AGRONEGÓCIO SGAN Quadra 601, Módulo K, Ed. Antônio Ernesto de Salvo Asa Norte. Brasília – DF CEP 70830-021 T (61) 2109 1400 F (61) 2109 1490 www.timeagrobrasil.com.br www.canaldoprodutor.com.br CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA INSTITUTO CNA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR DIRETORIA EXECUTIVA 2013 TRIÊNIO 2011/2014 COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS 2012/2015 CONSELHO DELIBERATIVO - SENAR Senadora Kátia Abreu (TO) Presidente CONSELHO ADMINISTRATIVO Senadora Kátia Abreu Presidente João Martins da Silva Júnior (BA) 1º Vice-Presidente Fábio de Salles Meirelles Filho (MG) Vice-Presidente Executivo José Zeferino Pedroso (SC) Vice-Presidente de Secretaria José Mario Schreiner (GO) Vice-Presidente de Finanças Assuero Doca Veronez (AC) Vice-Presidente Diretor Carlos Rivaci Sperotto (RS) Vice-Presidente Diretor Eduardo Riedel (MS) Vice-Presidente Diretor José Ramos Torres de Melo Filho (CE) Vice-Presidente Diretor Moisés Pinto Gomes Presidente Muni Lourenço Junior Presidente da FAEA José Zeferino Pedroso Presidente da FAESC Rui Carlos Ottoni Prado Presidente da FAMATO SUPLENTES João Martins da Silva Junior Presidente da FAEB José Mário Schereiner Presidente da FAEG Renato Simplício Lopes Presidente da FAPEDF Andrea Alves Barbosa Chefe do DEPPS SENAR Júlio da Silva Rocha Júnior (ES) Vice-Presidente Diretor VICE-PRESIDENTES Ágide Meneguette (PR) Almir Morais Sá (RR) Álvaro Arthur Lopes de Almeida (AL) Carlos Augusto Melo Carneiro da Cunha (PI) Carlos Fernandes Xavier (PA) Eduardo Silveira Sobral (SE) Fábio de Salles Meirelles (SP) Flávio Viriato de Saboya Neto (CE) Francisco Ferreira Cabral (RO) José Hilton Coelho de Sousa (MA) José Álvares Vieira (RN) Luiz Iraçu Guimarães Colares (AP) Mário Antônio Pereira Borba (PB) Muni Lourenço Silva Júnior (AM) Pio Guerra Júnior (PE) Renato Simplício Lopes (DF) Roberto Simões (MG) Rodolfo Tavares (RJ) Rui Carlos Ottoni Prado (MT) CONSELHO FISCAL Raimundo Coelho de Sousa Vice-Presidente da FAERN Álvaro Arthur Lopes Presidente da FAEAL José Álvares Vieira Presidente da FAERN EQUIPE TÉCNICA José Zeferino Pedrozo Presidente da FAESC Adriana Del Isola Anaximandro Almeida Bruno Lucchi Camila Soares Bragax Cinara Ribeiro Cristiano Zaranza Elisangela Pereira Lopes Frederico Toledo Melo João Carlos De Carli Jonas Ismael Jochims Jonas Ismael Jochims José Eduardo B. Costa Leonardo de Oliveira Machado Natália Fernandes Nelson Ananias Paulo Mustefaga Rodrigo Hugueney do Amaral Mello Rodrigo Justus Rogério N. de Avellar Fonseca Victor Miguel Ayres Carlos Rivaci Sperotto Presidente da FARSUL EQUIPE DE COMUNICAÇÃO Luiz Iraçú Guimarães Colares Presidente da FAEAP Assuero Doca Veronez Presidente da FAEAC Rui Carlos Ottoni Prado Presidente da FAMATO José Mário Schreiner Presidente da FAEG Fábio de Salles Meirelles Filho Vice-Presidente Executivo da CNA Roberto Simões Presidente da FAEMG Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Ministério da Educação (MEC) Agroindústria (CNI) Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) SUPLENTES Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) Júlio da Silva Rocha Júnior Presidente da FAES Daniel Klüppel Carrara Secretário Executivo Og Arão Rubert Secretário Executivo Tatiana Lipovetskaia Palermo Superintendente de Relações Internacionais Getúlio Nunes Superintendente de Comunicação e Marketing Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) Carlos Rivaci Sperotto Presidente da FARSUL Rosemeire Cristina dos Santos Superintendente Técnica João Martins da Silva Júnior Presidente da FAEB Eduardo Corrêa Riedel Presidente da FAMASUL Luiz Iraçu Colares Presidente da FAEAP EXPEDIENTE Carlos Max Torres Christane Samarco Fabiola Salvador Leticia Dias Pablo Ulisses FOTOS Banco de Imagens CNA PROJETO GRÁFICO AGRONEGÓCIO Sumário Balanço e PersPectivas ”em milhões de toneladas” ......................................................................................................... 5 1. análise da economia Brasileira e mundial em 2013 e PersPectivas Para 2014 ............................................................................................. 7 2. aGroneGÓcio cresce 3,56% em 2013 ................................................................................................................... 11 3. recuPeraçÃo econÔmica Pode Garantir crescimento de 3,2% do vBP em 2014 ................................................................................... 15 4. Balança comercial........................................................................................................................ 20 5. oferta de crédito Para aGroPecuária seGuirá estável ...............................................................................................................................24 6. falta de acordos comerciais trava as exPortações aGroPecuárias do Brasil ............................................................................... 28 7. recuPeraçÃo da economia mundial favorecerá exPortações Brasileiras do aGroneGÓcio ............................................. 32 8. infraestrutura e loGÍstica ...................................................................................................... 35 9. Questões fundiárias ....................................................................................................................40 10. meio amBiente ...................................................................................................................................46 11. traBalho e PrevidÊncia .............................................................................................................. 51 12. cereais, fiBras e oleaGinosas .................................................................................................. 56 13. Pecuária de corte .......................................................................................................................... 74 14. café .......................................................................................................................................................80 15. aves e suÍnos..................................................................................................................................... 85 16. Pecuária de leite ............................................................................................................................. 91 17. silvicultura ...................................................................................................................................... 96 18. fim do sistema Geral de PreferÊncias (sGP) PreJudica vendas de frutas Para a uniÃo euroPeia ...................................................101 19. Cana-de-açúCar ............................................................................................................................106 20. aQuicultura ....................................................................................................................................111 21. caPrinos e ovinos .......................................................................................................................116 “Balanço e PerSPectivaS” em milhõeS de toneladaS Para os brasileiros em geral, 2013 termina agora. Mas para os produtores rurais, 2014 começou há meses com muito planejamento, fazendo contas, comprando sementes, adubos e máquinas. Eles já plantaram a nova safra e, mais uma vez, acreditaram. Este ano, o agro colheu os frutos do diálogo republicano com o governo federal na aprovação do Plano Agrícola e Pecuário que marcou um novo tempo no crédito rural, no seguro agrícola, na inovação e no financiamento à produção. Houve reconhecimento ao mais dinâmico setor da economia, que sustenta a balança comercial brasileira e é responsável por 22,80% do PIB nacional. A CNA aprofundou sua interlocução com os mercados internacionais para melhorar a performance do agronegócio. Investimos no mercado chinês, conduzindo importante missão empresarial a Pequim e Xangai, e inauguramos um escritório de representação em Bruxelas. Os números positivos traduzem a competitividade da nossa agropecuária, mas ainda é preciso superar fortemente os gargalos da logística e do armazenamento que sufocam a produção agrícola. Só assim facilitaremos a atração de investimentos internacionais para novos projetos produtivos e concessões já estabelecidas. Por fim, não é mais aceitável que fiquemos amarrados ao Mercosul, sem fechar acordos comerciais com outros blocos ou países. A produção agrícola e pecuária não pode ser penalizada por problemas em países vizinhos nem pela falta de segurança jurídica que compromete os investimentos no campo. A agropecuária brasileira está preparada para o futuro. Falta o conjunto do país se preparar para a sua agropecuária. Essa, hoje, é a nossa grande luta. Senadora Kátia Abreu Presidente da CNA a P r e s e n ta ç à o 5 1. análiSe da economia BraSileira e mundial em 2013 e PerSPectivaS Para 2014 A julgar pela atual conjuntura internacional, é provável que o ano de 2013 seja marcado na história como um ponto de inflexão na crise econômica mundial iniciada em meados de 2008, com a quebra do banco americano Lehman Brothers. Nos Estados Unidos, são inúmeros os sinais positivos. A situação patrimonial do setor privado (famílias e empresas) melhorou substancialmente, reduzindo as estatísticas de endividamento para patamares bem abaixo do período pré-crise. O mercado imobiliário, por sua vez, apresenta claros sinais de recuperação, com os preços dos imóveis e o investimento residencial crescendo a taxas de dois dígitos ao longo de todo o ano. Ainda assim, o PIB da maior economia do mundo crescerá menos neste ano (1,8%) do que em 2012 (2,8%). Tal fato se deve ao aperto fiscal adotado no início do ano, que “roubou” pelo menos 1,5 ponto percentual da taxa de crescimento de 2013. Em outras palavras: não fosse a redução dos gastos do governo, os EUA cresceriam mais que 3% neste ano. A importância deste aperto será cadente nos próximos anos, tornando ainda mais provável a sustentabilidade da recuperação na América. Esta melhora permitirá o início da normalização da política monetária praticada pelo Federal Reserve (FED). Nos próximos meses, o FED deverá reduzir seu programa de compra de ativos, o que fortalecerá o dólar perante as demais moedas internacionais e elevará as taxas longas de juro nos EUA, com impacto em todo o mundo. Embora este seja um fato positivo, no curto prazo as consequências dessa medida, principalmente no mundo emergente, incluirão depreciação cambial, pressão inflacionária e encarecimento do crédito. Tudo o mais constante, a normalização da política monetária nos EUA também concorre para moderação do preço das commodities. Por sua vez, a Zona do Euro segue em moderada recuperação, liderada pela economia alemã. Os dados recentes mostram crescente otimismo do empresariado de quase toda a região, indício de que o pior momento da crise político-econômica que assolou a união monetária também ficou para trás. Por fim, a China tem confirmado as expectativas e o mais provável é que o crescimento se dê de forma mais moderada ao longo dos próximos anos (ao redor de 7%), com desaceleração suave, sem acarretar em grandes “solavancos” no crescimento mundial. Em relação ao Brasil, a mudança do quadro externo é certamente positiva, mas traz desafios importantes no curto prazo. Em 2013, a economia registrará crescimento maior que no ano anterior (2,3% e 1,0%, respectivamente), mas ainda distante do padrão observado ao longo da última década. 1 . a n á l i s e d a e co n o m i a B r a s i l e i r a e m u n d i a l e m 201 3 e P e r s P e c t i va s Pa r a 201 4 7 Apesar do desempenho relativamente frustrante, podem-se destacar dois pontos em 2013. O primeiro é o desempenho do setor agropecuário, cujo PIB crescerá 7,4% no ano. Além de sua importância direta na atividade, o setor primário contribuiu com o PIB indiretamente, por meio da crescente demanda por caminhões e colheitadeiras, por exemplo, impulsionando o investimento. O segundo ponto positivo foi a evolução da postura do governo em relação ao programa de concessões. Depois dos problemas iniciais, a equipe econômica passou a discutir ponto a ponto com o setor privado, o que resultou em aumento da taxa interna de retorno dos projetos, aumento das garantias junto ao setor privado e redução das incertezas. Todo esse esforço se refletiu nos sucessos estrondosos das concessões dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG), onde grandes grupos internacionais venceram a disputa, com forte ágio. Também houve sucesso na concessão do campo de Libra, com grandes grupos internacionais vencendo uma disputa que promoverá bilhões de reais em investimentos ao longo dos próximos anos. No entanto, o ano de 2013 não foi marcado somente por fatos positivos. A estratégia de crescimento com base em estímulos fiscais, juros baixos e repressão de preços administrados não deu certo e teve que ser parcialmente abandonada. Ao longo do ano, por motivos diversos, o governo adotou uma série de medidas cuja consequência prática foi a repressão de preços administrados. Por um lado, a medida evitou que a inflação estourasse o teto da meta oficial, de 6,5% (em novembro, a inflação de preços livres estava em 7,31%, ao passo que a inflação de administrados somava apenas 0,94% em 12 meses). No entanto, as consequências da repressão de preços administrados são problemas não triviais. A primeira delas é a distorção imposta à economia, pondo em dificuldade empresas como a Petrobras, e a política fiscal – – – até o final de 2014, o custo da redução da energia elétrica em fevereiro deste ano será de quase R$ 20 bilhões. Além disso, a repressão de preços evidentemente não durará para sempre e resultará em forte pressão inflacionária nos próximos anos. Por sua vez, a estratégia de crescimento via desonerações fiscais tampouco entregou os resultados desejados. A expectativa do governo era que o corte de impostos estimulasse a economia e fosse compensado pelo resultante aumento de arrecadação. Com o crescimento frustrante, as desonerações tiveram como impacto imediato a forte deterioração das contas públicas, fazendo com que o resultado primário de 2013 caísse fortemente em relação ao ano passado. A piora das contas públicas, somada a medidas que contrariam o espírito da Lei de Responsabilidade Fiscal (desobrigação de o governo central cobrir frustrações da meta de entes regionais e mudança retroativa do indexador da dívida de Estados e municípios, esta ainda em tramitação no Congresso, por exemplo), desagradou os investidores internacionais. Com isso, o prêmio de risco dos títulos do Tesouro subiu quase 1 ponto percentual em relação a outros países emergentes (como México, Chile e Peru) e o país entrou no radar das principais agências de risco. Uma delas, inclusive, já deu fortes indícios que poderá rebaixar a nota de crédito do país, que ficaria assim ameaçado de perder o status de “grau de investimento”. 8 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Por fim, mesmo com a repressão dos preços administrados, a inflação permaneceu em patamares bastante elevados. Isto fez com que o Banco Central se visse obrigado a elevar a taxa de juro, o que de fato ocorreu a partir de abril deste ano. De lá para cá, a Selic já foi elevada em 275 pontos-base (de 7,25% para 10,00%) e esperamos pelo menos mais um movimento de 25 pontos na reunião do Copom em janeiro. O calendário eleitoral impõe uma séria dificuldade à condução da política econômica ao longo do próximo ano. Do lado fiscal, tanto o governo federal como os governos estaduais certamente intensificarão os investimentos, como sempre ocorre de quatro em quatro anos. No entanto, os excessos dos últimos anos pressionarão ainda mais o endividamento público e tornarão cada vez mais provável o rebaixamento da nota de crédito dos papéis do Tesouro. Por outro lado, o ajuste praticado pelo BC fará com que o PIB cresça menos em 2014, algo próximo de 2%. E, mesmo assim, a inflação permanecerá ao redor de 6%, em função das condições apertadas do mercado de trabalho, do expansionismo fiscal e da depreciação da taxa de câmbio – oriunda, por sua vez, da política monetária americana e das incertezas quanto à política econômica doméstica. Após as eleições, será necessária nova rodada de ajuste, com alta de juros e redução dos gastos fiscais. A boa notícia é que, a partir desses ajustes, a economia poderá voltar a crescer, sendo inclusive auxiliada pela recuperação já em curso da atividade econômica global. Mas, como não poderia deixar de ser, a postergação para 2015 não virá sem custos e, naquele ano, o PIB brasileiro crescerá ainda menos do que no triênio 2012-2014. 1 . a n á l i s e d a e co n o m i a B r a s i l e i r a e m u n d i a l e m 201 3 e P e r s P e c t i va s Pa r a 201 4 9 2. aGroneGÓcio creSce 3,56% em 2013 O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio pode encerrar o ano de 2013 em R$ 1,02 trilhão, com um crescimento de 3,56%. O resultado é positivo se considerada a queda do ano anterior. Em 2012, o PIB caiu 1,57%, totalizando R$ 988,7 bilhões. Em 2013, o desempenho do agronegócio será puxado pelo segmento primário, que deverá fechar 2013 com um crescimento de 6,5%. O resultado positivo do segmento primário agrícola neste ano foi sustentado pela safra recorde de 186,8 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas. Os destaques foram a colheita de 81,3 milhões de toneladas de soja e de 80,5 milhões de toneladas de milho, produção que cresceu 12,93%. A cana-de-açúcar também foi importante no ano, apesar do atraso gerado pelas chuvas no momento da colheita. A produção aumentou de 670,7 milhões de toneladas em 2012 para 712,3 milhões de toneladas em 2013. No decorrer do ano, os valores dos produtos agropecuários recuaram. Já no mês de junho, os preços médios da soja, milho, cana-de-açúcar, laranja, café, cacau, cebola e banana eram inferiores aos praticados em 2012. Por outro lado, ofertas menores e preços maiores compensaram o faturamento de culturas como algodão, arroz, mandioca, trigo e uva. O arroz, a batata, o fumo, a mandioca, o milho, a soja, o tomate e a uva são culturas que fecharão o ano com faturamento positivo, enquanto o algodão, a banana, o cacau, o café, a cana-de-açúcar a cebola, o feijão e a laranja encerrarão 2013 com faturamento em queda. O café e a laranja terão os piores desempenhos no ano, devido à conjugação de queda de produção e de preços. A produção de laranja caiu 14,2% em relação ao ano passado – de 19,1 milhões de toneladas em 2012 para 16,4 milhões em 2013 – em função de problemas climáticos e da redução dos investimentos no manejo das lavouras. O clima seco e quente no período de abertura das flores afetou a produtividade das lavouras em quase todas as regiões produtoras de citros. Os preços da caixa de laranja recuaram cerca de 21%, atingindo patamares próximos a R$ 5, condição que frustrou os investimentos na cultura, reduziu os tratos culturais e, consequentemente, a produtividade dos pomares. O aumento da oferta mundial e as expectativas de produção recorde de café no Brasil em 2014 pressionaram as cotações no mercado internacional. O preço da saca caiu 30% em relação a 2012. Mesmo em ano de baixa bienalidade, os preços do grão não reagiram, reduzindo a liquidez e descapitalizando os produtores, em especial de café arábica, que tiveram prejuízos de cerca de R$ 100 por saca. 2 a G r o n e G Ó c i o c r e s c e 3 , 5 6 % e m 201 3 11 O motor do desempenho do PIB do agronegócio em 2013 foi a pecuária, que, em seu conjunto, apresentou crescimento de produção e de preços. Destaque para a produção e o faturamento da avicultura, que encerrará o ano com aumento de aproximadamente 30%. A agroindústria, segmento que tem apresentado fraco desempenho desde maio de 2011, registrou ligeira recuperação em 2013. Os setores têxtil e de vestuários, açúcar e óleos vegetais são os que apresentam os piores desempenhos durante o ano. A elevação dos preços das matérias-primas e dos custos de produção, em especial de mão de obra, reduziu a competitividade das agroindústrias. A queda dos preços das commodities, observadas em 2013, e a desvalorização de 15% do real frente ao dólar influenciaram positivamente no processo de recuperação da agroindústria. Confirmadas as estimativas, o PIB do agronegócio encerrará 2013 com participação de 22,80% no PIB do País. O cálculo considera a projeção de crescimento de 2,25%, para R$ 4,49 trilhões, da economia nacional em 2013. Para 2014, as projeções indicam que cenário muito semelhante ao verificado em 2013. Os estoques das commodities agrícolas estão crescendo, mas a demanda segue firme e tende a ser impulsionada pelo ainda tímido reaquecimento da economia mundial. Os preços poderão, exceto no período de pressão da colheita, permanecer em níveis muito próximos às médias deste ano, sinalizando que, confirmadas as projeções de produção e comercialização, o PIB do agronegócio poderá crescer nos mesmos patamares de 2013. Evolução mensal o PIB do agronegócio em 2013 2,0 1,5 1,18 1,0 0,5 0,0 -0,5 Fonte: CNA/CEPEA 12 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Agricultura t/ Se 13 o/ 3 Pecuária Ag Ju l/1 13 n/ Ju M ai /1 3 3 r/ 1 Ab M ar /1 3 13 v/ Fe 13 n/ Ja /1 2 ez D N ov /1 2 /1 2 O ut 2 t/ 1 Se Agropecuária 13 - 0,62 -1,0 Projeção de crescimento do PIB do agronegócio em 2013 (em R$, milhões) + 2,25% 4.392.094 4.490.916 2012 2013 + 3,56% 988.778 1.023.979 2012 2013 Agronegócio Brasil Participação do Agronegócio no PIB do Brasil 2012 22,51% 2013 22,80% Fonte: CNA 2 a G r o n e G Ó c i o c r e s c e 3 , 5 6 % e m 201 3 13 3. recuPeraçÃo econÔmica Pode Garantir creScimento de 3,2% do vBP em 2014 O Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário pode crescer 3,2% em 2014, na comparação com o desempenho deste ano, para R$ 438,2 bilhões. O crescimento só não será maior em função de alguns indicadores do cenário externo. A queda nas cotações das commodities agrícolas, influenciada pela estimativa de aumento dos estoques finais mundiais diante do aumento da produção de grãos nos principais players do mercado internacional, deverá influenciar o resultado previsto para o ano. A produção mundial de grãos na safra 2014 deve crescer 7,5% em relação a 2013, impulsionada, em especial, por culturas como milho, soja e trigo, que apresentaram crescimento 11,6%, 5,8% e 7,8%, respectivamente. Os estoques finais mundiais projetados também cresceram, indicando relação estoque/consumo superior ao verificado na safra passada e acima da média histórica, fator baixista para os preços. Apesar desta situação, a expectativa é de sustentação das cotações internacionais, resultado do reaquecimento da demanda devido à recuperação da economia norte-americana e dos indícios de melhoria do cenário econômico na União Europeia e em países importadores líquidos de commodities agrícolas, como o Japão. Assim, projeta-se um aumento de 2,5% no faturamento bruto dos produtos agrícolas, chegando a R$ 258,8 bilhões em 2014, resultado impulsionado principalmente pelas culturas de algodão e de soja. O algodão destaca-se com um crescimento de 85,2% no VBP. O aumento de 22% da produção na safra 2013/2014, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), justifica a alta. A recuperação dos preços internos e a tendência das cotações internacionais continuarem em patamares atrativos para a atividade incentivaram os produtores a investir no aumento da área plantada. Além disso, a fibra aparece como uma alternativa mais rentável do que o milho safrinha, já que os preços do cereal seguem em tendência de queda. Para a soja, espera-se um aumento de 9,9% na receita, passando de R$ 80,2 bilhões para R$ 88,1 bilhões. Com preços em patamares mais remuneradores, os produtores ampliaram a área cultivada com a oleaginosa e, desta forma, a estimativa é que a produção nacional aumente em 9,6% em relação à safra anterior, segundo a Conab. Com relação às cotações, a expectativa é de que a demanda mundial aquecida, principalmente pela China, favoreça a manutenção dos preços nos bons patamares atuais. 3 . r e c u P e r a ç à o e co n Ô m i c a P o d e G a r a n t i r c r e s c i m e n t o d e 3 , 2 % d o v B P e m 201 4 15 No milho primeira safra, a competição por área, principalmente entre o cereal e a soja, em razão da melhor rentabilidade e da liquidez da oleaginosa, fez com que as projeções de área plantada na primeira safra recuassem, em média, de 3% a 6,5%, quando comparado com o período anterior, de acordo com a Conab. Contudo, a expectativa é de queda dos preços, pois o quadro de suprimento é recorde e aponta que haverá um excedente, mesmo com um bom desempenho das exportações. Desta forma, estima-se decréscimo de 18,3% no faturamento bruto do setor, podendo chegar a R$ 30,8 bilhões. A estimativa para o VBP da produção pecuária para 2014 é de R$ 179,4 bilhões, o que representa um crescimento de 4,2% em relação ao ano de 2013. Para a carne bovina, estima-se um aumento de 10,5% do faturamento, passando de R$ 62,8 bilhões para R$ 69,3 bilhões. A tendência é que os preços da arroba recuperem-se no próximo ano, alta justificada pela redução do rebanho bovino. Devido ao aumento dos custos de produção e à desvalorização do preço da arroba nos últimos anos, elevou-se o abate de matrizes, condição que impactou negativamente na disponibilidade de animais para abate. Além disso, a expectativa é de aumento das exportações, impulsionadas pelo possível aquecimento da demanda, principalmente, nos Estados Unidos e Europa, e pela perspectiva de manutenção do dólar em patamares favoráveis. Projeção do Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário para os anos de 2013 e 2014 500,00 450,00 424.57 438.23 400,00 350,00 300,00 252.38 258.80 250,00 200,00 172.19 179.43 142.70 148.83 150,00 109.68 109.96 100,00 50,00 0,00 Safra de grãos Outros produtos agrícolas Agricultura 2013 Fonte: CNA 16 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 2014 Pecuária Agropecuária Balanço 2013 O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária deve somar R$ 424,5 bilhões em 2013, o que representa um aumento de 8% em relação ao registrado em 2012. As condições de clima permaneceram neutras ao longo do ano, permitindo o desenvolvimento dos plantios. As exceções foram as lavouras de laranja, café e mandioca, que, em razão do clima, registraram queda na produção de 14,2%, 6,9% e 11,5%, respectivamente. Em função da boa oferta nos mercados interno e externo, os preços da maioria dos produtos recuaram quando comparados com o ano anterior, com exceção daqueles que tiveram redução de área plantada, como o algodão e o feijão. Estima-se que o faturamento dos produtos agrícolas atinja R$ 252,4 bilhões em 2013, valor 6,9% superior ao registrado em 2012. A cultura da soja foi destaque no ano, com crescimento de 16% no valor bruto da produção, atingindo R$ 80,2 bilhões. A área plantada do grão na safra 2012/2013 apresentou aumento de 10,7% em relação ao ano anterior, elevando a produção para 22,7%, ou seja, volume 15 milhões de toneladas superior ao produzido em 2012. O incremento na área cultivada de soja ocorreu por substituição das áreas de algodão, milho, feijão e pastagem, dependendo da região. Os excelentes preços na safra 2011/2012, que atingiram níveis recordes devido à redução da safra dos principais países produtores mundiais, é o principal responsável por essa expansão. Estados Unidos, Argentina e Brasil respondem por 81% da produção mundial de soja. As fortes perdas desses países na safra 2011/2012, juntamente com a elevação da demanda chinesa, impulsionaram as cotações internacionais. Para o milho, o faturamento bruto em 2013 pode chegar a R$ 36,8 bilhões, o que representa uma elevação de 5% em relação a 2012. A valorização dos preços do cereal no mercado externo, resultado da redução da safra mundial em 2012, impulsionou a produção de milho no país. A colheita foi de 81 milhões de toneladas na safra 2012/2013. Com a boa oferta de produto no mercado interno e a recuperação da safra norte-americana, os preços recuaram 30% em relação ao comercializado no ano anterior. As sucessivas quedas de preços prejudicaram a cafeicultura. As cotações atingiram o menor nível em cinco anos, acumulando desvalorização superior a 30% em 2013. O excesso de oferta, no Brasil e no exterior, aliado à redução da demanda, é o principal responsável pela desvalorização. Estas condições impuseram uma forte crise ao setor, elevando o nível de endividamento. Enquanto aguardam por um posicionamento do governo com medidas para amenizar o problema, os cafeicultores reduzem os investimentos com tratos culturais e adubação. A valorização dos preços dos produtos da pecuária elevou a rentabilidade da maioria dos setores. A avicultura destaca-se com um faturamento de R$ 53,8 bilhões em 2013, um aumento de 24% no ano. O resultado positivo do setor foi impulsionado principalmente pelo aumento de 20,4% dos preços da carne de frango. Na carne bovina, o quadro é de ligeiro recuo no faturamento: de R$ 63,8 para R$ 62,8 bilhões. 3 . r e c u P e r a ç à o e co n Ô m i c a P o d e G a r a n t i r c r e s c i m e n t o d e 3 , 2 % d o v B P e m 201 4 17 Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário para os anos de 2012 e 2013 450,00 424,57 393,27 400,00 350,00 300,00 250,00 236,19 252,38 200,00 157,08 172,19 150,00 100,00 50,00 0,00 Agricultura Pecuária 2013 Fonte: CNA 18 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 2013 Agropecuária 4. Balança comercial Saldo da Balança comercial do aGroneGÓcio BraSileiro creSce 5,3% em 2013 A balança comercial do agronegócio brasileiro tende a fechar o ano com o saldo de US$ 83,6 bilhões, o que representa aumento de 5,3% na comparação com 2012, quando acumulou US$ 79,4 bilhões. As exportações do agronegócio encerrarão o ano com o crescimento de 5,10% em relação aos US$ 95,8 bilhões obtidos em 2012, atingindo US$ 100,7 bilhões. Apesar das vendas externas seguirem firme durante todo o ano de 2013, elevando-se os volumes da maioria dos produtos da pauta de exportação, os preços dos produtos agropecuários no mercado internacional caíram, em média, 10%. As vendas externas da soja, principal produto da pauta brasileira de exportações, devem somar US$ 31,5 bilhões ao final de dezembro, registrando crescimento de 20,26% na comparação com 2012, quando exportou US$ 26,14 bilhões. O cenário de escassez mundial da oleaginosa e a forte demanda da China contribuíram para esse resultado, firmando o Brasil como o maior exportador mundial da commodity, devendo encerrar o ano com o embarque de 44,5 milhões de toneladas. O complexo carnes também apresentou bom desempenho em 2013. A previsão é que as exportações alcancem US$ 16,5 bilhões, frente aos US$ 15,7 bilhões em 2012. A carne de frango é a que apresenta melhor resultado, saltando dos US$ 6,8 bilhões, registrados em 2012, para US$ 8,4 bilhões este ano. Logo em seguida vem a carne bovina, que superou o recorde dos valores exportados em 2012 e tende a encerrar o ano com o faturamento de US$ 6,5 bilhões em vendas externas. Já as importações do agronegócio também terão um leve aumento – de US$ 16,4 bilhões para US$ 17 bilhões. A alta será puxada pelo trigo, que deverá atingir US$ 2 bilhões, e pelos pescados, que podem chegar a US$ 1,2 bilhão. Com a estagnação da oferta de trigo no Brasil, o produto deverá continuar liderando a pauta das importações agrícolas. Como o país produz 5 milhões de toneladas para atender um consumo de 12 milhões de toneladas, as estimativas indicam a importação de 7 milhões de toneladas, em especial dos Estados Unidos. A Ásia se firmou como o principal destino do agronegócio brasileiro, com a participação de 42% nas vendas externas. Já a União Europeia, apesar da melhoria do cenário econômico apresenta ligeira queda, de um ponto percentual, na participação nas exportações do agronegócio, hoje projetada em 22%. A China firmou-se mais uma vez como o principal destino das exportações do agronegócio, com crescimento de 30% em relação a 2012. A forte demanda chinesa foi o principal fator 20 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 de crescimento das exportações, com a participação de 25% nos totais exportados pelo agronegócio, ultrapassando a União Europeia, até então principal destino das exportações do agronegócio. A expectativa para 2014 é de manutenção do ritmo de crescimento das vendas externas na faixa dos 5,5%, considerando o cenário de recuperação da economia mundial, que tende a refletir positivamente na demanda. Contudo, a pressão observada nos preços das commodities agrícolas e das soft commodities pode reduzir essa projeção, embora a previsão de crescimento dos volumes exportados se mantenha. Comparativo Balança Comercial do Agronegócio - 2013 12.000 US$ milhões 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 Jan Fev Mar Abr Agronegócio Exportação Mai Jun Jul Ago Agronegócio Importação Set Out Nov Agronegócio Saldo Fonte: Agrostat (MAPA) 4 . B a l a n ç a co m e r c i a l 21 22 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 5. oferta de crédito Para aGroPecuária SeGuirá eStável A oferta de recursos para o crédito rural tende a ser estável em 2014. Os indicadores sobre a disponibilidade de recursos, como os depósitos a vista nos bancos, uma das fontes para o crédito rural, apresentaram crescimento nos últimos meses, indicando que não deverão faltar recursos ao setor no próximo ano. Apesar de se manterem os volumes, as taxas de juros de algumas linhas de crédito, caso do Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), são temas que irão exigir esforço do setor junto ao governo para que as taxas sejam mantidas nos patamares atuais, de 3,5% ao ano. É que a elevação das taxas de juros exige aumento nas dotações orçamentárias. Tal medida é necessária para equalizar as taxas de juros pagas pelo produtor rural. Fato que eleva os gastos do governo. A expectativa do mercado, neste final de ano, após um período de elevação da taxa de juros básica da economia, é que o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central, reduza os ajustes. No entanto, até março do próximo ano, a taxa SELIC continuará em alta, devendo atingir o patamar de 11,75%, justamente no período de forte discussão para a elaboração do Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015. Evolução dos depósitos a vistas nos bancos e exigibilidades bancárias 180.00 160.00 140.00 120.00 100.00 80.00 60.00 40.00 20.00 - 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Depósitos à vista Exigibilidades Fonte: Banco Central do Brasil Elaboração: CNA 24 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Variação % dos depósitos à vista Já com relação à demanda por recursos financeiros, as estimativas indicam que serão necessários R$ 212 bilhões para o custeio das atividades da agropecuária no período de 2014/2015. A justificativa para esse valor está em fatores como mudanças tecnológicas, elevação dos custos de produção decorrentes da variação cambial, aumento da necessidade de manejo sanitário das lavouras e elevação da demanda pela pecuária. Isso porque, considerando um cenário de preços positivos no decorrer de 2014, o setor tende a retomar parcialmente os investimentos. Outro fator que pode impulsionar a demanda por recursos é a queda da rentabilidade da maioria das culturas, no período 2013/2014, reduzindo assim a disponibilidade de capital próprio do produtor no financiamento das lavouras. No biênio 2013/2014 os produtores rurais desembolsaram cerca de 40% do orçamento da safra de culturas, como é o caso da soja, demonstrando maior capitalização, resultado do desempenho positivo dos últimos anos. Na safra 2013/2014, os avanços na oferta de crédito serão consideráveis, com a ampliação do montante de recursos, redução das taxas de juros e criação de novos programas de apoio ao segmento. O volume de recursos destinados ao PAP 2013/2014 atingirá um total de R$ 136 bilhões. Sendo R$ 97,6 bilhões para custeio e comercialização e outros R$ 38,4 bilhões para investimentos, de acordo com os números divulgados pelo Governo. Comparativo dos recursos anunciados no PAP 2012/2013 e PAP 2013/2014 recursos PaP 2012/2013 PaP 2013/2014 variaçÃo (%) Total anunciado 115,2 136,0 18,06 Custeio e comercialização 86,95 97,6 12,25 Investimento 28,30 38,4 35,69 Fonte: PAP 2012/2013 e PAP 2013/2014 A ampliação dos limites de crédito – de R$ 800 mil para R$ 1 milhão –, a redução da taxa de juros para o médio produtor rural e o aumento dos recursos do Programa ABC e do Programa de Subvenção ao Seguro Rural, foram os principais avanços mostrados pelo PAP no biênio 2013/2014. As medidas de maior impacto, no entanto, estão na criação da Agência Nacional de Extensão Rural (Anater), no programa de Inovação no Agronegócio (Inovagro) e no programa de Investimento em Sistemas de Armazenagens (PCA), demandas antigas do setor agropecuário que foram atendidas no PAP. 5 . o f e r ta d e c r é d i t o Pa r a a G r o P e c u á r i a s e G u i r á e s táv e l 25 Em relação à demanda, nos quatro primeiros meses de vigência do PAP 2013/2014, foram aplicados R$ 45,7 bilhões em custeio, ou seja, 46,8% do valor disponibilizado para o período. Os investimentos também seguiram firmes, 49,8% a mais de recursos, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Foram aplicados R$ 11,7 bilhões no período de julho a outubro, atingindo 30,5% dos valores disponibilizados para o ano. Com esse desempenho, os saldos das operações do crédito rural atingiram em outubro R$ 168,9 bilhões, sinalizando a melhoria do cenário de crédito na agropecuária brasileira e a maior disposição dos agentes financeiros em financiar o setor, ante as boas perspectivas nos próximos anos. Saldo das operações de crédito rural (R$, bilhões) Jan/2010 Fev/2010 Mar/2010 Abr/2010 Mai/2010 Jun/2010 Jul/2010 Ago/2010 Set/2010 Out/2010 Nov/2010 Dez/2010 Jan/2011 Fev/2011 Mar/2011 Abr/2011 Mai/2011 Jun/2011 Jul/2011 Ago/2011 Set/2011 Out/2011 Nov/2011 Dez/2011 Jan/2012 Fev/2012 Mar/2010 Abr/2012 Mai/2012 Jun/2012 Jul/2012 Ago/2012 Set/2012 Out/2012 Nov/2012 Dez/2012 Jan/2013 Fev/2013 Mar/2013 Abr/2013 Mai/2013 Jun/2013 Jul/2013 Ago/2013 Set/2013 Out/2013 168,9 Pessoas físicas - Crédito rural total Pessoas jurídicas - Crédito rural total Pessoas jurídicas - Crédito rural com taxas de mercado Pessoas jurídicas - Crédito rural com taxas reguladas Pessoas físicas - Crédito rural com taxas de mercado Pessoas físicas - Crédito rural com taxas reguladas Fonte: Banco Central do Brasil 26 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 6. falta de acordoS comerciaiS trava aS exPortaçõeS aGroPecuáriaS do BraSil Enquanto o crescimento das exportações do Brasil está paralisado, as vendas externas do agronegócio aumentam. O saldo positivo da balança comercial do setor é vital para a economia brasileira. A competitividade e a sustentação do crescimento das vendas externas exigem maior inserção global por meio da liberação do comércio externo. O congelamento das negociações multilaterais fez muitos países optarem por acordos bilaterais e regionais. O Brasil, que construiu a sua política de comércio exterior com foco nas negociações multilaterais da Organização Mundial do Comércio (OMC), não acompanhou esse movimento internacional. Desde 2011, o Brasil não assinou nenhum acordo comercial relevante, com a exceção da adesão da Venezuela ao Mercosul. O único acordo de livre comércio vigente no momento, além do Mercosul, é o de Israel. Juntos, Mercosul e Israel representam 3,8% do comércio mundial (dados da OMC referentes a 2012). Os outros dois acordos de livre comércio, assinados pelo Mercosul em 2010 com Egito e Palestina, ainda não entraram em vigor. Dos quinze acordos de preferências tarifárias efetivados, de abrangência mais restrita, somente dez estão em vigor. Foram os acordos firmados com a Bolívia, Chile, Guiana, Colômbia, México, Equador, Suriname, Peru, Índia e Cuba. O acordo com a Índia prevê tarifa zero somente para dois grupos de produtos: aparelhos de telecomunicações e couros e peles. As negociações dos nossos vizinhos da América Latina são muito mais ambiciosas. Além de incorporar a quase totalidade do comércio, os acordos do Chile, Colômbia, México e Peru abrangem mais 50 países. No caso do Chile, esses acordos representam mais de 80% do comércio mundial. A estratégia de liberação de comércio da Aliança do Pacífico, bloco formado por esses quatro países, deu resultados positivos. Hoje, o bloco é responsável pela metade do comércio exterior da América Latina. 28 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Uma das razões do isolamento do Brasil no comércio internacional está na fidelidade do país ao Mercosul. A regra do bloco impede que seus sócios negociem acordos individuais. Isso acontece em função de interesses econômicos conflitantes e da dificuldade de entendimento entre seus membros. Diante dessa situação, o Mercosul não consegue avançar na efetivação de acordos comerciais. Mesmo diante desse quadro, o Brasil tem grande chance de firmar um acordo relevante – com a União Europeia. Após 15 anos de negociação, o país deverá apresentar sua proposta até o final de 2013. As negociações deverão progredir no início do próximo ano. O sucesso do acordo definirá o tão esperado resgate da autonomia negociadora do Brasil. Se os demais integrantes do Mercosul não acompanharem as negociações, o Brasil deverá fazer uma escolha pragmática: garantia de acesso ao mercado europeu em detrimento do isolamento regional. A importância de novos acordos torna-se ainda mais urgente em razão da retirada, por alguns países, das preferências tarifárias concedidas ao Brasil. As tarifas mais baixas do Sistema Geral de Preferências (SGP) beneficiam países pobres, que precisam de ajuda para fomentar seu desenvolvimento econômico. Devido ao crescimento da renda ao longo dos últimos anos, o Brasil não se enquadra mais nessa categoria. A União Europeia cessará preferências tarifárias para o Brasil a partir de janeiro de 2014. No ano seguinte, o Canadá também cortará benefícios. Os Estados Unidos e o Japão estudam medidas semelhantes. Se o Brasil não firmar acordo com a União Europeia rapidamente, alguns produtos do agronegócio, como frutas e couros, perderão de forma significativa suas vendas para o mercado europeu. As consequências do isolamento comercial do Brasil estão cada vez graves. Em breve, a maior parte do comércio mundial será realizada entre os países conectados por acordos de livre comércio. A Parceria Transatlântica, entre Estados Unidos e União Europeia, abrangerá 50% do PIB mundial e 30% do comércio global. Já o Acordo Trans-Pacífico (Estados Unidos, Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã) representa 40% do PIB mundial e 33% do comércio. Com a possível adesão da Coréia do Sul e da China, essa última negociação somará cerca de 45% do comércio global. A OMC estima em 2,5% o crescimento do comércio mundial em 2013. Com isso, a fatia da participação do Brasil deverá manter-se em 1,3%. Para reverter esse quadro nos anos seguintes será vital que o país negocie acordos com a China e com os países do Trans-Pacífico. As novas regras negociadas de forma bilateral, além de eliminar as tarifas, estabelecem novos padrões e conceitos para o comércio de alimentos. A ausência do Brasil dessas negociações gera crescentes problemas de acesso aos mercados, sobretudo no caso de produtos com maior valor agregado. 6 . fa lta d e a co r d o s co m e r c i a i s t r ava a s e x P o r ta çõ e s a G r o P e c u á r i a s d o B r a s i l 29 É notório que, principalmente em relação aos produtos agrícolas, o comércio internacional é ainda afetado por subsídios e barreiras tarifárias e não tarifárias. São inúmeros os entraves que reduzem a competitividade do agronegócio brasileiro. A morosidade na habilitação de frigoríficos exportadores, tarifas mais elevadas para produtos agrícolas processados (como café, óleo de soja e couros), as exigências sanitárias sem fundamentos técnicos e as restrições aos grãos transgênicos, são apenas alguns exemplos. Faltam ainda protocolos sanitários e fitossanitários com vários países importadores, em especial com os crescentes mercados da África e do Oriente Médio. Por outro lado, os governos de países que concorrem com o Brasil – como os Estados Unidos e a União Europeia – subsidiam a produção e as exportações de produtos agropecuários. Esses mecanismos distorcem os preços internacionais de commodities agrícolas e tornam desleal a concorrência global. A produtividade no setor agropecuário brasileiro cresce em ritmo muito mais acelerado do que em outros países. Com isso, o Brasil tem grande potencial para negociar a expansão de suas exportações. O mundo está preocupado com a segurança alimentar. A garantia de suprimento pode servir como barganha para a abertura de acesso a mercados. O Brasil deve engajar-se nas negociações de novos acordos para reverter sua inexpressiva participação no comércio internacional. Essas negociações precisam ser priorizadas pela política de comércio exterior do país. 30 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 7. recuPeraçÃo da economia mundial favorecerá exPortaçõeS BraSileiraS do aGroneGÓcio A economia mundial está em trajetória de recuperação e deverá expandir 3,6% em 2014 (estimativas FMI). Os países da zona do Euro deverão superar a recessão, saindo da retração de cerca de 0,4%, em 2013, para uma expansão de 1,0% no ano seguinte. As projeções sobre a melhoria da economia americana também são positivas para 2014. Em 2013, os Estados Unidos devem crescer 1,6% e, no ano que vem, deverá ser de 2,6%. Já os países da América Latina e do Caribe deverão crescer a uma taxa de 3,1%. Estimativa de crescimento do PIB por blocos de países (em%) 6,3 6,5 5,1 4,5 3,6 2,9 2,7 3,1 2,0 1,2 Emergentes asiáticos Emergentes Mundo 2013 América Latina e Caribe Economias avançadas 1,0 -0,4 Área do Euro 2014 Fonte: FMI As economias emergentes, principalmente as da Ásia, serão novamente aquelas que irão registrar as taxas mais robustas de crescimento (estimativa de 5,1% para o continente). A China, embora não cresça mais ao ritmo de dois dígitos, continuará sendo força importante para o crescimento mundial. Em 2014, a economia chinesa deverá expandir 7,3%, mantendo o ritmo acima de 7% nos próximos cinco anos. 32 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Outro fato positivo na economia chinesa, no curto prazo, é a mudança – mesmo que ainda lenta – do foco de crescimento daquele país: maior participação do consumo interno em detrimento das exportações como motor do desenvolvimento econômico. Já que parte importante das vendas externas do Brasil está pautada no agronegócio, um crescimento mais intenso do consumo das famílias chinesas é vantajoso para as exportações brasileiras para aquele país. O mercado de alimentos deve crescer consideravelmente na China, por duas razões principais: o governo está criando estímulos para as famílias ampliarem o consumo, e, ao mesmo tempo, o processo de urbanização deverá levar 400 milhões de pessoas às cidades no decorrer da próxima década. Os prognósticos indicam que, dentro de 10 a 15 anos, a China ultrapassará os Estados Unidos como o maior importador mundial de alimentos e bebidas. Embora o cenário externo esteja mais otimista para 2014, em comparação com 2013, ainda existem riscos inerentes ao processo de retomada global que podem afetar a economia brasileira. Um dos fatores está na disposição do Banco Central americano (FED) de iniciar a retirada dos estímulos monetários em 2014, uma vez que a economia norte-americana está em recuperação. A redução da compra dos títulos pelo governo dos EUA, estimada em US$ 85 bilhões por mês, pressionará pela desvalorização do real frente ao dólar, uma vez que mais capitais irão se destinar aos títulos do governo americano. Apesar dos aspectos negativos deste cenário, é importante reconhecer que o cenário será favorável ao aumento da competitividade das exportações brasileiras, por meio da alteração do preço relativo dos produtos. O cenário externo contemplado pela CNA, portanto, não considera rupturas nas economias europeias, mas sim um período de recuperação da economia global. Os riscos sistêmicos não estão totalmente afastados, mas a previsão é que, neste caso, o impacto seria muito inferior ao registrado na crise de 2008. 7. r ec u P e r a ç à o d a eco n o m i a m u n d i a l fav o r ec e r á e x P o r ta çõ e s B r a s i l e i r a s d o a G r o n eG Ó c i o 33 8. infraeStrutura e loGÍStica comPetitividade do aGroneGÓcio deve melhorar com inveStimento e novaS conceSSõeS A disponibilidade de infraestrutura adequada é condição indispensável para que o Brasil, principalmente no setor do Agronegócio, possa desenvolver vantagens em comparação com os demais países do mundo. Os investimentos elevam a competitividade sistêmica da economia e permitem melhor gestão dos custos privados, possibilitando redução dos preços da produção e ganhos de produtividade. Nos últimos anos, o Agronegócio destacou-se como fator preponderante para o crescimento econômico do País. O desempenho poderia ser melhor, não fossem os custos e os desperdícios gerados pela falta de infraestrutura e logística no Brasil. De acordo com dados da Intelog (2013), para cobrir as despesas com logística são gastos entre 8,5% e 9,0% de tudo que é produzido pelo setor. A infraestrutura ruim também é um dos principais fatores responsáveis, por exemplo, pelo desperdício com a soja. Estima-se que a perda de grãos, da lavoura ao porto, varie entre 6,0% e 13,0% (Tabela 1). Tabela 1. Custo Logístico. Perdas na loGÍstica em % Custo Logístico Brasileiro* 19,2% do PIB Brasil Custo Logístico do Agronegócio* 8,5% a 9,0% do PIB do Agronegócio Desperdício de Soja* 6,0% a 13,0% do que é colhido (porteira ao porto) Alta Anual do Preço do Frete da Soja (entre Sorriso/MT e Santos/SP)** 42,6% Alta Anual do Preço do Frete da Soja (entre Sorriso/MT e Paranaguá/PR)** 29,9% Fonte: *Intelog e **Esalq-USP. 8. infr aestrutur a e loGÍstic a 35 E qual é a causa? Por muitos anos o setor de infraestrutura e logística foi prejudicado pela perda da capacidade de análise e de propostas concretas para solucionar o problema. O quadro foi agravado com a extinção da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (GEIPOT). No entanto, a criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), em 2012, sinalizou a intenção do governo de resgatar a tradição no planejamento de médio e longo prazo nesse setor estratégico da economia. Uma prática desejada para 2014, capaz de favorecer a infraestrutura, é o crescimento progressivo dos investimentos. Segundo estudo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para o período 2014/2017, os recursos destinados ao setor somarão R$ 509,7 bilhões. Somente à logística serão alocados R$ 163,7 bilhões. Comparado com o que ocorreu entre 2009 e 2012, ocorrerá um aumento de 57% nos investimentos. Vale lembrar que, do total investido em 2012, 49% foi dinheiro do setor privado. A tendência é que os recursos a serem aplicados pela iniciativa privada, nos próximos anos, continuem superando os do setor público, devido às novas condições surgidas com a Lei n.º 12.815/2013 (Lei dos Portos) e o cronograma de concessões do governo federal. Assim, o planejamento aliado a investimentos é a aposta para alavancar o setor e solucionar os entraves existentes. No biênio 2012/2013 foram lançados diversos planos governamentais que serão executados no decorrer dos próximos anos. Entre eles, destaque para o Programa de Investimento em Logística (PIL) para obras de duplicação, melhoria e construção das concessões de 7,5 mil km de rodovias e 10 mil km de ferrovias. O PIL prevê investimento total de R$ 133 bilhões, dos quais R$ 79,5 bilhões no decorrer dos próximos cinco anos, e os R$ 53,5 bilhões restantes, em 25 anos. Os recursos financeiros para melhorar a infraestrutura terrestre contemplam as rodovias, no montante de R$ 42 bilhões (R$ 23,5 bilhões em 5 anos e R$ 18,5 bilhões em 20 anos), para duplicação dos principais eixos rodoviários existentes no País. Nas ferrovias serão investidos R$ 91 bilhões (R$ 56 bilhões em 5 anos e R$ 35 bilhões em 25 anos), especialmente na expansão e no aumento da capacidade de transporte da malha ferroviária. A Empresa de Planejamento e Logística (EPL) ficou com a responsabilidade legal de retomar a capacidade de planejamento oficial no segmento, incluindo o setor portuário, aprimorando os marcos regulatórios, além de uma profunda reorganização institucional. Estão previstos investimentos em arrendamentos e Terminais de Uso Privativo (TUPs), de R$ 54,2 bilhões (R$ 31 bilhões até 2014/15 e outros R$ 23,2 bilhões no biênio 2016/17) com forte participação da iniciativa privada, estimulada pela competição no setor e pela eliminação de barreiras regulatórias. Em 2014 deverá ser iniciado o segundo bloco de arrendamento portuário em Paranaguá (PR), São Sebastião (SP), Salvador (BA) e Aratu (BA). A estimativa de investimentos é de R$ 3,2 bilhões. Um exemplo: no Porto de Paranaguá está prevista a implantação de dez terminais, com a expectativa de aumento da capacidade em 89%, ou seja, os 40,4 milhões de toneladas movimentados atualmente passariam para 76,4 milhões. 36 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Em relação à navegação interior, o Ministério dos Transportes anunciou o Plano Hidroviário Estratégico (PHE). A meta do Plano é ampliar, até 2031, o escoamento de commodities pelos rios das atuais 25 milhões de toneladas para 120 milhões de toneladas. Só o agronegócio será responsável pelo escoamento, por esse sistema, de 36,3 milhões de toneladas (Gráfico 1). Gráfico 1. Previsão de Movimentação dos Produtos Agrícolas pelas Hidrovias até 2031 (em milhões de toneladas) Hidrovia do Tapajós 9,7 Hidrovia do Tocantins 8,6 Hidrovia do Paraguai 5,5 Hidrovia do Paraná Tietê 4,8 2,6 Hidrovia do São Francisco Hidrovia do Madeira 2,5 Hidrovia do Sul* 2,5 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 * Hidrovia do Sul compreende os rios Taquari, Jacuí e Lagoa dos Patos Fonte: PHE (2013). Para alcançar esse objetivo, deverão ser investidos, até 2024, R$ 26 bilhões. Desse total, R$ 17 bilhões serão aplicados na melhoria e ampliação do modal hidroviário. Outros R$ 9 bilhões serão investidos na construção de embarcações e implantação de terminais. *ZarPa BraSil! é hora de avançarmoS rumo ao futuro! Em 2013, instituições empresariais organizaram-se em prol da modernização dos portos brasileiros. O principal objetivo era reunir esforços para a aprovação da Medida Provisória nº 595/2012, que estabelece os critérios para a exploração e arrendamento de terminais privativos dentro ou fora do porto público. As novas regras desse marco regulatório, entre outros benefícios, possibilitam a ampliação da participação da iniciativa privada nos investimentos. Após a sanção da Lei dos Portos (Lei n. 12.815/2013), 123 pedidos de autorização foram direcionados à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) para a implantação de novos projetos de infraestrutura portuária. A expectativa é que boa parte das obras comecem no início de 2014, já que metade das solicitações encontra-se na fase de chamada pública. 8. infr aestrutur a e loGÍstic a 37 63,51% 44,36% Gráfico 1. Pedidos de Autorização à Antaq após sanção da Lei nº 12.815/2013 5,4% 11,9% 44,36% Terminais portuários Terminais pequeno porte Estações de transbordo* Instalações de turismo Terminais portuários Terminais pequeno porte Estações de transbordo* Instalações de turismo 63,51% 44,36% * Estação transbordo: carga é recebida Terminais e redistribuída para outros modais ou embarcações Terminais portuários pequeno porte Fonte: Antaq/SEP Estações de transbordo* Instalações de turismo Outro destaque é para a execução do Programa de Investimentos em Logística (PIL). No que diz respeito à licitação de arrendamentos portuários, neste ano, foram concluídos os Estudos de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEAs) dos portos de Santos (SP) e do Pará (PA). Em Santos, o valor estimado a ser investido é de R$ 1,4 bilhão, com objetivo de aumentar a capacidade de movimentação e de reorganizar o serviço de armazenagem. No Pará estão previstos vinte contratos, com investimento esperado de R$ 1,5 bilhão. São cinco portos – Belém, Outeiro, Miramar, Vila do Conde e Santarém – que movimentarão as cargas provenientes das regiões Norte e Nordeste do país. Quanto às concessões rodoviárias, a baixa atratividade dos projetos motivou o Governo a promover algumas mudanças. Destaque para a elevação da tarifa teto dos pedágios; mais cinco anos nos prazos das concessões (30 anos) e dos financiamentos (25 anos), além da alteração na Taxa Interna de Retorno (TIR), de 5,5% para 7,2%. Mesmo assim, houve contratempo na oferta do trecho da BR-262 (Espirito Santo e Minas Gerais). Ou seja, nenhum grupo apresentou proposta para operar a rodovia. Para evitar a repetição desse cenário negativo em outros leilões, o Governo estuda a possibilidade de adotar a Parceria Público-Privada (PPP). Nesse novo modelo, o setor público também dividiria com a iniciativa privada os gastos com as obras de duplicação de outros trechos em que há interesse reduzido dos investidores. São eles: BR-101 (Bahia), BR-116 (Minas Gerais) e BR-153 (Tocantins e Goiás). Destaque para os estudos sobre logística e transporte elaborados em 2013, principalmente para o setor aquaviário. Entre eles, o Plano Hidroviário Estratégico (PHE), cuja meta é ampliar a participação das hidrovias na matriz de transporte brasileira. As projeções indicam volume de 120 milhões de toneladas de commodities até 2031. 38 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 9. QueStõeS fundiáriaS terraS indÍGenaS: o deSafio da SeGurança JurÍdica no camPo Insegurança jurídica, ausência de novos dispositivos legais para coibir arbitrariedades e pressão para criação de novas terras indígenas. Estes são os fatores que justificam a expectativa de aumento das disputas envolvendo a questão indígena em 2014. Em relação à insegurança jurídica, destaca-se que as invasões de propriedades rurais por índios, com apoio de Organizações Não Governamentais (ONG’s), estão sendo feitas desde o ano de 2011, como estratégia para desencadear os estudos de identificação de terras indígenas ou para acelerar a conclusão de processos demarcatórios em curso. A avaliação é que os atuais mecanismos legais de proteção possessória não estão sendo suficientes para garantir a reintegração de posse dos atuais proprietários, quando das invasões. As ordens de reintegração de posse não estão sendo cumpridas face às diversas chantagens dos índios invasores, protegendo o invasor e não o esbulhado. Grave também é a ausência de novos dispositivos legais que coíbam as arbitrariedades do atual processo de identificação e demarcação de terras indígenas, que concentra o poder de decisão no órgão de assistência ao índio – Fundação Nacional do Índio (Funai). Outros entes públicos não participam do processo. A pressão por criação de novas terras indígenas pelas ONG´s é outro fator de aumento de disputas. Além das 115 áreas atualmente em estudo pela Funai, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) indicou outras 342 áreas, mas que ainda não foram incluídas na pauta da Funai (denominadas terras sem providências). O cenário demarcatório se consolidará no Centro-Sul, ou melhor, em áreas densamente ocupadas por não-índios, fortemente exploradas e antropizadas, pois os estudos estão concentrados nessas regiões. Em outras palavras, os conflitos se concentrarão, especialmente, nos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão, Pará e Alagoas. As pretensões da Funai incidem sobre áreas intensamente cultivadas, caso contrário não haveria conflito. Nesse contexto, a pretensão demarcatória se afastará mais ainda dos princípios da primazia da realidade e da razoabilidade, em prol de uma ideologia. É cada vez mais recorrente o fato de 40 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 agricultores provenientes da reforma agrária, instalados anteriormente pelo próprio governo federal por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), estão sendo expulsos de seus lotes de terras por terem sido declarados como terras indígenas. De igual forma, inúmeros agricultores e empreendedores familiares, beneficiados por uma série de políticas públicas, tais como os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), estão sendo desalojados de suas terras. Ressalvado o retorno da vigência da Portaria nº 303/2012, da Advocacia Geral da União (AGU), previsto para o dia seguinte ao da publicação do acórdão nos embargos declaratórios proferidos na Pet 3388-4/RR, e eventual edição ato normativo que inclua outros órgãos para participar do processo demarcatório, a questão indígena permanecerá sem solução. Quanto à certificação dos serviços de identificação georreferenciada de propriedades rurais, pressume-se que a análise automatizada pelo Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) consiga, efetivamente, dar celeridade às análises dos processos de certificação dos imóveis rurais. Em que pese a pressão dos ditos movimentos sociais por meras desapropriações, espera-se que o governo federal priorize a sustentabilidade, especialmente econômica, dos assentamentos, e não somente a quantidade de hectares disponibilizados à reforma agrária. Para a questão quilombola, aguarda-se a continuidade do julgamento da ADI 3239/DF, que questiona a inconstitucionalidade do Decreto 4.487/2003. O relator, ministro Cezar Peluso, entendeu pela inconstitucionalidade do citado decreto, ocasião em que a ministra Rosa Weber pediu vistas do processo. Com o julgamento suspenso, o governo federal prossegue a titulação, nos moldes do Decreto 4.487/2003, de cerca de 1,9 milhão hectares, que tramitam junto ao INCRA. Balanço 2013 Na área fundiária, as preocupações do setor agropecuário se voltaram para a questão indígena, especialmente por causa dos conflitos pela posse de terras já intensamente exploradas e densamente antropizadas. À exemplo do que aconteceu em 2012, 2013 foi marcado por invasões de propriedades rurais por índios, com apoio de ONG’s utilizadas como estratégia ora para desencadear os estudos de identificação de terras indígenas, ora para acelerar a conclusão de processos demarcatórios em curso. Em quase todo o Brasil, observam-se provocações à posse, ameaças de invasão ou invasões de imóveis por índios incitados pelas ONG´s. Em fevereiro de 2013, cerca de 1.300 “índios” – entre os quais cidadãos paraguaios (que falam o tupi-guarani) e índios transportados do Mato Grosso 9. Questões fundiária s 41 do Sul – invadiram propriedades no oeste do estado do Paraná, principalmente nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, para reivindicar a demarcação de áreas acima de cem mil hectares. Foram noticiadas 18 invasões em todo o estado do Paraná. Cabe destacar que as terras reivindicadas já são ocupadas de forma consolidada por produtores rurais, em sua maioria familiar, desde o início do século passado, cuja cadeia dominial está lastreada em títulos expedidos pelo governo federal. Tal episódio ensejou, a pedido da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre o caso. O estudo não detectou a presença indígena em 05/10/1988 na região, caso que comprovou a necessidade de participação de outros órgãos da administração pública no processo de demarcação de terras indígenas. No estado do Mato Grosso do Sul, é público e notório o permanente quadro de invasão de propriedades por grupos indígenas. Em torno de 80 propriedades foram esbulhadas em 2013. Como resultado destas invasões ou conflitos, infelizmente, ocorreram mortes de índios e não -índios, casos que forçaram a necessidade de envio da Força Nacional de Segurança Pública para a região. O Sul da Bahia registrou cerca de 49 propriedades de agricultores e empreendedores familiares, assentados da reforma agrária, entre outras, invadidas pelos chamados “índios”. A gravidade da situação fez com que o governo da Bahia solicitasse apoio da Força Nacional de Segurança Pública ao Estado. O objetivo foi preservar a ordem pública e garantir a integridade física dos envolvidos. A força foi deslocada para a região. Diante desta situação, o ministro da Justiça colocou em consulta minuta de portaria, conforme anunciado em audiência pública realizada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), do Senado, em 21/11/2013, para minimizar os conflitos. Entre outros pontos, a minuta de portaria prevê: a) acompanhamento dos trabalhos de identificação e delimitação por entes públicos (Estados e Municípios) e órgãos federais; b) criação de espécie de instância recursal administrativa no Ministério da Justiça, que submete o procedimento administrativo e os respectivos pareceres da FUNAI e contestações à apreciação da Consultoria Jurídica e Assessoria Especial para Questões Indígenas, com a finalidade de instruir a decisão do Ministro da Justiça; e c) instauração de procedimento de mediação pela Câmara de Conciliação e Mediação de Conflitos, da Assessoria Especial para Questões Indígenas, do Gabinete do Ministro da Justiça. O Poder Legislativo debateu a PEC 215/2000, que dá competência ao Congresso Nacional para aprovar demarcações de terras indígenas, pois o atual processo está eivado de arbitrariedades. O PLP 227/2012, que regulamenta o § 6º do art. 231, da Constituição Federal de 1988, definindo os bens de relevante interesse público da União para fins de demarcação de Terras Indígenas, também foi discutido. Destaca-se, no âmbito do judiciário, o julgamento dos sete embargos de declaração da Raposa Serra do Sol (PET 3388-4/RR) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria do plenário 42 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 decidiu que a decisão da Raposa Serra do Sol não vincula juízes e tribunais, por ocasião da apreciação de outras causas sobre a identificação de terras indígenas. Em que pese a ausência do efeito vinculante, o STF entendeu que as chamadas condicionantes são provenientes do texto Constituição, e servirão como jurisprudência. Quanto à identificação georreferenciada de imóveis rurais, há significativas melhorias no desempenho de análise dos processos de certificação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). De janeiro a setembro deste ano, o número de certificações emitidas pelo Incra superou em 94% o resultado de todo o ano de 2012. Foram certificadas, no período, 18.713 propriedades particulares em todo o país, contra 9.636 do ano passado. As emissões representam, em área, 24 milhões de hectares, quase 400 mil hectares acima do que foi verificado em 2012. De um total de 33.412 processos analisados até setembro deste ano, 54% (18.713) foram certificados e 46% não (14.699). Para estes, chamados de processos com notificação ao proprietário, o Incra aguarda a resposta da pendência cadastral e/ou técnica detectada. O Incra editou a Instrução Normativa nº 77/2013, que regulamenta a automatização do procedimento de certificação dos imóveis rurais, de acordo com o § 5º do art. 176 da Lei nº 6.015/1973. Assim, o requerimento de certificação será processado apenas por meio do Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), em que o responsável técnico pelos serviços de georreferenciamento submeterá ao SIGEF arquivo digital contendo os dados da(s) parcela(s) a ser(em) certificada(s). A análise dos dados foi automatizada e é restrita à verificação da consistência dos dados prestados pelo profissional e à verificação de eventual sobreposição com outro imóvel cadastro. O SIGEF emite a certificação online ou uma notificação, nos casos de pendências ou inconsistências. A atuação do servidor do Incra ficou restrita aos casos de desmembramentos, remembramentos, sobreposição de áreas, ou àqueles imóveis relacionados a auditorias e fiscalizações. O total acumulado de áreas incorporadas ao processo de reforma agrária somou cerca de 88 milhões de hectares, distribuídos em aproximadamente 9.000 projetos de assentamentos, em benefício de quase 1,3 milhões de famílias. Quanto à titulação de terras para os remanescentes de comunidades de quilombos, o Incra, no conjunto de suas ações dos estudos à titulação, está trabalhando com uma área total de 1,9 milhões de hectares para um total de 23.600 famílias. Ressalta-se que 515 mil hectares já possuem decretos reconhecendo as terras como quilombos. 9. Questões fundiária s 43 Certificações emitidas desde 2004 20.000 18.713 18.000 16.000 14.000 12.000 9.636 10.000 8.000 1.990 3.042 2011 2.109 382 2004 2005 2006 2007 Fonte: INCRA 44 2010 4.065 4.000 0 8.289 5.466 6.000 2.000 7.788 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 2008 2009 2012 2013 10. meio amBiente reGulamentaçÃo do cÓdiGo floreStal deve Ser concluÍda em 2014 Após a aprovação do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), o setor deve se organizar para esclarecer aos produtores rurais as regras e procedimentos relacionados ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Iniciado o prazo para o cadastramento dos imóveis rurais, este deverá ser feito em dois anos. Caberá também às Federações de Agricultura e Pecuária o acompanhamento das normas de regulamentação ambiental nos estados, visando à implementação do novo Código Florestal, de modo a evitar inconsistências e ilegalidades. Em 2014, a CNA deve acompanhar e encaminhar ao governo sugestões relacionadas a assuntos ainda pendentes de regulamentação, mas previstos na nova lei ambiental, como o manejo do uso do fogo e controle de queimadas, manejo florestal sustentável e Documento de Origem Florestal (DOF), e o Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE). mudanças climáticas Com as baixas expectativas de avanço nas discussões sobre a renegociação das metas de emissões de carbono por parte dos países desenvolvidos e em desenvolvimento no período pós-Kyoto, o ano de 2014 será marcado pela retomada das tratativas do futuro acordo sobre mudanças climáticas durante a 20ª Conferência das Partes (COP-20), no Peru, com vistas à COP – 21, na França, em 2015. O setor agropecuário brasileiro deve acompanhar atentamente as discussões, encaminhando ao governo os seus pleitos, para evitar barreiras comerciais não tarifárias e outros custos relacionados à mitigação e adaptação, exigindo que essas ações sejam financiadas pelos países desenvolvidos. O cenário de indefinição das metas de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE´s) e do cenário Pós -Kyoto mostrou-se pouco movimentado, principalmente face aos interesses dos países desenvolvidos. Internamente, o Brasil aplicou-se em determinar seu inventário de emissões, publicando o 1º Relatório de Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas, produzido pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Este estudo descreveu cenários de aquecimento e impactos diretos à atividade agropecuária. Também iniciou-se o processo de atualização do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que será finalizado em 2014. 46 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 acesso aos recursos Genéticos Diante da disposição do Executivo em estabelecer novo marco legal para o acesso aos recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado, incluindo as espécies domesticadas (de interesse especial do setor agropecuário brasileiro), uma ampla discussão sobre o tema deve ser realizada em 2014. Espera-se um debate com todas as entidades representantes da cadeia produtiva do agronegócio, buscando construir uma legislação que não venha a onerar os custos de produção e o preço dos alimentos no país. Tendo em vista a pressão dos segmentos de fármacos, saneantes e cosméticos, o governo apresentou a proposta do marco regulatório para o acesso aos recursos genéticos e conhecimento tradicional associado. Face às pressões do governo para que as espécies domesticadas (ex.: soja, cana, café e outras de interesse do setor agropecuário) sejam também incluídas no futuro marco legal, o setor rural iniciou o processo de discussão interna, visando aferir os reflexos da proposta sobre a produção de alimentos, fibras e agroenergia. Foram apresentadas ao governo as posições preliminares do setor agropecuário, e a discussão deve continuar no ano que vem. licenciamento ambiental de atividades agropecuárias Considerando que o sistema atual de licenciamento ambiental de atividades rurais é ineficaz e de impossível cumprimento, o setor agropecuário deverá participar ativamente na revisão das resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que tratam da matéria. O objetivo é adequá-las aos princípios da Lei Complementar 140/2011 (competências ambientais), bem como aos demais mecanismos da Política Nacional do Meio Ambiente, os quais são mais eficazes do que o licenciamento pontual e individual de milhões de propriedades rurais. Política nacional do cerrado O setor continuará participando ativamente do debate sobre a regulamentação do uso sustentável dos biomas brasileiros, respeitando suas particularidades e potencialidades, considerando-se os aspectos ambiental, social e econômico. A discussão acerca dos projetos de lei, visando estabelecer uma política de desenvolvimento sustentável do Cerrado, exigirá esforços no sentido de evitar que não haja novos atropelos e retrocessos ao processo que culminou na aprovação do atual Código Florestal. Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei 214/2012, que institui a Política de Desenvolvimento Sustentável do Cerrado, que propõe restrições maiores do que as previstas no novo Código Florestal, inviabilizando a ocupação de potenciais áreas para agricultura e pecuária no país. 10 . m e i o a m B i e n t e 47 No intuito de contribuir para a construção de um texto que concilie produção e preservação, a CNA propôs um texto equilibrado, que garante a sustentabilidade econômica, ambiental e social para o bioma. recursos hídricos e irrigação Dada a meta de dobrar a área irrigada no Brasil até 2020, questões como a preservação natural e artificial de água para irrigação e o licenciamento ambiental e outorga para o uso da água deverão ser urgentemente discutidas e adequadas para se atingir este objetivo, garantindo a segurança alimentar. Estes assuntos deverão ser pautados com base no novo Código Florestal, na Lei Complementar 140/2011, que trata das competências ambientais, e na nova Política Nacional de Irrigação (Lei 12.787/2013). Desta forma, com vistas à adequação dos mecanismos de acesso aos recursos hídricos, deve haver uma articulação entre os entes públicos para uniformização da outorga no sentido de desburocratizar procedimentos onerosos e desnecessários, além de rever a legislação e normas específicas para transformar em produção a água que se perde para o oceano. No que se refere à pegada hídrica, o setor terá como desafio promover estudos e pesquisas para obtenção de dados e informações de acordo com a realidade da agropecuária do Brasil, para identificar, quantificar e qualificar a pegada hídrica no sentido de otimizar o uso da água na produção de alimentos. Dada a relevância dos recursos hídricos na meta brasileira de dobrar a área irrigada até 2020, o ano de 2013 foi de grandes avanços na legislação, assim como na organização do setor em prol destas mudanças. Internamente, a reativação da Subcomissão Nacional dos Recursos Hídricos congregou o setor e associações de irrigantes, sob a liderança da CNA. Plano estratégico para a Biodiversidade 2011-2020 Na 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), foram adotadas as Metas de Aichi de Biodiversidade e o Plano Estratégico para Biodiversidade 2011-2020. Assim, será necessária ampla discussão sobre a definição dos termos usados no conjunto de metas nacionais de biodiversidade para 2020, em particular o conceito de “incentivos que possam afetar a biodiversidade”. Também será preciso, do ponto de vista legal, a apreciação e deliberação, pelo Congresso Nacional, das Metas de Aichi, para dar prosseguimento ao processo de implementação destas metas. 48 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 As metas brasileiras de biodiversidade foram discutidas e aprovadas em várias reuniões da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). O texto base apresentado foi bem trabalhado pelo setor produtivo, tornando-o muito menos impactante e prejudicial à produção de alimentos e ao setor florestal. Juntamente com o texto, foram aprovadas as ressalvas ao texto, o que exigirá discussões assessórias, dentre elas a definição de “subsídios perversos”. avanços na nova legislação ambiental Em 2013, foram realizadas reuniões e negociações com o governo para discutir a implementação da Lei 12.651/2012, o novo Código Florestal, especialmente no que se refere ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). 10 . m e i o a m B i e n t e 49 11. traBalho e PrevidÊncia ProPoSta Para reGulamentar terceiriZaçÃo dará SeGurança JurÍdica ao Setor Uma das prioridades para 2014 é a regulamentação da terceirização, a partir da aprovação do Projeto de Lei 4.330/04. A matéria prevê, entre outros pontos, a equiparação de benefícios entre trabalhadores terceirizados e efetivados, tanto no setor público quanto na iniciativa privada, com o objetivo de promover a segurança jurídica e dar mais competitividade ao setor produtivo. A proposta encontra-se favorável ao setor rural, tendo em vista que será possível a terceirização por meio de pessoa física, inclusive na atividade-fim, o que poderá proporcionar crescimento da produção e, consequentemente, a expansão da atividade agropecuária. Outro tema da pauta de debates para o próximo ano é o trabalho escravo, que será o foco central das discussões da Conferência 2014 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que terá como objetivo a criação de um documento com maiores orientações aos países membros da OIT sobre as convenções 29 e 1051, que tratam do assunto. No Congresso Nacional, os debates estarão em torno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 57-A, e do Projeto de Lei do Senado (PLS) 432/2013, que regulamenta a PEC. O trabalho consiste em restringir o conceito de trabalho escravo de forma a diferenciar a questão da expropriação da terra do crime previsto na Lei Penal. Paralelamente, a reforma do artigo 149 do Código Penal, a fim de suprimir os termos “jornada exaustiva” e “condições degradantes de trabalho”, será outra prioridade do setor, pois da forma que se encontra – sem a regulamentação –, mesmo com os avanços em relação à PEC, existirão casos onde a terra não será expropriada, mas o proprietário responderá por crime de escravidão. 1 Disponível em: <http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/portal_do_mpt/comunicacao/noticias/conteudo_noticia/!ut/p/c4/04_ SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hH92BPJydDRwN_E3cjA88QU1N3L7OgMC93I_2CbEdFAAovLRY!/?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/mpt/portal+do+mpt/comunicacao/noticias/mpt+contribuira+na+edicao+de+protocolo+da+conferencia+2014+da+oit> Acesso em: 25 nov 2013. 11 . t r a B a l h o e P r e v i d Ê n c i a 51 Pretende-se, também, atuar fortemente junto ao Poder Executivo visando à alteração da Portaria nº 1.510, do Ministério do Trabalho e Emprego, que instituiu o ponto eletrônico. A norma atual é prejudicial ao setor agrícola, uma vez que trata de sistema restrito e limitado, que não admite outros meios de controle de jornada. Desta maneira, pretende-se flexibilizar as formas de controle da jornada eletrônica, trazendo alternativas que poderão ser inseridas no meio rural, quando observados os princípios previstos na Portaria 836/13, quais sejam: segurança dos dados registrados, acesso do trabalhador aos seus registros, acesso da fiscalização aos registros, registro do ponto pelo próprio trabalhador e garantia de inexistência de mecanismos de registro automático de ponto. Sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), o intuito é ampliar o benefício fiscal para micro e pequenas empresas, o que culminará com a ampliação do programa e o aumento de trabalhadores beneficiados. Apesar de inicialmente haver uma perda tributária direta do estado, o mesmo será compensado com ganho tributário de forma indireta, com os gastos na alimentação do trabalhador. Com relação à Norma Regulamentadora (NR) 31, o foco será mantido na aprovação das propostas apresentadas pela bancada patronal, com mudanças e adequações ao texto acerca das áreas de vivência dos trabalhadores no âmbito rural. E, por fim, tentar-se-á modificar as exigências sobre o não aproveitamento do vasilhame de agrotóxico para manipulação e aplicação do mesmo produto. agropecuária liderou geração de empregos em 2013 Em junho de 2013, foram gerados 123.836 empregos formais celetistas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o que significa um pequeno crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram criados 120.440 empregos. No primeiro semestre deste ano, foram gerados 826.168 postos de emprego formal, o que representa um aumento de 2,09% sobre o quantitativo do final do ano passado. No balanço dos últimos 12 meses anteriores a junho de 2013, percebeu-se um crescimento de 2,58% na quantidade de empregos gerados, o que, em números absolutos, representa um aumento de cerca de um milhão de postos de trabalho. O Brasil vem mantendo um crescimento constante e significativo na geração de empregos. Entre janeiro 2011 e junho de 2013, o número de postos de trabalho aumentou 10,5%, quando foram criados aproximadamente 4,4 milhões de empregos. Neste ano, o setor da agricultura liderou a criação de postos de trabalho, criando 59.019 novos empregos, o que significou um aumento de 3,65% em relação ao ano anterior. O gráfico abaixo ilustra a quantidade de admissões e desligamentos ocorridos no mês de junho dos últimos 10 anos: 52 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Brasil – Comportamento das Admissões e Desligamentos nos meses Junho 2003 a 2013, segundo CAGED 2.000.000 1.761.817 1.800.000 1.623.079 1.600.000 1.492.051 1.356.345 1.400.000 1.089.948 1.080.412 1.019.941 894.412 800.000 699.084 2003 1.611.887 1.548.358 1.182.609 988.454 824.879 600.000 1.566.224 1.410.127 1.236.854 1.197.609 1.200.000 1.000.000 1.732.327 1.722.194 924.957 778.599 2004 2005 2006 2007 Admissões 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Desligamentos Fonte: Ministério do Trabalho Em 2013, as modificações inseridas por sugestão da CNA no texto inicial da PEC 57-A/1999, que propõe alterações no art. 243 da Carta Magna, que visa à expropriação das terras onde seja encontrada exploração de trabalho escravo, beneficiou o setor ante a supressão da imediatidade da expropriação, criando a exigência de processo expropriatório, garantindo a ampla defesa e o contraditório. A matéria se encontra pronta para a pauta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Sobre o trabalho infantil, foi realizada em Brasília, no segundo semestre de 2013, a III Conferência Global sobre Trabalho Infantil, com a participação de representantes de governos de mais de 154 países, organizações de empregadores e trabalhadores, juntamente com a OIT e setores da sociedade civil, como as Organizações Não-Governamentais (ONG´s). No evento, foi assinada a Declaração de Brasília sobre Trabalho Infantil, que mantém as ações com objetivo de erradicar o trabalho infantil, principalmente em suas piores formas, até 2016. Em relação ao ponto eletrônico, houve pouco avanço, pois não se tem até o momento alteração da portaria 1.510, do MTE, que dificulta a utilização do ponto eletônico pelo setor agrícola. Foi instituído Grupo de Trabalho Tripartite, mediante a Portaria Ministerial nº 836/13, para estudar outras formas de controle da jornada eletrônica, trazendo alternativas que poderão ser inseridas no meio rural, quando observados os princípios previstos na Portaria. Acerca do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), foi implantado estudo do DIEESE para melhora e ampliação de benefícios. O estudo tem como foco acrescer ao programa micro e pequenas empresas, o que beneficiará milhões de empregados com remuneração mensal entre um e cinco salário mínimos. 11 . t r a B a l h o e P r e v i d Ê n c i a 53 No âmbito previdenciário, houve avanços com a sanção da Lei nº 12.783/2013 que ampliou o direito dos segurados especiais. Conforme os quadros abaixo, o número de benefícios concedidos na agropecuária manteve-se estável no último ano, atingindo mais de 90 mil segurados da previdência social, em setembro, com valor aproximado de um salário mínimo2. Quantidade de benefícios concedidos – 2012/2013 (em mil) 329 329 365 365 324 324 266 266 311 392 356 294 364 392 356 364 333 351 333 351 377 380 377 380 311 294 72 69 86 97 94 86 95 95 91 97 94 86 95 95 91 90 96 90 90 96 90 72 72 69 86 Set/2012 Out Nov Dez Jan/2013 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Set/2012 Out Nov Dez Jan/2013 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set 72 Urbana Urbana Rural Rural Valor de benefícios concedidos – 2012/2013 (em mil) 376,614 361,300 336,088 312,290 376,614 361,300 321,033 336,088 266,343 325,260 321,033 312,290 266,343 325,260 415,384 415,384 401,695 403,697 357,208 372,612 401,695 403,697 385,665 357,208 372,612 385,665 55,978 59,902 56,117 45,102 48,347 46,780 58,480 65,626 63,733 58,267 64,452 64,125 61,605 55,978 59,902 56,117 45,102 48,347 46,780 58,480 65,626 63,733 58,267 64,452 64,125 61,605 Set/2012 Out Nov Dez Jan/2013 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Set/2012 Out Nov Dez Jan/2013 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Urbana Urbana 2 Rural Rural Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2013/05/Beps092013_ final.pdf>. Acesso em 14 nov 2013. 54 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 12. cereaiS, fiBraS e oleaGinoSaS 1. alGodÃo PerSPectiva 2014 área plantada deve voltar a crescer Em razão dos bons preços da pluma no mercado interno e das perspectivas futuras, estima-se que a cultura do algodão recupere áreas cedidas na safra passada para a soja e milho, principalmente nas principais regiões produtoras do Mato Grosso e oeste da Bahia. Apesar de apresentar rentabilidade percentual menor que a cultura da soja, os valores nominais de ganho da cultura do algodão são maiores que os da oleaginosa. Em relação ao milho, o resultado financeiro do algodão é mais vantajoso tanto em relação à safra quanto na comparação com a safrinha. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso deve se manter como o principal produtor de algodão do Brasil, com mais de 50% da produção, seguido pela Bahia, responsável por mais de 30% da safra. Tabela 1 – Suprimento Brasileiro de Algodão em Pluma, Safra 2009/10 a 2013/14; discriminaçÃo 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 – – – – – mil toneladas – – – – – Estoques Iniciais 394,2 76,0 521,7 500,7 387,0 Produção 1.194,1 1.959,8 1.893,3 1.303,3 1.626,3 39,2 144,2 3,5 30,0 30,0 1.039,0 900,00 865,0 887,0 920,0 Exportação 512,5 758,3 1.052,8 560,0 540,0 Estoques Finais 76,00 521,7 500,7 387,0 583,3 5% 31% 26% 27% 39% Importação Consumo Relação Est/Cons. Fonte: Conab Em Mato Grosso, a área plantada com algodão deve crescer entre 20% e 25%. No oeste da Bahia, a área deve evoluir entre 15% e 20% em relação à safra passada. Se mantidos os níveis de produtividade das ultimas safras, espera-se um crescimento da produção brasileira de algodão, na safra 2013/14, de 22% a 28%, de acordo com dados da Conab. Estima-se ganho de área também em Goiás e Mato Grosso do Sul. 56 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Além das incertezas do mercado, o custo de produção das lavouras brasileiras de algodão na safra 2013/14 poderão se tornar outra grande preocupação para o produtor. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (IMEA), as previsões apontam, para a safra 2013/2014, um custo total médio 13% maior em relação à safra passada. A comparação foi feita levando em consideração os levantamentos dos custos de produção mensais obtidos nos meses de outubro de 2012 e 2013. Dentre os fatores que devem contribuir para este aumento, destacam-se a elevação dos preços de sementes e defensivos agrícolas. No caso das sementes, o preço pago por hectare passou de R$ 69,36, na safra 2012/13, para R$ 304, na safra 2013/14. A alta foi causada pela escassez de sementes no mercado e pela utilização de novas cultivares com novas tecnologias, que além de terem preços mais elevados, possuem royalties referentes a diferentes eventos transgênicos. É importante relatar que o preço da pluma no mercado interno e, consequentemente, a rentabilidade das lavouras nas diferentes regiões produtoras, dependerão muito do comportamento do mercado internacional do algodão. Segundo o Conselho Consultivo Internacional do Algodão (ICAC, sigla em inglês), a previsão para a safra mundial 2013/2014 é de um aumento no consumo em torno de 2,3%, e uma redução da produção de aproximadamente 4%. Contudo, o ICAC estima crescimento dos estoques finais, que devem se aproximar das 20 milhões de toneladas. Apesar de elevados, uma vez que correspondem a mais de 80% da demanda mundial, a expectativa é de bons patamares de preço, semelhantes aos praticados em 2013. Tais expectativas são baseadas nas políticas de formação de estoque da China, que atualmente detém cerca de 60% de todas as reservas mundiais. Porém, fica claro que a conjuntura do mercado mundial de algodão, de boas cotações, dependerá do país asiático. Projeções apontam para alterações na postura desta política em 2014, principalmente por causa da maior preocupação com a qualidade da pluma. Se as previsões se confirmarem, podemos observar uma diminuição do ritmo de compras do governo chinês, o que pode trazer certa preocupação ao mercado. O mercado deve se balizar também na safra americana de algodão, uma vez que os Estados Unidos, junto com a China, são os principais produtores mundiais da fibra. Ocorrendo qualquer problema com as lavouras americanas, que resulte em perdas produtivas, este será mais um fundamento de alta para o mercado mundial de algodão. Balanço 2013 Preços reagem com recuperação do consumo e queda da produção Depois da baixa dos preços mundiais em 2012, esperava-se para 2013 o mesmo comportamento, pois os estoques iniciais da safra 2012/13 apresentavam crescimento de aproximadamente 60% em relação à safra anterior. Foi com esta expectativa que a safra mundial de algodão registrou recuo de 5% frente ao último ano agrícola, de acordo com o ICAC. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 57 O mesmo cenário de queda na produção foi observado na safra brasileira de algodão em 2012/13, com retração de 31%, reflexo de uma significativa redução de área, com perda de espaço para o milho e soja, além de problemas climáticos e fitossanitários, que reduziram a produtividade no campo. Entretanto, a recuperação do consumo mundial, a redução da produção e a política de elevação dos estoques chineses impediram que os prognósticos iniciais de baixa dos preços se confirmassem neste ano. Na safra 2012/13, a China formou seus estoques públicos com mais de 50% de todas as reservas mundiais de algodão, ou seja, retirou do mercado a metade dos estoques globais. Somente no fim deste ano que o preço da pluma apresentou um recuo mais pronunciado na bolsa de Nova Iorque, resultado do avanço da colheita no hemisfério norte e incertezas frente às políticas chinesas. No Brasil, esta redução pouco afetou os preços internos, uma vez que o câmbio apresentou elevação no mesmo período de redução dos patamares de preço do algodão no mercado mundial. No entanto, a elevação dos preços da fibra foi acompanhada pelo avanço do custo de produção das lavouras brasileiras na safra 2012/13. De acordo com o IMEA, o custo médio total das lavouras de algodão em Mato Grosso, na safra 2012/13, teve alta de aproximadamente 5% em relação à safra passada. A comparação foi feita levando em consideração os levantamentos de custos de produção mensais obtidos nos meses de outubro do ano de 2011 e 2012. Gráfico 1 – Evolução do preço da pluma de algodão m Campo Verde – MT 68,27 70,00 65,98 65,00 66,70 R$/@ 60,00 55,00 57,67 52,65 51,68 53,91 50,00 49,79 45,00 40,00 48,61 46,77 Jan/12 Mar/12 Mai/12 Jul/12 Set/12 Nov/12 Jan/13 Mar/13 Mai/13 Jul/13 Set/13 Fonte: Cepea/CNA 58 61,01 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 2. arroZ PerSPectiva 2014 Preços estáveis, apesar do aumento de oferta O comportamento do arroz na safra 2013/14 deve ser praticamente igual ao registrado no período 2012/13, ou seja, uma relação de oferta e demanda bastante ajustada. Com produção 3% maior e um consumo semelhante ao da safra passada, espera-se a manutenção de preços para este mercado. Porém, esta perspectiva dependerá muito das exportações nacionais. A estimativa de avanço da produção tem como base o ganho de área e de produtividade das lavouras brasileiras. Na avaliação da Conab, a produtividade brasileira deverá ser 3% maior do que na safra passada. Tabela 2 – Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de arroz – Safra 2009/10 a 2013/14 discriminaçÃo 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 – – – – – mil toneladas – – – – – Estoques Iniciais 2.531,5 2.457,3 2.569,5 2.125,3 1.971,9 Produção 11.660,9 13.613,1 11.599,5 11.746,6 12.151,5 Importação 1.044,8 825,4 1.068,0 1.000,0 1.000,0 Consumo 12.152,5 12.236,7 11.656,5 12.000,00 12.000,0 627,4 2.089,6 1.455,2 900,00 1.000,0 2.457,3 2.569,5 2.125,3 1.971,9 2.123,4 19% 18% 16% 15% 16% Exportação Estoques Finais Relação Est/Cons. Fonte: Conab O Rio Grande do Sul, principal produtor, deve registrar produção 4% superior em relação à safra 2012/13, totalizando mais de 8,2 milhões de toneladas, o que corresponde a 70% da produção nacional prevista para esta safra. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 59 O fator estoque também favorece o mercado de arroz na safra 2013/14. Com reservas iniciais reduzidas, o governo terá menos capacidade para intervir neste mercado. Do lado do setor privado, os baixos estoques devem proporcionar uma postura mais agressiva da parte compradora, favorecendo ainda mais as elevações do mercado. É importante ressaltar que o governo brasileiro definiu o valor de R$ 34,50 por saca de 50 quilos como gatilho para entrar no mercado, ou seja, se a cotação do cereal ultrapassar este valor, a Conab iniciará a venda de seus estoques. Porém, com os estoques comprometidos, dificilmente este valor se manterá como teto do preço do arroz no Brasil. Ademais, se o mercado brasileiro de arroz repetir o bom desempenho das exportações dos últimos anos, o preço do arroz poderá atingir novo pico. No entanto, este comportamento dependerá muito do mercado internacional, tanto no Mercosul quanto nos países considerados como os principais players mundiais. As expectativas em relação aos países do Mercosul apontam para uma conjuntura semelhante à brasileira, com redução dos estoques iniciais e crescimento modesto da produção. Desta forma, as exportações e as importações de fora do bloco sul-americano nortearão o cenário. Dentro do panorama mundial, há previsão de safra cheia nos principais países exportadores. A Tailândia deve continuar sua política de crescimento dos estoques, aliviando a pressão de oferta do mercado. Por outro lado, tanto este país como a Índia devem manter o mesmo bom desempenho nas vendas externas observado em anos anteriores. Assim, a tendência é de manutenção dos atuais níveis de preço no mercado mundial de arroz. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), a China deve elevar suas importações de arroz em aproximadamente 10%, o que reforma o cenário de permanência das atuais cotações no mercado mundial. Pelo exposto, o mercado brasileiro de arroz apresenta quadro bastante promissor em 2014. Com um mercado internacional que não deve reduzir seus patamares de preços e uma conjuntura interna de oferta e demanda bastante justa, espera-se uma curva de preço estável. Possíveis altas podem ocorrer, mas este movimento dependerá da performance das exportações nacionais. Balanço 2013 Queda dos estoques e alta dos custos de produção Após as altas registradas em 2012, este ano foi caracterizado pela acomodação dos valores pagos pelo arroz nas diferentes regiões produtoras do país. No entanto, permaneceram acima da média histórica, bem superior ao preço mínimo estabelecido pelo governo federal. 60 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Gráfico 2 – Evolução do preço do arroz em Uruguaiana (RS) 41,00 39,14 39,00 36,72 R$/Sc de 50 Kg 37,00 33,73 35,00 33,01 33,00 32,77 31,00 29,00 33,59 29,50 31,30 27,39 27,00 26,95 25,00 Jan/12 Mar/12 Mai/12 Jul/12 Set/12 Nov/12 Jan/13 Mar/13 Mai/13 Jul/13 Set/13 Fonte: Cepea/CNA Dentre os fatores que levaram à formação do pico de preço no ano passado, assim como a manutenção dos bons patamares em 2013, destaca-se a política intervencionista do governo tailandês, um dos principais exportadores mundiais do produto. Porém, o principal fator foi a redução dos estoques brasileiros causados pela queda na produção no Brasil, Uruguai e Argentina em 2012 (estes últimos são os principais exportadores de arroz para o Brasil), e pelo bom volume exportado pelo país nas três ultimas safras (2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013). De acordo com a Conab, o Brasil colheu 11,74 milhões de toneladas na safra 2012/2013. Este volume representa crescimento de 1,3% em relação à safra anterior. Entretanto, é 13% inferior à produção da safra 2010/2011, fato atribuído à migração para a cultura da soja no período, que passou a apresentar melhor rentabilidade. O custo total de produção de arroz na safra 2012/13, de modo geral, subiu na comparação com a safra 2011/12. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e da CNA, tendo como base a lavoura irrigada no município de Uruguaiana (RS), o custo de produção aumentou 9%. Dentre os fatores que mais contribuíram para esta alta, destacamse os gastos com sementes e fertilizantes, que valorizaram 12% no ano. Contudo, o fato mais importante do mercado brasileiro de arroz da safra 2012/13 foi a redução de seus estoques. Segundo a Conab, o biênio 2012/13 finalizou com um estoque de passagem de 1,9 milhões de toneladas, 10% a menos que seus estoques iniciais. A queda ocorreu tanto em relação aos estoques públicos quanto na comparação com os estoques privados. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 61 3. feiJÃo PerSPectiva 2014 Produção deve crescer até 29% O ponto de partida para a conjuntura no mercado do feijão em 2014 tem como base o comportamento do preço do grão no fim deste ano. Se mantida a perspectiva atual de elevação de preços para o feijão preto, podemos esperar uma expansão de área destinada a esta cultura na primeira safra de feijão no ano que vem. Seguindo esta premissa, a estimativa é de crescimento da área plantada entre 4% e 8%, na comparação com a safra passada. Se não ocorrerem problemas climáticos, podemos aguardar aumento de produção de 25% a 29%. Grande parte deste crescimento deve ser atribuída ao cultivo de feijão preto. Assim, fica claro que estes resultados de elevação da área plantada com feijão poderiam ser maiores se parte da área cultivada deste grão na primeira safra, principalmente do feijão carioquinha, não tivesse sido destinada ao plantio de soja. Gráfico 3 – Evolução do preço do feijão carioca em Unaí (MG) e do feijão preto em Prudentópolis (PR) 240,00 223,61 220,00 204,33 200,00 186,63 R$/Sc 180,00 166,63 160,00 201,38 172,33 166,69 140,32 140,00 120,00 115,63 100,00 92,40 136,90 116,90 122,50 135,26 139,09 138,91 104,94 ja n/ 1 fe 2 v/ 1 m 2 ar /1 ab 2 r/ 1 m 2 ai /1 ju 2 n/ 1 ju 2 l/1 ag 2 o/ 1 se 2 t/ 1 ou 2 t/ 1 no 2 v/ 1 de 2 z/ 1 ja 2 n/ 1 fe 3 v/ 1 m 3 ar /1 ab 3 r/ 1 m 3 ai /1 ju 3 n/ 1 ju 3 l/1 ag 3 o/ 1 se 3 t/ 1 ou 3 t/ 13 80,00 110,67 174,52 148,24 Carioca Preto Fonte: CEPEA/CNA Ainda no que diz respeito à área destinada ao feijão, estima-se que grande parte do crescimento se deve ao avanço da cultura no Paraná. Segundo estimativas da Conab, a área plantada neste estado deverá aumentar entre 8 e 11%, se comparada com a safra passada. 62 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Em relação à segunda safra, apesar de não haver estimativas oficiais, a previsão é de avanço da área plantada. O fato se deve aos baixos preços do principal concorrente do feijão nesta época, o milho, que deve ceder área para a leguminosa após a colheita da safra de verão. Apesar de ainda ser prematura qualquer avaliação para a terceira safra, é possível projetar uma colheita 10% maior do que na safra passada. Tabela 3 – Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de feijão, Safra 2009/10 a 2013/14 discriminaçÃo Estoques Iniciais Produção Importação Consumo Exportação Estoques Finais Relação Est/Cons. 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 – – – – – mil toneladas – – – – – 317,7 366,9 686,4 373,8 155,8 3.322,5 3.732,8 2.918,4 2.832,0 3.229,5 181,2 207,1 312,3 400,0 320,0 3.450,0 3.600,0 3.500,0 3.400,0 3.450,0 4,5 20,4 43,3 50,0 50,0 366,9 686,4 373,8 155,8 205,3 11% 19% 11% 5% 6% Fonte: CONAB Se confirmados os resultados para a produção, pode-se esperar uma redução nas importações de feijão, a primeira após quatro safras seguidas de crescimento das compras externas do grão. Vale ressaltar alguns pontos que também podem influenciar na produção de feijão na safra 2013/2014. Se o clima permitir, a produção no nordeste brasileiro, que registrou queda de área plantada na safra 2012/13 devido à seca, principalmente na segunda safra, poderá ter uma produção acima do esperado. Outro ponto que pode influenciar a produção é o vazio sanitário desta cultura, implantado em Minas Gerais e no Distrito Federal, podendo ocorrer também em Goiás. Esta medida legislativa pode impactar na oferta de feijão na terceira safra, pressionando o mercado no fim de 2014. Em relação aos preços para o próximo ano, mesmo com a difícil previsibilidade deste mercado, dificilmente ocorrerão significativas reduções nos patamares de preços. Os pequenos estoques, e o aperto entre oferta e demanda, devem sustentar este mercado na safra 2013/2014. Porém, é possível esperar preços menores entre os meses de março e julho, onde a oferta da primeira e segunda safra entra no mercado. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 63 Balanço 2013 Preços do feijão carioca começam em alta, mas perdem força no segundo semestre O comportamento do feijão carioca em 2013 foi marcado por dois períodos distintos. O primeiro momento, que vai de janeiro a junho, foi balizado pela elevação dos preços nas diferentes regiões, resultado de um mercado com baixa oferta. Já no segundo momento, a tendência de alta dos preços perdeu força, uma vez que a segunda safra de feijão passou a ser ofertada no mercado. Este movimento não ocorreu no mercado de feijão preto, uma vez que a oferta reduzida deste produto não permitiu acomodações de preço. Vale ressaltar que, de acordo com a Conab, 70% da produção brasileira de feijão correspondem a feijão comum cores (carioca, dentre outros), sendo os 30% restantes distribuídos entre feijão preto e caupi. Na safra 2012/13, o feijão teve a menor área plantada já dedicada a esta cultura no país, resultado da perda de espaço para outras atividades agrícolas concorrentes, tanto em área de sequeiro com nas áreas irrigadas. Com isso, a queda na produção ocorreu de forma significativa, sendo a menor dos últimos 15 anos. As reduções de área ocorreram tanto na primeira quanto na segunda safra. Além disso, intempéries climáticas prejudicaram a produtividade das lavouras na safra de verão, o que comprometeu a produção no primeiro semestre de 2013. Porém, a segunda safra apresentou elevação no seu rendimento, mitigando os efeitos da quebra da primeira safra. No entanto a consolidação da produção começou a ocorrer no final de 2013 com a produção da terceira safra. De acordo com a Conab, a área plantada e a produtividade evoluíram 9,6% e 12,2%, respectivamente, se comparada com a terceira safra anterior. Desta forma, a terceira safra foi 22,9% maior que a safra passada, reduzindo a pressão de demanda neste mercado. Por fim, é importante ressaltar que, como resultado deste cenário desfavorável na produção, houve aumento das importações de feijão e redução dos estoques. O Brasil importou em torno de 400 mil toneladas de feijão na safra 2012/2013. Mesmo com estas importações, a safra terminou com os estoques finais mais baixos da sua história, de 156 mil toneladas. 4. milho PerSPectiva 2014 excesso de oferta e queda na produção A safra 2013/2014 deve ser significativamente menor do que a safra passada. A previsão da Conab é de uma produção de 78,5 milhões de toneladas, três milhões de toneladas a menos que no 64 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 último ano agrícola. O volume pode cair ainda mais, uma vez que a produção na safrinha (segunda safra) também pode ser inferior à da safra passada. Tabela 4 – Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de milho, Safra 2009/2010 a 2013/2014 discriminaçÃo Estoques Iniciais 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 – – – – – mil toneladas – – – – – 7.112,8 5.589,1 5.963,0 5.514,2 13.696,0 56.018,1 57.406,9 72.979,5 81.344,4 78.480,4 391,9 764,4 774,0 600,0 300,0 Consumo 46.967,6 48.485,5 51.888,6 52.762,6 53.817,9 Exportação 10.966,1 9.311,9 22.313,7 21.000,0 18.000,0 Estoques Finais 5.589,1 5.963,0 5.514,2 13.696,0 20.658,6 10% 10% 7% 19% 29% Produção Importação Relação Est/Cons. Fonte: CONAB Para a safra de verão, as estimativas da Conab apontam para uma redução de área entre 3% e 6,5%. Mantida a produtividade da safra passada, a previsão é de queda de até 2,5 milhões de toneladas na primeira safra do cereal. Somando a esta produção os elevados estoques herdados da safra passada, deve haver suprimento recorde de milho no próximo ano em mais de 90 milhões de toneladas. Mesmo se o país registrar bom desempenho das exportações, a projeção é de um grande excedente do cereal em todo o ano de 2014. No mercado mundial, o cenário não deve ser diferente. Com uma safra cheia no hemisfério norte, principalmente nos Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia, o mercado no hemisfério sul já inicia 2014 pressionado. A colheita elevada na Argentina, Brasil e África do Sul deve colaborar ainda mais para uma elevada produção mundial na safra 2013/2014. De acordo com o USDA, a produção mundial deverá ser recorde, chegando a 962 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais totalizar 164 milhões de toneladas, o maior dos últimos 13 anos. Com os mercados interno e externo amplamente ofertados e se não houver problemas climáticos ou econômicos, dificilmente poderá ocorrer elevação de preço no mercado de milho em 2014. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 65 Para as diferentes regiões produtoras brasileiras, espera-se que o preço mínimo estabelecido continue sendo um balizador, uma vez que o governo federal tem se mostrado bem ativo no mercado, auxiliando o escoamento da produção. Cabe, ainda, destacar a necessidade de recomposição de seus estoques internos para atender a algumas regiões do nordeste brasileiro. Como pontos positivos para o mercado brasileiro, temos o câmbio, que pode continuar auxiliando os preços interno, e o acordo firmado entre Brasil e China para as exportações de milho brasileiro. De acordo com o USDA, a China deve importar em torno de 7 milhões de toneladas de milho na safra 2013/2014. Por outro lado, o custo de produção da safra pode ser um ponto preocupante da safra atual. Os aumentos dos gastos com inseticidas para o controle da lagarta Helicoverpa armigera podem elevar o custo de produção, tanto da safra como da safrinha, reduzindo ainda mais a rentabilidade do produto. Pelo exposto, o mercado de milho para 2014 se mostra bastante preocupante, uma vez que as perspectivas econômicas no cenário mundial e interno são bastante pessimistas. Desta forma, espera-se uma produção brasileira menor em 2014, que não deve refletir em uma redução da oferta total, já que os estoques iniciais da safra deverão ser bastante elevados. Balanço 2013 Safra recorde derruba preços no mercado interno Ao contrário de 2012, quando houve redução da oferta mundial e elevação das cotações, o ano de 2013 registrou crescimento desta cultura em praticamente todo o mundo. No Brasil não foi diferente. No período 2012/2013, a safra de milho foi recorde, com mais de 81 milhões de toneladas. No entanto, apesar dos bons volumes exportados (expectativa é que seja exportado mais de 21 milhões de toneladas de milho até janeiro de 2014, quando termina o ano agrícola do milho), o mercado não conseguiu absorver toda esta produção. Desta forma, espera-se para o fim da safra 2013/2014 o maior estoque de passagem da série histórica do milho. A recuperação da produção mundial deste cereal contribuiu para o cenário de queda dos preços do milho nas diferentes regiões produtoras do país. A recuperação mundial de produção tem como destaque os Estados Unidos, Ucrânia e União Europeia. Juntos, estes principais players devem colocar a mais no mercado 95 milhões de toneladas. Somente os americanos, maiores produtores mundiais de milho, devem colher um safra recorde, de mais de 355 milhões de toneladas. Desta forma, as reduções de preço no mercado de milho nas diferentes regiões produtoras chegaram a 35%, em média, sendo registrados valores de comercialização abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo federal. As quedas só não foram maiores devido ao fator câmbio. 66 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Gráfico 4 – Evolução do preço do milho em Rio Verde-GO 31 29 27 25 23 21 19 17 ja n/ 1 fe 2 v/ 1 m 2 ar /1 ab 2 r/1 m 2 ai /1 ju 2 n/ 1 ju 2 l/1 ag 2 o/ 1 se 2 t/1 ou 2 t/1 no 2 v/ 1 de 2 z/ 1 ja 2 n/ 1 fe 3 v/ 1 m 3 ar /1 ab 3 r/1 m 3 ai /1 ju 3 n/ 1 ju 3 l/1 ag 3 o/ 1 se 3 t/1 ou 3 t/1 3 15 Fonte: CEPEA/CNA Com o preço do grão abaixo do mínimo, o governo federal realizou forte intervenção no mercado do milho em 2013. A Conab auxiliou no escoamento de aproximadamente nove milhões de toneladas de milho através dos leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), além de disponibilizar contratos de opção para mais dois milhões de toneladas do cereal. Porém, apesar de aliviar a pressão de oferta e auxiliar a exportações de milho, as intervenções governamentais não foram suficientes para modificar a tendência de baixa deste mercado. Por fim, no ano de 2013, as dificuldades de infraestrutura e logística causaram problemas na distribuição de milho no país, inviabilizando que o cereal produzido no Centro-Oeste brasileiro alcançasse a região Sul, e principalmente o Nordeste Brasileiro. 5. SoJa PerSPectiva 2014 Brasil pode se tornar maior produtor mundial Para a safra 2013/2014, a estimativa é de uma área plantada recorde para a soja, devido às perspectivas econômicas desta cultura, aliadas a um cenário de baixa para o mercado do milho, principal concorrente da oleaginosa por área. De acordo com a Conab, a área semeada com soja pode chegar a aproximadamente 29 milhões de hectares em 2014, crescimento em torno de 5% em relação à safra passada. Se esta projeção se confirmar, é possível esperar uma produção de soja próxima a 90 milhões de toneladas na próxima safra. Com isso, o Brasil deve se tornar o maior produtor mundial de soja. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 67 Espera-se um crescimento de área em todos os estados produtores, com destaque para Mato Grosso, que pode englobar na sua produção entre 300 mil e 500 mil hectares. Segundo estimativas da Conab, o consumo interno da oleaginosa poderá alcançar 40,5 milhões de toneladas, evolução de 5% em relação à safra passada, e as exportações poderão atingir 45,8 milhões de toneladas, incremento de 8%. Grande parte do volume exportado pelo Brasil em 2014 deve continuar tendo como destino a China, uma vez que dificilmente outros países possuirão excedentes como o Brasil. Em relação ao cenário mundial, o USDA estima uma produção de 283 milhões de toneladas, crescimento de 15 milhões de toneladas na comparação com a safra passada. Esta alta se deve às previsões de boas safras nos três principais países produtores: Brasil, Estados Unidos e Argentina. Juntos, estes países devem adicionar ao mercado mais de 16 milhões de toneladas. Em contrapartida, o consumo da oleaginosa também deve apresentar alta na safra 2013/2014. Para o USDA, o consumo mundial de soja deve registrar uma elevação de 10,5 milhões de toneladas, alcançando os patamares de 239,5 milhões de toneladas. Esta demanda altamente aquecida deverá absorver todo o crescimento produtivo dos três principais países produtores na safra 2013/2014. Para o USDA, a China deve elevar seu consumo interno em aproximadamente 3,5 milhões de toneladas, e suas importações em 9 milhões de toneladas, em relação à safra passada. Gráfico 5 – Evolução do consumo e das importações chinesas, Safra 2009/10 a 2013/14 75 70 Milhões de toneladas 65 60 55 50 45 40 35 30 2009/10 2010/11 2011/12 Consumo Fonte: USDA 68 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 2012/13 Exportações 2013/14 A demanda chinesa é atualmente o principal indicador para estimativa dos atuais patamares de preços no mercado da soja. Sendo assim, as estimativas de preço para 2014 apontam para um cenário positivo de bons preços para esta oleaginosa. No Brasil, como a formação do preço ocorre pela paridade de exportação, o cenário não é diferente, ou seja, espera-se preços remuneradores para a soja na safra 2013/2014, principalmente se persistir o processo de valorização do dólar frente ao real. Como ponto negativo da safra 2013/2014, é possível elencar o custo de produção e as dificuldades logísticas. Em relação ao custo de produção, a preocupação fica por conta dos aumentos dos gastos com fungicidas e inseticidas, em razão principalmente dos problemas relacionados à ferrugem da soja e a lagarta Helicoverpa armigera. De acordo com o IMEA, comparando os custos de produção da safra 2012/2013 (com base na estimativa de outubro de 2012) com os da safra 2013/2014 (com base na estimativa de outubro de 2013), os gastos com defensivos em Mato Grosso devem crescer mais de 80%. As dificuldades logísticas, por sua vez, preocupam também o setor e podem mais uma vez reduzir a rentabilidade do produtor. Com uma safra de soja e milho bastante elevada, e com ambas as culturas destinadas às exportações, a tendência é de nova elevação no preço do transporte, que deverá recair sobre o preço da soja nas diferentes regiões produtoras do país. Balanço de 2013 venda antecipada chega a 60% O mercado internacional da oleaginosa registrou acomodação dos preços, depois da grande movimentação observada em 2012, quando a cotação da soja alcançou seu maior patamar na Bolsa de Chicago (CBOT). Com a recuperação da produção no Brasil e na Argentina na safra 2012/2013, e com a colheita norte-americana cheia em 2013, o mercado se recuperou do período de escassez de oferta. Porém, mesmo diante desta conjuntura, a crescente demanda chinesa e os baixos estoques americanos não permitiram uma redução maior do preço da soja em Chicago. No mercado interno, após o preço da soja alcançar valores acima de R$ 80 por saca de 60 quilos, em algumas regiões produtoras, os patamares de preço acompanharam a tendência do mercado mundial e registraram seguidas reduções no primeiro semestre de 2013. Além da queda do preço internacional da soja, a colheita da safra 2012/2013 favoreceu a redução do preço desta oleaginosa no país. Na safra passada, o Brasil colheu 81,5 milhões de toneladas. As exportações e o consumo interno alcançaram, respectivamente, 42,5 milhões e 38,5 milhões de toneladas, respectivamente, permitindo estoques finais de apenas 1,24 milhão de toneladas, de acordo com dados da Conab. 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 69 No segundo semestre, foram justamente os apertados estoques nacionais que proporcionaram o descolamento do preço interno da soja do comportamento de baixa observado no mercado internacional, o que ocasionou elevações do preço do grão nas diferentes regiões produtoras brasileiras. O câmbio também foi outro fator que contribuiu para a elevação do preço da oleaginosa no país. De modo geral, apesar da queda dos preços da soja no período de colheita, esta cultura proporcionou uma boa rentabilidade ao produtor brasileiro em 2013. Tal resultado positivo ocorreu, principalmente, devido ao alto índice de comercialização antecipada na safra 2013/2014. Em janeiro de 2013, antes mesmo de iniciar a colheita da safra, mais de 60% da produção nacional de soja já havia sido comercializada. Grande parte dos produtores brasileiros aproveitou os bons preços do fim de 2012 e fixaram sua produção através da venda antecipada com diferentes tradings e/ou cooperativas. 6. triGo PerSPectiva 2014 restrição de oferta mundial é uma boa oportunidade para o Brasil A colheita na Argentina deve permitir que o trigo daquele país volte a fazer parte da pauta das importações brasileiras em 2014. Assim, espera-se a retomada da Tarifa Externa Comum (TEC) para a aquisição do cereal de fora do Mercosul, que foi zerada em 2013 em função da restrição de oferta do trigo argentino. No que diz respeito ao cenário mundial, a previsão é de continuidade do crescimento da demanda por trigo no próximo ano, principalmente em razão da recuperação econômica de importantes mercados consumidores. Vale salientar que o consumo de trigo é bastante pulverizado pelo mundo. Apesar do crescimento da produção, a pressão do mercado consumidor dificilmente permitirá a recuperação dos estoques mundiais. Neste cenário, os preços devem se firmes no mercado mundial, assim como ocorreu em 2013. Para o Mercosul, o mercado deve ficar mais ainda mais pressionado pela relação de oferta e demanda. Apesar de a Argentina aumentar a oferta de trigo em 15% (de acordo com o USDA), em relação à safra passada, acredita-se que esta não será capaz de trazer tranquilidade ao mercado. Diante de uma conjuntura de firmes preços no mercado internacional e uma perspectiva de oferta insuficiente para atender a uma demanda crescente no bloco sul-americano, a produção brasileira tem uma grande oportunidade para se expandir. Somando-se este cenário favorável 70 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 ao crescimento da produção brasileira, outro fator que pode contribuir para esta expansão é a substituição de área plantada de milho pelo trigo, principalmente no Paraná. Assim, a expectativa é de que a produção nacional evolua no próximo ano, reduzindo a dependência nacional pelo produto importado. Balanço de 2013 Brasil importou sete milhões de toneladas para atender ao consumo interno Segundo projeções do USDA, a produção mundial de trigo em 2013 alcançou 716 milhões de toneladas, 50 milhões de toneladas a mais que o total produzido no ano passado. A retomada da expansão foi acompanhada pelo incremento no consumo mundial, que chegou a 703 milhões de toneladas, crescimento de 3,5% em relação a 2012. A recuperação da produção mundial trouxe mais tranquilidade ao mercado, favorecendo a acomodação dos preços. No mercado interno, contudo, a redução do preço do grão em 2013 foi interrompida por uma nova alta a partir de junho, reflexo da quebra da produção na Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil, que colheu aproximadamente 40% a menos do que no ano anterior. Esta situação perdurou até o final de 2013, com a entrada da safra brasileira no mercado. Além disso, outro fator que contribuiu para a redução do preço do trigo no país foi o crescimento das importações de trigo dos Estados Unidos. Este dois fatores permitiram que a referência de alta do mercado argentino fosse colocada em segundo plano. Gráfico 6 – Evolução do consumo e das importações chinesas, Safra 2009/10 a 2013/14 400,00 1000,00 900,00 350,00 300,00 700,00 US$/t R$/t 800,00 600,00 250,00 500,00 200,00 Maringá - PR v/ 13 no 3 /1 3 se t 3 l/1 ju 3 /1 ai m ar /1 m 13 n/ ja 12 v/ no 2 t/ 1 se 2 l/1 ju /1 2 ai m /1 2 ar m ja n/ 12 400,00 Argentina (FOB) Fonte: USDA 12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s 71 É importante salientar que, no fim de julho de 2013, a Argentina suspendeu as exportações de trigo com a justificativa de impedir maiores altas do cereal no mercado interno. Este procedimento teve como base a queda na sua produção e a perspectiva de redução de área para o próximo ano agrícola. Esta ação do governo argentino trouxe grande apreensão ao mercado brasileiro, uma vez que o Brasil se encontrava em plena entressafra. De acordo com a Conab, a safra brasileira de trigo em 2013 apresentou expansão de área de aproximadamente 15% em relação à safra anterior. Como resultado deste crescimento, a produção deve atingir 4,8 milhões de toneladas, ampliação de 9,9% em relação à safra passada. No entanto, a produção nacional poderia ter sido maior, uma vez que intempéries climáticas influenciaram a safra de trigo deste ano. Desta forma, o Brasil importou em torno de sete milhões de toneladas para atender à demanda interna, pois o consumo nacional é de aproximadamente 11 milhões de toneladas. 72 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 13. Pecuária de corte criador de Gado de corte encerra 2013 com exPortaçÃo recorde aPeSar daS dificuldadeS A Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE mostra que o rebanho bovino brasileiro diminuiu 0,72% em 2012 e que a tendência de redução deve se manter este ano e em 2014, tendo em vista a situação desfavorável ao pecuarista, com preços em queda e aumentos nos custos de produção, motivando um aumento do abate de matrizes do rebanho bovino brasileiro. Levantamento em dez estados produtores, realizado pela CNA em parceria com o Cepea/Esalq, revela que os custos de produção tiveram um aumento médio da ordem de 13,5% entre 2012 e outubro deste ano, o que significa que a atividade de bovinocultura de corte vem perdendo rentabilidade, uma vez que as receitas da pecuária não acompanharam o indicador de custos. Apesar das dificuldades, no entanto, as perspectivas para o criador de gado de corte no ano que vem podem ser positivas. Os preços pagos pela arroba do boi gordo sinalizam para uma possível recuperação, após dois anos seguidos de desempenho abaixo do esperado. A retração do rebanho bovino e a expectativa de manutenção do câmbio em patamar favorável devem manter a oferta em níveis controlados e continuar impulsionando as exportações de carne. Além disso, fatores conjunturais, como a realização das eleições federais e estaduais e a realização da copa do mundo no Brasil, também podem ajudar a aquecer a demanda interna, contribuindo para o aumento dos preços dos animais para abate. Gráfico 1 – Brasil – Preço do Boi Gordo e Abate de Fêmeas (%) – 1997 a 2013 36,7% 37,1% 34,5% 34,4% 120 113,24 108,84 108,40 108,39 110 Reais (R$) 100 96,32 97,67 103,67 86,94 105,26 106,12 90,56 30% 25% 15% 70 10% 60 5% 50 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013* Ano R$/Arroba (15 Kg p. carcaça) Abate de fêmeas (%) Fontes – Abates: IBGE; Preços: Esalq-USP; Preço deflacionados pelo IGP-DI – FGV. * Preços médios até out/2013 e abates até jun/2013. 74 35% 20% 82,50 80 40 40% 109,94 112,51 104,66 101,16 90 36,2% 116,84 34,1% B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 0% (%) 130 Este gráfico mostra a evolução da média do Indicador Esalq do boi gordo para o Estado de São Paulo (em valores deflacionados pelo IGP-DI) e o percentual do abate de fêmeas em relação aos abates bovinos totais. O valor médio do Indicador Esalq do boi gordo no período de janeiro a outubro de 2013 foi de R$106,12, o que representa um aumento inferior a 1% em relação ao valor médio do ano de 2012, que foi de R$105,30. Como consequência dessa situação, houve um aumento do percentual do abate de fêmeas, que subiu de 34,1% para 36,2% (valores até junho de 2013), indicando um desestímulo com a atividade de cria. Caso os preços do boi gordo permaneçam no mesmo patamar de 2012 e 2013, deve haver uma ampliação dos abates de fêmeas do rebanho bovino no ano que vem. Outro fator que deve contribuir para manter firme a demanda de animais para abate são as exportações de carne bovina, que deverão continuar fortes, impulsionadas pela taxa de câmbio favorável e pela perspectiva de recuperação gradual da economia mundial. A tendência de recuperação da economia dos Estados Unidos e da União Europeia deve compensar a redução no ritmo de crescimento da economia de países emergentes, especialmente da China. Embora as expectativas com as exportações e a redução da oferta possam favorecer o cenário para a pecuária brasileira em 2014, outros fatores poderão influenciar negativamente a renda dos pecuaristas. Por um lado, as baixas perspectivas de crescimento da economia brasileira e a inflação elevada poderão afetar o consumo interno, prejudicando a recuperação dos preços do boi gordo. Por outro lado, os aumentos dos custos de produção devem continuar pressionando a rentabilidade do setor, o que implica a necessidade de um bom planejamento de custos por parte dos pecuaristas. Balanço 2013 recorde nas exportações de carne bovina em 2013 As exportações de carne bovina brasileiras encerrarão o ano de 2013 com receitas recordes de aproximadamente US$ 6,4 bilhões. No período de janeiro a outubro de 2013, o Brasil exportou US$ 5,455 bilhões em carne bovina in natura, industrializada e miudezas comestíveis de bovinos, o que representou um crescimento de 14,82% em relação ao mesmo período de 2012. Somadas às exportações de couros bovinos, que também devem alcançar um valor recorde, em torno de US$ 2,4 bilhões, a bovinocultura de corte será responsável por receitas de exportações de aproximadamente US$ 9 bilhões em 2013, figurando como um dos principais segmentos agroexportadores do País. Em volume, as exportações brasileiras de carne bovina deverão alcançar aproximadamente 1,9 milhão de toneladas (em equivalente carcaça), inferiores ao volume recorde alcançado em 2007, quando foram embarcadas 2,35 milhões de toneladas (em equivalente carcaça) ao exterior. De janeiro a outubro de 2013, o volume exportado cresceu cerca de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de 1,32 milhão de toneladas para 1,585 milhão de toneladas (em equivalente carcaça). 1 3 . P e c u á r i a d e co r t e 75 A Rússia continua sendo o principal destino das exportações da carne bovina brasileira. No período de janeiro a outubro de 2013, a Rússia foi responsável por aquisições no valor de US$ 1,031 bilhão em carne bovina in natura, o que representa 23,7% do total. Hong Kong é o segundo maior destino das exportações de carne bovina do Brasil e o que apresentou o maior crescimento em 2013. De janeiro a outubro, o país asiático comprou o equivalente a US$ 816,65 milhões de carne bovina in natura do Brasil, o que representou um incremento de 146% em relação ao mesmo período do ano anterior. Conforme levantamento realizado pela CNA em parceria com o Cepea/Esalq, em 10 estados produtores, que representam cerca de 80% do rebanho bovino brasileiro, os custos operacionais efetivos (COE) da bovinocultura de corte brasileira acumularam um aumento de 10% de janeiro a outubro de 2013. Em contrapartida, os preços do boi gordo, medidos pelo Indicador Esalq, acumularam um aumento de 13%, em média, o que representa uma melhoria nas relações entre receitas e despesas dos pecuaristas brasileiros em 2013. Contudo, essa melhoria ocorreu principalmente devido ao aumento médio de 5,5% nos preços da arroba do boi gordo ocorrida no mês de setembro de 2013. Em 2013 o Brasil reconheceu mais sete estados e a parte centro-norte do Estado do Pará como livres de febre aftosa com vacinação. Os estados que agora fazem parte da zona livre de febre aftosa com vacinação são: Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, além da parte centro-norte do Estado do Pará. A nova zona livre de febre aftosa com vacinação será submetida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para reconhecimento internacional. Tabela 1 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina in natura – jan-out/2013 Janeiro a outuBro/2013 destino valor foB (us$ milhões) Peso lÍQuido (mil ton.) 1.031,90 Hong Kong 816,65 Venezuela Janeiro a outuBro/2012 P. médio (us$/t) valor foB (us$ milhões) Peso lÍQuido (mil ton.) 263,43 3.917 934,98 222,71 4.198 182,20 4.482 331,78 76,72 4.324 628,67 116,77 5.384 329,69 64,65 5.100 União Européia 435,74 58,92 7.396 375,40 44,84 Egito 391,20 112,77 3.469 448,77 Chile 320,03 61,33 5.218 Irã 161,97 35,58 Argélia 77,96 Israel P. médio (%) valor foB 10,37 18,28 -6,69 23,67 27,16 146,14 137,48 3,65 18,73 18,78 90,69 80,62 5,57 14,42 12,04 8.372 16,07 31,40 -11,66 9,99 6,07 111,39 4.029 -12,83 1,24 -13,90 8,97 11,63 305,91 52,98 5.774 4,62 15,77 -9,63 7,34 6,32 4.552 282,58 59,32 4.764 -42,68 -40,02 -4,44 3,71 3,67 18,07 4.314 48,24 9,59 5.033 61,60 88,53 -14,29 1,79 1,86 73,83 14,94 4.940 65,35 12,63 5.176 12,98 18,37 -4,55 1,69 1,54 Líbano 62,59 12,02 5.207 63,51 10,69 5.939 -1,44 12,42 -12,33 1,44 1,24 Outros 359,66 93,97 3.827 520,35 113,59 4.581 -30,88 -17,27 -16,45 8,25 9,69 TOTAL 4.360,21 970,01 4.495 3.706,56 779,11 4.757 17,64 24,50 -5,52 - - Fonte: SECEX/MDIC Elaboração: Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte/ CNA 76 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 valor (%) ParticiPaçÃo (%) 2013 Peso (%) Rússia P. médio (us$/t) variaçÃo (2013/2012) Peso lÍQuido Gráfico 2 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina in natura – jan-out/2013 8,2% 1,4% 1,7% 1,8% 23,7% Rússia Hong Kong 3,7% Venezuela 7,3% União Européia Egito Chile Irã 9,0% Argélia Israel 18,7% Líbano Outros 10,0% 14,4% Fonte: SECEX/MDIC Tabela 2 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina Industrializada – jan-out/2013 Janeiro a outuBro/2013 destino valor foB (us$ milhões) Peso lÍQuido (mil ton.) P. médio Janeiro a outuBro/2012 valor foB (us$ milhões) Peso lÍQuido (mil ton.) variaçÃo (2013/2012) P. médio valor (%) ParticiPaçÃo (%) 2013 Peso (%) P. médio (%) valor foB Peso lÍQuido União Européia 218,29 41,16 5.303 248,42 42,91 5.789 -12,13 -4,08 -8,39 42,40 47,44 Estados Unidos 193,10 19,98 9.666 154,34 14,44 10.686 25,12 38,32 -9,55 37,51 23,02 Canadá 10,76 2,11 5.110 11,65 2,18 5.345 -7,61 -3,37 -4,39 2,09 2,43 Egito 10,30 2,43 4.243 9,37 2,01 4.651 9,95 20,54 -8,78 2,00 2,80 Jamaica 9,00 2,00 4.501 13,97 3,14 4.447 -35,60 -36,38 1,21 1,75 2,30 Chile 8,34 1,31 6.374 12,78 2,15 5.937 -34,74 -39,21 7,36 1,62 1,51 Porto Rico 5,99 1,00 6.007 10,17 1,38 7.352 -41,13 -27,95 -18,30 1,16 1,15 Angola 4,80 1,38 3.465 2,73 0,83 3.266 76,00 65,88 6,10 0,93 1,60 Trinidad e Tobago 4,34 1,10 3.961 5,22 1,32 3.959 -16,80 -16,84 0,05 0,84 1,26 Gana 3,52 0,88 3.977 2,55 0,71 3.581 37,71 24,01 11,05 0,68 1,02 Outros 46,45 13,43 3.458 65,40 18,16 3.602 -28,98 -26,02 -4,00 9,02 15,48 TOTAL 514,88 86,78 5.933 536,59 89,25 6.012 -4,05 -2,77 -1,31 - - Fonte: SECEX/MDIC Elaboração: Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte/ CNA 1 3 . P e c u á r i a d e co r t e 77 Gráfico 2 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina Industrializada – jan-out/2013 0,8% 0,7% 0,9% 9,0% Estados Unidos 1,2% 1,6% 1,7% Canadá Egito 2,0% Jamaica 42,4% 2,1% Chile Porto Rico União Européia Angola Trinidad e Tobago ! 37,5% Fonte: SECEX/MDIC 78 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Gana Outros 14. café PerSPectiva 2014 excesso de oferta mundial de café deve seguir pressionando as cotações em 2014 Maior produtor mundial de café, o Brasil deverá colher uma safra recorde em 2014, ano de bienalidade alta. Considerando que a produção brasileira tem crescido a uma taxa média de 8% a.a., a expectativa é de que o país colha cerca de 53 milhões de sacas do grão no ano que vem. Dando continuidade ao movimento de 2013, porém, o mercado de café deverá se manter pressionado em 2014, devido ao superávit entre oferta e demanda mundial. Além disso, as grandes safras do Vietnã, segundo maior país produtor, e da Colômbia, maior concorrente do Brasil na produção da variedade arábica, devem seguir pressionando o mercado. Os altos níveis dos estoques brasileiros de café também são fundamentos que ajudam a derrubar as cotações do produto nos mercados. Esse aumento da estocagem, que deve se estender por 2014, é resultado dos baixos preços de mercado que desestimulam as vendas por parte do produtor, prejudicando a comercialização interna e dando força para novas desvalorizações. Estima-se que o Brasil encerrará a temporada 2012/13 com estoques de 12 a 13 milhões de sacas, o que corresponde a 25% da sua produção. Enquanto isso, os estoques certificados existentes nas bolsas de Nova York se mantêm praticamente estáveis, em torno de 3,1 milhões de sacas, quantidade que representa, em média, 1 milhão de sacas acima do volume mantido nos últimos 3 anos (Gráfico 1). O aumento do uso de robusta nos blends é outro agravante para o cenário de preços. Com custos de produção menores, as cotações do robusta ainda oferecem lucro aos cafeicultores desta espécie, o que deve elevar ainda mais a oferta da espécie nos próximos anos, retardando o início da recuperação dos preços do arábica. Esse aquecimento da demanda pela variedade robusta pode ser observado pela redução dos estoques certificados na bolsa de Londres, que em outubro de 2013 caíram para um nível historicamente baixo, de apenas 0,9 milhão de sacas. 80 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Gráfico 1. Estoques certificados, Nova York e Londres 8 Million Bags 7 6 5 4 3 2 1 New York -1 3 O ct -1 2 O ct -1 1 ct O O ct -1 0 0 London Fonte: Organização Internacional do Café (OIC). Tomando por base essas informações, é possível compreender parte dos fundamentos desse viés de baixa das cotações, que deve persistir pelo próximo ano. Esse fator, associado à elevação dos custos de produção – principalmente da mão de obra, causará grande preocupação e desestimulará ainda mais a atividade cafeeira. Contudo, essa crise pode ser explicada ao avaliar uma longa série histórica do produto. O ciclo de preços do mercado de café dura cerca de 10 anos. Dentro desse período, os preços de venda do produto superou o custo médio de produção somente por, em média, 2 anos (2010 – 2012). Gráfico 2. Evolução das cotações do café arábica na bolsa de Nova York – ICE Futures. 350,00 300,00 250,00 US$ 200,00 150,00 100,00 50,00 1999 2000 2000 2000 2001 2001 2001 2002 2002 2002 2003 2003 2003 2004 2004 2004 2005 2005 2005 2006 2006 2006 2007 2007 2007 2008 2008 2008 2009 2009 2009 2010 2010 2010 2011 2011 2011 2012 2012 2012 2013 2013 2013 0,00 10 anos Fonte: ICE Futures, elaboração CNA 14. café 81 Como o café tem um ciclo de resposta mais lento aos estímulos e por ser uma cultura perene, acredita-se que a recuperação dos preços ocorrerá somente a partir de meados de 2015, quando realmente serão sentidos os impactos das reduções de tratos culturais e dos cortes em investimentos em máquinas, implementos e demais tecnologias. Entretanto, a pressão de oferta pode ser amenizada, caso haja quebra de safra em algum dos principais países produtores, em decorrência de um possível ataque de pragas e doenças ou de adversidades climáticas. Com a renda extremamente comprometida e margens negativas, a dificuldade para o produtor quitar suas dívidas deve se agravar. Para que os cafeicultores tenham condições de se manter na atividade, gerando renda e emprego, é necessário que o governo faça uma intervenção quanto à reestruturação do passivo. É necessário dar um prazo estendido para o pagamento das parcelas de crédito e condições diferenciadas para que ele quite as dívidas no médio e longo prazo. Neste contexto, é importante que o produtor trabalhe a gestão da propriedade, de forma que consiga reduzir custos, otimizando as operações de campo. Balanço 2013 2013: crise afeta a cafeicultura e a renda do produtor é fortemente comprometida Este ano foi marcado por uma das piores crises que a cafeicultura já enfrentou, senão a pior delas. As cotações do café arábica atingiram o menor nível em 5 anos, com desvalorização acumulada acima de 30%. Segundo o Indicador Cepea/Esalq, para o café arábica, tipo 6, bebida dura para melhor, a saca de 60 quilos foi comercializada a uma média de R$ 272,45 no segundo semestre, valor que não cobre nem o Custo Operacional Efetivo na maioria das regiões produtoras, que supera R$ 350,00 a saca. Segundo dados do Campo Futuro (CNA/UFLA), o Custo Operacional Total (COT) do café arábica nas regiões montanhosas apresentou um aumento de 3% entre janeiro/13 e agosto/13. Em direção oposta, os preços pagos aos produtores acumularam perdas de 11,8%, prejudicando as margens de lucro. Além disso, como a colheita brasileira foi prejudicada por chuvas, a oferta de grãos de melhor qualidade foi reduzida, aumentando o volume de cafés com bebida de menor qualidade – os chamados riados e rio, que são vendidos a preços cerca de 30% inferiores ao da bebida padrão (tipo 6). Esse fenômeno colaborou para o comprometimento da renda do produtor, que gastou o mesmo valor para produzir o grão comercializado a preços mais baixos. A queda das cotações foi influenciada principalmente pela alta oferta do produto resultante do pacote tecnológico utilizado, tratos culturais e condições climáticas favoráveis, que promoveram 82 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 bom volume de produção no país. Além disso, os altos níveis dos estoques brasileiros que ainda acumulam café da safra passada contribuíram para pressionar os preços. Na safra 2013, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) contabilizou a produção de 47,54 milhões de sacas (60 kg) de café de café (arábica e robusta), a maior safra de ciclo de baixa bienalidade já produzida no país, com um volume 8,5% superior a de 2011. Em relação às exportações brasileiras, o volume de café embarcado teve crescimento de 13,7% de janeiro a outubro (25.635.510 sacas) em relação ao mesmo período de 2012. Contudo, a receita registrou uma queda de 15,7% no mesmo período, fechando em US$ 4,357 bilhões. Quanto ao mercado mundial, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC) a oferta foi maior do que a demanda, com produção recorde em 2012/2013 estimada em 145,2 milhões de sacas de 60 kg e consumo de 142 milhões de sacas. Vale destacar que a perda de espaço do café arábica para a variedade robusta de outras origens contribuiu para as desvalorizações. Diante desse cenário, os mais afetados foram os produtores das regiões montanhosas, já que a necessidade de grande contratação de mão-de-obra para condução da lavoura e colheita eleva consideravelmente seus custos de produção. De acordo com dados do Campo Futuro (CNA/UFLA), os custos com pessoas na condução da lavoura em regiões com manejo manual chegaram a ser 205% superiores aos de regiões mecanizadas, no período de janeiro a agosto de 2013. Por fim, o fato de o cafeicultor trabalhar com margens líquidas negativas por longos períodos fez com que recorresse a empréstimos e venda de ativos para se manter na atividade, acumulando dívidas e comprometendo a geração de renda, a geração de empregos, a sustentabilidade da atividade e a economia de municípios e estados envolvidos com a cafeicultura. 14. café 83 15. aveS e SuÍnoS PerSPectiva 2014 franGo de corte Setor busca aumento das exportações A carne de frango, em 2013, continuou sendo a preferida dos brasileiros, registrando consumo de 46 quilos per capita ao ano. A principal razão desse bom desempenho foi o aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E, ocorrida no passado recente. Embora a demanda doméstica continue sendo o principal destino da carne de frango, representando pouco mais de 70% de seu mercado, estima-se que o aumento da produção, no decorrer dos próximos anos, acontecerá em razão do crescimento das vendas externas. Isso porque um eventual aumento da renda do consumidor brasileiro significará a busca de diferentes fontes de proteína animal, como o pescado, a carne bovina e a carne suína. Gráfico 01. Evolução do da produção de carne de frango no Brasil, em milhões de toneladas 14 12 10 8 6 4 2 0 2004 2005 2006 2007 2008 Consumo doméstico 2009 2010 Exportação 2011 2012 2013* 2014* Produção * Dados estimados Fonte: Elaborado por CNA, com dados do USDA. O foco do setor será o aumento das exportações, já que o consumo doméstico da carne deve crescer apenas proporcionalmente ao crescimento populacional. No entanto, alguns fatores podem impactar o cenário mundial, reduzindo a competitividade brasileira. Esse cenário poderá dificultar a expansão das exportações do país, a médio e longo prazo. Nesse sentido, algumas questões devem ser avaliadas. Dentre elas está o aumento do subsídio chinês, sul-coreano e de outros países importadores de grãos, e os programas de autossuficiência semelhantes ao praticado pela Rússia. Outro dado relevante é a eliminação do subsídio ao etanol pelos Estados Unidos. Merece ser observado, também, dentro desse contexto, o desenvolvimento de novas 1 5 . av e s e s u Í n o s 85 bases de criação em outros países com maior competitividade, caso das nações africanas. Além da criação de blocos econômicos e de novos acordos comerciais, como o recente tratado de livre comércio firmado entre os EUA e a UE-27, neste ano. Ao mesmo tempo, existem fatores internos que reforçam a posição competitiva do Brasil. Vale mencionar a disponibilidade de recursos hídricos, a independência externa de insumos, a disponibilidade de terras agricultáveis e a capacidade do país em aumentar os níveis de produtividade. No próximo ano, a indústria deverá realizar esforços consideráveis na busca pela abertura de novos mercados, tendo como foco países como o Panamá, Malásia e Índia, além da expansão de negócios com os mercados já existentes. Recentemente, o México abriu seu mercado aos produtos brasileiros. A abertura deste mercado representa e reforça o reconhecimento, pelos mexicanos, das boas condições sanitárias do mercado brasileiro. É interessante lembrar que o Brasil já cumpre acordos sanitários junto a mercados como União Europeia, Japão e Arábia Saudita, que estão entre os mais exigentes do mundo no que diz respeito à segurança alimentar. SuÍnoS recuperação de preços e novos mercados No acumulado de 2013, houve redução do volume exportado, com a manutenção da receita (em reais), devido ao direcionamento do produto a melhores mercados em termos de preços, além das boas condições cambiais e do início da retomada e do reaquecimento do consumo de carnes, após a crise de 2012. Existe, também, a expectativa de aumento nas exportações e no preço médio das carnes em consequência, principalmente, pela abertura de novos mercados e do crescimento da demanda mundial no decorrer do próximo ano. 90,00 180,0 80,00 160,0 70,00 140,0 60,00 120,0 50,00 100,0 40,00 80,0 30,00 60,0 20,00 40,0 10,00 20,0 0,00 Janeiro Fevereiro Volume 2012 Março Abril Volume 2013 Fonte: Elaborado por CNA, com dados da ABIPECS. 86 Maio B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Junho Julho Receita 2012 Agosto Setembro 0,00 Receita 2013 Em milhões de US$ Em mil toneladas Gráfico 02. Comportamento das exportações, comparativo de 2012 e 2013 Vale salientar, no entanto, que o mercado interno segue sendo o principal destino da carne suína, representando 86% da fatia de mercado. O consumo brasileiro de carne suína continuará crescendo nos próximos anos. Gráfico 03. Evolução do consumo doméstico, exportações e consumo per capita de carne suína no Brasil 18 3.500 16 14 2.500 12 2.000 10 8 1.500 6 1.000 4 500 - 2 2004 2005 2006 2007 Consumo doméstico 2008 2009 2010 Exportação 2011 2012 2013* 2014* Em quilos/habitante Em mil toneladas 3.000 0 Consumo per capita * Dados estimados Fonte: Elaborado por CNA, com dados do USDA, ABIPECS e ABCS. Dentro desse quadro, as políticas e diretrizes da suinocultura devem seguir dois enfoques: i) o acesso a novos mercados internacionais; e ii) o aumento do consumo no mercado doméstico. O foco nos investimentos em mercados importantes como os da Coréia do Sul e Japão, além do aumento das exportações para a China, são prioridades para 2014. Nesse contexto, investimentos em saúde e bem-estar animal são fundamentais para a conquista dos principais mercados consumidores. inSumoS Com a expectativa da maior safra mundial de milho da história, onde os Estados Unidos e o Brasil terão produção recorde, com o país alcançando o maior estoque de passagem da história, a expectativa é que o preço do milho mantenha-se em patamares baixos no decorrer do próximo ano. A soja também segue o mesmo caminho, batendo recorde de produção em 2013. Contudo, observa-se um forte crescimento da demanda mundial do grão impulsionado, principalmente, pelas compras da China. Estima-se que, em 2014, sejam mantidas as cotações da soja no mercado internacional, com possibilidade de alta. 1 5 . av e s e s u Í n o s 87 Balanço 2013 franGo de corte Brasil mantém liderança no mercado mundial Nas exportações, o Brasil manteve-se na liderança mundial, alcançada em 2004. Em 2013, Brasil e Estados Unidos, juntos, representaram 67% do market share mundial da carne de frango (USDA, 2013). Mesmo assim, nos últimos anos, ocorreram perdas de competitividade nos dois países, o que refletiu numa menor participação no mercado global. Em 2004, Brasil e Estados Unidos representavam 76% do mercado, caindo para 67% em 2013. Gráfico 04. Evolução das exportações de carne de frango: 8.000 2,00 7.000 6.000 5.000 4.000 1,00 3.000 2.000 Em US$/quilo 1,50 0,50 1.000 0 2004 2005 2006 2007 Receita (Em milhões US$) 2008 2009 2010 2011 Volume (Em mil toneladas) 2012 até out/2013 0,00 Preço médio Fonte: Elaborado por CNA, com dados do MDIC. A valorização do preço médio internacional em patamares mais elevados permitiu aumento no abate de animais em 2013, em comparação com o ano passado. Emirados Árabes, Egito, Hong Kong e Kuwait foram os principais países que aumentaram o volume de carne de frango importado do Brasil. No acumulado de 2013, houve recuperação da receita com as exportações, devido ao reaquecimento do consumo e a desvalorização do real frente ao dólar. SuÍnoS recuperação de preços no mercado interno De acordo com os números do Cepea/Esalq, houve redução do plantel de matrizes em 2013, em relação ao ano passado. O IBGE indicou oferta de animais abaixo do peso ideal de abate, 88 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 devido à queda dos preços do suíno no primeiro semestre de 2013. Em consequência, o comportamento dos preços subiu gradativamente no segundo semestre deste ano. Uma das melhores formas de analisar o “fôlego” do suinocultor na atividade é a relação de troca “suíno x milho”, que representa quantos quilos de milho o produtor consegue comprar com a venda de 1 quilo de suíno vivo. Conforme o gráfico abaixo (Gráfico 05) nota-se melhoria na relação de troca, resultado da valorização da carne suína no mercado doméstico e da redução das cotações de milho ao longo de 2013. Gráfico 05. Evolução da relação de troca suíno x milho, no estado de São Paulo: 11,00 10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 Jan Fev Mar Abr 2010 Mai Jun 2011 Jul Ago 2012 Set Out Nov Dez 2013 Fonte: Elaboração CNA, com dados do CEPEA, FNP e Agroceres PIC. 1 5 . av e s e s u Í n o s 89 16. Pecuária de leite recuPeraçÃo do Setor lácteo deve Ser mantida em 2014 Em 2013, o setor lácteo conseguiu recuperar as margens perdidas em anos anteriores. A melhoria no preço do leite fez com que os principais países produtores aumentassem a produção a partir do segundo semestre. A tendência é que esse quadro favorável se mantenha até o início de 2014. Os sete principais mercados lácteos deverão apresentar este ano crescimento de até 3%. É importante lembrar que a média histórica de crescimento anual desses países é de 2%, segundo dados do Rabobank. Nesse primeiro momento, os baixos estoques mundiais e a demanda aquecida, deverão garantir bons preços às commodities lácteos. No entanto, dependendo da intensidade da oferta, esse cenário pode ser alterado ao longo do ano. O crescimento da produção de leite será positivo para a maioria dos principais países produtores. Nos Estados Unidos, por exemplo, a oferta favorável de milho contribuirá para um incremento de 1,4% na produção de leite, percentual que pode ser considerado elevado, pois os EUA são o maior produtor do mundo. Na Oceania, segundo a Dairy Austrálian, a Nova Zelândia elevará a produção entre 4% e 5%. Já a Austrália deverá ter crescimento entre 1% e 3%. Na Europa e Argentina, a expectativa é que o crescimento não seja significativo, podendo até mesmo ser negativo. Situação diferente do Uruguai que deverá apresentar bons resultados em função do aumento das suas exportações para China e Venezuela. No Brasil, de acordo com a projeção do Rabobank, a produção irá crescer 2,5%. A tendência é que não ocorra forte incremento nos preços da ração concentrada, o que contribuirá para o bom desempenho do segmento. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estima que a safra 2013/2014 apresentará crescimento de 9% na produção de soja e queda de 3% na produção de milho, com preços mais estáveis, visto que haverá redução das pressões internacionais sobre esses produtos. Nesse cenário, provavelmente, a região Sul do país manterá as mais elevadas taxas de crescimento. Isso porque possui sistemas de produção que usam a tecnologia com mais intensidade. A demanda, por outro lado, deverá continuar elevada, em função dos países asiáticos, em especial a China, que encontra-se com a produção de leite em crise. Os escândalos envolvendo a contaminação do leite com melamina, levaram os chineses a perderem confiança nos produtos domésticos, favorecendo as importações. Com esse quadro, a produção chinesa caiu 6%, no primeiro semestre de 2013. Enquanto que o consumo aumentou entre 3 e 4% no mesmo período, segundo informações do Rabobank. Além disso, o governo chinês está estimulando a produção em grandes fazendas leiteiras, apesar de 60% das propriedades possuírem menos de 100 vacas, o que implica em mudanças estruturais no setor lácteo daquele país. O crescimento econômico dos países é fator importante que influência diretamente na demanda. Os altos preços dos produtos lácteos podem resultar em redução do consumo, principalmente na Europa, onde os preços dos lácteos aumentaram 6% em 2013 em uma economia 16 . P e c u á r i a d e l e i t e 91 com crescimento negativo e baixa inflação. Mesmo assim, para 2014, existe uma perspectiva favorável para o bloco europeu. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de 1,0%, sendo que a média de crescimento das economias avançadas é de 2,0%. A média de crescimento dos países emergentes, contudo, é bem maior: de 5,1%, segundo os números do Fundo Monetário Internacional (FMI). No Brasil, segundo estimativa do Boletim Focus do Banco Central (14/11/13), o PIB deverá crescer 2,1% em 2014, valor pouco menor que a previsão para 2013 que é de 2,5%. Assim, apesar de positivo, observa-se que o incremento no consumo de lácteos, proporcionado principalmente pela classe C, está perdendo força. Os programas sociais, responsáveis pela ampliação dessa demanda nos últimos anos, também perderam intensidade. Vale destacar que em 2014 serão realizadas eleições gerais no país. Tal fato, historicamente, sempre contribui para elevar o consumo interno do produto. Com relação às importações, pesa de maneira favorável a projeção do dólar médio para 2014, no valor de R$ 2,40, 6% maior que a média prevista para 2013, de acordo com o Boletim Focus (14/11/13). Esse cenário dificulta a entrada de produtos lácteos no país, em função dos preços internos ficarem menores quando convertidos em dólar. Como dado negativo fica a expectativa segundo a qual o preço médio do leite em pó integral fique na faixa de US$ 4.000/tonelada, abaixo da cotação de 2013, segundo calcula o Rabobank. Dessa forma, pode haver aumento das importações caso o preço do produto no mercado nacional esteja acima desse valor. Diante dessa situação, constata-se que a conjuntura do mercado lácteo para 2014 ainda não está clara. Existem muitas variáveis que podem influenciar no preço do leite, tanto no cenário interno quanto no mercado internacional. Certamente, o próximo ano não será tão bom quanto o de 2013, em função do possível ajuste entre oferta e demanda. Sendo assim, o produtor deve estar atento aos fatores que interferem diretamente no mercado, para que seja possível amenizar os impactos, com maior controle gerencial da atividade. Gráfico 1: Projeção do crescimento da produção de leite nos principais países produtores 5,0% 4,5% 4,0% 3,0% India Nova Zelândia 2,5% 2,5% 1,5% 4,5% 3,5% 3,5% 2,0% 4,5% 2,0% 1,4% 1,0% 0,5% 0,0% E.U.A Austrália Brasil Fonte: IFCN, Dairy Austrálian, Rabobank 92 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 China Balanço Produtores de leite saem do prejuízo em 2013 Segundo a Embrapa Gado de Leite, em 2012 os custos de produção do leite aumentaram 27,4%. Enquanto o preço elevou-se apenas 4,3%, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Econômica Aplicada (CEPEA). A baixa rentabilidade da atividade, associada à forte seca ocorrida na região Nordeste do país, permitiu incremento de apenas 0,6% na produção nacional, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a menor taxa de crescimento desde 1998. Além disso, os preços dos produtos lácteos no varejo mantiveram-se praticamente estáveis ao longo do ano, reduzindo também, as margens do setor industrial. O Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) dos produtos lácteos, em 2012, foi de 5,73%, enquanto a inflação chegou a 5,84%. Mesmo assim, 2013 permitiu que o setor “tomasse fôlego”. A média do preço do leite, acumulado até outubro, foi de R$ 1,00, valor 16,8% maior que o obtido no mesmo período do ano anterior, segundo o CEPEA. Já os custos de produção, apesar de ainda permanecerem elevados, apresentaram menor variação. De acordo com a Embrapa Gado de Leite, até setembro a alta foi de 13,6%. Contribuiu para esse quadro a redução no preço dos produtos que compõem a ração concentrada, em especial o milho e o farelo de soja. Com isso, a discrepância entre o preço e o custo, verificada em 2012, foi amenizada, conforme observado no Gráfico 2. Em função dos altos custos de produção e de problemas climáticos, como a estiagem na Nova Zelândia e o inverno frio e úmido na Europa, os principais países exportadores apresentaram queda na produção de leite no início do ano. Por outro lado, a demanda seguiu firme, em especial na China, que importou quase 400 mil toneladas de leite em pó ao longo de 2013. A combinação desses fatores, associada aos baixos estoques, fez com que os preços dos produtos lácteos aumentassem de maneira significativa. De acordo com Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a cotação do leite em pó integral, na Oceania, aumentou 45% até outubro, apresentando média de US$ 4.658/ton. No mercado interno, o aumento dos custos foi repassado aos consumidores. O IPCA dos lácteos acumulado até outubro foi de 19,5%, enquanto que a inflação foi de 4,4%. As importações estiveram praticamente estáveis ao longo do ano, em razão da escassez de leite nos países exportadores, dos altos preços das commodities lácteas no cenário internacional e da desvalorização do real frente ao dólar. Com isso, o déficit da balança comercial foi de US$ 409 milhões, até outubro, valor 0,9% maior que o ocorrido no mesmo período do ano anterior Tal cenário permitiu a elevação dos preços aos produtores e a consequente recomposição das margens das indústrias. 16 . P e c u á r i a d e l e i t e 93 Ab r Ju /06 n Ag /06 o O /06 ut D /06 ez Fe /06 v Ab /07 r Ju /07 n Ag /07 o O /07 ut D /07 ez Fe /07 v Ab /08 r Ju /08 n Ag /08 o O /08 ut D /08 ez Fe /08 v Ab /09 r Ju /09 n Ag /09 o O /09 ut D /09 ez Fe /09 v Ab /10 r Ju /10 n Ag /10 o O /10 ut D /10 ez Fe /10 v Ab /11 r Ju /11 n Ag /11 o O /11 ut D /11 ez Fe /11 v Ab /12 r Ju /12 n Ag /12 o O /12 ut D /12 ez Fe /12 v Ab /13 r Ju /13 n Ag /13 o/ 13 Gráfico 2: Comportamento do Índice de preço do leite e do custo de produção (base100 = abril/2006) 250 225 200 175 150 125 100 75 Índice de custo de produção do leite Fonte: CEPEA/ Embrapa Gado de Leite 94 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Índice de preços do leite 17. Silvicultura reGulamento do tratamento fitoSSanitário amPliará mercado Para toraS de madeira A autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o uso de agroquímicos à base de fosfina (fosfeto de alumínio) em madeira para exportação, seus produtos e subprodutos, em caráter emergencial por dois anos, beneficiará a exportação brasileira de madeira em tora, principalmente de eucalipto, pinus e teca. A regulamentação do tratamento fitossanitário com fins quarentenários para toras de madeira abrirá novos mercados, considerando o potencial brasileiro para atendimento da demanda mundial por estes produtos, superior a ordem de 50 mil toneladas mensais. A crescente exportação de ferro gusa, desde o início de 2013, tem deixado os produtores de carvão vegetal otimistas em relação à 2014, tendo em vista o grande volume de carvão vegetal utilizado pelas siderúrgicas no processo para redução do minério de ferro a ferro gusa. Os principais países importadores do gusa brasileiro são os Estados Unidos (66%), seguido da China (9,0%) e Taiwan (7,7%), de acordo com dados de 2012 do Ministério de Minas e Energia (MME). Há expectativa de que a demanda por ferro gusa e, consequentemente, pelo carvão vegetal aumente no próximo ano, tanto para atendimento ao mercado internacional, com a retomada do crescimento dos principais países importadores do gusa brasileiro, quanto para consumo interno, devido às obras de infraestrutura necessárias para a realização da Copa do Mundo da FIFA, em 2014, e Olimpíadas 2016. A partir de 2014, o Brasil poderá despontar no mercado mundial de pellets de madeira. Foi anunciada para o próximo ano a instalação de uma unidade fabril no Maranhão, que poderá ser uma das maiores plantas industriais de pellet de madeira do mundo, com produção estimada de 1 milhão de toneladas por ano. Atualmente o Brasil tem poucas empresas atuando no setor, com baixo volume de produção (aproximadamente 500 mil toneladas), o que dificulta o fechamento de contratos para exportação. A demanda mundial por pellet de madeira é atendida principalmente pelos Estados Unidos, Canadá e Rússia, que abastecem os países do continente europeu, que são os maiores consumidores mundiais. Com relação à produção de painéis de madeira, estimulada principalmente pela expansão da construção civil, a Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa) projeta para 2014 a produção de 10,9 milhões de metros cúbicos de painéis de MDP, MDF e hardbord, com investimentos da ordem de US$ 1,2 bilhão na instalação de novas unidades industriais. 96 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Os principais polos industriais de painéis de madeira são localizados principalmente nas regiões Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Sudeste (São Paulo e Minas Gerais). Outros polos em potencial, porém ainda não consolidados estão localizados nos estados de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Pará. Com relação ao setor de celulose, que tem apresentando excelentes resultados nos últimos anos, projeta-se, para 2014, produção próxima a 15 milhões de toneladas e exportação próxima a 11 milhões de toneladas, de acordo com estimativas de 2013 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Estimativas otimistas ainda indicam que em 2014 a produção de celulose poderá superar 16 milhões de toneladas, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Uma terceira indústria de papel e celulose no estado de Mato Grosso do Sul, está prevista para iniciar suas obras em 2014, com investimentos previstos de R$ 7 a R$ 8 bilhões, segundo o Centro de Inteligência em Florestas (CIFlorestas). A área de floresta plantada destinada à produção de celulose é de aproximadamente 2,2 milhões de hectares. Segundo estimativas, os principais estados que podem contribuir para a expansão da área florestal para produção de celulose em 2014 são aqueles localizados nas regiões Norte, Sul e Centro Oeste, estima a Fiesp. Histórico (2008-2013) e estimativa (2014) da produção e exportação de celulose e papel 14,2 10,2 8,6 10,0 8,5 8,4 9,4 14,5 14,0 10,7 2008 2009 Produção CEL 2010 Exportação CEL 2011 2012 Produção PAPEL 1,9 1,9 2,0 2,1 7,0 Milhões ton 12,7 2013* 2014** Exportação PAPEL * 2013: (Jan-Out) ** 2014: Estimativa Fonte: BRACELPA (2013) Em 2014, o setor moveleiro nacional pode sofrer impactos negativos com a falta de incentivos do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra), cujo objetivo é aumentar a competitividade das vendas brasileiras no mercado internacional. A estratégia é possível ao garantir um crédito de até 3% sobre a receita decorrente da exportação de bens manufaturados para compensar, parcial ou integralmente, os tributos federais acumulados ao longo da cadeia produtiva. O Reintegra tem prazo de encerramento em 2013 e sua prorrogação até 2014 foi vetada pelo governo federal. 17. s i lv i c u lt u r a 97 Também em 2014 há grande expectativa na aprovação da Política Nacional de Florestas Plantadas (PNFP), coordenada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. A PNFP está sendo construída de forma a atender ao dinamismo e a multifuncionalidade da produção florestal brasileira, que até então estava embasada em políticas de comando e controle e instrumentos reguladores. A Política Nacional de Florestas Plantadas, seguida pelo Plano Nacional de Desenvolvimento das Florestas Plantadas, ao fomentar a produção florestal de forma sistêmica, na qual todos os segmentos da cadeia produtiva florestal estarão interligados (produtor – segmentos industriais – consumo final), permitirá maior articulação do setor florestal com outros segmentos do agronegócio. Balanço 2013 Programas estaduais de incentivo à produção florestal tem estimulado produtores a investirem mais na atividade. Nos estados de Tocantins e Mato Grosso do Sul, a área plantada aumentou 66% e 22%, respectivamente. As principais espécies responsáveis por esse incremento de área são eucalipto, seringueira e teca, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). De janeiro e setembro de 2013, a produção nacional de celulose e papel superou 11 mil toneladas e 7,7 mil toneladas, respectivamente, apresentando variação positiva de 6,6% para celulose e 1,4% para papel, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo informações da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). De janeiro a setembro deste ano, o principal destino das exportações de papel foi a América Latina (US$ 820 milhões, FOB), um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano passado. Merecem ainda destaque as exportações para América do Norte – crescimento de aproximadamente 29% em relação ao mesmo período de 2012 – e para a China, que cresceram 26% (Bracelpa, 2013). O preço médio da tonelada de celulose exportada pelo país chegou a US$ 533,1 em setembro, uma alta de 1,4% em relação ao mesmo período de 2012. Para o segmento de madeira processada, apesar da desaceleração dos últimos meses, o saldo acumulado da balança comercial de 2013 é de US$ 1.351,9 milhões, 5,2% superior ao mesmo período de 2012. Especialistas indicam que maior investimento na mecanização do processo produtivo pode aumentar a competitividade da indústria de madeira serrada (Ci Florestas). Com o aumento na demanda internacional por ferro-gusa em 2013, e consequentemente aumento da demanda de carvão vegetal, devido principalmente ao aquecimento da economia chinesa, grande importador daquele produto, o preço médio do carvão vegetal, que iniciou o ano a R$ 490/tonelada, teve aumentos mensais consecutivos, e em setembro já estava sendo comercializado a R$ 517/tonelada, alta de 5,5%. Os produtores de carvão vegetal seguem otimistas com relação aos números futuros de demanda e preço do produto (Ci Florestas). 98 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Entre janeiro e outubro de 2013, a quantidade importada de látex sofreu oscilações durante os meses analisados, no entanto, no período houve aumento de 17% – 200 milhões de toneladas – em relação ao ano anterior importado no mesmo período de 2012. Neste ano, o valor pago por quilo do produto importado caiu 5,2% em relação ao mesmo período em 2012, queda evidenciada a partir do mês de março. O plantio de seringueira tem sido incentivado por meio de programas e linhas de crédito específicos, em diversos estados do país, principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e São Paulo. Como a atividade exige em média sete anos para iniciar a produção, estima-se uma redução gradativa na importação do produto e a autossuficiência nacional pode ser alcançada a médio e longo prazo. Volume mensal e preço por quilo de borracha natural importada em 2013 30 3,50 25 3,00 2,50 Milhões 20 2,00 15 1,50 10 1,00 5 0,50 0 0,00 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Peso (Kg) Junho Julho Agosto Setembro Outubro US$/Kg 17. s i lv i c u lt u r a 99 18. fim do SiStema Geral de PreferÊnciaS (SGP) PreJudica vendaS de frutaS Para a uniÃo euroPeia O fim do Sistema Geral de Preferências da União Europeia (SGP), acordo que oferece vantagens tarifárias na entrada das frutas brasileiras na Comunidade Europeia, é motivo de preocupação para os produtores nacionais. A partir de 2014, o Brasil, quinto maior beneficiário do mecanismo, ficará excluído da lista pelo critério de renda per capita utilizado pelo Banco Mundial. A retirada dessas vantagens aos produtos brasileiros irá afetar diversos setores de nossa economia. No caso da fruticultura, nota-se o fortalecimento de países concorrentes no mercado internacional, principalmente os sul-americanos. Chile e Peru possuem acordos bilaterais e exportam com tarifa zero e, em determinadas épocas do ano, com uma tarifa muito reduzida para o bloco. Apesar de ocupar o terceiro lugar no ranking mundial de produção de frutas, o Brasil tem uma inserção inexpressiva no cenário mundial, mesmo nos mercados de frutas frescas e tropicais. O país exporta apenas 3% do que produz e, em 2014, é possível que o mercado internacional de frutas e derivados apresentem um cenário conjuntural delicado, em função das dificuldades enfrentadas pelos países da União Europeia, destino de 70% das exportações brasileiras. Exportação de frutas frescas por país de destino 2012 (% valor US$) 1% 1%1% 3% 6% Países baixos (Holanda) 4% Reino Unido 38% 5% Espanha Estados Unidos Alemanha 6% Uruguai Argentina Portugal 7% Itália Canadá França Outros 11% 17% Fonte: Secex/Elaboração CNF/CNA 18 . fim do sis tem a Ger a l de Prefer Ênci a s (sGP) Pre Judic a v e n d a s d e f r u ta s Pa r a a u n i à o e u r o P e i a 101 O aquecimento do mercado interno é esperado em 2014, repetindo o desempenho dos últimos anos, mas sem a mesma robustez, tendo em vista as previsões oficiais sobre o desempenho da economia no próximo ano, o que poderá limitar o poder de compra dos brasileiros. O apelo do consumidor por uma alimentação saudável e a promoção de campanhas de marketing nos mercados interno e externo, com destaque para qualidade do produto nacional, referendam as projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Elas indicam que o consumo per capita no Brasil e nos demais países continuará crescendo em 2014 a taxas que superam o crescimento da economia mundial e doméstica. Diante destas perspectivas, o fruticultor brasileiro, visando maior espaço no mercado, tende a valorizar a qualidade do seu produto e buscar, cada vez mais, focar seus investimentos em boas práticas agrícolas, na melhoria tratamentos pós-colheita, no armazenamento frio e na modernização do transporte e logística. Assim, nos próximos anos, aqueles que não se adequarem a essa nova realidade do mercado perderão competitividade e serão automaticamente excluídos da atividade. Frutas que fazem parte da alimentação do brasileiro (%) Morango Manga Uva Índice de multiplicidade: 3 Total: 5,0 Classe A/B1: 5,9 Classe B2: 5,4 Classe C: 4,8 Classe D: 4,5 12 14 Abacate 19 Goiaba 20 Melancia 21 Melão São quatro as frutas principais e os índices de multiplicidade indicam que a inclusão de maior variedade de frutas dá-se na medida em que se sobe na escala de classificação sócio econômica 24 Pera 34 Abacaxi 38 Mamão 56 Laranja 73 Maçã 74 Banana 90 Fonte: CNA – Base da amostra pesquisada: 1420 Balanço 2013 Repetindo o bom desempenho de 2012, a fruticultura brasileira apresentou em 2013 indicadores representativos. Com um volume de produção estimado em 43,6 milhões de toneladas, o Brasil se mantém como 3º maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e da Índia. 102 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Responsável por 27% da mão de obra agrícola do agronegócio brasileiro, a cadeia produtiva da fruticultura, segundo dados do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), ultrapassou, em 2013, os 2,2 milhões de hectares cultivados. A área está distribuída em mais de 30 polos produtivos de todas as regiões do país. O valor agrícola bruto somou R$ 20 bilhões. Produção Brasileira de Frutas Frescas – Milhões de Toneladas 50 45 43,1 42,6 41,6 41,1 40 37,5 43,6* 39,5 35 30 25 20 15 10 5 0 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 * Estimativa Fonte: IBGE/Elaboração: CNF/CNA Problemas climáticos na região Nordeste prejudicaram a produção de frutas na Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. As exportações brasileiras devem fechar 2013 com um aumento de 4% em comparação ao volume exportado em 2012, quando foram embarcada 693 mil toneladas. Este desempenho é resultado do crescimento da quantidade exportada pelo estado Rio Grande do Sul – mais de 80 mil toneladas – e de São Paulo – 62 mil toneladas. São Paulo registrou o segundo maior crescimento no ano. O bom desempenho das exportações nos dois últimos anos confirma que o Brasil continua em fase de recuperação do mercado externo, e, com o cambio favorável, é provável que este continue nos próximos anos. O mercado interno de frutas frescas deverá fechar 2013 com uma pequena recuperação em relação a 2012. O mercado de sucos, néctares e polpas deverá continuar registrando taxas de crescimento acima de 10%, confirmando o crescimento deste setor nos últimos anos. Em 2013, a citricultura continuou passando por uma aguda instabilidade marcada pelo excesso de oferta e sensível redução da demanda. O reflexo foi a queda no preço da caixa de 40,8 quilos, pago pela indústria ao produtor. Os preços praticados ao longo do ano ficaram abaixo do custo de produção, que varia conforme a região e o nível tecnológico utilizado. 18 . fim do sis tem a Ger a l de Preferenci a s (sGP) Pre Judic a v e n d a s d e f r u ta s Pa r a a u n i à o e u r o P e i a 103 A erradicação de pomares no estado de São Paulo, maior produtor do país, foi uma realidade em 2013. Em e 2011 e 2012, o estado registrou a erradicação de 2.225 pomares, principalmente de pequenos e médios produtores com até 100 mil plantas. Uma das saídas que o setor produtivo, em parceria com a indústria e o governo, buscou em 2013 para recuperar a atividade foi a manutenção da política de preços mínimos e os leilões de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). Aliado às políticas de apoio à comercialização, está um ambicioso projeto de desenvolvimento do mercado interno de “suco de laranja 100%”. É certo que qualquer ação que leve ao aumento da demanda de laranja ou de suco industrializado certamente amenizará a crise atual. Sem qualquer benefício desta natureza, um mercado onde há grande oferta acaba sendo naturalmente ajustado pela saída de alguns dos seus agentes, que migram para outras atividades. Isso termina por regular a oferta do produto, com o restabelecimento da normalidade dos preços respectivos. Nesta perspectiva, é natural esperar que partes dos produtores menos eficientes deixem a citricultura, e os mais profissionalizados e eficientes não só permaneçam como cresçam ainda mais. 104 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 19. Cana-de-açúCar Produção no Centro-Sul Continuará aPreSentando creScimento em 2014 Os cenários projetados para o setor sucroenergético, em 2014, apresentam situações distintas para as diversas regiões produtoras no Brasil. Na região Centro-Sul, que representa mais de 90% da safra nacional, a expectativa é de aumento da produção e da produtividade agrícola, alcançando patamares próximos da capacidade instalada de moagem. Acompanhamento realizado pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), até novembro de 2013, prevê um incremento de 12% na moagem em relação à safra anterior. No caso da região Nordeste, a produção e a produtividade vão continuar em queda, ainda em função dos efeitos da forte seca ocorrida nos últimos anos que atingiu extensas áreas de canaviais. Nestas regiões, segundo projeções do Projeto Campo Futuro da CNA/PECEGE, a margem de rentabilidade em relação ao custo total será negativa, sendo necessário dar prioridade ao controle e a redução dos custos de produção, associado à busca do aumento de produtividade. Os custos associados às normas regulatórias caso da Lei da Balança, que limita a quantidade de cana transportada e proíbe a queima da palha da cana, permanecerão no centro das atenções dos integrantes da cadeia produtiva. O consumo de açúcar, segundo a Organização Internacional do Açúcar (ISO), está crescendo em torno de 2% ao ano, equivalente atualmente a 3,6 milhões de toneladas. Na safra 2013/2014, estima-se um excedente de 3,5 milhões de toneladas. O mercado mundial é muito volátil com um superávit que permanece já ha três safras. A consequência principal desse cenário foi a queda brusca nos preços, quadro que deve perdurar por mais uma ou duas safras. Como o Brasil é o maior player deste mercado, é importante utilizar sua flexibilidade produtiva para o redirecionando de parte da produção e assim suprir a demanda crescente por etanol. Ao mesmo tempo, com essa estratégia, reduzir a oferta de açúcar. 106 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Produção e Exportação de Açúcar Toneladas 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000 13 12 20 12 / 11 20 11 / 10 20 10 / 09 20 09 / 08 20 08 / 07 20 07 / 06 20 06 / 05 20 05 / 04 20 04 / 03 20 03 / 02 20 02 / 20 01 / 20 00 / 01 0 Safra Produção Exportação Fonte: Conab/MDIC/Secex Muito se espera do etanol como uma commodity mundial, mas a demanda potencial existente no Brasil, em função de sua frota de veículos flex, que pode chegar a 2 bilhões de litros por mês, é um grande mercado a ser conquistado. Para o sucesso desta iniciativa é necessário regras claras e previsíveis para o setor, sem privilegiar os combustíveis fósseis, em razão da política de controle da inflação, situação que coloca em plano secundário os combustíveis de fontes renováveis. Consumo mensal – 2013 4.000 3.500 3.345 3.357 3.497 3.420 3.278 3.482 3.581 3.363 2.983 3.000 Mil m3 2.500 2.000 1.500 1.000 827 669 500 0 Janeiro 825 808 671 597 Fevereiro 805 684 671 684 Março Abril Gasolina C 874 730 Maio Etanol Hidratado 893 820 871 843 Junho Julho 949 895 Agosto 933 841 Setembro Etanol Anidro Fonte: EPA 19 .C a n a- d e - aç ú C a r 107 Diante do cenário exposto, a perspectiva para 2014 é de um mix de produção predominantemente alcooleiro. Outra vertente que se desenvolve no Brasil é a do etanol produzido a partir da celulose ou de segunda geração. Com o domínio desta tecnologia será possível ampliar a produção atual – de 7.000 litros de etanol, por hectare – dobrando este valor em poucos anos. Para 2014 estão previstas a entrada em funcionamento de plantas comerciais, além de várias outras plantas experimentais. A cogeração de energia de biomassa com potência instalada, segundo a ANEEL, de 9.180MW é importante complemento da matriz hidroelétrica, ao permitir o fornecimento de energia no período seco do ano, estando localizada perto dos grandes centros consumidores. A participação efetiva e imediata desta fonte de energia depende de uma revisão nos parâmetros dos leilões de comercialização feitos pelo governo e uma política pública para o setor de longo prazo. Para implantar novas unidades industriais (greenfields) e ampliar a capacidade de moagem do país é fundamental viabilizar a cogeração. Balanço 2013 em 2013 produção de cana alcançou 588,4 milhões de toneladas De acordo com o cadastro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o Brasil conta atualmente com 386 usinas autorizadas. A produção de cana-de-açúcar da safra 2012/2013, encerrada em março de 2013, resultou em 588,4 milhões de toneladas, ocupando uma área de 8.485 mil hectares com produtividade de 69,4 toneladas por hectare, segundo acompanhamento da Conab. Na região Centro-Sul a safra caracterizou-se por um aumento na produtividade em torno de 4%, queda na qualidade da matéria – prima (ATR), elevados níveis de mecanização e valores de arrendamento elevados. No Nordeste houve queda acentuada na produtividade, próximo a 14%, aumento na qualidade da matéria-prima (ATR) e uso intensivo de mão de obra. Os custos totais de produção para os fornecedores, que é composto pelo custo operacional mais os custos de capital, atingiram valores superiores ao montante recebido pela cana-de -açúcar entregue nas usinas. Tal situação resultou em prejuízo para a atividade, conforme observado no levantamento de custos de produção realizado pelo Projeto Campo Futuro da CNA/PECEGE. 108 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Custo de produção e preços da cana – safra 2012/2013 120 95,77 100 77,96 R$/t 80 64,35 64,05 66,58 72,86 60 40 20 0 Tradicional Expansão Nordeste Macro-regiões Preço Custo total Fonte: CNA/PECEGE Em 2013, o Governo adotou algumas medidas que, apesar de não resolverem as questões mais centrais, permitiram amenizar as dificuldades enfrentadas pelo setor, dentre elas o aumento da mistura de etanol anidro para 25% na gasolina, linhas de financiamento para renovação dos canaviais e estocagem de etanol, isenção de PIS/COFINS, reajuste do preço da gasolina e revogou o artigo 36, da Lei nº 4.870, de 1965 que trata do recolhimento de taxa para assistência social específica para o setor canavieiro. Em resumo, para os produtores, 2013 foi um ano em que a alta consistente dos custos, a seca na região Nordeste e os preços baixos dos produtos superaram os ganhos em decorrência do aumento dos índices de produtividade agrícola, colaborando para aprofundar a crise por que passa o setor. 19 .C a n a- d e - aç ú C a r 109 20. aQuicultura PerSPectivaS 2014 apesar do crescimento, obstáculos ameaçam produção aquícola Apesar de ser a cadeia de proteína animal que vem apresentando os maiores índices de expansão de consumo e produção, com grande aceitação pelo consumidor final, a cadeia produtiva do pescado ainda cresce de forma desordenada no Brasil, principalmente se comparada aos principais países produtores do mundo e também às outras cadeias de proteína animal – de frango, suína e bovina – produzidas no país. A atividade encontra-se pouco estruturada no Brasil. Embora já tenham sido observadas algumas melhorias, dificuldades como obtenção de licenças ambientais, carência de assistência técnica qualificada, manejo inadequado, falta de padronização, insuficiência de pacotes tecnológicos e grande necessidade de capital ainda persistem. Recentemente, o pescado vem conquistando considerável apreço pelos consumidores e isto impulsionou a expansão da aquicultura. A criação de peixes tanto em tanques escavados como em tanques-rede vem crescendo notadamente, em todo o país. Tabela 01. Evolução da produção aquícola (continental e marinha) por Regiões em mil toneladas: PaÍs e reGiões crescimento crescimento crescimento 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2008 2009 2010 2011 BRASIL 365,4 415,6 479,4 628,7 13,8% 15,3% 31,1% NORTE 30,2 36,0 41,8 94,7 19,4% 16,1% 126,4% NORDESTE 124,3 130,5 145,9 199,5 5,0% 11,8% 36,7% SUDESTE 49,9 59,6 71,7 86,9 19,3% 20,4% 21,1% SUL 110,7 129,5 150,0 172,4 16,9% 15,9% 14,9% CENTRO OESTE 50,1 60,0 69,8 75,1 19,6% 16,4% 7,5% Fonte: Elaborado por CNA, com dados do MPA. Com o crescimento observado de 31% da produção aquícola entre 2010 e 2011, também vêm à tona os obstáculos enfrentados pelos aquicultores relacionados à sanidade, produção, gestão da propriedade e comercialização. Em 2014, os problemas sanitários devem ser antecipados e atacados de forma preventiva. Programas de sanidade pesqueira, com medidas de monitoramento, controle e erradicação de enfermidades, devem ser observados pelas entidades públicas e privadas, antes que problemas 20 . a Q u i c u lt u r a 111 mais graves apareçam, como foi o caso da carcinicultura catarinense, que teve boa parte de sua produção dizimada, provocando o fechamento da maioria das fazendas no estado. Paralelamente, a adoção de boas práticas de produção e a biossegurança nos cultivos devem ser observadas pelo setor privado e suas entidades, independente da atuação das autoridades públicas. Com isso, uma gestão eficiente da produção e dos custos se faz cada vez mais necessária para as decisões estratégicas de produção e de investimentos em novas tecnologias, inclusive na expansão dos empreendimentos. Desta forma, fica claro que a sustentabilidade do setor depende mais da profissionalização e eficiência de cada empreendimento, do que das ações governamentais. Na comercialização, aquicultores devem se preparar para enfrentar uma competição cada vez mais acirrada nos mercados locais e regionais, tanto pelos produtos das espécies produzidas no país, como pelos produtos importados (KUBITZA, 2013). Portanto, esforços devem ser feitos para coordenar e desenvolver a relação entre os elos de toda a cadeia produtiva, principalmente da produção primária com a agroindústria. A busca de mecanismos estruturantes proporcionará segurança na comercialização da produção e na operacionalização das indústrias, fator fundamental para o equilíbrio de mercado e desenvolvimento do setor. Em outras palavras, no ano de 2014, devem-se conjugar recursos e esforços públicos e privados na promoção e no desenvolvimento de todos os elos da cadeia produtiva. a importância da tilápia e do tambaqui para o Brasil Embora haja diversos obstáculos a serem enfrentados, observa-se um futuro promissor na aquicultura – em especial no cultivo da tilápia e do tambaqui –, principalmente pela sua alta sustentabilidade econômica, além da atividade ser uma importante ferramenta de inserção socioeconômica nas regiões. Merece destaque o fato de que, para todo desenvolvimento econômico, há uma capacidade de suporte que, quando ultrapassada, causa declínio na disponibilidade de recursos e na integridade ambiental. No caso da aquicultura, o desafio atual dos órgãos públicos reguladores é a determinação da capacidade de suporte dos reservatórios de hidrelétricas para a produção de peixes em tanques-rede. Vale ressaltar que, assim como nas outras cadeias produtivas, existem problemas acerca da atividade. Não existe produção com impacto zero. Sempre haverá impactos positivos e negativos, seja qual for a atividade. Entretanto, observa-se que os impactos positivos da aquicultura são maiores que em outros setores. Sendo assim, a aquicultura pode ser considerada uma das melhores ferramentas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo, de forma sustentável, podendo ser uma boa saída para os programas governamentais de transferência de renda para o setor produtivo. 112 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Gráfico 01. Evolução da produção de pescado da aquicultura continental por espécie, em toneladas 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 Ba gr e Ca rp a Ca sc Cu udo rim at Ju ã n M diá at rin xã Pa cu Pi Pi au ra Pi ruc ra u Pi piti ra ng pu a ta ng a Pi nt a Ta do m b Ta acu m Ta baq m ba ui tin g Ti a lá pi a Tr aí ra Tr ut O a ut ro s 0 2009 2010 2011 Fonte: MPA, elaboração CNA. O gráfico 1 apresenta a importância da tilápia e do tambaqui e seus híbridos para a aquicultura brasileira. Fica evidenciado que, além da importância da quantidade produzida, a tilápia e o tambaqui passaram a ter uma relevância estratégica para o Brasil. Balanço 2013 expansão da aquicultura e aumento nas importações brasileiras foram notórios nos últimos anos. O Boletim Estatístico sobre a produção brasileira de pescado em 2011, apresentado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) este ano, trouxe boas notícias para o setor aquícola. O cultivo de pescado (aquicultura) atingiu 628,7 mil toneladas (44% do total), o que representa um crescimento de 31,1% em relação ao ano anterior. No continente, as espécies de peixe mais criadas foram a tilápia e o tambaqui e seus híbridos, totalizando quase 80% do total produzido. Na aquicultura marinha, a carcinicultura manteve-se líder, com 78% do total. Ao somar a produção aquícola com a pesca extrativa, a produção pesqueira nacional alcançou 1,43 milhão de toneladas em 2011, 13,2% a mais do que em 2010. O consumidor brasileiro está comendo cada vez mais pescado. Segundo pesquisa do MPA, a média de consumo por habitante ao ano no Brasil alcançou 11,17 quilos em 2011, incremento de 14,5% em relação ao ano anterior. A justificativa para isto é o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, além do apelo de alimentação saudável que a carne de pescado possui. Entretanto, boa parte deste suprimento vem do crescimento nas importações desta proteína. Atualmente, o país importa 37% de tudo o que consome. 20 . a Q u i c u lt u r a 113 Na série histórica da balança comercial, observa-se que desde 2006 o saldo tem apresentado resultado negativo em valores monetários. A balança comercial de pescado – valor de exportação menos valor de importação – vem apresentando um déficit de quase US$ 1 bilhão desde 2011. 400,00 1.400,00 350,00 1.200,00 300,00 1.000,00 250,00 800,00 200,00 600,00 150,00 400,00 100,00 200,00 50,00 0,00 0,00 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 até 10/2013 Volume Importado Volume Exportado Receita de Importação Receita de Exportação Fonte: Elaborado por CNA, com dados do MDIC. 114 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Em milhões de US$ Em mil toneladas Gráfico 02. Evolução das exportações e importações de pescado no Brasil, em volume e receita 21. caPrinoS e ovinoS após seca, recuperação de rebanho de ovinos e caprinos é prioridade no nordeste A organização da cadeia produtiva de ovinos e caprinos deve ser prioridade para instituições públicas e privadas em 2014. De forma regional, enquanto para o Nordeste é primordial a recuperação dos rebanhos, nas demais regiões, as demandas giram em torno da melhoria genética, transporte, acesso à tecnologias e outras atividades, dentro e fora da porteira. Ações relacionadas ao abate informal devem ser intensificadas. caPrinocultura Novas políticas públicas para a caprinocultura são necessárias devido aos problemas climáticos. A ausência de tecnologia causa a perda dos rebanhos por falta de água e alimentos, problemas primários que deveriam ter sido resolvidos. O Brasil produziu cerca de 29.150 toneladas de carne caprina. A produção de leite de cabra foi de 148.149 toneladas, segundo os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A perspectiva é de crescimento do setor. Em Sobral (CE), será instalado o Centro de Excelência em Ovinocaprinocultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Caprinos e Ovinos aposta no melhoramento genético dos rebanhos regionais, mantendo como estratégia de produção a caracterização, conservação, utilização sustentável e capacitação. Em 2014, a região Nordeste deve liderar os números de contratos de programas, entre eles do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para recomposição do plantel. A região possui 90,96% do rebanho de cabras. ovinocultura Assim como a caprinocultura, a produção de ovinos também foi comprometida em função das estiagens na região Nordeste, onde estão 55,55% dos animais criados no país. Para garantir o abastecimento interno, foi preciso recorrer às importações. As regiões Sul e Centro-Oeste respondem por 30,03% e 6,41%, respectivamente, do rebanho; o Sudeste, por 4,44%; e o Norte, por 3,57% O aumento do volume de importação da carne ovina do Uruguai aponta para um mercado aquecido, oportunidade para os criadores brasileiros melhorarem as condições de produção dos animais. 116 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Os resultados do primeiro semestre de 2013 apontam para uma nova retração na produção doméstica, quadro que deve ser revertido. O volume de importação, o aumento na disponibilidade interna e os pequenos incrementos nos preços ao produtor sustentam uma perspectiva relativamente favorável para o segundo semestre do ano que, por sua vez, tende a fechar com melhores resultados do que o anterior. Com a redução de 39,8% na produção formal e a alta de 74,5% nas importações em 2013, a disponibilidade interna de carne ovina nos principais centros de consumo fechou o semestre com um incremento de 21,7%, na comparação com o mesmo período de 2012. Os seguidos aumentos no preço da carne ovina devem influenciar e estimular o aumento da produção no Brasil. As cotações da carne ovina oscilaram entre R$ 8,28 por quilo no Rio Grande do Sul; R$ 8,77 na Bahia e R$ 11,35 em São Paulo. Os valores mantiveram-se estáveis apenas no Rio Grande do Sul. No Brasil, o consumo médio anual per capita nos últimos anos foi de 0,6 quilo. A expectativa é de crescimento. O volume de carne ovina disponibilizada no mercado interno no primeiro semestre de 2013 chegou a 5,16 mil toneladas. O volume de abates sob inspeção federal em 2013 alcançou 60,2% da escala registrada no primeiro semestre de 2012, gerando uma produção estimada de 1,18 mil toneladas. Como a produção interna é insuficiente para suprir a demanda local, são importados lotes de carne do Uruguai. A carne caprina deverá manter seu papel como fonte de proteína na agricultura de subsistência na região Nordeste, onde o leite de cabra também tem forte papel social. Consumo Ovinos e Caprinos média KG/Per caPita média KG/Per caPita Ranking País 2009 Ranking País 2009 1º Mongólia 49,3 9º Mauritânia 11,2 2º Turcomenistão 26,4 10º Emirado Árabes 10,8 3º Nova Zelândia 23,2 11º República da Síria 9,9 4º Islândia 19,9 12º Fiji 9,4 5º Kuwait 16,5 13º Kazaquistão 8,5 6º Grécia 13,1 14º Quirquistão 8,5 7º Samoa 11,7 15º Sudão 8,0 8º Austrália 11,5 Brasil 0,6 FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 | 06 November 2013 21 . c a P r i n o s e o v i n o s 117 Segundo a FAO, a produção mundial de todas as carnes deverá crescer em 2013, totalizando 308,3 milhões de toneladas. A carne ovina continua mostrando um crescimento modesto – 1,5% –, devendo chegar a 13,7 milhões de toneladas. Nos países desenvolvidos, o maior crescimento deverá ocorrer na Austrália e na Nova Zelândia. A China continuará sendo o maior mercado consumidor, seguindo a tendência dos últimos três anos. Balanço 2013 Apesar das condições climáticas favoráveis e dos rebanhos adaptados aos diferentes tipos de biomas propícios para a criação de caprinos e ovinos, a cadeia produtiva ainda enfrentou problemas em 2013. As técnicas de produção, o abate informal, a desorganização no setor primário e a falta de canais de comercialização impediram o crescimento do setor. Os seguidos períodos de estiagem reduziram o número de animais criados na região Nordeste. A Embrapa Caprinos e Ovinos acredita que para recompor os rebanhos serão necessários de cinco a oito anos. Mesmo com o uso de mão de obra não qualificada, a caprinocultura exerce um papel fundamental para o desenvolvimento sustentável das regiões. A situação na região Nordeste não é pior, no entanto, porque mesmo com baixa produção de leite e carne, as operações ocorrem sob o regime de agricultura de subsistência, pecuária a pasto e baixíssimo custo de mão de obra. Brasil – Número de Cabeças de Ovinos e Caprinos 20.000.000 17.380.581 17.668.063 9.163.560 9.312.784 9.386.316 2009 2010 16.239.455 16.630.408 16.811.721 9.450.312 9.355.014 2007 2008 16.789.492 15.000.000 10.000.000 8.864.463 5.000.000 0 Caprinos 2011 2012 Ovinos Fonte: IBGE, 2012 O plantel de ovinos em 2013 foi insuficiente para abastecer o mercado interno. A procura por carcaças e carnes processadas é grande. O rebanho nacional em 2012 foi de 16.789.492 cabeças. Em 2013, mesmo com perspectivas de crescimento, a cadeia não se organizou abrindo espaço para o mercado uruguaio. 118 B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4 Principais exportadores de carne ovina para o Brasil – janeiro a setembro de 2013 mil us$ volume (ton) 25.780,8 5.418,8 1.397,0 182,7 ARGENTINA 825,2 166,5 NOVA ZELANDIA 256,7 24,0 AUSTRÁLIA 315,4 15,9 28.575,2 5.808,0 URUGUAI CHILE TOTAL Fonte: MDIC. De janeiro a setembro de 2013, o Uruguai aumentou em 32% o volume de carne exportada em relação ao mesmo período de 2012 (Fonte: INAC Uruguai). Até setembro de 2013, as exportações para o Brasil somaram US$ 25,78 milhões, totalizando 5,4 mil toneladas, o que representa mais de 90% do volume e da receita de importação. 21 . c a P r i n o s e o v i n o s 119 CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA INSTITUTO CNA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR DIRETORIA EXECUTIVA 2013 TRIÊNIO 2011/2014 COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS 2012/2015 CONSELHO DELIBERATIVO - SENAR Senadora Kátia Abreu (TO) Presidente CONSELHO ADMINISTRATIVO Senadora Kátia Abreu Presidente João Martins da Silva Júnior (BA) 1º Vice-Presidente Fábio de Salles Meirelles Filho (MG) Vice-Presidente Executivo José Zeferino Pedroso (SC) Vice-Presidente de Secretaria José Mario Schreiner (GO) Vice-Presidente de Finanças Assuero Doca Veronez (AC) Vice-Presidente Diretor Carlos Rivaci Sperotto (RS) Vice-Presidente Diretor Eduardo Riedel (MS) Vice-Presidente Diretor José Ramos Torres de Melo Filho (CE) Vice-Presidente Diretor Moisés Pinto Gomes Presidente Muni Lourenço Junior Presidente da FAEA José Zeferino Pedroso Presidente da FAESC Rui Carlos Ottoni Prado Presidente da FAMATO SUPLENTES João Martins da Silva Junior Presidente da FAEB José Mário Schereiner Presidente da FAEG Renato Simplício Lopes Presidente da FAPEDF Andrea Alves Barbosa Chefe do DEPPS SENAR Júlio da Silva Rocha Júnior (ES) Vice-Presidente Diretor VICE-PRESIDENTES Ágide Meneguette (PR) Almir Morais Sá (RR) Álvaro Arthur Lopes de Almeida (AL) Carlos Augusto Melo Carneiro da Cunha (PI) Carlos Fernandes Xavier (PA) Eduardo Silveira Sobral (SE) Fábio de Salles Meirelles (SP) Flávio Viriato de Saboya Neto (CE) Francisco Ferreira Cabral (RO) José Hilton Coelho de Sousa (MA) José Álvares Vieira (RN) Luiz Iraçu Guimarães Colares (AP) Mário Antônio Pereira Borba (PB) Muni Lourenço Silva Júnior (AM) Pio Guerra Júnior (PE) Renato Simplício Lopes (DF) Roberto Simões (MG) Rodolfo Tavares (RJ) Rui Carlos Ottoni Prado (MT) CONSELHO FISCAL Raimundo Coelho de Sousa Vice-Presidente da FAERN Álvaro Arthur Lopes Presidente da FAEAL José Álvares Vieira Presidente da FAERN EQUIPE TÉCNICA José Zeferino Pedrozo Presidente da FAESC Adriana Del Isola Anaximandro Almeida Bruno Lucchi Camila Soares Bragax Cinara Ribeiro Cristiano Zaranza Elisangela Pereira Lopes Frederico Toledo Melo João Carlos De Carli Jonas Ismael Jochims Jonas Ismael Jochims José Eduardo B. Costa Leonardo de Oliveira Machado Natália Fernandes Nelson Ananias Paulo Mustefaga Rodrigo Hugueney do Amaral Mello Rodrigo Justus Rogério N. de Avellar Fonseca Victor Miguel Ayres Carlos Rivaci Sperotto Presidente da FARSUL EQUIPE DE COMUNICAÇÃO Luiz Iraçú Guimarães Colares Presidente da FAEAP Assuero Doca Veronez Presidente da FAEAC Rui Carlos Ottoni Prado Presidente da FAMATO José Mário Schreiner Presidente da FAEG Fábio de Salles Meirelles Filho Vice-Presidente Executivo da CNA Roberto Simões Presidente da FAEMG Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Ministério da Educação (MEC) Agroindústria (CNI) Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) SUPLENTES Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) Júlio da Silva Rocha Júnior Presidente da FAES Daniel Klüppel Carrara Secretário Executivo Og Arão Rubert Secretário Executivo Tatiana Lipovetskaia Palermo Superintendente de Relações Internacionais Getúlio Nunes Superintendente de Comunicação e Marketing Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) Carlos Rivaci Sperotto Presidente da FARSUL Rosemeire Cristina dos Santos Superintendente Técnica João Martins da Silva Júnior Presidente da FAEB Eduardo Corrêa Riedel Presidente da FAMASUL Luiz Iraçu Colares Presidente da FAEAP EXPEDIENTE Carlos Max Torres Christane Samarco Fabiola Salvador Leticia Dias Pablo Ulisses FOTOS Banco de Imagens CNA PROJETO GRÁFICO AGRONEGÓCIO SGAN Quadra 601, Módulo K, Ed. 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