AGRONEGÓCIO
SGAN Quadra 601, Módulo K, Ed. Antônio Ernesto de Salvo
Asa Norte. Brasília – DF CEP 70830-021
T (61) 2109 1400
F (61) 2109 1490
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CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA
E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA
INSTITUTO
CNA
SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM RURAL – SENAR
DIRETORIA EXECUTIVA 2013
TRIÊNIO 2011/2014
COMPOSIÇÃO DOS
CONSELHOS 2012/2015
CONSELHO
DELIBERATIVO - SENAR
Senadora Kátia Abreu (TO)
Presidente
CONSELHO ADMINISTRATIVO
Senadora Kátia Abreu
Presidente
João Martins da Silva Júnior (BA)
1º Vice-Presidente
Fábio de Salles Meirelles Filho (MG)
Vice-Presidente Executivo
José Zeferino Pedroso (SC)
Vice-Presidente de Secretaria
José Mario Schreiner (GO)
Vice-Presidente de Finanças
Assuero Doca Veronez (AC)
Vice-Presidente Diretor
Carlos Rivaci Sperotto (RS)
Vice-Presidente Diretor
Eduardo Riedel (MS)
Vice-Presidente Diretor
José Ramos Torres de Melo Filho (CE)
Vice-Presidente Diretor
Moisés Pinto Gomes
Presidente
Muni Lourenço Junior
Presidente da FAEA
José Zeferino Pedroso
Presidente da FAESC
Rui Carlos Ottoni Prado
Presidente da FAMATO
SUPLENTES
João Martins da Silva Junior
Presidente da FAEB
José Mário Schereiner
Presidente da FAEG
Renato Simplício Lopes
Presidente da FAPEDF
Andrea Alves Barbosa
Chefe do DEPPS SENAR
Júlio da Silva Rocha Júnior (ES)
Vice-Presidente Diretor
VICE-PRESIDENTES
Ágide Meneguette (PR)
Almir Morais Sá (RR)
Álvaro Arthur Lopes de Almeida (AL)
Carlos Augusto Melo Carneiro da Cunha (PI)
Carlos Fernandes Xavier (PA)
Eduardo Silveira Sobral (SE)
Fábio de Salles Meirelles (SP)
Flávio Viriato de Saboya Neto (CE)
Francisco Ferreira Cabral (RO)
José Hilton Coelho de Sousa (MA)
José Álvares Vieira (RN)
Luiz Iraçu Guimarães Colares (AP)
Mário Antônio Pereira Borba (PB)
Muni Lourenço Silva Júnior (AM)
Pio Guerra Júnior (PE)
Renato Simplício Lopes (DF)
Roberto Simões (MG)
Rodolfo Tavares (RJ)
Rui Carlos Ottoni Prado (MT)
CONSELHO FISCAL
Raimundo Coelho de Sousa
Vice-Presidente da FAERN
Álvaro Arthur Lopes
Presidente da FAEAL
José Álvares Vieira
Presidente da FAERN
EQUIPE TÉCNICA
José Zeferino Pedrozo
Presidente da FAESC
Adriana Del Isola
Anaximandro Almeida
Bruno Lucchi
Camila Soares Bragax
Cinara Ribeiro
Cristiano Zaranza
Elisangela Pereira Lopes
Frederico Toledo Melo
João Carlos De Carli
Jonas Ismael Jochims
Jonas Ismael Jochims
José Eduardo B. Costa
Leonardo de Oliveira Machado
Natália Fernandes
Nelson Ananias
Paulo Mustefaga
Rodrigo Hugueney do Amaral Mello
Rodrigo Justus
Rogério N. de Avellar Fonseca
Victor Miguel Ayres
Carlos Rivaci Sperotto
Presidente da FARSUL
EQUIPE DE COMUNICAÇÃO
Luiz Iraçú Guimarães Colares
Presidente da FAEAP
Assuero Doca Veronez
Presidente da FAEAC
Rui Carlos Ottoni Prado
Presidente da FAMATO
José Mário Schreiner
Presidente da FAEG
Fábio de Salles Meirelles Filho
Vice-Presidente Executivo da CNA
Roberto Simões
Presidente da FAEMG
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Ministério da Educação (MEC)
Agroindústria (CNI)
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)
SUPLENTES
Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (CONTAG)
Júlio da Silva Rocha Júnior
Presidente da FAES
Daniel Klüppel Carrara
Secretário Executivo
Og Arão Rubert
Secretário Executivo
Tatiana Lipovetskaia Palermo
Superintendente de Relações Internacionais
Getúlio Nunes
Superintendente de Comunicação e
Marketing
Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA)
Carlos Rivaci Sperotto
Presidente da FARSUL
Rosemeire Cristina dos Santos
Superintendente Técnica
João Martins da Silva Júnior
Presidente da FAEB
Eduardo Corrêa Riedel
Presidente da FAMASUL
Luiz Iraçu Colares
Presidente da FAEAP
EXPEDIENTE
Carlos Max Torres
Christane Samarco
Fabiola Salvador
Leticia Dias
Pablo Ulisses
FOTOS
Banco de Imagens CNA
PROJETO GRÁFICO
AGRONEGÓCIO
Sumário
Balanço e PersPectivas
”em milhões de toneladas” ......................................................................................................... 5
1.
análise da economia Brasileira e mundial
em 2013 e PersPectivas Para 2014 ............................................................................................. 7
2.
aGroneGÓcio
cresce 3,56% em 2013 ................................................................................................................... 11
3.
recuPeraçÃo econÔmica Pode Garantir
crescimento de 3,2% do vBP em 2014 ................................................................................... 15
4.
Balança comercial........................................................................................................................ 20
5.
oferta de crédito
Para aGroPecuária
seGuirá estável ...............................................................................................................................24
6.
falta de acordos comerciais trava as
exPortações aGroPecuárias do Brasil ............................................................................... 28
7.
recuPeraçÃo da economia mundial
favorecerá exPortações Brasileiras do aGroneGÓcio ............................................. 32
8.
infraestrutura e loGÍstica ...................................................................................................... 35
9.
Questões fundiárias ....................................................................................................................40
10. meio amBiente ...................................................................................................................................46
11. traBalho e PrevidÊncia .............................................................................................................. 51
12. cereais, fiBras e oleaGinosas .................................................................................................. 56
13. Pecuária de corte .......................................................................................................................... 74
14. café .......................................................................................................................................................80
15. aves e suÍnos..................................................................................................................................... 85
16. Pecuária de leite ............................................................................................................................. 91
17. silvicultura ...................................................................................................................................... 96
18. fim do sistema Geral de PreferÊncias (sGP)
PreJudica vendas de frutas Para a uniÃo euroPeia ...................................................101
19. Cana-de-açúCar ............................................................................................................................106
20. aQuicultura ....................................................................................................................................111
21. caPrinos e ovinos .......................................................................................................................116
“Balanço e PerSPectivaS”
em milhõeS de toneladaS
Para os brasileiros em geral, 2013 termina agora. Mas para os produtores rurais, 2014 começou há meses com muito planejamento,
fazendo contas, comprando sementes, adubos e máquinas. Eles
já plantaram a nova safra e, mais uma vez, acreditaram.
Este ano, o agro colheu os frutos do diálogo republicano com o
governo federal na aprovação do Plano Agrícola e Pecuário que
marcou um novo tempo no crédito rural, no seguro agrícola, na
inovação e no financiamento à produção. Houve reconhecimento ao mais dinâmico setor da economia, que sustenta a balança
comercial brasileira e é responsável por 22,80% do PIB nacional.
A CNA aprofundou sua interlocução com os mercados internacionais para melhorar a performance do agronegócio. Investimos no mercado chinês, conduzindo importante missão empresarial a
Pequim e Xangai, e inauguramos um escritório de representação em Bruxelas.
Os números positivos traduzem a competitividade da nossa agropecuária, mas ainda é preciso superar fortemente os gargalos da logística e do armazenamento que sufocam a produção agrícola.
Só assim facilitaremos a atração de investimentos internacionais para novos projetos produtivos e
concessões já estabelecidas.
Por fim, não é mais aceitável que fiquemos amarrados ao Mercosul, sem fechar acordos comerciais com outros blocos ou países. A produção agrícola e pecuária não pode ser penalizada por problemas em países vizinhos nem pela falta de segurança jurídica que compromete
os investimentos no campo.
A agropecuária brasileira está preparada para o futuro. Falta o conjunto do país se preparar para
a sua agropecuária. Essa, hoje, é a nossa grande luta.
Senadora Kátia Abreu
Presidente da CNA
a P r e s e n ta ç Ã o
5
1. análiSe da economia
BraSileira e mundial em 2013
e PerSPectivaS Para 2014
A julgar pela atual conjuntura internacional, é provável que o ano de 2013 seja marcado na história como um ponto de inflexão na crise econômica mundial iniciada em meados de 2008, com
a quebra do banco americano Lehman Brothers.
Nos Estados Unidos, são inúmeros os sinais positivos. A situação patrimonial do setor privado
(famílias e empresas) melhorou substancialmente, reduzindo as estatísticas de endividamento
para patamares bem abaixo do período pré-crise. O mercado imobiliário, por sua vez, apresenta claros sinais de recuperação, com os preços dos imóveis e o investimento residencial crescendo a taxas de dois dígitos ao longo de todo o ano.
Ainda assim, o PIB da maior economia do mundo crescerá menos neste ano (1,8%) do que em
2012 (2,8%). Tal fato se deve ao aperto fiscal adotado no início do ano, que “roubou” pelo menos
1,5 ponto percentual da taxa de crescimento de 2013. Em outras palavras: não fosse a redução
dos gastos do governo, os EUA cresceriam mais que 3% neste ano. A importância deste aperto
será cadente nos próximos anos, tornando ainda mais provável a sustentabilidade da recuperação na América.
Esta melhora permitirá o início da normalização da política monetária praticada pelo Federal
Reserve (FED). Nos próximos meses, o FED deverá reduzir seu programa de compra de ativos,
o que fortalecerá o dólar perante as demais moedas internacionais e elevará as taxas longas
de juro nos EUA, com impacto em todo o mundo. Embora este seja um fato positivo, no curto
prazo as consequências dessa medida, principalmente no mundo emergente, incluirão depreciação cambial, pressão inflacionária e encarecimento do crédito. Tudo o mais constante,
a normalização da política monetária nos EUA também concorre para moderação do preço
das commodities.
Por sua vez, a Zona do Euro segue em moderada recuperação, liderada pela economia
alemã. Os dados recentes mostram crescente otimismo do empresariado de quase toda
a região, indício de que o pior momento da crise político-econômica que assolou a união
monetária também ficou para trás. Por fim, a China tem confirmado as expectativas e o mais
provável é que o crescimento se dê de forma mais moderada ao longo dos próximos anos
(ao redor de 7%), com desaceleração suave, sem acarretar em grandes “solavancos” no
crescimento mundial.
Em relação ao Brasil, a mudança do quadro externo é certamente positiva, mas traz desafios importantes no curto prazo. Em 2013, a economia registrará crescimento maior que no ano anterior (2,3% e
1,0%, respectivamente), mas ainda distante do padrão observado ao longo da última década.
1 . a n á l i s e d a e co n o m i a B r a s i l e i r a e m u n d i a l e m 201 3 e P e r s P e c t i va s Pa r a 201 4
7
Apesar do desempenho relativamente frustrante, podem-se destacar dois pontos em 2013.
O primeiro é o desempenho do setor agropecuário, cujo PIB crescerá 7,4% no ano. Além de
sua importância direta na atividade, o setor primário contribuiu com o PIB indiretamente,
por meio da crescente demanda por caminhões e colheitadeiras, por exemplo, impulsionando o investimento.
O segundo ponto positivo foi a evolução da postura do governo em relação ao programa de
concessões. Depois dos problemas iniciais, a equipe econômica passou a discutir ponto a ponto com o setor privado, o que resultou em aumento da taxa interna de retorno dos projetos,
aumento das garantias junto ao setor privado e redução das incertezas. Todo esse esforço se
refletiu nos sucessos estrondosos das concessões dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG),
onde grandes grupos internacionais venceram a disputa, com forte ágio. Também houve sucesso na concessão do campo de Libra, com grandes grupos internacionais vencendo uma disputa
que promoverá bilhões de reais em investimentos ao longo dos próximos anos.
No entanto, o ano de 2013 não foi marcado somente por fatos positivos. A estratégia de crescimento com base em estímulos fiscais, juros baixos e repressão de preços administrados não
deu certo e teve que ser parcialmente abandonada.
Ao longo do ano, por motivos diversos, o governo adotou uma série de medidas cuja consequência prática foi a repressão de preços administrados. Por um lado, a medida evitou que a inflação
estourasse o teto da meta oficial, de 6,5% (em novembro, a inflação de preços livres estava em
7,31%, ao passo que a inflação de administrados somava apenas 0,94% em 12 meses).
No entanto, as consequências da repressão de preços administrados são problemas não triviais.
A primeira delas é a distorção imposta à economia, pondo em dificuldade empresas como a Petrobras, e a política fiscal – – – até o final de 2014, o custo da redução da energia elétrica em fevereiro
deste ano será de quase R$ 20 bilhões. Além disso, a repressão de preços evidentemente não durará para sempre e resultará em forte pressão inflacionária nos próximos anos.
Por sua vez, a estratégia de crescimento via desonerações fiscais tampouco entregou os resultados desejados. A expectativa do governo era que o corte de impostos estimulasse a economia
e fosse compensado pelo resultante aumento de arrecadação. Com o crescimento frustrante, as
desonerações tiveram como impacto imediato a forte deterioração das contas públicas, fazendo
com que o resultado primário de 2013 caísse fortemente em relação ao ano passado.
A piora das contas públicas, somada a medidas que contrariam o espírito da Lei de Responsabilidade Fiscal (desobrigação de o governo central cobrir frustrações da meta de entes regionais e mudança retroativa do indexador da dívida de Estados e municípios, esta ainda em
tramitação no Congresso, por exemplo), desagradou os investidores internacionais. Com isso,
o prêmio de risco dos títulos do Tesouro subiu quase 1 ponto percentual em relação a outros
países emergentes (como México, Chile e Peru) e o país entrou no radar das principais agências
de risco. Uma delas, inclusive, já deu fortes indícios que poderá rebaixar a nota de crédito do
país, que ficaria assim ameaçado de perder o status de “grau de investimento”.
8
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Por fim, mesmo com a repressão dos preços administrados, a inflação permaneceu em patamares bastante elevados. Isto fez com que o Banco Central se visse obrigado a elevar a taxa de
juro, o que de fato ocorreu a partir de abril deste ano. De lá para cá, a Selic já foi elevada em
275 pontos-base (de 7,25% para 10,00%) e esperamos pelo menos mais um movimento de 25 pontos
na reunião do Copom em janeiro.
O calendário eleitoral impõe uma séria dificuldade à condução da política econômica ao longo
do próximo ano. Do lado fiscal, tanto o governo federal como os governos estaduais certamente
intensificarão os investimentos, como sempre ocorre de quatro em quatro anos. No entanto, os
excessos dos últimos anos pressionarão ainda mais o endividamento público e tornarão cada vez
mais provável o rebaixamento da nota de crédito dos papéis do Tesouro.
Por outro lado, o ajuste praticado pelo BC fará com que o PIB cresça menos em 2014, algo próximo de 2%. E, mesmo assim, a inflação permanecerá ao redor de 6%, em função das condições
apertadas do mercado de trabalho, do expansionismo fiscal e da depreciação da taxa de câmbio
– oriunda, por sua vez, da política monetária americana e das incertezas quanto à política econômica doméstica.
Após as eleições, será necessária nova rodada de ajuste, com alta de juros e redução dos gastos
fiscais. A boa notícia é que, a partir desses ajustes, a economia poderá voltar a crescer, sendo
inclusive auxiliada pela recuperação já em curso da atividade econômica global. Mas, como não
poderia deixar de ser, a postergação para 2015 não virá sem custos e, naquele ano, o PIB brasileiro crescerá ainda menos do que no triênio 2012-2014.
1 . a n á l i s e d a e co n o m i a B r a s i l e i r a e m u n d i a l e m 201 3 e P e r s P e c t i va s Pa r a 201 4
9
2. aGroneGÓcio
creSce 3,56% em 2013
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio pode encerrar o ano de 2013 em R$ 1,02 trilhão,
com um crescimento de 3,56%. O resultado é positivo se considerada a queda do ano anterior. Em 2012, o PIB caiu 1,57%, totalizando R$ 988,7 bilhões. Em 2013, o desempenho do
agronegócio será puxado pelo segmento primário, que deverá fechar 2013 com um crescimento de 6,5%.
O resultado positivo do segmento primário agrícola neste ano foi sustentado pela safra recorde
de 186,8 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas. Os destaques foram a colheita
de 81,3 milhões de toneladas de soja e de 80,5 milhões de toneladas de milho, produção que
cresceu 12,93%.
A cana-de-açúcar também foi importante no ano, apesar do atraso gerado pelas chuvas no
momento da colheita. A produção aumentou de 670,7 milhões de toneladas em 2012 para 712,3
milhões de toneladas em 2013.
No decorrer do ano, os valores dos produtos agropecuários recuaram. Já no mês de junho, os
preços médios da soja, milho, cana-de-açúcar, laranja, café, cacau, cebola e banana eram inferiores aos praticados em 2012. Por outro lado, ofertas menores e preços maiores compensaram
o faturamento de culturas como algodão, arroz, mandioca, trigo e uva.
O arroz, a batata, o fumo, a mandioca, o milho, a soja, o tomate e a uva são culturas que fecharão
o ano com faturamento positivo, enquanto o algodão, a banana, o cacau, o café, a cana-de-açúcar a cebola, o feijão e a laranja encerrarão 2013 com faturamento em queda.
O café e a laranja terão os piores desempenhos no ano, devido à conjugação de queda de
produção e de preços. A produção de laranja caiu 14,2% em relação ao ano passado – de 19,1 milhões
de toneladas em 2012 para 16,4 milhões em 2013 – em função de problemas climáticos e da
redução dos investimentos no manejo das lavouras.
O clima seco e quente no período de abertura das flores afetou a produtividade das lavouras
em quase todas as regiões produtoras de citros. Os preços da caixa de laranja recuaram cerca
de 21%, atingindo patamares próximos a R$ 5, condição que frustrou os investimentos na cultura, reduziu os tratos culturais e, consequentemente, a produtividade dos pomares.
O aumento da oferta mundial e as expectativas de produção recorde de café no Brasil em 2014
pressionaram as cotações no mercado internacional. O preço da saca caiu 30% em relação a
2012. Mesmo em ano de baixa bienalidade, os preços do grão não reagiram, reduzindo a liquidez e descapitalizando os produtores, em especial de café arábica, que tiveram prejuízos de
cerca de R$ 100 por saca.
2 a G r o n e G Ó c i o c r e s c e 3 , 5 6 % e m 201 3
11
O motor do desempenho do PIB do agronegócio em 2013 foi a pecuária, que, em seu conjunto,
apresentou crescimento de produção e de preços. Destaque para a produção e o faturamento
da avicultura, que encerrará o ano com aumento de aproximadamente 30%.
A agroindústria, segmento que tem apresentado fraco desempenho desde maio de 2011, registrou ligeira recuperação em 2013. Os setores têxtil e de vestuários, açúcar e óleos vegetais são
os que apresentam os piores desempenhos durante o ano.
A elevação dos preços das matérias-primas e dos custos de produção, em especial de mão
de obra, reduziu a competitividade das agroindústrias. A queda dos preços das commodities,
observadas em 2013, e a desvalorização de 15% do real frente ao dólar influenciaram positivamente no processo de recuperação da agroindústria.
Confirmadas as estimativas, o PIB do agronegócio encerrará 2013 com participação de 22,80%
no PIB do País. O cálculo considera a projeção de crescimento de 2,25%, para R$ 4,49 trilhões,
da economia nacional em 2013.
Para 2014, as projeções indicam que cenário muito semelhante ao verificado em 2013. Os estoques das commodities agrícolas estão crescendo, mas a demanda segue firme e tende a ser
impulsionada pelo ainda tímido reaquecimento da economia mundial.
Os preços poderão, exceto no período de pressão da colheita, permanecer em níveis muito
próximos às médias deste ano, sinalizando que, confirmadas as projeções de produção e comercialização, o PIB do agronegócio poderá crescer nos mesmos patamares de 2013.
Evolução mensal o PIB do agronegócio em 2013
2,0
1,5
1,18
1,0
0,5
0,0
-0,5
Fonte: CNA/CEPEA
12
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Agricultura
t/
Se
13
o/
3
Pecuária
Ag
Ju
l/1
13
n/
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/1
3
3
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3
13
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13
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2
t/
1
Se
Agropecuária
13
- 0,62
-1,0
Projeção de crescimento do PIB do agronegócio em 2013 (em R$, milhões)
+ 2,25%
4.392.094
4.490.916
2012
2013
+ 3,56%
988.778
1.023.979
2012
2013
Agronegócio
Brasil
Participação do Agronegócio no PIB do Brasil
2012
22,51%
2013
22,80%
Fonte: CNA
2 a G r o n e G Ó c i o c r e s c e 3 , 5 6 % e m 201 3
13
3. recuPeraçÃo econÔmica
Pode Garantir creScimento
de 3,2% do vBP em 2014
O Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário pode crescer 3,2% em 2014, na comparação com o desempenho deste ano, para R$ 438,2 bilhões. O crescimento só não será maior
em função de alguns indicadores do cenário externo.
A queda nas cotações das commodities agrícolas, influenciada pela estimativa de aumento dos
estoques finais mundiais diante do aumento da produção de grãos nos principais players do
mercado internacional, deverá influenciar o resultado previsto para o ano.
A produção mundial de grãos na safra 2014 deve crescer 7,5% em relação a 2013, impulsionada,
em especial, por culturas como milho, soja e trigo, que apresentaram crescimento 11,6%, 5,8%
e 7,8%, respectivamente.
Os estoques finais mundiais projetados também cresceram, indicando relação estoque/consumo
superior ao verificado na safra passada e acima da média histórica, fator baixista para os preços.
Apesar desta situação, a expectativa é de sustentação das cotações internacionais, resultado
do reaquecimento da demanda devido à recuperação da economia norte-americana e dos indícios de melhoria do cenário econômico na União Europeia e em países importadores líquidos
de commodities agrícolas, como o Japão.
Assim, projeta-se um aumento de 2,5% no faturamento bruto dos produtos agrícolas, chegando a R$ 258,8 bilhões em 2014, resultado impulsionado principalmente pelas culturas
de algodão e de soja.
O algodão destaca-se com um crescimento de 85,2% no VBP. O aumento de 22% da produção
na safra 2013/2014, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), justifica a alta.
A recuperação dos preços internos e a tendência das cotações internacionais continuarem em
patamares atrativos para a atividade incentivaram os produtores a investir no aumento da área
plantada. Além disso, a fibra aparece como uma alternativa mais rentável do que o milho safrinha, já que os preços do cereal seguem em tendência de queda.
Para a soja, espera-se um aumento de 9,9% na receita, passando de R$ 80,2 bilhões para
R$ 88,1 bilhões. Com preços em patamares mais remuneradores, os produtores ampliaram a
área cultivada com a oleaginosa e, desta forma, a estimativa é que a produção nacional aumente
em 9,6% em relação à safra anterior, segundo a Conab. Com relação às cotações, a expectativa
é de que a demanda mundial aquecida, principalmente pela China, favoreça a manutenção dos
preços nos bons patamares atuais.
3 . r e c u P e r a ç Ã o e co n Ô m i c a P o d e G a r a n t i r c r e s c i m e n t o d e 3 , 2 % d o v B P e m 201 4
15
No milho primeira safra, a competição por área, principalmente entre o cereal e a soja, em razão
da melhor rentabilidade e da liquidez da oleaginosa, fez com que as projeções de área plantada na primeira safra recuassem, em média, de 3% a 6,5%, quando comparado com o período
anterior, de acordo com a Conab.
Contudo, a expectativa é de queda dos preços, pois o quadro de suprimento é recorde e aponta
que haverá um excedente, mesmo com um bom desempenho das exportações. Desta forma,
estima-se decréscimo de 18,3% no faturamento bruto do setor, podendo chegar a R$ 30,8 bilhões.
A estimativa para o VBP da produção pecuária para 2014 é de R$ 179,4 bilhões, o que representa
um crescimento de 4,2% em relação ao ano de 2013. Para a carne bovina, estima-se um aumento
de 10,5% do faturamento, passando de R$ 62,8 bilhões para R$ 69,3 bilhões. A tendência é que
os preços da arroba recuperem-se no próximo ano, alta justificada pela redução do rebanho
bovino. Devido ao aumento dos custos de produção e à desvalorização do preço da arroba nos
últimos anos, elevou-se o abate de matrizes, condição que impactou negativamente na disponibilidade de animais para abate.
Além disso, a expectativa é de aumento das exportações, impulsionadas pelo possível aquecimento da demanda, principalmente, nos Estados Unidos e Europa, e pela perspectiva de
manutenção do dólar em patamares favoráveis.
Projeção do Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário para os anos de 2013 e 2014
500,00
450,00
424.57
438.23
400,00
350,00
300,00
252.38 258.80
250,00
200,00
172.19 179.43
142.70 148.83
150,00
109.68 109.96
100,00
50,00
0,00
Safra de grãos
Outros
produtos agrícolas
Agricultura
2013
Fonte: CNA
16
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
2014
Pecuária
Agropecuária
Balanço 2013
O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária deve somar R$ 424,5 bilhões em 2013, o que
representa um aumento de 8% em relação ao registrado em 2012. As condições de clima permaneceram neutras ao longo do ano, permitindo o desenvolvimento dos plantios. As exceções
foram as lavouras de laranja, café e mandioca, que, em razão do clima, registraram queda na
produção de 14,2%, 6,9% e 11,5%, respectivamente.
Em função da boa oferta nos mercados interno e externo, os preços da maioria dos produtos
recuaram quando comparados com o ano anterior, com exceção daqueles que tiveram redução
de área plantada, como o algodão e o feijão.
Estima-se que o faturamento dos produtos agrícolas atinja R$ 252,4 bilhões em 2013, valor 6,9%
superior ao registrado em 2012. A cultura da soja foi destaque no ano, com crescimento de
16% no valor bruto da produção, atingindo R$ 80,2 bilhões. A área plantada do grão na safra
2012/2013 apresentou aumento de 10,7% em relação ao ano anterior, elevando a produção para
22,7%, ou seja, volume 15 milhões de toneladas superior ao produzido em 2012.
O incremento na área cultivada de soja ocorreu por substituição das áreas de algodão, milho,
feijão e pastagem, dependendo da região. Os excelentes preços na safra 2011/2012, que atingiram níveis recordes devido à redução da safra dos principais países produtores mundiais, é
o principal responsável por essa expansão. Estados Unidos, Argentina e Brasil respondem por
81% da produção mundial de soja. As fortes perdas desses países na safra 2011/2012, juntamente com a elevação da demanda chinesa, impulsionaram as cotações internacionais.
Para o milho, o faturamento bruto em 2013 pode chegar a R$ 36,8 bilhões, o que representa
uma elevação de 5% em relação a 2012. A valorização dos preços do cereal no mercado externo, resultado da redução da safra mundial em 2012, impulsionou a produção de milho no país.
A colheita foi de 81 milhões de toneladas na safra 2012/2013. Com a boa oferta de produto no
mercado interno e a recuperação da safra norte-americana, os preços recuaram 30% em relação
ao comercializado no ano anterior.
As sucessivas quedas de preços prejudicaram a cafeicultura. As cotações atingiram o menor
nível em cinco anos, acumulando desvalorização superior a 30% em 2013. O excesso de oferta,
no Brasil e no exterior, aliado à redução da demanda, é o principal responsável pela desvalorização. Estas condições impuseram uma forte crise ao setor, elevando o nível de endividamento.
Enquanto aguardam por um posicionamento do governo com medidas para amenizar o problema, os cafeicultores reduzem os investimentos com tratos culturais e adubação.
A valorização dos preços dos produtos da pecuária elevou a rentabilidade da maioria dos setores. A avicultura destaca-se com um faturamento de R$ 53,8 bilhões em 2013, um aumento de
24% no ano. O resultado positivo do setor foi impulsionado principalmente pelo aumento de
20,4% dos preços da carne de frango. Na carne bovina, o quadro é de ligeiro recuo no faturamento: de R$ 63,8 para R$ 62,8 bilhões.
3 . r e c u P e r a ç Ã o e co n Ô m i c a P o d e G a r a n t i r c r e s c i m e n t o d e 3 , 2 % d o v B P e m 201 4
17
Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário para os anos de 2012 e 2013
450,00
424,57
393,27
400,00
350,00
300,00
250,00
236,19
252,38
200,00
157,08
172,19
150,00
100,00
50,00
0,00
Agricultura
Pecuária
2013
Fonte: CNA
18
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
2013
Agropecuária
4. Balança comercial
Saldo da Balança comercial do aGroneGÓcio
BraSileiro creSce 5,3% em 2013
A balança comercial do agronegócio brasileiro tende a fechar o ano com o saldo de US$ 83,6
bilhões, o que representa aumento de 5,3% na comparação com 2012, quando acumulou
US$ 79,4 bilhões.
As exportações do agronegócio encerrarão o ano com o crescimento de 5,10% em relação aos
US$ 95,8 bilhões obtidos em 2012, atingindo US$ 100,7 bilhões. Apesar das vendas externas seguirem firme durante todo o ano de 2013, elevando-se os volumes da maioria dos produtos da
pauta de exportação, os preços dos produtos agropecuários no mercado internacional caíram,
em média, 10%.
As vendas externas da soja, principal produto da pauta brasileira de exportações, devem
somar US$ 31,5 bilhões ao final de dezembro, registrando crescimento de 20,26% na comparação com 2012, quando exportou US$ 26,14 bilhões. O cenário de escassez mundial da
oleaginosa e a forte demanda da China contribuíram para esse resultado, firmando o Brasil
como o maior exportador mundial da commodity, devendo encerrar o ano com o embarque
de 44,5 milhões de toneladas.
O complexo carnes também apresentou bom desempenho em 2013. A previsão é que as
exportações alcancem US$ 16,5 bilhões, frente aos US$ 15,7 bilhões em 2012. A carne de
frango é a que apresenta melhor resultado, saltando dos US$ 6,8 bilhões, registrados em
2012, para US$ 8,4 bilhões este ano. Logo em seguida vem a carne bovina, que superou o
recorde dos valores exportados em 2012 e tende a encerrar o ano com o faturamento de
US$ 6,5 bilhões em vendas externas.
Já as importações do agronegócio também terão um leve aumento – de US$ 16,4 bilhões
para US$ 17 bilhões. A alta será puxada pelo trigo, que deverá atingir US$ 2 bilhões, e pelos
pescados, que podem chegar a US$ 1,2 bilhão. Com a estagnação da oferta de trigo no Brasil,
o produto deverá continuar liderando a pauta das importações agrícolas. Como o país produz
5 milhões de toneladas para atender um consumo de 12 milhões de toneladas, as estimativas
indicam a importação de 7 milhões de toneladas, em especial dos Estados Unidos.
A Ásia se firmou como o principal destino do agronegócio brasileiro, com a participação de 42%
nas vendas externas. Já a União Europeia, apesar da melhoria do cenário econômico apresenta
ligeira queda, de um ponto percentual, na participação nas exportações do agronegócio, hoje
projetada em 22%.
A China firmou-se mais uma vez como o principal destino das exportações do agronegócio,
com crescimento de 30% em relação a 2012. A forte demanda chinesa foi o principal fator
20
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
de crescimento das exportações, com a participação de 25% nos totais exportados pelo
agronegócio, ultrapassando a União Europeia, até então principal destino das exportações
do agronegócio.
A expectativa para 2014 é de manutenção do ritmo de crescimento das vendas externas na faixa
dos 5,5%, considerando o cenário de recuperação da economia mundial, que tende a refletir
positivamente na demanda. Contudo, a pressão observada nos preços das commodities agrícolas e das soft commodities pode reduzir essa projeção, embora a previsão de crescimento dos
volumes exportados se mantenha.
Comparativo Balança Comercial do Agronegócio - 2013
12.000
US$ milhões
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Agronegócio Exportação
Mai
Jun
Jul
Ago
Agronegócio Importação
Set
Out
Nov
Agronegócio Saldo
Fonte: Agrostat (MAPA)
4 . B a l a n ç a co m e r c i a l
21
22
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
5. oferta de crédito
Para aGroPecuária
SeGuirá eStável
A oferta de recursos para o crédito rural tende a ser estável em 2014. Os indicadores sobre a disponibilidade de recursos, como os depósitos a vista nos bancos, uma das fontes para o crédito
rural, apresentaram crescimento nos últimos meses, indicando que não deverão faltar recursos
ao setor no próximo ano.
Apesar de se manterem os volumes, as taxas de juros de algumas linhas de crédito, caso do
Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), são temas que irão exigir esforço do setor
junto ao governo para que as taxas sejam mantidas nos patamares atuais, de 3,5% ao ano.
É que a elevação das taxas de juros exige aumento nas dotações orçamentárias. Tal medida é
necessária para equalizar as taxas de juros pagas pelo produtor rural. Fato que eleva os gastos
do governo.
A expectativa do mercado, neste final de ano, após um período de elevação da taxa de juros
básica da economia, é que o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central,
reduza os ajustes. No entanto, até março do próximo ano, a taxa SELIC continuará em alta, devendo atingir o patamar de 11,75%, justamente no período de forte discussão para a elaboração
do Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015.
Evolução dos depósitos a vistas nos bancos e exigibilidades bancárias
180.00
160.00
140.00
120.00
100.00
80.00
60.00
40.00
20.00
-
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Depósitos à vista
Exigibilidades
Fonte: Banco Central do Brasil
Elaboração: CNA
24
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Variação % dos depósitos à vista
Já com relação à demanda por recursos financeiros, as estimativas indicam que serão necessários R$ 212 bilhões para o custeio das atividades da agropecuária no período de 2014/2015.
A justificativa para esse valor está em fatores como mudanças tecnológicas, elevação dos custos
de produção decorrentes da variação cambial, aumento da necessidade de manejo sanitário das
lavouras e elevação da demanda pela pecuária. Isso porque, considerando um cenário de preços
positivos no decorrer de 2014, o setor tende a retomar parcialmente os investimentos.
Outro fator que pode impulsionar a demanda por recursos é a queda da rentabilidade da maioria das culturas, no período 2013/2014, reduzindo assim a disponibilidade de capital próprio do
produtor no financiamento das lavouras.
No biênio 2013/2014 os produtores rurais desembolsaram cerca de 40% do orçamento da safra
de culturas, como é o caso da soja, demonstrando maior capitalização, resultado do desempenho positivo dos últimos anos.
Na safra 2013/2014, os avanços na oferta de crédito serão consideráveis, com a ampliação do montante de recursos, redução das taxas de juros e criação de novos programas de apoio ao segmento.
O volume de recursos destinados ao PAP 2013/2014 atingirá um total de R$ 136 bilhões. Sendo
R$ 97,6 bilhões para custeio e comercialização e outros R$ 38,4 bilhões para investimentos, de
acordo com os números divulgados pelo Governo.
Comparativo dos recursos anunciados no PAP 2012/2013 e PAP 2013/2014
recursos
PaP 2012/2013
PaP 2013/2014
variaçÃo (%)
Total anunciado
115,2
136,0
18,06
Custeio e comercialização
86,95
97,6
12,25
Investimento
28,30
38,4
35,69
Fonte: PAP 2012/2013 e PAP 2013/2014
A ampliação dos limites de crédito – de R$ 800 mil para R$ 1 milhão –, a redução da taxa de
juros para o médio produtor rural e o aumento dos recursos do Programa ABC e do Programa de Subvenção ao Seguro Rural, foram os principais avanços mostrados pelo PAP no biênio
2013/2014.
As medidas de maior impacto, no entanto, estão na criação da Agência Nacional de Extensão
Rural (Anater), no programa de Inovação no Agronegócio (Inovagro) e no programa de Investimento em Sistemas de Armazenagens (PCA), demandas antigas do setor agropecuário que
foram atendidas no PAP.
5 . o f e r ta d e c r é d i t o Pa r a a G r o P e c u á r i a s e G u i r á e s táv e l
25
Em relação à demanda, nos quatro primeiros meses de vigência do PAP 2013/2014, foram aplicados R$ 45,7 bilhões em custeio, ou seja, 46,8% do valor disponibilizado para o período.
Os investimentos também seguiram firmes, 49,8% a mais de recursos, quando comparado com
o mesmo período do ano passado. Foram aplicados R$ 11,7 bilhões no período de julho a outubro, atingindo 30,5% dos valores disponibilizados para o ano.
Com esse desempenho, os saldos das operações do crédito rural atingiram em outubro
R$ 168,9 bilhões, sinalizando a melhoria do cenário de crédito na agropecuária brasileira e a
maior disposição dos agentes financeiros em financiar o setor, ante as boas perspectivas nos
próximos anos.
Saldo das operações de crédito rural (R$, bilhões)
Jan/2010
Fev/2010
Mar/2010
Abr/2010
Mai/2010
Jun/2010
Jul/2010
Ago/2010
Set/2010
Out/2010
Nov/2010
Dez/2010
Jan/2011
Fev/2011
Mar/2011
Abr/2011
Mai/2011
Jun/2011
Jul/2011
Ago/2011
Set/2011
Out/2011
Nov/2011
Dez/2011
Jan/2012
Fev/2012
Mar/2010
Abr/2012
Mai/2012
Jun/2012
Jul/2012
Ago/2012
Set/2012
Out/2012
Nov/2012
Dez/2012
Jan/2013
Fev/2013
Mar/2013
Abr/2013
Mai/2013
Jun/2013
Jul/2013
Ago/2013
Set/2013
Out/2013
168,9
Pessoas físicas - Crédito rural total
Pessoas jurídicas - Crédito rural total
Pessoas jurídicas - Crédito rural
com taxas de mercado
Pessoas jurídicas - Crédito rural
com taxas reguladas
Pessoas físicas - Crédito rural
com taxas de mercado
Pessoas físicas - Crédito rural
com taxas reguladas
Fonte: Banco Central do Brasil
26
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
6. falta de acordoS
comerciaiS trava
aS exPortaçõeS
aGroPecuáriaS do BraSil
Enquanto o crescimento das exportações do Brasil está paralisado, as vendas externas do agronegócio aumentam. O saldo positivo da balança comercial do setor é vital para a economia
brasileira.
A competitividade e a sustentação do crescimento das vendas externas exigem maior inserção
global por meio da liberação do comércio externo.
O congelamento das negociações multilaterais fez muitos países optarem por acordos bilaterais
e regionais. O Brasil, que construiu a sua política de comércio exterior com foco nas negociações multilaterais da Organização Mundial do Comércio (OMC), não acompanhou esse movimento internacional.
Desde 2011, o Brasil não assinou nenhum acordo comercial relevante, com a exceção da adesão
da Venezuela ao Mercosul.
O único acordo de livre comércio vigente no momento, além do Mercosul, é o de Israel. Juntos,
Mercosul e Israel representam 3,8% do comércio mundial (dados da OMC referentes a 2012). Os
outros dois acordos de livre comércio, assinados pelo Mercosul em 2010 com Egito e Palestina,
ainda não entraram em vigor.
Dos quinze acordos de preferências tarifárias efetivados, de abrangência mais restrita, somente
dez estão em vigor. Foram os acordos firmados com a Bolívia, Chile, Guiana, Colômbia, México,
Equador, Suriname, Peru, Índia e Cuba.
O acordo com a Índia prevê tarifa zero somente para dois grupos de produtos: aparelhos de
telecomunicações e couros e peles.
As negociações dos nossos vizinhos da América Latina são muito mais ambiciosas. Além de incorporar a quase totalidade do comércio, os acordos do Chile, Colômbia, México e Peru abrangem
mais 50 países. No caso do Chile, esses acordos representam mais de 80% do comércio mundial.
A estratégia de liberação de comércio da Aliança do Pacífico, bloco formado por esses quatro
países, deu resultados positivos. Hoje, o bloco é responsável pela metade do comércio exterior
da América Latina.
28
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Uma das razões do isolamento do Brasil no comércio internacional está na fidelidade do país
ao Mercosul. A regra do bloco impede que seus sócios negociem acordos individuais. Isso
acontece em função de interesses econômicos conflitantes e da dificuldade de entendimento
entre seus membros. Diante dessa situação, o Mercosul não consegue avançar na efetivação de
acordos comerciais.
Mesmo diante desse quadro, o Brasil tem grande chance de firmar um acordo relevante – com
a União Europeia. Após 15 anos de negociação, o país deverá apresentar sua proposta até o
final de 2013. As negociações deverão progredir no início do próximo ano. O sucesso do acordo
definirá o tão esperado resgate da autonomia negociadora do Brasil.
Se os demais integrantes do Mercosul não acompanharem as negociações, o Brasil deverá fazer
uma escolha pragmática: garantia de acesso ao mercado europeu em detrimento do isolamento
regional.
A importância de novos acordos torna-se ainda mais urgente em razão da retirada, por alguns
países, das preferências tarifárias concedidas ao Brasil. As tarifas mais baixas do Sistema Geral
de Preferências (SGP) beneficiam países pobres, que precisam de ajuda para fomentar seu desenvolvimento econômico. Devido ao crescimento da renda ao longo dos últimos anos, o Brasil
não se enquadra mais nessa categoria.
A União Europeia cessará preferências tarifárias para o Brasil a partir de janeiro de 2014. No ano
seguinte, o Canadá também cortará benefícios. Os Estados Unidos e o Japão estudam medidas
semelhantes.
Se o Brasil não firmar acordo com a União Europeia rapidamente, alguns produtos do agronegócio, como frutas e couros, perderão de forma significativa suas vendas para o mercado europeu.
As consequências do isolamento comercial do Brasil estão cada vez graves. Em breve, a maior
parte do comércio mundial será realizada entre os países conectados por acordos de livre comércio. A Parceria Transatlântica, entre Estados Unidos e União Europeia, abrangerá 50% do PIB
mundial e 30% do comércio global. Já o Acordo Trans-Pacífico (Estados Unidos, Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã) representa
40% do PIB mundial e 33% do comércio. Com a possível adesão da Coréia do Sul e da China,
essa última negociação somará cerca de 45% do comércio global.
A OMC estima em 2,5% o crescimento do comércio mundial em 2013. Com isso, a fatia da participação do Brasil deverá manter-se em 1,3%. Para reverter esse quadro nos anos seguintes será
vital que o país negocie acordos com a China e com os países do Trans-Pacífico.
As novas regras negociadas de forma bilateral, além de eliminar as tarifas, estabelecem novos
padrões e conceitos para o comércio de alimentos. A ausência do Brasil dessas negociações
gera crescentes problemas de acesso aos mercados, sobretudo no caso de produtos com maior
valor agregado.
6 . fa lta d e a co r d o s co m e r c i a i s t r ava a s e x P o r ta çõ e s a G r o P e c u á r i a s d o B r a s i l
29
É notório que, principalmente em relação aos produtos agrícolas, o comércio internacional é
ainda afetado por subsídios e barreiras tarifárias e não tarifárias. São inúmeros os entraves que
reduzem a competitividade do agronegócio brasileiro.
A morosidade na habilitação de frigoríficos exportadores, tarifas mais elevadas para produtos
agrícolas processados (como café, óleo de soja e couros), as exigências sanitárias sem fundamentos técnicos e as restrições aos grãos transgênicos, são apenas alguns exemplos. Faltam
ainda protocolos sanitários e fitossanitários com vários países importadores, em especial com
os crescentes mercados da África e do Oriente Médio.
Por outro lado, os governos de países que concorrem com o Brasil – como os Estados Unidos e
a União Europeia – subsidiam a produção e as exportações de produtos agropecuários. Esses
mecanismos distorcem os preços internacionais de commodities agrícolas e tornam desleal a
concorrência global.
A produtividade no setor agropecuário brasileiro cresce em ritmo muito mais acelerado do que
em outros países. Com isso, o Brasil tem grande potencial para negociar a expansão de suas
exportações. O mundo está preocupado com a segurança alimentar. A garantia de suprimento
pode servir como barganha para a abertura de acesso a mercados.
O Brasil deve engajar-se nas negociações de novos acordos para reverter sua inexpressiva participação no comércio internacional. Essas negociações precisam ser priorizadas pela política
de comércio exterior do país.
30
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
7. recuPeraçÃo da
economia mundial
favorecerá exPortaçõeS
BraSileiraS do
aGroneGÓcio
A economia mundial está em trajetória de recuperação e deverá expandir 3,6% em 2014
(estimativas FMI). Os países da zona do Euro deverão superar a recessão, saindo da retração de
cerca de 0,4%, em 2013, para uma expansão de 1,0% no ano seguinte.
As projeções sobre a melhoria da economia americana também são positivas para 2014. Em
2013, os Estados Unidos devem crescer 1,6% e, no ano que vem, deverá ser de 2,6%. Já os países
da América Latina e do Caribe deverão crescer a uma taxa de 3,1%.
Estimativa de crescimento do PIB por blocos de países (em%)
6,3
6,5
5,1
4,5
3,6
2,9
2,7
3,1
2,0
1,2
Emergentes
asiáticos
Emergentes
Mundo
2013
América Latina
e Caribe
Economias
avançadas
1,0
-0,4
Área do Euro
2014
Fonte: FMI
As economias emergentes, principalmente as da Ásia, serão novamente aquelas que irão registrar as taxas mais robustas de crescimento (estimativa de 5,1% para o continente). A China,
embora não cresça mais ao ritmo de dois dígitos, continuará sendo força importante para o
crescimento mundial. Em 2014, a economia chinesa deverá expandir 7,3%, mantendo o ritmo
acima de 7% nos próximos cinco anos.
32
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Outro fato positivo na economia chinesa, no curto prazo, é a mudança – mesmo que ainda lenta
– do foco de crescimento daquele país: maior participação do consumo interno em detrimento
das exportações como motor do desenvolvimento econômico. Já que parte importante das
vendas externas do Brasil está pautada no agronegócio, um crescimento mais intenso do consumo das famílias chinesas é vantajoso para as exportações brasileiras para aquele país.
O mercado de alimentos deve crescer consideravelmente na China, por duas razões principais:
o governo está criando estímulos para as famílias ampliarem o consumo, e, ao mesmo tempo,
o processo de urbanização deverá levar 400 milhões de pessoas às cidades no decorrer da
próxima década. Os prognósticos indicam que, dentro de 10 a 15 anos, a China ultrapassará os
Estados Unidos como o maior importador mundial de alimentos e bebidas.
Embora o cenário externo esteja mais otimista para 2014, em comparação com 2013, ainda existem riscos inerentes ao processo de retomada global que podem afetar a economia
brasileira. Um dos fatores está na disposição do Banco Central americano (FED) de iniciar a
retirada dos estímulos monetários em 2014, uma vez que a economia norte-americana está
em recuperação.
A redução da compra dos títulos pelo governo dos EUA, estimada em US$ 85 bilhões por
mês, pressionará pela desvalorização do real frente ao dólar, uma vez que mais capitais irão
se destinar aos títulos do governo americano. Apesar dos aspectos negativos deste cenário, é
importante reconhecer que o cenário será favorável ao aumento da competitividade das exportações brasileiras, por meio da alteração do preço relativo dos produtos.
O cenário externo contemplado pela CNA, portanto, não considera rupturas nas
economias europeias, mas sim um período de recuperação da economia global.
Os riscos sistêmicos não estão totalmente afastados, mas a previsão é que, neste
caso, o impacto seria muito inferior ao registrado na crise de 2008.
7. r ec u P e r a ç Ã o d a eco n o m i a m u n d i a l fav o r ec e r á e x P o r ta çõ e s B r a s i l e i r a s d o a G r o n eG Ó c i o
33
8. infraeStrutura
e loGÍStica
comPetitividade do aGroneGÓcio deve melhorar
com inveStimento e novaS conceSSõeS
A disponibilidade de infraestrutura adequada é condição indispensável para que o Brasil, principalmente no setor do Agronegócio, possa desenvolver vantagens em comparação com os
demais países do mundo. Os investimentos elevam a competitividade sistêmica da economia e
permitem melhor gestão dos custos privados, possibilitando redução dos preços da produção
e ganhos de produtividade.
Nos últimos anos, o Agronegócio destacou-se como fator preponderante para o crescimento
econômico do País. O desempenho poderia ser melhor, não fossem os custos e os desperdícios
gerados pela falta de infraestrutura e logística no Brasil. De acordo com dados da Intelog (2013),
para cobrir as despesas com logística são gastos entre 8,5% e 9,0% de tudo que é produzido
pelo setor. A infraestrutura ruim também é um dos principais fatores responsáveis, por exemplo,
pelo desperdício com a soja. Estima-se que a perda de grãos, da lavoura ao porto, varie entre
6,0% e 13,0% (Tabela 1).
Tabela 1. Custo Logístico.
Perdas na loGÍstica
em %
Custo Logístico Brasileiro*
19,2% do PIB Brasil
Custo Logístico do Agronegócio*
8,5% a 9,0% do PIB do Agronegócio
Desperdício de Soja*
6,0% a 13,0% do que é colhido (porteira ao porto)
Alta Anual do Preço do Frete da Soja
(entre Sorriso/MT e Santos/SP)**
42,6%
Alta Anual do Preço do Frete da Soja
(entre Sorriso/MT e Paranaguá/PR)**
29,9%
Fonte: *Intelog e **Esalq-USP.
8. infr aestrutur a e loGÍstic a
35
E qual é a causa? Por muitos anos o setor de infraestrutura e logística foi prejudicado pela perda
da capacidade de análise e de propostas concretas para solucionar o problema. O quadro foi
agravado com a extinção da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (GEIPOT).
No entanto, a criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), em 2012, sinalizou a
intenção do governo de resgatar a tradição no planejamento de médio e longo prazo nesse
setor estratégico da economia.
Uma prática desejada para 2014, capaz de favorecer a infraestrutura, é o crescimento progressivo dos investimentos. Segundo estudo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para o período 2014/2017, os recursos destinados ao setor
somarão R$ 509,7 bilhões. Somente à logística serão alocados R$ 163,7 bilhões. Comparado
com o que ocorreu entre 2009 e 2012, ocorrerá um aumento de 57% nos investimentos. Vale
lembrar que, do total investido em 2012, 49% foi dinheiro do setor privado. A tendência é que
os recursos a serem aplicados pela iniciativa privada, nos próximos anos, continuem superando os do setor público, devido às novas condições surgidas com a Lei n.º 12.815/2013 (Lei dos
Portos) e o cronograma de concessões do governo federal. Assim, o planejamento aliado a
investimentos é a aposta para alavancar o setor e solucionar os entraves existentes. No biênio
2012/2013 foram lançados diversos planos governamentais que serão executados no decorrer
dos próximos anos. Entre eles, destaque para o Programa de Investimento em Logística (PIL)
para obras de duplicação, melhoria e construção das concessões de 7,5 mil km de rodovias e
10 mil km de ferrovias.
O PIL prevê investimento total de R$ 133 bilhões, dos quais R$ 79,5 bilhões no decorrer dos
próximos cinco anos, e os R$ 53,5 bilhões restantes, em 25 anos. Os recursos financeiros para
melhorar a infraestrutura terrestre contemplam as rodovias, no montante de R$ 42 bilhões
(R$ 23,5 bilhões em 5 anos e R$ 18,5 bilhões em 20 anos), para duplicação dos principais eixos
rodoviários existentes no País. Nas ferrovias serão investidos R$ 91 bilhões (R$ 56 bilhões em
5 anos e R$ 35 bilhões em 25 anos), especialmente na expansão e no aumento da capacidade
de transporte da malha ferroviária.
A Empresa de Planejamento e Logística (EPL) ficou com a responsabilidade legal de retomar
a capacidade de planejamento oficial no segmento, incluindo o setor portuário, aprimorando
os marcos regulatórios, além de uma profunda reorganização institucional. Estão previstos
investimentos em arrendamentos e Terminais de Uso Privativo (TUPs), de R$ 54,2 bilhões
(R$ 31 bilhões até 2014/15 e outros R$ 23,2 bilhões no biênio 2016/17) com forte participação
da iniciativa privada, estimulada pela competição no setor e pela eliminação de barreiras
regulatórias.
Em 2014 deverá ser iniciado o segundo bloco de arrendamento portuário em Paranaguá (PR),
São Sebastião (SP), Salvador (BA) e Aratu (BA). A estimativa de investimentos é de R$ 3,2 bilhões.
Um exemplo: no Porto de Paranaguá está prevista a implantação de dez terminais, com a expectativa de aumento da capacidade em 89%, ou seja, os 40,4 milhões de toneladas movimentados atualmente passariam para 76,4 milhões.
36
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Em relação à navegação interior, o Ministério dos Transportes anunciou o Plano Hidroviário
Estratégico (PHE). A meta do Plano é ampliar, até 2031, o escoamento de commodities pelos
rios das atuais 25 milhões de toneladas para 120 milhões de toneladas. Só o agronegócio será
responsável pelo escoamento, por esse sistema, de 36,3 milhões de toneladas (Gráfico 1).
Gráfico 1. Previsão de Movimentação dos Produtos Agrícolas pelas Hidrovias até 2031 (em
milhões de toneladas)
Hidrovia do Tapajós
9,7
Hidrovia do Tocantins
8,6
Hidrovia do Paraguai
5,5
Hidrovia do Paraná Tietê
4,8
2,6
Hidrovia do São Francisco
Hidrovia do Madeira
2,5
Hidrovia do Sul*
2,5
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
* Hidrovia do Sul compreende os rios Taquari, Jacuí e Lagoa dos Patos
Fonte: PHE (2013).
Para alcançar esse objetivo, deverão ser investidos, até 2024, R$ 26 bilhões. Desse total, R$ 17 bilhões
serão aplicados na melhoria e ampliação do modal hidroviário. Outros R$ 9 bilhões serão investidos na construção de embarcações e implantação de terminais.
*ZarPa BraSil! é hora de avançarmoS rumo
ao futuro!
Em 2013, instituições empresariais organizaram-se em prol da modernização dos portos brasileiros. O principal objetivo era reunir esforços para a aprovação da Medida Provisória nº 595/2012,
que estabelece os critérios para a exploração e arrendamento de terminais privativos dentro ou
fora do porto público. As novas regras desse marco regulatório, entre outros benefícios, possibilitam a ampliação da participação da iniciativa privada nos investimentos.
Após a sanção da Lei dos Portos (Lei n. 12.815/2013), 123 pedidos de autorização foram direcionados à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) para a implantação de
novos projetos de infraestrutura portuária. A expectativa é que boa parte das obras comecem
no início de 2014, já que metade das solicitações encontra-se na fase de chamada pública.
8. infr aestrutur a e loGÍstic a
37
63,51%
44,36%
Gráfico 1. Pedidos de Autorização à Antaq após sanção da Lei nº 12.815/2013
5,4%
11,9%
44,36%
Terminais portuários
Terminais pequeno porte
Estações de transbordo*
Instalações de turismo
Terminais portuários
Terminais pequeno porte
Estações de transbordo*
Instalações de turismo
63,51%
44,36%
* Estação transbordo:
carga é recebida Terminais
e redistribuída
para outros modais ou embarcações
Terminais portuários
pequeno porte
Fonte: Antaq/SEP
Estações de transbordo*
Instalações de turismo
Outro destaque é para a execução do Programa de Investimentos em Logística (PIL). No que
diz respeito à licitação de arrendamentos portuários, neste ano, foram concluídos os Estudos
de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEAs) dos portos de Santos (SP) e do Pará
(PA). Em Santos, o valor estimado a ser investido é de R$ 1,4 bilhão, com objetivo de aumentar a
capacidade de movimentação e de reorganizar o serviço de armazenagem. No Pará estão previstos vinte contratos, com investimento esperado de R$ 1,5 bilhão. São cinco portos – Belém,
Outeiro, Miramar, Vila do Conde e Santarém – que movimentarão as cargas provenientes das
regiões Norte e Nordeste do país.
Quanto às concessões rodoviárias, a baixa atratividade dos projetos motivou o Governo a promover algumas mudanças. Destaque para a elevação da tarifa teto dos pedágios; mais cinco
anos nos prazos das concessões (30 anos) e dos financiamentos (25 anos), além da alteração na
Taxa Interna de Retorno (TIR), de 5,5% para 7,2%. Mesmo assim, houve contratempo na oferta
do trecho da BR-262 (Espirito Santo e Minas Gerais). Ou seja, nenhum grupo apresentou proposta para operar a rodovia.
Para evitar a repetição desse cenário negativo em outros leilões, o Governo estuda a possibilidade de adotar a Parceria Público-Privada (PPP). Nesse novo modelo, o setor público também
dividiria com a iniciativa privada os gastos com as obras de duplicação de outros trechos em
que há interesse reduzido dos investidores. São eles: BR-101 (Bahia), BR-116 (Minas Gerais) e BR-153
(Tocantins e Goiás).
Destaque para os estudos sobre logística e transporte elaborados em 2013, principalmente
para o setor aquaviário. Entre eles, o Plano Hidroviário Estratégico (PHE), cuja meta é ampliar a
participação das hidrovias na matriz de transporte brasileira. As projeções indicam volume de
120 milhões de toneladas de commodities até 2031.
38
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
9. QueStõeS
fundiáriaS
terraS indÍGenaS: o deSafio da SeGurança
JurÍdica no camPo
Insegurança jurídica, ausência de novos dispositivos legais para coibir arbitrariedades e pressão
para criação de novas terras indígenas. Estes são os fatores que justificam a expectativa de aumento das disputas envolvendo a questão indígena em 2014.
Em relação à insegurança jurídica, destaca-se que as invasões de propriedades rurais por índios, com apoio de Organizações Não Governamentais (ONG’s), estão sendo feitas desde o ano
de 2011, como estratégia para desencadear os estudos de identificação de terras indígenas ou
para acelerar a conclusão de processos demarcatórios em curso.
A avaliação é que os atuais mecanismos legais de proteção possessória não estão sendo suficientes para garantir a reintegração de posse dos atuais proprietários, quando das invasões.
As ordens de reintegração de posse não estão sendo cumpridas face às diversas chantagens
dos índios invasores, protegendo o invasor e não o esbulhado.
Grave também é a ausência de novos dispositivos legais que coíbam as arbitrariedades do atual
processo de identificação e demarcação de terras indígenas, que concentra o poder de decisão
no órgão de assistência ao índio – Fundação Nacional do Índio (Funai). Outros entes públicos
não participam do processo.
A pressão por criação de novas terras indígenas pelas ONG´s é outro fator de aumento de disputas. Além das 115 áreas atualmente em estudo pela Funai, o Conselho Indigenista Missionário
(CIMI) indicou outras 342 áreas, mas que ainda não foram incluídas na pauta da Funai (denominadas terras sem providências).
O cenário demarcatório se consolidará no Centro-Sul, ou melhor, em áreas densamente ocupadas por não-índios, fortemente exploradas e antropizadas, pois os estudos estão concentrados
nessas regiões.
Em outras palavras, os conflitos se concentrarão, especialmente, nos seguintes estados: Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Bahia, Maranhão, Pará e Alagoas. As pretensões da Funai incidem sobre áreas intensamente
cultivadas, caso contrário não haveria conflito.
Nesse contexto, a pretensão demarcatória se afastará mais ainda dos princípios da primazia da
realidade e da razoabilidade, em prol de uma ideologia. É cada vez mais recorrente o fato de
40
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
agricultores provenientes da reforma agrária, instalados anteriormente pelo próprio governo
federal por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), estão sendo
expulsos de seus lotes de terras por terem sido declarados como terras indígenas.
De igual forma, inúmeros agricultores e empreendedores familiares, beneficiados por uma série
de políticas públicas, tais como os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), estão sendo desalojados de suas terras.
Ressalvado o retorno da vigência da Portaria nº 303/2012, da Advocacia Geral da União (AGU),
previsto para o dia seguinte ao da publicação do acórdão nos embargos declaratórios proferidos na Pet 3388-4/RR, e eventual edição ato normativo que inclua outros órgãos para participar
do processo demarcatório, a questão indígena permanecerá sem solução.
Quanto à certificação dos serviços de identificação georreferenciada de propriedades rurais,
pressume-se que a análise automatizada pelo Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) consiga,
efetivamente, dar celeridade às análises dos processos de certificação dos imóveis rurais.
Em que pese a pressão dos ditos movimentos sociais por meras desapropriações, espera-se
que o governo federal priorize a sustentabilidade, especialmente econômica, dos assentamentos, e não somente a quantidade de hectares disponibilizados à reforma agrária.
Para a questão quilombola, aguarda-se a continuidade do julgamento da ADI 3239/DF, que
questiona a inconstitucionalidade do Decreto 4.487/2003. O relator, ministro Cezar Peluso,
entendeu pela inconstitucionalidade do citado decreto, ocasião em que a ministra Rosa Weber
pediu vistas do processo.
Com o julgamento suspenso, o governo federal prossegue a titulação, nos moldes do Decreto
4.487/2003, de cerca de 1,9 milhão hectares, que tramitam junto ao INCRA.
Balanço 2013
Na área fundiária, as preocupações do setor agropecuário se voltaram para a questão indígena,
especialmente por causa dos conflitos pela posse de terras já intensamente exploradas e densamente antropizadas.
À exemplo do que aconteceu em 2012, 2013 foi marcado por invasões de propriedades rurais
por índios, com apoio de ONG’s utilizadas como estratégia ora para desencadear os estudos
de identificação de terras indígenas, ora para acelerar a conclusão de processos demarcatórios em curso.
Em quase todo o Brasil, observam-se provocações à posse, ameaças de invasão ou invasões de
imóveis por índios incitados pelas ONG´s. Em fevereiro de 2013, cerca de 1.300 “índios” – entre
os quais cidadãos paraguaios (que falam o tupi-guarani) e índios transportados do Mato Grosso
9. Questões fundiária s
41
do Sul – invadiram propriedades no oeste do estado do Paraná, principalmente nos municípios
de Guaíra e Terra Roxa, para reivindicar a demarcação de áreas acima de cem mil hectares. Foram noticiadas 18 invasões em todo o estado do Paraná.
Cabe destacar que as terras reivindicadas já são ocupadas de forma consolidada por produtores rurais, em sua maioria familiar, desde o início do século passado, cuja cadeia dominial está
lastreada em títulos expedidos pelo governo federal.
Tal episódio ensejou, a pedido da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, um estudo da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre o caso. O estudo não detectou a presença
indígena em 05/10/1988 na região, caso que comprovou a necessidade de participação de outros
órgãos da administração pública no processo de demarcação de terras indígenas.
No estado do Mato Grosso do Sul, é público e notório o permanente quadro de invasão de
propriedades por grupos indígenas. Em torno de 80 propriedades foram esbulhadas em 2013.
Como resultado destas invasões ou conflitos, infelizmente, ocorreram mortes de índios e não
-índios, casos que forçaram a necessidade de envio da Força Nacional de Segurança Pública
para a região.
O Sul da Bahia registrou cerca de 49 propriedades de agricultores e empreendedores familiares,
assentados da reforma agrária, entre outras, invadidas pelos chamados “índios”. A gravidade da
situação fez com que o governo da Bahia solicitasse apoio da Força Nacional de Segurança Pública ao Estado. O objetivo foi preservar a ordem pública e garantir a integridade física dos envolvidos. A força foi deslocada para a região.
Diante desta situação, o ministro da Justiça colocou em consulta minuta de portaria, conforme
anunciado em audiência pública realizada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), do
Senado, em 21/11/2013, para minimizar os conflitos. Entre outros pontos, a minuta de portaria prevê:
a) acompanhamento dos trabalhos de identificação e delimitação por entes públicos (Estados e
Municípios) e órgãos federais; b) criação de espécie de instância recursal administrativa no Ministério da Justiça, que submete o procedimento administrativo e os respectivos pareceres da FUNAI e
contestações à apreciação da Consultoria Jurídica e Assessoria Especial para Questões Indígenas,
com a finalidade de instruir a decisão do Ministro da Justiça; e c) instauração de procedimento de
mediação pela Câmara de Conciliação e Mediação de Conflitos, da Assessoria Especial para Questões Indígenas, do Gabinete do Ministro da Justiça.
O Poder Legislativo debateu a PEC 215/2000, que dá competência ao Congresso Nacional para
aprovar demarcações de terras indígenas, pois o atual processo está eivado de arbitrariedades.
O PLP 227/2012, que regulamenta o § 6º do art. 231, da Constituição Federal de 1988, definindo
os bens de relevante interesse público da União para fins de demarcação de Terras Indígenas,
também foi discutido.
Destaca-se, no âmbito do judiciário, o julgamento dos sete embargos de declaração da Raposa Serra do Sol (PET 3388-4/RR) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria do plenário
42
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
decidiu que a decisão da Raposa Serra do Sol não vincula juízes e tribunais, por ocasião da apreciação de outras causas sobre a identificação de terras indígenas. Em que pese a ausência do
efeito vinculante, o STF entendeu que as chamadas condicionantes são provenientes do texto
Constituição, e servirão como jurisprudência.
Quanto à identificação georreferenciada de imóveis rurais, há significativas melhorias no desempenho de análise dos processos de certificação pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra). De janeiro a setembro deste ano, o número de certificações emitidas
pelo Incra superou em 94% o resultado de todo o ano de 2012. Foram certificadas, no período,
18.713 propriedades particulares em todo o país, contra 9.636 do ano passado. As emissões
representam, em área, 24 milhões de hectares, quase 400 mil hectares acima do que foi verificado em 2012.
De um total de 33.412 processos analisados até setembro deste ano, 54% (18.713) foram certificados e 46% não (14.699). Para estes, chamados de processos com notificação ao proprietário,
o Incra aguarda a resposta da pendência cadastral e/ou técnica detectada.
O Incra editou a Instrução Normativa nº 77/2013, que regulamenta a automatização do procedimento de certificação dos imóveis rurais, de acordo com o § 5º do art. 176 da Lei nº 6.015/1973.
Assim, o requerimento de certificação será processado apenas por meio do Sistema de Gestão
Fundiária (SIGEF), em que o responsável técnico pelos serviços de georreferenciamento submeterá ao SIGEF arquivo digital contendo os dados da(s) parcela(s) a ser(em) certificada(s).
A análise dos dados foi automatizada e é restrita à verificação da consistência dos dados
prestados pelo profissional e à verificação de eventual sobreposição com outro imóvel
cadastro. O SIGEF emite a certificação online ou uma notificação, nos casos de pendências ou
inconsistências. A atuação do servidor do Incra ficou restrita aos casos de desmembramentos, remembramentos, sobreposição de áreas, ou àqueles imóveis relacionados a auditorias
e fiscalizações.
O total acumulado de áreas incorporadas ao processo de reforma agrária somou cerca de
88 milhões de hectares, distribuídos em aproximadamente 9.000 projetos de assentamentos,
em benefício de quase 1,3 milhões de famílias.
Quanto à titulação de terras para os remanescentes de comunidades de quilombos, o Incra, no
conjunto de suas ações dos estudos à titulação, está trabalhando com uma área total de 1,9 milhões
de hectares para um total de 23.600 famílias. Ressalta-se que 515 mil hectares já possuem decretos reconhecendo as terras como quilombos.
9. Questões fundiária s
43
Certificações emitidas desde 2004
20.000
18.713
18.000
16.000
14.000
12.000
9.636
10.000
8.000
1.990
3.042
2011
2.109
382
2004
2005
2006
2007
Fonte: INCRA
44
2010
4.065
4.000
0
8.289
5.466
6.000
2.000
7.788
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
2008
2009
2012
2013
10. meio amBiente
reGulamentaçÃo do cÓdiGo floreStal deve
Ser concluÍda em 2014
Após a aprovação do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), o setor deve se organizar para
esclarecer aos produtores rurais as regras e procedimentos relacionados ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Iniciado o prazo para o cadastramento dos imóveis rurais, este deverá ser feito em dois anos.
Caberá também às Federações de Agricultura e Pecuária o acompanhamento das normas de
regulamentação ambiental nos estados, visando à implementação do novo Código Florestal,
de modo a evitar inconsistências e ilegalidades.
Em 2014, a CNA deve acompanhar e encaminhar ao governo sugestões relacionadas a assuntos
ainda pendentes de regulamentação, mas previstos na nova lei ambiental, como o manejo do
uso do fogo e controle de queimadas, manejo florestal sustentável e Documento de Origem
Florestal (DOF), e o Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE).
mudanças climáticas
Com as baixas expectativas de avanço nas discussões sobre a renegociação das metas de
emissões de carbono por parte dos países desenvolvidos e em desenvolvimento no período
pós-Kyoto, o ano de 2014 será marcado pela retomada das tratativas do futuro acordo sobre
mudanças climáticas durante a 20ª Conferência das Partes (COP-20), no Peru, com vistas à COP
– 21, na França, em 2015.
O setor agropecuário brasileiro deve acompanhar atentamente as discussões, encaminhando
ao governo os seus pleitos, para evitar barreiras comerciais não tarifárias e outros custos relacionados à mitigação e adaptação, exigindo que essas ações sejam financiadas pelos países
desenvolvidos.
O cenário de indefinição das metas de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE´s) e do cenário Pós
-Kyoto mostrou-se pouco movimentado, principalmente face aos interesses dos países desenvolvidos.
Internamente, o Brasil aplicou-se em determinar seu inventário de emissões, publicando o 1º Relatório de Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas, produzido pelo Painel Brasileiro de
Mudanças Climáticas. Este estudo descreveu cenários de aquecimento e impactos diretos à
atividade agropecuária. Também iniciou-se o processo de atualização do Plano Nacional de
Mudanças Climáticas, que será finalizado em 2014.
46
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
acesso aos recursos Genéticos
Diante da disposição do Executivo em estabelecer novo marco legal para o acesso aos recursos
genéticos e ao conhecimento tradicional associado, incluindo as espécies domesticadas (de
interesse especial do setor agropecuário brasileiro), uma ampla discussão sobre o tema deve
ser realizada em 2014.
Espera-se um debate com todas as entidades representantes da cadeia produtiva do agronegócio, buscando construir uma legislação que não venha a onerar os custos de produção e o
preço dos alimentos no país.
Tendo em vista a pressão dos segmentos de fármacos, saneantes e cosméticos, o governo apresentou a proposta do marco regulatório para o acesso aos recursos genéticos e conhecimento
tradicional associado. Face às pressões do governo para que as espécies domesticadas (ex.: soja,
cana, café e outras de interesse do setor agropecuário) sejam também incluídas no futuro marco
legal, o setor rural iniciou o processo de discussão interna, visando aferir os reflexos da proposta
sobre a produção de alimentos, fibras e agroenergia. Foram apresentadas ao governo as posições
preliminares do setor agropecuário, e a discussão deve continuar no ano que vem.
licenciamento ambiental de atividades agropecuárias
Considerando que o sistema atual de licenciamento ambiental de atividades rurais é ineficaz e
de impossível cumprimento, o setor agropecuário deverá participar ativamente na revisão das
resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que tratam da matéria. O objetivo
é adequá-las aos princípios da Lei Complementar 140/2011 (competências ambientais), bem
como aos demais mecanismos da Política Nacional do Meio Ambiente, os quais são mais eficazes do que o licenciamento pontual e individual de milhões de propriedades rurais.
Política nacional do cerrado
O setor continuará participando ativamente do debate sobre a regulamentação do uso sustentável dos biomas brasileiros, respeitando suas particularidades e potencialidades, considerando-se os aspectos ambiental, social e econômico. A discussão acerca dos projetos de lei,
visando estabelecer uma política de desenvolvimento sustentável do Cerrado, exigirá esforços
no sentido de evitar que não haja novos atropelos e retrocessos ao processo que culminou na
aprovação do atual Código Florestal.
Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei 214/2012, que institui a Política de Desenvolvimento
Sustentável do Cerrado, que propõe restrições maiores do que as previstas no novo Código
Florestal, inviabilizando a ocupação de potenciais áreas para agricultura e pecuária no país.
10 . m e i o a m B i e n t e
47
No intuito de contribuir para a construção de um texto que concilie produção e preservação,
a CNA propôs um texto equilibrado, que garante a sustentabilidade econômica, ambiental e
social para o bioma.
recursos hídricos e irrigação
Dada a meta de dobrar a área irrigada no Brasil até 2020, questões como a preservação natural
e artificial de água para irrigação e o licenciamento ambiental e outorga para o uso da água
deverão ser urgentemente discutidas e adequadas para se atingir este objetivo, garantindo a
segurança alimentar.
Estes assuntos deverão ser pautados com base no novo Código Florestal, na Lei Complementar 140/2011, que trata das competências ambientais, e na nova Política Nacional de
Irrigação (Lei 12.787/2013). Desta forma, com vistas à adequação dos mecanismos de acesso
aos recursos hídricos, deve haver uma articulação entre os entes públicos para uniformização
da outorga no sentido de desburocratizar procedimentos onerosos e desnecessários, além
de rever a legislação e normas específicas para transformar em produção a água que se perde
para o oceano.
No que se refere à pegada hídrica, o setor terá como desafio promover estudos e pesquisas
para obtenção de dados e informações de acordo com a realidade da agropecuária do Brasil,
para identificar, quantificar e qualificar a pegada hídrica no sentido de otimizar o uso da água
na produção de alimentos.
Dada a relevância dos recursos hídricos na meta brasileira de dobrar a área irrigada até 2020, o
ano de 2013 foi de grandes avanços na legislação, assim como na organização do setor em prol
destas mudanças. Internamente, a reativação da Subcomissão Nacional dos Recursos Hídricos
congregou o setor e associações de irrigantes, sob a liderança da CNA.
Plano estratégico para a Biodiversidade 2011-2020
Na 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), foram adotadas as Metas de Aichi de Biodiversidade e o Plano Estratégico para Biodiversidade 2011-2020.
Assim, será necessária ampla discussão sobre a definição dos termos usados no conjunto de
metas nacionais de biodiversidade para 2020, em particular o conceito de “incentivos que possam afetar a biodiversidade”.
Também será preciso, do ponto de vista legal, a apreciação e deliberação, pelo Congresso
Nacional, das Metas de Aichi, para dar prosseguimento ao processo de implementação
destas metas.
48
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
As metas brasileiras de biodiversidade foram discutidas e aprovadas em várias reuniões da
Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). O texto base apresentado foi bem trabalhado
pelo setor produtivo, tornando-o muito menos impactante e prejudicial à produção de alimentos e ao setor florestal. Juntamente com o texto, foram aprovadas as ressalvas ao texto, o que
exigirá discussões assessórias, dentre elas a definição de “subsídios perversos”.
avanços na nova legislação ambiental
Em 2013, foram realizadas reuniões e negociações com o governo para discutir a implementação da Lei 12.651/2012, o novo Código Florestal, especialmente no que se refere ao Programa
de Regularização Ambiental (PRA) e ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).
10 . m e i o a m B i e n t e
49
11. traBalho
e PrevidÊncia
ProPoSta Para reGulamentar
terceiriZaçÃo dará SeGurança
JurÍdica ao Setor
Uma das prioridades para 2014 é a regulamentação da terceirização, a partir da aprovação do
Projeto de Lei 4.330/04. A matéria prevê, entre outros pontos, a equiparação de benefícios
entre trabalhadores terceirizados e efetivados, tanto no setor público quanto na iniciativa privada, com o objetivo de promover a segurança jurídica e dar mais competitividade ao setor
produtivo.
A proposta encontra-se favorável ao setor rural, tendo em vista que será possível a terceirização
por meio de pessoa física, inclusive na atividade-fim, o que poderá proporcionar crescimento da
produção e, consequentemente, a expansão da atividade agropecuária.
Outro tema da pauta de debates para o próximo ano é o trabalho escravo, que será o foco central das discussões da Conferência 2014 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
terá como objetivo a criação de um documento com maiores orientações aos países membros
da OIT sobre as convenções 29 e 1051, que tratam do assunto.
No Congresso Nacional, os debates estarão em torno da Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) 57-A, e do Projeto de Lei do Senado (PLS) 432/2013, que regulamenta a PEC. O trabalho
consiste em restringir o conceito de trabalho escravo de forma a diferenciar a questão da expropriação da terra do crime previsto na Lei Penal.
Paralelamente, a reforma do artigo 149 do Código Penal, a fim de suprimir os termos “jornada
exaustiva” e “condições degradantes de trabalho”, será outra prioridade do setor, pois da
forma que se encontra – sem a regulamentação –, mesmo com os avanços em relação à PEC,
existirão casos onde a terra não será expropriada, mas o proprietário responderá por crime
de escravidão.
1 Disponível em: <http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/portal_do_mpt/comunicacao/noticias/conteudo_noticia/!ut/p/c4/04_
SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hH92BPJydDRwN_E3cjA88QU1N3L7OgMC93I_2CbEdFAAovLRY!/?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/mpt/portal+do+mpt/comunicacao/noticias/mpt+contribuira+na+edicao+de+protocolo+da+conferencia+2014+da+oit> Acesso em: 25 nov 2013.
11 . t r a B a l h o e P r e v i d Ê n c i a
51
Pretende-se, também, atuar fortemente junto ao Poder Executivo visando à alteração da Portaria nº 1.510, do Ministério do Trabalho e Emprego, que instituiu o ponto eletrônico. A norma
atual é prejudicial ao setor agrícola, uma vez que trata de sistema restrito e limitado, que não
admite outros meios de controle de jornada.
Desta maneira, pretende-se flexibilizar as formas de controle da jornada eletrônica, trazendo alternativas que poderão ser inseridas no meio rural, quando observados os princípios previstos na Portaria 836/13, quais sejam: segurança dos dados registrados, acesso
do trabalhador aos seus registros, acesso da fiscalização aos registros, registro do ponto
pelo próprio trabalhador e garantia de inexistência de mecanismos de registro automático de ponto.
Sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), o intuito é ampliar o benefício fiscal
para micro e pequenas empresas, o que culminará com a ampliação do programa e o aumento
de trabalhadores beneficiados. Apesar de inicialmente haver uma perda tributária direta do
estado, o mesmo será compensado com ganho tributário de forma indireta, com os gastos na
alimentação do trabalhador.
Com relação à Norma Regulamentadora (NR) 31, o foco será mantido na aprovação das propostas apresentadas pela bancada patronal, com mudanças e adequações ao texto acerca das
áreas de vivência dos trabalhadores no âmbito rural. E, por fim, tentar-se-á modificar as exigências sobre o não aproveitamento do vasilhame de agrotóxico para manipulação e aplicação do
mesmo produto.
agropecuária liderou geração de empregos em 2013
Em junho de 2013, foram gerados 123.836 empregos formais celetistas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o que significa um pequeno crescimento
em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram criados 120.440 empregos. No
primeiro semestre deste ano, foram gerados 826.168 postos de emprego formal, o que representa um aumento de 2,09% sobre o quantitativo do final do ano passado.
No balanço dos últimos 12 meses anteriores a junho de 2013, percebeu-se um crescimento de
2,58% na quantidade de empregos gerados, o que, em números absolutos, representa um aumento de cerca de um milhão de postos de trabalho.
O Brasil vem mantendo um crescimento constante e significativo na geração de empregos.
Entre janeiro 2011 e junho de 2013, o número de postos de trabalho aumentou 10,5%, quando
foram criados aproximadamente 4,4 milhões de empregos. Neste ano, o setor da agricultura
liderou a criação de postos de trabalho, criando 59.019 novos empregos, o que significou um
aumento de 3,65% em relação ao ano anterior.
O gráfico abaixo ilustra a quantidade de admissões e desligamentos ocorridos no mês de junho
dos últimos 10 anos:
52
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Brasil – Comportamento das Admissões e Desligamentos nos meses Junho 2003 a 2013,
segundo CAGED
2.000.000
1.761.817
1.800.000
1.623.079
1.600.000
1.492.051
1.356.345
1.400.000
1.089.948
1.080.412
1.019.941
894.412
800.000
699.084
2003
1.611.887 1.548.358
1.182.609
988.454
824.879
600.000
1.566.224
1.410.127
1.236.854
1.197.609
1.200.000
1.000.000
1.732.327 1.722.194
924.957
778.599
2004
2005
2006
2007
Admissões
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Desligamentos
Fonte: Ministério do Trabalho
Em 2013, as modificações inseridas por sugestão da CNA no texto inicial da PEC 57-A/1999, que
propõe alterações no art. 243 da Carta Magna, que visa à expropriação das terras onde seja encontrada exploração de trabalho escravo, beneficiou o setor ante a supressão da imediatidade
da expropriação, criando a exigência de processo expropriatório, garantindo a ampla defesa e
o contraditório. A matéria se encontra pronta para a pauta na Comissão de Constituição, Justiça
e Cidadania (CCJ).
Sobre o trabalho infantil, foi realizada em Brasília, no segundo semestre de 2013, a III Conferência Global sobre Trabalho Infantil, com a participação de representantes de governos de mais
de 154 países, organizações de empregadores e trabalhadores, juntamente com a OIT e setores
da sociedade civil, como as Organizações Não-Governamentais (ONG´s).
No evento, foi assinada a Declaração de Brasília sobre Trabalho Infantil, que mantém as ações
com objetivo de erradicar o trabalho infantil, principalmente em suas piores formas, até 2016.
Em relação ao ponto eletrônico, houve pouco avanço, pois não se tem até o momento alteração
da portaria 1.510, do MTE, que dificulta a utilização do ponto eletônico pelo setor agrícola. Foi
instituído Grupo de Trabalho Tripartite, mediante a Portaria Ministerial nº 836/13, para estudar
outras formas de controle da jornada eletrônica, trazendo alternativas que poderão ser inseridas no meio rural, quando observados os princípios previstos na Portaria.
Acerca do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), foi implantado estudo do DIEESE
para melhora e ampliação de benefícios. O estudo tem como foco acrescer ao programa micro
e pequenas empresas, o que beneficiará milhões de empregados com remuneração mensal
entre um e cinco salário mínimos.
11 . t r a B a l h o e P r e v i d Ê n c i a
53
No âmbito previdenciário, houve avanços com a sanção da Lei nº 12.783/2013 que ampliou o
direito dos segurados especiais. Conforme os quadros abaixo, o número de benefícios concedidos na agropecuária manteve-se estável no último ano, atingindo mais de 90 mil segurados da
previdência social, em setembro, com valor aproximado de um salário mínimo2.
Quantidade de benefícios concedidos – 2012/2013 (em mil)
329
329
365
365
324
324
266
266
311
392
356
294
364
392
356
364
333
351
333
351
377
380
377
380
311
294
72
69
86
97
94
86
95
95
91
97
94
86
95
95
91
90
96
90
90
96
90
72
72
69
86
Set/2012
Out
Nov
Dez
Jan/2013
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Set/2012
Out
Nov
Dez
Jan/2013
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
72
Urbana
Urbana
Rural
Rural
Valor de benefícios concedidos – 2012/2013 (em mil)
376,614
361,300
336,088
312,290 376,614
361,300 321,033
336,088
266,343
325,260
321,033
312,290
266,343
325,260
415,384
415,384
401,695 403,697
357,208 372,612 401,695 403,697
385,665
357,208 372,612
385,665
55,978 59,902 56,117 45,102 48,347 46,780 58,480 65,626 63,733 58,267 64,452 64,125 61,605
55,978 59,902 56,117 45,102 48,347 46,780 58,480 65,626 63,733 58,267 64,452 64,125 61,605
Set/2012
Out
Nov
Dez
Jan/2013
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Set/2012
Out
Nov
Dez
Jan/2013
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Urbana
Urbana
2
Rural
Rural
Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2013/05/Beps092013_ final.pdf>. Acesso em 14 nov 2013.
54
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
12. cereaiS, fiBraS
e oleaGinoSaS
1. alGodÃo
PerSPectiva 2014
área plantada deve voltar a crescer
Em razão dos bons preços da pluma no mercado interno e das perspectivas futuras, estima-se
que a cultura do algodão recupere áreas cedidas na safra passada para a soja e milho, principalmente nas principais regiões produtoras do Mato Grosso e oeste da Bahia.
Apesar de apresentar rentabilidade percentual menor que a cultura da soja, os valores nominais de
ganho da cultura do algodão são maiores que os da oleaginosa. Em relação ao milho, o resultado
financeiro do algodão é mais vantajoso tanto em relação à safra quanto na comparação com a safrinha.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso deve se manter
como o principal produtor de algodão do Brasil, com mais de 50% da produção, seguido pela
Bahia, responsável por mais de 30% da safra.
Tabela 1 – Suprimento Brasileiro de Algodão em Pluma, Safra 2009/10 a 2013/14;
discriminaçÃo
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
– – – – – mil toneladas – – – – –
Estoques Iniciais
394,2
76,0
521,7
500,7
387,0
Produção
1.194,1
1.959,8
1.893,3
1.303,3
1.626,3
39,2
144,2
3,5
30,0
30,0
1.039,0
900,00
865,0
887,0
920,0
Exportação
512,5
758,3
1.052,8
560,0
540,0
Estoques Finais
76,00
521,7
500,7
387,0
583,3
5%
31%
26%
27%
39%
Importação
Consumo
Relação Est/Cons.
Fonte: Conab
Em Mato Grosso, a área plantada com algodão deve crescer entre 20% e 25%. No oeste da
Bahia, a área deve evoluir entre 15% e 20% em relação à safra passada. Se mantidos os níveis de
produtividade das ultimas safras, espera-se um crescimento da produção brasileira de algodão,
na safra 2013/14, de 22% a 28%, de acordo com dados da Conab. Estima-se ganho de área também em Goiás e Mato Grosso do Sul.
56
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Além das incertezas do mercado, o custo de produção das lavouras brasileiras de algodão na
safra 2013/14 poderão se tornar outra grande preocupação para o produtor. De acordo com
o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (IMEA), as previsões apontam, para a safra
2013/2014, um custo total médio 13% maior em relação à safra passada. A comparação foi feita
levando em consideração os levantamentos dos custos de produção mensais obtidos nos meses de outubro de 2012 e 2013.
Dentre os fatores que devem contribuir para este aumento, destacam-se a elevação dos preços
de sementes e defensivos agrícolas. No caso das sementes, o preço pago por hectare passou
de R$ 69,36, na safra 2012/13, para R$ 304, na safra 2013/14. A alta foi causada pela escassez de
sementes no mercado e pela utilização de novas cultivares com novas tecnologias, que além de
terem preços mais elevados, possuem royalties referentes a diferentes eventos transgênicos.
É importante relatar que o preço da pluma no mercado interno e, consequentemente, a rentabilidade das lavouras nas diferentes regiões produtoras, dependerão muito do comportamento
do mercado internacional do algodão. Segundo o Conselho Consultivo Internacional do Algodão
(ICAC, sigla em inglês), a previsão para a safra mundial 2013/2014 é de um aumento no consumo
em torno de 2,3%, e uma redução da produção de aproximadamente 4%. Contudo, o ICAC
estima crescimento dos estoques finais, que devem se aproximar das 20 milhões de toneladas.
Apesar de elevados, uma vez que correspondem a mais de 80% da demanda mundial, a expectativa é de bons patamares de preço, semelhantes aos praticados em 2013.
Tais expectativas são baseadas nas políticas de formação de estoque da China, que atualmente detém cerca de 60% de todas as reservas mundiais. Porém, fica claro que a conjuntura
do mercado mundial de algodão, de boas cotações, dependerá do país asiático. Projeções
apontam para alterações na postura desta política em 2014, principalmente por causa da
maior preocupação com a qualidade da pluma. Se as previsões se confirmarem, podemos
observar uma diminuição do ritmo de compras do governo chinês, o que pode trazer certa
preocupação ao mercado.
O mercado deve se balizar também na safra americana de algodão, uma vez que os Estados
Unidos, junto com a China, são os principais produtores mundiais da fibra. Ocorrendo qualquer
problema com as lavouras americanas, que resulte em perdas produtivas, este será mais um
fundamento de alta para o mercado mundial de algodão.
Balanço 2013
Preços reagem com recuperação do consumo e queda da produção
Depois da baixa dos preços mundiais em 2012, esperava-se para 2013 o mesmo comportamento, pois os estoques iniciais da safra 2012/13 apresentavam crescimento de aproximadamente
60% em relação à safra anterior. Foi com esta expectativa que a safra mundial de algodão registrou recuo de 5% frente ao último ano agrícola, de acordo com o ICAC.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
57
O mesmo cenário de queda na produção foi observado na safra brasileira de algodão em
2012/13, com retração de 31%, reflexo de uma significativa redução de área, com perda de
espaço para o milho e soja, além de problemas climáticos e fitossanitários, que reduziram a
produtividade no campo.
Entretanto, a recuperação do consumo mundial, a redução da produção e a política de elevação dos estoques chineses impediram que os prognósticos iniciais de baixa dos preços se
confirmassem neste ano. Na safra 2012/13, a China formou seus estoques públicos com mais
de 50% de todas as reservas mundiais de algodão, ou seja, retirou do mercado a metade dos
estoques globais.
Somente no fim deste ano que o preço da pluma apresentou um recuo mais pronunciado na
bolsa de Nova Iorque, resultado do avanço da colheita no hemisfério norte e incertezas frente
às políticas chinesas.
No Brasil, esta redução pouco afetou os preços internos, uma vez que o câmbio apresentou
elevação no mesmo período de redução dos patamares de preço do algodão no mercado
mundial. No entanto, a elevação dos preços da fibra foi acompanhada pelo avanço do custo de
produção das lavouras brasileiras na safra 2012/13. De acordo com o IMEA, o custo médio total
das lavouras de algodão em Mato Grosso, na safra 2012/13, teve alta de aproximadamente 5% em
relação à safra passada. A comparação foi feita levando em consideração os levantamentos de
custos de produção mensais obtidos nos meses de outubro do ano de 2011 e 2012.
Gráfico 1 – Evolução do preço da pluma de algodão m Campo Verde – MT
68,27
70,00
65,98
65,00
66,70
R$/@
60,00
55,00
57,67
52,65
51,68
53,91
50,00
49,79
45,00
40,00
48,61
46,77
Jan/12 Mar/12 Mai/12 Jul/12 Set/12 Nov/12 Jan/13 Mar/13 Mai/13 Jul/13 Set/13
Fonte: Cepea/CNA
58
61,01
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
2. arroZ
PerSPectiva 2014
Preços estáveis, apesar do aumento de oferta
O comportamento do arroz na safra 2013/14 deve ser praticamente igual ao registrado no período 2012/13, ou seja, uma relação de oferta e demanda bastante ajustada. Com produção
3% maior e um consumo semelhante ao da safra passada, espera-se a manutenção de preços
para este mercado. Porém, esta perspectiva dependerá muito das exportações nacionais.
A estimativa de avanço da produção tem como base o ganho de área e de produtividade das
lavouras brasileiras. Na avaliação da Conab, a produtividade brasileira deverá ser 3% maior do
que na safra passada.
Tabela 2 – Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de arroz – Safra 2009/10 a 2013/14
discriminaçÃo
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
– – – – – mil toneladas – – – – –
Estoques Iniciais
2.531,5
2.457,3
2.569,5
2.125,3
1.971,9
Produção
11.660,9
13.613,1
11.599,5
11.746,6
12.151,5
Importação
1.044,8
825,4
1.068,0
1.000,0
1.000,0
Consumo
12.152,5
12.236,7
11.656,5
12.000,00
12.000,0
627,4
2.089,6
1.455,2
900,00
1.000,0
2.457,3
2.569,5
2.125,3
1.971,9
2.123,4
19%
18%
16%
15%
16%
Exportação
Estoques Finais
Relação Est/Cons.
Fonte: Conab
O Rio Grande do Sul, principal produtor, deve registrar produção 4% superior em relação à safra
2012/13, totalizando mais de 8,2 milhões de toneladas, o que corresponde a 70% da produção
nacional prevista para esta safra.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
59
O fator estoque também favorece o mercado de arroz na safra 2013/14. Com reservas iniciais
reduzidas, o governo terá menos capacidade para intervir neste mercado. Do lado do setor
privado, os baixos estoques devem proporcionar uma postura mais agressiva da parte compradora, favorecendo ainda mais as elevações do mercado.
É importante ressaltar que o governo brasileiro definiu o valor de R$ 34,50 por saca de 50 quilos
como gatilho para entrar no mercado, ou seja, se a cotação do cereal ultrapassar este valor, a
Conab iniciará a venda de seus estoques. Porém, com os estoques comprometidos, dificilmente
este valor se manterá como teto do preço do arroz no Brasil.
Ademais, se o mercado brasileiro de arroz repetir o bom desempenho das exportações dos
últimos anos, o preço do arroz poderá atingir novo pico. No entanto, este comportamento dependerá muito do mercado internacional, tanto no Mercosul quanto nos países considerados
como os principais players mundiais.
As expectativas em relação aos países do Mercosul apontam para uma conjuntura semelhante
à brasileira, com redução dos estoques iniciais e crescimento modesto da produção. Desta
forma, as exportações e as importações de fora do bloco sul-americano nortearão o cenário.
Dentro do panorama mundial, há previsão de safra cheia nos principais países exportadores.
A Tailândia deve continuar sua política de crescimento dos estoques, aliviando a pressão de
oferta do mercado. Por outro lado, tanto este país como a Índia devem manter o mesmo bom
desempenho nas vendas externas observado em anos anteriores. Assim, a tendência é de manutenção dos atuais níveis de preço no mercado mundial de arroz.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês),
a China deve elevar suas importações de arroz em aproximadamente 10%, o que reforma o
cenário de permanência das atuais cotações no mercado mundial.
Pelo exposto, o mercado brasileiro de arroz apresenta quadro bastante promissor em 2014.
Com um mercado internacional que não deve reduzir seus patamares de preços e uma conjuntura interna de oferta e demanda bastante justa, espera-se uma curva de preço estável.
Possíveis altas podem ocorrer, mas este movimento dependerá da performance das exportações nacionais.
Balanço 2013
Queda dos estoques e alta dos custos de produção
Após as altas registradas em 2012, este ano foi caracterizado pela acomodação dos
valores pagos pelo arroz nas diferentes regiões produtoras do país. No entanto, permaneceram acima da média histórica, bem superior ao preço mínimo estabelecido pelo
governo federal.
60
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Gráfico 2 – Evolução do preço do arroz em Uruguaiana (RS)
41,00
39,14
39,00
36,72
R$/Sc de 50 Kg
37,00
33,73
35,00
33,01
33,00
32,77
31,00
29,00
33,59
29,50
31,30
27,39
27,00
26,95
25,00
Jan/12 Mar/12 Mai/12 Jul/12 Set/12 Nov/12 Jan/13 Mar/13 Mai/13 Jul/13
Set/13
Fonte: Cepea/CNA
Dentre os fatores que levaram à formação do pico de preço no ano passado, assim como
a manutenção dos bons patamares em 2013, destaca-se a política intervencionista do governo tailandês, um dos principais exportadores mundiais do produto. Porém, o principal
fator foi a redução dos estoques brasileiros causados pela queda na produção no Brasil,
Uruguai e Argentina em 2012 (estes últimos são os principais exportadores de arroz para o
Brasil), e pelo bom volume exportado pelo país nas três ultimas safras (2010/2011, 2011/2012
e 2012/2013).
De acordo com a Conab, o Brasil colheu 11,74 milhões de toneladas na safra 2012/2013. Este
volume representa crescimento de 1,3% em relação à safra anterior. Entretanto, é 13% inferior à
produção da safra 2010/2011, fato atribuído à migração para a cultura da soja no período, que
passou a apresentar melhor rentabilidade.
O custo total de produção de arroz na safra 2012/13, de modo geral, subiu na comparação com
a safra 2011/12. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea) e da CNA, tendo como base a lavoura irrigada no município de Uruguaiana (RS), o custo
de produção aumentou 9%. Dentre os fatores que mais contribuíram para esta alta, destacamse os gastos com sementes e fertilizantes, que valorizaram 12% no ano.
Contudo, o fato mais importante do mercado brasileiro de arroz da safra 2012/13 foi a
redução de seus estoques. Segundo a Conab, o biênio 2012/13 finalizou com um estoque de passagem de 1,9 milhões de toneladas, 10% a menos que seus estoques iniciais.
A queda ocorreu tanto em relação aos estoques públicos quanto na comparação com os
estoques privados.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
61
3. feiJÃo
PerSPectiva 2014
Produção deve crescer até 29%
O ponto de partida para a conjuntura no mercado do feijão em 2014 tem como base o comportamento do preço do grão no fim deste ano. Se mantida a perspectiva atual de elevação de
preços para o feijão preto, podemos esperar uma expansão de área destinada a esta cultura na
primeira safra de feijão no ano que vem.
Seguindo esta premissa, a estimativa é de crescimento da área plantada entre 4% e 8%, na
comparação com a safra passada. Se não ocorrerem problemas climáticos, podemos aguardar
aumento de produção de 25% a 29%. Grande parte deste crescimento deve ser atribuída ao
cultivo de feijão preto.
Assim, fica claro que estes resultados de elevação da área plantada com feijão poderiam ser
maiores se parte da área cultivada deste grão na primeira safra, principalmente do feijão carioquinha, não tivesse sido destinada ao plantio de soja.
Gráfico 3 – Evolução do preço do feijão carioca em Unaí (MG) e do feijão preto em
Prudentópolis (PR)
240,00
223,61
220,00
204,33
200,00
186,63
R$/Sc
180,00
166,63
160,00
201,38
172,33
166,69
140,32
140,00
120,00
115,63
100,00 92,40
136,90 116,90
122,50
135,26
139,09
138,91
104,94
ja
n/
1
fe 2
v/
1
m 2
ar
/1
ab 2
r/
1
m 2
ai
/1
ju 2
n/
1
ju 2
l/1
ag 2
o/
1
se 2
t/
1
ou 2
t/
1
no 2
v/
1
de 2
z/
1
ja 2
n/
1
fe 3
v/
1
m 3
ar
/1
ab 3
r/
1
m 3
ai
/1
ju 3
n/
1
ju 3
l/1
ag 3
o/
1
se 3
t/
1
ou 3
t/
13
80,00
110,67
174,52
148,24
Carioca
Preto
Fonte: CEPEA/CNA
Ainda no que diz respeito à área destinada ao feijão, estima-se que grande parte do crescimento se deve ao avanço da cultura no Paraná. Segundo estimativas da Conab, a área plantada
neste estado deverá aumentar entre 8 e 11%, se comparada com a safra passada.
62
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Em relação à segunda safra, apesar de não haver estimativas oficiais, a previsão é de avanço da
área plantada. O fato se deve aos baixos preços do principal concorrente do feijão nesta época,
o milho, que deve ceder área para a leguminosa após a colheita da safra de verão. Apesar de
ainda ser prematura qualquer avaliação para a terceira safra, é possível projetar uma colheita
10% maior do que na safra passada.
Tabela 3 – Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de feijão, Safra 2009/10 a 2013/14
discriminaçÃo
Estoques Iniciais
Produção
Importação
Consumo
Exportação
Estoques Finais
Relação Est/Cons.
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
– – – – – mil toneladas – – – – –
317,7
366,9
686,4
373,8
155,8
3.322,5
3.732,8
2.918,4
2.832,0
3.229,5
181,2
207,1
312,3
400,0
320,0
3.450,0
3.600,0
3.500,0
3.400,0
3.450,0
4,5
20,4
43,3
50,0
50,0
366,9
686,4
373,8
155,8
205,3
11%
19%
11%
5%
6%
Fonte: CONAB
Se confirmados os resultados para a produção, pode-se esperar uma redução nas importações
de feijão, a primeira após quatro safras seguidas de crescimento das compras externas do grão.
Vale ressaltar alguns pontos que também podem influenciar na produção de feijão na safra
2013/2014. Se o clima permitir, a produção no nordeste brasileiro, que registrou queda de
área plantada na safra 2012/13 devido à seca, principalmente na segunda safra, poderá ter
uma produção acima do esperado.
Outro ponto que pode influenciar a produção é o vazio sanitário desta cultura, implantado em
Minas Gerais e no Distrito Federal, podendo ocorrer também em Goiás. Esta medida legislativa
pode impactar na oferta de feijão na terceira safra, pressionando o mercado no fim de 2014.
Em relação aos preços para o próximo ano, mesmo com a difícil previsibilidade deste mercado,
dificilmente ocorrerão significativas reduções nos patamares de preços. Os pequenos estoques,
e o aperto entre oferta e demanda, devem sustentar este mercado na safra 2013/2014. Porém, é
possível esperar preços menores entre os meses de março e julho, onde a oferta da primeira e
segunda safra entra no mercado.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
63
Balanço 2013
Preços do feijão carioca começam em alta, mas perdem força no segundo semestre
O comportamento do feijão carioca em 2013 foi marcado por dois períodos distintos. O primeiro
momento, que vai de janeiro a junho, foi balizado pela elevação dos preços nas diferentes regiões,
resultado de um mercado com baixa oferta. Já no segundo momento, a tendência de alta dos preços perdeu força, uma vez que a segunda safra de feijão passou a ser ofertada no mercado.
Este movimento não ocorreu no mercado de feijão preto, uma vez que a oferta reduzida deste
produto não permitiu acomodações de preço. Vale ressaltar que, de acordo com a Conab, 70%
da produção brasileira de feijão correspondem a feijão comum cores (carioca, dentre outros),
sendo os 30% restantes distribuídos entre feijão preto e caupi.
Na safra 2012/13, o feijão teve a menor área plantada já dedicada a esta cultura no país, resultado
da perda de espaço para outras atividades agrícolas concorrentes, tanto em área de sequeiro com
nas áreas irrigadas. Com isso, a queda na produção ocorreu de forma significativa, sendo a menor
dos últimos 15 anos.
As reduções de área ocorreram tanto na primeira quanto na segunda safra. Além disso, intempéries climáticas prejudicaram a produtividade das lavouras na safra de verão, o que comprometeu a produção no primeiro semestre de 2013. Porém, a segunda safra apresentou elevação
no seu rendimento, mitigando os efeitos da quebra da primeira safra.
No entanto a consolidação da produção começou a ocorrer no final de 2013 com a produção
da terceira safra. De acordo com a Conab, a área plantada e a produtividade evoluíram 9,6%
e 12,2%, respectivamente, se comparada com a terceira safra anterior. Desta forma, a terceira
safra foi 22,9% maior que a safra passada, reduzindo a pressão de demanda neste mercado.
Por fim, é importante ressaltar que, como resultado deste cenário desfavorável na produção,
houve aumento das importações de feijão e redução dos estoques. O Brasil importou em torno
de 400 mil toneladas de feijão na safra 2012/2013. Mesmo com estas importações, a safra terminou com os estoques finais mais baixos da sua história, de 156 mil toneladas.
4. milho
PerSPectiva 2014
excesso de oferta e queda na produção
A safra 2013/2014 deve ser significativamente menor do que a safra passada. A previsão da Conab
é de uma produção de 78,5 milhões de toneladas, três milhões de toneladas a menos que no
64
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
último ano agrícola. O volume pode cair ainda mais, uma vez que a produção na safrinha (segunda
safra) também pode ser inferior à da safra passada.
Tabela 4 – Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de milho, Safra 2009/2010 a
2013/2014
discriminaçÃo
Estoques Iniciais
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
2013/14
– – – – – mil toneladas – – – – –
7.112,8
5.589,1
5.963,0
5.514,2
13.696,0
56.018,1
57.406,9
72.979,5
81.344,4
78.480,4
391,9
764,4
774,0
600,0
300,0
Consumo
46.967,6
48.485,5
51.888,6
52.762,6
53.817,9
Exportação
10.966,1
9.311,9
22.313,7
21.000,0
18.000,0
Estoques Finais
5.589,1
5.963,0
5.514,2
13.696,0
20.658,6
10%
10%
7%
19%
29%
Produção
Importação
Relação Est/Cons.
Fonte: CONAB
Para a safra de verão, as estimativas da Conab apontam para uma redução de área entre 3% e
6,5%. Mantida a produtividade da safra passada, a previsão é de queda de até 2,5 milhões de
toneladas na primeira safra do cereal.
Somando a esta produção os elevados estoques herdados da safra passada, deve haver suprimento recorde de milho no próximo ano em mais de 90 milhões de toneladas. Mesmo se o país
registrar bom desempenho das exportações, a projeção é de um grande excedente do cereal
em todo o ano de 2014.
No mercado mundial, o cenário não deve ser diferente. Com uma safra cheia no hemisfério norte, principalmente nos Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia, o mercado no hemisfério sul
já inicia 2014 pressionado. A colheita elevada na Argentina, Brasil e África do Sul deve colaborar
ainda mais para uma elevada produção mundial na safra 2013/2014. De acordo com o USDA, a
produção mundial deverá ser recorde, chegando a 962 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais totalizar 164 milhões de toneladas, o maior dos últimos 13 anos.
Com os mercados interno e externo amplamente ofertados e se não houver problemas climáticos
ou econômicos, dificilmente poderá ocorrer elevação de preço no mercado de milho em 2014.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
65
Para as diferentes regiões produtoras brasileiras, espera-se que o preço mínimo estabelecido
continue sendo um balizador, uma vez que o governo federal tem se mostrado bem ativo no
mercado, auxiliando o escoamento da produção. Cabe, ainda, destacar a necessidade de recomposição de seus estoques internos para atender a algumas regiões do nordeste brasileiro.
Como pontos positivos para o mercado brasileiro, temos o câmbio, que pode continuar auxiliando os preços interno, e o acordo firmado entre Brasil e China para as exportações de milho
brasileiro. De acordo com o USDA, a China deve importar em torno de 7 milhões de toneladas
de milho na safra 2013/2014.
Por outro lado, o custo de produção da safra pode ser um ponto preocupante da safra atual.
Os aumentos dos gastos com inseticidas para o controle da lagarta Helicoverpa armigera podem elevar o custo de produção, tanto da safra como da safrinha, reduzindo ainda mais a
rentabilidade do produto.
Pelo exposto, o mercado de milho para 2014 se mostra bastante preocupante, uma vez que as
perspectivas econômicas no cenário mundial e interno são bastante pessimistas. Desta forma,
espera-se uma produção brasileira menor em 2014, que não deve refletir em uma redução da
oferta total, já que os estoques iniciais da safra deverão ser bastante elevados.
Balanço 2013
Safra recorde derruba preços no mercado interno
Ao contrário de 2012, quando houve redução da oferta mundial e elevação das cotações, o ano
de 2013 registrou crescimento desta cultura em praticamente todo o mundo. No Brasil não foi
diferente. No período 2012/2013, a safra de milho foi recorde, com mais de 81 milhões de toneladas. No entanto, apesar dos bons volumes exportados (expectativa é que seja exportado
mais de 21 milhões de toneladas de milho até janeiro de 2014, quando termina o ano agrícola
do milho), o mercado não conseguiu absorver toda esta produção.
Desta forma, espera-se para o fim da safra 2013/2014 o maior estoque de passagem da série
histórica do milho. A recuperação da produção mundial deste cereal contribuiu para o cenário
de queda dos preços do milho nas diferentes regiões produtoras do país.
A recuperação mundial de produção tem como destaque os Estados Unidos, Ucrânia e União
Europeia. Juntos, estes principais players devem colocar a mais no mercado 95 milhões de toneladas. Somente os americanos, maiores produtores mundiais de milho, devem colher um safra
recorde, de mais de 355 milhões de toneladas.
Desta forma, as reduções de preço no mercado de milho nas diferentes regiões produtoras chegaram a 35%, em média, sendo registrados valores de comercialização abaixo do preço mínimo
estabelecido pelo governo federal. As quedas só não foram maiores devido ao fator câmbio.
66
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Gráfico 4 – Evolução do preço do milho em Rio Verde-GO
31
29
27
25
23
21
19
17
ja
n/
1
fe 2
v/
1
m 2
ar
/1
ab 2
r/1
m 2
ai
/1
ju 2
n/
1
ju 2
l/1
ag 2
o/
1
se 2
t/1
ou 2
t/1
no 2
v/
1
de 2
z/
1
ja 2
n/
1
fe 3
v/
1
m 3
ar
/1
ab 3
r/1
m 3
ai
/1
ju 3
n/
1
ju 3
l/1
ag 3
o/
1
se 3
t/1
ou 3
t/1
3
15
Fonte: CEPEA/CNA
Com o preço do grão abaixo do mínimo, o governo federal realizou forte intervenção no mercado do milho em 2013. A Conab auxiliou no escoamento de aproximadamente nove milhões de
toneladas de milho através dos leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), além de
disponibilizar contratos de opção para mais dois milhões de toneladas do cereal. Porém, apesar
de aliviar a pressão de oferta e auxiliar a exportações de milho, as intervenções governamentais
não foram suficientes para modificar a tendência de baixa deste mercado.
Por fim, no ano de 2013, as dificuldades de infraestrutura e logística causaram problemas na
distribuição de milho no país, inviabilizando que o cereal produzido no Centro-Oeste brasileiro
alcançasse a região Sul, e principalmente o Nordeste Brasileiro.
5. SoJa
PerSPectiva 2014
Brasil pode se tornar maior produtor mundial
Para a safra 2013/2014, a estimativa é de uma área plantada recorde para a soja, devido às perspectivas econômicas desta cultura, aliadas a um cenário de baixa para o mercado do milho,
principal concorrente da oleaginosa por área. De acordo com a Conab, a área semeada com
soja pode chegar a aproximadamente 29 milhões de hectares em 2014, crescimento em torno
de 5% em relação à safra passada.
Se esta projeção se confirmar, é possível esperar uma produção de soja próxima a 90 milhões
de toneladas na próxima safra. Com isso, o Brasil deve se tornar o maior produtor mundial de soja.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
67
Espera-se um crescimento de área em todos os estados produtores, com destaque para Mato
Grosso, que pode englobar na sua produção entre 300 mil e 500 mil hectares.
Segundo estimativas da Conab, o consumo interno da oleaginosa poderá alcançar 40,5 milhões
de toneladas, evolução de 5% em relação à safra passada, e as exportações poderão atingir
45,8 milhões de toneladas, incremento de 8%.
Grande parte do volume exportado pelo Brasil em 2014 deve continuar tendo como destino a
China, uma vez que dificilmente outros países possuirão excedentes como o Brasil.
Em relação ao cenário mundial, o USDA estima uma produção de 283 milhões de toneladas,
crescimento de 15 milhões de toneladas na comparação com a safra passada. Esta alta se deve
às previsões de boas safras nos três principais países produtores: Brasil, Estados Unidos e Argentina. Juntos, estes países devem adicionar ao mercado mais de 16 milhões de toneladas.
Em contrapartida, o consumo da oleaginosa também deve apresentar alta na safra 2013/2014.
Para o USDA, o consumo mundial de soja deve registrar uma elevação de 10,5 milhões de toneladas, alcançando os patamares de 239,5 milhões de toneladas.
Esta demanda altamente aquecida deverá absorver todo o crescimento produtivo dos três principais países produtores na safra 2013/2014. Para o USDA, a China deve elevar seu consumo
interno em aproximadamente 3,5 milhões de toneladas, e suas importações em 9 milhões de
toneladas, em relação à safra passada.
Gráfico 5 – Evolução do consumo e das importações chinesas, Safra 2009/10 a 2013/14
75
70
Milhões de toneladas
65
60
55
50
45
40
35
30
2009/10
2010/11
2011/12
Consumo
Fonte: USDA
68
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
2012/13
Exportações
2013/14
A demanda chinesa é atualmente o principal indicador para estimativa dos atuais patamares de
preços no mercado da soja. Sendo assim, as estimativas de preço para 2014 apontam para um
cenário positivo de bons preços para esta oleaginosa.
No Brasil, como a formação do preço ocorre pela paridade de exportação, o cenário não é diferente, ou seja, espera-se preços remuneradores para a soja na safra 2013/2014, principalmente
se persistir o processo de valorização do dólar frente ao real.
Como ponto negativo da safra 2013/2014, é possível elencar o custo de produção e as dificuldades logísticas. Em relação ao custo de produção, a preocupação fica por conta dos aumentos
dos gastos com fungicidas e inseticidas, em razão principalmente dos problemas relacionados
à ferrugem da soja e a lagarta Helicoverpa armigera.
De acordo com o IMEA, comparando os custos de produção da safra 2012/2013 (com base na
estimativa de outubro de 2012) com os da safra 2013/2014 (com base na estimativa de outubro
de 2013), os gastos com defensivos em Mato Grosso devem crescer mais de 80%.
As dificuldades logísticas, por sua vez, preocupam também o setor e podem mais uma vez reduzir a rentabilidade do produtor. Com uma safra de soja e milho bastante elevada, e com ambas
as culturas destinadas às exportações, a tendência é de nova elevação no preço do transporte,
que deverá recair sobre o preço da soja nas diferentes regiões produtoras do país.
Balanço de 2013
venda antecipada chega a 60%
O mercado internacional da oleaginosa registrou acomodação dos preços, depois da grande
movimentação observada em 2012, quando a cotação da soja alcançou seu maior patamar na
Bolsa de Chicago (CBOT). Com a recuperação da produção no Brasil e na Argentina na safra
2012/2013, e com a colheita norte-americana cheia em 2013, o mercado se recuperou do período de escassez de oferta. Porém, mesmo diante desta conjuntura, a crescente demanda
chinesa e os baixos estoques americanos não permitiram uma redução maior do preço da soja
em Chicago.
No mercado interno, após o preço da soja alcançar valores acima de R$ 80 por saca de 60 quilos,
em algumas regiões produtoras, os patamares de preço acompanharam a tendência do mercado mundial e registraram seguidas reduções no primeiro semestre de 2013. Além da queda do
preço internacional da soja, a colheita da safra 2012/2013 favoreceu a redução do preço desta
oleaginosa no país.
Na safra passada, o Brasil colheu 81,5 milhões de toneladas. As exportações e o consumo interno
alcançaram, respectivamente, 42,5 milhões e 38,5 milhões de toneladas, respectivamente, permitindo estoques finais de apenas 1,24 milhão de toneladas, de acordo com dados da Conab.
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
69
No segundo semestre, foram justamente os apertados estoques nacionais que proporcionaram
o descolamento do preço interno da soja do comportamento de baixa observado no mercado
internacional, o que ocasionou elevações do preço do grão nas diferentes regiões produtoras
brasileiras. O câmbio também foi outro fator que contribuiu para a elevação do preço da oleaginosa no país.
De modo geral, apesar da queda dos preços da soja no período de colheita, esta cultura proporcionou uma boa rentabilidade ao produtor brasileiro em 2013. Tal resultado positivo ocorreu,
principalmente, devido ao alto índice de comercialização antecipada na safra 2013/2014.
Em janeiro de 2013, antes mesmo de iniciar a colheita da safra, mais de 60% da produção nacional de soja já havia sido comercializada. Grande parte dos produtores brasileiros aproveitou os
bons preços do fim de 2012 e fixaram sua produção através da venda antecipada com diferentes
tradings e/ou cooperativas.
6. triGo
PerSPectiva 2014
restrição de oferta mundial é uma boa oportunidade para o Brasil
A colheita na Argentina deve permitir que o trigo daquele país volte a fazer parte da pauta das
importações brasileiras em 2014. Assim, espera-se a retomada da Tarifa Externa Comum (TEC)
para a aquisição do cereal de fora do Mercosul, que foi zerada em 2013 em função da restrição
de oferta do trigo argentino.
No que diz respeito ao cenário mundial, a previsão é de continuidade do crescimento da demanda por trigo no próximo ano, principalmente em razão da recuperação econômica de importantes mercados consumidores. Vale salientar que o consumo de trigo é bastante pulverizado pelo mundo.
Apesar do crescimento da produção, a pressão do mercado consumidor dificilmente permitirá
a recuperação dos estoques mundiais. Neste cenário, os preços devem se firmes no mercado
mundial, assim como ocorreu em 2013.
Para o Mercosul, o mercado deve ficar mais ainda mais pressionado pela relação de oferta e demanda. Apesar de a Argentina aumentar a oferta de trigo em 15% (de acordo com o USDA), em
relação à safra passada, acredita-se que esta não será capaz de trazer tranquilidade ao mercado.
Diante de uma conjuntura de firmes preços no mercado internacional e uma perspectiva de
oferta insuficiente para atender a uma demanda crescente no bloco sul-americano, a produção
brasileira tem uma grande oportunidade para se expandir. Somando-se este cenário favorável
70
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
ao crescimento da produção brasileira, outro fator que pode contribuir para esta expansão é a
substituição de área plantada de milho pelo trigo, principalmente no Paraná.
Assim, a expectativa é de que a produção nacional evolua no próximo ano, reduzindo a dependência nacional pelo produto importado.
Balanço de 2013
Brasil importou sete milhões de toneladas para atender ao consumo interno
Segundo projeções do USDA, a produção mundial de trigo em 2013 alcançou 716 milhões de toneladas, 50 milhões de toneladas a mais que o total produzido no ano passado. A retomada da
expansão foi acompanhada pelo incremento no consumo mundial, que chegou a 703 milhões
de toneladas, crescimento de 3,5% em relação a 2012.
A recuperação da produção mundial trouxe mais tranquilidade ao mercado, favorecendo a acomodação dos preços. No mercado interno, contudo, a redução do preço do grão em 2013 foi
interrompida por uma nova alta a partir de junho, reflexo da quebra da produção na Argentina,
principal fornecedor de trigo para o Brasil, que colheu aproximadamente 40% a menos do que
no ano anterior.
Esta situação perdurou até o final de 2013, com a entrada da safra brasileira no mercado.
Além disso, outro fator que contribuiu para a redução do preço do trigo no país foi o crescimento
das importações de trigo dos Estados Unidos. Este dois fatores permitiram que a referência de
alta do mercado argentino fosse colocada em segundo plano.
Gráfico 6 – Evolução do consumo e das importações chinesas, Safra 2009/10 a 2013/14
400,00
1000,00
900,00
350,00
300,00
700,00
US$/t
R$/t
800,00
600,00
250,00
500,00
200,00
Maringá - PR
v/
13
no
3
/1
3
se
t
3
l/1
ju
3
/1
ai
m
ar
/1
m
13
n/
ja
12
v/
no
2
t/
1
se
2
l/1
ju
/1
2
ai
m
/1
2
ar
m
ja
n/
12
400,00
Argentina (FOB)
Fonte: USDA
12. cere ais, fiBr a s e ole aGinosa s
71
É importante salientar que, no fim de julho de 2013, a Argentina suspendeu as exportações de
trigo com a justificativa de impedir maiores altas do cereal no mercado interno. Este procedimento teve como base a queda na sua produção e a perspectiva de redução de área para o
próximo ano agrícola. Esta ação do governo argentino trouxe grande apreensão ao mercado
brasileiro, uma vez que o Brasil se encontrava em plena entressafra.
De acordo com a Conab, a safra brasileira de trigo em 2013 apresentou expansão de área de
aproximadamente 15% em relação à safra anterior. Como resultado deste crescimento, a produção deve atingir 4,8 milhões de toneladas, ampliação de 9,9% em relação à safra passada.
No entanto, a produção nacional poderia ter sido maior, uma vez que intempéries climáticas influenciaram a safra de trigo deste ano. Desta forma, o Brasil importou em torno de sete milhões
de toneladas para atender à demanda interna, pois o consumo nacional é de aproximadamente
11 milhões de toneladas.
72
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
13. Pecuária de corte
criador de Gado de corte encerra 2013 com
exPortaçÃo recorde aPeSar daS dificuldadeS
A Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE mostra que o rebanho bovino brasileiro diminuiu 0,72%
em 2012 e que a tendência de redução deve se manter este ano e em 2014, tendo em vista a situação desfavorável ao pecuarista, com preços em queda e aumentos nos custos de produção,
motivando um aumento do abate de matrizes do rebanho bovino brasileiro.
Levantamento em dez estados produtores, realizado pela CNA em parceria com o Cepea/Esalq,
revela que os custos de produção tiveram um aumento médio da ordem de 13,5% entre 2012
e outubro deste ano, o que significa que a atividade de bovinocultura de corte vem perdendo
rentabilidade, uma vez que as receitas da pecuária não acompanharam o indicador de custos.
Apesar das dificuldades, no entanto, as perspectivas para o criador de gado de corte no ano
que vem podem ser positivas. Os preços pagos pela arroba do boi gordo sinalizam para uma
possível recuperação, após dois anos seguidos de desempenho abaixo do esperado. A retração
do rebanho bovino e a expectativa de manutenção do câmbio em patamar favorável devem
manter a oferta em níveis controlados e continuar impulsionando as exportações de carne.
Além disso, fatores conjunturais, como a realização das eleições federais e estaduais e a realização
da copa do mundo no Brasil, também podem ajudar a aquecer a demanda interna, contribuindo
para o aumento dos preços dos animais para abate.
Gráfico 1 – Brasil – Preço do Boi Gordo e Abate de Fêmeas (%) – 1997 a 2013
36,7% 37,1%
34,5%
34,4%
120
113,24
108,84 108,40
108,39
110
Reais (R$)
100
96,32
97,67
103,67
86,94
105,26 106,12
90,56
30%
25%
15%
70
10%
60
5%
50
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
Ano
R$/Arroba (15 Kg p. carcaça)
Abate de fêmeas (%)
Fontes – Abates: IBGE; Preços: Esalq-USP; Preço deflacionados pelo IGP-DI – FGV.
* Preços médios até out/2013 e abates até jun/2013.
74
35%
20%
82,50
80
40
40%
109,94
112,51
104,66
101,16
90
36,2%
116,84 34,1%
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
0%
(%)
130
Este gráfico mostra a evolução da média do Indicador Esalq do boi gordo para o Estado de São
Paulo (em valores deflacionados pelo IGP-DI) e o percentual do abate de fêmeas em relação aos
abates bovinos totais. O valor médio do Indicador Esalq do boi gordo no período de janeiro a
outubro de 2013 foi de R$106,12, o que representa um aumento inferior a 1% em relação ao valor
médio do ano de 2012, que foi de R$105,30.
Como consequência dessa situação, houve um aumento do percentual do abate de fêmeas,
que subiu de 34,1% para 36,2% (valores até junho de 2013), indicando um desestímulo com a
atividade de cria. Caso os preços do boi gordo permaneçam no mesmo patamar de 2012 e 2013,
deve haver uma ampliação dos abates de fêmeas do rebanho bovino no ano que vem.
Outro fator que deve contribuir para manter firme a demanda de animais para abate são as exportações de carne bovina, que deverão continuar fortes, impulsionadas pela taxa de câmbio
favorável e pela perspectiva de recuperação gradual da economia mundial. A tendência de
recuperação da economia dos Estados Unidos e da União Europeia deve compensar a redução
no ritmo de crescimento da economia de países emergentes, especialmente da China.
Embora as expectativas com as exportações e a redução da oferta possam favorecer o cenário para
a pecuária brasileira em 2014, outros fatores poderão influenciar negativamente a renda dos pecuaristas. Por um lado, as baixas perspectivas de crescimento da economia brasileira e a inflação elevada poderão afetar o consumo interno, prejudicando a recuperação dos preços do boi gordo. Por
outro lado, os aumentos dos custos de produção devem continuar pressionando a rentabilidade do
setor, o que implica a necessidade de um bom planejamento de custos por parte dos pecuaristas.
Balanço 2013
recorde nas exportações de carne bovina em 2013
As exportações de carne bovina brasileiras encerrarão o ano de 2013 com receitas recordes de
aproximadamente US$ 6,4 bilhões. No período de janeiro a outubro de 2013, o Brasil exportou
US$ 5,455 bilhões em carne bovina in natura, industrializada e miudezas comestíveis de bovinos,
o que representou um crescimento de 14,82% em relação ao mesmo período de 2012.
Somadas às exportações de couros bovinos, que também devem alcançar um valor recorde, em
torno de US$ 2,4 bilhões, a bovinocultura de corte será responsável por receitas de exportações de aproximadamente US$ 9 bilhões em 2013, figurando como um dos principais segmentos
agroexportadores do País.
Em volume, as exportações brasileiras de carne bovina deverão alcançar aproximadamente 1,9 milhão
de toneladas (em equivalente carcaça), inferiores ao volume recorde alcançado em 2007, quando foram embarcadas 2,35 milhões de toneladas (em equivalente carcaça) ao exterior. De janeiro a outubro
de 2013, o volume exportado cresceu cerca de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior,
passando de 1,32 milhão de toneladas para 1,585 milhão de toneladas (em equivalente carcaça).
1 3 . P e c u á r i a d e co r t e
75
A Rússia continua sendo o principal destino das exportações da carne bovina brasileira. No período
de janeiro a outubro de 2013, a Rússia foi responsável por aquisições no valor de US$ 1,031 bilhão em
carne bovina in natura, o que representa 23,7% do total. Hong Kong é o segundo maior destino das
exportações de carne bovina do Brasil e o que apresentou o maior crescimento em 2013. De janeiro
a outubro, o país asiático comprou o equivalente a US$ 816,65 milhões de carne bovina in natura do
Brasil, o que representou um incremento de 146% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Conforme levantamento realizado pela CNA em parceria com o Cepea/Esalq, em 10 estados
produtores, que representam cerca de 80% do rebanho bovino brasileiro, os custos operacionais efetivos (COE) da bovinocultura de corte brasileira acumularam um aumento de 10% de
janeiro a outubro de 2013. Em contrapartida, os preços do boi gordo, medidos pelo Indicador
Esalq, acumularam um aumento de 13%, em média, o que representa uma melhoria nas relações entre receitas e despesas dos pecuaristas brasileiros em 2013. Contudo, essa melhoria
ocorreu principalmente devido ao aumento médio de 5,5% nos preços da arroba do boi gordo
ocorrida no mês de setembro de 2013.
Em 2013 o Brasil reconheceu mais sete estados e a parte centro-norte do Estado do Pará como
livres de febre aftosa com vacinação. Os estados que agora fazem parte da zona livre de febre
aftosa com vacinação são: Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí,
Maranhão, além da parte centro-norte do Estado do Pará. A nova zona livre de febre aftosa com
vacinação será submetida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) à
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para reconhecimento internacional.
Tabela 1 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina in natura – jan-out/2013
Janeiro a outuBro/2013
destino
valor foB
(us$
milhões)
Peso
lÍQuido
(mil ton.)
1.031,90
Hong Kong
816,65
Venezuela
Janeiro a outuBro/2012
P. médio
(us$/t)
valor foB
(us$
milhões)
Peso
lÍQuido
(mil ton.)
263,43
3.917
934,98
222,71
4.198
182,20
4.482
331,78
76,72
4.324
628,67
116,77
5.384
329,69
64,65
5.100
União Européia
435,74
58,92
7.396
375,40
44,84
Egito
391,20
112,77
3.469
448,77
Chile
320,03
61,33
5.218
Irã
161,97
35,58
Argélia
77,96
Israel
P. médio
(%)
valor
foB
10,37
18,28
-6,69
23,67
27,16
146,14
137,48
3,65
18,73
18,78
90,69
80,62
5,57
14,42
12,04
8.372
16,07
31,40
-11,66
9,99
6,07
111,39
4.029
-12,83
1,24
-13,90
8,97
11,63
305,91
52,98
5.774
4,62
15,77
-9,63
7,34
6,32
4.552
282,58
59,32
4.764
-42,68
-40,02
-4,44
3,71
3,67
18,07
4.314
48,24
9,59
5.033
61,60
88,53
-14,29
1,79
1,86
73,83
14,94
4.940
65,35
12,63
5.176
12,98
18,37
-4,55
1,69
1,54
Líbano
62,59
12,02
5.207
63,51
10,69
5.939
-1,44
12,42
-12,33
1,44
1,24
Outros
359,66
93,97
3.827
520,35
113,59
4.581
-30,88
-17,27
-16,45
8,25
9,69
TOTAL
4.360,21
970,01
4.495
3.706,56
779,11
4.757
17,64
24,50
-5,52
-
-
Fonte: SECEX/MDIC
Elaboração: Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte/ CNA
76
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
valor
(%)
ParticiPaçÃo
(%) 2013
Peso
(%)
Rússia
P. médio
(us$/t)
variaçÃo (2013/2012)
Peso
lÍQuido
Gráfico 2 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina in natura – jan-out/2013
8,2%
1,4%
1,7%
1,8%
23,7%
Rússia
Hong Kong
3,7%
Venezuela
7,3%
União Européia
Egito
Chile
Irã
9,0%
Argélia
Israel
18,7%
Líbano
Outros
10,0%
14,4%
Fonte: SECEX/MDIC
Tabela 2 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina Industrializada – jan-out/2013
Janeiro a outuBro/2013
destino
valor foB
(us$
milhões)
Peso
lÍQuido
(mil ton.)
P. médio
Janeiro a outuBro/2012
valor foB
(us$
milhões)
Peso
lÍQuido
(mil ton.)
variaçÃo (2013/2012)
P. médio
valor
(%)
ParticiPaçÃo
(%) 2013
Peso
(%)
P. médio
(%)
valor
foB
Peso
lÍQuido
União Européia
218,29
41,16
5.303
248,42
42,91
5.789
-12,13
-4,08
-8,39
42,40
47,44
Estados Unidos
193,10
19,98
9.666
154,34
14,44
10.686
25,12
38,32
-9,55
37,51
23,02
Canadá
10,76
2,11
5.110
11,65
2,18
5.345
-7,61
-3,37
-4,39
2,09
2,43
Egito
10,30
2,43
4.243
9,37
2,01
4.651
9,95
20,54
-8,78
2,00
2,80
Jamaica
9,00
2,00
4.501
13,97
3,14
4.447
-35,60
-36,38
1,21
1,75
2,30
Chile
8,34
1,31
6.374
12,78
2,15
5.937
-34,74
-39,21
7,36
1,62
1,51
Porto Rico
5,99
1,00
6.007
10,17
1,38
7.352
-41,13
-27,95
-18,30
1,16
1,15
Angola
4,80
1,38
3.465
2,73
0,83
3.266
76,00
65,88
6,10
0,93
1,60
Trinidad e Tobago
4,34
1,10
3.961
5,22
1,32
3.959
-16,80
-16,84
0,05
0,84
1,26
Gana
3,52
0,88
3.977
2,55
0,71
3.581
37,71
24,01
11,05
0,68
1,02
Outros
46,45
13,43
3.458
65,40
18,16
3.602
-28,98
-26,02
-4,00
9,02
15,48
TOTAL
514,88
86,78
5.933
536,59
89,25
6.012
-4,05
-2,77
-1,31
-
-
Fonte: SECEX/MDIC
Elaboração: Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte/ CNA
1 3 . P e c u á r i a d e co r t e
77
Gráfico 2 – Exportações Brasileiras de Carne Bovina Industrializada – jan-out/2013
0,8% 0,7%
0,9%
9,0%
Estados Unidos
1,2%
1,6%
1,7%
Canadá
Egito
2,0%
Jamaica
42,4%
2,1%
Chile
Porto Rico
União Européia
Angola
Trinidad e Tobago
!
37,5%
Fonte: SECEX/MDIC
78
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Gana
Outros
14. café
PerSPectiva 2014
excesso de oferta mundial de café deve seguir pressionando as cotações
em 2014
Maior produtor mundial de café, o Brasil deverá colher uma safra recorde em 2014, ano de
bienalidade alta. Considerando que a produção brasileira tem crescido a uma taxa média de 8% a.a.,
a expectativa é de que o país colha cerca de 53 milhões de sacas do grão no ano que vem.
Dando continuidade ao movimento de 2013, porém, o mercado de café deverá se manter pressionado em 2014, devido ao superávit entre oferta e demanda mundial.
Além disso, as grandes safras do Vietnã, segundo maior país produtor, e da Colômbia, maior
concorrente do Brasil na produção da variedade arábica, devem seguir pressionando o mercado.
Os altos níveis dos estoques brasileiros de café também são fundamentos que ajudam a derrubar as cotações do produto nos mercados. Esse aumento da estocagem, que deve se estender
por 2014, é resultado dos baixos preços de mercado que desestimulam as vendas por parte do
produtor, prejudicando a comercialização interna e dando força para novas desvalorizações.
Estima-se que o Brasil encerrará a temporada 2012/13 com estoques de 12 a 13 milhões de
sacas, o que corresponde a 25% da sua produção. Enquanto isso, os estoques certificados existentes nas bolsas de Nova York se mantêm praticamente estáveis, em torno de 3,1 milhões de
sacas, quantidade que representa, em média, 1 milhão de sacas acima do volume mantido nos
últimos 3 anos (Gráfico 1).
O aumento do uso de robusta nos blends é outro agravante para o cenário de preços. Com custos
de produção menores, as cotações do robusta ainda oferecem lucro aos cafeicultores desta espécie,
o que deve elevar ainda mais a oferta da espécie nos próximos anos, retardando o início da
recuperação dos preços do arábica.
Esse aquecimento da demanda pela variedade robusta pode ser observado pela redução dos
estoques certificados na bolsa de Londres, que em outubro de 2013 caíram para um nível historicamente baixo, de apenas 0,9 milhão de sacas.
80
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Gráfico 1. Estoques certificados, Nova York e Londres
8
Million Bags
7
6
5
4
3
2
1
New York
-1
3
O
ct
-1
2
O
ct
-1
1
ct
O
O
ct
-1
0
0
London
Fonte: Organização Internacional do Café (OIC).
Tomando por base essas informações, é possível compreender parte dos fundamentos desse
viés de baixa das cotações, que deve persistir pelo próximo ano. Esse fator, associado à elevação
dos custos de produção – principalmente da mão de obra, causará grande preocupação e desestimulará ainda mais a atividade cafeeira.
Contudo, essa crise pode ser explicada ao avaliar uma longa série histórica do produto. O ciclo
de preços do mercado de café dura cerca de 10 anos. Dentro desse período, os preços de venda
do produto superou o custo médio de produção somente por, em média, 2 anos (2010 – 2012).
Gráfico 2. Evolução das cotações do café arábica na bolsa de Nova York – ICE Futures.
350,00
300,00
250,00
US$
200,00
150,00
100,00
50,00
1999
2000
2000
2000
2001
2001
2001
2002
2002
2002
2003
2003
2003
2004
2004
2004
2005
2005
2005
2006
2006
2006
2007
2007
2007
2008
2008
2008
2009
2009
2009
2010
2010
2010
2011
2011
2011
2012
2012
2012
2013
2013
2013
0,00
10 anos
Fonte: ICE Futures, elaboração CNA
14. café
81
Como o café tem um ciclo de resposta mais lento aos estímulos e por ser uma cultura perene, acredita-se que a recuperação dos preços ocorrerá somente a partir de meados de 2015,
quando realmente serão sentidos os impactos das reduções de tratos culturais e dos cortes em
investimentos em máquinas, implementos e demais tecnologias.
Entretanto, a pressão de oferta pode ser amenizada, caso haja quebra de safra em algum dos
principais países produtores, em decorrência de um possível ataque de pragas e doenças ou
de adversidades climáticas.
Com a renda extremamente comprometida e margens negativas, a dificuldade para o produtor
quitar suas dívidas deve se agravar. Para que os cafeicultores tenham condições de se manter na
atividade, gerando renda e emprego, é necessário que o governo faça uma intervenção quanto à
reestruturação do passivo. É necessário dar um prazo estendido para o pagamento das parcelas
de crédito e condições diferenciadas para que ele quite as dívidas no médio e longo prazo.
Neste contexto, é importante que o produtor trabalhe a gestão da propriedade, de forma que
consiga reduzir custos, otimizando as operações de campo.
Balanço 2013
2013: crise afeta a cafeicultura e a renda do produtor é fortemente
comprometida
Este ano foi marcado por uma das piores crises que a cafeicultura já enfrentou, senão a pior
delas. As cotações do café arábica atingiram o menor nível em 5 anos, com desvalorização acumulada acima de 30%. Segundo o Indicador Cepea/Esalq, para o café arábica, tipo 6, bebida
dura para melhor, a saca de 60 quilos foi comercializada a uma média de R$ 272,45 no segundo
semestre, valor que não cobre nem o Custo Operacional Efetivo na maioria das regiões produtoras, que supera R$ 350,00 a saca.
Segundo dados do Campo Futuro (CNA/UFLA), o Custo Operacional Total (COT) do café arábica nas regiões montanhosas apresentou um aumento de 3% entre janeiro/13 e agosto/13. Em
direção oposta, os preços pagos aos produtores acumularam perdas de 11,8%, prejudicando as
margens de lucro.
Além disso, como a colheita brasileira foi prejudicada por chuvas, a oferta de grãos de melhor
qualidade foi reduzida, aumentando o volume de cafés com bebida de menor qualidade – os
chamados riados e rio, que são vendidos a preços cerca de 30% inferiores ao da bebida padrão
(tipo 6). Esse fenômeno colaborou para o comprometimento da renda do produtor, que gastou
o mesmo valor para produzir o grão comercializado a preços mais baixos.
A queda das cotações foi influenciada principalmente pela alta oferta do produto resultante do
pacote tecnológico utilizado, tratos culturais e condições climáticas favoráveis, que promoveram
82
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
bom volume de produção no país. Além disso, os altos níveis dos estoques brasileiros que ainda
acumulam café da safra passada contribuíram para pressionar os preços.
Na safra 2013, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) contabilizou a produção de
47,54 milhões de sacas (60 kg) de café de café (arábica e robusta), a maior safra de ciclo de baixa
bienalidade já produzida no país, com um volume 8,5% superior a de 2011.
Em relação às exportações brasileiras, o volume de café embarcado teve crescimento de 13,7%
de janeiro a outubro (25.635.510 sacas) em relação ao mesmo período de 2012. Contudo, a receita registrou uma queda de 15,7% no mesmo período, fechando em US$ 4,357 bilhões.
Quanto ao mercado mundial, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC) a oferta
foi maior do que a demanda, com produção recorde em 2012/2013 estimada em 145,2 milhões de
sacas de 60 kg e consumo de 142 milhões de sacas. Vale destacar que a perda de espaço do café
arábica para a variedade robusta de outras origens contribuiu para as desvalorizações.
Diante desse cenário, os mais afetados foram os produtores das regiões montanhosas, já que a
necessidade de grande contratação de mão-de-obra para condução da lavoura e colheita eleva
consideravelmente seus custos de produção.
De acordo com dados do Campo Futuro (CNA/UFLA), os custos com pessoas na condução da
lavoura em regiões com manejo manual chegaram a ser 205% superiores aos de regiões mecanizadas, no período de janeiro a agosto de 2013.
Por fim, o fato de o cafeicultor trabalhar com margens líquidas negativas por longos períodos
fez com que recorresse a empréstimos e venda de ativos para se manter na atividade, acumulando dívidas e comprometendo a geração de renda, a geração de empregos, a sustentabilidade da atividade e a economia de municípios e estados envolvidos com a cafeicultura.
14. café
83
15. aveS e SuÍnoS
PerSPectiva 2014
franGo de corte
Setor busca aumento das exportações
A carne de frango, em 2013, continuou sendo a preferida dos brasileiros, registrando consumo
de 46 quilos per capita ao ano. A principal razão desse bom desempenho foi o aumento do
poder aquisitivo das classes C, D e E, ocorrida no passado recente. Embora a demanda doméstica continue sendo o principal destino da carne de frango, representando pouco mais de
70% de seu mercado, estima-se que o aumento da produção, no decorrer dos próximos anos,
acontecerá em razão do crescimento das vendas externas. Isso porque um eventual aumento
da renda do consumidor brasileiro significará a busca de diferentes fontes de proteína animal,
como o pescado, a carne bovina e a carne suína.
Gráfico 01. Evolução do da produção de carne de frango no Brasil, em milhões de toneladas
14
12
10
8
6
4
2
0
2004
2005
2006
2007
2008
Consumo doméstico
2009
2010
Exportação
2011
2012
2013*
2014*
Produção
* Dados estimados
Fonte: Elaborado por CNA, com dados do USDA.
O foco do setor será o aumento das exportações, já que o consumo doméstico da carne deve
crescer apenas proporcionalmente ao crescimento populacional. No entanto, alguns fatores podem impactar o cenário mundial, reduzindo a competitividade brasileira. Esse cenário poderá
dificultar a expansão das exportações do país, a médio e longo prazo. Nesse sentido, algumas
questões devem ser avaliadas. Dentre elas está o aumento do subsídio chinês, sul-coreano e
de outros países importadores de grãos, e os programas de autossuficiência semelhantes ao
praticado pela Rússia. Outro dado relevante é a eliminação do subsídio ao etanol pelos Estados
Unidos. Merece ser observado, também, dentro desse contexto, o desenvolvimento de novas
1 5 . av e s e s u Í n o s
85
bases de criação em outros países com maior competitividade, caso das nações africanas. Além
da criação de blocos econômicos e de novos acordos comerciais, como o recente tratado de
livre comércio firmado entre os EUA e a UE-27, neste ano.
Ao mesmo tempo, existem fatores internos que reforçam a posição competitiva do Brasil. Vale
mencionar a disponibilidade de recursos hídricos, a independência externa de insumos, a disponibilidade de terras agricultáveis e a capacidade do país em aumentar os níveis de produtividade.
No próximo ano, a indústria deverá realizar esforços consideráveis na busca pela abertura de novos mercados, tendo como foco países como o Panamá, Malásia e Índia, além da expansão de negócios com os mercados já existentes. Recentemente, o México abriu seu mercado aos produtos
brasileiros. A abertura deste mercado representa e reforça o reconhecimento, pelos mexicanos,
das boas condições sanitárias do mercado brasileiro. É interessante lembrar que o Brasil já cumpre acordos sanitários junto a mercados como União Europeia, Japão e Arábia Saudita, que estão
entre os mais exigentes do mundo no que diz respeito à segurança alimentar.
SuÍnoS
recuperação de preços e novos mercados
No acumulado de 2013, houve redução do volume exportado, com a manutenção da receita
(em reais), devido ao direcionamento do produto a melhores mercados em termos de preços,
além das boas condições cambiais e do início da retomada e do reaquecimento do consumo de
carnes, após a crise de 2012. Existe, também, a expectativa de aumento nas exportações e no
preço médio das carnes em consequência, principalmente, pela abertura de novos mercados e
do crescimento da demanda mundial no decorrer do próximo ano.
90,00
180,0
80,00
160,0
70,00
140,0
60,00
120,0
50,00
100,0
40,00
80,0
30,00
60,0
20,00
40,0
10,00
20,0
0,00
Janeiro Fevereiro
Volume 2012
Março
Abril
Volume 2013
Fonte: Elaborado por CNA, com dados da ABIPECS.
86
Maio
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Junho
Julho
Receita 2012
Agosto Setembro
0,00
Receita 2013
Em milhões de US$
Em mil toneladas
Gráfico 02. Comportamento das exportações, comparativo de 2012 e 2013
Vale salientar, no entanto, que o mercado interno segue sendo o principal destino da carne
suína, representando 86% da fatia de mercado. O consumo brasileiro de carne suína continuará
crescendo nos próximos anos.
Gráfico 03. Evolução do consumo doméstico, exportações e consumo per capita de carne suína
no Brasil
18
3.500
16
14
2.500
12
2.000
10
8
1.500
6
1.000
4
500
-
2
2004
2005
2006
2007
Consumo doméstico
2008
2009
2010
Exportação
2011
2012
2013* 2014*
Em quilos/habitante
Em mil toneladas
3.000
0
Consumo per capita
* Dados estimados
Fonte: Elaborado por CNA, com dados do USDA, ABIPECS e ABCS.
Dentro desse quadro, as políticas e diretrizes da suinocultura devem seguir dois enfoques: i) o acesso a novos mercados internacionais; e ii) o aumento do consumo no mercado doméstico.
O foco nos investimentos em mercados importantes como os da Coréia do Sul e Japão, além
do aumento das exportações para a China, são prioridades para 2014. Nesse contexto, investimentos em saúde e bem-estar animal são fundamentais para a conquista dos principais
mercados consumidores.
inSumoS
Com a expectativa da maior safra mundial de milho da história, onde os Estados Unidos
e o Brasil terão produção recorde, com o país alcançando o maior estoque de passagem
da história, a expectativa é que o preço do milho mantenha-se em patamares baixos no
decorrer do próximo ano.
A soja também segue o mesmo caminho, batendo recorde de produção em 2013. Contudo,
observa-se um forte crescimento da demanda mundial do grão impulsionado, principalmente, pelas compras da China. Estima-se que, em 2014, sejam mantidas as cotações da soja no
mercado internacional, com possibilidade de alta.
1 5 . av e s e s u Í n o s
87
Balanço 2013
franGo de corte
Brasil mantém liderança no mercado mundial
Nas exportações, o Brasil manteve-se na liderança mundial, alcançada em 2004. Em 2013, Brasil e
Estados Unidos, juntos, representaram 67% do market share mundial da carne de frango (USDA,
2013). Mesmo assim, nos últimos anos, ocorreram perdas de competitividade nos dois países,
o que refletiu numa menor participação no mercado global. Em 2004, Brasil e Estados Unidos
representavam 76% do mercado, caindo para 67% em 2013.
Gráfico 04. Evolução das exportações de carne de frango:
8.000
2,00
7.000
6.000
5.000
4.000
1,00
3.000
2.000
Em US$/quilo
1,50
0,50
1.000
0
2004
2005
2006
2007
Receita (Em milhões US$)
2008
2009
2010
2011
Volume (Em mil toneladas)
2012
até
out/2013
0,00
Preço médio
Fonte: Elaborado por CNA, com dados do MDIC.
A valorização do preço médio internacional em patamares mais elevados permitiu aumento
no abate de animais em 2013, em comparação com o ano passado. Emirados Árabes, Egito,
Hong Kong e Kuwait foram os principais países que aumentaram o volume de carne de frango
importado do Brasil. No acumulado de 2013, houve recuperação da receita com as exportações, devido ao reaquecimento do consumo e a desvalorização do real frente ao dólar.
SuÍnoS
recuperação de preços no mercado interno
De acordo com os números do Cepea/Esalq, houve redução do plantel de matrizes em 2013,
em relação ao ano passado. O IBGE indicou oferta de animais abaixo do peso ideal de abate,
88
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
devido à queda dos preços do suíno no primeiro semestre de 2013. Em consequência, o comportamento dos preços subiu gradativamente no segundo semestre deste ano.
Uma das melhores formas de analisar o “fôlego” do suinocultor na atividade é a relação de troca
“suíno x milho”, que representa quantos quilos de milho o produtor consegue comprar com a
venda de 1 quilo de suíno vivo. Conforme o gráfico abaixo (Gráfico 05) nota-se melhoria na relação
de troca, resultado da valorização da carne suína no mercado doméstico e da redução das
cotações de milho ao longo de 2013.
Gráfico 05. Evolução da relação de troca suíno x milho, no estado de São Paulo:
11,00
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
Jan
Fev
Mar
Abr
2010
Mai
Jun
2011
Jul
Ago
2012
Set
Out
Nov
Dez
2013
Fonte: Elaboração CNA, com dados do CEPEA, FNP e Agroceres PIC.
1 5 . av e s e s u Í n o s
89
16. Pecuária de leite
recuPeraçÃo do Setor lácteo deve Ser
mantida em 2014
Em 2013, o setor lácteo conseguiu recuperar as margens perdidas em anos anteriores. A melhoria no preço do leite fez com que os principais países produtores aumentassem a produção a
partir do segundo semestre. A tendência é que esse quadro favorável se mantenha até o início
de 2014. Os sete principais mercados lácteos deverão apresentar este ano crescimento de até
3%. É importante lembrar que a média histórica de crescimento anual desses países é de 2%,
segundo dados do Rabobank. Nesse primeiro momento, os baixos estoques mundiais e a
demanda aquecida, deverão garantir bons preços às commodities lácteos. No entanto, dependendo da intensidade da oferta, esse cenário pode ser alterado ao longo do ano.
O crescimento da produção de leite será positivo para a maioria dos principais países produtores. Nos Estados Unidos, por exemplo, a oferta favorável de milho contribuirá para um incremento de 1,4% na produção de leite, percentual que pode ser considerado elevado, pois os
EUA são o maior produtor do mundo. Na Oceania, segundo a Dairy Austrálian, a Nova Zelândia
elevará a produção entre 4% e 5%. Já a Austrália deverá ter crescimento entre 1% e 3%. Na Europa e Argentina, a expectativa é que o crescimento não seja significativo, podendo até mesmo
ser negativo. Situação diferente do Uruguai que deverá apresentar bons resultados em função
do aumento das suas exportações para China e Venezuela.
No Brasil, de acordo com a projeção do Rabobank, a produção irá crescer 2,5%. A tendência é que não
ocorra forte incremento nos preços da ração concentrada, o que contribuirá para o bom desempenho
do segmento. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estima que a safra 2013/2014 apresentará crescimento de 9% na produção de soja e queda de 3% na produção de milho, com preços
mais estáveis, visto que haverá redução das pressões internacionais sobre esses produtos. Nesse cenário, provavelmente, a região Sul do país manterá as mais elevadas taxas de crescimento. Isso porque
possui sistemas de produção que usam a tecnologia com mais intensidade.
A demanda, por outro lado, deverá continuar elevada, em função dos países asiáticos, em especial a China, que encontra-se com a produção de leite em crise. Os escândalos envolvendo a
contaminação do leite com melamina, levaram os chineses a perderem confiança nos produtos
domésticos, favorecendo as importações. Com esse quadro, a produção chinesa caiu 6%, no
primeiro semestre de 2013. Enquanto que o consumo aumentou entre 3 e 4% no mesmo período, segundo informações do Rabobank. Além disso, o governo chinês está estimulando a
produção em grandes fazendas leiteiras, apesar de 60% das propriedades possuírem menos de
100 vacas, o que implica em mudanças estruturais no setor lácteo daquele país.
O crescimento econômico dos países é fator importante que influência diretamente na demanda. Os altos preços dos produtos lácteos podem resultar em redução do consumo, principalmente na Europa, onde os preços dos lácteos aumentaram 6% em 2013 em uma economia
16 . P e c u á r i a d e l e i t e
91
com crescimento negativo e baixa inflação. Mesmo assim, para 2014, existe uma perspectiva
favorável para o bloco europeu. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é
de 1,0%, sendo que a média de crescimento das economias avançadas é de 2,0%. A média de
crescimento dos países emergentes, contudo, é bem maior: de 5,1%, segundo os números do
Fundo Monetário Internacional (FMI).
No Brasil, segundo estimativa do Boletim Focus do Banco Central (14/11/13), o PIB deverá crescer 2,1% em 2014, valor pouco menor que a previsão para 2013 que é de 2,5%. Assim, apesar de
positivo, observa-se que o incremento no consumo de lácteos, proporcionado principalmente
pela classe C, está perdendo força. Os programas sociais, responsáveis pela ampliação dessa
demanda nos últimos anos, também perderam intensidade. Vale destacar que em 2014 serão
realizadas eleições gerais no país. Tal fato, historicamente, sempre contribui para elevar o consumo interno do produto.
Com relação às importações, pesa de maneira favorável a projeção do dólar médio para 2014,
no valor de R$ 2,40, 6% maior que a média prevista para 2013, de acordo com o Boletim Focus
(14/11/13). Esse cenário dificulta a entrada de produtos lácteos no país, em função dos preços
internos ficarem menores quando convertidos em dólar. Como dado negativo fica a expectativa
segundo a qual o preço médio do leite em pó integral fique na faixa de US$ 4.000/tonelada,
abaixo da cotação de 2013, segundo calcula o Rabobank. Dessa forma, pode haver aumento
das importações caso o preço do produto no mercado nacional esteja acima desse valor.
Diante dessa situação, constata-se que a conjuntura do mercado lácteo para 2014 ainda não
está clara. Existem muitas variáveis que podem influenciar no preço do leite, tanto no cenário
interno quanto no mercado internacional. Certamente, o próximo ano não será tão bom quanto
o de 2013, em função do possível ajuste entre oferta e demanda. Sendo assim, o produtor deve
estar atento aos fatores que interferem diretamente no mercado, para que seja possível amenizar os impactos, com maior controle gerencial da atividade.
Gráfico 1: Projeção do crescimento da produção de leite nos principais países produtores
5,0%
4,5%
4,0%
3,0%
India
Nova
Zelândia
2,5%
2,5%
1,5%
4,5%
3,5%
3,5%
2,0%
4,5%
2,0%
1,4%
1,0%
0,5%
0,0%
E.U.A
Austrália
Brasil
Fonte: IFCN, Dairy Austrálian, Rabobank
92
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
China
Balanço
Produtores de leite saem do prejuízo em 2013
Segundo a Embrapa Gado de Leite, em 2012 os custos de produção do leite aumentaram
27,4%. Enquanto o preço elevou-se apenas 4,3%, de acordo com levantamento do Centro
de Estudos Avançados em Econômica Aplicada (CEPEA). A baixa rentabilidade da atividade, associada à forte seca ocorrida na região Nordeste do país, permitiu incremento de
apenas 0,6% na produção nacional, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a menor taxa de crescimento desde 1998. Além disso, os preços dos produtos lácteos no varejo mantiveram-se praticamente estáveis ao longo do ano, reduzindo
também, as margens do setor industrial. O Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo
(IPCA) dos produtos lácteos, em 2012, foi de 5,73%, enquanto a inflação chegou a 5,84%.
Mesmo assim, 2013 permitiu que o setor “tomasse fôlego”. A média do preço do leite, acumulado até outubro, foi de R$ 1,00, valor 16,8% maior que o obtido no mesmo período do ano
anterior, segundo o CEPEA. Já os custos de produção, apesar de ainda permanecerem elevados, apresentaram menor variação. De acordo com a Embrapa Gado de Leite, até setembro
a alta foi de 13,6%. Contribuiu para esse quadro a redução no preço dos produtos que compõem a ração concentrada, em especial o milho e o farelo de soja. Com isso, a discrepância
entre o preço e o custo, verificada em 2012, foi amenizada, conforme observado no Gráfico 2.
Em função dos altos custos de produção e de problemas climáticos, como a estiagem na Nova
Zelândia e o inverno frio e úmido na Europa, os principais países exportadores apresentaram
queda na produção de leite no início do ano. Por outro lado, a demanda seguiu firme, em especial na China, que importou quase 400 mil toneladas de leite em pó ao longo de 2013. A combinação desses fatores, associada aos baixos estoques, fez com que os preços dos produtos
lácteos aumentassem de maneira significativa. De acordo com Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA) a cotação do leite em pó integral, na Oceania, aumentou 45% até
outubro, apresentando média de US$ 4.658/ton.
No mercado interno, o aumento dos custos foi repassado aos consumidores. O IPCA dos
lácteos acumulado até outubro foi de 19,5%, enquanto que a inflação foi de 4,4%. As importações estiveram praticamente estáveis ao longo do ano, em razão da escassez de leite nos
países exportadores, dos altos preços das commodities lácteas no cenário internacional e da
desvalorização do real frente ao dólar. Com isso, o déficit da balança comercial foi de US$ 409
milhões, até outubro, valor 0,9% maior que o ocorrido no mesmo período do ano anterior Tal
cenário permitiu a elevação dos preços aos produtores e a consequente recomposição das
margens das indústrias.
16 . P e c u á r i a d e l e i t e
93
Ab
r
Ju /06
n
Ag /06
o
O /06
ut
D /06
ez
Fe /06
v
Ab /07
r
Ju /07
n
Ag /07
o
O /07
ut
D /07
ez
Fe /07
v
Ab /08
r
Ju /08
n
Ag /08
o
O /08
ut
D /08
ez
Fe /08
v
Ab /09
r
Ju /09
n
Ag /09
o
O /09
ut
D /09
ez
Fe /09
v
Ab /10
r
Ju /10
n
Ag /10
o
O /10
ut
D /10
ez
Fe /10
v
Ab /11
r
Ju /11
n
Ag /11
o
O /11
ut
D /11
ez
Fe /11
v
Ab /12
r
Ju /12
n
Ag /12
o
O /12
ut
D /12
ez
Fe /12
v
Ab /13
r
Ju /13
n
Ag /13
o/
13
Gráfico 2: Comportamento do Índice de preço do leite e do custo de produção (base100 =
abril/2006)
250
225
200
175
150
125
100
75
Índice de custo de produção do leite
Fonte: CEPEA/ Embrapa Gado de Leite
94
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Índice de preços do leite
17. Silvicultura
reGulamento do tratamento fitoSSanitário
amPliará mercado Para toraS de madeira
A autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o uso de agroquímicos à base de fosfina (fosfeto de alumínio) em madeira para exportação, seus produtos e subprodutos, em caráter emergencial por dois anos, beneficiará a exportação brasileira de madeira
em tora, principalmente de eucalipto, pinus e teca.
A regulamentação do tratamento fitossanitário com fins quarentenários para toras de madeira abrirá novos mercados, considerando o potencial brasileiro para atendimento da demanda
mundial por estes produtos, superior a ordem de 50 mil toneladas mensais.
A crescente exportação de ferro gusa, desde o início de 2013, tem deixado os produtores de
carvão vegetal otimistas em relação à 2014, tendo em vista o grande volume de carvão vegetal
utilizado pelas siderúrgicas no processo para redução do minério de ferro a ferro gusa.
Os principais países importadores do gusa brasileiro são os Estados Unidos (66%), seguido
da China (9,0%) e Taiwan (7,7%), de acordo com dados de 2012 do Ministério de Minas e
Energia (MME).
Há expectativa de que a demanda por ferro gusa e, consequentemente, pelo carvão vegetal
aumente no próximo ano, tanto para atendimento ao mercado internacional, com a retomada
do crescimento dos principais países importadores do gusa brasileiro, quanto para consumo
interno, devido às obras de infraestrutura necessárias para a realização da Copa do Mundo da
FIFA, em 2014, e Olimpíadas 2016.
A partir de 2014, o Brasil poderá despontar no mercado mundial de pellets de madeira. Foi anunciada para o próximo ano a instalação de uma unidade fabril no Maranhão, que poderá ser uma
das maiores plantas industriais de pellet de madeira do mundo, com produção estimada de 1 milhão
de toneladas por ano.
Atualmente o Brasil tem poucas empresas atuando no setor, com baixo volume de produção (aproximadamente 500 mil toneladas), o que dificulta o fechamento de contratos para exportação. A demanda mundial por pellet de madeira é atendida principalmente pelos Estados Unidos, Canadá
e Rússia, que abastecem os países do continente europeu, que são os maiores consumidores
mundiais.
Com relação à produção de painéis de madeira, estimulada principalmente pela expansão da
construção civil, a Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa) projeta para
2014 a produção de 10,9 milhões de metros cúbicos de painéis de MDP, MDF e hardbord, com
investimentos da ordem de US$ 1,2 bilhão na instalação de novas unidades industriais.
96
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Os principais polos industriais de painéis de madeira são localizados principalmente nas regiões Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Sudeste (São Paulo e Minas Gerais).
Outros polos em potencial, porém ainda não consolidados estão localizados nos estados de
Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Pará.
Com relação ao setor de celulose, que tem apresentando excelentes resultados nos últimos
anos, projeta-se, para 2014, produção próxima a 15 milhões de toneladas e exportação próxima
a 11 milhões de toneladas, de acordo com estimativas de 2013 do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Estimativas otimistas ainda indicam que em 2014 a produção de celulose poderá superar 16 milhões
de toneladas, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Uma terceira
indústria de papel e celulose no estado de Mato Grosso do Sul, está prevista para iniciar suas obras
em 2014, com investimentos previstos de R$ 7 a R$ 8 bilhões, segundo o Centro de Inteligência em
Florestas (CIFlorestas).
A área de floresta plantada destinada à produção de celulose é de aproximadamente 2,2 milhões
de hectares. Segundo estimativas, os principais estados que podem contribuir para a expansão
da área florestal para produção de celulose em 2014 são aqueles localizados nas regiões Norte,
Sul e Centro Oeste, estima a Fiesp.
Histórico (2008-2013) e estimativa (2014) da produção e exportação de celulose e papel
14,2
10,2
8,6
10,0
8,5
8,4
9,4
14,5
14,0
10,7
2008
2009
Produção CEL
2010
Exportação CEL
2011
2012
Produção PAPEL
1,9
1,9
2,0
2,1
7,0
Milhões ton
12,7
2013*
2014**
Exportação PAPEL
* 2013: (Jan-Out)
** 2014: Estimativa
Fonte: BRACELPA (2013)
Em 2014, o setor moveleiro nacional pode sofrer impactos negativos com a falta de incentivos
do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra), cujo objetivo é aumentar a competitividade das vendas brasileiras no mercado internacional. A estratégia é possível
ao garantir um crédito de até 3% sobre a receita decorrente da exportação de bens manufaturados para compensar, parcial ou integralmente, os tributos federais acumulados ao longo da
cadeia produtiva. O Reintegra tem prazo de encerramento em 2013 e sua prorrogação até 2014
foi vetada pelo governo federal.
17. s i lv i c u lt u r a
97
Também em 2014 há grande expectativa na aprovação da Política Nacional de Florestas Plantadas (PNFP), coordenada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
A PNFP está sendo construída de forma a atender ao dinamismo e a multifuncionalidade da
produção florestal brasileira, que até então estava embasada em políticas de comando e controle e instrumentos reguladores.
A Política Nacional de Florestas Plantadas, seguida pelo Plano Nacional de Desenvolvimento
das Florestas Plantadas, ao fomentar a produção florestal de forma sistêmica, na qual todos
os segmentos da cadeia produtiva florestal estarão interligados (produtor – segmentos industriais – consumo final), permitirá maior articulação do setor florestal com outros segmentos
do agronegócio.
Balanço 2013
Programas estaduais de incentivo à produção florestal tem estimulado produtores a investirem
mais na atividade. Nos estados de Tocantins e Mato Grosso do Sul, a área plantada aumentou
66% e 22%, respectivamente. As principais espécies responsáveis por esse incremento de área
são eucalipto, seringueira e teca, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas (Abraf).
De janeiro e setembro de 2013, a produção nacional de celulose e papel superou 11 mil toneladas
e 7,7 mil toneladas, respectivamente, apresentando variação positiva de 6,6% para celulose e 1,4%
para papel, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo informações da Associação
Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
De janeiro a setembro deste ano, o principal destino das exportações de papel foi a América
Latina (US$ 820 milhões, FOB), um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano
passado. Merecem ainda destaque as exportações para América do Norte – crescimento de
aproximadamente 29% em relação ao mesmo período de 2012 – e para a China, que cresceram
26% (Bracelpa, 2013). O preço médio da tonelada de celulose exportada pelo país chegou a
US$ 533,1 em setembro, uma alta de 1,4% em relação ao mesmo período de 2012.
Para o segmento de madeira processada, apesar da desaceleração dos últimos meses, o saldo
acumulado da balança comercial de 2013 é de US$ 1.351,9 milhões, 5,2% superior ao mesmo
período de 2012. Especialistas indicam que maior investimento na mecanização do processo
produtivo pode aumentar a competitividade da indústria de madeira serrada (Ci Florestas).
Com o aumento na demanda internacional por ferro-gusa em 2013, e consequentemente aumento da demanda de carvão vegetal, devido principalmente ao aquecimento da economia
chinesa, grande importador daquele produto, o preço médio do carvão vegetal, que iniciou o
ano a R$ 490/tonelada, teve aumentos mensais consecutivos, e em setembro já estava sendo
comercializado a R$ 517/tonelada, alta de 5,5%. Os produtores de carvão vegetal seguem otimistas com relação aos números futuros de demanda e preço do produto (Ci Florestas).
98
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Entre janeiro e outubro de 2013, a quantidade importada de látex sofreu oscilações durante os
meses analisados, no entanto, no período houve aumento de 17% – 200 milhões de toneladas
– em relação ao ano anterior importado no mesmo período de 2012. Neste ano, o valor pago
por quilo do produto importado caiu 5,2% em relação ao mesmo período em 2012, queda evidenciada a partir do mês de março.
O plantio de seringueira tem sido incentivado por meio de programas e linhas de crédito específicos, em diversos estados do país, principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Tocantins e São Paulo. Como a atividade exige em média sete anos para iniciar a produção, estima-se uma redução gradativa na importação do produto e a autossuficiência nacional
pode ser alcançada a médio e longo prazo.
Volume mensal e preço por quilo de borracha natural importada em 2013
30
3,50
25
3,00
2,50
Milhões
20
2,00
15
1,50
10
1,00
5
0,50
0
0,00
Janeiro Fevereiro
Março
Abril
Maio
Peso (Kg)
Junho
Julho
Agosto Setembro Outubro
US$/Kg
17. s i lv i c u lt u r a
99
18. fim do SiStema Geral
de PreferÊnciaS (SGP)
PreJudica vendaS de frutaS
Para a uniÃo euroPeia
O fim do Sistema Geral de Preferências da União Europeia (SGP), acordo que oferece vantagens
tarifárias na entrada das frutas brasileiras na Comunidade Europeia, é motivo de preocupação
para os produtores nacionais. A partir de 2014, o Brasil, quinto maior beneficiário do mecanismo,
ficará excluído da lista pelo critério de renda per capita utilizado pelo Banco Mundial.
A retirada dessas vantagens aos produtos brasileiros irá afetar diversos setores de nossa economia.
No caso da fruticultura, nota-se o fortalecimento de países concorrentes no mercado internacional, principalmente os sul-americanos. Chile e Peru possuem acordos bilaterais e exportam com
tarifa zero e, em determinadas épocas do ano, com uma tarifa muito reduzida para o bloco.
Apesar de ocupar o terceiro lugar no ranking mundial de produção de frutas, o Brasil tem uma
inserção inexpressiva no cenário mundial, mesmo nos mercados de frutas frescas e tropicais.
O país exporta apenas 3% do que produz e, em 2014, é possível que o mercado internacional
de frutas e derivados apresentem um cenário conjuntural delicado, em função das dificuldades
enfrentadas pelos países da União Europeia, destino de 70% das exportações brasileiras.
Exportação de frutas frescas por país de destino 2012 (% valor US$)
1%
1%1%
3%
6%
Países baixos (Holanda)
4%
Reino Unido
38%
5%
Espanha
Estados Unidos
Alemanha
6%
Uruguai
Argentina
Portugal
7%
Itália
Canadá
França
Outros
11%
17%
Fonte: Secex/Elaboração CNF/CNA
18 . fim do sis tem a Ger a l de Prefer Ênci a s (sGP) Pre Judic a
v e n d a s d e f r u ta s Pa r a a u n i à o e u r o P e i a
101
O aquecimento do mercado interno é esperado em 2014, repetindo o desempenho dos últimos
anos, mas sem a mesma robustez, tendo em vista as previsões oficiais sobre o desempenho da
economia no próximo ano, o que poderá limitar o poder de compra dos brasileiros.
O apelo do consumidor por uma alimentação saudável e a promoção de campanhas de marketing nos mercados interno e externo, com destaque para qualidade do produto nacional, referendam as projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Elas indicam que o consumo per capita no Brasil e nos demais países continuará crescendo em
2014 a taxas que superam o crescimento da economia mundial e doméstica.
Diante destas perspectivas, o fruticultor brasileiro, visando maior espaço no mercado, tende a
valorizar a qualidade do seu produto e buscar, cada vez mais, focar seus investimentos em boas
práticas agrícolas, na melhoria tratamentos pós-colheita, no armazenamento frio e na modernização do transporte e logística.
Assim, nos próximos anos, aqueles que não se adequarem a essa nova realidade do mercado
perderão competitividade e serão automaticamente excluídos da atividade.
Frutas que fazem parte da alimentação do brasileiro (%)
Morango
Manga
Uva
Índice de multiplicidade:
3
Total: 5,0
Classe A/B1: 5,9
Classe B2: 5,4
Classe C: 4,8
Classe D: 4,5
12
14
Abacate
19
Goiaba
20
Melancia
21
Melão
São quatro as frutas principais
e os índices de multiplicidade
indicam que a inclusão de
maior variedade de frutas
dá-se na medida em que se
sobe na escala de classificação
sócio econômica
24
Pera
34
Abacaxi
38
Mamão
56
Laranja
73
Maçã
74
Banana
90
Fonte: CNA – Base da amostra pesquisada: 1420
Balanço 2013
Repetindo o bom desempenho de 2012, a fruticultura brasileira apresentou em 2013 indicadores representativos. Com um volume de produção estimado em 43,6 milhões de toneladas, o
Brasil se mantém como 3º maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e da Índia.
102
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Responsável por 27% da mão de obra agrícola do agronegócio brasileiro, a cadeia produtiva da
fruticultura, segundo dados do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), ultrapassou, em 2013, os
2,2 milhões de hectares cultivados. A área está distribuída em mais de 30 polos produtivos de
todas as regiões do país. O valor agrícola bruto somou R$ 20 bilhões.
Produção Brasileira de Frutas Frescas – Milhões de Toneladas
50
45
43,1
42,6
41,6
41,1
40
37,5
43,6*
39,5
35
30
25
20
15
10
5
0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
* Estimativa
Fonte: IBGE/Elaboração: CNF/CNA
Problemas climáticos na região Nordeste prejudicaram a produção de frutas na Bahia, Pernambuco,
Ceará e Rio Grande do Norte. As exportações brasileiras devem fechar 2013 com um aumento de
4% em comparação ao volume exportado em 2012, quando foram embarcada 693 mil toneladas.
Este desempenho é resultado do crescimento da quantidade exportada pelo estado Rio Grande do Sul – mais de 80 mil toneladas – e de São Paulo – 62 mil toneladas. São Paulo registrou
o segundo maior crescimento no ano.
O bom desempenho das exportações nos dois últimos anos confirma que o Brasil continua em
fase de recuperação do mercado externo, e, com o cambio favorável, é provável que este continue nos próximos anos.
O mercado interno de frutas frescas deverá fechar 2013 com uma pequena recuperação em
relação a 2012. O mercado de sucos, néctares e polpas deverá continuar registrando taxas de
crescimento acima de 10%, confirmando o crescimento deste setor nos últimos anos.
Em 2013, a citricultura continuou passando por uma aguda instabilidade marcada pelo excesso
de oferta e sensível redução da demanda. O reflexo foi a queda no preço da caixa de 40,8 quilos,
pago pela indústria ao produtor. Os preços praticados ao longo do ano ficaram abaixo do custo
de produção, que varia conforme a região e o nível tecnológico utilizado.
18 . fim do sis tem a Ger a l de Preferenci a s (sGP) Pre Judic a
v e n d a s d e f r u ta s Pa r a a u n i à o e u r o P e i a
103
A erradicação de pomares no estado de São Paulo, maior produtor do país, foi uma realidade
em 2013. Em e 2011 e 2012, o estado registrou a erradicação de 2.225 pomares, principalmente
de pequenos e médios produtores com até 100 mil plantas.
Uma das saídas que o setor produtivo, em parceria com a indústria e o governo, buscou em
2013 para recuperar a atividade foi a manutenção da política de preços mínimos e os leilões
de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro).
Aliado às políticas de apoio à comercialização, está um ambicioso projeto de desenvolvimento
do mercado interno de “suco de laranja 100%”. É certo que qualquer ação que leve ao aumento
da demanda de laranja ou de suco industrializado certamente amenizará a crise atual.
Sem qualquer benefício desta natureza, um mercado onde há grande oferta acaba sendo naturalmente ajustado pela saída de alguns dos seus agentes, que migram para outras atividades.
Isso termina por regular a oferta do produto, com o restabelecimento da normalidade dos
preços respectivos.
Nesta perspectiva, é natural esperar que partes dos produtores menos eficientes deixem a citricultura, e os mais profissionalizados e eficientes não só permaneçam como cresçam ainda mais.
104
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
19. Cana-de-açúCar
Produção no Centro-Sul Continuará
aPreSentando creScimento em 2014
Os cenários projetados para o setor sucroenergético, em 2014, apresentam situações distintas para as diversas regiões produtoras no Brasil.
Na região Centro-Sul, que representa mais de 90% da safra nacional, a expectativa é de
aumento da produção e da produtividade agrícola, alcançando patamares próximos da capacidade instalada de moagem. Acompanhamento realizado pela União da Indústria da
Cana-de-Açúcar (Unica), até novembro de 2013, prevê um incremento de 12% na moagem
em relação à safra anterior.
No caso da região Nordeste, a produção e a produtividade vão continuar em queda, ainda
em função dos efeitos da forte seca ocorrida nos últimos anos que atingiu extensas áreas
de canaviais.
Nestas regiões, segundo projeções do Projeto Campo Futuro da CNA/PECEGE, a margem
de rentabilidade em relação ao custo total será negativa, sendo necessário dar prioridade ao controle e a redução dos custos de produção, associado à busca do aumento de
produtividade.
Os custos associados às normas regulatórias caso da Lei da Balança, que limita a quantidade de cana transportada e proíbe a queima da palha da cana, permanecerão no centro das
atenções dos integrantes da cadeia produtiva.
O consumo de açúcar, segundo a Organização Internacional do Açúcar (ISO), está crescendo em torno de 2% ao ano, equivalente atualmente a 3,6 milhões de toneladas. Na safra
2013/2014, estima-se um excedente de 3,5 milhões de toneladas. O mercado mundial é
muito volátil com um superávit que permanece já ha três safras.
A consequência principal desse cenário foi a queda brusca nos preços, quadro que deve
perdurar por mais uma ou duas safras. Como o Brasil é o maior player deste mercado, é
importante utilizar sua flexibilidade produtiva para o redirecionando de parte da produção
e assim suprir a demanda crescente por etanol. Ao mesmo tempo, com essa estratégia,
reduzir a oferta de açúcar.
106
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Produção e Exportação de Açúcar
Toneladas
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
13
12
20
12
/
11
20
11
/
10
20
10
/
09
20
09
/
08
20
08
/
07
20
07
/
06
20
06
/
05
20
05
/
04
20
04
/
03
20
03
/
02
20
02
/
20
01
/
20
00
/
01
0
Safra
Produção
Exportação
Fonte: Conab/MDIC/Secex
Muito se espera do etanol como uma commodity mundial, mas a demanda potencial existente
no Brasil, em função de sua frota de veículos flex, que pode chegar a 2 bilhões de litros por mês,
é um grande mercado a ser conquistado. Para o sucesso desta iniciativa é necessário regras
claras e previsíveis para o setor, sem privilegiar os combustíveis fósseis, em razão da política
de controle da inflação, situação que coloca em plano secundário os combustíveis de fontes
renováveis.
Consumo mensal – 2013
4.000
3.500
3.345
3.357
3.497
3.420
3.278
3.482
3.581
3.363
2.983
3.000
Mil m3
2.500
2.000
1.500
1.000
827
669
500
0
Janeiro
825
808
671
597
Fevereiro
805
684
671
684
Março
Abril
Gasolina C
874
730
Maio
Etanol Hidratado
893
820
871
843
Junho
Julho
949
895
Agosto
933
841
Setembro
Etanol Anidro
Fonte: EPA
19 .C a n a- d e - aç ú C a r
107
Diante do cenário exposto, a perspectiva para 2014 é de um mix de produção predominantemente alcooleiro.
Outra vertente que se desenvolve no Brasil é a do etanol produzido a partir da celulose ou de
segunda geração. Com o domínio desta tecnologia será possível ampliar a produção atual –
de 7.000 litros de etanol, por hectare – dobrando este valor em poucos anos. Para 2014 estão
previstas a entrada em funcionamento de plantas comerciais, além de várias outras plantas
experimentais.
A cogeração de energia de biomassa com potência instalada, segundo a ANEEL, de
9.180MW é importante complemento da matriz hidroelétrica, ao permitir o fornecimento de
energia no período seco do ano, estando localizada perto dos grandes centros consumidores. A participação efetiva e imediata desta fonte de energia depende de uma revisão nos
parâmetros dos leilões de comercialização feitos pelo governo e uma política pública para
o setor de longo prazo.
Para implantar novas unidades industriais (greenfields) e ampliar a capacidade de moagem do
país é fundamental viabilizar a cogeração.
Balanço 2013
em 2013 produção de cana alcançou 588,4 milhões de toneladas
De acordo com o cadastro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o Brasil conta atualmente com 386 usinas autorizadas.
A produção de cana-de-açúcar da safra 2012/2013, encerrada em março de 2013, resultou em
588,4 milhões de toneladas, ocupando uma área de 8.485 mil hectares com produtividade de
69,4 toneladas por hectare, segundo acompanhamento da Conab.
Na região Centro-Sul a safra caracterizou-se por um aumento na produtividade em torno de 4%,
queda na qualidade da matéria – prima (ATR), elevados níveis de mecanização e valores de arrendamento elevados. No Nordeste houve queda acentuada na produtividade, próximo a 14%,
aumento na qualidade da matéria-prima (ATR) e uso intensivo de mão de obra.
Os custos totais de produção para os fornecedores, que é composto pelo custo operacional
mais os custos de capital, atingiram valores superiores ao montante recebido pela cana-de
-açúcar entregue nas usinas. Tal situação resultou em prejuízo para a atividade, conforme
observado no levantamento de custos de produção realizado pelo Projeto Campo Futuro da
CNA/PECEGE.
108
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Custo de produção e preços da cana – safra 2012/2013
120
95,77
100
77,96
R$/t
80
64,35
64,05 66,58
72,86
60
40
20
0
Tradicional
Expansão
Nordeste
Macro-regiões
Preço
Custo total
Fonte: CNA/PECEGE
Em 2013, o Governo adotou algumas medidas que, apesar de não resolverem as questões mais
centrais, permitiram amenizar as dificuldades enfrentadas pelo setor, dentre elas o aumento da
mistura de etanol anidro para 25% na gasolina, linhas de financiamento para renovação dos canaviais e estocagem de etanol, isenção de PIS/COFINS, reajuste do preço da gasolina e revogou
o artigo 36, da Lei nº 4.870, de 1965 que trata do recolhimento de taxa para assistência social
específica para o setor canavieiro.
Em resumo, para os produtores, 2013 foi um ano em que a alta consistente dos custos, a seca na região Nordeste e os preços baixos dos produtos superaram os ganhos em decorrência do aumento
dos índices de produtividade agrícola, colaborando para aprofundar a crise por que passa o setor.
19 .C a n a- d e - aç ú C a r
109
20. aQuicultura
PerSPectivaS 2014
apesar do crescimento, obstáculos ameaçam produção aquícola
Apesar de ser a cadeia de proteína animal que vem apresentando os maiores índices de expansão
de consumo e produção, com grande aceitação pelo consumidor final, a cadeia produtiva do
pescado ainda cresce de forma desordenada no Brasil, principalmente se comparada aos principais países produtores do mundo e também às outras cadeias de proteína animal – de frango,
suína e bovina – produzidas no país.
A atividade encontra-se pouco estruturada no Brasil. Embora já tenham sido observadas algumas melhorias, dificuldades como obtenção de licenças ambientais, carência de assistência
técnica qualificada, manejo inadequado, falta de padronização, insuficiência de pacotes tecnológicos e grande necessidade de capital ainda persistem.
Recentemente, o pescado vem conquistando considerável apreço pelos consumidores e isto
impulsionou a expansão da aquicultura. A criação de peixes tanto em tanques escavados como
em tanques-rede vem crescendo notadamente, em todo o país.
Tabela 01. Evolução da produção aquícola (continental e marinha) por Regiões
em mil toneladas:
PaÍs e reGiões
crescimento crescimento crescimento
2008/2009
2009/2010
2010/2011
2008
2009
2010
2011
BRASIL
365,4
415,6
479,4
628,7
13,8%
15,3%
31,1%
NORTE
30,2
36,0
41,8
94,7
19,4%
16,1%
126,4%
NORDESTE
124,3
130,5
145,9
199,5
5,0%
11,8%
36,7%
SUDESTE
49,9
59,6
71,7
86,9
19,3%
20,4%
21,1%
SUL
110,7
129,5
150,0
172,4
16,9%
15,9%
14,9%
CENTRO OESTE
50,1
60,0
69,8
75,1
19,6%
16,4%
7,5%
Fonte: Elaborado por CNA, com dados do MPA.
Com o crescimento observado de 31% da produção aquícola entre 2010 e 2011, também vêm à
tona os obstáculos enfrentados pelos aquicultores relacionados à sanidade, produção, gestão
da propriedade e comercialização.
Em 2014, os problemas sanitários devem ser antecipados e atacados de forma preventiva.
Programas de sanidade pesqueira, com medidas de monitoramento, controle e erradicação de
enfermidades, devem ser observados pelas entidades públicas e privadas, antes que problemas
20 . a Q u i c u lt u r a
111
mais graves apareçam, como foi o caso da carcinicultura catarinense, que teve boa parte de sua
produção dizimada, provocando o fechamento da maioria das fazendas no estado.
Paralelamente, a adoção de boas práticas de produção e a biossegurança nos cultivos devem
ser observadas pelo setor privado e suas entidades, independente da atuação das autoridades
públicas. Com isso, uma gestão eficiente da produção e dos custos se faz cada vez mais necessária para as decisões estratégicas de produção e de investimentos em novas tecnologias, inclusive na expansão dos empreendimentos. Desta forma, fica claro que a sustentabilidade do setor
depende mais da profissionalização e eficiência de cada empreendimento, do que das ações
governamentais.
Na comercialização, aquicultores devem se preparar para enfrentar uma competição cada
vez mais acirrada nos mercados locais e regionais, tanto pelos produtos das espécies
produzidas no país, como pelos produtos importados (KUBITZA, 2013). Portanto, esforços devem ser feitos para coordenar e desenvolver a relação entre os elos de toda a
cadeia produtiva, principalmente da produção primária com a agroindústria. A busca de
mecanismos estruturantes proporcionará segurança na comercialização da produção e
na operacionalização das indústrias, fator fundamental para o equilíbrio de mercado e
desenvolvimento do setor.
Em outras palavras, no ano de 2014, devem-se conjugar recursos e esforços públicos e privados
na promoção e no desenvolvimento de todos os elos da cadeia produtiva.
a importância da tilápia e do tambaqui para o Brasil
Embora haja diversos obstáculos a serem enfrentados, observa-se um futuro promissor na aquicultura – em especial no cultivo da tilápia e do tambaqui –, principalmente pela sua alta sustentabilidade econômica, além da atividade ser uma importante ferramenta de inserção socioeconômica nas regiões.
Merece destaque o fato de que, para todo desenvolvimento econômico, há uma capacidade
de suporte que, quando ultrapassada, causa declínio na disponibilidade de recursos e na integridade ambiental. No caso da aquicultura, o desafio atual dos órgãos públicos reguladores é
a determinação da capacidade de suporte dos reservatórios de hidrelétricas para a produção
de peixes em tanques-rede.
Vale ressaltar que, assim como nas outras cadeias produtivas, existem problemas acerca da atividade. Não existe produção com impacto zero. Sempre haverá impactos positivos e negativos,
seja qual for a atividade. Entretanto, observa-se que os impactos positivos da aquicultura são
maiores que em outros setores.
Sendo assim, a aquicultura pode ser considerada uma das melhores ferramentas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo, de forma sustentável, podendo ser uma boa saída para
os programas governamentais de transferência de renda para o setor produtivo.
112
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Gráfico 01. Evolução da produção de pescado da aquicultura continental por espécie, em
toneladas
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
Ba
gr
e
Ca
rp
a
Ca
sc
Cu udo
rim
at
Ju ã
n
M diá
at
rin
xã
Pa
cu
Pi
Pi au
ra
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ra
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Pi piti
ra ng
pu a
ta
ng
a
Pi
nt
a
Ta do
m
b
Ta acu
m
Ta baq
m
ba ui
tin
g
Ti a
lá
pi
a
Tr
aí
ra
Tr
ut
O a
ut
ro
s
0
2009
2010
2011
Fonte: MPA, elaboração CNA.
O gráfico 1 apresenta a importância da tilápia e do tambaqui e seus híbridos para a aquicultura
brasileira. Fica evidenciado que, além da importância da quantidade produzida, a tilápia e o
tambaqui passaram a ter uma relevância estratégica para o Brasil.
Balanço 2013
expansão da aquicultura e aumento nas importações brasileiras foram
notórios nos últimos anos.
O Boletim Estatístico sobre a produção brasileira de pescado em 2011, apresentado pelo Ministério
da Pesca e Aquicultura (MPA) este ano, trouxe boas notícias para o setor aquícola. O cultivo de
pescado (aquicultura) atingiu 628,7 mil toneladas (44% do total), o que representa um crescimento de 31,1% em relação ao ano anterior. No continente, as espécies de peixe mais criadas
foram a tilápia e o tambaqui e seus híbridos, totalizando quase 80% do total produzido. Na aquicultura marinha, a carcinicultura manteve-se líder, com 78% do total. Ao somar a produção aquícola
com a pesca extrativa, a produção pesqueira nacional alcançou 1,43 milhão de toneladas em
2011, 13,2% a mais do que em 2010.
O consumidor brasileiro está comendo cada vez mais pescado. Segundo pesquisa do MPA,
a média de consumo por habitante ao ano no Brasil alcançou 11,17 quilos em 2011, incremento
de 14,5% em relação ao ano anterior. A justificativa para isto é o aumento do poder aquisitivo do
brasileiro, além do apelo de alimentação saudável que a carne de pescado possui. Entretanto,
boa parte deste suprimento vem do crescimento nas importações desta proteína. Atualmente,
o país importa 37% de tudo o que consome.
20 . a Q u i c u lt u r a
113
Na série histórica da balança comercial, observa-se que desde 2006 o saldo tem apresentado
resultado negativo em valores monetários. A balança comercial de pescado – valor de exportação
menos valor de importação – vem apresentando um déficit de quase US$ 1 bilhão desde 2011.
400,00
1.400,00
350,00
1.200,00
300,00
1.000,00
250,00
800,00
200,00
600,00
150,00
400,00
100,00
200,00
50,00
0,00
0,00
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 até
10/2013
Volume Importado
Volume Exportado
Receita de Importação
Receita de Exportação
Fonte: Elaborado por CNA, com dados do MDIC.
114
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Em milhões de US$
Em mil toneladas
Gráfico 02. Evolução das exportações e importações de pescado no Brasil, em volume e receita
21. caPrinoS e ovinoS
após seca, recuperação de rebanho de ovinos e caprinos é
prioridade no nordeste
A organização da cadeia produtiva de ovinos e caprinos deve ser prioridade para instituições
públicas e privadas em 2014. De forma regional, enquanto para o Nordeste é primordial a recuperação dos rebanhos, nas demais regiões, as demandas giram em torno da melhoria genética,
transporte, acesso à tecnologias e outras atividades, dentro e fora da porteira. Ações relacionadas ao abate informal devem ser intensificadas.
caPrinocultura
Novas políticas públicas para a caprinocultura são necessárias devido aos problemas climáticos.
A ausência de tecnologia causa a perda dos rebanhos por falta de água e alimentos, problemas
primários que deveriam ter sido resolvidos. O Brasil produziu cerca de 29.150 toneladas de carne caprina. A produção de leite de cabra foi de 148.149 toneladas, segundo os mais recentes
dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
A perspectiva é de crescimento do setor. Em Sobral (CE), será instalado o Centro de Excelência em Ovinocaprinocultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Caprinos e Ovinos aposta no melhoramento
genético dos rebanhos regionais, mantendo como estratégia de produção a caracterização,
conservação, utilização sustentável e capacitação.
Em 2014, a região Nordeste deve liderar os números de contratos de programas, entre eles do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para recomposição do
plantel. A região possui 90,96% do rebanho de cabras.
ovinocultura
Assim como a caprinocultura, a produção de ovinos também foi comprometida em função das
estiagens na região Nordeste, onde estão 55,55% dos animais criados no país. Para garantir
o abastecimento interno, foi preciso recorrer às importações. As regiões Sul e Centro-Oeste
respondem por 30,03% e 6,41%, respectivamente, do rebanho; o Sudeste, por 4,44%; e o Norte,
por 3,57%
O aumento do volume de importação da carne ovina do Uruguai aponta para um mercado
aquecido, oportunidade para os criadores brasileiros melhorarem as condições de produção dos animais.
116
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Os resultados do primeiro semestre de 2013 apontam para uma nova retração na produção
doméstica, quadro que deve ser revertido. O volume de importação, o aumento na disponibilidade interna e os pequenos incrementos nos preços ao produtor sustentam uma perspectiva
relativamente favorável para o segundo semestre do ano que, por sua vez, tende a fechar com
melhores resultados do que o anterior.
Com a redução de 39,8% na produção formal e a alta de 74,5% nas importações em 2013, a disponibilidade interna de carne ovina nos principais centros de consumo fechou o semestre com um
incremento de 21,7%, na comparação com o mesmo período de 2012. Os seguidos aumentos no
preço da carne ovina devem influenciar e estimular o aumento da produção no Brasil.
As cotações da carne ovina oscilaram entre R$ 8,28 por quilo no Rio Grande do Sul; R$ 8,77 na
Bahia e R$ 11,35 em São Paulo. Os valores mantiveram-se estáveis apenas no Rio Grande do Sul.
No Brasil, o consumo médio anual per capita nos últimos anos foi de 0,6 quilo. A expectativa é
de crescimento. O volume de carne ovina disponibilizada no mercado interno no primeiro semestre de 2013 chegou a 5,16 mil toneladas. O volume de abates sob inspeção federal em 2013
alcançou 60,2% da escala registrada no primeiro semestre de 2012, gerando uma produção
estimada de 1,18 mil toneladas. Como a produção interna é insuficiente para suprir a demanda
local, são importados lotes de carne do Uruguai.
A carne caprina deverá manter seu papel como fonte de proteína na agricultura de subsistência
na região Nordeste, onde o leite de cabra também tem forte papel social.
Consumo Ovinos e Caprinos
média KG/Per caPita
média KG/Per caPita
Ranking
País
2009
Ranking
País
2009
1º
Mongólia
49,3
9º
Mauritânia
11,2
2º
Turcomenistão
26,4
10º
Emirado Árabes
10,8
3º
Nova Zelândia
23,2
11º
República da Síria
9,9
4º
Islândia
19,9
12º
Fiji
9,4
5º
Kuwait
16,5
13º
Kazaquistão
8,5
6º
Grécia
13,1
14º
Quirquistão
8,5
7º
Samoa
11,7
15º
Sudão
8,0
8º
Austrália
11,5
Brasil
0,6
FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 | 06 November 2013
21 . c a P r i n o s e o v i n o s
117
Segundo a FAO, a produção mundial de todas as carnes deverá crescer em 2013, totalizando
308,3 milhões de toneladas. A carne ovina continua mostrando um crescimento modesto – 1,5%
–, devendo chegar a 13,7 milhões de toneladas. Nos países desenvolvidos, o maior crescimento
deverá ocorrer na Austrália e na Nova Zelândia. A China continuará sendo o maior mercado
consumidor, seguindo a tendência dos últimos três anos.
Balanço 2013
Apesar das condições climáticas favoráveis e dos rebanhos adaptados aos diferentes tipos de
biomas propícios para a criação de caprinos e ovinos, a cadeia produtiva ainda enfrentou problemas em 2013. As técnicas de produção, o abate informal, a desorganização no setor primário
e a falta de canais de comercialização impediram o crescimento do setor.
Os seguidos períodos de estiagem reduziram o número de animais criados na região Nordeste.
A Embrapa Caprinos e Ovinos acredita que para recompor os rebanhos serão necessários de
cinco a oito anos. Mesmo com o uso de mão de obra não qualificada, a caprinocultura exerce
um papel fundamental para o desenvolvimento sustentável das regiões.
A situação na região Nordeste não é pior, no entanto, porque mesmo com baixa produção de
leite e carne, as operações ocorrem sob o regime de agricultura de subsistência, pecuária a
pasto e baixíssimo custo de mão de obra.
Brasil – Número de Cabeças de Ovinos e Caprinos
20.000.000
17.380.581
17.668.063
9.163.560
9.312.784
9.386.316
2009
2010
16.239.455
16.630.408
16.811.721
9.450.312
9.355.014
2007
2008
16.789.492
15.000.000
10.000.000
8.864.463
5.000.000
0
Caprinos
2011
2012
Ovinos
Fonte: IBGE, 2012
O plantel de ovinos em 2013 foi insuficiente para abastecer o mercado interno. A procura por
carcaças e carnes processadas é grande. O rebanho nacional em 2012 foi de 16.789.492 cabeças.
Em 2013, mesmo com perspectivas de crescimento, a cadeia não se organizou abrindo espaço
para o mercado uruguaio.
118
B a l a n ço 2 0 1 3 – P e r s P e c t i va s 2 0 1 4
Principais exportadores de carne ovina para o Brasil – janeiro a setembro de 2013
mil us$
volume (ton)
25.780,8
5.418,8
1.397,0
182,7
ARGENTINA
825,2
166,5
NOVA ZELANDIA
256,7
24,0
AUSTRÁLIA
315,4
15,9
28.575,2
5.808,0
URUGUAI
CHILE
TOTAL
Fonte: MDIC.
De janeiro a setembro de 2013, o Uruguai aumentou em 32% o volume de carne exportada em
relação ao mesmo período de 2012 (Fonte: INAC Uruguai).
Até setembro de 2013, as exportações para o Brasil somaram US$ 25,78 milhões, totalizando 5,4
mil toneladas, o que representa mais de 90% do volume e da receita de importação.
21 . c a P r i n o s e o v i n o s
119
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA
E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA
INSTITUTO
CNA
SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM RURAL – SENAR
DIRETORIA EXECUTIVA 2013
TRIÊNIO 2011/2014
COMPOSIÇÃO DOS
CONSELHOS 2012/2015
CONSELHO
DELIBERATIVO - SENAR
Senadora Kátia Abreu (TO)
Presidente
CONSELHO ADMINISTRATIVO
Senadora Kátia Abreu
Presidente
João Martins da Silva Júnior (BA)
1º Vice-Presidente
Fábio de Salles Meirelles Filho (MG)
Vice-Presidente Executivo
José Zeferino Pedroso (SC)
Vice-Presidente de Secretaria
José Mario Schreiner (GO)
Vice-Presidente de Finanças
Assuero Doca Veronez (AC)
Vice-Presidente Diretor
Carlos Rivaci Sperotto (RS)
Vice-Presidente Diretor
Eduardo Riedel (MS)
Vice-Presidente Diretor
José Ramos Torres de Melo Filho (CE)
Vice-Presidente Diretor
Moisés Pinto Gomes
Presidente
Muni Lourenço Junior
Presidente da FAEA
José Zeferino Pedroso
Presidente da FAESC
Rui Carlos Ottoni Prado
Presidente da FAMATO
SUPLENTES
João Martins da Silva Junior
Presidente da FAEB
José Mário Schereiner
Presidente da FAEG
Renato Simplício Lopes
Presidente da FAPEDF
Andrea Alves Barbosa
Chefe do DEPPS SENAR
Júlio da Silva Rocha Júnior (ES)
Vice-Presidente Diretor
VICE-PRESIDENTES
Ágide Meneguette (PR)
Almir Morais Sá (RR)
Álvaro Arthur Lopes de Almeida (AL)
Carlos Augusto Melo Carneiro da Cunha (PI)
Carlos Fernandes Xavier (PA)
Eduardo Silveira Sobral (SE)
Fábio de Salles Meirelles (SP)
Flávio Viriato de Saboya Neto (CE)
Francisco Ferreira Cabral (RO)
José Hilton Coelho de Sousa (MA)
José Álvares Vieira (RN)
Luiz Iraçu Guimarães Colares (AP)
Mário Antônio Pereira Borba (PB)
Muni Lourenço Silva Júnior (AM)
Pio Guerra Júnior (PE)
Renato Simplício Lopes (DF)
Roberto Simões (MG)
Rodolfo Tavares (RJ)
Rui Carlos Ottoni Prado (MT)
CONSELHO FISCAL
Raimundo Coelho de Sousa
Vice-Presidente da FAERN
Álvaro Arthur Lopes
Presidente da FAEAL
José Álvares Vieira
Presidente da FAERN
EQUIPE TÉCNICA
José Zeferino Pedrozo
Presidente da FAESC
Adriana Del Isola
Anaximandro Almeida
Bruno Lucchi
Camila Soares Bragax
Cinara Ribeiro
Cristiano Zaranza
Elisangela Pereira Lopes
Frederico Toledo Melo
João Carlos De Carli
Jonas Ismael Jochims
Jonas Ismael Jochims
José Eduardo B. Costa
Leonardo de Oliveira Machado
Natália Fernandes
Nelson Ananias
Paulo Mustefaga
Rodrigo Hugueney do Amaral Mello
Rodrigo Justus
Rogério N. de Avellar Fonseca
Victor Miguel Ayres
Carlos Rivaci Sperotto
Presidente da FARSUL
EQUIPE DE COMUNICAÇÃO
Luiz Iraçú Guimarães Colares
Presidente da FAEAP
Assuero Doca Veronez
Presidente da FAEAC
Rui Carlos Ottoni Prado
Presidente da FAMATO
José Mário Schreiner
Presidente da FAEG
Fábio de Salles Meirelles Filho
Vice-Presidente Executivo da CNA
Roberto Simões
Presidente da FAEMG
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Ministério da Educação (MEC)
Agroindústria (CNI)
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)
SUPLENTES
Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (CONTAG)
Júlio da Silva Rocha Júnior
Presidente da FAES
Daniel Klüppel Carrara
Secretário Executivo
Og Arão Rubert
Secretário Executivo
Tatiana Lipovetskaia Palermo
Superintendente de Relações Internacionais
Getúlio Nunes
Superintendente de Comunicação e
Marketing
Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA)
Carlos Rivaci Sperotto
Presidente da FARSUL
Rosemeire Cristina dos Santos
Superintendente Técnica
João Martins da Silva Júnior
Presidente da FAEB
Eduardo Corrêa Riedel
Presidente da FAMASUL
Luiz Iraçu Colares
Presidente da FAEAP
EXPEDIENTE
Carlos Max Torres
Christane Samarco
Fabiola Salvador
Leticia Dias
Pablo Ulisses
FOTOS
Banco de Imagens CNA
PROJETO GRÁFICO
AGRONEGÓCIO
SGAN Quadra 601, Módulo K, Ed. Antônio Ernesto de Salvo
Asa Norte. Brasília – DF CEP 70830-021
T (61) 2109 1400
F (61) 2109 1490
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Balanço 2013 - Canal do Produtor