ser capaz, de ser feliz.
Deus na vida comunitária e religiosa. Queremos seguir o maior de todos os homens, Jesus
Cristo. Nós pretendemos fazêlo através de um carisma específico: o da educação humana e
cristã da juventude. Este carisma
foi suscitado na Igreja pelo Espírito Santo na pessoa de nosso
santo fundador São João Batista
de La Salle. É o carisma de La
Salle que queremos abraçar, e
seguir Jesus Cristo como ele o
fez, com carinho e muito amor.
(Almir Sater)
Por fim, temos muito o que
agradecer a toda a equipe de
formação: Irmão Nelson Rabuske, Irmão Roque do Carmo
Amorim Neto, Irmão Benno
Backes, Irmão Hyldeu Bressane,
Irmão Davi Denis Dalla Vecchia
e Irmão Israel José Nery que estiveram e/ou estão presentes em
nossa caminhada, sempre mostrando preocupação com nosso
desenvolvimento nas diversas
áreas: humana, espiritual, ou
psico-afetiva. Temos ótimos formadores, que, nos momentos
de dificuldade, são os nossos
anjos da guarda. Enfim, todos
nós estamos aqui porque desejamos fazer a mesma coisa:
aprofundar a nossa entrega a
Para que a grande caminhada de nossa vocação se realize,
precisamos dar cada dia nossos
passos, pequenos ou grandes,
e que podem ser traduzidos
numa simples palavra: SIM. Sim
ao Senhor que nos chama, sim
ao projeto dele para conosco.
Alguns de nós ainda continuarão mais algum tempo no postulado, e outros, cada vez com
maior responsabilidade darão
seu SIM ao Senhor ingressando
na nova etapa de sua formação:
o noviciado. Na medida em que
adquirimos maior maturidade,
peçamos a Deus que nos fortaleça na certeza de que estamos
no caminho certo.
Até a próxima!
27
«Vida feliz»: Utopia?
Irmão Noviço Andre Luiz Dall’ Acqua - Reflexão baseada nas letras do CD Marcelo do Tchê
Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete
de trapo e me presenteasse com um
pedaço de vida, possivelmente não
diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo que
valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que
a cada minuto que fechamos os olhos,
perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais parassem,
acordaria quando os outros dormissem.
Escutaria quando os outros falassem e
saborearia um bom sorvete de chocolate, ao invés de ironizar os outros.
Se Deus me presenteasse com mais
um pedaço de vida, vestiria simplesmente, jogar-me-ia de bruços no solo,
deixando descoberto não apenas meu
corpo, mas também minha alma, e
mostraria aos desanimados, o quanto é
bom viver. Deus, em meu coração,
escreveria meu ódio sobre o gelo e
esperaria que o sol saísse, para os
rancorosos verem que o maior mandamento é o amor. Pintaria um sonho
de Van Gogh sobre estrelas, um
poema de Mário Benedetti, e uma
canção de Serrat seria a serenata
que ofereceria à lua. Regaria as
rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado
beijo de suas pétalas da vida.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida ... não deixaria passar um só
dia sem dizer às pessoas: te amo, te
amo, fazendo-as perceber quão grande é o valor de suas vidas, quanto Deus
é bondoso. Convenceria cada mulher e
cada homem de que o amor é o primeiro responsável pela a felicidade de
um lar. Aos homens provaria como
estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem
quando deixam de se apaixonar, em
especial pela sua vida. A uma criança
daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha, sem cortar sua
criatividade. Aos idosos ensinaria que a
morte não chega com o passar da
idade, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês!
Aprendi que todo mundo quer viver
no cimo da montanha, sem saber que
a verdadeira felicidade está na forma
de subir a escarpa. Aprendi que,
quando um recém-nascido aperta com
sua pequena mão, pela primeira vez, o
dedo de seu pai, o tem prisioneiro para
sempre. Aprendi que um homem só
tem direito de olhar o outro de cima
para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
Já pensou o que você fez, e o que
está fazendo de sua vida?
Não viva no imaginário a sua
vida, pois ela é realidade e passa
rápido demais. Não perca tempo,
viva cada momento de sua vida!
Lembre-se, não deixe para fazer amanhã o que pode fazer hoje!
28
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Noviços do I Ano, 2002:
Sentados à esquerda na frente: Jaison Paulo Bosa, Reginaldo Pereira de Oliveira.
Logo a seguir também sentados E-D:
Roberto Carlos Ramos, Afrânio Bin,
Roberto Ademir Konzen, Claudemir Mistura
e Valdir Leonardo da Silva.
Segunda fila, E-D:
Itamar Luís Demozzi,
Lucas Costa Roxo,
Luiz Fernando Ribeiro da Luz,
André Luiz Dall’Ácqua,
Jasson da Silva Martins,
Niocláudio Berkenbrock,
Eusébio Marcelo Schabarum,
Davi Rangel da Silva,
Jaisson Rodrigo Coastacurta
e Marcelo Bastian.
Noviços do II Ano, 2002: E-D,
Agachados: Carlos Sérgio Teixeira Macedo, Antônio Pereira de Oliveira, Alcione Müller,
Celso José Cardoso. Em pé: José Francisco dos Santos, Francisco Moraes de Souza,
Enivaldo Oliveira Barroso, César Fernando Meurer.
29
Tempo de formar-se
Irmão Noviço Jaison Paulo Bosa
Formar-se exige um tempo,
Tempo esse de formar-se.
Formar-se no tempo
E com tempo formar-se.
Tempo este que ultrapassa o tempo,
Que remete ao tempo,
Que contorna o tempo,
Que se torna tempo.
Tempo de amar,
Tempo de sonhar,
Tempo de lutar,
Tempo de se doar!
Tempo de buscar,
Tempo de direcionar,
Tempo de agarrar,
Tempo de largar!
Tempo que não pára.
Tempo que vai,
Tempo que vem,
Tempo que voa!
Tempo de reconhecer o próprio tempo.
Tempo que não pára no tempo
Tempo que na chegada já está partindo,
Tempo que nem espera carimbo.
Tempo do instante,
Tempo do presente,
Tempo que já é passado,
Mesmo sem ser notado.
É tempo de dizer não,
Dizer não a tudo o que não é...
É tempo de dizer sim,
Dizer sim a tudo o que é...
É tempo de relativizar
Verdades que vêm e vão,
Verdades que passam,
Verdades que são...
É tempo de formar-se,
Tempo de formar-se...
Formar-se...
30
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
A voz - jóia preciosa
Postulantes do II Ano: Lucinei José Hanauer e Rubem João Bertolo, Canoas/RS
Estava João recuperando-se
de uma cirurgia. Afinal, sua doença era grave e, se não realizada a tempo, surgiria um câncer
maligno em suas cordas vocais.
No entanto, o tratamento era
novo, pois a doença era rara.
Sem a certeza de que falaria
novamente, aguardava em silêncio pelo resultado que mudaria sua vida.
Tudo dependia da reação do
organismo, que só viria com o
tempo. Se, em um mês, a voz
não voltasse, haveria a certeza
de que João não poderia jamais
reclamar dos resultados. E aconteceu como muitos temiam. Sua
voz não voltou, um mundo de
lágrimas mudas caíram sobre
seu rosto. Tantos assuntos, opiniões, palavras ...não seriam
mais ouvidos por ninguém,
nunca mais. Ficariam na memória dos conhecidos as frases
que um dia dissera.
Tudo era tão difícil, que não
dava para ele explicar. Os amigos bem que tentaram ajudar,
mas foi inútil. A ciência médica não tinha, ainda, soluções viáveis. Sua vida não
seria mais como antes. Era
difícil contentar-se com a
nova situação. Teria de juntar
forças e dar tudo de si.
Para se comunicar, usava
gestos ou até escrevia em papéis. Aos poucos ficava cada
vez mais ausente e distante do
mundo que o cercava. Afinal,
mesmo querendo, absolutamente ninguém ouviria este ou
qualquer outro fato de sua vida,
nunca mais. E dobrou suas idas
à fonoaudióloga, o que por instantes lhe trouxe fiapos de esperança. Esperança que aos
poucos se esvai, com o canto
dos passarinhos, com sinfonias
de corais, com os telefonemas
de todos e em cada coisa que
lhe diziam.
Dia após dia, foi então aprendendo o verdadeiro sentido da
voz: dizer um obrigado ou pedir
perdão a Deus por não reconhecer antes o valor de sua
31
voz. Só quando não mais a tinha é que percebeu a falta que
fazia e o bem que é para cada
um. Mas Deus foi o único com
quem podia conversar, sem escrever ou ter de esforçar-se por
reproduzir gestos claros para
que o entendessem. Passado um
tempo, voltou a trabalhar e
mudou de emprego. Recuperou-se do choque, começou a
incentivar todos a valorizarem a
voz que têm. Constituiu família
e teve um filho. Aprendeu a superar os obstáculos. João não
deseja isso a ninguém.
Como bem sabemos, o
mundo pode dar voltas e voltas
em torno de uma sinfonia de
vozes, debates, discursos, diálogos, reuniões, planejamentos... que são emitidos pela
mídia, entre outros meios de
comunicação que o homem
criou.
Ao longo de nossa história
aprendemos a manifestar os
nosso dotes, e sabemos que a
voz é um dos mais importantes.
E você, nunca parou de falar
para notar o que sua falta pode
trazer? A VOZ é uma jóia preciosa, devemos preservá-la.
Oração da vida
Foi Ele quem nos amou primeiro.
Depositou toda a sua confiança
em nós.
Nos amou tanto que fomos honrados como seus filhos,
Modelados por suas mãos, encorajados pelo seu espírito...
Deu-nos uma vida e pediu em
troca, apenas o AMOR.
É Ele quem nos ama agora.
Nos guia pelos caminhos mais
sombrios da existência humana.
Nos ama tanto que nos chama a
seguir seus passos,
a andar pelos seus caminhos,
educar conforme seus métodos...
Nos dá força e vigor para abraçar
livremente a causa que é Ele
mesmo: o AMOR.
Será Ele quem nos amará durante toda a eternidade.
Estará ao nosso lado em todos os
desafios que a vida nos trouxer.
Amar-nos-á tanto que não nos
privará da maior herança que poderia nos deixar:
a plenitude da vida que se alcança
por Ele, ou seja, pelo AMOR.
32
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Destacamos na foto ao lado a
presença de Irmão Aloir, fsc.
Nas fotos ao lado e abaixo,
os postulantes do II Ano,
Canoas, RS, 2002.
Eles assinam os artigos
das páginas anteriores e
das próximas páginas:
A voz - jóia preciosa.
Que diferença a vida tem?
Onde percebemos na vida
as diferenças?
Abaixo, a comunidade posa
para foto. Evidendtemente o
passeio se faz noutro veículo,
mais apropriado para tal.
33
Que diferença a vida tem?
Onde percebemos na vida as diferenças?
Postulantes do II Ano: Henrique Thalheimer e André Ely, Canoas/RS
Uma só classe social, uma só
cultura e uma só língua? Será que
alguma vez isto já existiu??? Todos somos diferentes, e é a diferença que nos completa e nos
enriquece...
Dizem que nascemos todos
iguais. E o que nos faz diferentes?
O que temos como aprendizado
ou por herança nesta vidinha de
«come come»? Por que somos assim? O que nos leva a isso?
Talvez tudo o que está ligado
ou voltado ao ter, ao poder, ao ser
de forma egoística, ao querer mais
do que se precisa ter, ao lograr, ao
mentir, ao excluir e tudo o mais
que nega a verdadeira mensagem que o próprio Deus nos deixou: amar sem medida, da
maneira mais correta, da maneira
mais sofrida.
Mas, o que mesmo nos faz
diferentes deste amor ou de cada
pessoa é a nossa interpretação de
tudo o que nos rodeia e nos faz
despertar por nossos sentidos tão
falhos, mas também tão corretos.
Somos o que nossos sentidos nos
passam ou percebem ser. Somos
guiados pelas leis, pelo amor que
julgamos ter, pelas regras, por
tudo o que é mais sagrado. Somos
integrantes da mesma classe humana, aquela que quer tudo e não
faz segredo do seu desejo de dominação, onde existem os ricos,
os pobres e os mais pobres ainda.
A vida vai passando e a conquistamos como se cada ser humano fosse um degrau. Quanto
maior for a minha posição, mais
subordinados eu terei, e em cima
de mais seres humanos estarei
pisando.
O mundo é assim: enquanto
existirem ricos, existirão pobres;
e enquanto não fizermos a diferença e formos verdadeiramente
diferentes, a força do amor e da
igualdade nunca prevalecerá.
Neste mundo de dominação
existiu uma pessoa que agiu com
amor. Amor tão profundo que tocou as pessoas de um modo diferente do que elas já haviam
sentido; um modo que foi desejado por Deus, realizado por Ele e
negado por nós. O que fizemos
com Ele? Você sabe...
34
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Uma forma sincera de amar
Postulantes de II Ano: Alexandro Marx e Sedinei Ribeiro de Mello, Canoas/RS
“Tudo que aqui Ele deixou…”
Um certo dia a vida se transformou em alegrias, quando, a
Palavra de Deus deixou de ser
somente de profetas “iluminados”
e passou a pertencer a todos os
seres, à humanidade. Tamanha a
perfeição desta Palavra que se
tornou Carne, como todos os
homens, e ainda viveu sua
santidade, fazendo a vontade do
“Pai”, seu Criador.
“… Não passou
e vai sempre existir.”
Passou-se um tempo e essa
Palavra encarnada foi crucificada
pelos erros e pela falta de fé de
seus semelhantes, os seres humanos. Gerações e gerações adiante, esta palavra que
esteve viva no coração
e entre os homens, ainda continua viva na esperança desta
sociedade sofredora.
“... Flores nos lugares que
passou…”
É importante, hoje, vivermos intensamente esta prova do
amor de Deus em todas as nossas ações, glorificando esta maravilhosa forma que Deus achou
de demonstrar sua preocupação
conosco, mandando seu Filho
Jesus Cristo, para viver entre nós.
“… Um caminho novo a seguir.”
A prova do amor de Deus já foi
dada na pessoa de Jesus Cristo.
E, como diz a Física: “toda ação
tem uma reação”, então, chegou
o momento de darmos nossa resposta seguindo os exemplos deste nosso salvador.
A maneira mais correta de
reagir a este amor é acreditar
que esta foi, sim, a grandiosa ação
de Deus para nós, Humanos. Pratiquemos e demonstremos em
nosso agir diário (conversas, lazer, trabalhos, orações, estudos,
pastorais…) o amor que temos ao nosso Pai e a nossos irmãos, nascidos do
mesmo amor divino. E não esqueçamos nunca: “Antes que
existisse a idéia de
nosso existir, Deus
já nos AMAVA”!
35
Assessor de grupo de jovens:
serviço e ministério
Irmão Luís Carlos Dalla Rosa, fsc
Estimados(as) assessores(as):
Saudações em Cristo!
Dirijo-me a todos e a todas
que compartilham da bonita
missão de assessorar grupos de
jovens. É sobre o ministério do
assessor que gostaria de partilhar algumas idéias. Que essas
palavras possam ser sinal de
coragem e esperança!
Ao aceitar o desafio de
acompanhar um grupo de jovens da Pastoral da Juventude, é
em Jesus Cristo que o agente de
pastoral encontra sentido para
seu ministério de assessoria. Em
Jesus, o assessor encontra o porquê de sua tarefa: “motivar,
acompanhar, orientar e integrar
a contribuição e a participação
dos jovens na Igreja e na sociedade e propiciar a acolhida dessa ação juvenil na comunidade”
(Civilização do amor: tarefa e
esperança).
Refletindo e rezando sobre a
identidade do assessor, vem à
mente a atitude pedagógica de
Jesus, que transparece no episódio dos discípulos de Emaús
(Lc 24,13-35): o dispor-se a caminhar junto, o modo de escutar e intervir, a maneira de
revelar-se (partilha - fraternidade - celebração), o desprendimento (manifestada intenção
de ir adiante). Todo este modo
de proceder de Jesus tem muito
a dizer para quem faz a opção de
estar a serviço da juventude.
Jesus intervém como um
autêntico educador. Sua maneira de educar interpela o nosso
jeito de comunicar o amor de
Deus, de despertar na gurizada
o anseio de querer engajar-se
na proposta do Reino de Deus.
Os discípulos estavam desanimados. Contudo, Jesus continua acreditando no potencial
deles, não desiste do projeto,
não abandona o sonho, a utopia de construir o Reino de Deus
com a participação decisiva dos
discípulos. Por isso, “enquanto
conversavam e discutiam, o
próprio Jesus se aproximou,
36
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
e co m e ç o u a c a m inhar com eles”
(Lc 13,15). Jesus,
afetuosamente,
se aproxima
dos cabisbaixos
e põe-se a caminhar com eles. É
partindo da situação
concreta que Jesus começa a
interpelar os discípulos.
Ouve-se dizer, muitas vezes, que a Pastoral da Juventude
não vai bem, está em crise, que
a gurizada está desanimada,
etc... Pode até ser. Contudo, é
neste contexto, mais do que
nunca, que a presença comprometida do assessor se torna imprescindível: Uma presença
carregada de amor e cuidado,
Nesta página, retratos do
Curso de Lideranças
(GAF - Grupo de Apoio e
Formação) assessorado
pelo Irmão José Kolling Colégio La Salle Peperi,
São Miguel d’Oeste/SC,
julho de 2002.
de respeito ao processo vivido
pela meninada. A pedagogia do
assessor é uma pedagogia do
aproximar-se, do pôr-se ao lado,
do escutar, do comprometerse. Em outras palavras, é a pedagogia da inserção na
realidade da juventude, na compreensão de suas necessidades,
aflições, inconsistências.
O assessor não é alguém
que observa de fora o processo
que os jovens estão desenvolvendo. “É alguém
37
No processo de
assessoria também
somos interpelados a
agir com responsabilidade. Se de fato
amamos a causa da
juventude, a nossa
atitude de ternura
deve ser acompanhada pela firmeza. Entendendo que firmeza
Jovens lassalistas no Encontro de Celebração dos 20 anos
não é sinônimo de
da PJ de Santa Catarina, em Curitibanos, 8/7/2002.
imposição, precisamos estar atentos
para
ajudar
a gurizada a dar-se
que vai crescendo, vai-se insericonta de suas misérias e contrado, vai vivendo, vai amaduredições. É preciso problematizar
cendo, vai-se fazendo assessor
e questionar com amor. Eis uma
dentro do próprio grupo” (Asoutra virtude que não pode essessoria em cinco enfoques).
tar ausente no assessor.
Voltando ao episódio do
“Começando por Moisés e
encontro de Jesus com os discícontinuando por todos os propulos de Emaús, podemos perfetas, Jesus explicava para os
ceber um outro momento que é
discípulos todas as passagens
importante no processo pedada Escritura” (Lc 24, 27). Assim
gógico pastoral: “...o que é que
como Jesus, o assessor tem uma
vocês andam conversando pelo
proposta e tem clareza sobre a
caminho? ...Como vocês custam
meta à qual buscar, sabe aponpara entender!” (Lc 24,17-26).
tar luzes. Contudo, vale salienEm outras palavras, Jesus não é
tar, propor caminhos não
complacente. Mas, no momensignifica impor. “O assessor é,
to certo dá uma dura. Chama os
pois, uma pessoa que acompadiscípulos para a responsabilinha os jovens, que tem uma
dade. Jesus quer bem aos amiproposta de vida distinta para
gos. Por isso mesmo, tem
eles, que propõe sem impô-la:
autoridade para xingá-los.
38
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
não é diretivo” (Assessoria em
cinco enfoques). O assessor tem
sensibilidade para oferecer luzes para que o grupo possa se
sentir apoiado. Sabe por onde
caminhar. Tem claro que seu
ministério não é «nem passividade nem não-intervenção».
O assessor “é consciente de
ser enviado a todos os jovens:
atitude que o leva a superar os
limites do pequeno grupo ou
dos jovens que estão integrados nos grupos da Pastoral da
Juventude e dirigir o seu olhar e
sua atenção a todos os jovens,
especialmente aos mais pobres
e àqueles aos quais nunca foi
anunciado Jesus Cristo Libertador” (Civilização do amor: tarefa e esperança).
Importante! O assessor não
se confunde com o grupo de
jovens, muito menos é «dono»
do grupo. É o que pode sugerir
o texto que estamos refletindo:
“Quando chegaram perto do
Voltamos ao texto de Lucas:
povoado aonde iam, Jesus fez
“Eles, porém, insistiram com
de conta que ia mais adiante”
Jesus: ‘Fica conosco, pois já é
(Lc 24,28). Este «ir mais adiante»
tarde...’ Então Jesus entrou para
sugere justamente uma atitude
ficar com eles” (Lc 24,29). O
de desprendimento. O assessor
assessor aceita e está atento aos
tem sensibilidade para que seu
anseios da gurizada. Está em
modo de «influir» o grupo não
comunhão com os jovens. Com
coloque em xeque o protagoos jovens forma comunidade e
nismo dos jovens. O assessor
interpela para que os jovens pertem maturidade suficiente para não criar
uma relação de dependência (tanto do assessor para com o jovem
quanto do jovem para
com o assessor). O processo grupal é uma experiência dos jovens.
O assessor é alguém
que está a serviço, um
Um momento importante no acompanhamento dos
facilitador do processo.
grupos de jovens são os retiros, julho de 2002.
39
cebam a Igreja como comunidade. Ajuda os jovens a se darem conta de que um grupo de
Pastoral da Juventude é, antes
de tudo, uma comunidade que,
a exemplo das primeiras comunidades cristãs (At 4,32-37),
partilha sonhos, projetos,
ações... põe tudo em comum.
“Jesus sentou-se à mesa com
os dois, tomou o pão e o abençoou, depois partiu e deu a eles”
(Lc 24,30). É a dimensão da fé.
A fé que integra oração e prática. É na grande celebração da
vida, que é comunhão com
Deus, que a missão da Pastoral
da Juventude ganha sentido.
Comunhão que exige o compromisso da partilha com os irmãos. O assessor, uma pessoa
de oração e testemunho, reconhece a presença de Jesus
no meio dos jovens e com
eles celebra.
O projeto de Jesus arde nos
corações de quem se compromete com ele: “Nisso os olhos
dos discípulos se abriram, e eles
reconheceram Jesus... Então um
disse ao outro: Não estava o
nosso coração ardendo quando
ele nos falava pelo caminho,
e nos explicava as Escrituras?”
(Lc 24,31-32). O reconhecer a
Jesus é um processo que vai, ao
poucos, revelando-se tanto no
jovem como no assessor.
A experiência de viver como
Jesus viveu, a experiência da
comunhão, testemunhada pelo
assessor, eclode no grito alegre
e esperançoso da juventude. É a
juventude que se levanta, que
sai pelo mundo a gritar aos “quatro ventos do mundo”: ‘Jesus
ressuscitou!’ É a utopia do amor
que se espalha. É a descoberta,
para nós assessores, que “o rosto de Deus é jovem também...
se a juventude viesse a faltar... o
rosto de Deus iria mudar!” (Jorge Trevisol - O Mesmo Rosto).
Assessores e Assessoras!
Permaneçamos firmes na
missão que Cristo nos confia!
Que a fé, a esperança e o amor,
sobretudo o amor, sejam a marca de nosso testemunho.
Bibliografia
CELAM. Assessoria em cinco
enfoques. São Paulo: CCJ, 1994.
CELAM. Civilização do amor: tarefa e esperança. São Paulo:
Paulinas, 1997.
40
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Um pouco da Beira - Moçambique
Aspirantes Balbino Saidane Março, Joaquim Mucassinda João e Venâncio Bernardino Malôa
Estimados leitores, segundo a saudação lassalista: «Viva
Jesus em nossos corações»! Somos do Centro de Formação La
Salle, ou Aspirantado. Aqui vai um pouco de nós, três juvenistas
em formação - Balbino, Joaquim e Venáncio -, acompanhados
pelos Irmãos António e Silésio, neste ano de 2002.
Despertar vocacional
Balbino Saidane Março
O princípio da minha história
vocacional, vou contar-lhes a partir dos primeiros momentos.
Quando era ainda menino, meus
pais levavam-me à missa na Paróquia dos Santos Anjos de Coalane,
onde sempre um Irmão Capuchinho me levava para a sua casa.
Gostava muito de mim e dizia:
«Um dia tu serás como eu». Foi
crescendo o chamamento que começou a fazer-se sentir dentro de
mim. Eu tinha mais ou menos nove
anos de idade.
Não faltava à Missa; me sentia
muito apaixonado ao ver o Padre
a celebrar a Missa. Os meus sonhos geralmente eram: eu como
um Irmão ou como um Padre.
Quando tinha dez anos comecei a
procurar saber o que era preciso
para ser um vocacionado. Nessa
altura o meu primo era um
vocacionado. Perguntei-lhe o que
é preciso para ser como tu? Olhou
para mim, sorriu e disse: «Não sei,
não entendo o que estás dizendo.
Tu ainda não sabes o que queres.
És ainda muito novo». Fui ter com o
meu catequista. Não desanimei.
No ano seguinte o meu colega disse que eu podia participar
da pastoral na Catedral. Fiz lá um
ano. Era distante, pois eu não pertencia à Catedral. A Irmã deixoume participar naquele ano. Tendo
me avisado que eu devia participar na minha Paróquia. O Sérgio
me disse que eu devia ir ao
catequistado, era numa quintafeira, às 15 horas. Mas disseramme que não era lá. Um jovem
informou-me que eu devia ir à
Paróquia. Era tarde. Na semana
seguinte fui o primeiro a chegar.
O responsável do grupo procurou
saber o que eu queria. Expliqueilhe. Participei. Naquele ano não
tinha nome na lista. No ano de 1996
41
a Irmã Gurete e o Pároco Orácio
dirigiam a oração. Três anos depois recebi a declaração que devia
passar a ter encontros de formação vocacional uma vez por mês.
No ano 2000 fiz o 2º ano; os
meus amigos diziam que preferiam ser Padre. Eu dizia que seria
Irmão. Graças à minha colega, uma
postulante agostiniana, foi que
ouvi falar dos Irmãos. Me disse
que devia esperar na altura em
que o irmão dela viesse. Quando
o irmão dela chegou, fui ter com
ele, tendo me explicado um pouco acerca da vida dos Irmãos. Escrevi uma carta e comecei a ter
um acompanhamento com os Irmãos. Era muito bonito estar com
eles: o Irmão Jackson e o Irmão
Domingos. Tocavam bem a viola
e todos os vocacionados ficavam
tão impressionados ao ouvirem,
pois falavam coisas que tocavam
o coração.
Um chamamento vocacional
Aspirante Joaquim Mucassinda João
...«meu
sonho está em Deus»...
Estimados leitores da revista
Vem e Segue-me. Este é o momento oportuno que optei para
fazer entender a vós o que foi e o
que é o meu chamamento
vocacional. Bem, de um modo
geral vos dou a conhecer quem
eu sou, donde venho e qual que
foi a motivação para escolher a
vida lassalista. Sim, o meu nome é
tão simples e um pouco significativo na sua parte do meio. Sou
Joaquim Mucassinda João; tenho
dezenove anos; sou natural do
distrito do Búzi, na localidade de
Bândua, província de Sofala. O do
meio, que é Mucassinda, em minha
língua Ndau, refere a um indivíduo
que se duvida a sua sorte num
dado momento de padecimento.
Vida vocacional
Foi precisamente naquele ano
em que me encontrava numa escola missionária, São José de
Estaquinha, que sonhei e comecei a conversar com sacerdote
Comboniano. Ele me falou da vida
do Padroeiro das Escolas Cristãs
João Baptista de La Salle; daí tive
um despertar momentâneo, e me
lembrei um pouco do tal sonho
maravilhoso... fiquei emocionado.
No dia seguinte duma surpresa o Padre daquela comunidade,
que era Jaimir Bata, de nacionalidade brasileira, nos convidou para
um encontro vocacional dentro
da capela. Interroguei-lhe se ele
ouvira falar deste tal Padroeiro, e
ele disse que sim, só que não
tinha detalhes da vida. Isto foi em
1997, quando freqüentava a 7ª
Classe, neste centro educativo de
Estaquinha. Com o decorrer dos
anos a vocação minha foi enriquecendo dentro de mim, em união
com meus amigos, que ainda
42
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
pertencem a um grupo vocacional
de Barada-Missão, que é também
a minha ex-escola do ano passado.
Logo que consegui fazer aquela classe, fui transferido para a
Escola Santo António de Barada,
que também é uma Missão, a fim
de continuar com os estudos do
ensino geral. Eu me sentia faminto a ouvir algo deste Padroeiro tão
apaixonado pela vida dos mais
necessitados. Por uma feliz coincidência, em 1999 estiveram lá
em Barada os primeiros três Irmãos Lassalistas Moçambicanos,
em destaque um dos meus formadores que é o Irmão Antoninho,
também meu ex-Professor de Biologia na 9ª Classe. Aquele ano foi
um ano de um grande tesouro
que encontrei com esses Irmãos,
que por curto tempo narraram-me
quase toda Biografia de La Salle.
Em 2000 já me encotrava a
concluir a 10ª Classe que não foi
tão fácil; tinha que recorrer ao
seguinte ano que consegui desfazer esse tal grande muro de Vergonha - a 10ª Classe nas suas duas
secções: letras e ciências. Tudo
isto aconteceu enquanto eu já estava dentro do grupo vocacional
e era acompanhado pela Irmã
Regina e o responsável do Internato de Barada, Augusto, mais o
pároco Padre Leonardo conhecido por Leo. Com eles fiz uma
caminhada vocacional forte e formal, que me preparou para ingressar neste ano de 2002 como
um dos Aspirantes Lassalistas.
Aqui, com ajuda dos meus formadores e amigos do grupo, vou
fertilizar mais ainda a minha vocação de ser um futuro Irmão
Lassalista.
O meu pai um dia disse: «O
chamamento vocacional é muito
secreto e a manifestação é em
público à vista». Eu não sabia o
que ele dizia com aquelas palavras, e agora sou chamado à Vida
Religiosa. Na casa de formação,
sinto-me em casa dos meus pais,
embora seja longe da cidade da
Beira a minha localidade, mas
Deus disse: «Deixa pai, deixa mãe,
vem e segue-me». Se Ele bater à
porta, eu abro e cearemos juntos.
Com fé nele a Vida Religiosa terá
mais ânimo e força.
- Senhor, quero ser e fazer
caminho em teu caminho;
- Senhor, quero ser e fazer a
verdade em tua verdade;
- Senhor, quero ser vida
em tua vida;
- Senhor, eis-me aqui
respondendo
ao teu chamado;
- Faz-me um instrumento a
serviço do teu Evangelho
na união de todos
necessitados.
43
Agora, quem sabe, é o momento oportuno do discernimeno
vocacional para ti, que és jovem
vocacionado de qualquer comunidade. Tu sabes que a caminhada
é longa e fatigante, mas no fim
terás uma vida infinita. Deus te
chama a segui-lo. La Salle nos
recorda em palavras simples que
Cristo deve sempre habitar em
nós e nós devemos andar com o
Senhor: «Viva Jesus em nossos corações! Para sempre».
Leitores amigos, despeço-me
em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo...
Ser vocacionado lassalista
Venâncio Bernardino Malôa
Nasci há 22 anos na cidade de
Maputo. Tenho quatro irmãos.
Actualmente, meus pais vivem
na cidade nortenha de Nampula.
Fui batizado quando tinha treze
anos de idade, em 1993. Sou de
uma família de pais católicos.
Vocação: O meu encanto
pelos Irmãos das Escolas Cristãs
foi há um ano, quando uma estrela
lassalista - Irmão Domingos - mostrou-me o caminho. Actualmente
sou juvenista lassalista, no Centro
de Formação La Salle, na cidade
da Beira e estudante da Escola
João XXIII, onde curso a 12ª Classe. Tenho imensa vontade e desejo de fazer amizades com
aspirantes de Toledo e juvenistas
de Carazinho e Uruará, bem como
de outras comunidades formado-
ras. Finalmente, para todos, mando um forte abraço do tamanho
do mundo. Viva Jesus em nossos
corações, para sempre.
Descoberta
Em certo tempo, nasceu...
Nasceu alguém,
Em tempo certo, descobri.
Entrou alguém... em tempo certo,
Conheci, em tempo oportuno.
Mas, quem eu conheci?
Os De La Salle,
Irmãos das Escolas Cristãs,
Guias das crianças pobres...
La Salle, afinal... És a luz...
Que faz nascer
ao pobre a esperança...
O amor... o amor de Deus,
A prosperidade.
És uma mão de acolhimento
e de salvação.
Beira, setembro de 2002
Primeiros votos do Irmão
Armando Manuel, o 5º Irmão
lassalista de Moçambique.
No dia 3 de agosto de 2002,
em Beira, Moçambique, o Irmão
Noviço Armando Manuel emitiu
seus primeiros votos na congregação dos Irmãos Lassalistas, durante
cerimônia eucarística presidida pelo
Pe. Vicente Zorzo, sj, antigo aluno
dos Irmãos Lassalistas de Cerro Largo, RS. O Irmão Ignácio L.
Weschenfelder, Provincial de São
Paulo, presidiu a cerimônia de profissão religiosa. Nas próximas páginas fotos da missão e da festividade.
44
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Fotos: colaboração Irmão Ignácio Lúcio Weschenfelder, fsc - Provincial de São Paulo
Pe. Vicente Zorzo, sj
profere a homilia.
Nela ressaltou a
excelente formação que
recebeu dos Irmãos
Lassalistas de Cerro
Largo, dos quais foi
aluno durante nove
anos. Hoje este
Sacerdote é missionário
na cidade de Beira.
Acima - Irmão Armando, de joelhos, acompanhado de seus pais, pronuncia
a fórmula de votos. «Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu
me consagro inteiramente a Vós...» De pé, da esquerda para a direita,
encontram-se os Irs. Ignácio Weschenfelder e Silésio Follmann.
Vista geral da
comunidade
presente à
cerimônia.
Destacamos à
esquerda, em
primeiro plano,
o Irmão Ivo
Pavan, mestre
de noviços.
45
Acima,1ª fila, sentados: Ir. Provincial Ignácio, Ir. Néo-prpfesso Armando ladeado dos seus pais,
e Ir. Ivo Pavan. Fila de pé, da esquerda para a direita: Aspirante Venâncio, Ir. Antônio Cantelli
(Diretor da Escola João XXIII), Aspirante Balbino, Ir. Antônio de Sousa, Ir. Nelson Saggioratto,
Postulantes Antonio Rosa e Gildo, Asp. Joaquim Mucassinda.
Alunos de 1ª à 5ª classe (série) da Escola João XXIII da Beira, em momento de sessão cívica. São
crianças felizes, educadas por professores zelosos, orientados pelos Irmãos Lassalistas brasileiros.
Os jovens leitores de
Vem e Segue-me, ao contemplar esta imagem,
certamente despertarão em si o desejo missionário.
46
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Jovens lassalistas numa terra sem males!
Irmão Liceros Alves dos Reis, fsc
Jovens lassalistas
numa terra sem males!
Foi inspirado no tema e no
lema da Campanha da Fraternidade deste ano, que se realizou em São Paulo, o Encontro
Provincial de Jovens Lassalistas,
nos dias 6 a 9 de setembro. A
Campanha da Fraternidade buscou seu slogan no mito dos
povos guaranis da “Terra sem
males”. Este mito nos relembra
também a busca do povo de
Deus pela terra prometida. Também nos faz ter presente a crença num futuro melhor e mais
fraterno, conforme nos pede Jesus Cristo. A busca do Reino de
Deus nos leva a crer que é possível construir fraternidade no
mundo ainda onde impera a violência. É possível retomar os
sonhos de uma terra onde a
vida seja viável para todos.
No Encontro Provincial de
Jovens Lassalistas (Encontro
anual da PAJULA - Pastoral da
Juventude Lassalista), participaram nove comunidades lassa-
listas, totalizando 123 participantes. O Encontro ocorreu
de forma dinâmica e participativa. Os jovens demonstraram sua criatividade e
entusiasmo durante as atividades. As experiências de amizade e de integração entre os
membros das diversas comunidades foram marcantes. As celebrações enfocaram o sentido
de se viver e celebrar a vitória da
vida sobre os sinais de morte
presentes em nossa sociedade.
Este encontro renovou os
ânimos diante da necessidade
de nos empenharmos, todos
juntos, na luta por um mundo
onde a vida vença a morte. E
isto só será possível, quando
fizermos de nosso coração uma
terra sem males!
Assumir o seguimento
de Jesus.
Vivemos numa época
marcada pelo imediatismo, ou
seja, pela busca das realizações
47
Adriano
Zago
Maurivan
Rudi
Lovato
Edson
Pissaia
Huílquer
Francisco
Vogel
Irmão Liceros
Alves dos Reis,
Diretor do
aspirantado
Maico
Mattei
Edenilson
Patschi
Adilson
da Silva
Acima os aspirantes lassalistas de Toledo/PR e Ir. Liceros, no Encontro Anual da PAJULA.
Encontro anual da PAJULA, Centro Pastoral Santa Fé, Perus/SP - 6-9/9/2002
48
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
rápidas e passageiras, onde se
torna difícil imaginar um compromisso assumido, a longo
prazo, dentro de um projeto
pessoal de vida. Torna-se necessário um discernimento
constante sobre nossos atos e
atitudes, tendo como referencial
a pessoa de Jesus Cristo. Ele,
que realizou totalmente a vontade e os projetos do Pai, é o
nosso maior modelo de realização e de inspiração! Ora, todos
nós temos um momento em
que nos deparamos com a famosa pergunta: O que quero da
vida? O que desejo pro futuro?
São perguntas que nos levam a
sair de nossa superficialidade e
a olhar para o mais profundo de
nós mesmos e ir buscando as
convicções que devem dar sustentação à nossa própria vida.
Aqui convém lembrar a
frase de Jesus aos seus discípulos: “Atirem as redes para
águas mais profundas!” Esta
ordem de Jesus nos faz voltar
para nosso interior e, confiando em sua Palavra, responder
com a nossa generosidade e
doação aos apelos de Deus
para nós. De tal modo que
podemos afirmar que o
discernimento vocacional
cristão só é possível se tiver como fundamento a experiência pessoal com
Deus. Esta experiência leva
a uma necessidade de
aprofundar o auto-conhecimento e fortalecer as opções
pessoais. Assim vai nascendo a atitude de discipulado.
Ou seja, a atitude de seguimento de Jesus Cristo.
Anunciar o Reino
Assumir o chamado de
Deus, conforme o próprio Cristo,
leva-nos a sair de nós e colocarnos como verdadeiros servidores
do Reino. Desde nossa relação
profunda com Deus, tornamo-nos
anunciadores da experiência de
amor vivida e experimentada.
Esta experiência é que será o
eixo central para que o nosso
futuro seja pleno de realizações.
A vida ganha um sentido que
remete a lançar-nos sem medo
num processo de crescimento e
de doação sem limites, procurando realizar aquilo que Jesus
iniciou. Ao final veremos que
São João Batista de La Salle es49
tava certo ao afirmar: “Adoro
em tudo a vontade de Deus a
meu respeito!” Este santo educador viveu, na sua história, a
completa entrega a Deus. Deus
continua nos chamando para
realizar sua vontade.
Jovens vocacionados
Alguns jovens vão dando
sua resposta de forma mais
direta e concreta ao chamado
de Deus. Assim, em Toledo,
temos a Comunidade de Formação do Aspirantado La
Salle. Esta comunidade é um
espaço formativo para jovens
que cursam o Ensino Médio e
fazem uma experiência de
vida de oração, convivência
comunitária e de iniciação
pastoral. Dentro de um
processo de acompanhamento personalizado vão crescendo humana e cristãmente,
discernindo e fortalecendo
as convicções que os levam a desejar consagrar a
vida a Deus, na Vida Religiosa Lassalista.
Nossa comunidade é formada por sete aspirantes e
quatro Irmãos. Estamos felizes por podermos dar nossa
contribuição e respondermos
aos apelos que Deus nos faz.
Aqui em Toledo, também somos um centro de pastoral
vocacional lassalista por excelência. Assumimos como
compromisso maior nossa
dedicação em promover e
acompanhar as vocações.
Entre nossas atividades estão os estágios vocacionais e
os retiros de discernimento
vocacional, que ocorrem ao
longo do ano, em datas prédeterminadas, obedecendo
os critérios de maturidade
pessoal. Jovem, faça parte
de nossa vida, desperte a
força do sonho de um
mundo melhor que está
dentro de você! Participe de
nossos encontros e convivências vocacionais! E que possamos, ao olhar pra trás, dizer
como dizia Dom Hélder Câmara: “Feliz de quem atravessa a vida inteira tendo mil
motivos para viver!”
50
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Agarrar o convite de Deus
Sacerdotes do Coração de Jesus - Lisboa, Portugal
Evangelho - Mateus 22,1-14
Naquele tempo, Jesus dirigiu-se de novo aos príncipes dos sacerdotes
e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: “O reino
dos céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete
nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados
para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros
servos, ordenando-lhes: «Dizei aos convidados: Preparei o meu
banquete, os bois e os e animais gordos foram abatidos, tudo está
pronto. Vinde às bodas». Mas eles, sem fazerem caso, foram um
para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaramse dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito
indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles
assassinos e incendiaram a cidade.
Disse então aos servos: «O banquete está pronto, mas os convidados
não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para
as bodas todos os que encontrardes». Então os servos, saindo pelos
caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala
do banquete encheu-se de convidados.
O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que
não estava vestido com o traje nupcial. E disse-lhe: «Amigo, como
entraste aqui sem o traje nupcial?». Mas ele ficou calado. O rei disse
então aos servos: «Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas
exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes». Na verdade, muitos
são os chamados, mas poucos os escolhidos”.
51
Atualização de Mt 22,1-14
Caros vocacionados, convidamos vocês agora para
conosco refletir e considerar as
seguintes questões: No nosso
texto, a questão decisiva não é
se Deus convida ou se não convida; mas é se aceitamos ou se
não aceitamos o convite de
Deus para o «banquete» do Reino. Os convidados que não aceitaram o convite, representam
aqueles que estão demasiado
preocupados a dirigir uma empresa de sucesso, ou a escalar a
vida de qualquer jeito, ou a conquistar os seus cinco minutos
de fama (basta observar reality
shows em que as pessoas se
expõem sem pudor, sem ética,
sem levar em consideração os
verdadeiros valores), ou a impor aos outros os seus próprios
esquemas e projetos, ou a explorar o bem-estar que o dinheiro lhes conquistou e não
têm tempo para os desafios
de Deus. Vivemos obcecados
com o imediato, o politicamente correto, o palpável, o material, e prescindimos dos valores
eternos, duradouros, exigentes,
que exigem o dom da própria
vida. A questão é: onde é que
está a verdadeira felicidade?
Nos valores do Reino, ou nesses valores efêmeros que nos
absorvem e nos dominam?
Os convidados que não
aceitaram o convite representam, também, aqueles que estão instalados na sua
auto-suficiência, nas suas certezas, seguranças e preconcei-
Convidados para o Banquete do Reino,
subamos logo as escadarias para o salão de
festas. Na subida certamente enfretaremos os
desafios próprios de quem optou por Deus. A
escalada da vida fica mais fácil com a ajuda do
Senhor, deixemo-Lo atuar em nossa vida.
tos e não têm o coração aberto
e disponível para as propostas
de Deus. Trata-se, muitas vezes,
de pessoas sérias e boas, que se
empenham seriamente na comunidade cristã e que desempenham papéis fundamentais
na estruturação dos organismos
paroquiais... Mas «nunca se enganam e raramente têm dúvidas»; sabem tudo sobre Deus, já
52
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
construíram um deus à medida
dos seus interesses, desejos e
projetos e não se deixam questionar nem interpelar. Os seus
corações estão, também, fechados à novidade de Deus.
Os convidados que aceitaram o convite representam
todos aqueles que, apesar dos
seus limites e do seu pecado,
têm o coração disponível para
Deus e para os desafios que Ele
faz. Percebem os limites da sua
miséria e finitude, e estão
permanentemente à espera de
que Deus lhes ofereça a salvação. São humildes, pobres,
simples, confiam em Deus e
na salvação que Ele quer oferecer a cada homem e a cada
mulher e estão dispostos a
acolher os desafios de Deus.
A parábola do homem que
não vestiu o traje apropriado,
convida-nos a considerar que a
salvação não é uma conquista,
feita de uma vez por todas, mas
um sim a Deus sempre renovado, e que implica um compromisso real, sério e exigente
com os valores de Deus. Implica
uma opção coerente, contínua,
diária com a opção que eu fiz no
batismo... Não é um compro-
misso de «meios termos», de
tentativas falhadas, de «tanto faz
como tanto fez»; mas é um compromisso sério e coerente com
essa vida nova que Jesus me
apresentou.
O degrau de uma escada
não serve simplesmente
para que alguém
permaneça
em cima dele,
destina-se a sustentar o
pé de um homem pelo
tempo suficiente para
que ele coloque o outro
um pouco mais alto.
Thomas Huxley
53
Estágio no Hospital de Caridade em Jaguari
Irmão Noviço Francisco Moraes
Entre os dias 15 de
agosto e 15 de setembro, estive realizando
meu estágio de noviciado na cidade de Jaguari,
a 550 km de Porto Alegre, na região central do
Estado do Rio Grande do Sul. A
cidade tem 10.000 habitantes,
sendo que 75% vivem na zona
rural. A economia está baseada
no cultivo do fumo e cana-deaçúcar para aguardente. Quanto ao hospital, é pequeno e tem
45 leitos, conta com 65 funcionários, sendo que quinze são
Irmãs das três comunidades
religiosas existentes na cidade.
Cada uma das Irmãs é responsável por um setor e coordena os demais funcionários
que estão em serviço. Os
médicos são cinco.
ares. Através da escuta
pude ajudar muitas
pessoas nas diferentes
situações. As doenças
mais freqüentes eram
depressão, pedras na
vesícula e pressão alta,
mas havia muitos outros casos diferentes. Visitava os pacientes duas vezes por dia, uma
pela manhã e outra pela tarde.
Visitei trinta pessoas doentes
nas famílias. Nos sábados e domingos, estava mais a serviço
das comunidades de base da
paróquia, juntamente com o Pe.
Antônio Tasquetto. Fiz uma palestra para 120 alunos da escola
de ensino médio, alunos considerados difíceis. Participava
duas vezes por semana dos encontros de estudo dos Atos dos
Apóstolos nas famílias.
Lá, pude ver situações difíceis na vida de um ser humano,
desde o nascimento até a morte. Minha contribuição foi mais
na área espiritual e de escuta
para com os pacientes e famili-
O que fica para mim como
experiência e crescimento, é
saber que a vida é linda quando
bem vivida, seja na alegria ou
nos momentos de tristeza, que
acontecem ao longo de nossa
54
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
caminhada. Os dias passam
depressa e não podemos perder tempo em coisas que não
trazem benefícios para a vida.
Também constatei que muitas
pessoas precisam de minha ajuda como consagrado para guiálas no bom caminho da vida,
seja ela longa ou breve.
Pude perceber que no atual
contexto em que vivemos, a
solidão, a angústia, o desprezo,
a ansiedade, a falta de amor e
outros fatores, estão muito presentes nas pessoas, contribuindo
para os vários tipos de doenças.
Quando chegava para visitar os
doentes, mais escutava que falava, e especialmente os familiares que os acompanhavam. A
«falta» do sagrado na vida de
muitos é grande, e quando há
alguém que fala no amor de
Deus, muitos ficam a pensar
naquele que nos criou e reconhecem que precisam mudar.
Tudo isso me fez ver a vida
com outro sentido, dando a ela
muito mais valor. Agradeço aos
formadores e à Província lassalista de Porto Alegre, que me
proporcionou esta oportunidade significativa e única em minha vida para viver e experienciar
essa realidade que somente eu
mesmo posso viver.
Fala, Senhor!
Eu ouvirei tua voz.
Fernanda Aline Petry
Fala-me por teus anjos,
criaturas divinas.
Fala-me pelos profetas,
anunciadores do teu reino.
Fala-me pelos discípulos,
fiéis seguidores de Jesus.
Fala-me pelos santos,
evangelizadores do teu povo.
Fala-me pelos formadores,
exemplos de vida.
Fala-me pela sociedade,
seguidora de teus passos.
Fala-me pelos amigos,
pessoas em quem me espelho.
Fala-me pelos pobres,
excluídos da sociedade.
Fala-me pelos familiares,
pessoas que amo.
Fala-me pela natureza,
criação divina.
Fala-me por Jesus
teu filho amado
a quem deveremos seguir.
Amém!
55
Como nossos pais
Irmão Noviço Carlos Sérgio Teixeira Macedo
O porém, é que todo mundo
sonha em viver muitos anos.
Chegar à velhice, embora, não
necessariamente velho fisicamente, mas velho com cara de
gente nova, vale tudo para fugir
dela (a velhice).
É tendência do ser humano
gostar de tudo o que é novo.
Aliás, a inovação é mais uma
característica dos tempos modernos.
Gostamos de usar roupas
novas, carros novos, casa nova,
móveis novos; de pedagogia
nova, de rituais novos, de gente
nova, de fazer coisas novas,
enfim, estamos sempre procurando o que há de mais novo
e moderno.
Em matéria de velho, só
museu ganha atenção e cuidado. Não gostamos do que é velho, talvez porque lembra o
passado e, que por sua vez, está
relacionado com algo em nossas vidas e, sobretudo, quando
essas experiências passadas nos
deixaram marcas negativas.
Somos bons otimistas, sempre pensamos para frente: no
amanhã, no mês que vem, no
próximo ano, num futuro distante... estamos o tempo todo
pensando em coisas novas,
mesmo que ainda não existam
concretamente, porém, existem
no mundo das idéias, como
dizia o filósofo grego Platão.
Diante de tanta utopia, esquecemo-nos de fazer algumas
perguntas básicas, que se faz
mister renovar a cada dia, como
por exemplo: quem irá nos
cuidar na velhice? Os filhos?
Os estranhos? ...
Comecei a me fazer estas
perguntas, após um estágio, que
realizei entre os meses de agosto e setembro num asilo (clínica
geriátrica). Comparei os asilos
56
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
com uma espécie de «museu»,
só que com valores e cuidados
diferentes. Os asilos geralmente ficam afastados do centro das
cidades, não têm nenhuma
câmera filmando os visitantes,
nem segurança máxima (homens armados), nenhum visitante internacional e nem visitas
de turmas de alunos. Tem mais:
nesses museus algumas «peças» falam, andam de um lado
para outro, vêem, ouvem, choram, amam, sofrem, partilham
experiências passadas que um
dia foram futuro e presente. Em
suma, são peças sentimentais.
Vi o asilo não só como um
local de proteção, mas como
um lugar de experiências
arquivadas. Experiências das
mais diversas que se podem
imaginar e que serão repetidas
de forma diferente, é óbvio,
por gerações.
Os asilos abrigam idosos,
na maioria oriundos das grandes cidades e de um poder aquisitivo elevado. Isto significa que
é um problema com característica mais urbana e da classe alta.
Entretanto, é nas cidades e nessas classes que o obsoleto per-
de espaço primeiro, é nelas que
os idosos perdem o papel do
ancião, do contador de histórias, do experiente, do sábio, etc.,
para invenções tecnológicas de
última geração, tais como TV,
internet, cinema, shopping etc.
Mandar um idoso para um
asilo é em geral um primeiro
indício de desprezo. O segundo
indício pode ser a freqüência
das visitas, e por último a duração das visitas.
Perguntei-me: por que os filhos não cuidam dos pais? Aliás, sei que não é fácil cuidar de
um idoso e, sobretudo, se é dependente, mas todo filho deve
ter presente os cuidados que
um dia recebeu de seus pais.
Aprendi muito com os idosos e sobre esta etapa da vida
nos trinta dias em que estive ao
lado deles. Aprendi valores tais
como: que se deve aproveitar
bem a vida; que o dia mais feliz
é hoje; a fama é efêmera; a vida
é cheia de supresas; viver é um
risco; e que a velhice é apenas
uma das metas desejadas por
toda pessoa. Pois, parece que a
aspiração comum a todos é viver eternamente...
57
O encanto do canto do sabiá
Irmão Noviço Lucas Costa Roxo
O que irei relatar
é coisa do
coração, brotou
da admiração pelo
canto do sabiá, detalhes da vida a
nos emocionar, por isso leia como a
cantar, com bastante atenção,
sem muito pensar.
É noite, é dia, é tarde fria,
o vento a soprar, o sol a brilhar
não tem hora pra trilar o sabiá.
Belo e tocante como brincar é
O encanto do canto do sabiá,
Que também me faz cantar e
Entre sons de trovões, sonhar.
Canto que meu coração canta
Que minha alma alimenta
Com sons de alegria
Que ao amanhecer me acalenta.
Ah! Sabiá, canta, canta
Com teu canto acordar,
Da noite o dia raiar, o noviciado
Que está a sonhar.
E com teu cantar o
Encanto do amor despertar.
Voa e me faz voar.
Anima-me a alma
e me leva a contemplar
As coisas belas da vida,
Que anuncias com teu cantar.
Gorjeia que te quero
no vento escutar,
No ar respirar, na alma orar
No espírito louvar as
Trombetas do teu trilar.
Oh! Sabiá que canta e encanta a vida
Que lembra minha partida
De um dia voltar àquela terra querida,
que deixei para lá
onde também trina sabiá.
Canto que me faz chorar,
Choro que me faz lembrar
Do céu que existe no encanto
Do teu canto, sabiá,
Das pessoas a murmurar,
A felicidade a buscar,
Sem ouvir teu gargantear feliz a soar.
Ah! Teu canto me encanta, sabiá!
Ouvir-te-ei sempre,
Na certeza de encontrar
A felicidade, no peito e na alma,
De onde emana o desejo de amar.
Que coisa é essa,
que mistério tem teu cantar
Que ao reboar ponho-me a pensar
Na beleza incomparável do teu espontâneo trinar, que só tu sabes cantar?
Sou teu aliado neste noviciado,
Onde sinto solidão, confiante espero,
com a alegria do teu canto
alegrar meu coração.
Quando chove, te vejo cantar.
Cantas com alegria
que pareces chorar.
Estás tristes, sabiá?
Se teu canto me faz chorar,
Por que não me alegrar
com tua alegria de cantar?
58
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Mudas de canto querendo comunicar
Algo de ti que em mim estou a perscrutar
Que só no encanto do teu canto posso encontrar.
Ah! tu me cativas, sabiá.
Pois, bem, sabiá, estou a buscar
No encanto do teu canto, como no infinito do mar,
o segredo da vida, a alegria de amar,
o desejo profundo de sempre encontrar
cantos que me encantam e que me fazem sonhar
no encanto da vida, como no teu trinar, sabiá.
Para sua impressão não é racionalização, não.
É a verdadeira inspiração que brota do coração,
dos pequenos detalhes da vida, fruto da contemplação.
A ousadia de saber partilhar com alegria
É um privilégio trabalhar
com estas crianças.
Pois em seus olhares
Transmitem ternura e esperança.
Escolhi junto com esta turma
expressar
meu amor.
Meu jeito de ser Irmão e amigo
com muito ardor.
E você, jovem,
já pensou na possibilidade
de ser Irmão?
Dedicando sua vida
por inteiro à educação?
Somos embaixadores de Jesus,
como fala nosso fundador.
Por isso, vivemos o nosso
jeito de ser lassalista:
Com fé, zelo, esperança e amor.
Irmão Miguel Teixeira de Freitas, fsc
Agradeço a Deus,
por esta grande missão:
Com amor e gratidão
trabalhar na educação.
Jovem, venha conosco!
Não tenha medo não.
É o Cristo que te chama
pra viver em comunhão.
Juntos, Irmão Miguel, a professora Magali e as
crianças festejam a alegria de saber partilhar.
59
Alguém
Irmão Roque Amorim, fsc
N u m
momento
Irmão Roque
de grandes
inquietações e dúvidas aparece
alguém especial na nossa vida...
Com uma alegria incomum
causa uma sensação de felicidade e desperta sonhos...
Traz a esperança de um
futuro cheio de possibilidades. E diz que é preciso acreditar e querer...
Fala de umas coisas que ainda não entendemos muito, mas
gostamos de ouvi-lo.
Outras vezes faz algumas perguntas difíceis e até
nos assusta.
Esta pessoa tem o dom natural de reportar-nos àquilo que
existe de mais profundo em nós,
a missão recebida.
Ama de modo diferente. Esforça-se por amar a todos e servir principalmente os mais
necessitados.
Algumas vezes percebemos neste alguém traços que
desejamos desenvolver em
nossa vida.
Lembra-nos também que
podemos contar com suas orações e seu apoio.
Sabe negociar, esperar e
deixa a última decisão por
nossa conta.
Esta pessoa é o Acompanhante Vocacional.
E escrevi estas poucas palavras para saudar ao Irmão Paulo
Petry, que há quase dez anos
me acompanhou vocacionalmente e me incentivou a dar
passos na direção de Jesus.
Hoje, como Irmão Lassalista,
também colaboro no ministério
da Pastoral Vocacional e com
certeza, isto é porque ele um
dia, de alguma forma, disse-me
que era possível.
Obrigado, Irmão Petry!!!
Deus recompense seu esforço, dedicação e esperança
num futuro melhor.
E o meu abraço a todos os
que se empenham na Pastoral Vocacional.
60
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
É hora de agradecer
Irmão Miguel Teixeira de Freitas, fsc
Senhor, hoje quero louvar e
bendizer o teu nome. Obrigado,
Deus, por querer contar conosco
na construção do teu Reino, apesar de nossas fragilidades. Obrigado porque nos criaste à tua
imagem e semelhança. Ó Pai, o
meu coração está em festa, todo o
meu ser dança de felicidade. De
maneira especial quero dar glória
a ti pelos 25 anos de presença dos
Irmãos Lassalistas em Uruará/PA.
Bendigo-te, Deus de amor,
pelos Irmãos que ali souberam
viver e transmitir seu amor no
jeito de ser e viver de cada um.
Nossa gratidão a vocês, queridos
Irmãos Benno Bonembnerger, Lúcio Pauli, Waldemar Wollmann,
Alfredo Raupp (falecido), José
Egon Kunrath, Renato Thiel, Francisco Alberto (falecido), Lídio
Bccker (ex-Irmão), Glicério
Follmann, Marino Testolin (ex-irmão), Raymundo Zandomeneghi,
Olírio Bertuol, Edgard Puhl (falecido), Valdir Zoletti, Aníbal Thiele,
Claudino Backes, Hilário Kieling
(falecido), Edwino Holz, Hugo
Rempel, Dionísio Haab, Plácio
Bohn, Rosalino Cogo, Silésio
Follmann, Antônio Conrat, André
S p i e s
Frolich, José
Antônio
Busnello e Moacir Paulo Orth.
Gratidão também ao Irmão Edgard
Hengemüle, que não morou em
Uruará, mas sempre apoiou as
obras missionárias. Desculpem, Irmãos, por não mencionar o nome
de todos aqueles que, de uma
forma ou de outra, participaram
na construção desses 25 anos.
Um abraço de agradecimento
igualmente ao Irmão Pedro
Ruedell, por ter atendido ao desejo de Dom Eurico Kräutler, bispo prelado do Xingu, que em
1975 pediu a presença dos Irmãos
Lassalistas junto ao seu rebanho.
O mesmo agradecimento vai também à Arquidiocese de Porto
Alegre, que na época se comprometeu com o projeto «Igrejas-Irmãs», assumindo com
seriedade a proposta de ajudar a
Prelazia do Xingu.
A todos que apoiaram e continuam apoiando o trabalho missionário, o meu abraço fraterno. Que
Deus seja louvado! Amém!
61
Aos que se sentem chamados
Anselmo Cabral da Silva
Quadras ao gosto popular
São quadras populares
Esses versos vocacionais,
Rimas simples e amenas
Sobre coisas que procurais.
Lê-as, se te interessam,
Que foram escritas para ti.
Há um caminho, onde almas
Te esperam para sorrir.
Um chamado forte do céu
Tu sentes no coração?
Alguém te fala no espírito,
Parece acenar-te a mão?
Escuta bem o que sentes,
Procura responder bem.
Que este que te fala
Não vive distante, no além...
Que te sugere o mundo todo,
As contingências que podes ver?
Enxergas a quem te chama
No semelhante a sofrer?
Mas que bondade bonita a tua,
Que pretendes dar-te a Deus.
Porque todos o filhos dele
Tornam-se compromissos teus.
Para sal e luz, foste escolhido.
Para distribuir às pessoas
Riquezas do coração, muitas
Atitudes santas e boas.
Ai! Não contes com facilidades,
Que ser bom é difícil arte.
Mas não temas isso também,
Pois quem chamou há de ensinar-te.
Muitos começaram o caminho
Porque há formas diversas de caminhar:
Vários carismas, diferentes maneiras
De ser irmão, de iluminar.
Deus, que chama, inicia
Um diálogo sem pressa,
Para Ele o tempo é um sopro,
A eternidade lhe interessa.
Não tenhas, por isso, anseios tristes
Quando Deus se esconder.
Há tempos em que Ele silencia
Para deixar-te o direito de escolher.
Deus, que chama, não determina
O caminho, de forma toda completa.
Vai deixar-te aprender errando
Como andar de bicicleta.
Porque não é do gosto dele
Formar crianças grandes, irracionais.
Mas pessoas fortes e firmes, conscientes
De escolhas livres e pessoais.
Por isso anda tu, que foste chamado,
No sentido mesmo de descobrir
Que Deus não te vê das nuvens
Ele te acompanha mesmo por aqui.
E tudo o que viveres
Toda tua circunstância real
Faça parte do teu estudo
Do teu discernimento vocacional.
62
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Deus não é regra, nem lei.
Deus não são coisas feitas pela arte.
É o Espírito do Bem partilhado
E deve estar em toda parte.
A coroa de Nossa Senhora
Anselmo Cabral - 27/4/2002.
Usa de tua inteligência
E da intelectualidade também
Mas sem a transcendência,
Nunca irás muito além.
Reza a vida, reza a realidade,
Acostuma-te que Deus não é uma ilusão.
Vê Deus no trânsito, no jornal
E na internet, com o olhar do coração.
Abre teus olhos, que a luz é espiritual,
Mas nada tem contra a razão.
Pensa, de forma clara, que Deus
É ordem no caos e sinal de contradição.
Tu que entras no caminho
Prepara-te para a dificuldade.
Mas há também, no final das contas,
O prêmio da grande felicidade.
Faze-te simples e humilde e aceita logo
Que não és melhor que ninguém.
Deus - no Cristo Jesus - que era grande,
Foi muito humilde também.
E logo entendes: que Deus é bom
E te alimenta de amor incondicional.
Tem, pois, caridade com os outros
E seja este teu maior ideal.
Salve, Rainha!
Salve, mãe de Jesus e minha!
Salve, querida Maria,
Onde nasce e vive minha alegria.
Salve, grande doçura,
Minha querida irmã tão pura!
Oh quanto é grande
Meu amor agora
E desde sempre,
Nossa Senhora!
Salve, Rainha!
Salve tua singela beleza...
Que tua bondade e caridade
São tua coroa e grandeza.
63
À vossa proteção...
A mais antiga
oração mariana
“À vossa proteção recorremos,
Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis
as nossas súplicas
em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre
de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita!”
Conhecida com o título em
latim “Sub tuum praesidium”
(À vossa proteção) é a mais antiga oração a Nossa Senhora que
se conhece (depois da Ave-Maria).
Encontrada num fragmento
de papiro, em 1927, no Egito,
remonta ao século III. Tem uma
excepcional importância histórica pela explícita referência ao
tempo de perseguições dos cristãos (“Estamos na provação” e
“Livrai-nos de todo perigo”) e
uma particular importância teológica por recorrer à intercessão
de Maria invocada com o título
de Theotókos (Mãe de Deus).
Este título é o mais importante e belo da Virgem Santíssima. Já no século II era
dirigido a Maria e foi objeto de
definição conciliar em Éfeso em
431. O texto primitivo do qual
derivam as diversas variações
litúrgicas (copta, grega, ambrosiana e romana) é o seguinte:
“Sob a asa da vossa misericórdia
nós nos refugiamos, Theotókos;
não recuseis os nossos pedidos na
necessidade e salvai-nos do perigo:
somente pura, somente bendita”.
64
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
«Cento e sessenta milhões em ação»
Essa é uma seleção que está
ganhando todas. O primeiro
convocado foi Abraão, que marchou para um campo desconhecido, e em tudo foi obediente
às instruções do seu Superior.
Depois vieram Isaac e Jacó.
Para um ataque arrasador no
campo do adversário, foi chamado Moisés. A primeira batalha foi ganha. Os selecionados,
agora seiscentos mil homens,
foram para uma concentração
no deserto, onde receberam orientação para vencer o inimigo
em seu próprio terreno.
Antes do primeiro embate
na cidade de Jericó, onde até as
muralhas caíram, tal a força do
ataque, houve mudança de comando, mas a ordem continuou
a mesma: vencer e vencer. O
seleto grupo de homens e mulheres não seria apenas vencedor. Seria mais que vencedor.
Esse grupo arrojado, crescendo em número a cada dia,
venceu todas, exceto alguns
poucos insucessos que experimentaram por não seguirem à
risca a cartilha do Comando. Os
rebeldes foram castigados a
bem da disciplina e da ordem.
Era preciso vencer um adversário que estava pintando e
bordando. Adversário perigoso, e, além disso, mentiroso e
ladrão. Foi quando surgiu um
comandante que nunca perdeu
batalha, conhecido como o
Mestre, o Leão da Tribo de Judá,
a quem foi dado todo o poder
para derrotar o inimigo e cantar
o hino da vitória.
O infalível Mestre começou
por colocar ordem na casa. Convocou, inicialmente, apenas
doze para o seu time. Nenhum
deles tinha experiência nos combates que se seguiriam. Foram
necessários mais de três anos
para que esse grupo assimilas65
se a tática e a técnica. Animados pelo Mestre, em
quem depositavam inteira e
irrevogável confiança, seguiram avante com coragem, ousadia, fé e amor.
Esses homens estavam
tão empenhados na
luta, que colocariam em risco sua
vida em favor da causa que abraçaram. Houve somente uma deserção no meio
dos Doze, a de Judas Iscariotes,
substituído por um reserva chamado Matias.
o alcanceis. Todo aquele que
luta, em tudo se domina. Eles
para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, a
incorruptível” (1Cor 9,24-26).
Nos anos seguintes, os Doze
continuaram fazendo novas
convocações, ensinando todos
os caminhos. Daí pra frente, essa
Seleção não parou de crescer.
Viajou por terras desconhecidas, por países estranhos, enfrentou a ira dos inimigos
derrotados, mas a todos driblou.
Hoje, no Brasil, somos, sobre os 170 milhões de brasileiros, uns 160 milhões em ação,
somando todos os convocados
que em diversas denominações
cristãs seguem Jesus Cristo,
empunhando a bandeira dessa
Seleção vitoriosa, dispostos a
continuar na caminhada que se
iniciou junto ao mar da Galiléia.
Um dos convocados pelo
Mestre, ensinou aos demais o
seguinte: “Faço tudo isto por
causa do evangelho, para ser
também participante dele. Não
sabeis vós que os que correm
no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que
Os mais experientes têm
sempre uma palavra de encorajamento para os iniciantes,
como fez Paulo: “Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé. Sofre, pois, comigo, as
aflições como bom soldado de
Cristo Jesus” (1Tm 4,6-7).
66
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Acreditar e agir
Um viajante ia caminhando
pela margem de um grande lago.
Seu destino era a outra margem.
Suspirou profundamente enquanto tentava fixar os olhos
no horizonte. A v oz de um
homem coberto de idade, um barqueiro, quebra o silêncio, oferecendo-se para transportá-lo. O
pequeno barco envelhecido, no
qual a travessia seria realizada,
era provido de dois remos de
madeira de carvalho.
Logo seus dois olhos perceberam o que pareciam ser letras em
cada remo. Ao colocar os pés
empoeirados dentro do barco, o
viajante pôde perceber que se
tratava de duas palavras, num
remo estava a palavra agir e no
outro a palavra acreditar.
Não podendo conter a curiosidade, o viajante perguntou
a razão daqueles nomes originais dados aos remos. O barqueiro respondeu pegando o
remo chamado acreditar e remou com toda a força, o barco
então começou a dar voltas sem
sair do lugar em que estava.
Em seguida pegou o remo chamado agir e remou novamente, e outra vez o barco girou, só
que agora em sentido inverso.
Finalmente o velho barqueiro,
segurando os
dois remos, remou com eles
simultaneamente, e o barco,
impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas
do lago para chegar ao seu destino. Na outra margem, o barqueiro disse ao viajante: «Este
porto se chama autoconfiança.
Simultaneamente é preciso
acreditar e também agir para que
possamos alcançá-lo».
Em nossa caminhada vocacional é necessário acreditar em Deus,
no seu chamado, na sua vontade
de nos fazer discípulos de Cristo
Jesus, no seu desígnio de nos conduzir pelas veredas da salvação.
Junto com esta fé no Senhor da
messe, é necessário «colocar a mão
na massa», «pôr o pé na estrada»,
é necessário agir para nos conformar com os projetos que nosso
Pai e criador tem para conosco.
Acreditar em Deus e fazer a nossa
parte... eis um modo seguro de
responder ao chamado divino, eis
uma maneira apropriada para
construir nossa felicidade e realização pessoal.
67
Globalização
Trad. e adaptação: Irmão Paulo Petry, fsc
Cristo habita no coração do mundo
Há momentos em nossa vida diária, em que nos sentimos distantes de
qualquer estilo de vida que possa ser
dito humano e equilibrado. As urgências, a pressão do trabalho, o desafio
de chegar na frente... Especialmente
aos que vivemos na cidade e nos
sentimos afetados pelo ritmo frenético que impõe a globalização da
economia, pode surgir-nos seguidamente a pergunta: «Estou fazendo
a vontade de Deus»?
Deixar que o Senhor invada nossa
vida e nos vá tocando, deixar que
nossos planos e projetos sejam examinados à luz de sua palavra, permitir
que Ele realize sua obra através de
nós, abrir-nos ao Espírito para que
nossa presença seja um testemunho,
viver em comunidade de discípulos as
lutas de cada dia... eis aí o caminho.
Jesus habita hoje no campo, na
cidade moderna e nas selvas
ameaçadas por um progresso insustentável. Ele está naqueles que são
afetados diariamente por decisões
macroeconômicas que condenam os
pobres a ser mais pobres. Ele nos
segue chamando, testemunhas no
século XXI, para manifestar sua presença sanadora e denunciante,
libertadora e comprometida.
Sejamos, pois, profetas do Reino
de Deus em nossa realidade. Sejamos anunciadores dos valores proclamados e vividos por Jesus Cristo.
Sejamos denunciadores de tudo e de
todos que destróem a vida. Sejamos a
presença do Senhor da Vida em nossa comunidade, em nossa família e
permitamos que Ele atue em nós para
fazer deste mundo um reino de amor,
de justiça e de paz.
Assim, junto com esta reflexão
sobre o mundo atual globalizado, tomemos o propósito de «arregaçar as
mangas» e realizar ações concretas
para globalizar também o amor, a
misericórdia, a caridade, a educação,
a saúde, os direitos dos jovens e das
crianças, os direitos das minorias, os
direitos dos idosos, enfim, os direitos
humanos em geral.
Que Jesus Cristo, o habitante de
nosso coração, globalize através de
nossa vida a sua mensagem sempre
nova e atual, sempre presença e transformação, sempre caminho, verdade
e vida que conduz ao Pai eterno, pela
ação animadora do Santo Espírito.
Para sempre!
68
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Um desafio sempre atual
Irmão José Ivan de Oliveira, fsc
Criado em 1964, o Instituto
Assistencial La Salle, entidade ligada
à Associação Brasileira de Educadores Lassalistas (ABEL), mantém convênios com diversas instituições, o
que possibilita a inserção de adolescentes entre 14 e 18 anos no mercado
de trabalho, caracterizando-se como
uma experiência ímpar no que se
refere à possibilidade de cidadania
através do primeiro emprego. Com a
Caixa Econômica Federal, firmamos
o primeiro convênio em 1976 e se
destinava ao envolvimento dos menores assistidos em sistema de internato para carentes. Hoje, a nossa
parceria com a Caixa mantém a
contratação de 320 menores, respeitando a legislação trabalhista, em
especial o Estatuto da Criança e do
Adolescente. Temos seis adolescentes trabalhando junto à Infraero.
Com a Embrapa, oferecemos trabalho
a 68 adolescentes como mensageiros. O mais recente convênio firmado
foi com o Banco do Brasil S.A. e emprega dezessete adolescentes. Três
funcionários atuam diretamente
nestes locais de trabalho e mais uma
boa equipe, constituída por Irmãos
e funcionários, na sede. Os Irmãos
lassalistas, religiosos dedicados à
educação em diversas partes do país,
sentem-se alegres em prestar este
serviço aos jovens do Distrito Federal.
Durante este ano foram realizados diversos encontros formativos com
estes adolescentes, abordando temas como relações interpessoais, comunicação e protagonismo juvenil.
Contamos com a colaboração das
empresas parceiras, que nos cederam salas e auditórios dos próprios
locais de trabalho dos adolescentes,
o que tem contribuído para o êxito do
trabalho, sendo uma presença
animadora a da nossa instituição. O trabalho social da ABEL
em Brasília tem nestes convênios valiosa expressão, o que cobra de Irmãos e Colaboradores
lassalistas crescente empenho
na otimização deste serviço, que
deve ser também de defesa integral dos direitos adquiridos historicamente pelos adolescentes e
jovens. Este é um desafio que La
Um dos encontros com adolescentes lotados no Banco do Salle, sem dúvida, continua a
Brasil, destacamos a presença dos Irmãos Marcelo e Ivan. nos propor hoje!
69
Colóquio internacional da juventude lassalista
Anny Lutz e Renato Gil, Niterói/RJ
Entre os dias 12 e 17 de
julho, realizou-se, na cidade de
Québec, no Canadá, o Encontro
Mundial de Jovens Lassalistas.
O objetivo principal do encontro era a formação da JLI (Juventude Lassalista Internacional), e
tinha como tema central «De
mãos dadas construiremos a
civilização do amor».
Foram momentos de profunda reflexão sobre o movimento dos jovens lassalistas no
mundo. Os grupos de discussão foram divididos por idiomas (Espanhol, Francês ou
Inglês) e neles cada delegado
teve a oportunidade de expor a
realidade de seu país, apresentar suas idéias e discuti-las.
Estiveram presentes jovens alunos, ex-alunos, assessores e Irmãos de vários
países. O Brasil esteve representado por: Larissa Quaresma, Ráfaga Mello, Renato Gil,
Fernanda Stefanini, Irmão
Paulo Petry e Anny Lutz,
da Província de São Paulo, e
pelo Irmão Cledes Antônio
Casagrande, da Província de
Porto Alegre.
Ao final foram traçadas metas a serem cumpridas até o
próximo encontro, já que foi
consenso que os grupos não
estão preparados ainda para
uma associação mundial. A partir de agora, devemos articular
mais os grupos de nossas Províncias, para que juntos possamos formular novos projetos e,
no futuro, desenvolver as atividades propostas pela JLI.
O próximo Encontro Mundial da Juventude Lassalista deverá acontecer em 2005, na Alemanha. Caso queira saber mais
sobre a JLI acesse o site: http://quebec2002.tripod.com/.
Seria importante também aos interessados, se cadastrarem
no grupo de discussão do yahoo através do seguinte endereço:
http://www.groups.yahoo.com/group/quebec2002.
70
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Fotomontagem das faces do
Colóquio internacional da
juventude lassalista, Québec,
julho de 2002. No destaque
maior acima a delegação
brasileira: Ir. Petry, Larissa,
Fernanda, Renato, Anny,
Ráfaga e Ir. Cledes.
71
Palestra aos jovens lassalistas
Irmão Álvaro Rodríguez, fsc, Superior Geral - Trad. do original francês, Ir. Paulo Petry, fsc
Colóquio de Jovens Lassalistas no Quebec, Canadá
Caros jovens lassalistas:
É uma grande alegria poder partilhar estas palavras convosco hoje,
durante este maravilhoso colóquio internacional que nos reúne aqui no
Quebec em nome de La Salle. Quero, em primeiro lugar, agradecer a
todos que tornaram possível este encontro. Espero que isto permita a
consolidação de um movimento lassaliano, mundo a fora, que nos dará
a possibilidade, em toda a extensão da geografia lassalista, presente em
mais de oitenta países, de contribuir para a edificação de uma sociedade
mais fraterna. Foi uma surpresa para mim que o Papa, na carta que nos
enviou por ocasião do 350º aniversário do nascimento do Fundador, nos
tenha escrito: “Neste contexto, eu encorajo os Irmãos a que façam de suas
casas, escolas de vida fraterna... associando aí os jovens que lhes são
confiados e os leigos que colaboram em sua missão, ajudando-os todos
a descobrir e a partilhar o carisma do Instituto. Eu me alegro com as
iniciativas já tomadas, tais como a criação das ‘redes lassalistas de
jovens’, que seria bom fossem incentivadas e desenvolvidas”. Nosso
colóquio não tem outra finalidade.
Vivemos hoje num mundo globalizado e todo esforço de globalizar
os valores lassalistas vale a pena. Trata-se de ver como introduzir no
conjunto deste movimento de globalização, os
valores lassalistas que nos fortalecem e que
encontram sua fonte no Evangelho, de tal
forma que isto se transforme em
globalização da igualdade de oportunidades para todos, da solidariedade, do
amor, da justiça e da paz.
Ir. Petry com o Ir. Álvaro, Superior
Geral, durante o Colóquio,
Quebec, julho de 2002
Eu penso que neste engajamento, vocês,
jovens lassalistas, têm um papel importante
72
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
a desempenhar. Quero partilhar com vocês
uma experiência vivida nestes dois últimos
anos como Superiror Geral. Trata-se de uma
experiência vivida duplamente, no tempo e
no espaço, e quase que nos dois extremos da
América Latina, primeiro em León, na Nicarágua e depois em Temuco, no Chile. Ao falar
da associação, à qual nos convida nosso último Capítulo Geral, eu não havia mencionado
os jovens lassalistas. Em ambos os casos alguém se levantou para dizer que os jovens
lassalistas querem também assoiar-se conosco
para viver nossso carisma.
Símbolo do Colóquio
Internacional da
Juventude Lassalista,
Quebec, 12-17/7/2002,
cujo tema foi: “De mãos
dadas construamos a
civilização do amor”.
Eu creio que estes jovens me fizeram
tomar consciência da enorme força que o
movimento da juventude lassalista pode representar. A estas experiências eu deveria ajuntar a fortíssima impressão
que experimentei com a presença alegre, fraterna e generosa de tantos
jovens lassalistas durante a Jornada Mundial da Juventude em Roma, há
dois anos. Estou convencido de que hoje, nestes começos do século XXI,
o carisma lassalista pode ser uma fonte de inspiração para a vida de vocês
e para seus projetos.
Tradicionalmente fizemos a síntese em torno de três dimensões
fundamentais que devem ser a razão de nossos atos. Nós somos chamados, em primeiro lugar, a aprofundar nossa fé, para ver a realidade com
os olhos de Deus e para descobrir que nós somos filhos e filhas de um
Deus que nos ama gratuitamente e sem condições. Esta experiência
deve traduzir-se em fraternidade ou em comunidade, porque, sendo
filhos de Deus, devemos sentir-nos levados a ser irmãs e irmãos uns dos
outros e a construir juntos um mundo mais justo. Finalmente, a fraternidade
deve desembocar no serviço, porque a vida não tem valor se não for
doada em favor dos outros, sobretudo dos mais pobres, os jovens em
situação difícil, todos aqueles que na vida tiveram menos possibilidades
do que nós.
São João Batista de La Salle nos convida a contemplar o mundo com
os olhos da fé. De tal maneira que podemos dizer que os dois lugares
lassalistas para o encontro com Deus são a realidade e a palavra de Deus.
La Salle tem sempre, como ponto de partida, um olhar contemplativo da
73
realidade. Trata-se de uma dupla contemplação. De um lado, o projeto
de salvação de Deus que nós descobrimos em sua Palavra e na oração; de
outro lado, a contemplação histórica do abandono dos filhos dos artesãos
e dos pobres. As duas contemplações têm a mesma finalidade: levar os
meios de salvação aos jovens distantes dela.
Trata-se de fato de um triplo movimento: ver a realidade à luz da
Palavra de Deus, engajar-se numa ação de transformação. É este o
esquema que deverá viver todo jovem lassalista autêntico. O encontro
com Deus, do ponto de vista lassalista, não será nunca uma busca
individualista, mas ao contrário uma aventura comunitária; não será
jamais uma fuga do mundo, mas ao contrário dom e serviço.
À luz da Palavra, o Fundador descobre o projeto de salvação do Pai:
“Deus é tão bom, que tendo criado os homens, Ele quer que todos
cheguem ao conhecimento da verdade” (Med. 193,1). Seguindo os
traços do Fundador também somos chamados a fazer nossas estas
dimensões em nossa vida. Assim o Fundador nos propõe os meios bem
concretos que surgem de um espírito que é elan de vida, força interior,
vida nova. Trata-se do espírito de fé, simbolizado pela nossa estrela, que
se traduz em zelo pela salvação do mundo.
1. Contemplar sua face:
Primeiramente, o espírito de fé convida-nos a contemplar a vida, os
acontecimentos, a história, como lugares onde Deus se manifesta. Tratase de tudo olhar à luz da fé, quer dizer, à luz de Deus, e de descobri-lo
presente na Palavra, no homem e na mulher, no pobre, na natureza, na
história e em nós mesmos.
• No Evangelho, sua palavra sempre viva e atual. O Evangelho não é para
La Salle um livro que nos traz uma história do passado, mas a Boa Nova
de um Deus próximo que nos ama em nossa vida de hoje. E Ele acaba
de presentear o mundo com este amor gratuito que experimentamos
em nossa vida.
• Na resposta humana, do homem feito à imagem de Deus e manitestação
de seu mistério.
• No pobre. Se toda pessoa é espelho da face de Deus, é sobretudo no
pobre que esta manifestação é mais importante. O Fundador nos
convida a “reconhecer Jesus sob os pobres trapos das crianças que vocês
74
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
têm que instruir: adorem-no nelas” (Med. 96,3). Quanto mais tivermos
este olhar, mais seremos atentos e sensíveis a todas as estruturas que se
opõem ao projeto salvífico de Deus. Ser sensíveis aos direitos humanos e defendê-los, especialmente os das crianças, faz parte de nossa
vocação lassalista.
• Na natureza, enderço onde se manifestam as maravilhas de Deus. Nesta
natureza renovada cada ano, que renasce da morte do inverno para a
vida da primavera. Basta abrir os olhos para encontrar Deus. O céu, as
montanhas, o mar... Tudo é dom de Deus. Através do livro escrito sobre
o mundo podemos chegar ao autor de todo este recital.
• Na história, lugar onde Deus aparece, onde se manifesta seu projeto
salvífico. De uma certa forma para o cristão, toda a história é sagrada,
porque, nela, Deus e seu amor se manifestam ao mundo. Por este
motivo, duas leituras são obrigatórias para todo jovem lassalista. A
Bíblia, em particular o Evangelho, onde Deus se faz Palavra, e o jornal
ou noticiário televisivo, onde cada dia eu posso descobrir o rosto de
Deus através dos acontecimentos do mundo, diante dos quais não
posso ficar indiferente.
• Em mim mesmo, habitação da Trindade. Quanto mais me recolho em
mim mesmo, mais me encontro com Deus. Esta foi a experiência de
Santo Agostinho: “Tarde eu te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde
eu te amei. Tu estavas em mim e eu, eu estava fora e fora eu te procurava
e me envolveste com as coisas belas criadas por ti” (cf. Confissões, Liv.
7,10,18;10,27: CSEL 33,157-163.255).
2. Procura sua vontade:
Em segundo lugar, o espírito de fé nos convida a procurar sempre
a Vontade de Deus. No fundo trata-se de procurar o que é mais
conveniente agora para a realização do desígnio salvífico de Deus. É
iteressante ver que nosso Fundador em seus escritos cita quatro vezes o
texto de João: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância”
(Jo 10,10). A vontade de Deus é a vida plena da pessoa humana. Por isso,
porque experimentei em minha vida a ação amorosa e libertadora de
Deus, por isso me decido a partilhar com meus irmãos e irmãs a
experiência vivida e a comprometer-me com a obra de Deus como La
Salle costumava dizer.
75
3. Confiar em seu amor:
Em terceiro lugar, o espírito de fé é confiar sempre em Deus,
abandorar-me em suas mãos. E posso fazê-lo porque o Senhor está
sempre aí, no interior de minha história. Por isso La Salle insiste tanto na
presença de Deus e posso fazê-lo, porque o Senhor não somente está
aí, mas também conduz minha história e a história dos homens. Aqui se
encontra uma das principais instituições lassalistas: Deus nos procura
primeiro, antes que nós a Ele; Deus já está presente, Deus nos guia. A nós
cabe abrir-nos a Ele, reconhecendo-o pela fé.
O Fundador nos diz como experimentou em sua própria vida esta
presença e esta condução de Deus: “Deus que conduz tudo com
sabedoria e doçura e que não costuma forçar a inclinação dos homens,
querendo comprometer-me a tomar inteiramente o cuidado das escolas,
o fez de uma maneira imperceptível e durante muito tempo, de maneira
que um compromisso me levava a outro sem tê-lo previsto no começo”
(cf. BLAIN, Jean-Baptiste. La vie de Monsieur Jean-Baptiste de La Salle,
Instituteur des Frères des Écoles chrétiennes, 1733:169). Não será este
Colóquio para vocês uma chamada de Deus para um maior compromisso?
Conclusão
Queridos jovens lassalistas, quisera, para terminar, partilhar com
vocês uma das experiências mais bonitas que vivi como Superior Geral.
No mês de dezembro passado participei, em Sydney, Austrália, no sexto
encontro de jovens lassalistas organizado pela PARC (Ásia, Pacífico).
Havia 180 jovens provenientes de países de culturas e religiões muito
diversas, como Japão, Tailândia, Sri Lanka, Filipinas, Singapura, Austrália,
Papua Nova Guiné e Nova Zelândia.
O que mais me impressionou no Congresso da Austrália foi ver como
jovens de tantos países, culturas e até religiões diversas se identificam
com os valores lassalistas da fé, da comunidade e do serviço, nos
quais encontram um sentido para sua vida. Em poucas partes vi maior
interiorização e vivência destes valores.
Com realação à fé, causaram-me impacto as orações realizadas pelo
grupo com muita liberdade e criatividade, mas também com muita
profundidade e capaciadade de silêncio; a nível da comunidade aconteceu um fato que me impressionou profundamente. Um dos jovens da
76
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Nova Zelândia, no momento de apresentar a experiência de seu grupo,
comoveu-se até as lágrimas, e neste momento, espontaneamente, todos
os seus companheiros de delegação se levantaram, rodearam-no, abraçaram-no e o alentaram para que continuasse. Creio que isto vale mais
que muitas palavras sobre a fraternidade. Finalmente, com relação ao
serviço, no final do encontro, e depois de ter tido a oportunidade de
visitar experiências concretas em Sydney, ficou muito claro o desejo de
todos de fazer algo pelos demais e a pergunta que mais se repetiu foi:
Que podemos fazer?
A resposta a esta pergunta, numa perspectiva lassalista, não pode ser
outra que comprometer-se de forma clara e enérgica em favor dos
membros mais frágeis e vulneráveis de nossa sociedade. Nosso último
Capítulo Geral nos convidou a estar muito atentos aos novos tipos de
pobreza que hoje afetam nosso mundo. Sabemos, por outro lado, que La
Salle nasceu para os pobres. O que disse aos Irmãos no dia da minha
eleição e que partilhei com os jovens durante a Jornada Mundial da
Juventude em Roma, parece-me que deve ser bem atual para vocês: Não
deveríamos nós hoje viver nosso carisma a partir das crianças e dos
jovens pobres, que continuam sendo o elo mais frágil e vulnerável de
nossa sociedade? Além dos problemas de afeto e os abusos que se dão
no interior das famílias, muitas vezes desintegradas, em muitos lugares
as crianças são submetidas a outras situações não menos degradantes.
Sem pretender abrangê-las todas, podemos pensar nas crianças trabalhadoras, os menores de rua, as crianças soldados ou vítimas da guerra,
as crianças vendidas, as crianças desnutridas, as crianças sem educação...
Não serão elas as encarregadas de dinamizar e reavivar nosso carisma?
Não é nelas que Deus principalmente se revela?
Oxalá, ao término deste Colóquio, também vocês se sintam motivados a viver com maior autenticidade os valores lassalistas que nos devem
caracterizar, a partir de uma profunda fé num Deus que quer que todos
se salvem, de uma alegre fraternidade que os fará superar todas as
barreiras e de um serviço que manifeste que a vida só vale a pena quando
doada pelos demais. Não devemos esquecer que todo jovem lassalista,
como todo aquele que participa do carisma de São João Batista de La
Salle, é chamado a ser um SINAL de Deus no mundo.
Vocês, jovens, carregam hoje a tocha, e o futuro de La Salle no mundo
está em grande parte em suas mãos. Não nos decepcionem.
77
Homens de Deus
Anselmo Cabral, 3/5/2002
Aos amigos Irmãos lassalistas,
Riem-se felizes os homens de Deus.
Carregam pedras flutuantes.
Dói-lhes uma dor segura, constante
Como a dor do firmamento segurando a beleza
Das galáxias.
Nascem crucificados os homens de Deus.
Têm as chagas do absoluto amor.
Dói-lhes uma angústia aguda, otimal.
Como se sempre esperassem sair do casulo, porque
- não sabem como têm reminiscências de lindos vôos.
Vivem normalmente os homens de Deus.
Nada lhes parece em qualquer coisa especial.
Dói-lhes a sentença da incompreensão
Porque teriam a dizer mais
que Copérnico e Galileu
- e o dizem no silêncio produtivo
de suas vidas santas.
78
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Em nome do amor
Irmão Clovis Trezi, fsc
Fiquei angustiado depois daquela
aula. O professor, parece que adivinhava, falou uma série de coisas que
encaixaram direitinho naquilo que eu
estava vivendo e estava precisando
ouvir. Parece que a fala dele era sob
encomenda. E essas coisas que ele
disse me deixaram assim, meio sofrendo, com uma ânsia no peito que
não sei bem explicar. Porque ele disse coisas que eu nunca havia pensado
antes. Coisas que eu já sentia e não
sabia. E ouvir isso assim, de repente,
sem esperar, dá uma agonia na gente.
Tudo começou assim: cheguei à
escola como sempre chego, alegre,
barulhento, mexendo com todo mundo, fazendo piada com a Lia (coitada,
é bem bonita, mas é tão bobinha...) É
meu jeito assim. Os professores não
gostam, acham que atrapalho as aulas, mas é que eu não consigo me
conter. Pois bem, cheguei à escola
desse jeito, mais barulhento que nunca. Era segunda-feira. A primeira
aula era de Religião. Um saco, o
professor parece que só sabe falar
aquelas coisas que não têm nada a
ver. É bom porque é uma aula que
quase não tem cobrança pra gente,
se não aprender não vai fazer falta
mesmo, não cai no vestibular.
Nesse dia o professor chegou
como sempre. Entrou, disse: «Bom
dia. Viva Jesus em nossos corações».
Todos resmungamos: «Para sempre».
Rezamos, ou melhor, o professor rezou o Pai-Nosso e leu um trechinho da
Bíblia. Mas eu logo percebi que essa
aula ia ser diferente. O professor estava com o CD player na mão e, antes de
ler o trecho da Bíblia, colocou uma
música leve de fundo. Só se via gente
bocejando. Ninguém disfarçava a pouca vontade que tinha com a aula. O
professor desligou a música e falou:
«Meus queridos, hoje nós vamos fazer uma reflexão um pouco mais longa. Eu já percebi que alguns estão
com sono, mas se se mantiverem
acordados com um pouco de esforço
vão ver que vai valer a pena». Todos
mostraram algum interesse maior, menos a Maria, que habitualmente é a
única que participa das aulas de Religião. Por isso que eu a chamo de
«freirinha»...
O professor ligou a música, com
um volume um pouco alto, e foi abaixando aos poucos. Juro que era a
música orquestrada mais bonita que
já ouvi. E olha que eu curto muito um
rock... Abaixando a música, o professor começou a ler o trecho escolhido
para este dia. Era uma linda poesia
que falava de amor. Mas não era
aquele amor a que estamos acostumados. Falava de algo mais profundo,
que tocava o coração da gente. Nesse
instante todos estavam despertos.
79
Eu, particularmente, porque estou apaixonado por umas três ou quatro meninas, mas quando eu falo de amor com
elas, meu coração não bate com tanta
força como batia quando o professor
lia esse poema.
Bom, quando ele acabou de ler,
pediu que todos ficássemos sentados
de maneira confortável. Deixou a música num tom suave por algum tempo.
Depois pediu que imaginássemos o
lugar mais lindo que pudéssemos.
Contou até dez e pediu que nos colocássemos nesse lugar. Todo mundo
na maior concentração. Aí ele pediu
que nos imaginássemos indo pra uma
casa que encontraríamos no local
imaginado. Lá encontraríamos uma
pessoa que nos diria alguma coisa.
Foi legal, porque o professor foi falando e parecia que era a pessoa daquela
casa que falava. Engraçado, porque para mim lá estava justamente
o diretor da escola, um cara que eu
sempre achei chato, porque vive
pegando no meu pé.
mos amar. Somos egoístas. Queremos que os outros nos dirijam palavras de carinho, e nem somos capazes
de dizer «oi» para eles. Ou então
temos tanto medo de não ser amados
que acabamos não amando ninguém,
porque queremos ser amados por todo
mundo, tirando a liberdade do outro de
amar a quem ele quiser. Isso não dá
certo. O amor também faz escolhas.
Somente Deus ama sem impor condições, porque ama a todos de maneira
igual desde antes do nascimento.
Acontece também que confundimos o
significado da palavra amor. Temos
vergonha de dizer a alguém «eu te
amo», mesmo que esse alguém seja
o pai ou a mãe ou o melhor amigo. Se
eu disser para minha amiga ou amigo
«eu amo você», posso ser mal interpretado... não sabemos amar e, conseqüentemente, não sabemos ser
felizes, porque apenas pensamos ser.
Deus colocou a cada um no mundo
para experimentar seu amor e vivê-lo.
E, para viver o amor, não adianta
tentar fazê-lo de outra forma, tenho
que amar. E amar é também dar um
gesto de carinho, dizer um «oi», um
«eu amo você», é ter coragem de ser
autêntico e livre diante do outro. Às
vezes pensamos que o colega ou o
professor é chato, e por isso nem
vamos falar com ele. Quando criamos
coragem, descobrimos que ele é na
verdade um amigão. Amar não é só
pensar em namoro ou sexo. É ter
coragem de ser feliz e de ajudar o
outro para que também o seja.
O professor (na imaginação era o
diretor) começou a falar de amor. Disse que nós muitas vezes não sabe-
Amar é viver o chamado de Deus.
Ele quer a todos felizes e por isso
chama ao amor de diversas formas.
Esse poema dizia que de nada
adianta ter tudo, saber tudo, que se eu
não tiver amor no coração, de nada
adianta. Só o amor é paciente, é
bondoso, é prestativo. Só o amor não
tem inveja. Eu estava de olhos arregalados e ouvidos super atentos a cada
palavra. No final eu pedi uma cópia, e
ele me disse que procurasse na Bíblia, mais exatamente na primeira
carta de São Paulo aos Cortíntios,
capítulo 13.
80
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Ser padre é uma forma de amar. Ser
Irmão, Irmã é outra forma. Casar e
constituir família é ainda uma maneira
diferente. Todos somos chamados ao
amor. A isso chamamos vocação. Por
isso não devemos ter medo de amar o
próximo. O amor não tem interesses,
o amor perdoa.
Confesso que quando o professor
acabou de falar e aumentou o som e
contou até dez pedindo que abandonássemos aquele lugar e voltássemos para a sala, fiquei triste. Não
queria mais sair de lá. Era como no
Monte Tabor, uma outra historinha
que o professor havia contado, quando os apóstolos queriam armar as
barracas em cima do monte e ficar por
lá mesmo, mas Jesus disse mais ou
menos assim que quem quisesse continuar com Ele teria que descer da
montanha, descer da árvore e colocar
os pés no chão. Essa história eu
também lembro porque ela também
me chamou a atenção. Outro dia eu a
conto aqui. Por isso voltei, mesmo
contra a vontade. E chorei. Pôxa,
justo eu, que julgava entender tudo de
amor, que tenho a minha namorada e
mais outras paqueras por aí, venho a
descobrir que amor é algo muito maior
do que a simples atração física, é
muito mais do que uma simples emoção, do que um coração batendo mais
forte em alguns momentos. Eu que
achava que o Irmão diretor era tão frio
e distante descobri que ele também
ama, e faz tudo o que faz por amor,
não a si próprio, mas por todos nós,
alunos. Descobri também que o professor de Religião não é tão chato
assim, e que vale a pena assistir as
suas aulas. E que Deus é tão bom,
não é aquela imagem de pai tão chata
que eu tinha. Não agüentei. Caí no
choro. Todos ficaram espantados, porque eu sempre fui o tal. Se bem que os
colegas também estavam se segurando e com olhos vermelhos. Mas
não tive vergonha de chorar. Deixei
desta vez meu coração falar mais alto.
Na saída encontrei o diretor e dei um
grande abraço nele. Me olhou espantado, mas ficou tão feliz...
Mas a aula me deixou angustiado, me encheu de grilos. Percebi como
a minha vida foi vazia até aqui. Ao
longo dos meus dezesseis anos, percebi que o meu modo de ser, fanfarrão, nada mais era do que uma maneira
de encobrir meus problemas. Enquanto eu era o destaque da turma, ninguém teria coragem de me olhar
criticamente. E mesmo que olhasse,
não teria coragem de falar para mim.
81
Na verdade, no fundo, eu sempre fui
tímido e com uma vontade louca de
que todo mundo me amasse, nunca
fui capaz de resistir quando alguém
me deixava de lado. A minha vingança
era fazer o que eu fazia com a Maria,
criando apelido pra ela e pegando no
pé. No dia seguinte a minha primeira
atitude foi dar um beijo no rosto da
Maria. Ela ficou vermelhíssima, mas
eu prometo nunca mais fazer piada
com ela. E de agora em diante vou me
esforçar para gostar das aulas de
religião. Interessante, como um simples fato mudou todo um conceito que
eu tinha dessas aulas e do professor.
Mas ainda não contei a coisa
mais legal: cheguei em casa, dei
um beijo no meu pai e falei: «Pai, eu
te amo». Ele nunca esperava por
isso e ficou de boca aberta. Eu
repeti: «Pai, eu te amo». Finalmente caiu a ficha e ele me deu
um abraço tão gostoso e eu vi
duas lágrimas que ele nem tentou
disfarçar. Fiz o mesmo com minha
mãe. Ela logo pegou no choro. Fosse outro dia eu ia dizer a ela que eu
me envergonhava da mãe que tinha,
que ficava se desesperando por nada.
Mas eu também estava chorando.
Com minha irmã, aquela encrenqueira,
foi mais difícil. Ela deu risada e fez
menção de ir à janela gritar para
todo mundo. Mas viu a minha cara
de sério e me deu um beijo.
Foi o dia mais feliz da minha vida.
Passei a ver o mundo de maneira
diferente e também a meus amigos.
Vi que alguns deles eram tão superficiais quanto eu havia sido até ali.
Descobri também que o mundo com
amor é outro mundo. Foi somente aí que eu entendi o gesto de
Cristo de morrer na cruz. Descobri que os padres, Irmãos e
Irmãs também podem ser felizes,
e normalmente o são. São felizes
porque vivem o chamado de
Deus. São felizes porque o seu
modo de viver leva a um mundo
novo, inteiramente baseado no amor.
Converso agora todos os dias com
o Irmão diretor, que já me convidou
para ser Irmão como ele. Confesso
que fiquei tentado...
E essa!!!
Devido à colocação dos seus olhos de cada lado da cabeça, o coelho
consegue olhar para trás sem rodar o pescoço.
A maneira mais fácil de diferenciar um animal carnívoro de um herbívoro é
olhando para os seus olhos. Os carnívoros (cães, leões) possuem os olhos na
parte da frente da cabeça, o que facilita a localização do alimento. Já os herbívoros
(aves, coelhos) possuem os olhos do lado da cabeça para perceber a aproximação de um possível predador.
Apesar do frio que se faz sentir no Pólo Norte, seria impossível alguém apanhar
uma constipação lá. O vírus da gripe gosta de ambientes um pouco mais amenos.
O material mais resistente criado pela natureza é a teia de aranha.
82
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
O amor
1 Coríntios 13
1
Mas deixem-me mostrar-lhes o caminho mais excelente! Ainda que
eu falasse as línguas dos homens ou até mesmo dos anjos, mas não
fosse capaz de amar os outros, não seria mais do que um instrumento
de fazer barulho. 2Se eu tivesse o dom de falar em nome de Deus, e se
soubesse os mistérios do futuro e se conhecesse tudo acerca de tudo,
mas não amasse os outros, de que me serviria isso? E até mesmo que
tivesse fé de forma a poder falar a uma montanha e fazê-la deslocar-se,
isso não teria valor algum sem o amor. 3Ainda que desse tudo aos
pobres, ainda que deixasse que me queimassem vivo, mas se não
amasse os outros, eu não teria nenhum valor.
4-5
O amor é paciente e bondoso. Não é invejoso, nem orgulhoso; não
é arrogante, nem grosseiro. O amor não exige que se faça o que ele quer.
Não é irritadiço e dificilmente suspeita do mal que os outros lhe possam
fazer. 6Nunca fica satisfeito com a injustiça, mas alegra-se com a
verdade. 7O amor nunca desiste, nunca perde a fé, tem sempre
esperança e persevera em todas as circunstâncias. 8Todos os
dons e capacidades especiais que vêm de Deus terminarão um
dia, porém, o amor há-de sempre continuar. Um dia, tanto a
profecia, como o falar línguas desconhecidas, como a sabedoria
espiritual, todos esses dons desaparecerão.
9
Nós agora sabemos muito pouco, mesmo com a ajuda desses
dons especiais; e até a pregação mais inspirada é ainda muito imperfeita.
10
Mas quando chegar o que é perfeito, estes dons especiais desaparecerão. 11É assim: quando eu era criança, falava, pensava, raciocinava
como uma criança. Mas quando me tornei adulto deixei as coisas de
criança. 12Da mesma maneira, nós agora compreendemos imperfeitamente as coisas como se estivéssemos a ver um reflexo num espelho
de má qualidade; mas um dia virá em que veremos de uma forma
completa, face a face. Tudo quanto sei agora é parcial, mas depois verei
tudo com clareza, como Deus conhece o interior do meu coração. 13Há
três coisas que hão-de perdurar: a fé, a esperança e o amor; e destas a
principal é o amor.
83
Dobrei-me às duras leis que me impuseste,
Curvei ao jugo teu meu colo humilde,
Feri-me aos teus ardentes passadores,
Prendi-me aos teus grilhões, rojei por terra...
E o lucro?... foram lágrimas perdidas,
Foi roxa cicatriz qu’inda conservo,
Desbotada a ilusão e a vida exausta!
Celeste emanação, gratos eflúvios
Das roseiras do céu; bater macio
Das asas auribrancas d´algum anjo,
Que roça em noite amiga a nossa esfera,
Centelha e luz do sol que nunca morre;
És tudo, e mais qu’isto: - és luz e vida,
Perfume, e vôo d’anjo mal sentido,
Peregrinas essências trescalando!...
Também passas veloz, - breve te apagas,
Como duma ave a sombra fugitiva,
Desgarrada voando à flor de um lago!
(A citação, 1º em latim, depois em inglês e finalmente em português está em Confissões de Santo Agostinho, Livro III, capítulo 1, parágrafo 1º).
A inútil chama ressecou meus lábios,
Mirrou-me o coração da vida em meio,
E à terra fez baixar a mente errada
Que entre nuvens, amor, por ti bradava!
Não te pude encontrar! - em vão meus anos
No louco intento esperdicei; gelados,
Uns após outros a cair precípites
Na urna do passado os vi; eu triste,
Amor, por ti clamava; - e o meu deserto
Aos meus acentos reboava embalde.
Em vão meu coração por ti se fina,
Em vão minha alma te compreende e busca,
Em vão meus lábios sôfregos cobiçam
Libar a taça que aos mortais ofereces!
Dizem-na funda, inesgotável, meiga;
Enquanto a vejo rasa, amarga e dura!
Dizem-na bálsamo, eu veneno a sorvo:
Prazer, doçura, - eu dor e fel encontro!
Nondum amabam, et amare amabam...quaerebam quid amarem, amans amare.
I loved not yet, yet I loved to love...I sought what I might love, loving to love.
Ainda não amava, mas já gostava de amar... gostando de amar eu buscava o que amar.
O amor
Poema de Gonçalves Dias
Amor! enlevo d’alma, arroubo, encanto
Desta existência mísera, onde existes?
Fino sentir ou mágico transporte,
(O que quer que seja que nos leva a extremos,
Aos quais não basta a natureza humana;)
Simpática atração d’almas sinceras
Que unidas pelo amor, no amor se apuram,
Por quem suspiro, serás nome apenas?
84
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Sabedoria indígena
Um velho índio descreveu, certa vez,
seus conflitos internos:
«Dentro de mim existem dois cachorros,
um deles é cruel e mau.
O outro é muito bom.
E os dois estão sempre brigando».
Então lhe perguntaram
qual dos cachorros ganharia a briga,
o sábio índio parou, refletiu e respondeu:
«Aquele que eu alimento».
Muito pão
Padre novato, iniciou nervoso seu primeiro sermão na paróquia, preocupado
com a presença de um bêbado no primeiro banco. O bêbado o acompanhava
atento, sem qualquer manifestação que não fosse o irritante soluço característico
da “espécie”.
- Então Jesus, prosseguia o padre, saciou a fome de seus cinco seguidores com
apenas cinco mil pães. - Percebeu o erro que cometera mas não tentou
consertar para não chamar a atenção dos fiéis, em sua maioria sonolentos e
aparentemente distraídos. O bêbado entretanto, único que parecia estar atento,
disse em alto e bom tom, provocando vários risos entre os presentes:
- Cinco mil pães para cinco pessoas? HIC...Assim até eu.
No ano seguinte, na mesma época, chegou o momento de repetir o sermão.
O mesmo padre, agora já com alguma experiência, notou novamente o mesmo
bêbado sentado no mesmo banco.
- E então Jesus, falou o padre frisando bem os números, com somente CINCO
pães, alimentou e saciou a fome de CINCO MIL seguidores. Lançou um olhar
vitorioso para o bêbado e ouviu este comentário em voz bem alta:
- Também não é vantagem nenhuma, HIC... com a sobra do ano passado, até eu.
85
Santidade verdadeira
Autor desconhecido
Havia um eremita que morava numa caverna do deserto e cujo único alimento
consistia em raízes, avelãs e
um pouco de pão que os camponeses lhe davam.
- Amanhã vai até a cidade mais
próxima e no mercado encontrarás um palhaço fazendo truques e provocando o
riso das pessoas. Ele é o homem que procuras.
Ele passava o dia inteiro rezando e lendo as Sagradas Escrituras, e a cada hora da noite
ele se levantava e fazia uma breve oração, pois desejava levar
uma vida aceitável para Deus e
ser um santo verdadeiro - um
dos maiores e melhores que já
se viu no mundo.
O eremita ficou surpreso e
humilhado, pois suspeitava que
não houvesse alguém melhor
que ele. Mas fez o que lhe foi
dito, e na praça pública achou
um homem que tocava primeiramente uma música, depois
entoava uma canção, em seguida fazia uns truques de mágica,
e por fim passava o chapéu.
Finalmente, quando envelheceu, tendo-se mantido fiel
em suas orações, jejuns e vigílias por muitos anos, pediu ao
Senhor que lhe mostrasse o progresso obtido na vida espiritual.
- Oh, Deus ! - rogou. - Mostraime alguém que tenha conseguido maior santificação que
eu, e assim poderei ver como
melhorar a minha vida.
E imediatamente sua prece
foi atendida. Um anjo vestido
de branco veio até ele e disse:
O eremita o observou com
desgosto, mas, terminada a
apresentação, levou-o a uma
pequena distância e perguntoulhe se fora sempre um palhaço,
o que fizera de bom, e que orações e penitências teria feito para
tornar-se amado por Deus.
O sorriso no rosto do palhaço desapareceu, e ele disse:
- Não façais troça de mim, santo
pai. Envergonho-me ao confessar que esqueci como se
86
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
reza. Nem me recordo de ter
feito alguma caridade. Tudo
que faço é tocar minha flauta,
rir e cantar por uns poucos trocados, mesmo quando meu
coração está triste.
Mas o eremita não quis aceitar essa resposta, pois o anjo lhe
dissera que o palhaço era mais
santo que ele. Então insistiu:
- Lembra-te! Alguma vez deves
ter feito algo grandioso em
nome de Deus.
Mas o menestrel falou:
- Não, não consigo lembrar nada
de bom que tenha feito. Nunca mereci nenhuma glória de
Deus ou do homem.
- Mas - insistiu o eremita sempre foste um vagabundo? Sempre um mendigo,
como és agora?
- Oh, não - disse. - Vou contarte como fiquei pobre. Há alguns anos, quando eu era
jovem, acabara de receber minha parte na propriedade de
meu pai, na longínqua cidade
onde morava, quando vi uma
mulher à beira da estrada, cansada e chorando, como que
perseguida por inimigos.
Perguntei-lhe o que houve,
e ela disse que seu marido e
filhos haviam sido vendidos
como escravos por uma dívida.
Não só estava desabrigada e
pobre como homens maus queriam levá-la como escrava também. É claro que não havia nada
a fazer senão comprar sua liberdade e a de sua família, o que
levou todo o dinheiro que eu
tinha. Isto explica minha pobreza. Não houve mérito algum
nisso. Qualquer um faria o mesmo, e eu já havia quase esquecido.
O eremita, então, entendeu
por que o Senhor considerou o
palhaço mais santo que ele.
87
- Toda a minha vida me esforcei
pela minha salvação, e os homens me chamavam de santo. Mas este pobre flautista,
por uma boa ação, posicionouse muito à frente na corrida
para o Céu. Ele pode esquecer
o que fez, mas Deus não.
Então o eremita voltou para
sua caverna, um pouco mais
triste, porém mais sábio, pois
sabia agora que a verdadeira
santidade não poderia ser egoísta. Acrescentou em suas orações e jejuns o desejo de ajudar
aos outros da maneira que pudesse, mas ainda vivia sozinho
em sua caverna.
Dez anos depois, tornou a
rogar a Deus que lhe mostrasse alguém mais santo que
ele, para que pudesse imitálo em sua retidão.
Então o anjo veio, como antes, e disse-lhe que numa pequena fazenda ali por perto
moravam duas mulheres, e nelas
poderia encontrar duas almas que
lhe mostrariam o apelo superior
do dever e da santidade.
E ele empreendeu a segunda peregrinação. Quando chegou à fazenda, as duas mulheres
o receberam com alegria. Estavam honradas em receber a vi-
sita de um santo tão perfeito.
Sua fama chegara antes. Elas
lhe trouxeram comida e bebida,
e o receberam tão fartamente
quanto lhes permitiam suas
pequenas provisões.
O eremita, porém, mal podia esperar para descobrir delas
o segredo de sua aceitabilidade
para com Deus; portanto, perguntou-lhes de suas vidas.
- Não temos história - disseram.
- Sempre trabalhamos duro na
casa e no campo, com nossos
maridos. Temos filhos amados
de quem devemos cuidar. Sofremos pobreza, doenças e
mortes, mas assim são todas
as famílias, pois não somos
diferentes dos demais.
- Sim, mas... - disse o eremita ...e suas boas ações? O que
têm feito para Deus?
- Ora, nada! - disseram. - Não
temos dinheiro para dar. Somos pobres. Não temos tempo para fazer muito por outras
pessoas, pois nossas famílias
nos mantêm ocupadas de manhã à noite, mas somos muito
felizes e contentes.
Apesar de todos os questionamentos, o monge não conseguiu obter nenhuma resposta,
por isso desistiu. E partiu desa-
88
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
pontado, quando pensou em
passar numa casa vizinha e ali
perguntar sobre as duas mulheres.
- Ora - disseram - são as melhores pessoas que já existiram.
Moram aqui há vinte e cinco
anos e ninguém ouviu qualquer animosidade delas; e passaram por muitos sofrimentos,
isso sim! Elas se importam com
seus próprios problemas e recebem a todos com palavras
doces e um sorriso agradável.
Então uma luz imensa pareceu abrir a mente do eremita.
Ele viu quantas maneiras existem para servir a Deus. Alguns
O servem em igrejas e celas reclusas através de glórias e oração. Alguns O servem nas
estradas, ajudando estranhos
em necessidade ou desespero.
Outros vivem na fé e na ternura
de lares humildes, trabalhando,
educando os filhos, mantendose alegres e gentis. Outros mais
suportam a dor pacientemente,
pela graça de Deus. Infinitas são
as maneiras, que somente o Pai
Celestial vê.
E o eremita pensou: «Tenho
vivido sozinho todos esses anos,
controlando meu temperamento, sendo paciente e cordato.
Mas poderia ter feito o mesmo
com as preocupações de uma
vida em família? Posso viver
com muito pouco, mas como
estaria na pobreza quando outros sofrem além de mim? A
fadiga e o desgaste de ganhar o
pão para outrem talvez fosse
demais para mim. Agora sei o
que Deus queria me dizer. É mais
difícil ser um santo em casa que
num deserto, e para aqueles
que, com muita fé, seguiram o
caminho mais árduo é maior o
crédito. Talvez tenha sido um
erro egoísta de minha parte pensar que o deserto seria o único
lugar de santificação quando a
vida comum teria me fornecido
tudo que eu poderia pedir - espaço para abnegação e uma
estrada que me levasse diariamente um pouco mais para perto de Deus.
Muitos são os modos de servir a Deus, mas todos implicam o
amor ao próximo. Muitas são as
maneiras de responder ao chamado do Senhor, mas todas são
exigentes com suas alegrias e
cruzes. Diversos são os caminhos que levam à santidade, mas
em todos eles devemos abrir-nos
à ação divina que se revela naqueles que caminham conosco.
Animados pelo Espírito Santo e
seguindo o exemplo de Jesus
Cristo, saibamos escolher e ajudar outros a optar pelo caminho
que o Pai propõe a cada um.
89
Pérolas
Que estas «Pérolas» sejam muito úteis no seu caminhar...
Amar é mudar a alma de casa.
- Mário Quintana
A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil
e o escrever dá-lhe precisão.
- Francis Bacon
A ousadia é, depois da prudência,
uma condição especial
da nossa felicidade.
- Arthur Schopenhauer
As injúrias são as razões
dos que não têm razão.
- Jean-Jacques Rousseau
Se uma palavra dita ao tempo
vale uma moeda,
o silêncio, em seu tempo, vale duas.
- Do Talmude
A persistência é irmã da excelência. Uma é questão de qualidade;
a outra, questão de tempo.
- Marabel Morgan
Poucos são os que nunca tiveram
uma oportunidade de alcançar a
felicidade - e menos ainda os que
aproveitaram esta oportunidade.
- André Maurois
Não há dever tão esquecido
quanto o dever de ser feliz.
- Robert L. Stevenson
Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um
pouco de razão na loucura.
- Friedrich Nietzsche
No momento em que você
tem seus próprios filhos,
perdoa tudo a seus pais.
- Susan Hill
Felicidade é a certeza
de que a nossa vida não está
passando inultimente.
- Érico Veríssimo
Jamais se desespere em meio às
mais sombrias aflições de sua vida,
pois das nuvens mais negras
cai água límpida e fecunda.
- Provérbio Chinês
Nunca bata uma porta;
você pode querer voltar.
- Provérbio Espanhol
O que depois de vencer se vinga,
é indigno da vitória.
- Voltaire
O amor é a asa veloz que Deus deu
à alma para que voe até o céu.
- Michelangelo Buonarotti
O medo é o pior dos conselheiros.
- Alexandre Herculano
Permita-se guardar uma alegria.
Estenda as mãos e apanhe-a
quando ela passar.
- Carl Sandburg
A literatura é sempre
uma expedição à verdade.
- Franz Kafka
90
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
As pessoas mudam
e esquecem de avisar os outros.
- Lilian Hellman
Uma alegria compartilhada
se transforma em dupla alegria;
uma dor compartilhada, em meia dor.
- Provérbio Sueco
Para escrever só existem duas
regras: ter algo a dizer e dizê-lo.
- Oscar Wilde
Aprender sem pensar é inútil;
pensar sem aprender, perigoso.
- Confúcio
O sonho e a esperança
são os dois calmantes
que a natureza concede ao homem.
- Frederico I
A felicidade é o subproduto
do esforço de fazer o próximo feliz.
- Greta Palmer
Quem vive sem loucura
não é tão sábio quanto pensa.
- La Rochefoucauld
Reuniões são indispensáveis
quando não se quer fazer nada.
- John Kenneth Galbraith
Em seus tratos com o homem,
o destino jamais liquida suas contas.
- Oscar Wilde
Só existe uma coisa melhor
do que fazer novos amigos,
conservar os velhos.
- Elmer G. Letterman
Um livro é um pássaro
com mais de cem asas para voar.
- Ramon Gomez de la Serna
Não devemos esperar pela inspiração
para começar qualquer coisa.
A ação sempre gera inspiração.
A inspiração quase nunca gera ação.
- Frank Tibolt
O que é a vida sem um sonho?
- Edmond Rostand
O oposto da vida não é a morte,
é a indiferença.
- Erik Wiesel
Dificuldades reais podem ser
resolvidas; apenas as imaginárias
são insuperáveis.
- Theodore N. Vail
Amar a humanidade é facil.
Difícil é amar o próximo.
- Henry Fonda
Um irmão pode não ser um
amigo, mas um amigo
será sempre um irmão.
- Benjamim Franklin
Chegará o dia em que talvez
as máquinas pensem,
porém elas nunca terão sonhos.
- Theodor Heuss
O futuro pertence àqueles
que acreditam na beleza
dos seus sonhos.
- Eleanor Roosevelt
A verdadeira viagem
se faz na memória.
- Marcel Proust
Às vezes é bom acreditar na
evolução e pensar que o homem
ainda não está concluído.
- John M. Henry
91
Charadas e pegadinhas
1. O que é que quando está para
baixo está cheio, e quando está
para cima está vazio?
11. O que é, o que é... com a
cabeça fica mais baixo e sem a
cabeça fica mais alto?
2. O que é que passa na frente do
sol e não faz sombra?
12. Ia eu a pé para a feira. Durante
o caminho encontrei 7 pessoas.
Cada pessoa levava 7 sacos,
cada saco tinha 7 gatos, cada
gato tinha 7 pulgas. Quantas
pessoas iam para a feira?
3. O que é que ninguém pode ver mas
está sempre na nossa frente?
4. O que é que sempre aumenta,
nunca, mais nunca diminui?
5. O que é que é torto e se finge de
morto para pegar os vivos?
6. O que é que você segura com a
mão esquerda e não consegue
agarrar com a direita?
7. Quem tem o maior chapéu do mundo?
8. O que é que nasce a socos e
morre a facadas?
13. Um explorador que estava preparando o jantar decide dar uma saída
deixando os alimentos no fogo;
anda 5 km para o sul, depois 3,5
km para o leste e depois 5 km para
o norte, retornando assim ao acampamento onde se depara com uma
surpresa: um urso havia invadido o
mesmo e estava acabando com
seu jantar. Qual a cor do urso?
9. Um carro vinha correndo na estrada. Primeiro, atropelou um porco.
Depois, um boi e, em seguida,
bateu de frente com um trem. Qual
a moral da história?
14. O que é que se pode encontrar
debaixo do tapete de um manicômio?
10. Quem é que pode levar 100
homens para São Paulo em um
único automóvel?
16. O Flamengo e oGrêmio terminaram
o jogo em 0 x 0. Quem fez o gol?
15. Por que a abelha morreu eletrocutada?
17. Você sabe como se faz para
ganhar dinheiro de um trouxa?
1. O chapéu. 2. O vento. 3. O futuro. 4. A idade. 5. O anzol. 6. O cotovelo direito. 7. O
dono da maior cabeça. 8. O pão. 9. Um é porco, dois é boi, trem é demais. 10. Qualquer
um pode, desde que faça muitas viagens. 11. O travesseiro. 12. Apenas 1 pessoa ia
à feira (eu). Ela encontrou o restante do pessoal no caminho, e isso não significa que
eles estavam indo à feira. 13. O urso é de cor branca porque, para o explorador fazer
aquele percurso e voltar ao ponto de partida, só poderia se encontrar no polo norte
e a cor dos ursos polares é branca. 14. Um doido varrido! 15. Porque pousou em uma
rosa choque! 16. A Volkswagen. 17. Dá um real que eu te explico!
Respostas das charadas e pegadinhas
92
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
Curiosidades
A frase em inglês “The quick brown
fox jumps over the lazy dog” (A rápida
raposa marron salta sobre o cachorro
preguiçoso) utiliza todas as letras do
alfabeto e foi criada pela Western
Union para testar as suas máquinas
de telégrafo.
“Agüenta, vagabundo” é o hino oficial do estado de Ohio, EUA.
A biblioteca da Universidade de Indiana afunda 2 cm por ano porque,
quando foi construída, os engenheiros
esqueceram-se de incluir o peso dos
livros no cálculo das fundações.
A Escócia é o país com mais pessoas de cabelo ruivo. Cerca de 14% da
população tem o cabelo alaranjado.
Na Irlanda, a percentagem de pessoas de cabelo ruivo é de 11%.
Robert Wadlow foi o homem mais
alto da história. Nasceu em 1918 e
cresceu até aos 2,70m de altura.
Quando os conquistadores ingleses
chegaram à Austrália, assustaram-se
ao ver uns estranhos animais que
davam saltos incríveis. Imediatamente chamaram um nativo (os aborígenes australianos eram extremamente
pacíficos) e perguntaram qual era o
nome do bicho. O índio repetia sempre “Kan Ghu Ru”, e portanto adaptaram-no para o inglês, “kangaroo”
(canguru). Depois, os lingüistas determinaram o significado, que era muito
claro: os indígenas queriam dizer “Não
te entendo”.
O menor país do mundo é o Vaticano.
Há 4.000 anos, na Babilônia, o pai
da noiva encarregava-se de, durante
um mês após o casamento, fazer uma
cerveja à base de mel para o marido da
sua filha. Como tinham um calendário
lunar, este período era chamado
de «honey month» (mês de mel).
A expressão evoluiu e tornou-se
«honeymoon» (lua de mel).
O Oceano Atlântico é mais salgado que o Pacífico.
O elefante é o único animal com
quatro joelhos.
O crocodilo não pode pôr a língua
para fora.
As borboletas sentem o gosto
com os pés e não com a língua.
O tubarão é o único peixe que
pode piscar os dois olhos.
A lula gigante tem os maiores
olhos do mundo.
O “qua-qua” de um pato não faz eco,
e ainda ninguém sabe explicar por quê.
Os cangurus não conseguem andar para trás.
Os gatos têm cerca de 100 sons
vocais, enquanto que os cães só têm 10.
Os elefantes não conseguem saltar.
Qualquer outro mamífero consegue.
Os touros correm mais depressa
ladeira acima que ladeira abaixo.
O olho de uma avestruz é maior do
que o seu cérebro.
93
Humor
Os lençóis da vizinha
Um casal, recém-casado, mudou-se
para um bairro muito tranqüilo. Na
primeira manhã que os dois passavam na casa, enquanto tomavam café,
a mulher reparou através da janela em
uma vizinha que pendurava lençóis no
varal e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um
sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a
ensine a lavar as roupas!
O marido observou calado. Alguns
dias depois, novamente, durante o
café da manhã, a vizinha pendurava
lençóis no varal e a mulher comentou
com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando
os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que
eu a ensine a lavar as roupas!
E assim, a cada dois ou três dias, a
mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no
varal. Passado um mês, a mulher se
surpreendeu ao ver os lençóis muito
brancos sendo estendidos, e
empolgada foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas,
Será que a outra vizinha ensinou???
Porque eu não fiz nada!
O marido calmamente respondeu:
- Não, querida. É que hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da
nossa janela!
Homenagem
Certa vez chegou um homem no cartório:
- Quero registrar meu filho.
- Qual o nome dele? - pergunta a
atendente.
- Edson.
- Tudo bem... Em que dia ele nasceu?
- Ele não nasceu ainda.
- Mas você só pode fazer a certidão
depois que ele nascer!
O homem sai dali meio bravo. Depois
de duas semanas ele volta.
- Quero registrar meu filho!
- Qual o nome?
- Pelé.
- Mas não era Edson?
- Não. Edson era antes do nascimento!
Quem sou?
Jesus estava entre seus seguidores e
disse: Alguém dentre vós sabe verdadeiramente quem eu sou? Um deles
respondeu:
- O Senhor é a manisfestação
escatológica das profundezas do nosso ser, a fundação ontológica do
contexto do nosso íntimo revelado...
E Jesus: - Ooo queee?...
Casal apaixonado
O casal, depois de uma briga, vinha
pela estrada calado. Ao passarem por
uma fazenda, viram mulas e porcos.
Ele aproveitou:
- São parentes seus?
- Sim, cunhados!
94
Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII
O terceiro elemento
Dois homens trabalhavam com entusiasmo: um cavava buracos e o outro,
vindo atrás, os fechava. Um passante
estranhou aquela atividade:
- Não estou entendendo o trabalho de
vocês... Vocês têm certeza de que
não há algo errado?
- Se alguma coisa está errada, a culpa é
do Manoel, que não veio trabalhar hoje.
- E quem é o Manoel?
- É quem coloca as sementes!
Na Austrália
Uma mulher corre para ver o médico,
parecendo muito preocupada e ansiosa. No consultório, ela suspira. - ‘Doutor, dê uma olhada em mim. Quando
eu levantei esta manhã, me olhei no
espelho e levei um susto. Meu cabelo
estava todo arrepiado e quebradiço.
Minha pele estava toda rachada e sem
cor. Meus olhos estavam avermelhados e saltados para fora. E meu rosto
estava com ar cadavérico. O que está
errado comigo, doutor!?’
O médico a avalia por alguns minutos
e diz, calmamente:- ‘Bem, posso
garantir que não há nada de errado
com sua visão…’
Existem três tipos de pessoas no
mundo: as que sabem contar os
números e as que não sabem.
Dois camundongos numa mesa de
bar iniciam uma discussão: - ‘Dormi
com a sua mãe!’, grita um deles’. As
atenções no bar se voltam para o
camundongo ofendido, que não reage. - ‘Dormi com a sua mãe!’, repete o
primeiro. O outro finalmente responde: - ‘Vá para casa, papai, você está
bêbado!’
Voltando da escola:
- Mãe, eu não vou à escola amanhã. A
professora disse que eu não preciso
ir porque ganhei um irmãozinho.
- Que bom! Você contou que eu tive
gêmeos?
- Não, guardei o outro para a semana
que vem.
Jesus tá te olhando...
Numa madrugada qualquer, um ladrão entra pelos fundos de uma casa
e começa, em silêncio, a arrombar a
porta dos fundos...
Logo no início, escuta uma voz sussurrando:
- Jesus tá te olhando!
O ladrão se assusta, olha para os
lados (na penumbra), mas não vê
nada... Segue tentando arrombar a
porta e escuta novamente a voz:
- Jesus tá te olhando!
Meio incrédulo, mas com a certeza de
ter escutado a frase, olha novamente
ao seu redor e nada...
Quando reinicia sua “tarefa”, ouve novamente a voz:
- Jesus tá te olhando!
Dessa vez, ele percebe de onde vem
a voz e acende a lanterna, iluminando
um canto da área de serviço...
Nisso, ele vê um papagaio na gaiola e
já aliviado, pergunta:
- Ah... é você o Jesus?
E o papagaio responde:
- Não. Eu sou o Judas.
- Judas??? E quem é o louco que bota
o nome de Judas em um papagaio?
- O mesmo que botou o nome de
Jesus no Pitbull.
95
Índice
Humildes criaturas, queridas por Deus ........................................................... 2
Pensando e enfrentando o futuro .................................................................... 6
A formação no Juvenato La Salle - Uruará/PA ................................................ 8
Lixo X material .............................................................................................. 12
Pastoral vocacional é!!! .................................................................................. 14
Encontros de vocacionados ........................................................................... 16
O estudo dos jovens teólogos ....................................................................... 19
Prática da teoria pastoral .............................................................................. 21
Seguindo em frente ....................................................................................... 22
«Vida feliz»: Utopia? ..................................................................................... 28
Tempo de formar-se ...................................................................................... 30
A voz - jóia preciosa ...................................................................................... 31
Oração da vida .............................................................................................. 32
Que diferença a vida tem? Onde percebemos na vida as diferenças? ............ 34
Uma forma sincera de amar .......................................................................... 35
Assessor de grupo de jovens: serviço e ministério ......................................... 36
Um pouco da Beira - Moçambique ................................................................ 41
Jovens lassalistas numa terra sem males ..................................................... 47
Agarrar o convite de Deus ............................................................................. 51
Estágio no Hospital de Caridade em Jaguari ................................................. 54
Fala, Senhor! Eu ouvirei tua voz .................................................................... 55
Como nossos pais ........................................................................................ 56
O encanto do canto do sabiá ........................................................................ 58
A ousadia de saber partilhar com alegria ....................................................... 59
Alguém ......................................................................................................... 60
É hora de agradecer ...................................................................................... 61
Aos que sentem-se chamados ...................................................................... 62
A coroa de Nossa Senhora ........................................................................... 63
À vossa proteção... ....................................................................................... 64
«Cento e sessenta milhões em ação» .......................................................... 65
Acreditar e agir .............................................................................................. 67
Globalização ................................................................................................. 68
Um desafio sempre atual ............................................................................... 69
Colóquio internacional da juventude lassalista ............................................... 70
Palestra aos jovens lassalistas ..................................................................... 72
Homens de Deus .......................................................................................... 78
Em nome do amor ........................................................................................ 79
O amor - ICor 13 ........................................................................................... 83
O amor - Poema ........................................................................................... 84
Sabedoria indígena ........................................................................................ 85
Santidade verdadeira ..................................................................................... 86
Pérolas ......................................................................................................... 90
Charadas e pegadinhas ................................................................................. 92
Curiosidades ................................................................................................. 93
Humor ........................................................................................................... 94
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