INTERVENÇÃO CONGRESSO DO DESPORTO AUDITÓRIO IPJ BEJA, 28 DE JANEIRO DE 2006 Tema: “Os Equipamentos Desportivos e o Território” Permitam-me que inicie a minha intervenção saudando os ilustres presentes, assim como os meus colegas de painel. Tendo tido a oportunidade de escutar, aqui hoje, muitos daqueles que lidam com o fenómeno desportivo aos mais diversos níveis e experiências, fica claro que muito ainda existe para realizar, mas sobretudo para planear, potenciar e adequar às nossas realidades e necessidades. O tema que me pediram para desenvolver, aparentemente dividido entre Equipamentos e Território tem como elo de ligação as Pessoas. É para elas, mas sobretudo com elas que devemos equacionar o nosso trabalho, tentando conjugar os interesses desportivos com as valências que os equipamentos lhes podem proporcionar. Definir o território, ou o conceito de territorialidade, deve ter sempre em conta, não só o espaço geográfico, mas todas as vertentes que compõem a actividade humana. Desta definição, certamente incompleta e aparentemente simplificadora, sobressaem enormes desafios para quem tem a responsabilidade da gestão desse mesmo território. Como Presidente de uma Autarquia compreenderão que as minhas preocupações se centrem mais na dimensão municipal, intermunicipal ou regional, ou seja, nos Equipamentos Desportivos de Base. Os desequilíbrios regionais existentes permitem uma concentração populacional em determinadas zonas do nosso território, deixando áreas imensas com baixas densidades. Assim, creio que uma eficaz cobertura do nosso território por equipamentos desportivos deve obedecer à nossa realidade, após um diagnóstico prospectivo sustentado. Ou seja, de nada resolve cada Concelho exigir uma piscina olímpica se sabemos de antemão que dificilmente cada um deles deverá acolher provas com tais exigências. Definir aquilo que queremos, sabendo para quem queremos, é fundamental para o desenvolvimento sustentado de uma política desportiva. Devemos identificar acções a desenvolver em parceria com a Escola, as associações desportivas e outros agentes territoriais para, depois sim, definir programas e acções a implementar. Um levantamento actualizado daquilo que existe, de quem utiliza e em que condições usam os equipamentos vai levar-nos a resultados quantitativos e qualitativos de primordial importância para a elaboração da “política municipal”. Hierarquizar e elencar prioridades não é tarefa fácil, mas “adjudicá-las”, permitam-me a expressão, é seguramente muito mais difícil. • Que freguesia, que associação, que concelho prescinde de determinado equipamento? • Qual deles fica com outro determinado??? Como em tudo na vida, o equilíbrio e o bom senso dos intervenientes deve prevalecer sobre os interesses mais imediatos, sejam eles quais forem. Saber que equipamentos existem, encontrar sinergias e estratégias potenciadoras das suas diversas utilizações para permitir uma maior igualdade de oportunidades, é, seguramente, o caminho para uma política mais eficaz, evitando exageros e desperdícios. Os equipamentos desportivos informais de proximidade mostramse fundamentais para garantir uma maior divulgação da prática desportiva, circuitos de manutenção ou corredores de ciclo via, são exemplos a ter em conta. Vejamos, para quem conhece, o caso brasileiro, aonde, com imensa facilidade, encontramos pistas, pequenos equipamentos, ciclo vias, etc. Ao dispor de todos encontram-se múltiplos equipamentos para a prática da actividade desportiva, com custos equilibrados e de elevada utilização. A construção e utilização de equipamentos desportivos devem obedecer a custos razoáveis e sustentáveis, só assim poderemos responder às necessidades existentes e incentivar uma maior divulgação das práticas desportivas. Em Ourique, Concelho a que pertenço, já iniciámos este trabalho apesar das dificuldades financeiras. Tentando valorizar alguns espaços vazios e até abandonados, iniciámos a construção de um circuito de manutenção na pequena mata existente junto ao Centro de Saúde, projectámos a definição de uma pista circundante à vila para a prática de passeios pedestres ou corrida, vamos incentivar passeios de BTT, assim como acções dirigidas à população mais idosa. A nossa política desportiva passa também por um maior aproveitamento das piscinas municipais, em parceria com diversas entidades, nomeadamente a escolar. A articulação entre as necessidades existentes e a maior procura que se pretende, apenas se pode concretizar através de uma Rede Desportiva eficaz e planeada. A parceria intra municipal e inter municipal deve saber definir necessidades, elaborar prioridades e por fim envolver os diversos interessados para uma distribuição racional e eficaz. Para terminar, congratulo-me pela iniciativa tomada pelos responsáveis governamentais de promover um diálogo aberto e participativo a todos, pois a participação alargada também obriga a uma co-responsabilização. Da parte da Autarquia que represento tudo faremos para seguir aquilo que acredito ser o mais viável no preenchimento das lacunas existentes. A todos bom trabalho e muito obrigado! Beja, 28 de Janeiro de 06 Pedro do Carmo