1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS LUCELINA DA SILVA ARAÚJO ESTUDO DO POTENCIAL CITOTÓXICO DO VENENO DA SERPENTE Crotalus durissus cascavella EM ADENOCARCINOMA OVARIANO-OVCAR-8. FORTALEZA 2012 2 LUCELINA DA SILVA ARAÚJO ESTUDO DO POTENCIAL CITOTÓXICO DO VENENO DA SERPENTE Crotalus durissus cascavella EM ADENOCARCINOMA OVARIANO-OVCAR-8. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias. Área de Concentração: Reprodução e Sanidade Animal. Linha de Pesquisa: Reprodução e sanidade de carnívoros,onívoros, herbívoros e aves. Orientadora: Profª. Dra. Janaina Serra Azul Monteiro Evangelista FORTALEZA 2012 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3/1070 A663e Araújo, Lucelina da Silva Estudo do potencial citotóxico do veneno da serpente Crotalus Durissus Cascavella em adenocarcinoma ovariano – OVCAR - 8 / Lucelina da Silva Araújo. — 2012. CD-ROM. 71f. il. (algumas color) ; 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)”. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária, Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Fortaleza, 2012. Área de concentração: Reprodução e Sanidade animal. Orientação: Profa. Dra. Janaina Serra Azul Monteiro. 1. Crotalus Durissus Cascavella. 2. Veneno. 3. Citotóxidade. 4. Apoptose. I. Título. CDD: 636.089 4 5 Dedico, Ao meu esposo, Hudson Rocha por todo apoio, amor e paciência. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus e a Nossa Senhora por estarem presentes em cada segundo da minha vida me dando força, proteção e coragem para continuar. À Universidade Estadual do Ceará (UECE) e ao Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) e a Faculdade de Veterinária (FAVET) pela capacitação profissional que me proporcionaram. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo incentivo concedido na forma de bolsa de estudo, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) pelo auxílio financeiro dessa pesquisa. À Universidade Federal do Ceará (UFC), em especial ao Laboratório de Oncologia Experimental (LOE) por ter disponibilizado a sua estrutura física para a realização da parte experimental deste projeto. Em especial, a Professora Dra. Letícia Veras Costa Lotufo por autorizar a realização de nossos experimentos, ao Dr. Danilo Rocha, que me orientou de forma brilhante durante a realização dos testes laboratoriais e por todos os ensinamentos transmitidos nesse período. Ao professor Dr. Diego Wilke pela iniciativa e auxilio no início da execução dos experimentos e a todos os que fazem parte desta equipe que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste projeto. Ao Dr. Daniel Viana, pelo auxílio na leitura das lâminas e belíssimo laudo emitido após sua atenção e disponibilidade. À Dra. Diva Nojosa, do Núcleo Regional de Ofiologia da Universidade Federal do Ceará – NUROF-UFC por ter gentilmente cedido o veneno para realização dos experimentos. À minha querida orientadora, Dra. Janaina Serra Azul Monteiro Evangelista, por ter me acolhido e me orientado, sempre me fornecendo apoio acadêmico e moral, por todos os conhecimentos transmitidos e por toda a ajuda concedida em todos os momentos que precisei. Muito obrigada pela amizade e pela confiança que depositou em mim, que seja o início de uma longa caminhada! 7 Aos mestres que passaram por mim ao longo do meu crescimento acadêmico, pelos ensinamentos não só para minha vida profissional, mas para o meu dia a dia, em especial a minha eterna orientadora Dra. Nilza Dutra Alves. À professora Dra. Lúcia de Fátima (querida professora Lucinha) pelos ensinamentos, pelo carinho, atenção e principalmente pelas palavras de apoio e reconhecimento. Aos colegas e amigos de laboratório que me receberam no HISTOVESP, Magna Matos, Duanny Murinelly, André Figueiredo, Júnior Félix, Renato Pinheiro, Deborah Queiroz, Karen Denise, Jorge Luis, Raquel Colares, Keyttyanne Sampaio, Amanda Brito, Jéssica Nóbrega, Celito Filho, Davi Rocha, Glayciane Bezerra, Douglas Varela, D. Zirlene, em especial a minha querida Anna Sérgia, meu braço direito durante esses dois anos de trabalho, a Nathalia Santiago e a Wanessa Rodrigues pela amizade e palavras de conforto e amor. Aos professores do PPGCV, pelo conhecimento e experiência compartilhados. Aos colegas do curso de mestrado por todos os momentos divertidos e por todo o apoio que tive de vocês. Aos funcionários do programa, Adriana Albuquerque e aos demais funcionários por toda a ajuda e suporte em todos os procedimentos acadêmicos. Aos meus amigos que não pertencem ao “mundo acadêmico”, pelos momentos de descontração e por todo o apoio que obtive de vocês, principalmente, nos períodos mais estressantes. A minha família que me apoiou ao longo destes anos, compreendendo as minhas ausências e me dando força para continuar. Principalmente ao meu esposo Hudson Rocha pela paciência, pelo amor, dedicação e confiança. Aos meus pais, Angela Maria e Paulo Araújo pelo amor incondicional e educação transmitidos a mim. Ao meu irmão amado Paulo Filho, pelo companheirismo e brincadeiras. Finalmente, agradeço a todos que aqui não foram citados, mas ajudaram direta ou indiretamente para que essa dissertação fosse feita. 8 RESUMO Nas últimas décadas o câncer alcançou grande dimensão, sendo considerado um problema de saúde publica a nível mundial, representando uma das principais causas de morte no mundo. As serpentes do gênero Crotalus vêm ganhando espaço significativo no campo científico, pois pesquisas realizadas com seu veneno estão demostrando que este apresenta mecanismos envolvidos em atividades citotóxicas em linhagens tumorais. Logo, o objetivo deste trabalho foi analisar o efeito citotóxico do veneno bruto da serpente Crotalus durissus cascavella (Cdcasca), in vitro, em linhagens tumorais, bem como, os mecanismos de morte celular induzidos por este veneno. Os efeitos citotóxicos da Cdcasca foram avaliados nas linhagens de carcinoma ovariano, carcinoma de próstata, carcinoma de mama e glioblastoma. Foram realizados também avaliação de alterações no DNA, integridade da membrana celular, ciclo celular e atividade das Caspases 3 e 7. Os resultados demostraram relevante citotoxicidade apresentando valores de CI50 de 2.4 até 6.7 µg/mL, para as cinco linhagens testadas. As células tratadas com o Cdcasca demostraram alterações morfológicas de forma dosedependente, apresentando redução no volume celular, fragmentação nuclear e formação de corpos apoptóticos. A atividade anti-proliferativa e integridade de membrana celular foi confirmada, com uma significante redução do número de células para a concentração do veneno de 4 μg/mL. A ocorrência de apoptose foi confirmada através da ativação de Caspases 3 e 7. Em conclusão, o veneno da Crotalus durissus cascavella demostrou efeito citotóxico dose-dependente em diversas linhagens tumorais, demonstrando diversas alterações morfológicas em especial as células de linhagem de carcinoma ovariano, causando morte celular. Palavras chave: Crotalus durissus cascavella. Veneno. Citotoxicidade. Apoptose. 9 ABSTRACT In the last decades cancer has reached a great dimension being considered a worldwide public health problem, representing a major cause of death in world. Snakes from the genus Crotalus has gained significant space in the scientific field, since researches with their venom show that its mechanisms are involved in the cytotoxic activity.Therefore, the aim of the present study was to analyze the crude venom of Crotalus durissus cascavella (Cdcasca) cytotoxic activity in vitro against tumor cell lines, as well as, the mechanism of cell death induced by this venom. . The cytotoxic effects of Cdcasca were evaluated on ovarian cell carcinoma, prostate carcinoma, breast carcinoma and glioblastoma. Evaluations to DNA fragmentation, cell membrane integrity, cell cycle and the activity of Caspases 3 and 7 were also present in this study. Results showed relevant cytotoxicity presenting values of CI50 of 2.4 to 6.7 µg/mL on the five lineages tested. The cells treated with Cdcasca showed morphologic alterations in a dosedependent way, presenting reduction on the cell volume, nuclear fragmentation and presence of apoptotic bodies. The antiproliferactive activity and the membrane integrity were confirmed, with a significant reduction of the number of cells to the concentration of the venom of μg/mL. The occurrence of apoptosis was confirmed trough the activation of Caspases 3 and 7. In conclusion, the venom of Crotalus durissus cascavella showed a dose-dependent cytotoxic effect in several tumor cell lines, presenting several morphological alterations, especially to the ovarian cell carcinoma, causing cell death. Keywords: Crotalus durissus cascavella. Venom. Cytotoxicity. Apoptosis. 10 LISTA DE FIGURAS Revisão de literatura Figura 1. Serpente Crotalus durissus cascavella............................................................ 19 Figura 2. Morte celular por apoptose, imagem adaptada............................................... 27 Figura 3. Fotomicrografia de adenocarcinoma ovariano. Evidenciando formação dos corpos apoptóticos (setas), H.E, aumento de 400x, Motic BA310, Moticam 2000................................................................................................................................ 28 Figura 4. Fotomicrografia de adenocarcinoma ovariano. Evidenciando (A) Cariorrexis; (B) Mitoses atípicas; (C) Sincícios, picnocse. Coloração H.E, aumento de 400x, Motic BA310, Moticam 2000................................................................................................... 31 Figura 5. Imunologia da morte celular por necrose........................................................ 32 Figura 6. Diagrama representativo dos produtos da autofagia e metabolismo de célula cancerígena..................................................................................................................... 33 Capitulo 1 Figure 1. Photomicrographs of OVCAR-8 cells stained with Hematoxilin/Eosin, 400×. Cells were incubated with Cdcasca for 24 h. A: Control; B: Doxorubicin 0.5 μM; C: Cdcasca 1.0 μg/mL; D: Cdcasca 2.0 μg/mL; E: Cdcasca 4.0 μg/mL. Black arrow: cell membrane blebbing; White arrow: atypical mitosis; Black dashed arrow: Nucleus fragmentation; White dashed arrow: membrane damage and pyknosis………………. 55 Figure 2. Confocal (Zeiss LSM 710) images of OVCAR-8 cells stained with DAPI, 400×. Cells were incubated with Cdcasca for 24 h. A: Control; B: Doxorubicin 0.5 μM; C: Cdcasca 1.0 μg/mL; D: Cdcasca 2.0 μg/mL; E: Cdcasca 4.0 μg/mL. White arrow: atypical mitosis; White dashed arrow: Nucleus fragmentation……….......................... 56 Figure 3. Effect of Cdcasca on OVCAR-8 cell membrane integrity (A) and cell number (B) determined by flow cytometry, using propidium iodide after 24 h incubation. The negative control was treated with the vehicle saline (Control). Paclitaxel (Ptx) at 0.05 11 µM was used as the positive control. Data are presented as mean values ± S.E.M. of three independent experiments performed in triplicate. *p<0.05 compared to the negative control by ANOVA followed by Dunnett’s test.............................................. 57 Figure 4. Effect of Cdcasca on caspases 3,7 determined by flow cytometry, after 24h incubation. The negative control was treated with the vehicle saline (Control). Doxorubicin (Dox) at 0.5 µM was used as the positive control. Data are presented as mean values ± S.E.M. of three independent experiments performed in triplicate. *p<0.05 compared to the negative control by ANOVA followed by Dunnett’s test…. 58 12 LISTA DE TABELAS Revisão de literatura Tabela 1: Estimativas para o ano de 2012 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e de número de casos novos por câncer, segundo sexo e localização primária* no Brasil.......................................................................................................................... 36 Tabela 2: Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo, exceto pele não melanoma* no Brasil............................................ 36 Capitulo 1 Table 1. Cytotoxic activity of Cdcasca on tumor cell lines…........................................ 59 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AA Ácido araquidônico ATP Adenosina trifosfato Bcl-2 Família de proteínas envolvidas no processo de morte celular Cdcasca Crotalus durissus cascavella cFLA2 Enzimas citosólicas como as fosfolipases A2 CHO-K1 Linhagem celular de carcinoma ováriano Crotoxina A Fração ácida da Crotoxina (Crotapotina) Crotoxina B Fração básica (Fosfolipase A2) Cvxα e Cvxβ Convulxina tipo α e β. DAPI Dihidrocloreto de 4',6-diamidino-2-fenilindole DMSO Dimethyl sulfoxide (Dimetil sulfóxido) GH3 Linhagem celular de adenoma benigno de pituitária H.E. Corante hematoxilina e eosina. HL-60 Linhagem celular de leucemia promielocítica humano IAP Inibidor da proteína de apoptose CI50 Concentração Inibitória Média capaz de provocar 50% do efeito máximo IL-6 Interleucina-6 INCA Instituto Nacional do Câncer LAO L-amino-oxidase LOE Laboratório de Oncologia Experimental 14 MCF-7 Linhagem celular de carcinoma mamário humano MTT Sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-H-brometo de tetrazolium MX-1 Linhagem celular de carcinoma mamário humano NaCl Cloreto de sódio NaHCO3 Bicarbonato de sódio NCI National Cancer Institute OMS Organização Mundial da Saúde OVCAR-8 Linhagem celular de adenocarcinoma ovariano humano PC-3M Linhagem celular de carcinoma de próstata humano PI Iodeto de Propídio PLA2 Fosfolipase A2 ROS Espécies reativas de oxigênio RT2 Linhagem celular de glioblastoma humano SF-268 Linhagem celular de glioblastoma humano SKOV3 Linhagen celular de carcinoma ovariano humano TBS Tampão Tris TNF-α Fator de necrose tumoral- α Tumor Ehrlich Adenocacinoma mamário TXA2 Tromboxano A2 WHO World Health Organization 15 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 16 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 18 2.1. Aspectos Gerais e Epidemiológicos do Gênero Crotalus............................ 18 2.2. Constituintes do veneno da espécie Crotalus durissus................................ 19 2.2.1. Crotoxina e suas subunidades....................................................... 19 2.2.2. Crotamina..................................................................................... 21 2.2.3. Convulxina.................................................................................... 22 2.2.4. Giroxina........................................................................................ 22 2.2.5. Peptídio natriurético..................................................................... 23 2.3. Estudo da atividade citotóxica do veneno do Gênero Crotalus e suas frações................................................................................................................. 24 2.4. Morte celular............................................................................................... 26 2.4.1. Apoptose ...................................................................................... 27 2.4.2. Necrose ........................................................................................ 30 2.4.3. Autofagia...................................................................................... 32 2.5. A importância do estudo sobre o câncer...................................................... 33 3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 38 4. HIPÓTESE CIENTÍFICA....................................................................................... 39 5. OBJETIVOS............................................................................................................. 40 5.1. Objetivo geral.............................................................................................. 40 5.2. Objetivos específicos……………………………………………………... 40 6. CAPÍTULO I - Cytotoxic effect of Crotalus durissus cascavella venom in tumor cell lines.…………………………….…………………..…………………………….. 41 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 60 8. PERSPECTIVAS...................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 62 16 1. INTRODUÇÃO As serpentes do Gênero Crotalus tem ganhado importante espaço no campo científico, visto que em algumas décadas seu veneno vem sendo alvo de pesquisadores devido sua constituição e o efeito que essas substâncias podem causar. No Brasil elas são representadas por apenas uma espécie, a Crotalus durissus, e classificadas nas subespécies Crotalus durissus terrificus, Crotalus durissus collilineatus, Crotalus durissus cascavella, Crotalus durissus ruruima, Crotalus durissus marajoensis, observadas de forma específica em diferentes localidades do país (PINHO & PEREIRA, 2001). Alguns autores reconhecem uma sexta subespécie no território brasileiro, a Crotalus durissus trigonicus, encontrada em algumas regiões de Roraima e na savana de Rupununi na Guiana (CAMILLO, 1998; AUTO, 1999; RATELSLANGEN, 2010). O veneno de diversas espécies exercem efeitos em quase todas as células e tecidos do organismo humano e suas propriedades farmacológicas podem ser determinadas de acordo com a quantidade de constituintes específicos e biologicamente ativos, presentes nessas substâncias. A natureza proteinácea desses venenos foi estabelecida em 1843 por Lucien Bonaparte (BON, 1997). Atualmente considera-se que cerca de 90 a 95 % do peso seco dos venenos ofídicos têm propriedade protéica, e são estas proteínas as responsáveis por quase a totalidade dos efeitos biológicos encontrados. A peçonha da Crotalus apresenta-se como um complexo tóxico-enzimático, onde são encontradas as enzimas fosfodiesterase, L-amino-oxidase, 5-nucleotidase e toxinas como a crotoxina, convulxina, crotamina e giroxina (RANGEL-SANTOS et al., 2004). Estudos realizados por Soares et al (2010) e Tamieti et al. (2007) testaram o veneno da espécie Crotalus durissus em linhagens tumorais, verificando sua ação citotóxica e atividade antitumoral. As neoplasias malignas expressam características anormais devido a padrões alterados de expressão gênica nas células cancerosas em decorrência de alterações genéticas, Da Silva e colaboradores (2002) observaram a ação do veneno da Crotalus durissus terrificus e da Bothrops jararaca diretamente sobre as células do tumor de Ehrlich (Adenocacinoma mamário). 17 Grandes avanços nas pesquisas com toxinas e enzimas ofídicas desenvolveramse nos últimos trinta anos com o advento das análises da estrutura bioquímica, principalmente dos venenos elapídicos, em consequência de sua maior letalidade. O veneno da espécie Crotalus durissus tem demonstrado atividade tanto em linhagens tumorais, como em atividade antitumoral (in vitro e in vivo), sendo testado em sua forma original, veneno bruto, bem como em suas frações isoladas (SOARES et al., 2010). A crotoxina está presente como principal componente do veneno do gênero Crotalus, sendo necessário ressaltar que de acordo com as subespécies, contidas neste gênero, existem diferenças no potencial de atividade do veneno. De acordo com Rangel e colaboradores (2004) mesmo com um perfil eletroforético semelhante nas subespécies Crotalus durissus cascavella, Crotalus durissus collilineatus e Crotalus durissus terrificus, existem diferenças em suas atividades, talvez relacionadas à existência de isoformas dessa proteína. Em vista disso, torna-se relevante estudar os efeitos citotóxicos do veneno da subespécie Crotalus durissus cascavella, frente às linhagens tumorais direcionando-se a entender seus efeitos biológicos e mecanismo de ação. 18 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Aspectos Gerais e Epidemiológicos do Gênero Crotalus As serpentes possuem grande importância tanto na cadeia ecológica, como na área biomédica. Pesquisas realizadas com os venenos por elas produzidos têm se intensificado, uma vez que suas frações enzimáticas-protéicas vêm sendo usadas na fabricação de medicamentos. Destacando a anatomofisiologia da família Viperidae, estas serpentes apresentam grande especialização no crânio, o que justifica a extrema mobilidade da maxila e outros ossos da cabeça, conformação que favorece a efetividade nos ataques desses animais e possibilita a inoculação do veneno durante seus botes . O veneno dessas serpentes é produzido por duas glândulas especiais localizadas na cabeça, atrás e abaixo dos olhos, que são glândulas salivares modificadas, onde a saliva é a própria toxina. Elas possuem reservas para vários botes seguidos, sendo que, uma vez totalmente extraído o veneno ou secreção, as glândulas só voltarão a estar totalmente cheias após duas semanas (SANTOS, 1995). As serpentes do gênero Crotalus tem a seguinte distribuição e são classificadas nas seguintes subespécies: Crotalus durissus terrificus, encontrada nas regiões sul oriental e meridional; Crotalus durissus collilineatus, distribuídas nas regiões secas do Centro-Oeste, em Minas Gerais e no norte de São Paulo; Crotalus durissus cascavella (Figura 01), encontrada nas áreas de caatinga da região Nordeste; Crotalus durissus ruruima, observada na região Norte; Crotalus durissus marajoensis, observada na Ilha de Marajó; e a Crotalus durissus trigonicus, encontrada em algumas regiões de Roraima (PINHO; PEREIRA, 2001; RATELSLANGEN, 2010). O veneno crotálico apresenta-se como um complexo tóxico-enzimático de várias substâncias, dentre as enzimas podemos destacar fosfodiesterase, L-amino oxidase, 5nucleotidase e o fracionamento destas revela as seguintes toxinas: crotoxina, crotamina, giroxina, convulxina e proteinases séricas, como crotalocitina, trombocitina e enzimas trombina-like (identificadas como proteases séricas são capazes de degradar cadeias de fibrinogênio, induzindo a agregação plaquetária). (RANGEL-SANTOS et al., 2004; FONSECA, et al., 2006; SPINOSA, 2008) 19 Figura 01: Imagem ilustrativa da serpente Crotalus durissus cascavella. Fonte: http://www.biologados.com.br/especiais/instituto_butantan_turismo 2.2. Constituintes do veneno da espécie Crotalus durissus 2.2.1. Crotoxina e suas subunidades A Crotoxina principal polipeptídeo presente no veneno crotálico foi isolada inicialmente por Silva (1982) na subespécie Crotalus durissus terrificus, este autor destacou que este componente correspondia a 68% do peso total do veneno. De Acordo com Hendon (1971) a crotoxina é um β-neurotoxina que tem duas subunidades, uma ácida, a crotapotina (crotoxina A) e outra básica, a fosfolipase A2 (crotoxina B). A crotapotina tem sua acidez justificada pela composição de aminoácidos: 12 resíduos de aspartato/asparagina e 14 de glutamato/glutamina versus 2 resíduos de lisina e 2 de arginina. A fosfolipase A2 crotálica contém 11 resíduos de aspartato/asparagina e 10 de glutamato/glutamina versus 11 resíduos de lisina e 12 de arginina, caracterizando seu caráter básico. A crotapotina e a fosfolipase A2 são ricas em cistina, contendo 7 e 8 pontes dissulfídicas respectivamente. As duas subunidades formam a crotoxina, um complexo molar de proporção 1:1 (BREITHAUPT et al., 1974; SPINOSA, 2008). Variações interespecíficas e intraespecíficas foram descritas para o complexo crotoxina. As variações interespecíficas estão relacionadas com diferenças desse componente nas diversas subespécies das serpentes e as variações intraespecíficas diferem na combinação das isoformas das subunidades A e B, as quais possuem potência e atividade biológica diferentes em uma subespécie específica (PEREAÑEZ et al., 2009). 20 A crotapotina (crotoxina A) não possui a toxicidade e a atividade enzimática da crotoxina, mas potencializa a sua toxicidade. Essa potencialização é explicada pelo fato de que, quando associado ao componente B (PLA2), o componente A (crotapotina) previne a ligação da PLA2 a sítios de baixas especificidades e afinidade, direcionando a PLA2 a se ligar a sítios de receptores de membrana (pós-sináptica) de alta especificidade e alta afinidade, o que potencializa a toxicidade da crotoxina. Esses sítios de alta especificidade podem ser receptores colinérgicos ou componentes da membrana fortemente associados a estes (BON et al., 1979). Esses receptores foram denominados como tipo N (neuronal) e M (muscular). Os receptores do tipo N foram os primeiros a serem identificados e estão presentes em grande quantidade nas membranas de cérebro de ratos. Tais receptores ligam-se com alta afinidade às PLA2s neurotóxicas. Os receptores do tipo M foram identificados em músculo esquelético de coelhos (MATSUBARA, 2009). A crotapotina demonstrou outros efeitos como, potencializar edema inflamatório (induzido por carragenina), possuir efeito antimicrobiano contra, principalmente, bactérias Gram-negativas e causar alterações renais, tais como, aumentar a pressão de perfusão renal e a resistência vascular renal em rins perfundidos sem, entretanto, alterar o fluxo urinário e a filtração glomerular, ao contrário da crotoxina (OLIVEIRA, et al., 2003). O veneno da Crotalus durissus cascavella contém pelo menos 4 isoformas de crotoxinas formadas por diferentes combinações de crotapotinas com uma única isoforma de PLA2. Ao contrário do veneno de Crotalus durissus terrificus, que contém 3 ou 4 isoformas de PLA2 (BEGHINI et al., 2000). Os dados supracitados podem servir como indicio para sugerir as diferenças na intensidade de atuação do veneno das diferentes subespécies. A crotoxina é uma β-neurotoxina que possui um efeito tóxico bloqueador póssináptico, diminuindo a ação da acetilcolina e impedindo a despolarização da membrana, e pré-sináptico da liberação de acetilcolina, ou seja, ela bloqueia a transmissão neuromuscular, impedindo a contração muscular estriada esquelética. Ela pode causar uma paralisia dos músculos respiratórios, culminando na morte do envenenado. (BON et al., 1979; GOPALAKRISHNAKONE et al., 1984; RANGELSANTOS et al., 2004; SPINOSA, 2008; MATSUBARA, 2009). O veneno da Crotalus 21 durrissus terrificus e a crotoxina B induzem a expressão protéica de cicloxigenase-2 pelas células endoteliais (MATSUBARA, 2009). A superfamília de PLA2 consiste de um amplo espectro de enzimas definidas pela sua habilidade de catalisar a hidrólise da ligação do centro estérico (posição sn-2) de fosfolipídios (SIX; DENNIS, 2000). Elas conferem à crotoxina uma ação miotóxica por atuarem clivando fosfolipídios em sítios específicos de membranas de fibras musculares estriadas esqueléticas sensíveis à PLA2, causando mionecrose, com perda de estriação das fibras e degeneração hialina (4-6 horas após a injeção da crotoxina) (GOPALAKRISHNAKONE et al., 1984). As PLA2s induzem a um extravasamento de plasma, sendo capazes de aumentar a permeabilidade microvascular da pele na região dorsal de ratos. Os mecanismos de formação de edema induzido pelas PLA2s envolvem a ativação de fibras sensoriais C, as quais liberam neuropeptídeos, como a substância P, que medeiam efeitos neurogênicos inflamatórios locais (respostas vasoativas) em tecidos inervados e de mastócitos locais (pela substância P), os quais liberam histamina e serotonina (CÂMARA et al., 2003). Fonseca et al. (2006) afirmaram que a crotoxina apresenta duas diferentes atividades enzimáticas (PLA2 e da protease de serina) e dois tipos diferentes de ações biológicas (neurotóxica e coagulante). 2.2.2. Crotamina A crotamina é um polipeptídeo básico, pertencente à família das miotoxinas polipetitídicas básicas, as quais possuem a capacidade de penetração intracelular, através de mecanismos independentes de gasto energético, por interação com proteoglicanos (MATSUBARA, 2009). O efeito miotóxico também é causado pela crotamina, esta fração apresenta atividade sinérgica à da crotoxina, ela atua causando principalmente contrações musculares, dependentes da despolarização da membrana das células musculares estriadas esqueléticas. Esta ação provavelmente é exercida sobre os canais de sódio, pela indução do influxo de cálcio (LOMONTE et al., 2003). Também foi observado que a crotamina interage ativamente com as membranas lipídicas das células, formando vacúolos e demonstrando uma atividade mionecrótica. 22 2.2.3. Convulxina A convulxina é uma toxina de alto peso molecular, pertencente à família das lectinas do tipo C, formada por duas cadeias polipeptídicas (Cvxα e Cvxβ) covalentemente associadas em uma estrutura trimérica (αβ)3. Esta fração já foi isolada das subespécies Crotalus durissus terrificus, Crotalus durissus cascavella e Crotalus durissus collilineatus e consiste em um potente ativador plaquetário. A indução plaquetária provocada por esta toxina pode está relacionada com uma reação dependente de Ca+, iniciada pela ligação da convulxina à glicoproteína Ib (GPIb) (JANDROT-PERRUS, 1997; POLGAR et al., 1997; KANAJI et al., 2003). Matsubara (2009) também descreveu que esta toxina é capaz de agregar e lisar plaquetas, ligandose com alta afinidade a um pequeno número de sítios plaquetários, por mecanismo dependente de cálcio, fibrinogênio e adenosina difosfato. De acordo com Lima et al. (2005) além de induzir a agregação plaquetária ao ligar-se ao receptor GPV1 das plaquetas, ela causa convulsões, alterações respiratórias e circulatórias. Leduc e Bon (1998) clonaram e sequenciaram as duas cadeias da convulxina de Crotalus durissus terrificus. Neste estudo, observou-se uma alta similaridade entre as cadeias α e β, com uma média de porcentagem de identidade de 74%. O sequenciamento das subunidades resultou em cadeias compreendendo 158 e 148 resíduos de aminoácidos para Cvxα e Cvxβ, respectivamente e um peptídeo sinal de 23 resíduos de aminoácidos idênticos para as duas subunidades. Toyama e colaboradores (2001) isolaram e caracterizaram uma proteína semelhante à convulxina da peçonha de Crotalus durissus collilineatus com alta similaridade em relação à convulxina da Crotalus durissus terrificus. 2.2.4. Giroxina A giroxina pertence ao grupo do gênero trombina e foi isolado a partir do veneno da serpente Crotalus durissus terrificus por Raw em 1986, por meio de três passos cromatográficos de purificação (precipitação com sulfato de amônio, cromatografia em Sephadex G-75 e Sepharose-1, 4-butanodiol diglycyl-p-aminobenzamidina). Após análise eletroforética decobriu-se que a giroxina possuia um peso molecular de 34 kDa e 23 um pH 8,0, ótimo para a coagulação do sangue humano (RAW et al., 1986). A giroxina converte o fibrinogênio em fibrina e assim aumenta o tempo de coagulação do sangue (SANO-MARTINS et al., 2001). Além de atuar na coagulação, a giroxina apresenta uma excelente atividade neurotóxica (BARROS et al., 2011). Fonseca e colabradores (2006) descreveram a giroxina apresentando duas frações principais: atividade de trombina-like e L-amino-oxidase (LAO). A LAO é a única oxidase dependente de FAD (Flavina adenina dinucleotídeo) encontrada em veneno de serpentes e sua toxicidade, possivelmente, envolve a geração de peróxido de hidrogênio, produto final da oxidação de L-aminoácidos. A LAO também induz a agregação plaquetária, envolvendo a ativação da PLA2 (TOYAMA et al., 2006). Em estudos mais recentes Barros et al. (2011) verificaram que a giroxina demonstrou um elevado nível de atividade coagulante, com uma dose mínima entre 0,015-0,037µg/µL. Outras atividades da giroxina são a amidásica e a esterásica. (MARTINS et al., 2002) Prado-Franceschi (1990) sugere que esta toxina produz uma síndrome convulsiva peculiar em camundongos, caracterizada por movimentos rápidos de rotação do corpo em torno de seu eixo longitudinal. Estudos posteriores confirmaram sua ação no sistema nervoso central, causando a síndrome labiríntica em camundongos, corroborando os achados anteriores (MATSUBARA, 2009). O estudo desta enzima poderá servir como um modelo molecular interessante para o desenvolvimento de novos fármacos ou agentes terapêuticos (MORAES et al., 2004; FERRARO et al., 2005), principalmente devido a sua resistência aos inibidores de proteinases fisiológicas (MATSUI et al., 2000; SERRANO et al., 2005). 2.2.5. Peptídio natriurético Outro componente importante do veneno é o peptídio natriurético que ao ser isolado da Crotalus durissus cascavella foi capaz de aumentar a pressão de perfusão e a resistência vascular renal em rins perfundidos de ratos. Este componente demonstrou ser capaz de aumentar o fluxo urinário e a filtração tubular renal e diminuir o transporte tubular de sódio e a pressão arterial sistêmica. EVANGELISTA et al. (2008) observaram que este componente do veneno crotálico apresentou efeitos renais e vasculares, com consequente efeito diurético e hipotensor. 24 2.3. Estudo da atividade citotóxica do veneno do Gênero Crotalus e suas frações A diversidade de toxinas e enzimas que constituem os venenos de serpentes pode conferir a estas substâncias a habilidade de interagir com múltiplas integrinas, podendo resultar na inibição da agregação celular, inibição da angiogênese, bem como indução da morte das células tumorais, seja por vias apoptóticas ou necróticas. Russel (1983) em um trabalho de revisão mostra os efeitos de toxinas de veneno de serpentes que se ligam a integrinas e provocam efeitos antiangiogênicos e antitumorais. Células de mamíferos em cultura são importantes ferramentas para avaliar a atividade citotóxica de substâncias com potencial terapêutico (PARKIN et al., 2001) Diversos estudos vêm sendo realizados testando o veneno da espécie Crotalus durissus em linhagens tumorais, testando seu efeito citotóxico, bem como sua atividade antitumoral. Em 2010, Soares et al. verificaram em seus experimentos que células das linhagens de glioblastoma (RT2) e adenoma benigno de pituitária (GH3) quando expostas ao veneno da serpente Crotalus durissus terrificus apresentaram alterações morfológicas como irregularidade de membrana celular, encolhimento celular, condensação nuclear, fragmentação de DNA e formação de corpos apoptóticos, características típicas de apoptose,. Em um outro estudo realizado por Tamieti et al. (2007) o veneno da cascavel induziu apoptose em células tumorais de carcinoma de ováriano de hamster (CHO-K1). Yan e colaboradores (2006) testaram a crotoxina, principal fração do veneno crotálico e demonstram a ocorrência de autofagia e apoptose celular em linhagem de leucemia mieloide crônica (K562), a toxina diminuiu a viabilidade das células, estimulando a autofagia, e também foi constatado alterações da membrana mitocondrial com a liberação de citocromo-c e ativação da caspase-3. No ano de 2007 os mesmos autores repetiram os estudos em outra linhagem celular (MCF-7) de câncer mamário humano, deficientes em caspase-3. Desta vez, o estimulo da autofagia ainda foi observado, assim como a apoptose pela condensação e fragmentação nuclear. A viabilidade celular foi inibida de maneira dose-dependente de acordo com o tempo de exposição. No ensaio realizado por Soares et al. (2010) os testes citotóxicos com a principal fração do veneno, a crotoxina, demonstrou que as linhagens RT2 e GH3, apresentaram 25 alterações morfológicas e degradação de DNA, só que em um menor intensidade. O efeito citotóxico da crotoxina, neste caso, não foi tão intenso como quando comparado ao veneno total, o que levou os autores a acreditarem que a crotoxina pode não ser o único componente envolvido na citotoxicidade do veneno para estas linhagens. Outro componente que vem ganhando destaque nas pesquisas é a PLA2 crotálica. Estudos foram realizados para verificar seus efeitos em varios tipos celulares, como em macrófagos, linfócitos, plaquetas e células neoplásicas (NEWMAN et al., 1993, DONATO et al., 1996, SAMPAIO et al. 2005, YAN et al., 2006 e 2007). Fonseca et al. (2006) testaram tanto a crotoxina como suas subunidades, PLA2 e crotapotina, em plasma humano rico em plaquetas e puderam verificar que na concentração de 20µL a crotoxina demonstrou potente ação para agregação plaquetária, enquanto que suas principais subunidades não foram capazes de apresentar o mesmo potencial ao serem testadas isoladamente. A interação dos dois componentes pode ser um possível indício para este evento ter ocorrido, visto que estudos anteriores relataram que a crotapotina pode agir potencializando a atividade da PLA2. Newman et al. (1993) verificaram uma eficácia na ação antitumoral in vivo, usando uma administração diária de Crotoxina, demonstrando inibição no crescimento em 83% no carcinoma de pulmão de Lewis e uma inibição de 69% em carcinoma mamário humano (MX-1). Uma menor atividade foi observada em células de leucemia (HL-60), inibindo o crescimento em apenas 44%, o que sugere que a Crotoxina pode ter, certa, especificidade para tumores sólidos. Estudos de citotoxicidade de toxinas do veneno da cascavel têm fornecido dados promissores para uma futura utilização destas no tratamento de câncer. Como exemplo pode-se citar o produto natural, VRCTC-310-ONCO, resultante da combinação de duas toxinas da Crotalus durissus terrificus, que se encontra em fase de investigação clínica como um potente agente antitumorigênico (STANCHI et al., 2002). Estudos toxicológicos demonstraram que a administração da concentração antitumoral do veneno da Crotalus durissus terrificus, calculada in vitro (0,016 gμ/mm2 de massa tumoral), em um tumor induzido, não provocou efeitos tóxicos agudos e nenhuma alteração funcional ou histopatológica nos animais tratados (SOARES et al., 2010). Apesar da enorme variabilidade de cânceres, evidências demonstraram que a resistência à apoptose é uma das características mais marcantes da maioria dos tumores 26 malignos (OKADA et al. 2004), o que torna ainda mais importante estudos com estas substâncias, visto que dados revelaram essa possível interferência sobre as vias apoptóticas ou mesmo quando agem ativando outras vias de morte celular, seja por meio da autofagia ou mesmo necrose, como já citado anteriormente. Diversos estudos vêm sendo realizados com o veneno da espécie Crotalus durissus em linhagens tumorais, in vitro e na atividade antitumoral, in vivo, principalmente com a fração crotoxina. Em vista disso, é relevante estudar os efeitos citotóxicos do veneno da subespécie Crotalus durissus cascavella, serpente encontrada nas áreas de caatinga da região Nordeste do Brasil, frente aos efeitos citotóxicos em linhagens tumorais. 2.4. Morte celular O desenvolvimento e a manutenção dos organismos dependem de uma interação entre as células que o compõe. Por exemplo, no desenvolvimento embrionário, muitas células produzidas em excesso são levadas à morte, contribuindo para a formação dos órgãos e tecidos (MEIER et al., 2000). Durante muito tempo, a morte celular foi considerada um processo passivo de caráter degenerativo, ocorrendo em casos de infecções, lesões celulares e ausência de fatores de crescimento e como consequência, a célula altera a integridade da membrana plasmática, aumentando o seu volume e perde suas funções metabólicas (YU et al., 2000). Entretanto, nem todos os eventos de morte celular são processos passivos. Organismos multicelulares são capazes de induzir a morte celular programada como resposta a estímulos intracelulares ou extracelulares (HENGARTNER, 2002). Esses processos de morte celular podem ser classificados de acordo com suas características morfológicas e bioquímicas em: necrose, apoptose e autofagia (CASTEDO et al., 2004; OKADA, 2004). Alterações na coordenação desses tipos de morte celular estão implicadas na tumorigênese (RICCI, 2006). 27 2.4.1. Apoptose A apoptose é um tipo de morte celular regulada de forma ordenada por uma série de eventos em cascatas de sinalização; É um mecanismo que desempenha papel essencial na regulação do crescimento, desenvolvimento, manutenção da quantidade de células ou atividade sobre células anormais nos organismos; Promove uma eliminção seletiva de células danificadas, com o intuito de manter a integridade do organismo e a manutenção da vida; É um processo que requer gasto de energia e tem por característica morfológica principal a diminuição do volume citoplasmático, condensação da cromatina, degradação do DNA e formação de corpos apoptóticos (REED, 2000; DAMIANI, 2004; DANIAL e KORSMEYER, 2004; RELLO et al., 2005) (Figura 2). Figura 2: Esquema da fisiologia de morte celular por apoptose, imagem adaptada. Fonte: http://www.utm.utoronto.ca/~w3cellan/apoptosis.html 28 A figura 3 demonstra uma alteração marcante presente em células com característica de apoptose, que é a formação dos corpos apoptóticos. Figura 3: Fotomicrografia de adenocarcinoma ovariano. Evidenciando formação dos corpos apoptóticos (setas), H.E, aumento de 400x, Motic BA310, Moticam 2000. Fonte: Arquivo pessoal, 2012. Diferente da morte por necrose, que tem por característica provocar resposta inflamatória potencialmente prejudicial aos tecidos, a apoptose causa alterações na superfície da célula que promovem a fagocitose por macrófagos, antes de ocorrer a liberação do seu conteúdo citoplasmático sem causar inflamação (ZIEGLER et al., 2004). Genes que controlam o ciclo celular, como P53, c-MYC e RB, estão envolvidos no processo de apoptose, bem como, proteínas da família BCL-2 (Bcl-2, Bax, Bad, Bid) também desempenham papel importante no processo de morte celular programada (RICCI et al., 2006). A morte por apoptose pode ser regulada por duas vias: via de receptores de morte ou extrínseca e via mitocondrial ou intrínseca (FAN et al., 2005). Estas vias ativam caspases iniciadoras ou pró-caspases e ambas convergem para ativação das caspases efetoras. A indução de apoptose e execução requer a cooperação de uma série de moléculas, incluindo sinal molecular, receptores, enzimas e os genes reguladores. Entre eles, podemos destacar outros constituintes reguladores epecíficos da cascata, tais como o inibidor da proteína de apoptose (IAP), Bcl-2 família de proteínas e calpaína, é 29 essencial no processo de apoptose (LAUNAY et al., 2005) As caspases iniciadoras correspondem as caspase-8 e caspase-9, estas ativam caspases efetoras pela clivagem proteolítica de pró-caspase, como exemplo a caspase-3, após ativação pelas caspases iniciadoras, agem sobre substratos específicos, como inibidores de apoptose (Bcl-2), proteínas regulatórias do citoesqueleto, moléculas que mantém estoques de ATP (PARP – Polimerase poli ADP- ribose), fator de fragmentação de DNA (DFF) entre outros, como já descrito anteriormente. (STRASSER et al., 2000). A via intrínseca é caracterizada por falta de fatores de crescimento para sobrevivência das células no ambiente em que se encontram. A ausência desses fatores levaria a ativação da via mitocondrial de várias moléculas, tais como: Bcl-2, Bid caspase 9 e por último a caspase 3. Já a via extrínseca a apoptose é induzida via Fas e ativa caspase 8, que por sua vez ativa caspase 3, sem que ocorra dano na mitocôndria (LOGUE e MARTIN, 2008). A apoptose também pode ser induzida por enzimas citosólicas como as fosfolipases A2 (cFLA2) (ATSUMI et al., 2000). A FLA2 é uma classe diversa de enzimas que catalisam a hidrólise de fosfolipídios e ácidos graxos da membrana plasmática, desempenhando papel importante em vários eventos biológicos (HIRABAYASHI, 2004). A hidrólise de fosfolipídios pela FLA2 gera ácido araquidônico (AA) e lisofosfolipídios. São os ácidos araquidônicos que, mediados por enzimas cicloxigenases e lipoxigenases, geram as ROS (espécies reativas de oxigênio), as quais causam o rompimento da membrana mitocondrial, permitindo a liberação de citocromo c e, consequentemente, induzindo a apoptose. O ácido araquidônico também tem sido indicado como mediador da formação de ceramidas através da esfingomielinase (ZHAO et al., 2002). Defeitos na via apoptótica são bastante comuns no processo de formação de tumores, pois permite que células danificadas continuem proliferando. Além disso, a apoptose desregulada afeta a quimio e radio resitências, aumentando o limiar para que a morte celular seja inicializada. Mesmo o câncer exibindo características celulares heterogêneas, os tumores malignos adquiriram a propriedade de crescer além dos limites considerados para um tipo celular normal. A expansão clonal de uma célula transformada depende de um descontrole da sua capacidade proliferativa e de uma crescente incapacidade de morrer por apoptose. Apesar da enorme variabilidade do câncer, evidências demonstram que a 30 resistência à apoptose é uma das características mais marcantes da maioria dos tumores malignos (OKADA E MAK, 2004). 2.4.2. Necrose A necrose refere-se a um espectro de alterações morfológicas que se seguem à morte celular, ela é resultante em grande parte, da ação progressiva de enzimas sobre a célula, letalmente lesada, que se caracteriza pela morte celular causada por injúrias no tecido, constituindo-se num processo não mediado por ATP, levando a ruptura da célula e gerando inflamação tecidual (FADEEL; ORRENIUS, 2005). As características mais comuns da necrose são: ruptura da membrana citoplasmática e extravasamento de material antigênico, o que induz à reação inflamatória, intensificando assim o dano tecidual. O padrão morfológico é decorrente do resultado de dois processos: digestão enzimática que se traduz microscopicamente como uma necrose de liquefação e a desnaturação de proteínas que origina a necrose de coagulação. Na necrose de coagulação os contornos celulares são preservados por algum tempo enquanto que na necrose de liquefação a célula é completamente digerida (ZIEGLER; GROSCURTH, 2004). As alterações nucleares podem apresentar-se sob três padrões: a basofilia da cromatina pode diminuir (cariólise), uma alteração que supostamente reflete na atividade da DNAse; a picnose, caracterizada pela retração nuclear e aumento da basofilia. Neste caso o DNA tem uma aparência condensada, como uma massa sólida, basofílica. Por fim um padrão, conhecido como cariorrexe, o núcleo picnótico ou parcialmente picnótico sofre fragmentação (COTRANS et al., 2000; BOHM, SCHILD, 2003) (Figura 4). 31 A B C Figura 4: Fotomicrografia de adenocarcinoma ovariano. Evidenciando (A) Cariorrexis; (B) Mitoses atípicas; (C) Sincícios, picnose. Coloração H.E, aumento de 400x, Motic BA310, Moticam 2000. Fonte: Arquivo da Pesquisadora, 2012. Com o decorrer do tempo, um ou dois dias, a célula necrótica desaparece totalmente (COTRANS et al., 2000; BOHM, SCHILD, 2003). A Figura 5 representa a imunologia da morte celular por necrose. As células necróticas em processo de morte podem induzir resposta inflamatória devido, isso ocorre devido a diversos sinais próinflamatórios que podem levar um organismo afetado a ter uma resposta imunogênica. Esse conjunto de eventos caracterizam os principais pontos que diferenciam a necrose de outros tipos de mortes celulares, podem ser destacados diversos fatores que são estimulados e liberados durante esse processo dentre eles estão: Iterleucinas IL-1, IL-6 e IL-8, secreção de cicloxigenases, TNF, bem como fatores intracelulares como o ácido úrico/MSU, HSP70, HSP90, HMGB1, ATP, DNA, RNA, HDGF, SAP130 e membros da família de proteína S100. (EIGENBROD, et al., 2008; PETROVSKI, et al., 2007; VANDENBERGHE, et al., 2006; SAELENS, et al., 2005) 32 Figura 5: Esquema ilustrativo da imunologia da morte celular por necrose. Células necróticas liberaram organelas intracelulares, bem como fatores intracelulares como o ácido úrico/MSU, HSP70, HSP90, HMGB1, ATP, DNA, RNA, HDGF, SAP130 e membros da família de proteína S100. Além disso, as células necróticas secretam IL-1α e IL-6 de modo passivo e ativo, respectivamente. Imagem adaptada de Garg et al., 2010. 2.4.3. Autofagia A autofagia é um processo adaptativo conservado evolutivamente e controlado geneticamente. Ela ocorre em resposta a um estresse metabólico que resulta na degradação de componentes celulares (DANIAL, 2004; LUM, 2005). Durante a autofagia, porções do citoplasma são encapsuladas por membrana, originando estruturas denominadas autofagossomos (Figura 06). Estes irão se fusionar com os lisossomos e posteriormente o conteúdo dos autofagossomos será degradado pelas hidrolases lisossomais (KELEKAR, 2005). 33 Figura 6: Diagrama representativo dos produtos da autofagia e metabolismo de célula cancerígena. Imagem adaptada de Lozy & Karantza, 2012. 2.5. A importância do estudo sobre o câncer A importância do câncer na área de Saúde Pública ganha destaque à medida que ocorre o controle de outras doenças, fazendo com que haja um interesse especial em formas de controle para uma enfermidade que aflige a humanidade. O avanço da ciência e da tecnologia tem possibilitado a melhoria dos meios de diagnóstico e de tratamento, contribuindo para um declínio das taxas de mortalidade por enfermidades controláveis, tais como a tuberculose, a desnutrição, o diabetes mellitus e outras afecções. A urbanização, a industrialização e a maior expectativa de vida da população são os principais fatores que contribuem para o aumento da incidência das doenças crônico degenerativas, dentre elas, o câncer. O câncer é um termo genérico para um amplo grupo de doenças que podem afetar qualquer parte do corpo. Outros termos utilizados são tumores e neoplasias malignas. Uma característica marcante do câncer é a formação rápida de células 34 anormais que podem invadir tecidos próximos, bem como se disseminar para outros tecidos e órgãos (OMS, 2012). As neoplasias podem diferir de acordo com o tipo de célula, tecido ou órgão em que se desenvolvem. Geralmente as células neoplásicas levam a formação de uma massa tumoral, podendo esta ser benigna ou maligna (INCA, 2008). A presença de células em crescimento contínuo, com propriedades de invasão e destruição do tecido adjacente, bem como, de crescimento em outros sítios diferentes do tumor primário (metastização), pode determinar a severidade da doença. Essas propriedades normalmente são ocasionadas por um acúmulo de mutações nos oncogenes, nos genes supressores e nos genes reparadores de DNA, o que caracteriza o câncer como doença genética. (FOSTER, 2008) Os oncogenes promovem a proliferação celular de forma ordenada, enquanto os genes supressores mantêm essa proliferação sob controle, restringindo assim o crescimento celular. Os genes reparadores de danos do DNA têm por função refazer as moléculas que sofrem mutação. Quando ocorre o mau funcionamento dos mecanismos de regulação do ciclo celular, permitindo a passagem das células mutadas pelo ciclo, o acumulo dessas mutações, acaba por contribuir no surgimento das características do tumor maligno (VERMEULEN; VAN BOCKSTAELE; BERNEMAN, 2003). Para o estabelecimento de medidas efetivas de controle do câncer fazem-se necessárias informações de qualidade sobre sua distribuição de incidência e mortalidade, o que possibilita melhor compreensão sobre a doença e seus determinantes; avaliação dos avanços tecnológicos aplicados à prevenção e tratamento, bem como a efetividade na atenção à saúde, perspectiva descrita pelo Instituto Nacional do Câncer INCA. Ao ser considerado um problema de saúde pública mundial faz-se necessário estudos aprofundados acerca desta patologia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, para o ano 2030, podem-se esperar 27 milhões de novos casos de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. (OMS, 2012) No Brasil o problema do câncer destaca-se devido à forma com que seu perfil epidemiológico vem se apresentando, e, com isso, o tema vem conquistando espaço nas prioridades do governo federal, que investe em centros específicos direcionados a tratamentos e apoio a pacientes acometidos por esta patologia. O conhecimento sobre a situação dessa doença permite estabelecer prioridades e alocar recursos de forma 35 direcionada para a modificação positiva desse cenário. As estimativas para o ano de 2012 serão válidas também para o ano de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 novos casos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, o que reforça a magnitude do problema do câncer no país. (INCA, 2012) O câncer no Brasil é destacado como a segunda causa de morte em números absolutos, subsequentes às doenças cardiovasculares, quando não são considerados os óbitos por causas externas. Os tumores malignos são responsáveis por um número expressivo e crescente de pacientes em todo o mundo, também representando a segunda causa de morte da população mundial. (SRIVASTAVA et al., 2005) A análise da tendência temporal mostra um aumento significativo de sua participação percentual dentre todos os óbitos durante as últimas décadas, fazendo com que as neoplasias malignas ocupem, progressivamente, maior dimensão em termos de mortalidade. O câncer afeta, portanto, a população de um modo geral, incluindo pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Nas tabelas 1 e 2, estão descritas as principais localizações primárias de neoplasias no organismo, bem como a distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo, no Brasil. 36 Tabela 1: Estimativas para o ano de 2012 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e de número de casos novos por câncer, segundo sexo e localização primária* no Brasil. *Números arredondados para 10 ou múltiplos de 10. Fonte: INCA, 2011. Tabela 2: Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo, exceto pele não melanoma* no Brasil. *Números arredondados para 10 ou múltiplos de 10 Fonte: INCA, 2011. 37 A terapêutica do câncer baseia-se, de forma geral, na associação de procedimentos cirúrgicos, tratamento radioterápico e quimioterapia desses tumores. Ao longo dos anos as formas de abordagem para o tratamento sofreram alterações significativas após o inicio da utilização do tratamento adjuvante. Os protocolos póscirúrgicos, juntamente com o uso da quimioterapia com diferentes mecanismos de ação e a radioterapia, associados a outros utensílios vem melhorando os resultados dos tratamentos associados a alguns tipos de câncer. Infelizmente, muitos tumores ainda apresentam respostas modestas aos protocolos clínicos, limitando a indicação e a eficácia do tratamento adjuvante tanto para os tumores primários quanto para as metástases (KUMMAR et al., 2004). Portanto torna-se necessário encontrar e desenvolver modalidades terapêuticas mais eficientes, oferecendo então aos pacientes com câncer oportunidades reais de controle da doença. Pesquisas utilizando produtos naturais vêm aumentando ao longo das décadas, especialmente estudos relacionados à ação de componentes de plantas, microrganismos, toxinas ou mesmo substâncias oriundas de animais, como os venenos e mesmo a própria saliva. O avanço no estudo desses componentes vem interferindo diretamente na área da oncologia, propiciando a descoberta de diversas substâncias utilizadas na terapêutica antineoplásica. Existem diversas fontes naturais disponíveis e estas oferecem possibilidades de encontrar substâncias de grande interesse para medicina. De acordo com Harvey (2008), mais de uma centena de compostos derivados de produtos naturais estão em fase de testes clínicos, principalmente para o tratamento do câncer e de doenças infecciosas. Visto que a morbidade associada aos quimioterápicos ainda é um obstáculo, a descoberta de novos fármacos antineoplásicos de fácil administração e com mínimos ou nulos efeitos adversos é de extrema importância. Várias pesquisas identificaram fármacos com atividade específica contra alguns mecanismos metabólicos da célula tumoral, bem como fármacos que inibem a neovascularização tumoral, que induzem a rediferenciação celular ou que levem a célula tumoral à apoptose. Desta forma, as moléculas e substâncias a serem pesquisadas precisam ser testadas de forma a favorecer a descoberta de novas ferramentas terapêuticas. 38 1. JUSTIFICATIVA O câncer apresenta-se como um problema de saúde publica, seu impacto na sociedade e o aumento em número de ocorrências preocupa a sociedade brasileira. No Brasil a doença se torna relevante devido seu perfil epidemiológico, o que requisita cada vez mais investimentos voltados à descoberta de novas ferramentas terapêuticas que possam agir de forma mais efetiva e menos agressiva aos pacientes. O conhecimento sobre a situação atual destas patologias permite aos órgãos responsáveis e grupos de pesquisas estabelecer prioridades e alocar recursos de forma direcionada para a modificação positiva desse cenário. O estudo da citotoxicidade sobre linhagens tumorais utilizando veneno de serpentes vem aumentando de forma significante. O que garante este aumento são os resultados promissores que vem sendo obtidos por diversos pesquisadores (ANIM et al., 1997; TAMIETI et al., 2007; GALÁN et al., 2008; SOARES et al., 2010). Diversas vias de morte celular vêm sendo estudadas tentando determinar qual a forma de atuação do veneno da espécie Crotalus durissus, em linhagens tumorais, seja pela apoptose, necrose ou mesmo autofagia (YAN et al., 2007; SOARES et al., 2010). Estudos sobre o veneno da Crotalus durissus cascavella são indispensáveis, desta forma, é interessante isolar substâncias constituintes do veneno e testar sua atividade específica sobre a linhagem OVCAR-8, bem como em outras linhagens, e assim aplicar testes citotóxicos que favoreçam identificar qual ou em quais vias de morte celular este veneno pode atuar. 39 2. HIPÓTESE CIENTÍFICA Diante do exposto formulou-se a seguinte hipótese: 1) O veneno da serpente Crotalus durissus cascavella apresenta potencial citotóxico sobre diversas linhagens tumorais, em específico, ação em linhagem de carcinoma ovariano (OVCAR-8). 2) O veneno pode está relacionado com a ativação do mecanismo de apoptose, pela ativação das caspases, bem como ação via necrose. 40 3. OBJETIVOS 5.1. Objetivo geral Estudar a atividade citotóxica do veneno da serpente Crotalus durissus cascavella em linhagens tumorais. 5.2. Objetivos específicos Estudar a atividade citotóxica do veneno da Crotalus durissus cascavella em linhagens de células tumorais de OVCAR-8 e SKOV3 (carcinoma ovariano), PC-3M (carcinoma prostático), MCF-7 (carcinoma mamário), e SF-268 (glioblastoma). Analisar a integridade de membrana, viabilidade celular e alterações na morfologia celular. Determinar a ativação de caspases efetoras (3 e 7), na linhagem tumoral de adenocarcinoma ovariano (OVCAR-8), após tratamento com veneno da serpente Crotalus durissus cascavella. 41 6. CAPÍTULO I Estudo do potencial citotóxico do veneno da Crotalus durissus cascavella em linhagens tumorais (Study of the cytotoxic potential of the venom of Crotalus durissus cascavella in tumor cell lines) Periódico: Toxicon (Submetido em, 20 de outubro de 2012) 42 Elsevier Editorial System(tm) for Toxicon Manuscript Draft Manuscript Number: TOXCON-D-12-00452 Article Type: Research Paper Cytotoxic effect of Crotalus durissus cascavella venom in tumor cell lines. L.S. Araújoa, J.S.A.M. Evangelistaa, D.D. Rochab, L.V.C. Lotufo b, M.O. Moraesb, D.V. Wilkeb, D.M.Borges-Nojosa, C. O’Pessoab, D.A. Vianac, N.S.C. Rosasa. a Veterinary Faculty, State University of Ceará, Fortaleza, Ceará Brazil. b Department of Physiology and Pharmacology, Federal University of Ceará. c Department of Biology, Federal University of Ceará. d Renorbio, State University of Ceará, Fortaleza, Ceará Brazil. * Corresponding author. Graduate Program in Veterinary Sciences, Veterinary Faculty, State University of Ceará, Fortaleza, Ceará Brazil, Av. Dedé Brasil, 1700 – Campus Itaperi, 60740-903 – Fortaleza, Ceará, Brazil. Tel.: 055-(85)31019889; fax: 055(85)31019850. E-mail address: [email protected] [email protected] (J.S.A.M. Evangelista). (L.S. Araújo), 43 Abstract In the last decades cancer has reached a bigger dimension being considered a worldwide public health problem, representing a major cause of death in world. Snakes from the genus Crotalus has gained significant space in the scientific field in a few decades, since their venom is being researched target because of its mechanisms involved in the cytotoxic activity.Therefore, the aim of this present study was to analyze the crude venom of Crotalus durissus cascavella (Cdcasca), a typical snake form the northeast of Brazil, for its in vitro cytotoxic activity against tumor cell lines, as well as, the mechanism of cell death induced by this venom. The cytotoxic effects of Cdcasca was evaluated by using the MTT (3-(4,5-dimethyl-2-thiazolyl)-2,5-diphenyl-2H-tetrazolium bromide) assay in the following cell lines: OVCAR-8 and SKOV3 (ovarian carcinoma), PC-3M (prostate carcinoma), MCF-7 (breast carcinoma) and SF-268 (glioblastoma ). In order to investigate DNA alterations cells were incubated with 4’,6-diamidine-2’phenylindole dihydrochloride (DAPI). We analysed in the flow cytometry the cell membrane integrity, internucleosomal DNA fragmentation, cell cycle and Caspases 3 and 7 activities. Data were presented as mean values ± S.E.M. of three independent experiments performed in triplicate. *p<0.05 compared to the negative control by ANOVA followed by Dunnett’s test, then further analyzed in the Graphpad Prism 5. The results had shown that the IC50 values ranged from 2.4 to 6.7 µg/mL between the five cell lines tested. Cells treated with Cdcasca displayed morphological alterations in dose-dependent effect, presenting reduction in cell volume, nuclear fragmentation and the formation of apoptotic bodies. After that, cells were also stained with DAPI to better evaluate the morphology of the nucleus after treatment with Cdcasca. The antiproliferative activity of the venom was confirmed by flow cytometry, with a significant reduction of cell number at 4 μg/mL. We analyzed the integrity of cell membrane with the highest concentration of Cdcasca, which reduced cell membrane integrity. The occurrence of apoptosis was later confirmed through the activation of caspases 3 and 7. We concluded that Cdcasca showed dose-dependent cytotoxic effects against several tumor cell lines, which demonstrated that, the cell death activation occured by necrosis and apoptosis. Keywords: Crotalus durissus; venom; cytotoxicity; apoptosis 44 1. Introduction In the last decades cancer has reached a bigger dimension being considered a worldwide public health problem, representing a leading cause of death (Srivastava et al., 2005). According to the World Health Organization (WHO), in the year of 2030, an incidence of 27 million cases of cancer are expected, 17 million cancer deaths and around 75 million people living with cancer (WHO, 2012). There are several sources of natural products available and these offer a great opportunity to find interest medical substances and according to Harvey (2008), over one hundred compounds derived from natural sources are undergoing clinical trials, particularly for treating cancer and infectious diseases (Harvey, 2008). Since the morbidity associated with chemotherapy is still an obstacle, the discovery of new anticancer drugs is of utmost importance and therefore it is necessary to search for new alternatives to improve the drug efficacy to neoplastic diseases. Snakes from the genus Crotalus has gained significant space in the scientific field in a few decades, since their venom is being researched target because of its constituents and the effect that these substances can cause. In Brazil they can be found in different parts of the country, but they are represented by only one species, the Crotalus durissus (Cd) which can be classified into subspecies Cd terrificus, Cd collilineatus, Cd cascavella, Cd ruruima and Cd marajoensis (Pinho & Pereira, 2001). Most poison exerts its effects in almost all cells and tissues and their pharmacological properties are determined by the amount of specific and biologically active substances. Between 90 and 95% of the dry weight of snake venoms have ownership protein, and these proteins are responsible for almost all of the biological effects attributed to snake venoms (Bon, 1997). The venom of Crotalus presents itself as a complex-toxic enzyme, which are found phosphodiesterase enzymes, amino oxidase l, 5-nucleotidase and toxins such as, crotoxin, convulxin, and crotamine gyroxin (Rangel et al., 2004). The crotoxin is considered as the major component of the venom from this genus, and depending on the snake subspecies, differences in this protein isoform may be found as well as difference in their activities (Rangel et al., 2004). 45 A few studies have been conducted by testing the crude venom and some isolated fractions of Crotalus durissus species in tumor cell lines, to access their cytotoxic and antitumor activity (Soares et al., 2010; Tamieti et al., 2007). Therefore, the aim of this present study was to analyze the crude venom of Crotalus durissus cascavella (Cdcasca), a typical snake form the northeast of Brazil, for its in vitro cytotoxic activity against tumor cell lines, as well as, the mechanism of cell death induced by this venom. 2. Material and Methods 2.1. Venom obtaining The venom of the snake Crotalus durissus cascavella was gently provided by the Ofiology Regional Center, Federal University of Ceará. 2.2. Cell lines In the present study, we used OVCAR-8 and SKOV3 (ovarian carcinoma), PC3M (prostate carcinoma), MCF-7 (breast carcinoma), and SF-268 (glioblastoma ) cell lines, kindly provided by the National Cancer Institute U.S. (Bethesda, MD). Cells were maintained in RPMI 1640 medium supplemented with 10% fetal bovine serum, 2 mM glutamine, 100 μg/mL streptomycin and 100 U/mL penicillin and incubated at 37 °C under a 5% CO2 atmosphere. 2.3. Cytotoxicity assay Cytotoxicity was determined using the MTT (3-(4,5-dimethyl-2-thiazolyl)-2,5diphenyl-2H-tetrazolium bromide; Sigma-Aldrich Co., St. Louis, MO, USA) assay developed by Mosmann (1983). For that, cells were seeded at 40x103 cells/mL in 96well plates 24 h prior to addition of test substances , then incubated with Cdcasca (0.19 - 25 ug/mL) or vehicle control (saline) for 72 h. Three hours before the end of the incubation, 150 μL of a MTT stock solution (0.5 mg/mL) was added to each well. Later the formazan product was dissolved in 150 μL of DMSO, absorbance was measured at 46 570 nm using a multiplate reader (DTX 880 Multimode Detector, Beckman Coulter, Inc. Fullerton, CA, USA) and IC50 values determined by nonlinear regression using the software GraphPad ® Prism 5.0 (Intuitive Software for Science, San Diego, CA). 2.4. Analysis of mechanisms involved in the cytotoxic activity of Cdcasca For the next set of experiments OVCAR-8 cells were seeded at a density of 3 40x10 cells/mL and treated with Cdcasca at concentrations of 1, 2 and 4 μg/mL for 24 h. The vehicle (saline) and paclitaxel (0.05 μM) or doxorubicin (0.5 μM) was used as negative and positive controls, respectively. 2.4.1. Hematoxilin-Eosin stain After the incubation period OVCAR-8 cells were examined for morphological changes by light microscopy (Motic BA310, Moticam 2000). To evaluate cell morphology, after the incubation period cells were harvested, transferred to cytospin slides, fixed with methanol for 1 min and stained with hematoxilin and eosin. 2.4.2. Nucleus stain In order to investigate DNA alterations characteristic of apoptotic cells were incubated with 4’,6-diamidine-2’-phenylindole dihydrochloride (DAPI). Briefly, after the incubation period cells were fixed with 3.7 % formaldehyde and incubated with DAPI. After extensive washing with PBS, images were captured by confocal microscopy (LSM 710 Zeiss). 2.4.3. Flow cytometry analysis Five thousand events were analyzed for each replicate in three independent experiments and cellular debris was omitted from the analysis. OVCAR-8 cells fluorescence was then determined by flow cytometry in a Guava EasyCyte Mine using Guava Express Plus software. 47 2.4.3.1. Cell membrane integrity The cell membrane integrity was evaluated by the exclusion of propidium iodide (Sigma Aldrich Co., St. Louis, MO/USA). Briefly, 100 μL suspension of treated and untreated OVCAR-8 cells was incubated with 50 μg/mL propidium iodide for 10 min. Fluorescence was measured and analyzed for cell number and membrane integrity. 2.4.3.2 Internucleosomal DNA fragmentation and cell cycle analysis. DNA fragmentation and cell cycle distribution was analyzed by flow cytometry after DNA staining with propidium iodide. Briefly, 100 μL of treated and untreated OVCAR-8 cells were incubated for 30 min, in the dark, with hypotonic solution containing 50 μg/mL propidium iodide, 0.1% sodium citrate, and 0.1% Triton X-100. Fluorescence was measured and DNA fragmentation and cell cycle distribution were analyzed. 2.4.3.3. Caspases activity Caspase 3,7 activities were analyzed by flow cytometry, using Guava® EasyCyte Caspase Kit, after 24 h of incubation. OVCAR-8 cells (40x103 cells/mL) were incubated with Fluorescent Labeled Inhibitor of Caspases (FLICA) and maintained for 1 h at 37º C and 5% CO2. After a sequence of washing and spinning, the cells were resuspended in the working solution (7-AAD 1:200 in 1× washing buffer) and analyzed immediately using flow cytometry. 2.4.3.4. Statistical analysis Data are presented as mean values ± S.E.M. of three independent experiments performed in triplicate. *p<0.05 compared to the negative control by ANOVA followed by Dunnett’s test. Data was further analyzed in the Graphpad Prism 5. 48 2.5. Ethical aspects This project was submitted to the Ethics Committee on Animal Research at the State University of Ceará (number of the submission process: 11516651-3). All care were taken to preserve the health of the researchers and other professionals involved in this work and the environment in the areas where it conducts the research project. 49 Results and Discussion Snake venoms are recognized for its biochemical complexity, being composed of a mixture of toxins, enzymes, growth factors and other proteins with different biological activities (Tanjoni et al., 2003; Braga et al., 2007). In the last decades snake venoms has attracted the interest of many researchers looking to characterize the components of these venoms as well as identify their biological properties (Bon, 2000). Thinking about that, we then decided to study the in vitro effects of the crude venom from the snake Crotalus durissus cascavella (Cdcasca) in tumor cell lines. First, the cytotoxicity of the Cdcasca venom was evaluated against five tumor cell lines of different histotypes using the MTT assay (Mosmann, 1983). As shown in Table 1, the IC50 values ranged from 2.4 to 6.9 µg/mL between the five cell lines tested. The prostate cancer cell line PC-3M was the most sensitive cell line with IC50 of 2.4 µg/mL, followed by the ovarian carcinoma cell line OVCAR-8, with IC50 value of 2.7 µg/mL. Interestingly, SKOV-3 cells, which is also an ovarian carcinoma cell line, showed to be the less sensitive cell line (IC50 = 6.9 µg/mL) among all five tested, showing the non-specificity of Cdcasca towards any cell line type. Until today there are not many studies reporting the cytotoxicity of Cdcasca, however there are several studies which have demonstrated the cytotoxic activity of the crude venom of different species of snakes in other tumor cell lines (Das et al., 2011; Gomes et al., 2010 e Yan et al., 2007), which is in agreement with the results found here for Cdcasca. Soares (2010) verified on it’s experiments that glioblastoma tumor lines (RT2) and benign pituitary adenoma (GH3) when treated with the Crotalus durissus terrificus venom showed morphologic changes such as, cell wall irregularity, cellular shrink, nucleus condensation, DNA fragmentation and development of apoptotic bodies, typical characters of apoptosis. Such characteristics of apoptosis were also showed by Tamieti (2007), that exposed hamster ovarian carcinoma cells (CHO-K1) to crotalic venom. Treating cells with cytotoxic substances usually leads them to cell death, which may be by apoptosis, necrosis, autophagy and mitotic catastrophe, among others (Okada and Mak, 2004). Despite the recognition by some authors that the distinction between all those types of cell death is difficult and controversial, there are at least some welldefined characteristics to distinguish principally the cell death by apoptosis and necrosis 50 Cells undergoing necrosis typically exhibit rapid swelling and loss of membrane integrity which ends up releasing their cytoplasmic content into the environment, as for cells undergoing apoptosis the typical morphological changes are cytoplasmic shrinkage, plasma membrane blebbing, chromatin condensation and DNA fragmentation (Kanduc et al., 2002). Cells treated with Cdcasca at the concentration of 1.0 and 2.0 μg/mL displayed some of those morphological features including reduction in cell volume, nuclear fragmentation and the formation of apoptotic bodies, suggesting the induction of apoptosis in OVCAR-8 cells (Figures 1C and D). On the other hand, at 4 μg/mL, the effects of Cdcasca were more intense and some characteristics of necrosis could also be seen (Figure 1E). After that, cells were also stained with DAPI to better evaluate the morphology of the nucleus after treatment with Cdcasca. As shown in Figure 2, negative control cells show a round nucleus typical of interphase, while in doxorubicin treated cells the nucleus appears to be already fragmenting. At the lowest concentration tested of Cdcasca the nucleus of the cells looks similar to the negative control cells, being considered viable, and as the concentration increases the number of cells with fragmented DNA starts to show (Figures 2C, 2D and 2E). Considering the observed morphological features, we then decided to analyze some cellular and biochemical events to assess the mechanisms involved in cell death induced by Cdcasca. The antiproliferative activity of the venom was confirmed by flow cytometry (Figure 3B), with a significant reduction of cell number at 4 μg/mL. The inhibition of cell proliferation can be associated with loss of cell membrane integrity, with only 64 % of cells presenting intact membrane in the presence of Cdcasca at 4 μg/mL (Figure 3A), corroborating data from morphological analysis. Cell membrane integrity serves as a parameter of the viability of cells and at the initial stages of apoptosis the cell shrinks while its membrane remains intact, however, necrotic cell swelling occurs as a result of the early failure of cell membrane integrity (Ziegler and Groscurth, 2004), thus we might say that at lower concentrations Cdcasca (shows an antiproliferative activity and becomes cytotoxic at higher concentrations. As the venom at lower concentrations showed no cytotoxicity, we decided to analyze whether the cell cycle was being affected. However, we found that Cdcasca was not interfering in the cell cycle distribution at all (Data not shown) and the only 51 alteration observed was a slight increase in the sub G0/G1 phase of the cell cycle, which again is an indicative of DNA fragmentation and consequently apoptosis. The occurrence of apoptosis was later confirmed through the activation of caspases 3 and 7 by Cdcasca, especially at the concentration of 4 µg/mL, where 32 % of the cells were showing caspases activation (Figure 4). The caspases are shown to be one of the important executors of apoptosis, being generally activated by several anti-tumor drugs. This activation involves mainly two signaling pathways, one is the mitochondrial and the other is the cell death receptor pathway, which consecutively activates caspases 9 and 8 and these both ends up by activating caspases 3 and 7 (Hengartner, 2000; Mehmet, 2002). Yan et al. (2006) had already shown that crotoxin, the major component of the venom from Crotalus durissus terrificus, acts through caspase 3 activation and although this is in accordance with our results, further studies are needed to elucidate the exact mechanism involved in the cytotoxicity of Cdcasca. The present paper showed that the Crotalus durissus cascavella venom had a cytotoxic action on a variety of tumor cell lines, specially in ovarian carcinoma line (OVCAR-8). The Cdcasca demonstrated an efficient activity, causing considerable cytotoxic effects, such as, morphological changes and activating cell death, by necrosis and apoptosis. More studies are necessaries through specific assays, to determine on wich pathway this venom is more efficient on the cell death process. Acknowledgments We wish to thank CNPq, CAPES, FUNCAP, FINEP, BNB/FUNDECI and PRONEX for the financial support in the form of grants and fellowship awards. Conflict of interest The authors of this article declare that there are no potential conflicts of interest including employment, consultancies, stock ownership, honoraria, paid expert testimony and patent applications/registrations related to the current manuscript 52 References Bon, C., 1997. Snake venom and pharmacopoeia. In: Bauchot, R. (edit) Snakes a Natural History. New York: Sterling Publishing Co., 194-209. Bon, C., 2000. The natural toxins. Biochimie. 82, 791-792. Braga, M. D. M., Martins, A. M. C., Amora, D. N., Menezes D. B., Toyama, M. H., Toyama D. O., Marangoni, S., Alves, C. D., Barbosa, P. S. F., Alves, R. S., Fonteles, M. C., Monteiro, H. S. A., 2007. Purification and biological effects of L- amino acid oxidase isolated from Bothrops insularis venom. Toxicon 51, 199-207. Das, T., Bhattacharya, S., Halder, B., Biswas, A., Das Gupta, S., Gomes, A., & Gomes, A. 2011. Cytotoxic and antioxidant property of a purified fraction (NN-32) of Indian Naja naja venom on Ehrlich ascites carcinoma in BALB/c mice. Toxicon : official journal of the International Society on Toxinology 57(7-8), 1065–72. Gomes, A., Bhattacharjee, P., Mishra, R., Biswas, A. K., Dasgupta, S. C., & Giri, B. 2010. Anticancer potential of animal venoms and toxins. Indian journal of experimental biology 48(2), 93–103. Harvey, A. L., 2008. Drug Discov. Today, 13, 894. Hengartner, M.O., 2000. The biochemistry of apoptosis. Nature 407, 770–776. Kanduc, D., Mittelman, A., Serpico, R., Sinigaglia, E., Sinha, A.A., Natale, C., Santacroce, R., Di Corcia, M.G., Lucchese, A., Dini, L., Pani, P., Santacroce, S., Simone, S., Bucci, R., Farber, E., 2002. Cell death: apoptosis versus necrosis. Int J Oncol. 21(1), 165-70. Mehmet, H., 2002. Apoptosis: caspase find a new place to hide. Nature 403, 29–30. 53 Mosmann, T., 1983. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and cytotoxicity assays. J. Immunol. Methods. 65(2), 55-63. Okada, H. and Mak, T.W. 2004. Pathways of apoptotic and non-apoptotic death in tumour cells. Nat. Rev. Cancer 4, 592–603. World health Organization, 2012. Pinho, F. M. O., Pereira, I. D., 2001. Ofidismo. Ver. Ass. Méd. Brás. 47, 1, 24-29. Rangel, A. S., Dos-Santos, E. C., Lopes-Ferreira, M., Lima, C., Cardoso, D. F., Mota, I. 2004. A comparative study of biological activities of crotoxina and CB fraction of venoms from Crotalus durissus terrificus, Crotalus durissus cascavella and Crotalus durissus collilineatus. Toxicon 43 (7), 801-810. Soares M.A., Pujatti P.B., Fortes-Dias CL, Antonelli L, S. R., 2010. Crotalus durissus terrificus venom as a source of antitumoral agents. The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases 16 (3), 480–492. Srivastava, V., Negi, J. K., Gupta, M., Khanuja, S. P. S., 2005. Bioorg. Med. Chem. 13, 58-92. Tamieti B. P., Damatta R. A., Cogo J. C., Da Silva N. S., Mittmann J., P.-S. C., 2007. Cytoskeleton, endoplasmic reticulum and nucleus alterations in cho-k1 cell line after Crotalus durissus terrificus (South American Rattlesnake) venom treatment. Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases 13, 56–58. Tanjoni, I., Butera, D., Bento, L., Della-Casa, M. S., Marques-Porto, R., Takehara, H. A., Gutierrez, J. M., Fernandes, I., Moura-da-Silva, A. M., 2003. Snake venom metalloproteinases: structure/function antibodies. Toxicon 42(7), 801-808. relationships studies using monoclonal 54 Yan, C., Liang, Z., Gu, Z., Yang, Y., Reid, P., & Qin, Z. 2006. Contributions of autophagic and apoptotic mechanisms to CrTX-induced death of K562 cells. Toxicon 47, 521–530. Yan, C., Yang, Y., Qin, Z., Gu, Z., Reid, P., & Liang, Z., 2007. Autophagy is involved in cytotoxic effects of crotoxin in human breast cancer cell line MCF-7 cells. Acta Pharmacologica Sinica 28(4), 540–8. Ziegler, U., Groscurth, P., 2004. Morphological features of cell death. News Physiol. Sci. 19, 124–128 55 ANNEX Figures Figure 1. Photomicrographs of OVCAR-8 cells stained with Hematoxilin/Eosin, 400×. Cells were incubated with Cdcasca for 24 h. A: Control; B: Doxorubicin 0.5 μM; C: Cdcasca 1.0 μg/mL; D: Cdcasca 2.0 μg/mL; E: Cdcasca 4.0 μg/mL. Black arrow: cell membrane blebbing; White arrow: atypical mitosis; Black dashed arrow: Nucleus fragmentation; White dashed arrow: membrane damage and pyknosis. 56 Figure 2. Confocal (Zeiss LSM 710 ) images of OVCAR-8 cells stained with DAPI, 400×. Cells were incubated with Cdcasca for 24 h. A: Control; B: Doxorubicin 0.5 μM; C: Cdcasca 1.0 μg/mL; D: Cdcasca 2.0 μg/mL; E: Cdcasca 4.0 μg/mL. White arrow: atypical mitosis; White dashed arrow: Nucleus fragmentation. 57 Figure 3. Effect of Cdcasca on OVCAR-8 cell membrane integrity (A) and cell number (B) determined by flow cytometry, using propidium iodide after 24 h incubation. The negative control was treated with the vehicle saline (Control). Paclitaxel (Ptx) at 0.05 µM was used as the positive control. Data are presented as mean values ± S.E.M. of three independent experiments performed in triplicate. *p<0.05 compared to the negative control by ANOVA followed by Dunnett’s test. 58 Figure 4. Effect of Cdcasca on caspases 3,7 determined by flow cytometry, after 24 h incubation. The negative control was treated with the vehicle saline (Control). Doxorubicin (Dox) at 0.5 µM was used as the positive control. Data are presented as mean values ± S.E.M. of three independent experiments performed in triplicate. *p<0.05 compared to the negative control by ANOVA followed by Dunnett’s test 59 Tables Table 1. Cytotoxic activity of Cdcasca on tumor cell lines. Cell lines Cdcasca Doxorubicin OVCAR-8 PC-3M MCF-7 SF-268 SKOV3 2.7 2.4 4.9 4.1 6.9 (2.6 – 2.9) (2.2 – 2.6) (4.2 – 5.8) (3.5 – 4.7) (5.9 – 8.0) 0.3 0.8 0.4 0.6 (0.1 – 0.4) (0,7 – 0.9) (0.3 – 0.6) (0.4 – 0.9) - Data are presented as IC50 values in μg/mL and as the 95% confidence interval obtained by nonlinear regression for all of the cell lines from two independent experiments, performed in duplicate, after 72 h of incubation. 60 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho demonstrou que o veneno da serpente Crotalus durissus cascavella (Cdcasca) apresentou atividade citotóxica para as linhagens tumorais testadas. Os resultados de CI50 apresentados confirmaram sua citotoxicidade em linhagens de células tumorais de carcinoma ovariano (OVCAR-8 e SKOV3), carcinoma prostático (PC-3M), carcinoma mamário (MCF-7) e glioblastoma (SF-268), sendo importante ressaltar que devido sua excelente resposta ao ensaio citotóxico e sua disponibilidade a linhagem OVCAR-8 foi estudada de forma mais aprofundada. O Cdcasca demonstrou potencial de atividade eficiente em linhagem OVCAR-8, provocando consideráveis alterações morfológicas nas células, dentre elas destacam-se: problemas na integridade de membrana, alterações nucleares, formação de vacúolos citoplasmáticos/nucleares, diminuição da viabilidade celular e por consequência morte celular, seja pela via necrótica ou apoptótica. A ativação das caspases efetoras (3 e 7) ocorreu em células tratadas com a concentração mais elevada, o que pode sugerir uma ação do veneno na ativação desta via de morte celular, tornando então fundamental que mais estudos sejam realizados visando determinar por qual via este veneno é mais eficiente no processo de morte celular. 61 8. PERSPECTIVAS O estudo da utilização de substâncias naturais bioativas é uma excelente opção para o surgimento de novas ferramentas terapêuticas, independente de qual aplicação na área da saúde. O veneno de serpentes e seus componentes, um exemplo desse tipo de substância, são largamente testados, atualmente já é confirmado seu potencial de ação sobre diversas linhagens tumorais, seja alterando e inibindo sua capacidade de proliferação celular, induzindo morte celular, ou mesmo sua atividade antiangiogênica. Outras atividades descobertas são: sua ação bactericida, leishmanicida, ativação de processos de fagocitose em infecções virais, ação sobre processos hematológicos, influência no sistema nervoso, bem como, ativação das vias apoptóticas, necróticas ou fagocitose celular. Os bons resultados obtidos neste trabalho, utilizando o veneno da serpente Crotalus durissus cascavella, subespécie característica da Região Nordeste, é de grande valia para a elaboração de linhas de pesquisas direcionadas e aprofundadas sobre sua ação citotóxica. Isto ocorrendo poderá então permitir a descoberta e produção de uma nova ferramenta terapêutica, que venha a servir de apoio para melhorar o cenário, atual, do câncer na saúde pública. Entretanto, sua ação ainda não está compreendida, a interação entre seus componentes e seu verdadeiro potencial de atividade são uma incógnita, o que torna necessária a purificação desta substância para então serem realizados estudos mais específicos. 62 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUTO, H. J. F., Animais peçonhentos. Maceió: EDUFAL, p.114, 1999. BARROS, L C., SOARES, A.M., COSTA, F.L., RODRIGUES, V.M., FULY, A.L., GIGLIO, J.R., GALLACCI, M., THOMAZINI-SANTOS, I.A., BARRAVIEIRA, S.R.C.S., FERREIRA JUNIOR, R. S., Biochemical and biological evaluation of gyroxin isolated from Crotalus durissus terrificus venom. The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v.17, n.1, p.23–33, 2011. BEGHINI, D. G.; TOYAMA, M H; HYSLOP, S.; SODEK, L.; NOVELLO, J. C.; MARANGONI1, S., 5 Enzymatic characterization of a novel phospholipase A2 from Crotalus durissus cascavella rattlesnake (Maracambóia) venom. Journal of protein chemistry, v. 19, n. 8, p. 679-84, 2000. BOHN, I.; SCHILD, H., Apoptosis: the complex scenario for a silent cell death. Molecular Imaging and Biology, v.5, n.1, 2-14, 2003. BON, C., Snake venom and pharmacopoeia. In: Bauchot, R. (edit) Snakes a Natural History. New York: Sterling Publishing Company, p.194-209, 1997. BREITHAUPT, H.; RÜBSAMEN, K.; HABERMANN, E., Biochemistry and pharmacology of the crotoxin complex. Biochemical analysis of crotapotin and the basic Crotalus phospholipase A. European journal of biochemistry / FEBS, v. 49, n. 2, p. 333-45, 1974. CÂMARA, P.; ESQUISATTO, L.; CAMARGO, E.; RIBELA, M.; TOYAMA, M.; MARANGONI, S.; DE NUCCI, G.; ANTUNES, E., Inflammatory edema induced by phospholipases A2 isolated from Crotalus durissus sp. in the rat dorsal skin: A role for mast cells and sensory c-fibers. Toxicon, v.41, p.823-829, 2003. CAMILLO, M.A.P., Contribuição ao estudo das giroxinas (enzimas semelhantes à trombina) dos venenos das serpentes brasileiras Lachesis muta muta e Crotalus durissus 63 terrificus. 1998. 75 f.Tese (Doutorado) – Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, São Paulo, 1998. CASTEDO, M.; PERFETTINI, J.L.; ROUMIER, T.; ANDREAU, K.; MEDEMA, R., KROEMER, G., Cell death by mitotic catastrophe: a molecular definition. Oncogene, v.23, p.2825-837, 2004. COTRANS, R.S.; KUMAR, V.; COLLINS, T., Robbins patologia estrutural e funcional. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000; p.14-22; p.233-93. DA SILVA, R. J.; DA SILVA, M. G.; VILELA, L. C.; FECCHIO, D.Antitumor effect of Bothrops jararaca venom. Mediators Inflammation, v.11, n.2, p.99-104, 2002. DANIAL, N.N.; KORSMEYER, S.J., Cell death: critical control points. Cell.,v.116, p.205-19, 2004. DAMIANI, D., Mecanismos da Apoptose. Manual de Patologia e Citopatologia Oncológica, 2004. DONATO, N.J.; MARTIN, C.A.; PEREZ, M.; NEWMAN, R.A.; VIDAL, J.C.; ETCHEVERRY, M.A., Regulation of epidermal growth factor receptor activity by crotoxin, a snake venom phospholipase A2 toxin. Biochemical Pharmacology. v. 51, p.1535–1543, 1996. EIGENBROD, T., PARK, J.H., HARDER, J., IWAKURA, Y., NUNEZ, G., Cutting edge: critical role for mesothelial cells in necrosis-induced inflammation through the recognition of IL-1 alpha released from dying cells, The Journal of Immunology. v.181, p.8194–8198, 2008. EVANGELISTA, J. S. A M.; MARTINS, A. M. C.; NASCIMENTO, N. R. F.; SOUSA, C.M.; ALVES, R.S.; TOYAMA, D.O.; TOYAMA, M.H.; EVANGELISTA, J.J.F.; MENEZES, D.M.; MANASSÉS, C.F.; MORAES, M.E.A.; MONTEIRO, H.S.A., Renal and vascular effects of the natriuretic peptide isolated from Crotalus durissus cascavella 64 venom. Toxicon : official journal of the International Society on Toxinology, v.52, n.7, p.737-44, 2008. FAN, T.J.; HAN, L.H.; CONG, R.S.; LIANG, J., Caspase Family Proteases and Apoptosis. Acta Biochimica et Biophysica Sinica, v.37, n.11, p.719-727, 2005. FADEEL, B., ORRENIUS, S. Apoptosis: a basic biological phenomenon with wideranging implications in human disease. Journal of Internal Medicine, v.258, p.479-517, 2005. FERRARO, G.C.; MORAES, J.R.E.; SHIMANO, A.C.; PEREIRA, G.T.; MORAES, F.R.; BUENO DE CAMARGO, M.H., Efect of snake venom derived fbrin glue on the tendon healing in dogs. Clinical and biomechanical study. Journal Venom Animals Toxins including Tropical Diseases, v.11, n.3, p.261-74, 2005. FONSECA, F. V.; ANTUNES, E.; MORGANTI, R. P.; MONTEIRO, H. S. A.; MARTINS, A M. C.; TOYAMA, D. O.; MARANGONI, S., Characterization of a new platelet aggregating factor from crotoxin Crotalus durissus cascavella venom. The protein journal, v. 25, n. 3, p.183–92, 2006. FOSTER, I., Cancer: A cell cycle defect. Radiography, v.14 (2), p.144–149, 2008. GARG, A.D.; NOWIS, D.; GOLAB, J.; VANDENABEELE, P.; KRYSKO, D.V. & AGOSTINIS, P., Immunogenic cell death, DAMPs and anticancer therapeutics: an emerging amalgamation. Biochimica et biophysica acta, v.1805, n.1, p.5-371, 2010. GOPALAKRISHNAKONE, P.; DEMPSTER, D. W.; HAWGOOD, B. J.; ELDER, H. Y. Cellular and mitochondrial changes induced in the structure of murine skeletal muscle by crotoxin, a neurotoxic phospholipase A2 complex. Toxicon : official journal of the International Society on Toxinology, v. 22, n. 1, p. 85-98, 1984. HARVEY, A. L., Natural products in drug discovery. Drug Discovery Today, v.13, n.19/20, p.894-901, 2008. 65 HENDON, R.A., FRAENKEL-CONRAT, H., Biological role of the two components of CrTX. Proceedings of the National Academy of Sciences. USA, v. 68, n. 7, 1560–1563. 1971. HENGARTNER, M.O., The biochemistry of apoptosis. Nature., v.407, p.770-76, 2000. HIRABAYASHI, T.; MURAYAMA, T.; SHIMIZU, T., Regulatory mechanism and physiological role of cytosolic phospholipase A2. Biological and Pharmaceutical Bulletin. v.27, p. 1168- 1173, 2004. JANDROT-PERRUS, M.; LAGRUE, A. H.; OKUMA, M.; BON C. Adhesion and activation of human platelets induced by convulxin involves glycoprotein VI and integrin alpha2beta1. Journal of Biological Chemistry. V. 272, n. 43, p. 27035-27041, 1997. KANAJI, S.; KANAJI, T.; FURIHATA, K.; KATO, K.; WARE, J. L.; KUNICLI, T. J. Convulxin binds to native, human glycoprotein IBα. The Journal of Biological Quemistry. V. 278, n. 41, p. 39452-39460, 2003. KELEKAR, A., Autophagy. Annals of the New York Academy of Sciences, 1066, p.259-71, 2005. KUMMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N.; ROBBIN; COTRAN – Pathology Basis of Disease, 7a. ed., WB Saunders: China, 2004. LAUNAY, S.; HERMINE, O.; FONTENAY, M.; KROEMER, G.; SOLARY, E.; GARRIDO, C., Vital functions for lethal caspases. Oncogene, v.24, p.5137-5148, 2005 LEDUC, M. & BON, C. Cloning of subunits of convulxin, a collagen-like plateletaggregating protein from Crotalus durissus terrificus venom. Biochem, J. v. 333, p. 389-393, 1998. 66 LIMA, D.C.; ABREU, P. A.; FREITAS, C.C.; SANTOS, D.O.; BORGES, R.O.; SANTOS, T.C.; CABRAL, L.M.; RODRIGUES, C.R.; CASTRO, H.C., Snake Venom: Any Clue for Antibiotics and CAM? e CAM., v.2,n.1, p. 39-47, 2005. LOGUE, S.E.; MARTIN, S.J., Caspase activation cascades in apoptosis. Biochemical Society Transactions, v. 36, p. 1-9, 2008. LOMONTE, B.; ANGULO, Y.; CALDERÓN, L., An overview of lysine-49 phospholipase A2 myotoxin from crotalid snake venoms and their structural determinants of myotoxic action. Toxicon., v.42, p. 885-901, 2003. LOZY, F.,; KARANTZA, V., Autophagy and cancer cell metabolism. Seminars in cell & developmental biology, v.23, n.4, p.395–401, 2012. LUM, J.J.; DEBERARDINIS, R.J.; THOMPSON, C.B., Autophagy in metazoans: cell survival in the land of plenty. Nature Reviews Molecular Cell Biology, v.6, p.439-48, 2005. MARTINS, A. M. C.; TOYAMA, M.H.; HAVT. A.; NOVELLO, J.C.; MARANGONI, S.F; MANASSÉS, C.F.; MONTEIRO, H.S.A., Determination of Crotalus durissus cascavella venom components that induce renal toxicity in isolated rat kidneys. Toxicon : official journal of the International Society on Toxinology, v. 40, n. 8, p. 1165-171, 2002. MATSUBARA, M. H. Efeitos do veneno de Crotalus durissus terrificus, da crotoxina e de suas subunidades fosfolipase A2 e crotapotina em monocamadas de células endoteliais em cultura. 2009. 106f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) Interunidades em Biotecnologia, USP/Instituto Butantan/IPT, São Paulo, 2009. MATSUI, T.; FUJIMURA, Y.; TITANI K., Snake venom proteases afecting hemostasis and thrombosis. Biochim Biophys Acta.;1477(1-2):146-56, 2000. 67 MEIER, P.; FINCH, A.; EVAN, G., Apoptosis in development. Nature, v.407, p.796801, 2000. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Disponível em: <http://www.inca.gov.br>, Acesso em Setembro de 2012. MORAES, J.R.E.; CORREA, P.H.A.; CAMPLESI, A.C.; MORAES, F.R., Experimental use of fbrin glue derived from snake venom in non-pregnant canine uterus. Journal Venom Animals Toxins including Tropical Diseases., v.10 (2):133-143, 2004. NEWMAN, R.A.; VIDAL, J.C.; VISKATIS, L.J.; JOHNSON, J.I.; ETCHEVERRY, M.A., VRCTC–310 - a novel compound of purified animal toxins separates antitumor efficacy from neurotoxicity. Invest New Drugs, v.11, p.151–9, 1993. NICASTRO, G.; FRANZONI, L.; DE CHIARA, C.; MANCIN, A. C.; GIGLIO, J. R. & SPISNI, A., "Solution structure of crotamine, a Na+ channel affecting toxin from Crotalus durissus terrificus venom." Eur J Biochem, v.270 (9): 1969-1979, 2003. OKADA, H.; MAK, T.W., Pathways of apoptotic and non-apoptotic death in tumour cells. Nature Reviews Cancer, v.4, p.592–603, 2004. OLIVEIRA, D. G. DE; TOYAMA, MARCOS H; MARTINS, A. M.; HAVT, A.; NOBRE, A.C.L; MARANGONI, S.; CÂMARA, P.R.; ANTUNES, E.; DE NUCCI, G.; BELIAM, L.O.S; FONTELES, M.C.; MONTEIRO, HELENA S.A., Structural and biological characterization of a crotapotin isoform isolated from Crotalus durissus cascavella venom. Toxicon, v. 42, n. 1, p. 53-62, 2003. Organização Mundial da Saúde - OMS (WHO). Disponível em: <http://www.who.int/countries/bra/es/>, Acesso em Outubro de 2012. PARKIN, D.M.; BRAY, F.; FERLAY, J.; PISANI, P., Estimating the world cancer burden: Globocan 2000. International Journal of Cancer, v.94, n.2, p.153-156, 2001. 68 PEREAÑEZ, J.A.; NÚÑEZ, V.; HUANCAHUIRE-VEGA, S.; MARANGONI, SERGIO; PONCE-SOTO, L. A., Biochemical and biological characterization of a PLAR (2R) from crotoxin complex of Crotalus durissus cumanensis. Toxicon : official journal of the International Society on Toxinology, v. 53, p. 534-542, 2009. PETROVSKI, G., ZAHUCZKY, G., MAJAI, G., FESUS, L., Phagocytosis of cells dying through autophagy evokes a pro-inflammatory response in macrophages, Autophagy, v.3, p.509–511, 2007. PINHO, F. M. O.; PEREIRA, I. D., Ofidismo. Revista da Associação Médica Brasileira, v.47, n.1, p. 24-29, 2001. POLGÁR, J.; CLEMETSON, J. M.; KEHREL, B. E.; WIEDEMANN, M.; MAGNENAT, E. M.; WELLS, T. N.; CLEMETSON, H. J., Platelet activation and signal trans by convulxin, a C-type lectin from Crotalus durissus terrificus (tropical rattlesnake) venom via the p62/GPVI collagen receptor. J. Biol. Chem. v. 272, n. 21, p. 13576-13583, 1997. PRADO-FRANCESCHI, J., On the pharmacology of convulxin and giroxin. Memórias do Instituto Butantan, v.52, p.25-6, 1990. Suplemento. RANGEL-SANTOS, A.; DOS-SANTOS, E. C.; LOPES-FERREIRA, M.; LIMA, C.; CARDOSO, D. F.; MOTA, I., A comparative study of biological activities of crotoxina and CB fraction of venoms from Crotalus durissus terrificus, Crotalus durissus cascavella and Crotalus durissus collilineatus. Toxicon., v.43, n.7, p. 801-810, 2004. RATELSLANGEN. Crotalus durissus - South American rattlesnake. [2012]. Disponível em: http://www.ratelslangen.nl/gallery/Crotalus_durissus_South_ American_rattlesnake/. Acesso em novembro de 2012. RAW I.; ROCHA M.C.; ESTEVES M.I.; KAMIGUTI A.S., Isolation and characterization of a thrombin-like enzyme from the venom of Crotalus durissus 69 terrifcus. Brazilian Journal of Medical and Biological Research., v.19, n.3, p.333-338, 1986. REED, CJ. Apoptosis and cancer: strategies for integrating programmed cell death. Semin. Hemtol. v. 37, p.9-16, 2000. RELLO, S.; STOCKERT, J.C.; MORENO, V.; GÁMEZ, A.; PACHECO, M.; JUARRANZ, A.; CAÑETE, M. AND VILLANUEVA. Morphological criteria to distinguís cell death induced by apoptotic and necrotic treatments. Apoptosis. v.10, p.201-208, 2005. RICCI, M.S.; ZONG, W.X., Chemotherapeutic approaches for targeting cell death pathways. Oncologist, v.11, p.342-57, 2006. RUSSEL, F.E., Snake Venom Poisoning. New York: Scholium International Grat Neck, 1983. SAELENS, X., FESTJENS, N., PARTHOENS, E., VANOVERBERGHE, I., KALAI, M., VAN KUPPEVELD, F., VANDENABEELE, P., Protein synthesis persists during necrotic cell death, The Journal of Cell Biology, v.168, p.545–551, 2005. SAMPAIO, S. C.; RANGEL-SANTOS, A.C.; PERES, C.M.; CURI, Y. Inhibitory effect of phospholipase A2 isloated from Crotalus durissus terrificus venom on maccrophage function. Toxicon, v.45, p.671-676, 2005. SANO-MARTINS, I.S.; TOMY, S.C.; CAMPOLINA, D.; DIAS, M.B.; DE CASTRO, S.C.B.; SOUSA-E-SILVA, M.C.C.;AMARAL, C.F.S.; REZENDE, M.A.; KAMIGUTI, A.S.; WARRELL, D.A.; THEAKSTON, R.D.G. Coagulopathy following lethal and non-lethal envenoming of humans by the South American rattlesnake in Brazil. Q J M, v.94, n.10, p.551-559, 2001. SANTOS, E., Anfíbios e répteis. 3. ed., Belo Horizonte, Itatiaia,1995, p.263. 70 SERRANO, S.M.; MAROUN, R.C., Snake venom serine proteinases: sequence homology vs. substrate specifcity, a paradox to be solved. Toxicon., v.45(8), p.1115-32, 2005. SILVA, M. G. Câncer em Fortaleza 1978-1980. Instituto e Registro de câncer do Ceará. Fortaleza, p.135, 1982. SIX, D. A.; DENNIS, E. A., The expanding superfamily of phospholipase A 2 enzymes : classi ¢ cation and characterization. Group, v. 1488, 2000. SOARES M.A.; PUJATTI P.B.; FORTES-DIAS C.L.; ANTONELLI L, S. R., Crotalus durissus terrificus venom as a source of antitumoral agents. The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v.16, n.3, p.480–492, 2010. SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; PALERMO-NETO, J., Toxicologia aplicada à Medicina Veterinária. 1.ed. Barueri: Manole, 2008. 942p. SRIVASTAVA V.; ARVIND S.N.; KUMAR J.K.; GUPTA M.M.; SUMAN P.S., Plantbased anticancer molecules: A chemical and biological profile of some important leads. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v.3, n.908, p.58-92, 2005. STANCHI, N.O.; ARIAS, D.; MARTINO, P.E.; DIEZ, R.A.; COSTA, L.A., 30-day intravenous administration of VRCTC-310-ONCO in rabbits. Farmaco, v. 57, n.2, p.167-70, 2002. STRASSER, A.; O´CONNOR L.; DIXIT V.M., Apoptosis signaling. Annual Review of Biochemistry, v.69, p. 217-245, 2000. TAMIETI B. P.; DAMATTA R. A.; COGO J. C.; DA SILVA N. S.; MITTMANN J. P.S. C., Cytoskeleton, endoplasmic reticulum and nucleus alterations in cho-k1 cell line after Crotalus durissus terrificus (south american rattlesnake) venom treatment. Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases, v.13, p.56–58, 2007. 71 TOYAMA, M. H. ; CARNEIRO, Everardo M. ; MARANGONI, Sergio ; AMARAL, M. E. C. ; VELLOSO, L. A. ; BOSCHERO, A. C. . Isolation and characterization of a Convulxin like protein from Crotalus durisssus collilineatus venom. Journal of Protein Chemistry, NY, USA, v. 20, n.7, p. 585-591, 2001. TOYAMA, M.H.; TOYAMA, D.D.O.; PASSERO, L.F.D.; LAURENTI, M.D.; CORBETT, C.E.; TOMOKANE, T.Y.; FONSECA, F.V.; ANTUNES, E.; JOAZEIRO, P.P.; BERIAM, L.O.S.; MARTINS, M.A.C.; MONTEIRO, H.S.A; FONTELES, M.C., Isolation of a new L-amino acid oxidase from Crotalus durissus cascavella venom. Toxicon : official journal of the International Society on Toxinology, v. 47, n. 1, p. 4757, 2006. VANDENBERGHE, T., KALAI, M.,. DENECKER, G., MEEUS, A., SAELENS, X., VANDENABEELE, P., Necrosis is associated with IL-6 production but apoptosis is not, Cellular Signalling, v.18, p.328–335, 2006. VERMEULEN, K.; VAN BOCKSTAELE, D. R.; BERNEMAN, Z. N., The cell cycle: a review of regulation, deregulation and therapeutic targets in cancer, Cell Proliferation., v.36, p.131-149, 2003. YAN, C.; LIANG, Z.; GU, Z.; YANG, Y.; REID, P.; QIN, Z., Contributions of autophagic and apoptotic mechanisms to CrTX-induced death of K562 cells. Toxicon 47, 521–530, 2006. YAN, C.; YANG, Y.; QIN, Z.; GU, Z.; REID, P.; LIANG, Z., Autophagy is involved in cytotoxic effects of crotoxin in human breast cancer cell line MCF-7 cells. Acta pharmacologica Sinica, v.28, n.4, p.540–8, 2007. YU, S.P.; CHOI, D.W., Ions, cell volume, and apoptosis. Proceedings of the National Academy of Sciences USA. V. 97, 9 360-362, 2000. 72 ZHAO, S.; DU, X.; CHAI M.; CHEN, J.; ZHOU, Y.; SONG, J., Secretory phospholipase A2 induces apoptosis via a mechanism involving ceramide generation. Biochimica et. Biophysica Acta. v.1581, p.75-88, 2002. ZIEGLER, U.; GROSCURTH, P., Morphological features of cell death. News Physiol. Sci, v.19, p.124-128, 2004.