REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA
ISSN 1519-5228
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Volume 8 – Número 1 – 1° Semestre 2008
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Teores foliares de nutrientes em mamoneiras (Ricinus communis) adubadas com
doses variadas de NPK em solo de chapada da bacia do Rio Jequitinhonha
Dilermando Dourado Pacheco1, Nívio Poubel Gonçalves1, Heloisa Mattana Saturnino1, Patrik Diogo Antunes2
RESUMO
O trabalho objetivou determinar o teor foliar de nutrientes na mamoneira cv. IAC 226 adubada com
NPK num solo de chapada da bacia do rio Jequitinhonha. Testaram-se doses de 0; 36; 72; 108 e 144
kg/ha de P2O5 e 0; 20; 40; 60 e 80 kg/ha de N, combinadas pela matriz experimental do quadrado
duplo com 30 e 60 kg/ha de K2O. No pleno florescimento das plantas fez-se coleta de amostras
foliares para medição do teor de nutrientes. A máxima produtividade econômica (2.836,8 kg/ha de
sementes), estimada na associação de 20 kg ha-1 de P2O5, 30 kg ha-1 de K2O e 0 kg ha-1 de N,
associou-se a teores foliares de 5,46 dag kg-1 de N, 0,29 dag kg-1 de P, 2,56 dag kg-1 de K, 1,80 dag
kg-1 de Ca, 0,24 dag kg-1 de Mg e 0,25 dag kg-1 de S; e de 28 mg kg-1 de B, 8 mg kg-1 de Cu, 189
mg kg-1 de Fe, 37 mg kg-1 de Mn e 20 mg kg-1 de Zn. De forma geral, as concentrações de
macronutrientes e micronutrientes foram mais influenciadas pela adubação fosfatada que pela
potássica e nitrogenada. Observou-se pouco efeito das adubações nitrogenada e potássica devido
aos altos teores de matéria orgânica e K no solo, sendo as principais variações nos teores foliares de
macro e micronutrientes ocorridas em resposta à adubação fosfatada.
Palavras-chave: Ricinus communis, diagnose nutricional, fósforo, nitrogênio, potássio.
Diagnosis nutricional by castor (Ricinus communis) fertilized with NPK in soil
of Jequitinhonha River basin
ABSTRACT
The work aimed at to determine nutritional status castor - cv IAC 226 - fertilized with NPK in a
soil of the basin of the river Jequitinhonha. The studied factors were doses of 0, 36, 72, 108 and 144
kg/ha of P2O5; and 0, 20, 40, 60 and 80 kg/ha of N, combined for the experimental matrix DoubleSquare in presence of 30 and 60 kg/ha of K2O. In the flowering were collects leaves indicator for
diagnosis nutritional of plants castor. In the maxim economical productivity - 2.836,8 kg/ha of
seeds -, associating doses of 20 P2O5, 30 K2O and 0 N,em kg/ha, the content of nutrients of leaves
were of 5,46 N, 0,29 P, 2,56 K, 1,80 Ca, 0,24 Mg and 0,25 S, in dag/kg; and of 28 B, 8 Cu, 189 Fe,
37 Mn and 20 Zn, mg/kg. In most of the situations, the content of nutrients were more influenced by
the application of the P2O5 when compared with potassium and nitrogen fertilizers. The content of
K and organic matter in the soil probably increased in the readiness of K and N in the ambient,
reducing the effect of the fertilizers with potassium and nitrogen, turning the content of macro and
micronutrients in the leaves more dependents of the application of the phosphorum.
Keywords: Ricinus communis, diagnosis nutritional, phosphorum, nitrogen, potassium.
224
1 INTRODUÇÃO
As chapadas da bacia do Rio Jequitinhonha
são opções para cultivo de plantas oleaginosas
visando o programa governamental do
biodiesel. Uma das carências locais para o
plantio racional de oleaginosas, especificamente
da mamoneira, é a carência de informações na
área de adubação e nutrição mineral das plantas,
pois a mamoneira é exigente em fertilidade do
solo. Nakagawa e Neptune (1971); Raij et al.
(1996) observaram que o teor foliar de N para
mamoneira deve ser próximo de 4,13 dag/kg aos
64 dias após a germinação para que a planta
apresente boa produção de frutos.
O N faz parte da estrutura da planta, sendo
componente de aminoácidos, proteínas,
enzimas, RNA, DNA, ATP, clorofila dentre
outras moléculas. A deficiência de N, na
maioria das plantas, causa redução no
crescimento; amarelecimento, pela perda de
clorofila; amadurecimento precoce dos frutos;
redução da produtividade e qualidade dos frutos
(Marschner, 1995).
A maior parte do NO3 é reduzido e
assimilado nas raízes da mamoneira, com
contribuições crescentes da parte aérea à medida
que aumenta sua disponibilidade no solo.
Praticamente todo o NH4+ absorvido pelas raízes
é incorporado em moléculas orgânicas nesse
mesmo órgão (Peuke et al, 2002).
A deficiência de N em mamoneira é comum
dada à alta demanda da planta por esse
nutriente. Na Região Nordeste do Brasil é
comum os agricultores obterem baixa
produtividade devido à carência desse nutriente.
A demanda da mamoneira explica-se pela
exigência de N para crescimento e produção de
área foliar, sendo comum, sob sua deficiência,
uma forte redução no crescimento, resultando
em plantas de baixa estatura. Também a planta
armazena significativa quantidade de proteínas
nas sementes, acentuando a demanda pelo N.
Os sintomas da deficiência de N em plantas
adultas são inicialmente folhas inferiores
amareladas. Com a evolução da deficiência há
um forte gradiente de perda de cor das folhas
inferiores para o ápice, seguida de queda
prematura da folhagem. A frutificação é
reduzida, com pouco cacho, e frutos com peso
abaixo do normal (Santos et al., 2004).
A Comissão de Fertilidade do Solo do Estado
de Minas Gerais, CFSEMG (CFSEMF, 1999)
recomenda teores foliares de 0,3 a 0,4 dag/kg de
P
para
mamoneiras
nutricionalmente
equilibradas e produtivas. Ele é absorvido pelas
raízes na forma de H2PO4-. Uma vez na célula,
o H2PO4- participa na síntese de açúcares
fosfatados, ATP, DNA e fosfolipídeos, que em
conjunto compõem o fósforo orgânico (Po), ou
é armazenado como P-inorgânico (Pi) no
vacúolo (Marschner, 1995).
As concentrações foliares de K variam de 3 a
4 dag/kg para mamoneiras equilibradas
nutricionalmente (CFSEMG, 1999). O K é
absorvido por antiporte, com influxo de K+ e
efluxo de H+ através da membrana
citoplasmática. No interior da célula, por ser o
cátion em maior concentração, o K exerce
importante função de ativação enzimática e de
osmorregulação (Marschner, 1995).
Para se cultivar oleaginosas racionalmente na
bacia do Rio Jequitinhonha é fundamental
conhecer a relação entre o estado nutricional das
plantas e as doses de fertilizantes aplicados. Isto
permite identificar níveis críticos locais para
macro e micronutrientes nas folhas, evitando-se
o uso inadequado de recomendações de
adubação gerada em outras condições de clima e
de solo, o que pode resultar uso de fertilizantes
em dose sub-ótima ou acima das necessidades
reais das plantas. Essa preocupação é ainda
maior para mamoneira, uma cultura em que
tradicionalmente a margem de lucro é muito
pequena.
A presente pesquisa objetivou determinar os
efeitos de doses de adubos NPK sobre os teores
foliares de macro e micronutrientes em
mamoneira cultivada em solos de chapada na
bacia do Rio Jequitinhonha, Nordeste de Minas
Gerais.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Conduziu-se o trabalho na EPAMIG Fazenda Experimental de Acauã – FEAC, Leme
do Prado, MG. O solo do local de implantação
do
experimento
tinha
as
seguintes
características: pH, em água, 6,0; matéria
orgânica, areia, silte e argila, 4,3; 30; 30 e 40
dag/kg, respectivamente; P, K, B, Cu, Fe, Mn e
Zn, 46,8; 95; 0,8; 0,2; 50,0; 10,7 e 1,0 mg/dm3,
225
respectivamente; Ca, Mg, Al e H+Al, 3,8; 0,9;
0,0 e 4,5 cmolc/dm3, respectivamente.
Trabalhou-se com mamoneira, cv IAC 226,
testando as doses de 0, 36, 72, 108 e 144 kg/ha
de P2O5; 0, 20, 40, 60 e 80 kg/ha de N
combinadas pela matriz experimental do
quadrado duplo (Alvarez et al., 1991). As
combinações de doses entre P2O5 e N foram
testadas dentro de 30 e 60 kg/ha de K2O (Tabela
1),
totalizando
26
tratamentos,
num
delineamento de blocos casualizados com três
repetições. Utilizaram-se os adubos superfosfato
simples, sulfato de amônio e cloreto de potássio
como fontes de P2O5, N e K2O. Todo P2O5 e
K2O foram aplicados no plantio, enquanto
forneceu-se
N
para
plantas
com
aproximadamente 50 cm de altura, aos 45 dias
após a emergência (DAE).
Tabela 1 – Tratamentos definidos pela matriz
experimental do quadrado duplo
K2O (30 kg/ha)
Tratamento
P2O5
N
kg/ha
1
0
0
2
0
40
3
0
80
4
36
20
5
36
60
6
72
0
7
72
40
8
72
80
9
108
20
10
108
60
11
144
0
12
144
40
13
144
80
K2O (60 kg/ha)
14
0
0
15
0
40
16
0
80
17
36
20
18
36
60
19
72
0
20
72
40
21
72
80
22
108
20
23
108
60
24
144
0
25
144
40
26
144
80
O experimento foi conduzido em sequeiro,
implantando-o em 9/12/2004. Cada parcela
experimental constou de quatro fileiras, com
seis plantas/fileira, totalizando 24 plantas no
espaçamento de 3 m entre linhas e 1 m entre
plantas. Considerou-se como área útil, as oito
plantas centrais da parcela.
Os tratos culturais foram normais à cultura,
destacando-se a realização de cinco capinas em
33, 47, 55, 96 e 152 dias pós-plantio, para
controle de ervas daninhas; seis pulverizações
com o fungicida Iprodiona (Rovral), para
controle de mofo cinzento; e duas aplicações de
iscas formicidas, para controle de formiga aos
13 e 18 dias pós-plantio. O cultivo foi de
sequeiro, dispensando-se o fornecimento de
água via irrigação.
No pleno florescimento das plantas,
coletaram-se, dentro da área útil da parcela,
amostras para diagnóstico nutricional das
plantas, constituídas de duas folhas por planta –
4ª folha a partir do ápice em ramos distintos na
planta, totalizando 16 folhas por amostra. Para a
análise, considerou-se apenas o limbo das folhas
coletadas, o qual foi lavado com água destilada
e, em seguida, secado em estufa de ventilação
forçada de ar a 65ºC até peso constante. Depois
de secas, as amostras foram moídas em moinho
tipo willey e analisadas, determinando-se os
teores de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e
Zn (Malavolta et al., 1989).
Aos 179 dias pós-semeio contou-se o estande
final, colheram-se todos os cachos produzidos
na área útil das parcelas, e estabeleceu-se a
produção de sementes na área útil das parcelas,
e a produtividade de sementes de mamona.
Todos os dados foram submetidos às análises
de variância e de regressão, considerando-os
variáveis dependentes das doses de P2O5 e N.
No ajuste de regressão foram selecionados
modelos separadamente dentro das doses de 30
e 60 kg/ha de K2O.
Calculou-se a combinação de doses de P2O5 e
N associada à máxima produtividade física
(MPF) da mamoneira. Para isto, foi considerada
a 1ª derivada da equação de regressão para
produção, igualando-a zero. As doses de P2O5 e
N foram substituídas nas equações de regressão
ajustadas para características analisadas nas
folhas, estabelecendo-se, assim, os níveis
críticos de macro e micronutrientes.
Foram consideradas as informações de
produtividade de sementes de mamona, e de
preço de R$ 0,35 a cada kg de semente de
mamona; e de R$ 24,80 e R$ 30,00 para 50 kg
dos adubos comerciais superfosfato simples e
cloreto de potássio, respectivamente, para se
226
determinar renda bruta e lucro. Do ajuste de
equações de regressão para renda bruta e lucro,
foi possível, pelo processo de matemático de
derivada, definir as doses de N e P2O5
relacionadas com a produção de máxima
eficiência econômica (MEE) das plantas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os teores foliares de macronutrientes na
mamoneira apresentaram respostas variadas às
doses de P2O5 e de N, sendo mais pronunciado
o efeito do primeiro fator (Tabela 2). É provável
que, a mineralização da matéria orgânica do
solo, estimulada pela sua alta concentração no
solo, tenha disponibilizado N às plantas,
minimizando, assim, o efeito do N sobre os
teores de minerais nas folhas.
Macronutrientes
Tabela 2 – Teores foliares de macronutrientes em mamoneira estimados em função das doses de P2O5 e N na presença
de adubações com 30 (1) e 60 (2) kg/ha de K2O.
N1
Ŷ = 5,56 – 5,88x10-3*P2O5 + 4,53x10-5*(P2O5)2
R2 = 0,8653
N2
Ŷ = 5,34 + 1,63x10-3*P2O5
R2 = 0,7062
P1
Ŷ = 0,29 + 1,37x10-4**P2O5
R2 = 0,9159
P2
Ŷ = Y = 0,28
K1
Ŷ = 2,68 + 1,13x10-2**N – 1,04x10-4**N2 – 6,93x10-3**P2O5 + 4,57x10-5**(P2O5)2 – 2,97x10-5*P2O5xN
R2 = 0,8590
K2
Ŷ = Y = 2,63
S1
Ŷ = 0,24 + 4,74x10-4*P2O5
R2 = 0,8322
S2
Ŷ = 0,27 – 0,7081x10-2*N + 0,5965x10-3*N
R2 = 0,9542
Ca1
Ŷ = Y = 1,80
Ca2
Ŷ = Y = 1,67
Mg1
Ŷ = 0,21 + 9,05x10-3*(P2O5)0,5 – 6,44x10-4*P2O5
R2 = 0,9050
Mg2
Ŷ = Y = 0,23
* e **, significativos pelo teste t a 5 e 1 % de probabilidade, respectivamente
A produção de MEF – 2.956 kg/ha de
sementes de mamona, com doses estimadas de
61 kg/ha de P2O5, 30 kg/ha de K2O e 0 kg/ha de
N – foi associada com teores indicadores de
5,37 dag kg-1 de N, 0,30 dag kg-1 de P, 2,43 dag
kg-1 de K, 1,80 dag kg-1 de Ca, 0,25 dag kg-1 de
Mg e 0,27 dag kg-1 de S nas folhas (Tabela 3).
Os teores de K e S situaram-se abaixo das faixas
de suficiência, de 3,0 a 4,0 dag/kg de K e de 0,3
a 0,4 dag/kg de S apontadas pela CFSEMG
(1999) e Malavolta et al. (1989); os de P e Mg
estiveram no intervalo de 0,3 a 0,4 dag/kg de P
e de 0,25 a 0,35 dag/kg de Mg citados por estes
autores; e o de N, apresentou-se em excesso,
acima da faixa de suficiência, de 4,0 a 5,0
dag/kg.
Para atingir a produção de MEE – 2.836,8
kg/ha de sementes de mamona, combinando
doses de 20 kg/ha de P2O5, 30 kg/ha de K2O e 0
kg/ha de N – os níveis críticos foliares foram de
5,46 dag kg-1 de N, 0,29 dag kg-1 de P, 2,56 dag
kg-1 de K, 1,80 dag kg-1 de Ca, 0,24 dag kg-1 de
Mg e 0,25 dag kg-1 de S (Tabela 3). Camargo e
Zabini (2005) testaram adubos foliares
comerciais Viça Café, Ubyfol e Biosoja em
mamoneiras e verificaram essas bem nutrida
com teores foliares médios de 4,05 dag kg-1 de
N; 0,20 dag kg-1 de P; 1,57 dag kg-1 de K; 1,43
dag kg-1 de Ca; 0,29 dag kg-1 de Mg; 0,20 dag
kg-1 de S.
O teor foliar de N foi afetado
significativamente pela dose de P2O5, não
havendo resposta à adubação nitrogenada
(Tabela 2 e Figura 1). Para todas as
combinações de doses de NPK, as
concentrações foliares de N foram sempre altas,
acima de 5 dag/kg de N, indicando alta
disponibilidade desse macronutriente no solo.
Teores elevados de matéria orgânica no solo
possivelmente
explicam
a
satisfatória
disponibilidade de N para o crescimento das
plantas, dispensando, assim, a aplicação de
fertilizante nitrogenado.
227
Tabela 3 – Teores de macro e micronutrientes na 4ª folha de mamoneira, na fase de plena floração, associados às
produções de máxima eficiência física (MEF) e máxima eficiência econômica (MEE).
N
P
K
Ca
Mg
S
………………….................................dag/kg............................................................
MEF
5,37
0,30
2,43
1,80
0,25
0,27
MEE
5,46
0,29
2,56
1,83
0,24
0,25
1
4-5
0,3-0,4
3-4
1,5-2,5
0,25-0,35
0,3-0,4
Fonte: 1. CFSEMG (1999) e Malavolta et al. (1989)
Segundo Nakagawa e Neptune (1971) e Raij
et al. (1996), os teores foliares de N para
mamoneira em adequadas condições de nutrição
situam-se próximos a 4,13 dag/kg, aos 64 dias
após a germinação. Quando ocorre deficiência
do nutriente há um forte gradiente de perda de
cor, evoluindo das folhas inferiores para o ápice,
queda prematura da folhagem e frutificação
fraca, isto é, poucos cachos/planta e frutos com
peso abaixo do esperado (Santos et al., 2004).
Nenhum desses sintomas foi constado no
presente experimento.
Os teores foliares de P aumentaram
linearmente de 0,29 para 0,31 dag/kg de P em
resposta aos extremos de doses de 0 e 144 kg/ha
de P2O5, respectivamente, para plantas adubadas
com 30 kg/ha de K2O. Quando adubadas com
60 kg/ha de K2O, o teor foliar de P foi constante
em resposta ao adubo nitrogenado e fosfatado, e
seu valor foi sempre inferior ao daquelas plantas
adubadas com 30 kg/ha de K2O (Figura 1).
As concentrações foliares de P foram abaixo
do limite crítico de 0,3 a 0,4 dag/kg apontado
pela CFSEMG (1999) e Malavolta et al. (1989),
indicando uma provável deficiência do nutriente
ou então que a faixa de suficiência desse
nutriente para cv IAC 226 nas condições
edafoclimáticas da Bacia Jequitinhonha é
inferior à proposta pelos referidos autores. Na
primeira hipótese, é possível que a precipitação
pluviométrica durante condução do experimento
(Tabela 4) tenha sido insuficiente para plena
difusão do nutriente H2PO4- até o pêlo radicular
absorvente,
estabelecendo-se,
assim,
concentrações foliares abaixo do ideal para esse
macronutriente mesmo nas maiores doses do
fertilizante fosfatado. A produtividade alta na
maioria das situações torna essa primeira
hipótese pouco provável e sinaliza que os teores
indicadores de P para mamoneira são abaixo dos
recomendados na literatura.
Os teores foliares de K, no cultivo com 30
kg/ha
de
K2O,
foram
afetados
significativamente pelas adubações fosfatada e
nitrogenada (Figura 1). Obtiveram-se valores
mais elevados de K combinando-se altas doses
de N e ausência de P2O5. Sob 60 kg/ha de K2O,
o teor foliar de K foi constante em resposta às
doses de N e P2O5. Confrontando aos teores
críticos de 3 a 4 dag/kg de K (CFSEMG, 1999),
verificou-se menor acúmulo de K nas condições
deste experimento.
Não houve efeito significativo da adubação
fosfatada com superfostato simples sobre as
concentrações foliares de Ca (Tabela 2).
Considerando que esse fertilizante possui 20%
de Ca, as variadas quantidades de Ca aplicadas
ao solo não teve efeito significativo nas
quantidades do nutriente absorvido pela planta.
Quanto à adubação potássica, a dose de 30
kg/ha K2O favoreceu teores foliares para Ca
mais elevados em comparação às plantas
desenvolvidas com 60 kg/ha de K2O, fato que
possivelmente associado à maior competição do
K sobre a absorção de Ca na maior dose de
K2O.
228
0,35
0,32
P (dag/kg)
6,0
N (dag/kg)
5,8
5,6
5,4
0,29
0,26
0,23
5,2
0,20
5,0
0
36
72
108
0
144
36
108
144
P2O5 (kg/ha)
P 2 O5 (kg/ha)
3
3
2,8
2,8
K (dag/kg)
K (dag/kg)
72
2,6
2,4
2,2
K2 O (30 kg/ha)
2
144
90
36
0
60
N (kg/ha)
P2 O5 (kg/ha)
2,6
2,4
2,2
2
K2O (60 kg/ha)
144 108
72
36
0
80
40
N (kg/ha)
0
P2O5 (kg/ha)
Figura 1 – Teores foliares de N, P e K, em resposta às doses de P2O5 e N, para mamoneiras adubadas com 30 (_____) e
60 (- - - -) kg/há de K2O.
Tabela 4 – Precipitação pluviométrica em Leme do Prado, MG, durante a condução do experimento.
Período
...........2004...........
...........................................2005............................................
(dias)
Nov.
Dez.
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Maio
Jun.
............................................................mm...............................................................
1-5
0,0
27,6
0,0
10,2
79,5
0,0
0,0
3,0
6-10
0,0
48,1
34,8
0,0
32,6
0,0
0,0
3,0
11-15
0,0
92,2
121,2
41,2
20,8
0,0
5,0
0,0
16-20
69,1
8,6
3,6
94,6
2,2
0,0
0,0
0,0
21-25
0,0
3,6
8,0
1,8
0,0
0,0
0,0
1,4
26-30/31
85,0
2,0
34,2
4,2
0,0
1,2
17,0
0,0
Total
154,1
182,1
201,8
152,0
135,1
1,2
22,0
7,4
Micronutrientes
Os teores foliares de micronutrientes, em
sua maioria, foram mais influenciados pelas
doses de P que as de N (Tabela 5). Detectouse resposta do B e Fe à adubação fosfatada; e
de Mn às adubações fosfatada e nitrogenada.
O Cu não respondeu aos dois fatores.
Segundo HOCKING (1982), dentre os
micronutrientes, as concentrações foliares de
Fe são as maiores no exsudato do floema,
enquanto as de Cu são as menores. Estudando
efeito da omissão de micronutrientes,
LANGE et al. (2005) constataram sintomas
mais pronunciados para o Fe (clorose
internerval com aparência de reticulado fino),
enquanto não verificaram qualquer sintoma
visível com a subtração de Cu, Zn e Mo.
A produção de MEF, 2.956 kg/ha de
sementes, foi obtida na presença de teores
foliares de 29 mg kg-1 de B, 8 mg kg-1 de Cu,
199 mg kg-1 de Fe, 47 mg kg-1 de Mn e 27 mg
kg-1 de Zn, em mg/kg.
Considerando a produção de MEE, 2.836,8
kg/ha de sementes, os valores foram de 28 mg
kg-1 de B, 8 mg kg-1 de Cu, 189 mg kg-1 de
Fe, 37 mg kg-1 de Mn e 20 mg kg-1 de Zn.
229
Tabela 5 – Teores foliares de micronutrientes em mamoneira estimados em função das doses de P2O5 e N na presença
de adubações com 30 (1) e 60 (2) kg/ha de K2O.
B1
Ŷ = 20,77 + 2,51*(P2O5)0,5 – 1,78x10-1*P2O5
R2 = 0,8934
B2
Ŷ = 21,89 + 3,71x10-2***P2O5
R2 = 0,9846
Cu1
Ŷ = Y = 8,34
Cu2
Ŷ = Y = 7,82
Fe1
Ŷ = 122,27 + 21,99**(P2O5)0,5 – 1,56*P2O5
R2 = 0,9640
Fe2
Ŷ = 201,61 – 2,26x10-1*P2O5
R2 = 0,8213
-2*
Mn1
Ŷ = 30,37 + 7,24x10 N + 3,43x10-1***P2O5 – 1,24x10-3*(P2O5)2
R2 = 0,8975
Mn2
Ŷ = Y = 57,20
Zn1
Ŷ = Y = 27,20
Zn2
Ŷ = Y = 31,11
*, ** e ***, significativos pelo teste t a 5, 0 e 0,1 % de probabilidade, respectivamente.
Comparativamente, Camargo e Zabini (2005)
obtiveram plantas bem nutrida com teores
foliares médios de 33 mg kg-1 de B; 8,8 mg kg-1
de Cu; 201 mg kg-1 de Fe; 120 mg kg-1 de Mn;
39 mg kg-1 de Zn em resposta à aplicação de
fertilizantes foliares Viça Café, Ubyfol e
Biosoja.
O nível crítico de 28 mg/kg de B para MEE
foi abaixo da faixa de suficiência de 35 a
91 mg/kg de B indicada por Souza e Natale
(1997). Apesar do menor valor não foi
constatado sintomas como necrose progressiva
do ápice para a base, superbrotamento ou queda
de folhas (Paulo et al., 1989) ou
encarquilhamento de folhas mais novas (Lange
et al. 2005), sintomas indicadores de deficiência
para B.
Para Zn, o nível crítico de 20 mg/kg ficou no
intervalo de 14 a 43 mg/kg, apontado em
literatura para mamoneiras cultivadas em solos
de baixa e de alta fertilidade, respectivamente
(Hocking, 1982; Souza e Natale, 1997). Os
valores respectivos de Fe e Mn, 67 e 272 mg/kg,
indicados por Paulo et al. (1989) diferem
daqueles obtidos na presente pesquisa.
4 CONCLUSÕES
Os
teores
de
macronutrientes
e
micronutrientes, na maioria das situações,
tiveram respostas mais pronunciadas ao adubo
fosfatado em comparação aos potássico e
nitrogenado.
Os teores foliares para nutrientes associados
à produção de máxima eficiência econômica,
2.837 kg/ha de sementes de mamona, foram de
5,46 dag kg-1 de N, 0,29 dag kg-1 de P, 2,56 dag
kg-1 de K, 1,80 dag kg-1 de Ca, 0,24 dag kg-1 de
Mg, 0,25 dag kg-1 de S, 28 mg kg-1 de B, 8 mg
kg-1 de Cu, 189 mg kg-1 de Fe, 37 mg kg-1 de
Mn e 20 mg kg-1 de Zn, sendo recomendações
para mamoneira cv IAC 226 nutricionalmente
equilibradas para as condições edafoclimáticas
da Bacia Jequitinhonha, Nordeste de Minas
Gerais.
AGRADECIMENTOS
Ao Ministério de Desenvolvimento Agrário e
pelo Banco do Nordeste do Brasil pelo
financiamento da pesquisa. E a FAPEMIG pela
concessão de Bolsa de Incentivo a Pesquisa e ao
Desenvolvimento Tecnológico.
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__________________________________
1
Pesquisadores da EPAMIG – CTNM. Caixa Postal 12,
CEP 39525-000, Nova Porteirinha, MG, [email protected];
[email protected];
[email protected]
2
Acadêmico de Mestrado em Ciência do Solo, UFRPE.
Rua Dom Manoel de Macedo s/n – Dois Irmão UFRPE,
Recife, PE, CEP 52171-900, E-mail:. E-mail:
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Teores foliares de nutrientes em mamoneiras (Ricinus communis