Informativo Vocacional Irmãos das Escolas Cristãs (Irmãos Lassalistas) • Brasil • VEM E SEGUE-ME Expediente: Avenida Roberto Silveira, 29 - Icaraí 24230-150 - Niterói - RJ - B R A S I L Tel.: (0xx21)2621.9500 - Fax: (0xx21)2620.5383 E-mail: [email protected] Site: http://www.lasalle.org.br Equipe de redação: ...................................... Jovens, Vocacionados, Formandos e Irmãos Lassalistas. Programação gráfica: .................................. Irmão Paulo Petry. Revisão gramatical: ..................................... Irmão Benno Backes. Impressão: Gráfica e Editora LA SALLE Rua Dr. Paulo César, 222 - Icaraí 24220-400 - Niterói - RJ Junho de 2002 Humildes criaturas, queridas por Deus Irmão Paulo Petry, fsc E naquele momento o Senhor quis que eu existisse. Maravilha das maravilhas, a vida outra vez venceu. A vida se renovou, a vida se manifestou, a vida simplesmente existiu. Nada mais do que a vontade divina e eis que existi. Neste simples gesto, nesta simples atitude do Deus da vida, passei a fazer parte do mundo, passei a fazer parte da história, passei a fazer parte do universo. Simplesmente, como em todos os gestos criadores, o Senhor me moldou, o Senhor me gerou, o Senhor me fez pertencer à sua criação. Por mais que eu agradeça, por mais que eu louve e glorifique o Criador, sempre estarei aquém daquilo que Ele merece, estarei longe do que lhe é devido. Pois “a Ele e somente a Ele devo toda honra, toda glória e o louvor para sempre” (cf. Ap 5,11-13). posso ter diversas atitudes. No entanto, meu modo de ser e existir deve ser único, deve ser fiel, constante e perseverante, adaptado ao projeto de Deus a meu respeito. Minha existência há de ser uma busca perene da vontade do Pai. Há de ser uma constante renovação da vida no Espírito Santo que me anima. Há de ser uma perseverante conquista dos bens do alto, seguindo o exemplo de Jesus o Filho, que sempre fez a vontade do Pai. Minha existência há de ser, portanto, um contínuo exercício de fidelidade, uma louca vontade de descobrir e viver o projeto divino para mim, em minha comunidade, na sociedade, no mundo de hoje. De fato, os seres humanos, diante do Criador, têm atitudes muito diversas e encaram sua Nesta condição de criatura, de filho querido de Deus Pai, 2 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII condição criatural de diferentes maneiras. Uns se acham mais prendados e por isto se julgam mais dignos que os demais. Outros consideram-se especiais e deixam-se dominar pela soberba, chegando até a esquecer a sua condição de criaturas. Há também os que olham para o Criador como o Todo Poderoso, e julgando-se à imagem e semelhança dele, dominam e pisam no próximo para subir na vida, para triunfar neste mundo. Estes esquecem que o Criador, além de Todo Poderoso, talvez seja muito mais Todo Amor, Todo Misericórdia, Todo Perdão. É claro que outros tantos, senão a grande maioria dos seres humanos, percebem em si os dons recebidos, acolhem-nos com humildade e reconhecimento e colocam-nos à disposição daqueles que o Senhor pôs ao seu lado, para juntos construírem um mundo melhor, para juntos caminharem rumo à Terra Prometida, para juntos alcançarem o paraíso definitivo. Voltando-me outra vez à minha condição de criatura, noto que o Senhor da Vida um dia me moldou. Segundo a linguagem figurativa da Bíblia, o Senhor, de um bocado de terra moldou o ser humano: “Então o Senhor Deus formou o corpo do homem com o pó da terra e insuflou nele um sopro de vida; e o homem tornou-se um ser vivo” (cf. Gn 2,6-8). E esta ação criadora repete-se continuamente. Sempre de novo o Senhor toma cuidado de sua obra. Sempre de novo Ele volta a modelar este bocado de terra, que insiste em tomar a figura própria, negando-se a ser a obra prima do artista maior. Tantas vezes me percebo resistindo diante dos apelos do Senhor. Ele me pede que eu seja um vaso de uso nobre e eu quero simplesmente ser um de uso comum. Ele me pede que eu seja uma peça importante na obra toda, porém, por mim seria somente uma peça de decoração. Ele me quer como ânfora plena de água para saciar a sede dos passantes, todavia a água em mim apodrece, pois 3 optei por ser uma ânfora Deixa-te inalcançável. Ele me modelar pede que eu seja uma cerâmica fina que alegra o ambiente, contudo, prefiro ser cerâmica tosca e sem serventia para evitar qualquer serviço. Ele me pede que eu seja um tijolo resistente que garanta a firmeza da construção, no entanto eu, em minha autosuficiência egoísta, prefiro ter minha própria textura e composição, pondo em risco a minha própria vida e a de minha comunidade. Ele me pede que eu preste um serviço digno, mas eu prefiro nem me envolver. Todas estas são resistências comuns aos seres humanos, criados para serem felizes. Além destas, existem outras mais que impendem a renovação da vida, o desabrochar das vocações, o desenvolvimento da missão confiada a cada ser humano, a revelação plena dos mistérios divinos em nossa realidade. Uno-me aqui ao Profeta Isaías, que tão bem retrata a nossa condição de criaturas, ao comparar-nos ao barro nas mãos do oleiro, o Oleiro que molda o barro conforme melhor convém. “Ai do homem que luta contra o seu Criador! Será que o vaso de barro se põe a argumentar contra o oleiro que o fabricou? Já alguma vez se viu o barro a disputar com aquele entre cujas mãos está a ser moldado, e dizer: «Eh! Pára aí! Isso não é assim que se faz!»” (cf. Is 45,8-10). Fomos criados para ser felizes, somos chamados à felicidade, mas quantas e quantas vezes complicamos as coisas, revoltamo-nos sem razão, deixamos de compreender que a vida é bem curta e que neste curto espaço de tempo é que deixaremos a «nossa marca». Tendo escolhido bem a vocação e sendo fiéis ao chamado do Senhor, estaremos indo pelo caminho que nos conduzirá à nossa realização pessoal. Realizados, seremos capazes de oferecer o melhor de nós para cumprir a missão da humanidade, que é viver plenamente o amor trinitário, manifestado por Cristo Jesus em sua mensagem, sua vida, morte e ressurreição. Creio que é chegado o momento de permitir que Senhor da História retome o rumo da 4 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII minha vida, retome o destino da humanidade, e faça assim, da nossa, a história da salvação. Para isto cada um de nós é chamado por Deus a entregar-se, a doar-se e oferecer-se como o barro nas mãos do oleiro. própria vida. Este é o gesto, este é o oferecimento que de fato podemos colocar no altar do Senhor. A vida que dele recebemos, por pura graça e bondade, a Ele oferecemos em atitude de humilde adoração e gratidão. Como vocacionados, como chamados por Deus, entreguemos em suas mãos a nossa vida, as nossas preocupações, nossas vontades, desejos e aspirações. Certamente, nesta entrega humilde e sem condições, Ele fará grandes coisas em nós. Entregue-se nas mãos de Deus Como vocacionados somos chamados por Deus a doar-nos sem reservas, para realizar a missão que Ele quer nos confiar. Nesta doação certamente seremos felizes, pois estaremos dentro dos planos do Pai, vivendo segundo seus sagrados desígnios para conosco. Como vocacionados ofereçamos ao Deus da vida a nossa Seres criados para a felicidade, sejamos sempre este barro que se deixa moldar. Evitemos a dureza, a secura, a resistência e todo fechamento que nos tornam soberbos, auto-suficientes e impenetráveis até mesmo para a ação criadora e renovadora de Deus. Permitamos ao Senhor, que nos criou de forma tão original, que Ele retire de nós os excessos, cubra nossas deficiências, preencha nossos vazios e faça sempre mais brilhar nossas qualidades, dons que de sua bondade infinita e de forma totalmente gratuita recebemos desde as origens para a sua glória sem fim. 5 Pensando e enfrentando o futuro Postulante de II Ano Aldair José da Silva, São Paulo/SP “Eu me preocupo com isso depois”. “O futuro está fora do meu alcance”. “Eu tenho que desfrutar a vida hoje enquanto posso, porque amanhã talvez seja tarde demais”. Esta é a maneira como muitos pensam hoje. Os cientistas já previam o perigo que confrontaria o mundo. Mesmo assim, poluímos e colocamos em risco o nosso sistema ecológico. Os médicos nos advertem sobre o perigo de fumar, mas as pessoas continuam fumando. Por que isso acontece? Por que as pessoas preferem prazeres imediatos da vida, sem pensar nas conseqüências de suas ações? Algumas pessoas gostam de pensar no futuro. A astrologia e o horóscopo são muito populares ao redor do mundo, mas não podem determinar o nosso futuro. A melhor maneira de se preparar para o futuro é viver cada dia de maneira que mais tarde não venhamos a ter remorsos. Não são apenas grandes decisões que tomamos e as super-escolhas que fazemos que determinarão o nosso futuro, mas tamb é m uma série de pequenas coisas que fazemos diariamente. É claro que existem muitas co i s a s q u e acontecerão no nosso futuro, e que não poderemos controlar. As circunstâncias exercem grandes influências neste sentido. Entretanto, se colocarmos nossa vida à disposição de Deus e nos concentrarmos no que podemos controlar, como nossas atitu- 6 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII des, os amigos que escolhemos, “a opção de vida que queremos seguir”, estudar e trabalhar aplicando da melhor forma nossas habilidades e potenciais, então poderemos mudar o curso do nosso futuro. Recordamos aqui que, na nossa história de vida, está presente o chamado do Criador. Ele nos convida a segui-lo para sermos pescadores de homens. Mas, muitas vezes por temer o futuro, temos dificuladas de responder SIM ao seu precioso convite: Vem e segue-me! Por isso, quero lembrar que não só devemos pensar e temer o futuro, e sim enfrentá-lo com o presente bem vivido, plantando assim boas sementes para colher bons frutos, acreditando neste chamado e no seu projeto para cada um de nós. Bem sabemos que uma das poucas coi- sas, senão a única, que não podemos controlar é o dia da nossa morte. Conseqüentemente precisamos confiar cegamente na Providência Divina, pois quando confiamos em Deus, podemos estar seguros do seu cuidado e controle sobre o nosso amanhã. Ele que é providente há de nos conduzir pelo caminho do bem, da paz, da doação e da verdade, contanto que o deixemos agir em nossa vida. Se seguirmos a Jesus, ouvindo seus ensinamentos e praticando seus mandamentos, existe uma promessa que Ele fez aos seus primeiros discípulos, e que está em vigor e é verdadeira em nossos dias: “Eu estarei convosco até o final dos séculos”. Confiantes na sua promessa, coloquemo-nos em suas mãos, para que, como argila nas mãos do oleiro, Ele possa vir e terminar a obra que começou. 7 A formação no Juvenato La Salle - Uruará/PA Texto elaborado pelos Juvenistas de Uruará com a colaboração do Ir. Moacir Paulo Orth, fsc Caros leitores, queremos compartilhar com vocês alguns elementos importantes que estamos vivenciando na formação para Vida Religiosa, especificamente a de Irmão Lassalista. A formação é a constante experiência do inacabamento: do já, mas ainda não. Em outras palavras, à medida que vamos crescendo como pessoas, vamos nos dando conta do quanto ainda precisamos avançar. Isto significa que a consciência da incompletude emerge exatamente com mais profundidade à medida que novos elementos são integrados na nossa vida. E o mesmo ocorre com a educação. Nós Lassalistas, que enxergamos o mundo com os “óculos” da educação, bem sabemos disso. Ela acontece em tempos e espaços diversos e se estende do nascer ao pôr do sol da nossa vida. Vivemos aqui no juvenato muitas coisas como: estudos em geral, esportes, leituras de cultura geral e de espiritualidade, orações, momentos de convivência, retiros e aulas de formação específica. A formação provém do resultado de todos os itens citados acima. Todos estes conteúdos e atividades que são desenvolvidas aqui no juvenato visam ao nosso preparo como jovens vocacionados a serviço do Reino. Entendemos que a formação não acontece em momentos fixos e pré-estabelecidos. Não há parêntesis. Existem experiências mais significativas e relevantes. Porém a formação, bem como nosso processo educativo, acontece ou deixa de acontecer nos diferentes espaços por onde transitamos. E como se está vivendo esse processo no juvenato? Chegamos aqui com grande vontade de crescer, e com o passar dos dias fomos crescendo como pessoas e vocacio- 8 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII nados. Este crescimento está sendo diário, pois sempre estamos a conhecer coisas novas que nos deixam firmes em nossa vocação e fortes em nossa formação. Com isso, chegamos à conclusão de que estamos tendo uma boa formação aqui no juvenato. A formação no juvenato nos ajuda a amadurecer humana e cristãmente, crescer na nossa aceitação e abertura para com os outros, sendo sempre verdadeiros e confiantes em nossa capacidade e na capacidade dos outros. O processo de formação na etapa do juvenato possibilita ao formando (juvenista) melhor conhecer-se descobrindo quais seus pontos positivos e negativos: os positi- vos são cultivados; aos negativos são apontados caminhos para superá-los. O objetivo da formação é levar o formando o mais próximo possível, a ser o modelo do amor testemunhado por Jesus Cristo. E a formação começa com a opção clara pelo cristianismo, e a assunção gradativa dos seus valores. E como alertamos no início, a formação é processo duradouro. É fundamental ter paciência e prudência. Por outro lado, não podemos nos acomodar ou protelar nosso amadurecimento. Pois, no mundo em que vivemos, urge que vivamos cada vez com mais intensidade os valores do Reino de Deus. Grupo de juvenistas em Uruará/PA - 2002 9 Caminhada vocacional Wemerson Martins e Janislon Lira Iremos relatar um pouco da nossa caminhada vocacional. Quando começamos a participar da pastoral vocacional, vimos que tínhamos uma grande e longa jornada pela frente, e o caminho que iríamos percorrer era cheio de alegria, amor e até preconceito. Preconceito que vinha trazer dúvida à nossa caminhada vocacional. Dúvida que acabaria depois de recebermos o convite para ingressar em uma casa de formação e discernir nossa vocação. Aceitamos o convite e fomos morar em Cândido Mendes/MA, momento em que surgiu mais uma dificuldade: deixar os nossos familiares e viver numa realidade totalmente diferente da que vivemos em nossas casas. Tivemos que nos habituar aos horários, aos trabalhos pastorais. No começo, sem experiência, só encontramos barreiras, depois de pegar o gosto pela catequese vimos os frutos que uma pastoral bem feita pode dar. Outra dificuldade foi o nosso entrosamento com os alunos no colégio, mas esta foi vencida pela força que carregamos junto a nossa vocação. Na vida de um candidato a religioso Irmão lassalista sempre haverá provações e sofrimentos, que podem ser vencidos pela força do amor, da fé e da esperança. Se estamos sofrendo, é porque estamos buscando algo, buscando conhecer a nós mesmos. E como diz um ditado popular: “aquele que deseja ir até o fim de si mesmo jamais será poupado do desafio do sofrimento”. Depois de fazer um pouco de experiência no pré-juvenato em Cândido Medes, recebemos o convite para vir a Uruará/PA, onde se localiza o juvenato La Salle. Aceitamos o convite e estamos no primeiro ano como juvenistas. “Estamos gostando”. Trabalhamos com catequese e alguma vez participamos de encontros de jovens. Olhando para trás, dá pra ver que o nosso trabalho com a catequese, os trabalhos pastorais e as aulas de formação com o nosso formador Irmão Moacir nos fazem crescer de uma forma tal, que os obstáculos já não são tantos. Mas ainda há dificuldades, que, com certeza, iremos superar com fé e amor em São João Batista de La Salle. 10 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Relacionamento com o outro Vicente de Paula Fialho da Silva Waldemir Silva do Carmo Para que haja um bom relacionamento, precisamos ouvir um chamado, o qual nos impulsiona a conhecer as pessoas. Ouvindo este chamado, fomos em busca do nosso discernimento; não tínhamos sequer uma noção de onde poderia ter surgido e assim prosseguimos a caminho, em busca deste discernimento. Chegando ao juvenato, encontramos várias pessoas distintas; cada um de nós veio por caminhos diferentes. No início vieram em nossa mente diversas perguntas que não sabíamos responder. E os dias foram passando, e nós, um pouco intimidados, passamos a partilhar um pouco das nossas experiências e as diferenças culturais de um para outro Estado. Às vezes sentíamo-nos impulsionados ou dominados por alguns receios, mas nem por isso deixamos de ir em frente em nosso conhecimento de pessoas novas. Aos poucos toda esta aproximação contribuiu para que nos tornássemos amigos uns dos outros. Muitas vezes, quando nos deparamos com uma pessoa pela primeira vez, formulamos várias imagens diferentes de como seria ela. Sabemos que o relacionamento entre duas pessoas não acontece do dia para a noite; precisamos dar tempo ao tempo e aos poucos iremos cultivando laços de amizade. Chegamos a entender que a nossa convivência fez com que surgissem laços afetivos entre nós e as pessoas com as quais convivemos. Isso só pode ocorrer desde que estejamos dispostos a nos unir com as mesmas, vivendo então um processo coerente, que requer um maior empenho e esforço de nossa parte. No passar do tempo acontecem desentendimentos, intrigas e discussões, que não deixam de fazer parte do relacionamento e que nos ajudam no crescimento e amadurecimento pessoal e comunitário. Nestas situações pudemos perceber a ação e a reação das pessoas. Tudo isto foi revelando como estas pessoas são de fato interiormente. E vivendo esse processo que acabamos de assimilar, hoje sentimo-nos alegres por termonos tornado amigos. Concluindo, queremos dizer que todo relacionamento humano envolve o conjunto das pessoas mais ou menos significativas, atingindo as mesmas como um todo. 11 Lixo X material Irmãos noviços Enivaldo Oliveira Barroso e José Francisco dos Santos Este texto para a revista Vem e Segue-me foi escrito a partir de uma experiência de estágio, com pessoas que trabalham na reciclagem do lixo. Lixo: s.m. 1. O que se varre de casa, da rua, e se joga fora, entulho. 2. Coisa imprestável. Material: adj. 1. Relativo à matéria. 2. Conjunto de objetos que forma uma obra, etc. O que jogamos fora, depois de usado, é lixo ou material? Analisado de um ponto de vista, afirmaremos que é lixo. Mas, quando começamos a refletir que algo descartado por alguém poderá ser transformado, por exemplo, em matéria-prima para a indústria, ajudando, assim, a diminuir o preço dos produtos, descobriremos que é material e que, todos os dias, estamos jogando dinheiro fora. São, talvez, bilhões de reais que o Brasil deixa apodrecer todos os anos. O que não se poderia fazer com esse dinheiro!? Outrossim, estaríamos colaborando para a d e s p o l u i ç ã o d o planeta Terra e, assim, garantindo um mundo melhor para as futuras gerações. Segundo a revista “Super Interessante”, de setembro de 2000, dos mais de cinco mil municípios brasileiros, apenas 135 praticam algum tipo de coleta seletiva do “lixo”, sendo um deles o Município de Canoas, RS. A Associação dos Carroceiros e Catadores de Canoas está localizada na Rua Dom Pedrito, 800, no bairro Mathias Velho. Coordenada por Maria Ferreira e Frei Claudelino Brustolin, Capuchinho, é constituída por 28 associados, em sua maior parte mulheres, que conseguem reaproveitar de 50 a 60 toneladas de “lixo” por mês, dado que pode parecer insignificante diante das toneladas e toneladas de “lixo” que são depositadas, todos os dias, nos aterros públicos do Município. Do embrulho do bombom até pedaços de ferro da construção civil, tudo pode ser transformado em produtos para a indústria. Sabendo da importância desse serviço prestado à sociedade, nós, Enivaldo de Oliveira Barroso, José Francisco dos Santos e Márcio 12 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Pies, noviços lassalistas, nos propusemos conhecer de perto e viver alguns dias com as pessoas que trabalham no local em que é feita a triagem do “lixo”. A partir dessa convivência, co n s t a t a m o s q u e a n o s s a sociedade não está sendo educada para perceber o quanto a reciclagem do “lixo” poderia fa z e r p a r t e d o c o t i d iano das pessoas. É uma lacuna, que mostra como é pequeno o nosso comprometimento com a qualidade de vida das futuras gerações. A Associação está se constituindo em ponto de referência para outras entidades semelhantes, que desejam conhecer o trabalho por ela realizado e planejam implantar um projeto parecido em outros Municípios e Estados. Também o local onde é feita a triagem do “lixo” vem sendo procurado por escolas municipais e estaduais, como forma de complementação do trabalho de conscientização dos alunos sobre a importância da coleta seletiva do “lixo” e outros aspectos a ele relacionados. Do apurado com a venda do material selecionado, 20% é destinado à manutenção e à ampliação da Associação; os outros 80% são divididos, em partes iguais, entre os 28 associados. Embora possa parecer um trabalho degradante, para as pessoas que o realizam o mais importante não é o dinheiro que recebem, mas, sim, a contribuição que prestam à preservação da natureza e para que as futuras gerações possam desfrutar das coisas que a nossa Mãe Terra colocou e continua colocando à disposição dos homens e das mulheres. A partir dos estudos e trabalhos que realizamos, concluímos que lixo não existe. Lixo é o único produto da economia com preço negativo, ou seja, paga-se para livrar-se dele. E paga-se muito. As prefeituras brasileiras costumam gastar entre 5% e 12% de seu orçamento com lixo. A cultura do desperdício, tão difundida no Brasil, joga fora 5,8 bilhões de reais por ano porque não recicla o lixo urbano. Embora seja possível utilizar 100% do lixo, só 13% é efetivamente aproveitado, principalmente com a reciclagem de papel, de vidro e de metais. Já 76% do lixo brasileiro acaba em lixões a céu aberto. Reciclar é uma palavra-chave que o Brasil ainda não aprendeu a pronunciar direito. Lixo é produto de uma visão equivocada dos materiais. Segundo a reportagem da revista ‘Super Interessante’, a 13 comida que é desperdiçada no Brasil (em restaurantes, feiras, supermercados... e nas casas), se fosse reaproveitada, seria suficiente para alimentar dezenove milhões de miseráveis. O primeiro passo para isso acontecer é aprovar o Estatuto do Bom Samaritano, que está mofando na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara desde 1997. O Brasil produz 280.000 tonelada de lixo por dia. Se fosse investido no processo de reciclagem, poderia gerar 120.000 empregos, segundo o economista Sabetai. Na verdade lixo não existe. O que existe é ignorância, falta de vontade e ineficiência. Lembrese: A reciclagem de uma única latinha de alumínio propicia economia de energia suficiente para manter uma geladeira ligada por quase dez horas; Cada quilo de vidro reutilizado evita a extração de 6,6 quilos de areia; Cada tonelada de papel poupada preserva vinte eucaliptos. O aproveitamento do lixo valoriza dois bens que não têm preço: a saúde da população e a natureza. A grande lição de vida que tiramos desta experiência é que nada se perde, ou melhor, como já foi dito por alguém antes de nós, tudo se transforma. Cabe a nós ser inteligentes. Pastoral voacional é!!!??? Irmão Marcelo Luís Reichert, fsc “A vocação é uma semente de amor de Deus no coração da gente. Alguém, um padre, uma religiosa, um leigo convicto ou uma leiga fervorosa... vai e planta, e cultiva, e rega a semente da vocação, como humildes cooperadores de Deus. Mas quem dá a virtude, o crescimento, a graça é Deus, pelo seu Espírito Santo e pelos merecimentos de Jesus Cristo”. Dom José Em primeiro lugar, a Pastoral Vocacional é dinâmica: pastoral. E pastoral vem de pastor. Precisamos ser os pastores (animadores) que orientam e chamam as ovelhas (animados) pelo bom caminho, o caminho da felicidade, da vida em ambundância. Em segundo lugar, ao falar de Pastoral Vocacional se fala de experiência de vida, de chama- 14 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII do e resposta, de vocação à vida e além disso, de desejos, sonhos, dúvidas, projetos, enfim sobre o discernimento de alguma vocação, entre as várias, que o(a) jovem pretende seguir/ abraçar para/com/como vida. É necessário dispor-nos e despojar-nos para praticar com humildade, compromisso e amor a Pastoral Vocacional. Existe a necessidade de voltarnos constantemente para dentro de nós mesmos (olhar interior) para sentir, fazer processos de espiritualidade, pastoral-missão, consagração, encarnados na realidade. Na medida que orientamos alguém e nos dispomos a orientar, também precisamos deixar-nos orientar por outro alguém. Assim, de igual modo, constantemente precisamos rever os processos e concepções para ajudar alguém a discernir sua vocação. Pastoral Vocacional é envolvimento, é doação, é compromisso com a vida, é revelar quem eu sou (transparência), é testemunhar Jesus Cristo, é, em nosso caso, viver com autenticidade a vida de Irmão Lassalista, é indicar rumos, direções. Ainda, Pastoral Vocacional para mim é escutar, sentir as pessoas, os chamados, os apelos e necessidades e ser u m a presença animadora, fortificadora e criativa. Só sou essa presença se me permito fazer experiências de vida e deixar o outro me ensinar com as suas experiências; e, acima de tudo, se me deixo conduzir pelos caminhos que Deus me prepara e indica. “Que alegria para o(a) agente de Pastoral Vocacional, no entanto, ser o(a) semeador(a), o(a) jardineiro(a), o(a) cultivador(a) de uma vocação! A alegria do(a) jardineiro(a) é ver o desabrochar das flores no jardim, encantando e perfumando... A alegria do(a) agricultor(a) é ver os frutos sazonados que vão alimentar e revigorar os filhos e as filhas de Deus. A alegria do(a) agente vocacional é ver o(a) seu(sua) vocacionado(a) florindo e frutificando na Seara do Senhor!...” Dom José 15 Encontros de vocacionados Animadores vocacionais: Irmãos Edgar A. Haab e Marcelo Reichert, fsc Na linha do acompanhamento de jovens que têm intenção de seguir a vocação de Irmão Lassalista, na Província Lassalista de Porto Alegre, realizamos no mês de julho/2002 três encontros de vocacionados, acontecendo um encontro em cada centro vocacional: Porto Alegre, RS (para os jovens da região metropolitana), Cerro Largo, RS (jovens da Diocese de Santo Ângelo - região das missões) e São Miguel do Oeste, SC (jovens da Diocese de Chapecó). O objetivo destes encontros/ retiro é ajudar no discernimento vocacional ao qual os jovens se propõem. E somado a este objetivo propiciar uma formação/integração humana e cristã lassalista. Estes jovens vocacionados antes de participar dos encontros vocacionais já manifestaram seu interesse e motivação em conhecer melhor a vida de Irmão Lassalista, propondo-se ao discernimento da sua vocação. De modo geral percebemos uma boa motivação, interesse, participação e preocupação com o futuro dos jovens nos encontros vocacionais. Outro aspecto Vocacionados que participaram do encontro em Cerro Largo, RS, nos dias 5, 6 e 7 de julho de 2002 16 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII relevante é o encanto, carência e sede pela oração, integração humana e auto-conhecimento que os jovens demonstram. Para muitos destes jovens, o desafio primeiro é o compromisso com a própria vida. Como já foi dito, estes encontros aconteceram em julho deste ano, nos dias 5, 6 e 7, em Cerro Largo e Nova Santa Rita; e nos dias 12, 13 e 14, em São Miguel do Oeste. Na região metropolitana participaram dezesseis jovens vocacionados e o encontro foi realizado na Quinta São José, no Município de Nova Santa Rita, RS. O encontro esteve sob a coordenação dos Irmãos Marcelo Reichert, Airton Muller e Miguel Freitas. Na região das Missões, 28 jovens participaram do encontro, realizado no Colégio La Salle Medianeira de Cerro Largo. Coordenaram este encontro os Irmãos Daniel Steinmetz, Gilmar Staub, Elisandro Kaiser e Edgar Haab. E na região Oeste Catarinense dezenove jovens se fizeram presentes. O encontro esteve sob a coordenação dos Irmãos Luís Carlos Dalla Rosa, Edgar Haab, Dirceu Bohnenberger e Gilmar Staub. Grupo de vocacionados com Irmão Dirceu e Irmão Luiz Grupo de vocacionados da região de São Miguel do Oeste 17 Duas fotos do encontro de vocacionados coordenado pelo Irmão Marcelo Reichert. Este encontro foi realizado em Nova Santa Rita, 6-7/7/2002. 18 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII O estudo dos jovens teólogos Postulantes de I Ano: Cleber Faccio e Eucledes Casagrande, Esteio/RS. Vivemos em um mundo de constantes mudanças. Mudança de hábitos, de ideologias, de valores... neste sentido o estudo adquire uma importância cada vez maior. Ele é arma essencial na luta contra as desigualdades sociais, contra o aumento de distância, entre os que têm e podem desfrutar de tudo o que é mais moderno, e os que vivem à margem da sociedade. Neste contexto cabe ao Irmão Lassalista estar atualizado e informado, para que em sua missão possa dar respostas concretas e atuais, sendo agente no processo de transformação das desigualdades sociais, através do ensino, da ajuda na organização das classes sociais excluídas, na busca de seu espaço e de seus direitos. Assim também o estudo é algo importante na vida de um postulante, pois através dele nos tornamos ousados, abrimos nossos horizontes para o mundo da informação e do saber, vendo não só as idéias distorcidas e mascaradas que o sistema (meios de comunicação, política, ideologias...) nos passa, mas também, intervindo de forma direta nesta realidade de exclusão. O Curso de Teologia no Unilasalle vem nos proporcionando um estudo amplo sobre: pesquisa; atividade pastoral, comunitária e institucional; assessoria na área de conhecimento teológico; contribuição das ciências, principalmente da Filosofia, na busca de uma síntese superior do saber, no diálogo entre fé e razão, garantindo-se o lugar legítimo da Teologia no mundo da Ciência e da Cultura. Em casa temos semanalmente aulas formativas (leituras sobre o Fundador São 19 Acima, flagrante de estudo dos jovens teólogos, durante encontro de entrosamento e reflexão. Prática da teoria pastoral. Abaixo, um momento em que preparamos comunitariamente o material a ser usado em nossas atividades de pastoral. 20 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII João Batista de La Salle, leituras espirituais, estudo sobre celebrações e liturgias, leitura orante da Palavra de Deus...), também aula de língua espanhola e acompanhamento com fonoaudióloga. Estar sempre aberto a novas fontes de conhecimento é o que nós devemos sempre levar em conta. A leitura diária de revistas, jornais, livros... nos ajuda a dialogar com o pensamento da modernidade, com a plural realidade histórico-social, suas proposições e inquietações, visando assim a contribuir na construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. Prática da teoria pastoral Postulantes de I Ano Adaril Borges dos Santos e Fábio Tioni Karling, Esteio, RS Iniciando o segundo semestre do Curso de Teologia no Unilasalle, deparamo-nos com a cadeira de Teoria e Prática Pastoral. Após bom embasamento teórico, foi-nos proposto o desafio de engajarmo-nos em algum trabalho pastoral. Escolhemos então a Pastoral da Saúde como forma de nos aproximarmos das necessidades e apelos da realidade circundante. Este trabalho é desenvolvido no Hospital São Camilo da cidade de Esteio, todas as quartas-feiras. Fundamenta-se principalmente em visitas aos doentes, participa- ção na liturgia e animação das celebrações. Observamos, na grande maioria dos pacientes, uma extrema vontade de viver e um exemplo de determinação e de luta frente aos obstáculos que a vida lhes impõe. Levamos a eles o carinho, o diálogo, o entusiasmo e a força de que precisam. Há nesta relação uma reciprocidade de experiências que enriquece ambas as partes “Estive doente e me visitastes” (cf. Mt 25,34). Procuramos responder ao apelo de Deus para consolidar nossa vocação. 21 Seguindo em frente Postulantes Adenilson de Faria - II Ano, e Cláudio Henrique Rocha Moreno - I Ano, São Paulo/SP Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe. (Almir Sater) Mais uma etapa de nossa vida de formação está se findando. Queremos, neste breve espaço, mostrar como foi e está sendo esta caminhada formativa. Serão abordados vários aspectos da formação como: faculdade, formação interna da congregação, vida de oração, trabalho, pastoral da catequese e vocacional e caminhada como grupo. Começando pela faculdade, estamos cursando teologia e filosofia na FAI unidade Santana, no período noturno. As nossas dificuldades estão sendo sanadas com o esforço e dedicação de cada um naquilo que dificulta o seu desenvolvimento. Com estes cursos, surge aos poucos em nós o desejo de nos aprofundar no mistério da teologia, de conhecer um pouco mais a teoria sobre nós mesmos e identificar o meio em que vivemos. Tudo isto colabora para que nossa prática pastoral e comunitária seja mais concreta e compromissada, fazendo crescer em nós uma espiritualidade mais ativa. Já no quesito formação interna podemos partilhar com os leitores de Vem e Segue-me que temos dois anos de postulado aqui em São Paulo. Nestes dois anos, o que fala bem alto para que tudo dê certo é a união do grupo. Esta união evita também dispersões. É claro que nem tudo é sempre um mar de rosas. Em dois anos, é claro que tivemos nossos desentendimentos, mas nada que um bom pedido de desculpas não resolvesse... às vezes tudo se resolvia com um simplesmente «deixa pra lá». Muitas coisas aconteceram desde que chegamos. Primeiro foi a 22 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII recepção nossa no Postulado. Em seguida vieram os estudos, as tarefas e muitos lugares e pessoas que conhecemos, e que com certeza são importantes para a nossa formação. Dentre estas pessoas importantes destacamos os alunos das escolas lassalistas, que conhecemos e com Postulantes Cláudio Henrique e Adenilson, os quais convivemos no autores deste artigo. encontro da Pajula. Este do algumas canções lassalistas encontro nos marcou bastante e religiosas. Ah! não podemos pelo desejo dos jovens de esquecer que nesta ocasião formar uma comunidade firpassamos nas salas do primáme entre eles. Outro fator rio, apresentando-nos e contanmarcante em nossa formação do um pouco de nossa vida e da deste ano foram as visitas às congregação. Ainda em São nossas escolas. Toda nossa Carlos, jogamos uma partida de comunidade, durante as férifutebol com os alunos, cujo as de julho, visitou o Instituresultado ficará sepultado nato Abel em Niterói, RJ, e quele campo... Todos estes fizemos um retiro, além de momentos e encontros nos ter algumas aulas de expresencorajam para uma dedicação são corporal na Casa Abel em maior ao próximo, têm um granAraruama, RJ. Durante este ano de significado em nossa formaestivemos também no Colégio ção para a vida religiosa e La Salle de Botucatu, SP, e no aumentam em nós o desejo de Diocesano de São Carlos, SP. partilhar nossos dons. Neste último tivemos maior participação e envolvimento Apesar de alguns percalços, com os alunos, fazendo uma a formação continua firme em apresentação teatral e cantanseu objetivo de mostrar a dire- 23 ção e dar sustentação para que o formando continue sua caminhada de cristão, na vida religiosa ou não... O postulado é uma fase de esclarecimentos. Aqui relembramos alguns colegas que estiveram conosco, e que, por um discernimento pessoal acompanhado pelo Irmão formador, descobriram que esta não era a sua vocação. Mas voltando para nossa formação, destacamos também as dinâmicas de grupo que vêm tendo um bom rendimento. orante da Palavra. No plano de formação há vários outros momentos em que todo o grupo dá ênfase maior à vida espiritual, seja em retiros ou dinâmicas grupais, seja na vida cotidiana ou na oração comunitária. A esta canção acrescentamos nós: É preciso oração para alimentar a vida. Todos os postulantes têm um estágio a ser feito na área da educação, e este é feito no Centro Educativo e de Assistência Social La Salle (CEASLAS), com o acompanhamento da diretora Sônia Mardelei Rodrigues. Este estágio traz um primeiro contato com uma realidade de sala de aula. Tal contato nos enriquece, pois temos uma convivência maior e mais drieta com crianças e jovens de diferentes realidades, o que nos abre novos horizontes para a educação humana e cristã. Pois é, outro aspecto que não podemos esquecer de modo algum é a vida de oração, que foi e está sendo trabalhada com especial atenção pelos nossos formadores. O grupo de primeiro ano está se aprofundando no método de oração lassaliano, e os postulantes do segundo ano voltaram-se mais ao método Na pastoral da catequese todos têm mostrado grande estima em evangelizar através da palavra, seguindo o exemplo de Jesus Cristo. Na formação temos um bom tempo dedicado à preparação e atualização catequética, onde são sanadas as dificuldades que vão surgindo durante nossa prática nas diver- É preciso amor pra poder pulsar. É preciso paz pra poder sorrir. É preciso chuva para florir. (Almir Sater) 24 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII sas paróquias em que atuamos. Atuamos na catequese que prepara as crianças para a primeira eucaristia, trabalhamos com grupos de perseverança, e preparamos jovens para o sacramento da crisma. Estas são as áreas em que auxiliamos na evangelização. Atulamente trabalham como catequistas os postulantes: Adenilson, Ailton, Alberto, Alessandro, Alexsandro, Clodoaldo, Herbertz, Marcelo, Neori, Niucelmo, Paulino e Ronivaldo. Na paróquia, preparando os coroinhas, atuam os postulantes Cláudio Henrique e João Batista. A equipe de Pastoral Vocacional é formada pelo Irmão Roque e mais os postulantes Cláudio Henrique, João Batista e Jonas. Esta equipe prepara e trabalha nos encontros vocacionais para jovens que desejam entrar na congregação. Cremos que estamos conseguindo realizar um bom Ufa!!! Coube todo mundo na foto, Irmãos Nelson Rabuske e Roque do Carmo Amorim Neto, Prof. Marco Antônio Rosas, os vocacionados Fábio e Rubens, mais os postulantes de 1º e 2º ano de São Paulo, SP: Paulino da Luz, Jonas Elder Cerbaro, Ailton do Carmo Nogueira, Eduardo Luiz Lima, João Batista Gomes Macêdo, Neori Mateus Favero, Aldair José da Silva, Marcelo Merlin, Alberto Körbes, Herbertz Ferreira, Adenilson de Faria, Alessandro Batista Mendes, Ronivaldo Floriano Silva, Clodoaldo Artz, Cláudio Henrique Rocha Moreno, Alexsandro Batista Santos e Niucelmo Berkenbrock. Casa Abel, Araruama, RJ, julho de 2002. 25 trabalho, e é para nós uma grande experiência. Contribuímos com nossos formadores na tarefa do acompanhamento pessoal desses jovens, especialmente nas correspondências, e isto nos exige uma certa responsabilidade, afinal estamos trabalhando com vidas em busca de descoberta vocacional. O espírito de aventura e luta para vencer dificuldades deve estar presente diariamente em nós formandos, junto com a alegria de conviver e partilhar. Em nossa caminhada de grupo, no início faltava entrosamento, o que é normal, pois não nos conhecíamos. O fato de não nos conhecer- Aqui escalamos rochas e escarpas bem íngremes, ao mesmo mos e as diferenças tempo que podíamos apreciar as belezas do Pontal do pessoais motivaram Atalaia, Arraial do Cabo, RJ - julho de 2002. alguns momentos de desunião, mas, com o passar do o ser humano é um mistério. tempo, fomos nos entrosando, Neste mistério algumas dificulisto é, conhecendo uns aos oudades se revelam, e na medida tros, e hoje o grupo está vivendo possível tentamos controládo em harmonia. É certo que las. Às vezes nossas tentativas algumas confusões ainda perde aceitação, acerto, correção sistem, pois é muito difícil ou nos levam à descontração... dequase impossível um conhecipois de alguma desavença, mento mais profundo e aceitaquando tudo volta à calma, ção das diferenças de todos em aquilo que parecia um obstácutão pouco tempo. Sabemos que lo intransponível, vira até moti26 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII vo de muitos risos em nossas partilhas e momentos comunitários. Apesar da resistência de alguns, as nossas partilhas e reuniões comunitárias são momentos muito especiais, e cremos que são importantes na vida de todas as pessoas que querem viver em comunidade. Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz. Deus na vida comunitária e religiosa. Queremos seguir o maior de todos os homens, Jesus Cristo. Nós pretendemos fazêlo através de um carisma específico: o da educação humana e cristã da juventude. Este carisma foi suscitado na Igreja pelo Espírito Santo na pessoa de nosso santo fundador São João Batista de La Salle. É o carisma de La Salle que queremos abraçar, e seguir Jesus Cristo como ele o fez, com carinho e muito amor. (Almir Sater) Por fim, temos muito o que agradecer a toda a equipe de formação: Irmão Nelson Rabuske, Irmão Roque do Carmo Amorim Neto, Irmão Benno Backes, Irmão Hyldeu Bressane, Irmão Davi Denis Dalla Vecchia e Irmão Israel José Nery que estiveram e/ou estão presentes em nossa caminhada, sempre mostrando preocupação com nosso desenvolvimento nas diversas áreas: humana, espiritual, ou psico-afetiva. Temos ótimos formadores, que, nos momentos de dificuldade, são os nossos anjos da guarda. Enfim, todos nós estamos aqui porque desejamos fazer a mesma coisa: aprofundar a nossa entrega a Para que a grande caminhada de nossa vocação se realize, precisamos dar cada dia nossos passos, pequenos ou grandes, e que podem ser traduzidos numa simples palavra: SIM. Sim ao Senhor que nos chama, sim ao projeto dele para conosco. Alguns de nós ainda continuarão mais algum tempo no postulado, e outros, cada vez com maior responsabilidade darão seu SIM ao Senhor ingressando na nova etapa de sua formação: o noviciado. Na medida em que adquirimos maior maturidade, peçamos a Deus que nos fortaleça na certeza de que estamos no caminho certo. Até a próxima! 27 «Vida feliz»: Utopia? Irmão Noviço Andre Luiz Dall’ Acqua - Reflexão baseada nas letras do CD Marcelo do Tchê Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormissem. Escutaria quando os outros falassem e saborearia um bom sorvete de chocolate, ao invés de ironizar os outros. Se Deus me presenteasse com mais um pedaço de vida, vestiria simplesmente, jogar-me-ia de bruços no solo, deixando descoberto não apenas meu corpo, mas também minha alma, e mostraria aos desanimados, o quanto é bom viver. Deus, em meu coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse, para os rancorosos verem que o maior mandamento é o amor. Pintaria um sonho de Van Gogh sobre estrelas, um poema de Mário Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas da vida. Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida ... não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: te amo, te amo, fazendo-as perceber quão grande é o valor de suas vidas, quanto Deus é bondoso. Convenceria cada mulher e cada homem de que o amor é o primeiro responsável pela a felicidade de um lar. Aos homens provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar, em especial pela sua vida. A uma criança daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha, sem cortar sua criatividade. Aos idosos ensinaria que a morte não chega com o passar da idade, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês! Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que, quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem direito de olhar o outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. Já pensou o que você fez, e o que está fazendo de sua vida? Não viva no imaginário a sua vida, pois ela é realidade e passa rápido demais. Não perca tempo, viva cada momento de sua vida! Lembre-se, não deixe para fazer amanhã o que pode fazer hoje! 28 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Noviços do I Ano, 2002: Sentados à esquerda na frente: Jaison Paulo Bosa, Reginaldo Pereira de Oliveira. Logo a seguir também sentados E-D: Roberto Carlos Ramos, Afrânio Bin, Roberto Ademir Konzen, Claudemir Mistura e Valdir Leonardo da Silva. Segunda fila, E-D: Itamar Luís Demozzi, Lucas Costa Roxo, Luiz Fernando Ribeiro da Luz, André Luiz Dall’Ácqua, Jasson da Silva Martins, Niocláudio Berkenbrock, Eusébio Marcelo Schabarum, Davi Rangel da Silva, Jaisson Rodrigo Coastacurta e Marcelo Bastian. Noviços do II Ano, 2002: E-D, Agachados: Carlos Sérgio Teixeira Macedo, Antônio Pereira de Oliveira, Alcione Müller, Celso José Cardoso. Em pé: José Francisco dos Santos, Francisco Moraes de Souza, Enivaldo Oliveira Barroso, César Fernando Meurer. 29 Tempo de formar-se Irmão Noviço Jaison Paulo Bosa Formar-se exige um tempo, Tempo esse de formar-se. Formar-se no tempo E com tempo formar-se. Tempo este que ultrapassa o tempo, Que remete ao tempo, Que contorna o tempo, Que se torna tempo. Tempo de amar, Tempo de sonhar, Tempo de lutar, Tempo de se doar! Tempo de buscar, Tempo de direcionar, Tempo de agarrar, Tempo de largar! Tempo que não pára. Tempo que vai, Tempo que vem, Tempo que voa! Tempo de reconhecer o próprio tempo. Tempo que não pára no tempo Tempo que na chegada já está partindo, Tempo que nem espera carimbo. Tempo do instante, Tempo do presente, Tempo que já é passado, Mesmo sem ser notado. É tempo de dizer não, Dizer não a tudo o que não é... É tempo de dizer sim, Dizer sim a tudo o que é... É tempo de relativizar Verdades que vêm e vão, Verdades que passam, Verdades que são... É tempo de formar-se, Tempo de formar-se... Formar-se... 30 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII A voz - jóia preciosa Postulantes do II Ano: Lucinei José Hanauer e Rubem João Bertolo, Canoas/RS Estava João recuperando-se de uma cirurgia. Afinal, sua doença era grave e, se não realizada a tempo, surgiria um câncer maligno em suas cordas vocais. No entanto, o tratamento era novo, pois a doença era rara. Sem a certeza de que falaria novamente, aguardava em silêncio pelo resultado que mudaria sua vida. Tudo dependia da reação do organismo, que só viria com o tempo. Se, em um mês, a voz não voltasse, haveria a certeza de que João não poderia jamais reclamar dos resultados. E aconteceu como muitos temiam. Sua voz não voltou, um mundo de lágrimas mudas caíram sobre seu rosto. Tantos assuntos, opiniões, palavras ...não seriam mais ouvidos por ninguém, nunca mais. Ficariam na memória dos conhecidos as frases que um dia dissera. Tudo era tão difícil, que não dava para ele explicar. Os amigos bem que tentaram ajudar, mas foi inútil. A ciência médica não tinha, ainda, soluções viáveis. Sua vida não seria mais como antes. Era difícil contentar-se com a nova situação. Teria de juntar forças e dar tudo de si. Para se comunicar, usava gestos ou até escrevia em papéis. Aos poucos ficava cada vez mais ausente e distante do mundo que o cercava. Afinal, mesmo querendo, absolutamente ninguém ouviria este ou qualquer outro fato de sua vida, nunca mais. E dobrou suas idas à fonoaudióloga, o que por instantes lhe trouxe fiapos de esperança. Esperança que aos poucos se esvai, com o canto dos passarinhos, com sinfonias de corais, com os telefonemas de todos e em cada coisa que lhe diziam. Dia após dia, foi então aprendendo o verdadeiro sentido da voz: dizer um obrigado ou pedir perdão a Deus por não reconhecer antes o valor de sua 31 voz. Só quando não mais a tinha é que percebeu a falta que fazia e o bem que é para cada um. Mas Deus foi o único com quem podia conversar, sem escrever ou ter de esforçar-se por reproduzir gestos claros para que o entendessem. Passado um tempo, voltou a trabalhar e mudou de emprego. Recuperou-se do choque, começou a incentivar todos a valorizarem a voz que têm. Constituiu família e teve um filho. Aprendeu a superar os obstáculos. João não deseja isso a ninguém. Como bem sabemos, o mundo pode dar voltas e voltas em torno de uma sinfonia de vozes, debates, discursos, diálogos, reuniões, planejamentos... que são emitidos pela mídia, entre outros meios de comunicação que o homem criou. Ao longo de nossa história aprendemos a manifestar os nosso dotes, e sabemos que a voz é um dos mais importantes. E você, nunca parou de falar para notar o que sua falta pode trazer? A VOZ é uma jóia preciosa, devemos preservá-la. Oração da vida Foi Ele quem nos amou primeiro. Depositou toda a sua confiança em nós. Nos amou tanto que fomos honrados como seus filhos, Modelados por suas mãos, encorajados pelo seu espírito... Deu-nos uma vida e pediu em troca, apenas o AMOR. É Ele quem nos ama agora. Nos guia pelos caminhos mais sombrios da existência humana. Nos ama tanto que nos chama a seguir seus passos, a andar pelos seus caminhos, educar conforme seus métodos... Nos dá força e vigor para abraçar livremente a causa que é Ele mesmo: o AMOR. Será Ele quem nos amará durante toda a eternidade. Estará ao nosso lado em todos os desafios que a vida nos trouxer. Amar-nos-á tanto que não nos privará da maior herança que poderia nos deixar: a plenitude da vida que se alcança por Ele, ou seja, pelo AMOR. 32 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Destacamos na foto ao lado a presença de Irmão Aloir, fsc. Nas fotos ao lado e abaixo, os postulantes do II Ano, Canoas, RS, 2002. Eles assinam os artigos das páginas anteriores e das próximas páginas: A voz - jóia preciosa. Que diferença a vida tem? Onde percebemos na vida as diferenças? Abaixo, a comunidade posa para foto. Evidendtemente o passeio se faz noutro veículo, mais apropriado para tal. 33 Que diferença a vida tem? Onde percebemos na vida as diferenças? Postulantes do II Ano: Henrique Thalheimer e André Ely, Canoas/RS Uma só classe social, uma só cultura e uma só língua? Será que alguma vez isto já existiu??? Todos somos diferentes, e é a diferença que nos completa e nos enriquece... Dizem que nascemos todos iguais. E o que nos faz diferentes? O que temos como aprendizado ou por herança nesta vidinha de «come come»? Por que somos assim? O que nos leva a isso? Talvez tudo o que está ligado ou voltado ao ter, ao poder, ao ser de forma egoística, ao querer mais do que se precisa ter, ao lograr, ao mentir, ao excluir e tudo o mais que nega a verdadeira mensagem que o próprio Deus nos deixou: amar sem medida, da maneira mais correta, da maneira mais sofrida. Mas, o que mesmo nos faz diferentes deste amor ou de cada pessoa é a nossa interpretação de tudo o que nos rodeia e nos faz despertar por nossos sentidos tão falhos, mas também tão corretos. Somos o que nossos sentidos nos passam ou percebem ser. Somos guiados pelas leis, pelo amor que julgamos ter, pelas regras, por tudo o que é mais sagrado. Somos integrantes da mesma classe humana, aquela que quer tudo e não faz segredo do seu desejo de dominação, onde existem os ricos, os pobres e os mais pobres ainda. A vida vai passando e a conquistamos como se cada ser humano fosse um degrau. Quanto maior for a minha posição, mais subordinados eu terei, e em cima de mais seres humanos estarei pisando. O mundo é assim: enquanto existirem ricos, existirão pobres; e enquanto não fizermos a diferença e formos verdadeiramente diferentes, a força do amor e da igualdade nunca prevalecerá. Neste mundo de dominação existiu uma pessoa que agiu com amor. Amor tão profundo que tocou as pessoas de um modo diferente do que elas já haviam sentido; um modo que foi desejado por Deus, realizado por Ele e negado por nós. O que fizemos com Ele? Você sabe... 34 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Uma forma sincera de amar Postulantes de II Ano: Alexandro Marx e Sedinei Ribeiro de Mello, Canoas/RS “Tudo que aqui Ele deixou…” Um certo dia a vida se transformou em alegrias, quando, a Palavra de Deus deixou de ser somente de profetas “iluminados” e passou a pertencer a todos os seres, à humanidade. Tamanha a perfeição desta Palavra que se tornou Carne, como todos os homens, e ainda viveu sua santidade, fazendo a vontade do “Pai”, seu Criador. “… Não passou e vai sempre existir.” Passou-se um tempo e essa Palavra encarnada foi crucificada pelos erros e pela falta de fé de seus semelhantes, os seres humanos. Gerações e gerações adiante, esta palavra que esteve viva no coração e entre os homens, ainda continua viva na esperança desta sociedade sofredora. “... Flores nos lugares que passou…” É importante, hoje, vivermos intensamente esta prova do amor de Deus em todas as nossas ações, glorificando esta maravilhosa forma que Deus achou de demonstrar sua preocupação conosco, mandando seu Filho Jesus Cristo, para viver entre nós. “… Um caminho novo a seguir.” A prova do amor de Deus já foi dada na pessoa de Jesus Cristo. E, como diz a Física: “toda ação tem uma reação”, então, chegou o momento de darmos nossa resposta seguindo os exemplos deste nosso salvador. A maneira mais correta de reagir a este amor é acreditar que esta foi, sim, a grandiosa ação de Deus para nós, Humanos. Pratiquemos e demonstremos em nosso agir diário (conversas, lazer, trabalhos, orações, estudos, pastorais…) o amor que temos ao nosso Pai e a nossos irmãos, nascidos do mesmo amor divino. E não esqueçamos nunca: “Antes que existisse a idéia de nosso existir, Deus já nos AMAVA”! 35 Assessor de grupo de jovens: serviço e ministério Irmão Luís Carlos Dalla Rosa, fsc Estimados(as) assessores(as): Saudações em Cristo! Dirijo-me a todos e a todas que compartilham da bonita missão de assessorar grupos de jovens. É sobre o ministério do assessor que gostaria de partilhar algumas idéias. Que essas palavras possam ser sinal de coragem e esperança! Ao aceitar o desafio de acompanhar um grupo de jovens da Pastoral da Juventude, é em Jesus Cristo que o agente de pastoral encontra sentido para seu ministério de assessoria. Em Jesus, o assessor encontra o porquê de sua tarefa: “motivar, acompanhar, orientar e integrar a contribuição e a participação dos jovens na Igreja e na sociedade e propiciar a acolhida dessa ação juvenil na comunidade” (Civilização do amor: tarefa e esperança). Refletindo e rezando sobre a identidade do assessor, vem à mente a atitude pedagógica de Jesus, que transparece no episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35): o dispor-se a caminhar junto, o modo de escutar e intervir, a maneira de revelar-se (partilha - fraternidade - celebração), o desprendimento (manifestada intenção de ir adiante). Todo este modo de proceder de Jesus tem muito a dizer para quem faz a opção de estar a serviço da juventude. Jesus intervém como um autêntico educador. Sua maneira de educar interpela o nosso jeito de comunicar o amor de Deus, de despertar na gurizada o anseio de querer engajar-se na proposta do Reino de Deus. Os discípulos estavam desanimados. Contudo, Jesus continua acreditando no potencial deles, não desiste do projeto, não abandona o sonho, a utopia de construir o Reino de Deus com a participação decisiva dos discípulos. Por isso, “enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, 36 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII e co m e ç o u a c a m inhar com eles” (Lc 13,15). Jesus, afetuosamente, se aproxima dos cabisbaixos e põe-se a caminhar com eles. É partindo da situação concreta que Jesus começa a interpelar os discípulos. Ouve-se dizer, muitas vezes, que a Pastoral da Juventude não vai bem, está em crise, que a gurizada está desanimada, etc... Pode até ser. Contudo, é neste contexto, mais do que nunca, que a presença comprometida do assessor se torna imprescindível: Uma presença carregada de amor e cuidado, Nesta página, retratos do Curso de Lideranças (GAF - Grupo de Apoio e Formação) assessorado pelo Irmão José Kolling Colégio La Salle Peperi, São Miguel d’Oeste/SC, julho de 2002. de respeito ao processo vivido pela meninada. A pedagogia do assessor é uma pedagogia do aproximar-se, do pôr-se ao lado, do escutar, do comprometerse. Em outras palavras, é a pedagogia da inserção na realidade da juventude, na compreensão de suas necessidades, aflições, inconsistências. O assessor não é alguém que observa de fora o processo que os jovens estão desenvolvendo. “É alguém 37 No processo de assessoria também somos interpelados a agir com responsabilidade. Se de fato amamos a causa da juventude, a nossa atitude de ternura deve ser acompanhada pela firmeza. Entendendo que firmeza Jovens lassalistas no Encontro de Celebração dos 20 anos não é sinônimo de da PJ de Santa Catarina, em Curitibanos, 8/7/2002. imposição, precisamos estar atentos para ajudar a gurizada a dar-se que vai crescendo, vai-se insericonta de suas misérias e contrado, vai vivendo, vai amaduredições. É preciso problematizar cendo, vai-se fazendo assessor e questionar com amor. Eis uma dentro do próprio grupo” (Asoutra virtude que não pode essessoria em cinco enfoques). tar ausente no assessor. Voltando ao episódio do “Começando por Moisés e encontro de Jesus com os discícontinuando por todos os propulos de Emaús, podemos perfetas, Jesus explicava para os ceber um outro momento que é discípulos todas as passagens importante no processo pedada Escritura” (Lc 24, 27). Assim gógico pastoral: “...o que é que como Jesus, o assessor tem uma vocês andam conversando pelo proposta e tem clareza sobre a caminho? ...Como vocês custam meta à qual buscar, sabe aponpara entender!” (Lc 24,17-26). tar luzes. Contudo, vale salienEm outras palavras, Jesus não é tar, propor caminhos não complacente. Mas, no momensignifica impor. “O assessor é, to certo dá uma dura. Chama os pois, uma pessoa que acompadiscípulos para a responsabilinha os jovens, que tem uma dade. Jesus quer bem aos amiproposta de vida distinta para gos. Por isso mesmo, tem eles, que propõe sem impô-la: autoridade para xingá-los. 38 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII não é diretivo” (Assessoria em cinco enfoques). O assessor tem sensibilidade para oferecer luzes para que o grupo possa se sentir apoiado. Sabe por onde caminhar. Tem claro que seu ministério não é «nem passividade nem não-intervenção». O assessor “é consciente de ser enviado a todos os jovens: atitude que o leva a superar os limites do pequeno grupo ou dos jovens que estão integrados nos grupos da Pastoral da Juventude e dirigir o seu olhar e sua atenção a todos os jovens, especialmente aos mais pobres e àqueles aos quais nunca foi anunciado Jesus Cristo Libertador” (Civilização do amor: tarefa e esperança). Importante! O assessor não se confunde com o grupo de jovens, muito menos é «dono» do grupo. É o que pode sugerir o texto que estamos refletindo: “Quando chegaram perto do Voltamos ao texto de Lucas: povoado aonde iam, Jesus fez “Eles, porém, insistiram com de conta que ia mais adiante” Jesus: ‘Fica conosco, pois já é (Lc 24,28). Este «ir mais adiante» tarde...’ Então Jesus entrou para sugere justamente uma atitude ficar com eles” (Lc 24,29). O de desprendimento. O assessor assessor aceita e está atento aos tem sensibilidade para que seu anseios da gurizada. Está em modo de «influir» o grupo não comunhão com os jovens. Com coloque em xeque o protagoos jovens forma comunidade e nismo dos jovens. O assessor interpela para que os jovens pertem maturidade suficiente para não criar uma relação de dependência (tanto do assessor para com o jovem quanto do jovem para com o assessor). O processo grupal é uma experiência dos jovens. O assessor é alguém que está a serviço, um Um momento importante no acompanhamento dos facilitador do processo. grupos de jovens são os retiros, julho de 2002. 39 cebam a Igreja como comunidade. Ajuda os jovens a se darem conta de que um grupo de Pastoral da Juventude é, antes de tudo, uma comunidade que, a exemplo das primeiras comunidades cristãs (At 4,32-37), partilha sonhos, projetos, ações... põe tudo em comum. “Jesus sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e o abençoou, depois partiu e deu a eles” (Lc 24,30). É a dimensão da fé. A fé que integra oração e prática. É na grande celebração da vida, que é comunhão com Deus, que a missão da Pastoral da Juventude ganha sentido. Comunhão que exige o compromisso da partilha com os irmãos. O assessor, uma pessoa de oração e testemunho, reconhece a presença de Jesus no meio dos jovens e com eles celebra. O projeto de Jesus arde nos corações de quem se compromete com ele: “Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus... Então um disse ao outro: Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,31-32). O reconhecer a Jesus é um processo que vai, ao poucos, revelando-se tanto no jovem como no assessor. A experiência de viver como Jesus viveu, a experiência da comunhão, testemunhada pelo assessor, eclode no grito alegre e esperançoso da juventude. É a juventude que se levanta, que sai pelo mundo a gritar aos “quatro ventos do mundo”: ‘Jesus ressuscitou!’ É a utopia do amor que se espalha. É a descoberta, para nós assessores, que “o rosto de Deus é jovem também... se a juventude viesse a faltar... o rosto de Deus iria mudar!” (Jorge Trevisol - O Mesmo Rosto). Assessores e Assessoras! Permaneçamos firmes na missão que Cristo nos confia! Que a fé, a esperança e o amor, sobretudo o amor, sejam a marca de nosso testemunho. Bibliografia CELAM. Assessoria em cinco enfoques. São Paulo: CCJ, 1994. CELAM. Civilização do amor: tarefa e esperança. São Paulo: Paulinas, 1997. 40 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Um pouco da Beira - Moçambique Aspirantes Balbino Saidane Março, Joaquim Mucassinda João e Venâncio Bernardino Malôa Estimados leitores, segundo a saudação lassalista: «Viva Jesus em nossos corações»! Somos do Centro de Formação La Salle, ou Aspirantado. Aqui vai um pouco de nós, três juvenistas em formação - Balbino, Joaquim e Venáncio -, acompanhados pelos Irmãos António e Silésio, neste ano de 2002. Despertar vocacional Balbino Saidane Março O princípio da minha história vocacional, vou contar-lhes a partir dos primeiros momentos. Quando era ainda menino, meus pais levavam-me à missa na Paróquia dos Santos Anjos de Coalane, onde sempre um Irmão Capuchinho me levava para a sua casa. Gostava muito de mim e dizia: «Um dia tu serás como eu». Foi crescendo o chamamento que começou a fazer-se sentir dentro de mim. Eu tinha mais ou menos nove anos de idade. Não faltava à Missa; me sentia muito apaixonado ao ver o Padre a celebrar a Missa. Os meus sonhos geralmente eram: eu como um Irmão ou como um Padre. Quando tinha dez anos comecei a procurar saber o que era preciso para ser um vocacionado. Nessa altura o meu primo era um vocacionado. Perguntei-lhe o que é preciso para ser como tu? Olhou para mim, sorriu e disse: «Não sei, não entendo o que estás dizendo. Tu ainda não sabes o que queres. És ainda muito novo». Fui ter com o meu catequista. Não desanimei. No ano seguinte o meu colega disse que eu podia participar da pastoral na Catedral. Fiz lá um ano. Era distante, pois eu não pertencia à Catedral. A Irmã deixoume participar naquele ano. Tendo me avisado que eu devia participar na minha Paróquia. O Sérgio me disse que eu devia ir ao catequistado, era numa quintafeira, às 15 horas. Mas disseramme que não era lá. Um jovem informou-me que eu devia ir à Paróquia. Era tarde. Na semana seguinte fui o primeiro a chegar. O responsável do grupo procurou saber o que eu queria. Expliqueilhe. Participei. Naquele ano não tinha nome na lista. No ano de 1996 41 a Irmã Gurete e o Pároco Orácio dirigiam a oração. Três anos depois recebi a declaração que devia passar a ter encontros de formação vocacional uma vez por mês. No ano 2000 fiz o 2º ano; os meus amigos diziam que preferiam ser Padre. Eu dizia que seria Irmão. Graças à minha colega, uma postulante agostiniana, foi que ouvi falar dos Irmãos. Me disse que devia esperar na altura em que o irmão dela viesse. Quando o irmão dela chegou, fui ter com ele, tendo me explicado um pouco acerca da vida dos Irmãos. Escrevi uma carta e comecei a ter um acompanhamento com os Irmãos. Era muito bonito estar com eles: o Irmão Jackson e o Irmão Domingos. Tocavam bem a viola e todos os vocacionados ficavam tão impressionados ao ouvirem, pois falavam coisas que tocavam o coração. Um chamamento vocacional Aspirante Joaquim Mucassinda João ...«meu sonho está em Deus»... Estimados leitores da revista Vem e Segue-me. Este é o momento oportuno que optei para fazer entender a vós o que foi e o que é o meu chamamento vocacional. Bem, de um modo geral vos dou a conhecer quem eu sou, donde venho e qual que foi a motivação para escolher a vida lassalista. Sim, o meu nome é tão simples e um pouco significativo na sua parte do meio. Sou Joaquim Mucassinda João; tenho dezenove anos; sou natural do distrito do Búzi, na localidade de Bândua, província de Sofala. O do meio, que é Mucassinda, em minha língua Ndau, refere a um indivíduo que se duvida a sua sorte num dado momento de padecimento. Vida vocacional Foi precisamente naquele ano em que me encontrava numa escola missionária, São José de Estaquinha, que sonhei e comecei a conversar com sacerdote Comboniano. Ele me falou da vida do Padroeiro das Escolas Cristãs João Baptista de La Salle; daí tive um despertar momentâneo, e me lembrei um pouco do tal sonho maravilhoso... fiquei emocionado. No dia seguinte duma surpresa o Padre daquela comunidade, que era Jaimir Bata, de nacionalidade brasileira, nos convidou para um encontro vocacional dentro da capela. Interroguei-lhe se ele ouvira falar deste tal Padroeiro, e ele disse que sim, só que não tinha detalhes da vida. Isto foi em 1997, quando freqüentava a 7ª Classe, neste centro educativo de Estaquinha. Com o decorrer dos anos a vocação minha foi enriquecendo dentro de mim, em união com meus amigos, que ainda 42 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII pertencem a um grupo vocacional de Barada-Missão, que é também a minha ex-escola do ano passado. Logo que consegui fazer aquela classe, fui transferido para a Escola Santo António de Barada, que também é uma Missão, a fim de continuar com os estudos do ensino geral. Eu me sentia faminto a ouvir algo deste Padroeiro tão apaixonado pela vida dos mais necessitados. Por uma feliz coincidência, em 1999 estiveram lá em Barada os primeiros três Irmãos Lassalistas Moçambicanos, em destaque um dos meus formadores que é o Irmão Antoninho, também meu ex-Professor de Biologia na 9ª Classe. Aquele ano foi um ano de um grande tesouro que encontrei com esses Irmãos, que por curto tempo narraram-me quase toda Biografia de La Salle. Em 2000 já me encotrava a concluir a 10ª Classe que não foi tão fácil; tinha que recorrer ao seguinte ano que consegui desfazer esse tal grande muro de Vergonha - a 10ª Classe nas suas duas secções: letras e ciências. Tudo isto aconteceu enquanto eu já estava dentro do grupo vocacional e era acompanhado pela Irmã Regina e o responsável do Internato de Barada, Augusto, mais o pároco Padre Leonardo conhecido por Leo. Com eles fiz uma caminhada vocacional forte e formal, que me preparou para ingressar neste ano de 2002 como um dos Aspirantes Lassalistas. Aqui, com ajuda dos meus formadores e amigos do grupo, vou fertilizar mais ainda a minha vocação de ser um futuro Irmão Lassalista. O meu pai um dia disse: «O chamamento vocacional é muito secreto e a manifestação é em público à vista». Eu não sabia o que ele dizia com aquelas palavras, e agora sou chamado à Vida Religiosa. Na casa de formação, sinto-me em casa dos meus pais, embora seja longe da cidade da Beira a minha localidade, mas Deus disse: «Deixa pai, deixa mãe, vem e segue-me». Se Ele bater à porta, eu abro e cearemos juntos. Com fé nele a Vida Religiosa terá mais ânimo e força. - Senhor, quero ser e fazer caminho em teu caminho; - Senhor, quero ser e fazer a verdade em tua verdade; - Senhor, quero ser vida em tua vida; - Senhor, eis-me aqui respondendo ao teu chamado; - Faz-me um instrumento a serviço do teu Evangelho na união de todos necessitados. 43 Agora, quem sabe, é o momento oportuno do discernimeno vocacional para ti, que és jovem vocacionado de qualquer comunidade. Tu sabes que a caminhada é longa e fatigante, mas no fim terás uma vida infinita. Deus te chama a segui-lo. La Salle nos recorda em palavras simples que Cristo deve sempre habitar em nós e nós devemos andar com o Senhor: «Viva Jesus em nossos corações! Para sempre». Leitores amigos, despeço-me em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo... Ser vocacionado lassalista Venâncio Bernardino Malôa Nasci há 22 anos na cidade de Maputo. Tenho quatro irmãos. Actualmente, meus pais vivem na cidade nortenha de Nampula. Fui batizado quando tinha treze anos de idade, em 1993. Sou de uma família de pais católicos. Vocação: O meu encanto pelos Irmãos das Escolas Cristãs foi há um ano, quando uma estrela lassalista - Irmão Domingos - mostrou-me o caminho. Actualmente sou juvenista lassalista, no Centro de Formação La Salle, na cidade da Beira e estudante da Escola João XXIII, onde curso a 12ª Classe. Tenho imensa vontade e desejo de fazer amizades com aspirantes de Toledo e juvenistas de Carazinho e Uruará, bem como de outras comunidades formado- ras. Finalmente, para todos, mando um forte abraço do tamanho do mundo. Viva Jesus em nossos corações, para sempre. Descoberta Em certo tempo, nasceu... Nasceu alguém, Em tempo certo, descobri. Entrou alguém... em tempo certo, Conheci, em tempo oportuno. Mas, quem eu conheci? Os De La Salle, Irmãos das Escolas Cristãs, Guias das crianças pobres... La Salle, afinal... És a luz... Que faz nascer ao pobre a esperança... O amor... o amor de Deus, A prosperidade. És uma mão de acolhimento e de salvação. Beira, setembro de 2002 Primeiros votos do Irmão Armando Manuel, o 5º Irmão lassalista de Moçambique. No dia 3 de agosto de 2002, em Beira, Moçambique, o Irmão Noviço Armando Manuel emitiu seus primeiros votos na congregação dos Irmãos Lassalistas, durante cerimônia eucarística presidida pelo Pe. Vicente Zorzo, sj, antigo aluno dos Irmãos Lassalistas de Cerro Largo, RS. O Irmão Ignácio L. Weschenfelder, Provincial de São Paulo, presidiu a cerimônia de profissão religiosa. Nas próximas páginas fotos da missão e da festividade. 44 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Fotos: colaboração Irmão Ignácio Lúcio Weschenfelder, fsc - Provincial de São Paulo Pe. Vicente Zorzo, sj profere a homilia. Nela ressaltou a excelente formação que recebeu dos Irmãos Lassalistas de Cerro Largo, dos quais foi aluno durante nove anos. Hoje este Sacerdote é missionário na cidade de Beira. Acima - Irmão Armando, de joelhos, acompanhado de seus pais, pronuncia a fórmula de votos. «Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu me consagro inteiramente a Vós...» De pé, da esquerda para a direita, encontram-se os Irs. Ignácio Weschenfelder e Silésio Follmann. Vista geral da comunidade presente à cerimônia. Destacamos à esquerda, em primeiro plano, o Irmão Ivo Pavan, mestre de noviços. 45 Acima,1ª fila, sentados: Ir. Provincial Ignácio, Ir. Néo-prpfesso Armando ladeado dos seus pais, e Ir. Ivo Pavan. Fila de pé, da esquerda para a direita: Aspirante Venâncio, Ir. Antônio Cantelli (Diretor da Escola João XXIII), Aspirante Balbino, Ir. Antônio de Sousa, Ir. Nelson Saggioratto, Postulantes Antonio Rosa e Gildo, Asp. Joaquim Mucassinda. Alunos de 1ª à 5ª classe (série) da Escola João XXIII da Beira, em momento de sessão cívica. São crianças felizes, educadas por professores zelosos, orientados pelos Irmãos Lassalistas brasileiros. Os jovens leitores de Vem e Segue-me, ao contemplar esta imagem, certamente despertarão em si o desejo missionário. 46 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Jovens lassalistas numa terra sem males! Irmão Liceros Alves dos Reis, fsc Jovens lassalistas numa terra sem males! Foi inspirado no tema e no lema da Campanha da Fraternidade deste ano, que se realizou em São Paulo, o Encontro Provincial de Jovens Lassalistas, nos dias 6 a 9 de setembro. A Campanha da Fraternidade buscou seu slogan no mito dos povos guaranis da “Terra sem males”. Este mito nos relembra também a busca do povo de Deus pela terra prometida. Também nos faz ter presente a crença num futuro melhor e mais fraterno, conforme nos pede Jesus Cristo. A busca do Reino de Deus nos leva a crer que é possível construir fraternidade no mundo ainda onde impera a violência. É possível retomar os sonhos de uma terra onde a vida seja viável para todos. No Encontro Provincial de Jovens Lassalistas (Encontro anual da PAJULA - Pastoral da Juventude Lassalista), participaram nove comunidades lassa- listas, totalizando 123 participantes. O Encontro ocorreu de forma dinâmica e participativa. Os jovens demonstraram sua criatividade e entusiasmo durante as atividades. As experiências de amizade e de integração entre os membros das diversas comunidades foram marcantes. As celebrações enfocaram o sentido de se viver e celebrar a vitória da vida sobre os sinais de morte presentes em nossa sociedade. Este encontro renovou os ânimos diante da necessidade de nos empenharmos, todos juntos, na luta por um mundo onde a vida vença a morte. E isto só será possível, quando fizermos de nosso coração uma terra sem males! Assumir o seguimento de Jesus. Vivemos numa época marcada pelo imediatismo, ou seja, pela busca das realizações 47 Adriano Zago Maurivan Rudi Lovato Edson Pissaia Huílquer Francisco Vogel Irmão Liceros Alves dos Reis, Diretor do aspirantado Maico Mattei Edenilson Patschi Adilson da Silva Acima os aspirantes lassalistas de Toledo/PR e Ir. Liceros, no Encontro Anual da PAJULA. Encontro anual da PAJULA, Centro Pastoral Santa Fé, Perus/SP - 6-9/9/2002 48 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII rápidas e passageiras, onde se torna difícil imaginar um compromisso assumido, a longo prazo, dentro de um projeto pessoal de vida. Torna-se necessário um discernimento constante sobre nossos atos e atitudes, tendo como referencial a pessoa de Jesus Cristo. Ele, que realizou totalmente a vontade e os projetos do Pai, é o nosso maior modelo de realização e de inspiração! Ora, todos nós temos um momento em que nos deparamos com a famosa pergunta: O que quero da vida? O que desejo pro futuro? São perguntas que nos levam a sair de nossa superficialidade e a olhar para o mais profundo de nós mesmos e ir buscando as convicções que devem dar sustentação à nossa própria vida. Aqui convém lembrar a frase de Jesus aos seus discípulos: “Atirem as redes para águas mais profundas!” Esta ordem de Jesus nos faz voltar para nosso interior e, confiando em sua Palavra, responder com a nossa generosidade e doação aos apelos de Deus para nós. De tal modo que podemos afirmar que o discernimento vocacional cristão só é possível se tiver como fundamento a experiência pessoal com Deus. Esta experiência leva a uma necessidade de aprofundar o auto-conhecimento e fortalecer as opções pessoais. Assim vai nascendo a atitude de discipulado. Ou seja, a atitude de seguimento de Jesus Cristo. Anunciar o Reino Assumir o chamado de Deus, conforme o próprio Cristo, leva-nos a sair de nós e colocarnos como verdadeiros servidores do Reino. Desde nossa relação profunda com Deus, tornamo-nos anunciadores da experiência de amor vivida e experimentada. Esta experiência é que será o eixo central para que o nosso futuro seja pleno de realizações. A vida ganha um sentido que remete a lançar-nos sem medo num processo de crescimento e de doação sem limites, procurando realizar aquilo que Jesus iniciou. Ao final veremos que São João Batista de La Salle es49 tava certo ao afirmar: “Adoro em tudo a vontade de Deus a meu respeito!” Este santo educador viveu, na sua história, a completa entrega a Deus. Deus continua nos chamando para realizar sua vontade. Jovens vocacionados Alguns jovens vão dando sua resposta de forma mais direta e concreta ao chamado de Deus. Assim, em Toledo, temos a Comunidade de Formação do Aspirantado La Salle. Esta comunidade é um espaço formativo para jovens que cursam o Ensino Médio e fazem uma experiência de vida de oração, convivência comunitária e de iniciação pastoral. Dentro de um processo de acompanhamento personalizado vão crescendo humana e cristãmente, discernindo e fortalecendo as convicções que os levam a desejar consagrar a vida a Deus, na Vida Religiosa Lassalista. Nossa comunidade é formada por sete aspirantes e quatro Irmãos. Estamos felizes por podermos dar nossa contribuição e respondermos aos apelos que Deus nos faz. Aqui em Toledo, também somos um centro de pastoral vocacional lassalista por excelência. Assumimos como compromisso maior nossa dedicação em promover e acompanhar as vocações. Entre nossas atividades estão os estágios vocacionais e os retiros de discernimento vocacional, que ocorrem ao longo do ano, em datas prédeterminadas, obedecendo os critérios de maturidade pessoal. Jovem, faça parte de nossa vida, desperte a força do sonho de um mundo melhor que está dentro de você! Participe de nossos encontros e convivências vocacionais! E que possamos, ao olhar pra trás, dizer como dizia Dom Hélder Câmara: “Feliz de quem atravessa a vida inteira tendo mil motivos para viver!” 50 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Agarrar o convite de Deus Sacerdotes do Coração de Jesus - Lisboa, Portugal Evangelho - Mateus 22,1-14 Naquele tempo, Jesus dirigiu-se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: “O reino dos céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: «Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os e animais gordos foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas». Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaramse dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: «O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes». Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial. E disse-lhe: «Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?». Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: «Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes». Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”. 51 Atualização de Mt 22,1-14 Caros vocacionados, convidamos vocês agora para conosco refletir e considerar as seguintes questões: No nosso texto, a questão decisiva não é se Deus convida ou se não convida; mas é se aceitamos ou se não aceitamos o convite de Deus para o «banquete» do Reino. Os convidados que não aceitaram o convite, representam aqueles que estão demasiado preocupados a dirigir uma empresa de sucesso, ou a escalar a vida de qualquer jeito, ou a conquistar os seus cinco minutos de fama (basta observar reality shows em que as pessoas se expõem sem pudor, sem ética, sem levar em consideração os verdadeiros valores), ou a impor aos outros os seus próprios esquemas e projetos, ou a explorar o bem-estar que o dinheiro lhes conquistou e não têm tempo para os desafios de Deus. Vivemos obcecados com o imediato, o politicamente correto, o palpável, o material, e prescindimos dos valores eternos, duradouros, exigentes, que exigem o dom da própria vida. A questão é: onde é que está a verdadeira felicidade? Nos valores do Reino, ou nesses valores efêmeros que nos absorvem e nos dominam? Os convidados que não aceitaram o convite representam, também, aqueles que estão instalados na sua auto-suficiência, nas suas certezas, seguranças e preconcei- Convidados para o Banquete do Reino, subamos logo as escadarias para o salão de festas. Na subida certamente enfretaremos os desafios próprios de quem optou por Deus. A escalada da vida fica mais fácil com a ajuda do Senhor, deixemo-Lo atuar em nossa vida. tos e não têm o coração aberto e disponível para as propostas de Deus. Trata-se, muitas vezes, de pessoas sérias e boas, que se empenham seriamente na comunidade cristã e que desempenham papéis fundamentais na estruturação dos organismos paroquiais... Mas «nunca se enganam e raramente têm dúvidas»; sabem tudo sobre Deus, já 52 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII construíram um deus à medida dos seus interesses, desejos e projetos e não se deixam questionar nem interpelar. Os seus corações estão, também, fechados à novidade de Deus. Os convidados que aceitaram o convite representam todos aqueles que, apesar dos seus limites e do seu pecado, têm o coração disponível para Deus e para os desafios que Ele faz. Percebem os limites da sua miséria e finitude, e estão permanentemente à espera de que Deus lhes ofereça a salvação. São humildes, pobres, simples, confiam em Deus e na salvação que Ele quer oferecer a cada homem e a cada mulher e estão dispostos a acolher os desafios de Deus. A parábola do homem que não vestiu o traje apropriado, convida-nos a considerar que a salvação não é uma conquista, feita de uma vez por todas, mas um sim a Deus sempre renovado, e que implica um compromisso real, sério e exigente com os valores de Deus. Implica uma opção coerente, contínua, diária com a opção que eu fiz no batismo... Não é um compro- misso de «meios termos», de tentativas falhadas, de «tanto faz como tanto fez»; mas é um compromisso sério e coerente com essa vida nova que Jesus me apresentou. O degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém permaneça em cima dele, destina-se a sustentar o pé de um homem pelo tempo suficiente para que ele coloque o outro um pouco mais alto. Thomas Huxley 53 Estágio no Hospital de Caridade em Jaguari Irmão Noviço Francisco Moraes Entre os dias 15 de agosto e 15 de setembro, estive realizando meu estágio de noviciado na cidade de Jaguari, a 550 km de Porto Alegre, na região central do Estado do Rio Grande do Sul. A cidade tem 10.000 habitantes, sendo que 75% vivem na zona rural. A economia está baseada no cultivo do fumo e cana-deaçúcar para aguardente. Quanto ao hospital, é pequeno e tem 45 leitos, conta com 65 funcionários, sendo que quinze são Irmãs das três comunidades religiosas existentes na cidade. Cada uma das Irmãs é responsável por um setor e coordena os demais funcionários que estão em serviço. Os médicos são cinco. ares. Através da escuta pude ajudar muitas pessoas nas diferentes situações. As doenças mais freqüentes eram depressão, pedras na vesícula e pressão alta, mas havia muitos outros casos diferentes. Visitava os pacientes duas vezes por dia, uma pela manhã e outra pela tarde. Visitei trinta pessoas doentes nas famílias. Nos sábados e domingos, estava mais a serviço das comunidades de base da paróquia, juntamente com o Pe. Antônio Tasquetto. Fiz uma palestra para 120 alunos da escola de ensino médio, alunos considerados difíceis. Participava duas vezes por semana dos encontros de estudo dos Atos dos Apóstolos nas famílias. Lá, pude ver situações difíceis na vida de um ser humano, desde o nascimento até a morte. Minha contribuição foi mais na área espiritual e de escuta para com os pacientes e famili- O que fica para mim como experiência e crescimento, é saber que a vida é linda quando bem vivida, seja na alegria ou nos momentos de tristeza, que acontecem ao longo de nossa 54 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII caminhada. Os dias passam depressa e não podemos perder tempo em coisas que não trazem benefícios para a vida. Também constatei que muitas pessoas precisam de minha ajuda como consagrado para guiálas no bom caminho da vida, seja ela longa ou breve. Pude perceber que no atual contexto em que vivemos, a solidão, a angústia, o desprezo, a ansiedade, a falta de amor e outros fatores, estão muito presentes nas pessoas, contribuindo para os vários tipos de doenças. Quando chegava para visitar os doentes, mais escutava que falava, e especialmente os familiares que os acompanhavam. A «falta» do sagrado na vida de muitos é grande, e quando há alguém que fala no amor de Deus, muitos ficam a pensar naquele que nos criou e reconhecem que precisam mudar. Tudo isso me fez ver a vida com outro sentido, dando a ela muito mais valor. Agradeço aos formadores e à Província lassalista de Porto Alegre, que me proporcionou esta oportunidade significativa e única em minha vida para viver e experienciar essa realidade que somente eu mesmo posso viver. Fala, Senhor! Eu ouvirei tua voz. Fernanda Aline Petry Fala-me por teus anjos, criaturas divinas. Fala-me pelos profetas, anunciadores do teu reino. Fala-me pelos discípulos, fiéis seguidores de Jesus. Fala-me pelos santos, evangelizadores do teu povo. Fala-me pelos formadores, exemplos de vida. Fala-me pela sociedade, seguidora de teus passos. Fala-me pelos amigos, pessoas em quem me espelho. Fala-me pelos pobres, excluídos da sociedade. Fala-me pelos familiares, pessoas que amo. Fala-me pela natureza, criação divina. Fala-me por Jesus teu filho amado a quem deveremos seguir. Amém! 55 Como nossos pais Irmão Noviço Carlos Sérgio Teixeira Macedo O porém, é que todo mundo sonha em viver muitos anos. Chegar à velhice, embora, não necessariamente velho fisicamente, mas velho com cara de gente nova, vale tudo para fugir dela (a velhice). É tendência do ser humano gostar de tudo o que é novo. Aliás, a inovação é mais uma característica dos tempos modernos. Gostamos de usar roupas novas, carros novos, casa nova, móveis novos; de pedagogia nova, de rituais novos, de gente nova, de fazer coisas novas, enfim, estamos sempre procurando o que há de mais novo e moderno. Em matéria de velho, só museu ganha atenção e cuidado. Não gostamos do que é velho, talvez porque lembra o passado e, que por sua vez, está relacionado com algo em nossas vidas e, sobretudo, quando essas experiências passadas nos deixaram marcas negativas. Somos bons otimistas, sempre pensamos para frente: no amanhã, no mês que vem, no próximo ano, num futuro distante... estamos o tempo todo pensando em coisas novas, mesmo que ainda não existam concretamente, porém, existem no mundo das idéias, como dizia o filósofo grego Platão. Diante de tanta utopia, esquecemo-nos de fazer algumas perguntas básicas, que se faz mister renovar a cada dia, como por exemplo: quem irá nos cuidar na velhice? Os filhos? Os estranhos? ... Comecei a me fazer estas perguntas, após um estágio, que realizei entre os meses de agosto e setembro num asilo (clínica geriátrica). Comparei os asilos 56 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII com uma espécie de «museu», só que com valores e cuidados diferentes. Os asilos geralmente ficam afastados do centro das cidades, não têm nenhuma câmera filmando os visitantes, nem segurança máxima (homens armados), nenhum visitante internacional e nem visitas de turmas de alunos. Tem mais: nesses museus algumas «peças» falam, andam de um lado para outro, vêem, ouvem, choram, amam, sofrem, partilham experiências passadas que um dia foram futuro e presente. Em suma, são peças sentimentais. Vi o asilo não só como um local de proteção, mas como um lugar de experiências arquivadas. Experiências das mais diversas que se podem imaginar e que serão repetidas de forma diferente, é óbvio, por gerações. Os asilos abrigam idosos, na maioria oriundos das grandes cidades e de um poder aquisitivo elevado. Isto significa que é um problema com característica mais urbana e da classe alta. Entretanto, é nas cidades e nessas classes que o obsoleto per- de espaço primeiro, é nelas que os idosos perdem o papel do ancião, do contador de histórias, do experiente, do sábio, etc., para invenções tecnológicas de última geração, tais como TV, internet, cinema, shopping etc. Mandar um idoso para um asilo é em geral um primeiro indício de desprezo. O segundo indício pode ser a freqüência das visitas, e por último a duração das visitas. Perguntei-me: por que os filhos não cuidam dos pais? Aliás, sei que não é fácil cuidar de um idoso e, sobretudo, se é dependente, mas todo filho deve ter presente os cuidados que um dia recebeu de seus pais. Aprendi muito com os idosos e sobre esta etapa da vida nos trinta dias em que estive ao lado deles. Aprendi valores tais como: que se deve aproveitar bem a vida; que o dia mais feliz é hoje; a fama é efêmera; a vida é cheia de supresas; viver é um risco; e que a velhice é apenas uma das metas desejadas por toda pessoa. Pois, parece que a aspiração comum a todos é viver eternamente... 57 O encanto do canto do sabiá Irmão Noviço Lucas Costa Roxo O que irei relatar é coisa do coração, brotou da admiração pelo canto do sabiá, detalhes da vida a nos emocionar, por isso leia como a cantar, com bastante atenção, sem muito pensar. É noite, é dia, é tarde fria, o vento a soprar, o sol a brilhar não tem hora pra trilar o sabiá. Belo e tocante como brincar é O encanto do canto do sabiá, Que também me faz cantar e Entre sons de trovões, sonhar. Canto que meu coração canta Que minha alma alimenta Com sons de alegria Que ao amanhecer me acalenta. Ah! Sabiá, canta, canta Com teu canto acordar, Da noite o dia raiar, o noviciado Que está a sonhar. E com teu cantar o Encanto do amor despertar. Voa e me faz voar. Anima-me a alma e me leva a contemplar As coisas belas da vida, Que anuncias com teu cantar. Gorjeia que te quero no vento escutar, No ar respirar, na alma orar No espírito louvar as Trombetas do teu trilar. Oh! Sabiá que canta e encanta a vida Que lembra minha partida De um dia voltar àquela terra querida, que deixei para lá onde também trina sabiá. Canto que me faz chorar, Choro que me faz lembrar Do céu que existe no encanto Do teu canto, sabiá, Das pessoas a murmurar, A felicidade a buscar, Sem ouvir teu gargantear feliz a soar. Ah! Teu canto me encanta, sabiá! Ouvir-te-ei sempre, Na certeza de encontrar A felicidade, no peito e na alma, De onde emana o desejo de amar. Que coisa é essa, que mistério tem teu cantar Que ao reboar ponho-me a pensar Na beleza incomparável do teu espontâneo trinar, que só tu sabes cantar? Sou teu aliado neste noviciado, Onde sinto solidão, confiante espero, com a alegria do teu canto alegrar meu coração. Quando chove, te vejo cantar. Cantas com alegria que pareces chorar. Estás tristes, sabiá? Se teu canto me faz chorar, Por que não me alegrar com tua alegria de cantar? 58 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Mudas de canto querendo comunicar Algo de ti que em mim estou a perscrutar Que só no encanto do teu canto posso encontrar. Ah! tu me cativas, sabiá. Pois, bem, sabiá, estou a buscar No encanto do teu canto, como no infinito do mar, o segredo da vida, a alegria de amar, o desejo profundo de sempre encontrar cantos que me encantam e que me fazem sonhar no encanto da vida, como no teu trinar, sabiá. Para sua impressão não é racionalização, não. É a verdadeira inspiração que brota do coração, dos pequenos detalhes da vida, fruto da contemplação. A ousadia de saber partilhar com alegria É um privilégio trabalhar com estas crianças. Pois em seus olhares Transmitem ternura e esperança. Escolhi junto com esta turma expressar meu amor. Meu jeito de ser Irmão e amigo com muito ardor. E você, jovem, já pensou na possibilidade de ser Irmão? Dedicando sua vida por inteiro à educação? Somos embaixadores de Jesus, como fala nosso fundador. Por isso, vivemos o nosso jeito de ser lassalista: Com fé, zelo, esperança e amor. Irmão Miguel Teixeira de Freitas, fsc Agradeço a Deus, por esta grande missão: Com amor e gratidão trabalhar na educação. Jovem, venha conosco! Não tenha medo não. É o Cristo que te chama pra viver em comunhão. Juntos, Irmão Miguel, a professora Magali e as crianças festejam a alegria de saber partilhar. 59 Alguém Irmão Roque Amorim, fsc N u m momento Irmão Roque de grandes inquietações e dúvidas aparece alguém especial na nossa vida... Com uma alegria incomum causa uma sensação de felicidade e desperta sonhos... Traz a esperança de um futuro cheio de possibilidades. E diz que é preciso acreditar e querer... Fala de umas coisas que ainda não entendemos muito, mas gostamos de ouvi-lo. Outras vezes faz algumas perguntas difíceis e até nos assusta. Esta pessoa tem o dom natural de reportar-nos àquilo que existe de mais profundo em nós, a missão recebida. Ama de modo diferente. Esforça-se por amar a todos e servir principalmente os mais necessitados. Algumas vezes percebemos neste alguém traços que desejamos desenvolver em nossa vida. Lembra-nos também que podemos contar com suas orações e seu apoio. Sabe negociar, esperar e deixa a última decisão por nossa conta. Esta pessoa é o Acompanhante Vocacional. E escrevi estas poucas palavras para saudar ao Irmão Paulo Petry, que há quase dez anos me acompanhou vocacionalmente e me incentivou a dar passos na direção de Jesus. Hoje, como Irmão Lassalista, também colaboro no ministério da Pastoral Vocacional e com certeza, isto é porque ele um dia, de alguma forma, disse-me que era possível. Obrigado, Irmão Petry!!! Deus recompense seu esforço, dedicação e esperança num futuro melhor. E o meu abraço a todos os que se empenham na Pastoral Vocacional. 60 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII É hora de agradecer Irmão Miguel Teixeira de Freitas, fsc Senhor, hoje quero louvar e bendizer o teu nome. Obrigado, Deus, por querer contar conosco na construção do teu Reino, apesar de nossas fragilidades. Obrigado porque nos criaste à tua imagem e semelhança. Ó Pai, o meu coração está em festa, todo o meu ser dança de felicidade. De maneira especial quero dar glória a ti pelos 25 anos de presença dos Irmãos Lassalistas em Uruará/PA. Bendigo-te, Deus de amor, pelos Irmãos que ali souberam viver e transmitir seu amor no jeito de ser e viver de cada um. Nossa gratidão a vocês, queridos Irmãos Benno Bonembnerger, Lúcio Pauli, Waldemar Wollmann, Alfredo Raupp (falecido), José Egon Kunrath, Renato Thiel, Francisco Alberto (falecido), Lídio Bccker (ex-Irmão), Glicério Follmann, Marino Testolin (ex-irmão), Raymundo Zandomeneghi, Olírio Bertuol, Edgard Puhl (falecido), Valdir Zoletti, Aníbal Thiele, Claudino Backes, Hilário Kieling (falecido), Edwino Holz, Hugo Rempel, Dionísio Haab, Plácio Bohn, Rosalino Cogo, Silésio Follmann, Antônio Conrat, André S p i e s Frolich, José Antônio Busnello e Moacir Paulo Orth. Gratidão também ao Irmão Edgard Hengemüle, que não morou em Uruará, mas sempre apoiou as obras missionárias. Desculpem, Irmãos, por não mencionar o nome de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, participaram na construção desses 25 anos. Um abraço de agradecimento igualmente ao Irmão Pedro Ruedell, por ter atendido ao desejo de Dom Eurico Kräutler, bispo prelado do Xingu, que em 1975 pediu a presença dos Irmãos Lassalistas junto ao seu rebanho. O mesmo agradecimento vai também à Arquidiocese de Porto Alegre, que na época se comprometeu com o projeto «Igrejas-Irmãs», assumindo com seriedade a proposta de ajudar a Prelazia do Xingu. A todos que apoiaram e continuam apoiando o trabalho missionário, o meu abraço fraterno. Que Deus seja louvado! Amém! 61 Aos que se sentem chamados Anselmo Cabral da Silva Quadras ao gosto popular São quadras populares Esses versos vocacionais, Rimas simples e amenas Sobre coisas que procurais. Lê-as, se te interessam, Que foram escritas para ti. Há um caminho, onde almas Te esperam para sorrir. Um chamado forte do céu Tu sentes no coração? Alguém te fala no espírito, Parece acenar-te a mão? Escuta bem o que sentes, Procura responder bem. Que este que te fala Não vive distante, no além... Que te sugere o mundo todo, As contingências que podes ver? Enxergas a quem te chama No semelhante a sofrer? Mas que bondade bonita a tua, Que pretendes dar-te a Deus. Porque todos o filhos dele Tornam-se compromissos teus. Para sal e luz, foste escolhido. Para distribuir às pessoas Riquezas do coração, muitas Atitudes santas e boas. Ai! Não contes com facilidades, Que ser bom é difícil arte. Mas não temas isso também, Pois quem chamou há de ensinar-te. Muitos começaram o caminho Porque há formas diversas de caminhar: Vários carismas, diferentes maneiras De ser irmão, de iluminar. Deus, que chama, inicia Um diálogo sem pressa, Para Ele o tempo é um sopro, A eternidade lhe interessa. Não tenhas, por isso, anseios tristes Quando Deus se esconder. Há tempos em que Ele silencia Para deixar-te o direito de escolher. Deus, que chama, não determina O caminho, de forma toda completa. Vai deixar-te aprender errando Como andar de bicicleta. Porque não é do gosto dele Formar crianças grandes, irracionais. Mas pessoas fortes e firmes, conscientes De escolhas livres e pessoais. Por isso anda tu, que foste chamado, No sentido mesmo de descobrir Que Deus não te vê das nuvens Ele te acompanha mesmo por aqui. E tudo o que viveres Toda tua circunstância real Faça parte do teu estudo Do teu discernimento vocacional. 62 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Deus não é regra, nem lei. Deus não são coisas feitas pela arte. É o Espírito do Bem partilhado E deve estar em toda parte. A coroa de Nossa Senhora Anselmo Cabral - 27/4/2002. Usa de tua inteligência E da intelectualidade também Mas sem a transcendência, Nunca irás muito além. Reza a vida, reza a realidade, Acostuma-te que Deus não é uma ilusão. Vê Deus no trânsito, no jornal E na internet, com o olhar do coração. Abre teus olhos, que a luz é espiritual, Mas nada tem contra a razão. Pensa, de forma clara, que Deus É ordem no caos e sinal de contradição. Tu que entras no caminho Prepara-te para a dificuldade. Mas há também, no final das contas, O prêmio da grande felicidade. Faze-te simples e humilde e aceita logo Que não és melhor que ninguém. Deus - no Cristo Jesus - que era grande, Foi muito humilde também. E logo entendes: que Deus é bom E te alimenta de amor incondicional. Tem, pois, caridade com os outros E seja este teu maior ideal. Salve, Rainha! Salve, mãe de Jesus e minha! Salve, querida Maria, Onde nasce e vive minha alegria. Salve, grande doçura, Minha querida irmã tão pura! Oh quanto é grande Meu amor agora E desde sempre, Nossa Senhora! Salve, Rainha! Salve tua singela beleza... Que tua bondade e caridade São tua coroa e grandeza. 63 À vossa proteção... A mais antiga oração mariana “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!” Conhecida com o título em latim “Sub tuum praesidium” (À vossa proteção) é a mais antiga oração a Nossa Senhora que se conhece (depois da Ave-Maria). Encontrada num fragmento de papiro, em 1927, no Egito, remonta ao século III. Tem uma excepcional importância histórica pela explícita referência ao tempo de perseguições dos cristãos (“Estamos na provação” e “Livrai-nos de todo perigo”) e uma particular importância teológica por recorrer à intercessão de Maria invocada com o título de Theotókos (Mãe de Deus). Este título é o mais importante e belo da Virgem Santíssima. Já no século II era dirigido a Maria e foi objeto de definição conciliar em Éfeso em 431. O texto primitivo do qual derivam as diversas variações litúrgicas (copta, grega, ambrosiana e romana) é o seguinte: “Sob a asa da vossa misericórdia nós nos refugiamos, Theotókos; não recuseis os nossos pedidos na necessidade e salvai-nos do perigo: somente pura, somente bendita”. 64 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII «Cento e sessenta milhões em ação» Essa é uma seleção que está ganhando todas. O primeiro convocado foi Abraão, que marchou para um campo desconhecido, e em tudo foi obediente às instruções do seu Superior. Depois vieram Isaac e Jacó. Para um ataque arrasador no campo do adversário, foi chamado Moisés. A primeira batalha foi ganha. Os selecionados, agora seiscentos mil homens, foram para uma concentração no deserto, onde receberam orientação para vencer o inimigo em seu próprio terreno. Antes do primeiro embate na cidade de Jericó, onde até as muralhas caíram, tal a força do ataque, houve mudança de comando, mas a ordem continuou a mesma: vencer e vencer. O seleto grupo de homens e mulheres não seria apenas vencedor. Seria mais que vencedor. Esse grupo arrojado, crescendo em número a cada dia, venceu todas, exceto alguns poucos insucessos que experimentaram por não seguirem à risca a cartilha do Comando. Os rebeldes foram castigados a bem da disciplina e da ordem. Era preciso vencer um adversário que estava pintando e bordando. Adversário perigoso, e, além disso, mentiroso e ladrão. Foi quando surgiu um comandante que nunca perdeu batalha, conhecido como o Mestre, o Leão da Tribo de Judá, a quem foi dado todo o poder para derrotar o inimigo e cantar o hino da vitória. O infalível Mestre começou por colocar ordem na casa. Convocou, inicialmente, apenas doze para o seu time. Nenhum deles tinha experiência nos combates que se seguiriam. Foram necessários mais de três anos para que esse grupo assimilas65 se a tática e a técnica. Animados pelo Mestre, em quem depositavam inteira e irrevogável confiança, seguiram avante com coragem, ousadia, fé e amor. Esses homens estavam tão empenhados na luta, que colocariam em risco sua vida em favor da causa que abraçaram. Houve somente uma deserção no meio dos Doze, a de Judas Iscariotes, substituído por um reserva chamado Matias. o alcanceis. Todo aquele que luta, em tudo se domina. Eles para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, a incorruptível” (1Cor 9,24-26). Nos anos seguintes, os Doze continuaram fazendo novas convocações, ensinando todos os caminhos. Daí pra frente, essa Seleção não parou de crescer. Viajou por terras desconhecidas, por países estranhos, enfrentou a ira dos inimigos derrotados, mas a todos driblou. Hoje, no Brasil, somos, sobre os 170 milhões de brasileiros, uns 160 milhões em ação, somando todos os convocados que em diversas denominações cristãs seguem Jesus Cristo, empunhando a bandeira dessa Seleção vitoriosa, dispostos a continuar na caminhada que se iniciou junto ao mar da Galiléia. Um dos convocados pelo Mestre, ensinou aos demais o seguinte: “Faço tudo isto por causa do evangelho, para ser também participante dele. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que Os mais experientes têm sempre uma palavra de encorajamento para os iniciantes, como fez Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Sofre, pois, comigo, as aflições como bom soldado de Cristo Jesus” (1Tm 4,6-7). 66 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Acreditar e agir Um viajante ia caminhando pela margem de um grande lago. Seu destino era a outra margem. Suspirou profundamente enquanto tentava fixar os olhos no horizonte. A v oz de um homem coberto de idade, um barqueiro, quebra o silêncio, oferecendo-se para transportá-lo. O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido de dois remos de madeira de carvalho. Logo seus dois olhos perceberam o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados dentro do barco, o viajante pôde perceber que se tratava de duas palavras, num remo estava a palavra agir e no outro a palavra acreditar. Não podendo conter a curiosidade, o viajante perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos. O barqueiro respondeu pegando o remo chamado acreditar e remou com toda a força, o barco então começou a dar voltas sem sair do lugar em que estava. Em seguida pegou o remo chamado agir e remou novamente, e outra vez o barco girou, só que agora em sentido inverso. Finalmente o velho barqueiro, segurando os dois remos, remou com eles simultaneamente, e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago para chegar ao seu destino. Na outra margem, o barqueiro disse ao viajante: «Este porto se chama autoconfiança. Simultaneamente é preciso acreditar e também agir para que possamos alcançá-lo». Em nossa caminhada vocacional é necessário acreditar em Deus, no seu chamado, na sua vontade de nos fazer discípulos de Cristo Jesus, no seu desígnio de nos conduzir pelas veredas da salvação. Junto com esta fé no Senhor da messe, é necessário «colocar a mão na massa», «pôr o pé na estrada», é necessário agir para nos conformar com os projetos que nosso Pai e criador tem para conosco. Acreditar em Deus e fazer a nossa parte... eis um modo seguro de responder ao chamado divino, eis uma maneira apropriada para construir nossa felicidade e realização pessoal. 67 Globalização Trad. e adaptação: Irmão Paulo Petry, fsc Cristo habita no coração do mundo Há momentos em nossa vida diária, em que nos sentimos distantes de qualquer estilo de vida que possa ser dito humano e equilibrado. As urgências, a pressão do trabalho, o desafio de chegar na frente... Especialmente aos que vivemos na cidade e nos sentimos afetados pelo ritmo frenético que impõe a globalização da economia, pode surgir-nos seguidamente a pergunta: «Estou fazendo a vontade de Deus»? Deixar que o Senhor invada nossa vida e nos vá tocando, deixar que nossos planos e projetos sejam examinados à luz de sua palavra, permitir que Ele realize sua obra através de nós, abrir-nos ao Espírito para que nossa presença seja um testemunho, viver em comunidade de discípulos as lutas de cada dia... eis aí o caminho. Jesus habita hoje no campo, na cidade moderna e nas selvas ameaçadas por um progresso insustentável. Ele está naqueles que são afetados diariamente por decisões macroeconômicas que condenam os pobres a ser mais pobres. Ele nos segue chamando, testemunhas no século XXI, para manifestar sua presença sanadora e denunciante, libertadora e comprometida. Sejamos, pois, profetas do Reino de Deus em nossa realidade. Sejamos anunciadores dos valores proclamados e vividos por Jesus Cristo. Sejamos denunciadores de tudo e de todos que destróem a vida. Sejamos a presença do Senhor da Vida em nossa comunidade, em nossa família e permitamos que Ele atue em nós para fazer deste mundo um reino de amor, de justiça e de paz. Assim, junto com esta reflexão sobre o mundo atual globalizado, tomemos o propósito de «arregaçar as mangas» e realizar ações concretas para globalizar também o amor, a misericórdia, a caridade, a educação, a saúde, os direitos dos jovens e das crianças, os direitos das minorias, os direitos dos idosos, enfim, os direitos humanos em geral. Que Jesus Cristo, o habitante de nosso coração, globalize através de nossa vida a sua mensagem sempre nova e atual, sempre presença e transformação, sempre caminho, verdade e vida que conduz ao Pai eterno, pela ação animadora do Santo Espírito. Para sempre! 68 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Um desafio sempre atual Irmão José Ivan de Oliveira, fsc Criado em 1964, o Instituto Assistencial La Salle, entidade ligada à Associação Brasileira de Educadores Lassalistas (ABEL), mantém convênios com diversas instituições, o que possibilita a inserção de adolescentes entre 14 e 18 anos no mercado de trabalho, caracterizando-se como uma experiência ímpar no que se refere à possibilidade de cidadania através do primeiro emprego. Com a Caixa Econômica Federal, firmamos o primeiro convênio em 1976 e se destinava ao envolvimento dos menores assistidos em sistema de internato para carentes. Hoje, a nossa parceria com a Caixa mantém a contratação de 320 menores, respeitando a legislação trabalhista, em especial o Estatuto da Criança e do Adolescente. Temos seis adolescentes trabalhando junto à Infraero. Com a Embrapa, oferecemos trabalho a 68 adolescentes como mensageiros. O mais recente convênio firmado foi com o Banco do Brasil S.A. e emprega dezessete adolescentes. Três funcionários atuam diretamente nestes locais de trabalho e mais uma boa equipe, constituída por Irmãos e funcionários, na sede. Os Irmãos lassalistas, religiosos dedicados à educação em diversas partes do país, sentem-se alegres em prestar este serviço aos jovens do Distrito Federal. Durante este ano foram realizados diversos encontros formativos com estes adolescentes, abordando temas como relações interpessoais, comunicação e protagonismo juvenil. Contamos com a colaboração das empresas parceiras, que nos cederam salas e auditórios dos próprios locais de trabalho dos adolescentes, o que tem contribuído para o êxito do trabalho, sendo uma presença animadora a da nossa instituição. O trabalho social da ABEL em Brasília tem nestes convênios valiosa expressão, o que cobra de Irmãos e Colaboradores lassalistas crescente empenho na otimização deste serviço, que deve ser também de defesa integral dos direitos adquiridos historicamente pelos adolescentes e jovens. Este é um desafio que La Um dos encontros com adolescentes lotados no Banco do Salle, sem dúvida, continua a Brasil, destacamos a presença dos Irmãos Marcelo e Ivan. nos propor hoje! 69 Colóquio internacional da juventude lassalista Anny Lutz e Renato Gil, Niterói/RJ Entre os dias 12 e 17 de julho, realizou-se, na cidade de Québec, no Canadá, o Encontro Mundial de Jovens Lassalistas. O objetivo principal do encontro era a formação da JLI (Juventude Lassalista Internacional), e tinha como tema central «De mãos dadas construiremos a civilização do amor». Foram momentos de profunda reflexão sobre o movimento dos jovens lassalistas no mundo. Os grupos de discussão foram divididos por idiomas (Espanhol, Francês ou Inglês) e neles cada delegado teve a oportunidade de expor a realidade de seu país, apresentar suas idéias e discuti-las. Estiveram presentes jovens alunos, ex-alunos, assessores e Irmãos de vários países. O Brasil esteve representado por: Larissa Quaresma, Ráfaga Mello, Renato Gil, Fernanda Stefanini, Irmão Paulo Petry e Anny Lutz, da Província de São Paulo, e pelo Irmão Cledes Antônio Casagrande, da Província de Porto Alegre. Ao final foram traçadas metas a serem cumpridas até o próximo encontro, já que foi consenso que os grupos não estão preparados ainda para uma associação mundial. A partir de agora, devemos articular mais os grupos de nossas Províncias, para que juntos possamos formular novos projetos e, no futuro, desenvolver as atividades propostas pela JLI. O próximo Encontro Mundial da Juventude Lassalista deverá acontecer em 2005, na Alemanha. Caso queira saber mais sobre a JLI acesse o site: http://quebec2002.tripod.com/. Seria importante também aos interessados, se cadastrarem no grupo de discussão do yahoo através do seguinte endereço: http://www.groups.yahoo.com/group/quebec2002. 70 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Fotomontagem das faces do Colóquio internacional da juventude lassalista, Québec, julho de 2002. No destaque maior acima a delegação brasileira: Ir. Petry, Larissa, Fernanda, Renato, Anny, Ráfaga e Ir. Cledes. 71 Palestra aos jovens lassalistas Irmão Álvaro Rodríguez, fsc, Superior Geral - Trad. do original francês, Ir. Paulo Petry, fsc Colóquio de Jovens Lassalistas no Quebec, Canadá Caros jovens lassalistas: É uma grande alegria poder partilhar estas palavras convosco hoje, durante este maravilhoso colóquio internacional que nos reúne aqui no Quebec em nome de La Salle. Quero, em primeiro lugar, agradecer a todos que tornaram possível este encontro. Espero que isto permita a consolidação de um movimento lassaliano, mundo a fora, que nos dará a possibilidade, em toda a extensão da geografia lassalista, presente em mais de oitenta países, de contribuir para a edificação de uma sociedade mais fraterna. Foi uma surpresa para mim que o Papa, na carta que nos enviou por ocasião do 350º aniversário do nascimento do Fundador, nos tenha escrito: “Neste contexto, eu encorajo os Irmãos a que façam de suas casas, escolas de vida fraterna... associando aí os jovens que lhes são confiados e os leigos que colaboram em sua missão, ajudando-os todos a descobrir e a partilhar o carisma do Instituto. Eu me alegro com as iniciativas já tomadas, tais como a criação das ‘redes lassalistas de jovens’, que seria bom fossem incentivadas e desenvolvidas”. Nosso colóquio não tem outra finalidade. Vivemos hoje num mundo globalizado e todo esforço de globalizar os valores lassalistas vale a pena. Trata-se de ver como introduzir no conjunto deste movimento de globalização, os valores lassalistas que nos fortalecem e que encontram sua fonte no Evangelho, de tal forma que isto se transforme em globalização da igualdade de oportunidades para todos, da solidariedade, do amor, da justiça e da paz. Ir. Petry com o Ir. Álvaro, Superior Geral, durante o Colóquio, Quebec, julho de 2002 Eu penso que neste engajamento, vocês, jovens lassalistas, têm um papel importante 72 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII a desempenhar. Quero partilhar com vocês uma experiência vivida nestes dois últimos anos como Superiror Geral. Trata-se de uma experiência vivida duplamente, no tempo e no espaço, e quase que nos dois extremos da América Latina, primeiro em León, na Nicarágua e depois em Temuco, no Chile. Ao falar da associação, à qual nos convida nosso último Capítulo Geral, eu não havia mencionado os jovens lassalistas. Em ambos os casos alguém se levantou para dizer que os jovens lassalistas querem também assoiar-se conosco para viver nossso carisma. Símbolo do Colóquio Internacional da Juventude Lassalista, Quebec, 12-17/7/2002, cujo tema foi: “De mãos dadas construamos a civilização do amor”. Eu creio que estes jovens me fizeram tomar consciência da enorme força que o movimento da juventude lassalista pode representar. A estas experiências eu deveria ajuntar a fortíssima impressão que experimentei com a presença alegre, fraterna e generosa de tantos jovens lassalistas durante a Jornada Mundial da Juventude em Roma, há dois anos. Estou convencido de que hoje, nestes começos do século XXI, o carisma lassalista pode ser uma fonte de inspiração para a vida de vocês e para seus projetos. Tradicionalmente fizemos a síntese em torno de três dimensões fundamentais que devem ser a razão de nossos atos. Nós somos chamados, em primeiro lugar, a aprofundar nossa fé, para ver a realidade com os olhos de Deus e para descobrir que nós somos filhos e filhas de um Deus que nos ama gratuitamente e sem condições. Esta experiência deve traduzir-se em fraternidade ou em comunidade, porque, sendo filhos de Deus, devemos sentir-nos levados a ser irmãs e irmãos uns dos outros e a construir juntos um mundo mais justo. Finalmente, a fraternidade deve desembocar no serviço, porque a vida não tem valor se não for doada em favor dos outros, sobretudo dos mais pobres, os jovens em situação difícil, todos aqueles que na vida tiveram menos possibilidades do que nós. São João Batista de La Salle nos convida a contemplar o mundo com os olhos da fé. De tal maneira que podemos dizer que os dois lugares lassalistas para o encontro com Deus são a realidade e a palavra de Deus. La Salle tem sempre, como ponto de partida, um olhar contemplativo da 73 realidade. Trata-se de uma dupla contemplação. De um lado, o projeto de salvação de Deus que nós descobrimos em sua Palavra e na oração; de outro lado, a contemplação histórica do abandono dos filhos dos artesãos e dos pobres. As duas contemplações têm a mesma finalidade: levar os meios de salvação aos jovens distantes dela. Trata-se de fato de um triplo movimento: ver a realidade à luz da Palavra de Deus, engajar-se numa ação de transformação. É este o esquema que deverá viver todo jovem lassalista autêntico. O encontro com Deus, do ponto de vista lassalista, não será nunca uma busca individualista, mas ao contrário uma aventura comunitária; não será jamais uma fuga do mundo, mas ao contrário dom e serviço. À luz da Palavra, o Fundador descobre o projeto de salvação do Pai: “Deus é tão bom, que tendo criado os homens, Ele quer que todos cheguem ao conhecimento da verdade” (Med. 193,1). Seguindo os traços do Fundador também somos chamados a fazer nossas estas dimensões em nossa vida. Assim o Fundador nos propõe os meios bem concretos que surgem de um espírito que é elan de vida, força interior, vida nova. Trata-se do espírito de fé, simbolizado pela nossa estrela, que se traduz em zelo pela salvação do mundo. 1. Contemplar sua face: Primeiramente, o espírito de fé convida-nos a contemplar a vida, os acontecimentos, a história, como lugares onde Deus se manifesta. Tratase de tudo olhar à luz da fé, quer dizer, à luz de Deus, e de descobri-lo presente na Palavra, no homem e na mulher, no pobre, na natureza, na história e em nós mesmos. • No Evangelho, sua palavra sempre viva e atual. O Evangelho não é para La Salle um livro que nos traz uma história do passado, mas a Boa Nova de um Deus próximo que nos ama em nossa vida de hoje. E Ele acaba de presentear o mundo com este amor gratuito que experimentamos em nossa vida. • Na resposta humana, do homem feito à imagem de Deus e manitestação de seu mistério. • No pobre. Se toda pessoa é espelho da face de Deus, é sobretudo no pobre que esta manifestação é mais importante. O Fundador nos convida a “reconhecer Jesus sob os pobres trapos das crianças que vocês 74 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII têm que instruir: adorem-no nelas” (Med. 96,3). Quanto mais tivermos este olhar, mais seremos atentos e sensíveis a todas as estruturas que se opõem ao projeto salvífico de Deus. Ser sensíveis aos direitos humanos e defendê-los, especialmente os das crianças, faz parte de nossa vocação lassalista. • Na natureza, enderço onde se manifestam as maravilhas de Deus. Nesta natureza renovada cada ano, que renasce da morte do inverno para a vida da primavera. Basta abrir os olhos para encontrar Deus. O céu, as montanhas, o mar... Tudo é dom de Deus. Através do livro escrito sobre o mundo podemos chegar ao autor de todo este recital. • Na história, lugar onde Deus aparece, onde se manifesta seu projeto salvífico. De uma certa forma para o cristão, toda a história é sagrada, porque, nela, Deus e seu amor se manifestam ao mundo. Por este motivo, duas leituras são obrigatórias para todo jovem lassalista. A Bíblia, em particular o Evangelho, onde Deus se faz Palavra, e o jornal ou noticiário televisivo, onde cada dia eu posso descobrir o rosto de Deus através dos acontecimentos do mundo, diante dos quais não posso ficar indiferente. • Em mim mesmo, habitação da Trindade. Quanto mais me recolho em mim mesmo, mais me encontro com Deus. Esta foi a experiência de Santo Agostinho: “Tarde eu te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde eu te amei. Tu estavas em mim e eu, eu estava fora e fora eu te procurava e me envolveste com as coisas belas criadas por ti” (cf. Confissões, Liv. 7,10,18;10,27: CSEL 33,157-163.255). 2. Procura sua vontade: Em segundo lugar, o espírito de fé nos convida a procurar sempre a Vontade de Deus. No fundo trata-se de procurar o que é mais conveniente agora para a realização do desígnio salvífico de Deus. É iteressante ver que nosso Fundador em seus escritos cita quatro vezes o texto de João: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). A vontade de Deus é a vida plena da pessoa humana. Por isso, porque experimentei em minha vida a ação amorosa e libertadora de Deus, por isso me decido a partilhar com meus irmãos e irmãs a experiência vivida e a comprometer-me com a obra de Deus como La Salle costumava dizer. 75 3. Confiar em seu amor: Em terceiro lugar, o espírito de fé é confiar sempre em Deus, abandorar-me em suas mãos. E posso fazê-lo porque o Senhor está sempre aí, no interior de minha história. Por isso La Salle insiste tanto na presença de Deus e posso fazê-lo, porque o Senhor não somente está aí, mas também conduz minha história e a história dos homens. Aqui se encontra uma das principais instituições lassalistas: Deus nos procura primeiro, antes que nós a Ele; Deus já está presente, Deus nos guia. A nós cabe abrir-nos a Ele, reconhecendo-o pela fé. O Fundador nos diz como experimentou em sua própria vida esta presença e esta condução de Deus: “Deus que conduz tudo com sabedoria e doçura e que não costuma forçar a inclinação dos homens, querendo comprometer-me a tomar inteiramente o cuidado das escolas, o fez de uma maneira imperceptível e durante muito tempo, de maneira que um compromisso me levava a outro sem tê-lo previsto no começo” (cf. BLAIN, Jean-Baptiste. La vie de Monsieur Jean-Baptiste de La Salle, Instituteur des Frères des Écoles chrétiennes, 1733:169). Não será este Colóquio para vocês uma chamada de Deus para um maior compromisso? Conclusão Queridos jovens lassalistas, quisera, para terminar, partilhar com vocês uma das experiências mais bonitas que vivi como Superior Geral. No mês de dezembro passado participei, em Sydney, Austrália, no sexto encontro de jovens lassalistas organizado pela PARC (Ásia, Pacífico). Havia 180 jovens provenientes de países de culturas e religiões muito diversas, como Japão, Tailândia, Sri Lanka, Filipinas, Singapura, Austrália, Papua Nova Guiné e Nova Zelândia. O que mais me impressionou no Congresso da Austrália foi ver como jovens de tantos países, culturas e até religiões diversas se identificam com os valores lassalistas da fé, da comunidade e do serviço, nos quais encontram um sentido para sua vida. Em poucas partes vi maior interiorização e vivência destes valores. Com realação à fé, causaram-me impacto as orações realizadas pelo grupo com muita liberdade e criatividade, mas também com muita profundidade e capaciadade de silêncio; a nível da comunidade aconteceu um fato que me impressionou profundamente. Um dos jovens da 76 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Nova Zelândia, no momento de apresentar a experiência de seu grupo, comoveu-se até as lágrimas, e neste momento, espontaneamente, todos os seus companheiros de delegação se levantaram, rodearam-no, abraçaram-no e o alentaram para que continuasse. Creio que isto vale mais que muitas palavras sobre a fraternidade. Finalmente, com relação ao serviço, no final do encontro, e depois de ter tido a oportunidade de visitar experiências concretas em Sydney, ficou muito claro o desejo de todos de fazer algo pelos demais e a pergunta que mais se repetiu foi: Que podemos fazer? A resposta a esta pergunta, numa perspectiva lassalista, não pode ser outra que comprometer-se de forma clara e enérgica em favor dos membros mais frágeis e vulneráveis de nossa sociedade. Nosso último Capítulo Geral nos convidou a estar muito atentos aos novos tipos de pobreza que hoje afetam nosso mundo. Sabemos, por outro lado, que La Salle nasceu para os pobres. O que disse aos Irmãos no dia da minha eleição e que partilhei com os jovens durante a Jornada Mundial da Juventude em Roma, parece-me que deve ser bem atual para vocês: Não deveríamos nós hoje viver nosso carisma a partir das crianças e dos jovens pobres, que continuam sendo o elo mais frágil e vulnerável de nossa sociedade? Além dos problemas de afeto e os abusos que se dão no interior das famílias, muitas vezes desintegradas, em muitos lugares as crianças são submetidas a outras situações não menos degradantes. Sem pretender abrangê-las todas, podemos pensar nas crianças trabalhadoras, os menores de rua, as crianças soldados ou vítimas da guerra, as crianças vendidas, as crianças desnutridas, as crianças sem educação... Não serão elas as encarregadas de dinamizar e reavivar nosso carisma? Não é nelas que Deus principalmente se revela? Oxalá, ao término deste Colóquio, também vocês se sintam motivados a viver com maior autenticidade os valores lassalistas que nos devem caracterizar, a partir de uma profunda fé num Deus que quer que todos se salvem, de uma alegre fraternidade que os fará superar todas as barreiras e de um serviço que manifeste que a vida só vale a pena quando doada pelos demais. Não devemos esquecer que todo jovem lassalista, como todo aquele que participa do carisma de São João Batista de La Salle, é chamado a ser um SINAL de Deus no mundo. Vocês, jovens, carregam hoje a tocha, e o futuro de La Salle no mundo está em grande parte em suas mãos. Não nos decepcionem. 77 Homens de Deus Anselmo Cabral, 3/5/2002 Aos amigos Irmãos lassalistas, Riem-se felizes os homens de Deus. Carregam pedras flutuantes. Dói-lhes uma dor segura, constante Como a dor do firmamento segurando a beleza Das galáxias. Nascem crucificados os homens de Deus. Têm as chagas do absoluto amor. Dói-lhes uma angústia aguda, otimal. Como se sempre esperassem sair do casulo, porque - não sabem como têm reminiscências de lindos vôos. Vivem normalmente os homens de Deus. Nada lhes parece em qualquer coisa especial. Dói-lhes a sentença da incompreensão Porque teriam a dizer mais que Copérnico e Galileu - e o dizem no silêncio produtivo de suas vidas santas. 78 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Em nome do amor Irmão Clovis Trezi, fsc Fiquei angustiado depois daquela aula. O professor, parece que adivinhava, falou uma série de coisas que encaixaram direitinho naquilo que eu estava vivendo e estava precisando ouvir. Parece que a fala dele era sob encomenda. E essas coisas que ele disse me deixaram assim, meio sofrendo, com uma ânsia no peito que não sei bem explicar. Porque ele disse coisas que eu nunca havia pensado antes. Coisas que eu já sentia e não sabia. E ouvir isso assim, de repente, sem esperar, dá uma agonia na gente. Tudo começou assim: cheguei à escola como sempre chego, alegre, barulhento, mexendo com todo mundo, fazendo piada com a Lia (coitada, é bem bonita, mas é tão bobinha...) É meu jeito assim. Os professores não gostam, acham que atrapalho as aulas, mas é que eu não consigo me conter. Pois bem, cheguei à escola desse jeito, mais barulhento que nunca. Era segunda-feira. A primeira aula era de Religião. Um saco, o professor parece que só sabe falar aquelas coisas que não têm nada a ver. É bom porque é uma aula que quase não tem cobrança pra gente, se não aprender não vai fazer falta mesmo, não cai no vestibular. Nesse dia o professor chegou como sempre. Entrou, disse: «Bom dia. Viva Jesus em nossos corações». Todos resmungamos: «Para sempre». Rezamos, ou melhor, o professor rezou o Pai-Nosso e leu um trechinho da Bíblia. Mas eu logo percebi que essa aula ia ser diferente. O professor estava com o CD player na mão e, antes de ler o trecho da Bíblia, colocou uma música leve de fundo. Só se via gente bocejando. Ninguém disfarçava a pouca vontade que tinha com a aula. O professor desligou a música e falou: «Meus queridos, hoje nós vamos fazer uma reflexão um pouco mais longa. Eu já percebi que alguns estão com sono, mas se se mantiverem acordados com um pouco de esforço vão ver que vai valer a pena». Todos mostraram algum interesse maior, menos a Maria, que habitualmente é a única que participa das aulas de Religião. Por isso que eu a chamo de «freirinha»... O professor ligou a música, com um volume um pouco alto, e foi abaixando aos poucos. Juro que era a música orquestrada mais bonita que já ouvi. E olha que eu curto muito um rock... Abaixando a música, o professor começou a ler o trecho escolhido para este dia. Era uma linda poesia que falava de amor. Mas não era aquele amor a que estamos acostumados. Falava de algo mais profundo, que tocava o coração da gente. Nesse instante todos estavam despertos. 79 Eu, particularmente, porque estou apaixonado por umas três ou quatro meninas, mas quando eu falo de amor com elas, meu coração não bate com tanta força como batia quando o professor lia esse poema. Bom, quando ele acabou de ler, pediu que todos ficássemos sentados de maneira confortável. Deixou a música num tom suave por algum tempo. Depois pediu que imaginássemos o lugar mais lindo que pudéssemos. Contou até dez e pediu que nos colocássemos nesse lugar. Todo mundo na maior concentração. Aí ele pediu que nos imaginássemos indo pra uma casa que encontraríamos no local imaginado. Lá encontraríamos uma pessoa que nos diria alguma coisa. Foi legal, porque o professor foi falando e parecia que era a pessoa daquela casa que falava. Engraçado, porque para mim lá estava justamente o diretor da escola, um cara que eu sempre achei chato, porque vive pegando no meu pé. mos amar. Somos egoístas. Queremos que os outros nos dirijam palavras de carinho, e nem somos capazes de dizer «oi» para eles. Ou então temos tanto medo de não ser amados que acabamos não amando ninguém, porque queremos ser amados por todo mundo, tirando a liberdade do outro de amar a quem ele quiser. Isso não dá certo. O amor também faz escolhas. Somente Deus ama sem impor condições, porque ama a todos de maneira igual desde antes do nascimento. Acontece também que confundimos o significado da palavra amor. Temos vergonha de dizer a alguém «eu te amo», mesmo que esse alguém seja o pai ou a mãe ou o melhor amigo. Se eu disser para minha amiga ou amigo «eu amo você», posso ser mal interpretado... não sabemos amar e, conseqüentemente, não sabemos ser felizes, porque apenas pensamos ser. Deus colocou a cada um no mundo para experimentar seu amor e vivê-lo. E, para viver o amor, não adianta tentar fazê-lo de outra forma, tenho que amar. E amar é também dar um gesto de carinho, dizer um «oi», um «eu amo você», é ter coragem de ser autêntico e livre diante do outro. Às vezes pensamos que o colega ou o professor é chato, e por isso nem vamos falar com ele. Quando criamos coragem, descobrimos que ele é na verdade um amigão. Amar não é só pensar em namoro ou sexo. É ter coragem de ser feliz e de ajudar o outro para que também o seja. O professor (na imaginação era o diretor) começou a falar de amor. Disse que nós muitas vezes não sabe- Amar é viver o chamado de Deus. Ele quer a todos felizes e por isso chama ao amor de diversas formas. Esse poema dizia que de nada adianta ter tudo, saber tudo, que se eu não tiver amor no coração, de nada adianta. Só o amor é paciente, é bondoso, é prestativo. Só o amor não tem inveja. Eu estava de olhos arregalados e ouvidos super atentos a cada palavra. No final eu pedi uma cópia, e ele me disse que procurasse na Bíblia, mais exatamente na primeira carta de São Paulo aos Cortíntios, capítulo 13. 80 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Ser padre é uma forma de amar. Ser Irmão, Irmã é outra forma. Casar e constituir família é ainda uma maneira diferente. Todos somos chamados ao amor. A isso chamamos vocação. Por isso não devemos ter medo de amar o próximo. O amor não tem interesses, o amor perdoa. Confesso que quando o professor acabou de falar e aumentou o som e contou até dez pedindo que abandonássemos aquele lugar e voltássemos para a sala, fiquei triste. Não queria mais sair de lá. Era como no Monte Tabor, uma outra historinha que o professor havia contado, quando os apóstolos queriam armar as barracas em cima do monte e ficar por lá mesmo, mas Jesus disse mais ou menos assim que quem quisesse continuar com Ele teria que descer da montanha, descer da árvore e colocar os pés no chão. Essa história eu também lembro porque ela também me chamou a atenção. Outro dia eu a conto aqui. Por isso voltei, mesmo contra a vontade. E chorei. Pôxa, justo eu, que julgava entender tudo de amor, que tenho a minha namorada e mais outras paqueras por aí, venho a descobrir que amor é algo muito maior do que a simples atração física, é muito mais do que uma simples emoção, do que um coração batendo mais forte em alguns momentos. Eu que achava que o Irmão diretor era tão frio e distante descobri que ele também ama, e faz tudo o que faz por amor, não a si próprio, mas por todos nós, alunos. Descobri também que o professor de Religião não é tão chato assim, e que vale a pena assistir as suas aulas. E que Deus é tão bom, não é aquela imagem de pai tão chata que eu tinha. Não agüentei. Caí no choro. Todos ficaram espantados, porque eu sempre fui o tal. Se bem que os colegas também estavam se segurando e com olhos vermelhos. Mas não tive vergonha de chorar. Deixei desta vez meu coração falar mais alto. Na saída encontrei o diretor e dei um grande abraço nele. Me olhou espantado, mas ficou tão feliz... Mas a aula me deixou angustiado, me encheu de grilos. Percebi como a minha vida foi vazia até aqui. Ao longo dos meus dezesseis anos, percebi que o meu modo de ser, fanfarrão, nada mais era do que uma maneira de encobrir meus problemas. Enquanto eu era o destaque da turma, ninguém teria coragem de me olhar criticamente. E mesmo que olhasse, não teria coragem de falar para mim. 81 Na verdade, no fundo, eu sempre fui tímido e com uma vontade louca de que todo mundo me amasse, nunca fui capaz de resistir quando alguém me deixava de lado. A minha vingança era fazer o que eu fazia com a Maria, criando apelido pra ela e pegando no pé. No dia seguinte a minha primeira atitude foi dar um beijo no rosto da Maria. Ela ficou vermelhíssima, mas eu prometo nunca mais fazer piada com ela. E de agora em diante vou me esforçar para gostar das aulas de religião. Interessante, como um simples fato mudou todo um conceito que eu tinha dessas aulas e do professor. Mas ainda não contei a coisa mais legal: cheguei em casa, dei um beijo no meu pai e falei: «Pai, eu te amo». Ele nunca esperava por isso e ficou de boca aberta. Eu repeti: «Pai, eu te amo». Finalmente caiu a ficha e ele me deu um abraço tão gostoso e eu vi duas lágrimas que ele nem tentou disfarçar. Fiz o mesmo com minha mãe. Ela logo pegou no choro. Fosse outro dia eu ia dizer a ela que eu me envergonhava da mãe que tinha, que ficava se desesperando por nada. Mas eu também estava chorando. Com minha irmã, aquela encrenqueira, foi mais difícil. Ela deu risada e fez menção de ir à janela gritar para todo mundo. Mas viu a minha cara de sério e me deu um beijo. Foi o dia mais feliz da minha vida. Passei a ver o mundo de maneira diferente e também a meus amigos. Vi que alguns deles eram tão superficiais quanto eu havia sido até ali. Descobri também que o mundo com amor é outro mundo. Foi somente aí que eu entendi o gesto de Cristo de morrer na cruz. Descobri que os padres, Irmãos e Irmãs também podem ser felizes, e normalmente o são. São felizes porque vivem o chamado de Deus. São felizes porque o seu modo de viver leva a um mundo novo, inteiramente baseado no amor. Converso agora todos os dias com o Irmão diretor, que já me convidou para ser Irmão como ele. Confesso que fiquei tentado... E essa!!! Devido à colocação dos seus olhos de cada lado da cabeça, o coelho consegue olhar para trás sem rodar o pescoço. A maneira mais fácil de diferenciar um animal carnívoro de um herbívoro é olhando para os seus olhos. Os carnívoros (cães, leões) possuem os olhos na parte da frente da cabeça, o que facilita a localização do alimento. Já os herbívoros (aves, coelhos) possuem os olhos do lado da cabeça para perceber a aproximação de um possível predador. Apesar do frio que se faz sentir no Pólo Norte, seria impossível alguém apanhar uma constipação lá. O vírus da gripe gosta de ambientes um pouco mais amenos. O material mais resistente criado pela natureza é a teia de aranha. 82 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII O amor 1 Coríntios 13 1 Mas deixem-me mostrar-lhes o caminho mais excelente! Ainda que eu falasse as línguas dos homens ou até mesmo dos anjos, mas não fosse capaz de amar os outros, não seria mais do que um instrumento de fazer barulho. 2Se eu tivesse o dom de falar em nome de Deus, e se soubesse os mistérios do futuro e se conhecesse tudo acerca de tudo, mas não amasse os outros, de que me serviria isso? E até mesmo que tivesse fé de forma a poder falar a uma montanha e fazê-la deslocar-se, isso não teria valor algum sem o amor. 3Ainda que desse tudo aos pobres, ainda que deixasse que me queimassem vivo, mas se não amasse os outros, eu não teria nenhum valor. 4-5 O amor é paciente e bondoso. Não é invejoso, nem orgulhoso; não é arrogante, nem grosseiro. O amor não exige que se faça o que ele quer. Não é irritadiço e dificilmente suspeita do mal que os outros lhe possam fazer. 6Nunca fica satisfeito com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. 7O amor nunca desiste, nunca perde a fé, tem sempre esperança e persevera em todas as circunstâncias. 8Todos os dons e capacidades especiais que vêm de Deus terminarão um dia, porém, o amor há-de sempre continuar. Um dia, tanto a profecia, como o falar línguas desconhecidas, como a sabedoria espiritual, todos esses dons desaparecerão. 9 Nós agora sabemos muito pouco, mesmo com a ajuda desses dons especiais; e até a pregação mais inspirada é ainda muito imperfeita. 10 Mas quando chegar o que é perfeito, estes dons especiais desaparecerão. 11É assim: quando eu era criança, falava, pensava, raciocinava como uma criança. Mas quando me tornei adulto deixei as coisas de criança. 12Da mesma maneira, nós agora compreendemos imperfeitamente as coisas como se estivéssemos a ver um reflexo num espelho de má qualidade; mas um dia virá em que veremos de uma forma completa, face a face. Tudo quanto sei agora é parcial, mas depois verei tudo com clareza, como Deus conhece o interior do meu coração. 13Há três coisas que hão-de perdurar: a fé, a esperança e o amor; e destas a principal é o amor. 83 Dobrei-me às duras leis que me impuseste, Curvei ao jugo teu meu colo humilde, Feri-me aos teus ardentes passadores, Prendi-me aos teus grilhões, rojei por terra... E o lucro?... foram lágrimas perdidas, Foi roxa cicatriz qu’inda conservo, Desbotada a ilusão e a vida exausta! Celeste emanação, gratos eflúvios Das roseiras do céu; bater macio Das asas auribrancas d´algum anjo, Que roça em noite amiga a nossa esfera, Centelha e luz do sol que nunca morre; És tudo, e mais qu’isto: - és luz e vida, Perfume, e vôo d’anjo mal sentido, Peregrinas essências trescalando!... Também passas veloz, - breve te apagas, Como duma ave a sombra fugitiva, Desgarrada voando à flor de um lago! (A citação, 1º em latim, depois em inglês e finalmente em português está em Confissões de Santo Agostinho, Livro III, capítulo 1, parágrafo 1º). A inútil chama ressecou meus lábios, Mirrou-me o coração da vida em meio, E à terra fez baixar a mente errada Que entre nuvens, amor, por ti bradava! Não te pude encontrar! - em vão meus anos No louco intento esperdicei; gelados, Uns após outros a cair precípites Na urna do passado os vi; eu triste, Amor, por ti clamava; - e o meu deserto Aos meus acentos reboava embalde. Em vão meu coração por ti se fina, Em vão minha alma te compreende e busca, Em vão meus lábios sôfregos cobiçam Libar a taça que aos mortais ofereces! Dizem-na funda, inesgotável, meiga; Enquanto a vejo rasa, amarga e dura! Dizem-na bálsamo, eu veneno a sorvo: Prazer, doçura, - eu dor e fel encontro! Nondum amabam, et amare amabam...quaerebam quid amarem, amans amare. I loved not yet, yet I loved to love...I sought what I might love, loving to love. Ainda não amava, mas já gostava de amar... gostando de amar eu buscava o que amar. O amor Poema de Gonçalves Dias Amor! enlevo d’alma, arroubo, encanto Desta existência mísera, onde existes? Fino sentir ou mágico transporte, (O que quer que seja que nos leva a extremos, Aos quais não basta a natureza humana;) Simpática atração d’almas sinceras Que unidas pelo amor, no amor se apuram, Por quem suspiro, serás nome apenas? 84 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Sabedoria indígena Um velho índio descreveu, certa vez, seus conflitos internos: «Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau. O outro é muito bom. E os dois estão sempre brigando». Então lhe perguntaram qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu: «Aquele que eu alimento». Muito pão Padre novato, iniciou nervoso seu primeiro sermão na paróquia, preocupado com a presença de um bêbado no primeiro banco. O bêbado o acompanhava atento, sem qualquer manifestação que não fosse o irritante soluço característico da “espécie”. - Então Jesus, prosseguia o padre, saciou a fome de seus cinco seguidores com apenas cinco mil pães. - Percebeu o erro que cometera mas não tentou consertar para não chamar a atenção dos fiéis, em sua maioria sonolentos e aparentemente distraídos. O bêbado entretanto, único que parecia estar atento, disse em alto e bom tom, provocando vários risos entre os presentes: - Cinco mil pães para cinco pessoas? HIC...Assim até eu. No ano seguinte, na mesma época, chegou o momento de repetir o sermão. O mesmo padre, agora já com alguma experiência, notou novamente o mesmo bêbado sentado no mesmo banco. - E então Jesus, falou o padre frisando bem os números, com somente CINCO pães, alimentou e saciou a fome de CINCO MIL seguidores. Lançou um olhar vitorioso para o bêbado e ouviu este comentário em voz bem alta: - Também não é vantagem nenhuma, HIC... com a sobra do ano passado, até eu. 85 Santidade verdadeira Autor desconhecido Havia um eremita que morava numa caverna do deserto e cujo único alimento consistia em raízes, avelãs e um pouco de pão que os camponeses lhe davam. - Amanhã vai até a cidade mais próxima e no mercado encontrarás um palhaço fazendo truques e provocando o riso das pessoas. Ele é o homem que procuras. Ele passava o dia inteiro rezando e lendo as Sagradas Escrituras, e a cada hora da noite ele se levantava e fazia uma breve oração, pois desejava levar uma vida aceitável para Deus e ser um santo verdadeiro - um dos maiores e melhores que já se viu no mundo. O eremita ficou surpreso e humilhado, pois suspeitava que não houvesse alguém melhor que ele. Mas fez o que lhe foi dito, e na praça pública achou um homem que tocava primeiramente uma música, depois entoava uma canção, em seguida fazia uns truques de mágica, e por fim passava o chapéu. Finalmente, quando envelheceu, tendo-se mantido fiel em suas orações, jejuns e vigílias por muitos anos, pediu ao Senhor que lhe mostrasse o progresso obtido na vida espiritual. - Oh, Deus ! - rogou. - Mostraime alguém que tenha conseguido maior santificação que eu, e assim poderei ver como melhorar a minha vida. E imediatamente sua prece foi atendida. Um anjo vestido de branco veio até ele e disse: O eremita o observou com desgosto, mas, terminada a apresentação, levou-o a uma pequena distância e perguntoulhe se fora sempre um palhaço, o que fizera de bom, e que orações e penitências teria feito para tornar-se amado por Deus. O sorriso no rosto do palhaço desapareceu, e ele disse: - Não façais troça de mim, santo pai. Envergonho-me ao confessar que esqueci como se 86 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII reza. Nem me recordo de ter feito alguma caridade. Tudo que faço é tocar minha flauta, rir e cantar por uns poucos trocados, mesmo quando meu coração está triste. Mas o eremita não quis aceitar essa resposta, pois o anjo lhe dissera que o palhaço era mais santo que ele. Então insistiu: - Lembra-te! Alguma vez deves ter feito algo grandioso em nome de Deus. Mas o menestrel falou: - Não, não consigo lembrar nada de bom que tenha feito. Nunca mereci nenhuma glória de Deus ou do homem. - Mas - insistiu o eremita sempre foste um vagabundo? Sempre um mendigo, como és agora? - Oh, não - disse. - Vou contarte como fiquei pobre. Há alguns anos, quando eu era jovem, acabara de receber minha parte na propriedade de meu pai, na longínqua cidade onde morava, quando vi uma mulher à beira da estrada, cansada e chorando, como que perseguida por inimigos. Perguntei-lhe o que houve, e ela disse que seu marido e filhos haviam sido vendidos como escravos por uma dívida. Não só estava desabrigada e pobre como homens maus queriam levá-la como escrava também. É claro que não havia nada a fazer senão comprar sua liberdade e a de sua família, o que levou todo o dinheiro que eu tinha. Isto explica minha pobreza. Não houve mérito algum nisso. Qualquer um faria o mesmo, e eu já havia quase esquecido. O eremita, então, entendeu por que o Senhor considerou o palhaço mais santo que ele. 87 - Toda a minha vida me esforcei pela minha salvação, e os homens me chamavam de santo. Mas este pobre flautista, por uma boa ação, posicionouse muito à frente na corrida para o Céu. Ele pode esquecer o que fez, mas Deus não. Então o eremita voltou para sua caverna, um pouco mais triste, porém mais sábio, pois sabia agora que a verdadeira santidade não poderia ser egoísta. Acrescentou em suas orações e jejuns o desejo de ajudar aos outros da maneira que pudesse, mas ainda vivia sozinho em sua caverna. Dez anos depois, tornou a rogar a Deus que lhe mostrasse alguém mais santo que ele, para que pudesse imitálo em sua retidão. Então o anjo veio, como antes, e disse-lhe que numa pequena fazenda ali por perto moravam duas mulheres, e nelas poderia encontrar duas almas que lhe mostrariam o apelo superior do dever e da santidade. E ele empreendeu a segunda peregrinação. Quando chegou à fazenda, as duas mulheres o receberam com alegria. Estavam honradas em receber a vi- sita de um santo tão perfeito. Sua fama chegara antes. Elas lhe trouxeram comida e bebida, e o receberam tão fartamente quanto lhes permitiam suas pequenas provisões. O eremita, porém, mal podia esperar para descobrir delas o segredo de sua aceitabilidade para com Deus; portanto, perguntou-lhes de suas vidas. - Não temos história - disseram. - Sempre trabalhamos duro na casa e no campo, com nossos maridos. Temos filhos amados de quem devemos cuidar. Sofremos pobreza, doenças e mortes, mas assim são todas as famílias, pois não somos diferentes dos demais. - Sim, mas... - disse o eremita ...e suas boas ações? O que têm feito para Deus? - Ora, nada! - disseram. - Não temos dinheiro para dar. Somos pobres. Não temos tempo para fazer muito por outras pessoas, pois nossas famílias nos mantêm ocupadas de manhã à noite, mas somos muito felizes e contentes. Apesar de todos os questionamentos, o monge não conseguiu obter nenhuma resposta, por isso desistiu. E partiu desa- 88 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII pontado, quando pensou em passar numa casa vizinha e ali perguntar sobre as duas mulheres. - Ora - disseram - são as melhores pessoas que já existiram. Moram aqui há vinte e cinco anos e ninguém ouviu qualquer animosidade delas; e passaram por muitos sofrimentos, isso sim! Elas se importam com seus próprios problemas e recebem a todos com palavras doces e um sorriso agradável. Então uma luz imensa pareceu abrir a mente do eremita. Ele viu quantas maneiras existem para servir a Deus. Alguns O servem em igrejas e celas reclusas através de glórias e oração. Alguns O servem nas estradas, ajudando estranhos em necessidade ou desespero. Outros vivem na fé e na ternura de lares humildes, trabalhando, educando os filhos, mantendose alegres e gentis. Outros mais suportam a dor pacientemente, pela graça de Deus. Infinitas são as maneiras, que somente o Pai Celestial vê. E o eremita pensou: «Tenho vivido sozinho todos esses anos, controlando meu temperamento, sendo paciente e cordato. Mas poderia ter feito o mesmo com as preocupações de uma vida em família? Posso viver com muito pouco, mas como estaria na pobreza quando outros sofrem além de mim? A fadiga e o desgaste de ganhar o pão para outrem talvez fosse demais para mim. Agora sei o que Deus queria me dizer. É mais difícil ser um santo em casa que num deserto, e para aqueles que, com muita fé, seguiram o caminho mais árduo é maior o crédito. Talvez tenha sido um erro egoísta de minha parte pensar que o deserto seria o único lugar de santificação quando a vida comum teria me fornecido tudo que eu poderia pedir - espaço para abnegação e uma estrada que me levasse diariamente um pouco mais para perto de Deus. Muitos são os modos de servir a Deus, mas todos implicam o amor ao próximo. Muitas são as maneiras de responder ao chamado do Senhor, mas todas são exigentes com suas alegrias e cruzes. Diversos são os caminhos que levam à santidade, mas em todos eles devemos abrir-nos à ação divina que se revela naqueles que caminham conosco. Animados pelo Espírito Santo e seguindo o exemplo de Jesus Cristo, saibamos escolher e ajudar outros a optar pelo caminho que o Pai propõe a cada um. 89 Pérolas Que estas «Pérolas» sejam muito úteis no seu caminhar... Amar é mudar a alma de casa. - Mário Quintana A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil e o escrever dá-lhe precisão. - Francis Bacon A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade. - Arthur Schopenhauer As injúrias são as razões dos que não têm razão. - Jean-Jacques Rousseau Se uma palavra dita ao tempo vale uma moeda, o silêncio, em seu tempo, vale duas. - Do Talmude A persistência é irmã da excelência. Uma é questão de qualidade; a outra, questão de tempo. - Marabel Morgan Poucos são os que nunca tiveram uma oportunidade de alcançar a felicidade - e menos ainda os que aproveitaram esta oportunidade. - André Maurois Não há dever tão esquecido quanto o dever de ser feliz. - Robert L. Stevenson Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um pouco de razão na loucura. - Friedrich Nietzsche No momento em que você tem seus próprios filhos, perdoa tudo a seus pais. - Susan Hill Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está passando inultimente. - Érico Veríssimo Jamais se desespere em meio às mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda. - Provérbio Chinês Nunca bata uma porta; você pode querer voltar. - Provérbio Espanhol O que depois de vencer se vinga, é indigno da vitória. - Voltaire O amor é a asa veloz que Deus deu à alma para que voe até o céu. - Michelangelo Buonarotti O medo é o pior dos conselheiros. - Alexandre Herculano Permita-se guardar uma alegria. Estenda as mãos e apanhe-a quando ela passar. - Carl Sandburg A literatura é sempre uma expedição à verdade. - Franz Kafka 90 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII As pessoas mudam e esquecem de avisar os outros. - Lilian Hellman Uma alegria compartilhada se transforma em dupla alegria; uma dor compartilhada, em meia dor. - Provérbio Sueco Para escrever só existem duas regras: ter algo a dizer e dizê-lo. - Oscar Wilde Aprender sem pensar é inútil; pensar sem aprender, perigoso. - Confúcio O sonho e a esperança são os dois calmantes que a natureza concede ao homem. - Frederico I A felicidade é o subproduto do esforço de fazer o próximo feliz. - Greta Palmer Quem vive sem loucura não é tão sábio quanto pensa. - La Rochefoucauld Reuniões são indispensáveis quando não se quer fazer nada. - John Kenneth Galbraith Em seus tratos com o homem, o destino jamais liquida suas contas. - Oscar Wilde Só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos, conservar os velhos. - Elmer G. Letterman Um livro é um pássaro com mais de cem asas para voar. - Ramon Gomez de la Serna Não devemos esperar pela inspiração para começar qualquer coisa. A ação sempre gera inspiração. A inspiração quase nunca gera ação. - Frank Tibolt O que é a vida sem um sonho? - Edmond Rostand O oposto da vida não é a morte, é a indiferença. - Erik Wiesel Dificuldades reais podem ser resolvidas; apenas as imaginárias são insuperáveis. - Theodore N. Vail Amar a humanidade é facil. Difícil é amar o próximo. - Henry Fonda Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão. - Benjamim Franklin Chegará o dia em que talvez as máquinas pensem, porém elas nunca terão sonhos. - Theodor Heuss O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos. - Eleanor Roosevelt A verdadeira viagem se faz na memória. - Marcel Proust Às vezes é bom acreditar na evolução e pensar que o homem ainda não está concluído. - John M. Henry 91 Charadas e pegadinhas 1. O que é que quando está para baixo está cheio, e quando está para cima está vazio? 11. O que é, o que é... com a cabeça fica mais baixo e sem a cabeça fica mais alto? 2. O que é que passa na frente do sol e não faz sombra? 12. Ia eu a pé para a feira. Durante o caminho encontrei 7 pessoas. Cada pessoa levava 7 sacos, cada saco tinha 7 gatos, cada gato tinha 7 pulgas. Quantas pessoas iam para a feira? 3. O que é que ninguém pode ver mas está sempre na nossa frente? 4. O que é que sempre aumenta, nunca, mais nunca diminui? 5. O que é que é torto e se finge de morto para pegar os vivos? 6. O que é que você segura com a mão esquerda e não consegue agarrar com a direita? 7. Quem tem o maior chapéu do mundo? 8. O que é que nasce a socos e morre a facadas? 13. Um explorador que estava preparando o jantar decide dar uma saída deixando os alimentos no fogo; anda 5 km para o sul, depois 3,5 km para o leste e depois 5 km para o norte, retornando assim ao acampamento onde se depara com uma surpresa: um urso havia invadido o mesmo e estava acabando com seu jantar. Qual a cor do urso? 9. Um carro vinha correndo na estrada. Primeiro, atropelou um porco. Depois, um boi e, em seguida, bateu de frente com um trem. Qual a moral da história? 14. O que é que se pode encontrar debaixo do tapete de um manicômio? 10. Quem é que pode levar 100 homens para São Paulo em um único automóvel? 16. O Flamengo e oGrêmio terminaram o jogo em 0 x 0. Quem fez o gol? 15. Por que a abelha morreu eletrocutada? 17. Você sabe como se faz para ganhar dinheiro de um trouxa? 1. O chapéu. 2. O vento. 3. O futuro. 4. A idade. 5. O anzol. 6. O cotovelo direito. 7. O dono da maior cabeça. 8. O pão. 9. Um é porco, dois é boi, trem é demais. 10. Qualquer um pode, desde que faça muitas viagens. 11. O travesseiro. 12. Apenas 1 pessoa ia à feira (eu). Ela encontrou o restante do pessoal no caminho, e isso não significa que eles estavam indo à feira. 13. O urso é de cor branca porque, para o explorador fazer aquele percurso e voltar ao ponto de partida, só poderia se encontrar no polo norte e a cor dos ursos polares é branca. 14. Um doido varrido! 15. Porque pousou em uma rosa choque! 16. A Volkswagen. 17. Dá um real que eu te explico! Respostas das charadas e pegadinhas 92 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII Curiosidades A frase em inglês “The quick brown fox jumps over the lazy dog” (A rápida raposa marron salta sobre o cachorro preguiçoso) utiliza todas as letras do alfabeto e foi criada pela Western Union para testar as suas máquinas de telégrafo. “Agüenta, vagabundo” é o hino oficial do estado de Ohio, EUA. A biblioteca da Universidade de Indiana afunda 2 cm por ano porque, quando foi construída, os engenheiros esqueceram-se de incluir o peso dos livros no cálculo das fundações. A Escócia é o país com mais pessoas de cabelo ruivo. Cerca de 14% da população tem o cabelo alaranjado. Na Irlanda, a percentagem de pessoas de cabelo ruivo é de 11%. Robert Wadlow foi o homem mais alto da história. Nasceu em 1918 e cresceu até aos 2,70m de altura. Quando os conquistadores ingleses chegaram à Austrália, assustaram-se ao ver uns estranhos animais que davam saltos incríveis. Imediatamente chamaram um nativo (os aborígenes australianos eram extremamente pacíficos) e perguntaram qual era o nome do bicho. O índio repetia sempre “Kan Ghu Ru”, e portanto adaptaram-no para o inglês, “kangaroo” (canguru). Depois, os lingüistas determinaram o significado, que era muito claro: os indígenas queriam dizer “Não te entendo”. O menor país do mundo é o Vaticano. Há 4.000 anos, na Babilônia, o pai da noiva encarregava-se de, durante um mês após o casamento, fazer uma cerveja à base de mel para o marido da sua filha. Como tinham um calendário lunar, este período era chamado de «honey month» (mês de mel). A expressão evoluiu e tornou-se «honeymoon» (lua de mel). O Oceano Atlântico é mais salgado que o Pacífico. O elefante é o único animal com quatro joelhos. O crocodilo não pode pôr a língua para fora. As borboletas sentem o gosto com os pés e não com a língua. O tubarão é o único peixe que pode piscar os dois olhos. A lula gigante tem os maiores olhos do mundo. O “qua-qua” de um pato não faz eco, e ainda ninguém sabe explicar por quê. Os cangurus não conseguem andar para trás. Os gatos têm cerca de 100 sons vocais, enquanto que os cães só têm 10. Os elefantes não conseguem saltar. Qualquer outro mamífero consegue. Os touros correm mais depressa ladeira acima que ladeira abaixo. O olho de uma avestruz é maior do que o seu cérebro. 93 Humor Os lençóis da vizinha Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranqüilo. Na primeira manhã que os dois passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou através da janela em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido: - Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! O marido observou calado. Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido: - Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal. Passado um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido: - Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, Será que a outra vizinha ensinou??? Porque eu não fiz nada! O marido calmamente respondeu: - Não, querida. É que hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela! Homenagem Certa vez chegou um homem no cartório: - Quero registrar meu filho. - Qual o nome dele? - pergunta a atendente. - Edson. - Tudo bem... Em que dia ele nasceu? - Ele não nasceu ainda. - Mas você só pode fazer a certidão depois que ele nascer! O homem sai dali meio bravo. Depois de duas semanas ele volta. - Quero registrar meu filho! - Qual o nome? - Pelé. - Mas não era Edson? - Não. Edson era antes do nascimento! Quem sou? Jesus estava entre seus seguidores e disse: Alguém dentre vós sabe verdadeiramente quem eu sou? Um deles respondeu: - O Senhor é a manisfestação escatológica das profundezas do nosso ser, a fundação ontológica do contexto do nosso íntimo revelado... E Jesus: - Ooo queee?... Casal apaixonado O casal, depois de uma briga, vinha pela estrada calado. Ao passarem por uma fazenda, viram mulas e porcos. Ele aproveitou: - São parentes seus? - Sim, cunhados! 94 Nº 37 - novembro/2002 - Ano XVIII O terceiro elemento Dois homens trabalhavam com entusiasmo: um cavava buracos e o outro, vindo atrás, os fechava. Um passante estranhou aquela atividade: - Não estou entendendo o trabalho de vocês... Vocês têm certeza de que não há algo errado? - Se alguma coisa está errada, a culpa é do Manoel, que não veio trabalhar hoje. - E quem é o Manoel? - É quem coloca as sementes! Na Austrália Uma mulher corre para ver o médico, parecendo muito preocupada e ansiosa. No consultório, ela suspira. - ‘Doutor, dê uma olhada em mim. Quando eu levantei esta manhã, me olhei no espelho e levei um susto. Meu cabelo estava todo arrepiado e quebradiço. Minha pele estava toda rachada e sem cor. Meus olhos estavam avermelhados e saltados para fora. E meu rosto estava com ar cadavérico. O que está errado comigo, doutor!?’ O médico a avalia por alguns minutos e diz, calmamente:- ‘Bem, posso garantir que não há nada de errado com sua visão…’ Existem três tipos de pessoas no mundo: as que sabem contar os números e as que não sabem. Dois camundongos numa mesa de bar iniciam uma discussão: - ‘Dormi com a sua mãe!’, grita um deles’. As atenções no bar se voltam para o camundongo ofendido, que não reage. - ‘Dormi com a sua mãe!’, repete o primeiro. O outro finalmente responde: - ‘Vá para casa, papai, você está bêbado!’ Voltando da escola: - Mãe, eu não vou à escola amanhã. A professora disse que eu não preciso ir porque ganhei um irmãozinho. - Que bom! Você contou que eu tive gêmeos? - Não, guardei o outro para a semana que vem. Jesus tá te olhando... Numa madrugada qualquer, um ladrão entra pelos fundos de uma casa e começa, em silêncio, a arrombar a porta dos fundos... Logo no início, escuta uma voz sussurrando: - Jesus tá te olhando! O ladrão se assusta, olha para os lados (na penumbra), mas não vê nada... Segue tentando arrombar a porta e escuta novamente a voz: - Jesus tá te olhando! Meio incrédulo, mas com a certeza de ter escutado a frase, olha novamente ao seu redor e nada... Quando reinicia sua “tarefa”, ouve novamente a voz: - Jesus tá te olhando! Dessa vez, ele percebe de onde vem a voz e acende a lanterna, iluminando um canto da área de serviço... Nisso, ele vê um papagaio na gaiola e já aliviado, pergunta: - Ah... é você o Jesus? E o papagaio responde: - Não. Eu sou o Judas. - Judas??? E quem é o louco que bota o nome de Judas em um papagaio? - O mesmo que botou o nome de Jesus no Pitbull. 95 Índice Humildes criaturas, queridas por Deus ........................................................... 2 Pensando e enfrentando o futuro .................................................................... 6 A formação no Juvenato La Salle - Uruará/PA ................................................ 8 Lixo X material .............................................................................................. 12 Pastoral vocacional é!!! .................................................................................. 14 Encontros de vocacionados ........................................................................... 16 O estudo dos jovens teólogos ....................................................................... 19 Prática da teoria pastoral .............................................................................. 21 Seguindo em frente ....................................................................................... 22 «Vida feliz»: Utopia? ..................................................................................... 28 Tempo de formar-se ...................................................................................... 30 A voz - jóia preciosa ...................................................................................... 31 Oração da vida .............................................................................................. 32 Que diferença a vida tem? Onde percebemos na vida as diferenças? ............ 34 Uma forma sincera de amar .......................................................................... 35 Assessor de grupo de jovens: serviço e ministério ......................................... 36 Um pouco da Beira - Moçambique ................................................................ 41 Jovens lassalistas numa terra sem males ..................................................... 47 Agarrar o convite de Deus ............................................................................. 51 Estágio no Hospital de Caridade em Jaguari ................................................. 54 Fala, Senhor! Eu ouvirei tua voz .................................................................... 55 Como nossos pais ........................................................................................ 56 O encanto do canto do sabiá ........................................................................ 58 A ousadia de saber partilhar com alegria ....................................................... 59 Alguém ......................................................................................................... 60 É hora de agradecer ...................................................................................... 61 Aos que sentem-se chamados ...................................................................... 62 A coroa de Nossa Senhora ........................................................................... 63 À vossa proteção... ....................................................................................... 64 «Cento e sessenta milhões em ação» .......................................................... 65 Acreditar e agir .............................................................................................. 67 Globalização ................................................................................................. 68 Um desafio sempre atual ............................................................................... 69 Colóquio internacional da juventude lassalista ............................................... 70 Palestra aos jovens lassalistas ..................................................................... 72 Homens de Deus .......................................................................................... 78 Em nome do amor ........................................................................................ 79 O amor - ICor 13 ........................................................................................... 83 O amor - Poema ........................................................................................... 84 Sabedoria indígena ........................................................................................ 85 Santidade verdadeira ..................................................................................... 86 Pérolas ......................................................................................................... 90 Charadas e pegadinhas ................................................................................. 92 Curiosidades ................................................................................................. 93 Humor ........................................................................................................... 94 ENDEREÇOS PARA OBTER INFORMAÇÕES VOCACIONAIS Irmãos Lassalistas Escolasticado La Salle Cx. Postal, 5.251 72001-970 - Taguatinga - DF Tel.: (61)381.7554 E-mail: [email protected] Comunidade La Salle Rua Bonfim, 2217 - Jd. La Salle 85902-030 - Toledo - PR Tel.: (45)252.7578 E-mail:[email protected] Capa 3 Casa Provincial La Salle Rua Santo Alexandre, 93 Vila Guilhermina 03542-100 - São Paulo - SP Tel.: (11)6958.1444 Postulado La Salle R.Coronel Pedro Dias de Campos, 1094 Vila Matilde 03508-010 - São Paulo - SP Tel.: (11)6653.1163 E-mail: [email protected] Residência Provincial La Salle Rua Honório Silveira Dias, 636 90550-150 - Porto Alegre - RS Tel.: (51)3358.3600 E-mail: [email protected] Escola Vocacional Nossa Senhora de Fátima R. Sergipe, 665 - Vila Ocidental Caixa Postal, 377 99500-000 - Carazinho - RS Tel.: (54)331.1344 E-mail: [email protected] Centro de Formação La Salle Av. Pará, s/nº - Caixa Postal, 1 68140-000 - Uruará - PA Telefax: (91)532.1082 E-mail: [email protected] Comunidade La Salle Rua La Salle, 1557 Centro • Cx. Postal, 71 89900-000 - S. Miguel do Oeste - SC Tel.:(49)622.0382 E-mail: [email protected] Irmãs Guadalupanas de La Salle Comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus Rua Dilermando Pereira de Almeida, 40 - Pinheirinho 81870-110 - Curitiba - PR Tel.: (41)246.2063