MÉTODO ANALÍTICO PARA DIMENSIONAMENTO DO DIAFRAGMA DE UM SENSOR DE PRESSÃO PIEZORESISTIVO Mariana A. Fraga, Leandro L. Koberstein, Luiz A. Rasia, Edgar Charry Grupo de Microssistemas Híbridos e Monolíticos de Pressão Laboratório de Sistemas Integráveis-LSI Universidade de São Paulo-USP E-mail:[email protected] SUMMARY This paper describes an Analytical Method for design of the diaphragm of a Piezoresistive Pressure Sensor. A particular problem for piezoresistive pressure sensor is the calculation of stress in a diaphragm as a function of applied pressure. The use of square diaphragm solves this problem because acts like a plate with small deflection. The knowledge of the piezoresistive effect in the silicon is not sufficient for design of a silicon pressure sensor. It is necessary understand as the piezoresistive coefficients and the material properties react with the mechanical stress or applied pressure. A structural design of silicon sensor should present the best relation between geometrical dimensions, mechanical stress and the crystallographic orientation of the piezoresistors. The analytical method connects the expressions of resistance of materials with the expression of the piezoresistive effect. This make possible to design the diaphragm easily. RESUMO Este artigo descreve um Método Analítico para dimensionamento de diafragmas de Sensores de Pressão Piezoresistivos. No projeto do sensor de pressão um problema particular é o cálculo do stress no diafragma em função da pressão aplicada. A utilização de diafragmas quadrados simplifica o problema, pois se comporta como uma placa delgada com pequena deflexão. O conhecimento do efeito piezoresistivo do silício não é suficiente para o projeto de sensores de pressão. É preciso também compreender como os coeficientes piezoresistivos e as propriedades do material respondem ao esforço mecânico ou a pressão hidrostática aplicada. Um projeto estrutural de sensores de silício deve apresentar a melhor relação entre as dimensões geométricas, as tensões mecânicas e a orientação cristalográfica dos piezoresistores. O método analítico relaciona as equações de Resistência dos Materiais com a que caracteriza o efeito piezoresistivo possibilitando o dimensionamento do diafragma de forma simples e eficaz. MÉTODO ANALÍTICO PARA DIMENSIONAMENTO DO DIAFRAGMA DE UM SENSOR DE PRESSÃO PIEZORESISTIVO Mariana A. Fraga, Leandro L. Koberstein, Luiz A. Rasia, Edgar Charry Grupo de Microssistemas Híbridos e Monolíticos de Pressão Laboratório de Sistemas Integráveis - LSI Universidade de São Paulo-USP E-mail : [email protected] RESUMO Este artigo descreve um Método Analítico para dimensionamento de diafragmas de Sensores de Pressão Piezoresistivos. No projeto do sensor de pressão um problema particular é o cálculo do stress no diafragma em função da pressão aplicada. A utilização de diafragmas quadrados simplifica o problema, comportando-se como uma placa delgada com pequena deflexão. Um projeto estrutural deve apresentar a melhor relação entre as dimensões geométricas e as tensões mecânicas. Para sensores de silício, além do aspecto estrutural, é necessário considerar a orientação cristalográfica dos piezoresistores. O efeito piezoresistivo é a variação da resistividade provocada por este stress. O Método analítico relaciona as equações de Resistência dos Materiais com a equação que caracteriza o efeito piezoresistivo. Isto possibilita o dimensionamento do diafragma de forma simples e eficaz. 1. INTRODUÇÃO Um sensor de pressão piezoresistivo consiste de uma fina membrana de silício monocristalino suportado por uma espessa borda de silício como mostra a figura 1. No sensor o diafragma atua como um amplificador de stress mecânico. O Silício não é usado apenas como um substrato para difusão de piezoresistores, é também um material elástico, por isso, utiliza-se a Lei de Hooke para relacionar as tensões e as deformações no diafragma. Quando uma pressão é aplicada sobre o dispositivo, o fino diafragma se curvará para baixo ou para cima, indicando tração ou compressão nos piezoresistores. A mudança de resistência causada por este stress pode ser facilmente medida[1]. A resposta da alteração de resistividade pode ser expressa em termos de um tensor com três componentes independentes denominadas π 11 , π 12 , π 44 . Estes coeficientes piezoresistivos referem-se à mudança na resistividade devido ao stress e podem ser convertidos em deformações através do uso do módulo de Young. Em um diafragma com piezoresistores, tipo P, o coeficiente π 44 é dominante na orientação <110>[2]. O projeto de um sensor de pressão inicia-se com o dimensionamento do diafragma. Este dimensionamento pode ser feito analiticamente ou por Método dos Elementos Finitos. Nos dois Métodos é necessário considerar o diafragma de um sensor de pressão como uma placa delgada com pequenas deflexões obedecendo às hipóteses estabelecidas por Timoschenko and WoinowskyKreiger no livro “Theory of Plates and Shells” [3]. 2. TEORIA DE PLACAS DELGADAS COM PEQUENA DEFLEXÃO Se as deflexões y de uma placa são pequenas em comparação com a sua espessura t , pode-se admitir a seguintes hipóteses [3]: — Não há deformação no plano do meio da placa. Este plano permanece neutro durante a flexão; Figura 1. Desenho esquemático de um Sensor de Pressão Piezoresistivo. 1 a — O efeito das forças de cisalhamento sobre as deflexões da placa é desprezível; — O stress normal na direção transversal da placa pode ser desconsiderado; y max = αpb 4 Et 3 (I) b σy Estas hipóteses determinam que todos componentes de stress podem ser expressos em função da deflexão y da placa. Segundo Roark [4] a partir da relação entre lados de uma placa engastada é possível obter coeficientes para calcular a deflexão e a tensão máxima ,conforme tabela 1. A expressão que define a deflexão é a seguinte: t σx (b) (a) Figura 2. Desenho esquemático de uma placa delgada engastada em todas as bordas. Vistas: (a) superior e (b) lateral. Onde: α = tabela 1 p = pressão aplicada na placa b = largura da placa E = Módulo de Elasticidade (ESilício=1,8x1011N/m2) Como o diafragma do sensor de pressão piezoresistivo satisfaz os critérios de placas delgadas com pequena deflexão (t>>ymax) pode-se utilizar expressões analíticas para definir a relação entre stress, pressão e dimensões. Estas equações, que são definidas por Resistência dos Materiais, quando relacionadas com as equações que caracterizam o efeito piezoresistivo possibilitam a otimização do diafragma. O efeito piezoresitivo determina que os piezoresistores estejam posicionados onde o stress é máximo. Para um diafragma quadrado o stress é máximo no centro das bordas, por isso, os piezoresistores devem estar o mais próximo das mesmas respeitando-se as limitações impostas pelos processos de microeletrônica 3. MÉTODO ANALÍTICO σl = t2 Onde: β1 = tabela 1 b = largura do diafragma t = espessura do diafragma A tensão na direção y (tensão transversal) é definida por: σ t = νσ l (III) ν é o coeficiente de Poisson. No Sensor de Pressão Piezoresistivo a variação da ∆R resistência elétrica em função do esforço mecânico R (stress) nos piezoresistores tipo P é definido por[1]: ∆R π 44 = (σ l − σ t ) R 2 (IV) Substituindo as equações (II) e (III) na equação (IV): O diafragma quadrado de um sensor de pressão piezoresistivo apresenta-se como uma placa engastada em todas as bordas conforme ilustra a figura 1. Para esta estrutura, a tensão máxima na direção x (tensão longitudinal) nas bordas é [4]: β1 pb 2 Tabela 1[3]. Coeficientes para Placa, com todos os lados engastados, submetidos a uma pressão uniforme. (II) 2 ∆R π 44 = (1 − υ ) β1 pb R 2 t2 (V) Para o silício ν = 0,28 e π 44 = 8 × 10 ( Silício Tipo P). Como o diafragma é quadrado β1 = 0,3078 , logo: −10 pb 2 ∆R = 8,87 × 10 −11 2 R t m2 / N (VI) Desta expressão conclui-se que: 2 b = t t= 4. RESULTADOS ∆R R 8,87 × 10 −11 p ( ) (VII) A análise das equações e dos gráficos mostra que a ∆R depende das dimensões do R ∆R diafragma e da pressão aplicada. Sendo que R variação elétrica (8,87 × 10 −6 ) b 2 ∆R R (VIII) Para ilustrar a expressão (VII) substituímos a pressão por 105 N/m2 o que possibilitou gerar o gráfico que relaciona a variação da resistência elétrica em função da relação entre a largura e a espessura b do t diafragma. aumenta com a pressão e o lado do diafragma, entretanto, diminui com o aumento da espessura. O gráfico 2 mostra que para espessuras maiores que 10µm a variação elétrica é muito próxima a zero. Os resultados obtidos através da solução analítica possibilitam otimizar o diafragma, ou seja, escolher o valor do lado e da espessura mais adequados para uma determinada pressão. 5. CONCLUSÕES 0,25 0,2 ∆R/R 0,15 0,1 0,05 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 b/t Gráfico 1. Variação da resistência elétrica em função da relação b/t para p = 10 5 N/m2. Com a finalidade de mostrar a relação entre a ∆R espessura e adotamos um diafragma quadrado de R 400 µm X400 µm , e substituímos este valor de b na expressão (VIII), resultando no gráfico 2. O Método Analítico é uma ferramenta simples e adequada para o dimensionamento do diafragma de sensores de pressão. A partir de equações usuais para solucionar problemas de Resistência dos Materiais é possível projetar sensores com uma boa precisão. A eficácia da solução proposta pode ser comprovada a partir da comparação entre os resultados obtidos analiticamente com resultados fornecidos pelo ANSYS (Software de Método dos Elementos Finitos). Esta comparação será descrita em trabalhos posteriores. 6. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o suporte financeiro do CNPq/Programa Nacional de Microeletrônica, o Departamento de Engenharia Mecatrônica da USP, através do Professor Carlos Alberto Nunes Dias, e a UNIJUÍ pela colaboração no desenvolvimento deste trabalho. 0,25 7. REFERÊNCIAS ∆R/R 0,2 [1] Ranjit Singh, Low Lee Ngo, Ho Soon Seng, “A Silicon Piezoresistive Pressure Sensor”, IEEE, pp. 1-4, 2002. 0,15 0,1 [2] Rasia, L. A., Charry, E. “Elementos Piezorestivos para 0,05 Sensores de Pressão com Tecnologia CMOS”, Boletim Técnico da EPUSP, São Paulo, 1997. 0 0,00E+00 5,00E-06 1,00E-05 1,50E-05 t (m) Gráfico 2. Variação da resistência elétrica em função da espessura para p = 10 5 N / m 2 e b = 400 µm . [3] Timoschenko, S., Woinowsky-Krieger, S., Theory of plates and shells, McGraw-Hill, New York,2 th ed. [4] Roark, R. Formulas for Stress and Strain, McGraw- Hill, New York, table26, 5 th ed. 3