6
sá­ba­do, 25 de outubro de 2008
cultura
A nos D e C humbo
Personagens do drama
O seqüestro dos uruguaios Lílian Celiberti e Universindo Díaz, mantidos reféns
num apartamento da Rua Botafogo, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre,
depois presos no Uruguai, envolveu dezenas de pessoas direta e indiretamente,
entre policias, militares, políticos e jornalistas. Conheça a trajetória de 17 deles
Universindo Rodríguez Díaz,
vítima
Era do PVP,
tinha 27 anos em
1978. Já havia
se refugiado no
Exterior antes
de vir para Porto
Alegre. Também
remetido ao
Uruguai, cumpriu
cinco anos de
prisão. Ao ser libertado, não retomou
o curso de Medicina, preferiu se
formar em História. Hoje, faz parte
do Departamento de Investigadores
da Biblioteca Nacional. Tem um filho.
Oswaldo de Lia Pires,
advogado
Foi o defensor
dos acusados de
seqüestrar Lílian
e Universindo.
Na época,
avisava: “Não só
os jornalistas,
mas todos os
que publicarem
as denúncias poderão ser
processados”. Aos 90 anos, continua
atuando como um dos maiores
advogados criminalistas do Estado.
Marco Aurélio Reis,
delegado
Era diretor do
Dops e chefe
de Pedro Seelig
quando ocorreu
o seqüestro. O
delegado está
aposentado, sofre
de problemas
cardíacos e mora
em Porto Alegre.
João Augusto da Rosa,
o Irno, policial
Inspetor do
Dops, tinha 27
anos na época.
Tentou mudar
a aparência
para não ser
reconhecido,
mas acabou
condenado.
Aguarda
pedido de aposentadoria na Polícia
Civil de Porto Alegre. Trabalhava
no Departamento Estadual de
Telecomunicações (Detel).
Camilo Celiberti, vítima
Filho de Lílian,
tinha oito anos
quando ocorreu
o seqüestro.
Identificou a sede
do Dops gaúcho,
o delegado
Seelig, Pedalada
e outros, o
que ajudou
na sobrevivência da mãe e de
Universindo. Pai de dois filhos, Anahí
e Maurício, Camilo trabalha como
cozinheiro em Barcelona, Espanha.
João Baptista Scalco,
fotógrafo
O fotógrafo
que testemunhou
o seqüestro com
o repórter Luiz
Cláudio Cunha
morreu em maio
de 1983, em
São Paulo, aos
32 anos, devido
a problemas cardíacos. Começou
a passar mal quando cobria a
Copa do Mundo da Espanha, em
1982, pela revista Placar. J. B.
Scalco deixou dois filhos, Mariano
e Juliana.
Jarbas Lima, parlamentar
Deputado
estadual pela
Arena, foi o
relator da CPI
que investigou
o seqüestro.
Concluiu que
não houve delito,
que o trabalho
dos jornalistas não tinha “serventia
jurídica”. Hoje é professor da
Faculdade de Direito da PUCRS.
Francesca Celiberti, vítima
Filha de Lílian,
com três anos
em 1978, era a
vítima mais frágil
do seqüestro. Vive
em Montevidéu,
onde trabalha com
desenho gráfico.
Casou e tem um
filho, Luan.
Synval Guazzelli,
governador
Advogado
de Vacaria, era
o governador
nomeado pela
ditadura militar.
Inicialmente, disse
que seria uma
questão de honra
elucidar o crime. Depois, pressionado
por autoridades militares, recuou.
Guazzelli morreu em 2001, aos 71 anos.
Moacir Danilo Rodrigues,
juiz de Direito
Foi ameaçado
e pressionado,
mas julgou o
processo contra os
seqüestradores,
em julho de 1980.
Na sua sentença,
argumentou que
os brasileiros “almejavam viver sob
apenas um império, o da lei”. Morreu em
1998, de doença grave, em Porto Alegre,
às vésperas de completar 56 anos.
Omar Ferri, advogado
das vítimas
Defensor dos
direitos humanos e
ligado à esquerda
brizolista, Omar
Ferri também foi
avisado sobre o
seqüestro de Lílian
e Universindo.
Tinha 47 anos em 1978. Desde o
início, empenhou-se pela libertação
dos uruguaios. Vive em Porto Alegre.
Pedro Seelig,
delegado
Principal
delegado do
Departamento de
Ordem Política
e Social (Dops),
comandou
o seqüestro
de Lílian e
Universindo. Começou como
motorista de ônibus, depois entrou
na tropa de choque da antiga
Guarda Civil de Porto Alegre. Aos
76 anos, aposentado, mora em
Porto Alegre.
Samuel Alves Correa,
general
Tinha 61 anos
em 1978, era o
comandante do
3º Exército (atual
Comando Militar
do Sul). Descrito
por Luiz Cláudio
Cunha como
“uma das faces
duras do regime militar”, o general
Samuel pressionou Synval Guazzelli
a não investigar o seqüestro. Foi
pessoalmente ao Palácio Piratini
para dar a ordem. Morreu em 2007.
João Baptista Figueiredo,
chefe do SNI
Era o sucessor
indicado por
Ernesto Geisel
quando ocorreu
o seqüestro e
o presidente da
República nos
desdobramentos
do caso.
Enviou ao Rio Grande do Sul o
seu sucessor no Serviço Nacional
de Informações (SNI), Octávio
Medeiros, para tentar abafar a crise.
Morreu em 1999, aos 81 anos.
Didi Pedalada, policial
Orandir
Portassi Lucas,
o Didi Pedalada,
era atacante
do Inter, mas
ganhou maior
notoriedade
como o agente
do Dops que
participou do
seqüestro dos uruguaios. Acabou
condenado por cumprir ordens
do chefe, Pedro Seelig, que foi
absolvido por falta de provas. Didi
morreu em 2005, aos 60 anos, de
falência múltipla dos órgãos.
fotos bd
Lílian Celiberti, vítima
Foi seqüestrada com 29 anos.
Professora
primária, era do
Partido pela Vitória
do Povo (PVP),
perseguido pela
ditadura uruguaia.
Antes de vir para
Porto Alegre,
esteve na Itália
com o marido
exilado, Hugo Celiberti, com quem
teve dois filhos. Levada ao Uruguai,
foi condenada a cinco anos de
prisão. Hoje, trabalha numa ONG de
Montevidéu e na revista feminista
Cotidiano Mujer.
Luiz Cláudio Cunha,
repórter
O repórter
que descobriu o
seqüestro tinha
27 anos à época.
Atualmente, mora
em Brasília com
a mulher, Janda,
e os dois filhos –
Gabriela, cientista
política, e Diego, arquiteto. Cunha
dedicou-se este ano integralmente
à redação final do livro e pretende,
agora, retomar suas atividades como
jornalista. Continua fiel ao chimarrão
e ao Grêmio.
Download

Personagens do drama