UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A comunicação no gerenciamento de projetos Por: Renata Goreth Costa Pantaleão Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A comunicação no gerenciamento de projetos Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Projetos Por: Renata Goreth Costa Pantaleão 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por todos os momentos de inspiração na minha vida. A minha mãe grande companheira de todos os dias, ao meu pai (in memorian) por sempre incentivar a buscar pelo saber. Por sempre acreditarem que à educação é o único caminho para alcançar os sonhos. Aos meus irmãos grandes companheiros, fonte de inspiração, amigos de todas as horas alegres. Agradeço toda atenção, dedicação e carinho mesmo nas horas que estava cansada, me ajudando sempre nesta etapa da minha vida. Aos professores, que me ajudaram durante toda essa jornada, sempre dando apoio e motivação nos momentos mais complicados. Aos colegas de curso, pelos momentos de alegria e companheirismo durante todo esse período. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de pesquisa à minha mãe Maria da Graça, que tanto me ajuda e me dá força nessa etapa da minha vida. 5 RESUMO Apesar de todos os avanços obtidos na área de Gerenciamento de Projetos nos últimos anos, os fracassos continuam acontecendo. Um benchmarking feito pelo PMI-RIO com cerca de 300 grandes empresas atuando no Brasil colocou como causa primeira do fracasso de projetos os chamados problemas de comunicação. Embora este seja um conceito um tanto ou quanto vago, não podemos esquecer que, no próprio PMBOK, uma qualidade considerada como fundamental para um bom Gerente de Projetos é justamente a habilidade de comunicação; o problema é que muito pouco do que se escreve ou produz sobre Gerência de Projetos versa sobre este assunto. O estudo mostra o que existe é uma certa dificuldade para se lidar de forma objetiva com estes conceitos mais sutis – afinal, o que é uma boa comunicação? Existe alguma forma de aferir se estamos nos comunicando bem ou mal? Esta dificuldade faz com que as pessoas acabem por adotar duas posturas diametralmente opostas diante do tema; ou a indiferença total ou seja, considerar que a habilidade em comunicação é um dom inato, e, assim sendo, não adianta tentar ser científico nesta área ou a tentativa de buscar um estudo profundo sobre o assunto – e aí surgem os famosos “treinamentos” para extravasar emoções, desbloquear a mente, análises em grupo, enfim, uma série de coisas que, normalmente, não conseguem gerar qualquer resultado prático, caindo, por isto, na descrença e no ridículo. Neste trabalho será adotada uma postura intermediária, estudando, da forma mais objetiva possível, até onde uma comunicação boa ou ruim pode afetar um projeto, e propondo alternativas para tentar melhorá-la, sem chegar ao nível da neurolinguística ou da psicologia, mas apenas utilizando as boas práticas do Guia PMBOK e estudos sobre o tema. Palavras - chaves: gerenciamento, comunicações, de projetos 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Modelo Básico de Comunicação............................................. Figura 2 Identificar as Partes Interessadas: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas.................................................................... Figura 3 Planejar as Comunicações: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas.................................................................... Figura 4 Diagrama de fluxo de Dados do Processo Planejar as Comunicações......................................................................... Figura 5 Distribuir Informações: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas...................................................................................... Figura 6 Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas............................. Figura 7 Diagrama de Fluxo de dados do Processo Reportar o desempenho............................................................................ Figura 8 Resumo do Gerenciamento das comunicações em projeto.... 12 14 15 16 16 17 19 21 7 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro 2 Visão Geral do Gerenciamento das Comunicações do Projeto...................................................................................... Causas e efeitos em projetos................................................... 20 34 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................... 1 9 10 1.1 VISÃO GERAL DA COMUNICAÇÃO................................................ A Importância da Comunicação em Projetos.................................... 1.2 O Processo de Comunicação........................................................... 13 1.2.1 Identificar as Partes Interessadas.................................................... 13 1.2.2 Planejar as Comunicações................................................................ 1.2.3 Distribuir as Informações................................................................... 14 1.2.4 Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas......................... 17 1.2.5 Reportar o Desempenho................................................................... 18 2 11 16 22 2.1 QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMBICA................................... Pesquisa Realizada pelo Project Management Institute................... 2.2 Fracassos em Projetos de Sistemas de Informação......................... 25 2.2.1 Planejamento.................................................................................... 2.2.2 Distribuição........................................................................................ 27 2.2.3 Relatório de desempenho................................................................. 2.2.4 Encerramento.................................................................................... 2.3 23 28 31 32 Comunique-se: não é só peixe que morre pela boca........................ 32 2.3.1 Gerenciamento de Conflitos.............................................................. 33 3 SOLUÇÕES EM COMUNICAÇÕES DE PROJETOS COM BASE NO GUIA DE BOAS PRÁTICAS PMBOK......................................... 35 CONCLUSÃO............................................................................................. 38 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 41 FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................. 43 9 INTRODUÇÃO De acordo com estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos realizado pelo PMI Brasil em 2009, os problemas mais agravantes encontrados nos projetos das empresas de grande porte relacionados ao escopo mal definido, o não cumprimento de prazos e falhas na comunicação. Estes problemas afetam, em geral, mais de 70% das organizações que realizaram a pesquisa. Pode-se afirmar, no entanto, que os problemas de comunicação estão diretamente relacionados a muitos dos problemas encontrados em ambientes todos os ambientes. Considerando que problemas de escopo são frequentemente encontrados, é importante verificar que uma má comunicação realizada entre o gerente de projetos e os stakeholders, com certeza afetará o levantamento de requisitos podendo trazer sérios agravantes para o projeto. A comunicação também tem grande influência na equipe do projeto, pois de maneira inadequada pode ocasionar um reflexo negativo na cooperação e produtividade destes. Complementarmente, em projetos de TI é marcante a interação entre os profissionais de diferentes áreas, o que pode gerar lacunas nos processos de comunicação. Este estudo visa compreender o processo de comunicação em projetos, bem como abordar os maiores problemas no que concernem projetos e à importância da área de comunicações no gerenciamento destes. O estudo está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo apresenta uma síntese da visão geral da comunicação e o processo de comunicação em projetos. No segundo capítulo apresenta-se uma sinopse sobre as falhas em projetos nas empresas brasileiras relacionadas a comunicação em ambientes de projetos. O terceiro capítulo aborda as soluções das falhas em projetos de acordo com o Guia de Boas Práticas PMBOK. 10 CAPÍTULO I Visão Geral da Comunicação Este capítulo trata a origem da comunicação na sociedade, a evolução dos meios de comunicação e por último a importância da comunicação em gerenciamento de projetos de acordo com o guia de boas práticas PMBOK. Desde as primeiras sociedades primitivas se observa a necessidade de se comunicar, sejam por gestos, palavras, olhares, sinais, sons, pinturas, teatro, livros e descobertas tecnológicas são meios que melhoraram a comunicação humana. O ato de falar é comunicar-se através do diálogo. No teatro os artistas transmitem em cena, a idéia do escritor e a mensagem da peça. Daí o valor do teatro no fato comunicação. O canto, a pintura, a mímica, o alfabeto Braile são recursos de comunicabilidade. Há exemplo do homem primitivo que há mais de 40 mil anos se expressou com as gerações futuras através das pinturas rupestres gravadas nas pedras das antigas cavernas. Os antigos Vikings, com um enorme chifre, como instrumento faziam comunicar a chegada dos navios de além mar. Graças a Joanenses Gutemberg, que inventou a prensa e revolucionou a técnica de impressão tornando possível a transmissão da palavra escrita a um crescente número de pessoas, outros meios de comunicação surgiram como o Serviço Postal com pobre soldado da Maratona, o telégrafo de Samuel Morse, o rádio de Guglielmo Marconi, o telefone Alexander Grahan Bell e a televisão de Philo Farnsworth encurtaram as distâncias e possibilitaram a comunicação mais rápida e universal entre as pessoas. Nos tempos modernos uso de fax, computador e por último a internet através de suas redes sociais nos possibilitam acesso imediato as informações e nos comunicarmos com rapidez e segurança. Hoje podemos nos comunicar com pessoas em longas distâncias, através de e-mails, de vídeo – conferencias que nos facilitam nas tomadas de decisão. 11 1.1 A importância da Comunicação em Projetos De acordo com o dicionário Aurélio Comunicação: “Ato ou efeito de comunicar-(se). Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ ou processos convencionados. A mensagem recebida por esses meios. A capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de convencer, com vista ao bom entendimento entre pessoas.” Conceitualmente em projetos comunicação eficaz ocorre quando a mensagem é enviada, recebida e entendida conforme pretendida pelo emissor. É um processo de duas partes, que requer boa vontade, motivação e disciplina do emissor e do receptor. Segundo o PMBOK “o gerenciamento de comunicações do projeto é a área de conhecimento que emprega os processos necessários para garantir a geração, coleta, distribuição, armazenamento, recuperação e destinação final das informações sobre o projeto de forma oportuna e adequada. Os processos de gerenciamento de comunicações do projeto fornecem as ligações críticas entre pessoas e informações que são necessárias para comunicações bem -sucedidas”. Vivemos numa sociedade do conhecimento, onde os valores fundamentais são centrados na posse da informação, na aplicação do conhecimento e na utilização do capital humano. Sob esta perspectiva, gerenciar requer flexibilidade das comunicações, no qual o gerente de projetos representa a peça fundamental. A comunicação é essencial no relacionamento interpessoal e gera mudanças no comportamento dos indivíduos e das organizações. A perspectiva social do gerenciamento de projetos envolve participação, motivação, comunicação e, sobretudo, as necessidades humanas, pois estes fatores influenciam diretamente no sucesso dos projetos. 12 A comunicação eficaz entre todos os membros da equipe é o meio que acelera os processos internos e facilita na solução de problemas, conflitos e tomada de decisão com maior agilidade. A eficácia na comunicação proporciona uma equipe unida e com alto desempenho. Mensagens claras enviadas, recebidas e interpretadas de forma acurada tornam esta comunicação adequada e oferecem vários benefícios para o projeto, por outro lado pode oferecer efeitos devastadores se for mal apresentada, se utilizar o tipo de abordagem ou mesmo se ofertada em excesso. Modernamente o processo de comunicação pode ser representado pelo modelo emissor receptor da figura 1. Figura 1 – Modelo Básico de Comunicação Fonte: PMBOK 4ª Edição O gerenciamento de comunicações emprega os processos necessários para garantir a geração, coleta, distribuição, armazenamento, recuperação e destinação final de todas as informações sobre o projeto de forma oportuna e adequada. Este processo fornece as ligações muitas vezes conturbadas e críticas entre pessoas a fim de atender a uma expectativa real em busca de um objetivo comum do projeto. O gerente de projetos é o guardião dos interesses do projeto ele deverá ser a pessoa mais comunicativa e se utilizará um tempo excessivo para fazer isto. Cabe a ele tomar as ações necessárias para atender as necessidades e expectativas do cliente e do patrocinador, que o projeto trilhe o seu ciclo de vida e atenda aos objetivos que se propôs. 13 1.2 O processo de comunicação Reconhecer a comunicação como um processo, conhecendo seus elementos, formas de comunicação e partes envolvidas, é o primeiro passo para a implantação de um sistema de gestão eficiente. No gerenciamento de projetos, comumente todas as forças são voltadas para a administração de prazo, escopo e custo. A administração de todas estas áreas requer do gerente de projeto inúmeras habilidades e técnicas para que todos os elementos sejam coordenados. Mas a coordenação somente destas áreas de conhecimento nem sempre garantem o sucesso do projeto. Um bom plano de comunicação pode ser decisivo para que a execução e o controle do projeto tenham sucesso. Um plano de comunicação bem elaborado inclui importantes fatores tais como: administração de informação, expectativas de stakeholders, conteúdo e precisão da informação. É importante conhecer o que será gerenciado, ou seja, não se pode gerenciar o que não se conhece. A era atual da informação possui uma quantidade imensa de dados maior que a capacidade cognitiva de absorver, e este excesso de informação afeta a capacidade de transmiti-las e organizá-las de forma eficaz. O Guia PMBOK trata especificamente do gerenciamento de comunicações em projetos como uma área do conhecimento que permite a geração, coleta, distribuição, armazenamento, recuperação, e disposição das informações do projeto na forma e no prazo apropriado e reconhece a existência de cinco processos: 1.2.1 Identificar as partes interessadas São pessoas e organizações ativamente envolvidas no projeto ou cujo interesse pode ser afetado como resultado de execução ou término do projeto. Nesta etapa se identifica as posições chave da diretoria da organização, seguido pela gerência funcional e estendendo para fora da empresa, relacionando consultores e conselheiros, ás demais partes interessadas. Neste 14 momento é preciso ter um olhar amplo em relação às partes interessadas específicas envolvidas, mas considerar o seu envolvimento e papel no projeto e no processo de comunicação. O processo é realizado associando as partes interessadas com as diversas perspectivas de quem está investido de interesse no projeto, seja em termo de processo ou resultados, de informação ou conhecimento para contribuir, de responsabilidade funcional pelo projeto ou seu produto; de quem o projeto precisa de decisões críticas, quem tem autoridade para aprovar despesas e aquisições ou alocar recursos para o projeto e quem precisa ser envolvido sob uma perspectiva política da organização. Figura 2 – Identificar as Partes Interessadas: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição 1.2.2 Planejar as comunicações Determinar as necessidades de informações e comunicações das partes interessadas no projeto e definir à abordagem de comunicação. No processo de planejar o plano de comunicações eficaz tem que atingir os seguintes propósitos assegurar que as informações importantes cheguem ás partes corretas nos prazos adequados, apontar e identificar problemas potenciais, por meio de reportes de andamento programados e consistentes, gerar entusiasmo e empolgação com o projeto, facilitar a tomada de decisão e controle de mudanças, oferecer um processo específico para feedback e 15 resolução de conflitos e melhorar e facilitar o trabalho em equipe, a colaboração e cooperação. Ainda que se tenha uma variação de detalhes no plano de comunicação de acordo com a complexidade, tamanho e duração do projeto, qualquer plano tem estes aspectos básicos: propósito dos objetivos da comunicação do projeto sejam formal ou informal, métodos de mecanismos e formatos da comunicação no projeto, frequência de data e evento, e das atividades formais de comunicação. A comunicação no projeto não deve ser apenas resultado das ações do projeto durante a sua realização. Ao contrário, deve ser planejada. Conforme Verma (pg. 75), “se a base do gerenciamento de projetos é a formalização de processos para alcançar melhor o desempenho, a informação e a comunicação não podem ser relegadas ao improviso e à intuição.” Figura 3 – Planejar as Comunicações: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas Fonte: Guia PMBOK 4ª Edição 16 Figura 4 – Diagrama de fluxo de Dados do Processo Planejar as Comunicações Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição 1.2.3 Distribuir as informações A distribuição das informações de projeto é simultânea e execução do projeto. Conforme o GUIA PMBOK (pg.215 Ed.2009), a distribuição das informações significa “colocar as informações necessárias à disposição das partes interessadas no projeto, conforme o planejado”. Significam também, incorporar permanente novas demandas de informação. Muitas são as formas de distribuição de informação como uso de ferramentas eletrônicas, processamento de formulários, gerenciamento de documentos digitais, sistemas de recuperação de informações, reuniões, apresentações, informativos em meio físico. Figura 5 – Distribuir Informações: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição 17 1.2.4 Gerenciar as expectativas das partes interessadas Gerenciamento para satisfazer requisitos das partes interessadas e gerenciando possíveis conflitos. A boa comunicação com as partes interessadas é um fator crítico de sucesso do empreendimento. Esta comunicação já terá sido planejada e inserida no Plano de Comunicação. O gerenciamento da expectativa das partes interessadas é uma questão. Manter as partes interessadas permanentemente bem informadas pode ser considerado uma ação preventiva. Um contato permanente e próximo, principalmente através de reuniões, contribuirá para a atualização ou correção da própria informação e para a relação de confiança essencial. O gerente de projetos é o responsável pelo gerenciamento das expectativas das partes interessadas. Para o gerente de projetos existem algumas razões importantes para gerenciar as expectativas como: as expectativas do cliente são parâmetros muito importantes para sua percepção de satisfação, expectativa mal gerenciada se torna depois de algum tempo uma pendência ou comprometimento no projeto e por último expectativas irreais são intangíveis, comprometem a imagem do projeto. Figura 6 – Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição “Gerenciar expectativas não é simplesmente identificar o que o cliente quer. Gerenciar expectativas é guiar o cliente de tal forma que ele espere por aquilo que você pode oferecer”. (Hallows Jolyon, 1998) 18 1.2.5 Reportar o desempenho Reportar o desempenho é coletar e distribuir as informações em todo o ciclo da vida do projeto, o que inclui a preparação de relatórios de desempenho, relatórios de progresso e de projeções. O relatório de desempenho é definido como componente do processo de controle projeto onde se tem informações de progresso e desempenho mostrando como essas peças são cruciais para o gerenciamento de um projeto. O fato é que só, a partir de uma visão clara do comportamento das variáveis críticas do projeto, existem condições de se propor mudanças e corrigir rumos para que os objetivos sejam alcançados. Desta forma podemos apresentar três modelos de relatórios, o primeiro o relatório de valor agregado muito utilizado em projetos de engenharia, que relaciona o custo, o prazo e o trabalho efetivamente realizado pelo projeto. O segundo o relatório de desempenho de atendimento a produtos dos projetos, que conferi uma estimativa de qualidade do projeto do ponto de vista do cliente. E por último o relatório de scorecard do projeto que faz um balanceamento das quantidades relevantes que precisam ser alcançadas para que o projeto obtenha sucesso. 19 Figura 7 – Diagrama de Fluxo de dados do Processo Reportar o desempenho Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição O quadro 1 apresenta a visão geral desses processos, conforme proposta do Guia PMBOK , relacionando suas entradas, ferramentas e técnicas utilizadas em seu processamento, e suas saídas, além do relacionamento com os três grupos de processos do projeto: planejamento, execução e controle e monitoramento. Nos processos de iniciação e encerramento dos projetos não são relacionados processos específicos de comunicação. 20 Quadro 1 – Visão Geral do Gerenciamento das Comunicações do Projeto Fonte: GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO EM PROJETO ED. 6ª 21 Figura 8 – Resumo do Gerenciamento das comunicações em projeto Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição 22 CAPÍTULO II QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMBICA (Chacrinha;Abelardo Barbosa ) Neste capítulo será abordado as dificuldades em comunicação nos projetos nas empresas de grande porte conforme pesquisa PMI e os fracassos em projetos de sistemas de informação no segmento de Telecomunicações, Indústria e Governo. A importância do entendimento da informação que se quer passar está diretamente ligada em saber comunicar-se. Através da história temos conhecimento de grandes comunicadores os quais souberam influenciar multidões. Qual o segredo deles? Ao longo de nossas jornadas profissionais muitos exemplos temos presenciado de má comunicação entre as pessoas com as quais trabalhamos. Nem sempre se tem atribuído o devido esforço para se conseguir fazer entender. Sair fazendo, sair divulgando, sair falando, sem um prévio planejamento pode repercutir em resultados não satisfatórios. Fazer chegar informações a quem de direito, ou evitar mal entendidos entre integrantes de equipes fazem parte do dia-a-dia do gerente de projetos. Projetos são desenvolvidos por pessoas, as quais necessitam de integração, de cumplicidade, até mesmo de compreensão, para que se obtenha o resultado esperado – projeto bem sucedido. Então quando se fala em planejar um projeto, entende-se estar contido um planejamento voltado para as comunicações. Esta afirmação é um exemplo de que nem sempre se consegue claramente atingir o receptor da mensagem a qual enviamos. Importamo-nos com restrição tripla (Tempo, Custo, Risco, Escopo/Qualidade), e qual a relevância que tem sido atribuída às informações, aos entendimentos, às responsabilidades referentes? Para Vargas as principais falhas na comunicação em projetos são dados insuficientes ou não confiáveis, pouca sistematização, pouca 23 importância dada a distribuição da informação, interesse voluntário em ocultar informações e falta de um padrão de comunicação. Quando li a frase “Quem não se comunica se trumbica” achei muito pertinente para há atualidade em que vivemos hoje, somos cercados por vários canais de comunicações que nos sobrecarregam com milhares de informações que na maioria das vezes não temos capacidade de absorver, principalmente quando o tema abordado é gerenciamento de comunicações em projetos. 2.1 Pesquisa realizada pelo Project Management Institute De acordo com o Project Management Institute(PMI) , 90% do trabalho de um gerente de projeto está ligado com as atividades através da comunicação, pois ela é a base e a essência para o sucesso do Projeto. Em 2009 um estudo realizado pelo o Project Management Institute(PMI) com trezentas empresas de grande porte de diversos segmentos(entre elas Petrobras, Nestlé, Vale, Volkswagen, Votorantim, Lojas Renner, Embraer, Guerdau,IBM, Promon, Tim e BNDES) revelou que para 76% das empresas pesquisadas a falha na comunicação é o principal motivo para os projetos fracassarem, para 71% o não cumprimento de prazos é o fator para o fracasso e para 70% citam as constantes mudanças no escopo. Em 2008 o mesmo estudo revelou a deficiência na comunicação em 14% das empresas paulistas, 15% em empresas do Rio Grande do Sul e 15% no Rio de Janeiro. A pesquisa também mostra que fracassar em projetos é perder muito dinheiro, pois 46% do investimento na faixai de R$1 milhão a R$10 milhões na área de projetos, porém mesmo com altos valores, 58% das corporações não possuem um departamento de gerenciamento de projetos. Com um olhar investigativo sobre as organizações participantes desta enquete mostra que um grande número delas possui setores de comunicação interna com múltiplas competências que poderiam contribuir para o sucesso na execução desses empreendimentos. Pelos dados da pesquisa isso não vem ocorrendo, é um contra senso perto de todos os avanços e conquistas da 24 comunicação corporativa. Reconhecida como elemento estratégico para a competitividade das organizações, estruturada de forma multidisciplinar, baseada em métodos e técnicas de relações públicas, pesquisa, marketing, publicidade, propaganda, jornalismo, promoções e recursos humanos ela é tão fundamental que o envolvimento dos principais gestores de uma empresa em seu management transformou-se em vantagem competitiva. Porém, à luz das necessidades dos gestores de projetos, a comunicação ainda é um grande problema. Diante deste dilema pergunto se a comunicação é tão importante para o sucesso dos projetos? Reconhecida pelos seus próprios gestores como fator crítico de sucesso na implantação dos empreendimentos, capaz de auxiliar no controle do escopo, tempo e custo, por que motivo, durante todos esses anos em que a pesquisa de benchmarking vem sendo realizada, esta questão se repete? É um problema da formação dos gestores de projetos ou uma desfuncionalidade da comunicação? Estamos diante de uma nova realidade? De um novo paradigma? Quando isso ocorre, temos que questionar nossas verdades, desestruturar modelos, redefinir pensamentos, alinhar nossas emoções para evitar a repetição, calibrar o olhar e ver a diferença. É possível que o principal problema para se criar uma cultura eficaz voltada para a elaboração, implantação e controle dos processos de comunicação em projetos seja a própria comunicação. Vivemos em uma sociedade com excesso de comunicação. O gestor do projeto e sua equipe praticam comunicação. É esta comunicação que constrói escopo, segmenta stakeholders, informa os riscos, cobra resultados e integra as equipes. É esta mesma comunicação que divulga a ausência de uma comunicação eficaz. No mundo onde tudo é comunicação, a negativa desta sentença neutraliza a maioria das heróicas tentativas de sucesso da comunicação. Não se trata de falta de competência da comunicação, mas de uma reflexão crítica sobre projetos em que esta comunicação se realiza. Provavelmente, os conhecimentos e o modelo atual de comunicação utilizado em projetos não respondem aos novos desafios das organizações 25 projetizadas. Os paradigmas atuais cegam nossa percepção evitando que o cérebro processe uma nova alquimia. Conforme Krause Walhter(2009) “O problema de comunicação é antigo, mas está se tornando mais evidente. Não sabemos escrever bem, não falamos bem o que queremos, não nos relacionamos bem com todos os perfis existentes num ambiente de projeto. Paradoxalmente, estamos na era da tecnologia onde todas as informações podem chegar a todos imediatamente, esteja onde estiverem”. 2.2 Fracassos em projetos de sistemas de informação A emersão de metodologias de gerenciamento de projetos é fruto da necessidade de um instrumento para lidar com a complexidade da produção moderna de bens e serviços. Conforme Meredith e Mantel (2003), tal necessidade decorre de três principais fatores: a) A grande expansão do conhecimento humano; b) A crescente demanda por mercadorias e serviços mais sofisticados, complexos e, ao mesmo tempo, “customizados”; c) A evolução da competitividade dos mercados mundiais na produção e consumo de mercadorias e serviços. O conceito de projeto há muito vem atraindo a atenção dos indivíduos responsáveis por decisões estratégicas nas organizações, uma vez que as práticas de trabalhos orientados a projetos vêm sinalizando possibilidades de tratamento mais adequado para problemas complexos de gestão, resultando na redução de custos e prazos e na melhoria da qualidade do produto gerado. Maximiniano (1997, p. 36) compreende que administrar projetos envolve a utilização de um conjunto estruturado de técnicas e procedimentos; a definição de responsabilidades e autoridade; e a estruturação de um sistema de documentação. Com isto, a empresa terá maiores chances de apresentar 26 resposta adequada à complexidade de empreendimentos de valor. Desta forma, parece evidente que, para alcançar seus objetivos, empresas envolvidas com empreendimentos complexos terão de estruturar seus processos de trabalho, definir metodologias, difundir suas práticas e disseminar uma cultura de gerenciamento sistêmico. Por outro lado, apesar da crescente utilização do gerenciamento de projeto pelas empresas, pesquisas apontam elevados índices de falhas em projetos. Um estudo bastante conhecido que vem sendo sistematicamente realizado pelo Standish Group, denominado Relatório “Chaos” (STANDISH, 1995), revela que o índice de sucesso em projetos de sistemas de informação é de 9% para grandes empresas e de 16% para as de pequeno e médio porte. A evolução da pesquisa mostra que a taxa de sucesso dos projetos, ainda que seja baixa, vem aumentando ao longo do tempo, permitindo inferir que as práticas de gestão de projetos vêm sendo crescentemente aplicadas nas empresas fornecedoras de sistemas de informação, as quais estão evoluindo no aspecto gerencial e melhorando seus resultados. Conforme o último estudo publicado no “Chaos” (STANDISH, 1999), a maioria dos projetos falha não por causa de falta de dinheiro ou tecnologia, mas por motivos diversos, como política interna, leis, usuários, demanda dos clientes, dentre outros. Conforme conclusão do relatório, os problemas e as soluções residem nas pessoas e nos processos. Vale mencionar que, a este respeito, autores como Meredith e Mantel (2003) são ainda mais exigentes entendendo que o sucesso de um projeto extrapola as questões de custos (orçamento), prazo (programação) e qualidade (desempenho), devendo atingir também critérios de uso e satisfação do cliente. Os fracassos em um projeto estão relacionados a causas diversas, que vão de obstáculos externos e fora do controle da empresa a mudanças na sua estrutura organizacional. Entretanto, segundo Vargas (2002, p.22), a maioria dos insucessos é decorrente de falhas gerenciais como: concepção do projeto mal elaborada; dimensionamento incorreto do projeto em termos de estimativas de prazos, custos e recursos humanos; comunicação falha; 27 informação indisponível; sistema de controle ineficaz; estimativas financeiras inadequadas; falta de um gerente de projeto ou troca de gerentes no mesmo projeto; dependência do uso de softwares de gestão de projetos; treinamento e capacitação inadequados; falta de liderança; expectativas distintas entre cliente/projeto; e falta de estabelecimento de padrões. Parece que o gerenciamento de projeto é apenas uma metodologia, que para ser implementada dependerá da forte relação entre tecnologia, organização e pessoas, em que a harmonia destes fatores é crucial para o sucesso. As variáveis tecnologia, organização e pessoas têm características que afetam diretamente o desenvolvimento do projeto e, neste contexto, presume-se que a comunicação tem uma importância visivelmente relevante, atuando como elo indispensável de ligação. O resultado desta pesquisa está apresentado da seguinte forma: 2.2.1 Planejamento Essa é a prática que mais se distancia da realidade da empresa estudada. Conforme os dados da pesquisa, os gerentes de projetos não elaboram o Plano de Comunicações para os seus projetos. Dentre as explicações obtidas para a não realização desta prática, destacam-se, por ordem decrescente de frequência: a comunicação é vista como um item importante, porém é uma consequência do relacionamento normal de trabalho e ocorre naturalmente, sem exigir uma ação de planejamento; as práticas de comunicação do PMBOK são utilizadas, porém é dada maior ênfase aos itens escopo, prazo, custo, qualidade e risco; o tempo para planejar é reduzido e, muitas vezes, o projeto é iniciado sem definição do pessoal da equipe definitiva, inclusive do gerente de projetos; falta de conhecimento dos envolvidos quanto à necessidade de um plano de informações para cada um deles; e a empresa já dispõe de diretrizes comunicacionais e, para parte dos gestores, essas diretrizes são suficientes. 28 Apesar de conhecerem as práticas do PMBOK, os gerentes de projetos, em geral, não percebem o valor da criação do Plano de Comunicação. Em contrapartida, a ação de comunicação é suportada por diretrizes institucionais coordenadas pelo comitê de projetos da empresa, que instituiu um portal de projetos. Esse portal é acessado via WEB, conforme o perfil do usuário, e contempla parte dos registros formais do projeto: atas, escopos, relatos de desempenhos, cronograma, orçamentos e todo o material gerado durante o projeto. As informações disponibilizadas no portal são atualizadas periodicamente, conforme a evolução do projeto. Por outro lado, para os profissionais da equipe de projeto, o planejamento das comunicações é visto como prática vantajosa para o gerenciamento, uma vez que eles gastam muito tempo na busca pelas informações, quando estas deveriam vir até eles. Assim, pode-se afirmar que as práticas de planejamento da comunicação limitam-se à publicação de parte da comunicação das informações do projeto no portal, de forma pouco estruturada. Apesar de, tecnologicamente, o portal ser uma ferramenta robusta, a sua utilização tem sido tímida, pois a consulta ao mesmo não é vista como uma rotina regular de trabalho. Assim, fica evidente que as diretrizes da empresa para o fator comunicação não correspondem às prescrições de planejamento da metodologia PMBoK. 2.2.2 Distribuição Os dados obtidos indicam que 90% das empresas pesquisadas consideram que o acesso à informação é simples e fácil e 78% acreditam que a informação disponibilizada é clara e precisa. No entanto, apenas 34% deles consideram que a informação está disponível no momento oportuno. Convém lembrar que a indisponibilidade da informação é uma verdadeira contradição no trabalho com projetos, o qual requer agilidade e disponibilidade permanente da informação necessária no momento do uso. Um total de 82% das empresas consultadas acham que a informação é disponibilizada no meio conveniente e, 29 quanto à flexibilidade, 75% afirmam que não se sentem confortáveis em atualizar informações que não foram disponibilizadas pelos mesmos. No que se refere à confiabilidade da informação, 58% dos entrevistados não confiam na informação disponível e ficam na dúvida se a mesma corresponde ou não à última versão do documento que utilizam. Para o representante do comitê de projetos da empresa, essa é uma questão cultural a ser vencida, uma vez que “as pessoas têm o hábito de duvidar da veracidade e atualização da informação disponibilizada eletronicamente”. Dentre aqueles que consideram insatisfatória a distribuição da informação, o principal motivo da insatisfação está relacionado à demora em obter a informação, o que, muitas vezes, resulta em atraso e, consequentemente, no não cumprimento das metas estabelecidas. Levantados os motivos para a citada disfunção, destacaram-se, as dificuldades em consolidar a informação e transformá-la em registro (documento); as dificuldades em uniformizar a informação recebida; e a falta de comprometimento dos envolvidos em distribuir a informação a tempo. Outro obstáculo encontrado na disseminação da comunicação foi a falta do hábito de compilar e distribuir a informação na oportunidade adequada, sendo comum encontrar pessoas mantendo registros documentados em arquivos particulares na própria máquina ou na rede. Como consequência, é uma prática comum na empresa identificar-se, em conversas informais, a necessidade de uma informação por parte de um dos membros da equipe e a disponibilidade da mesma com outro membro, ocasião em que o “proprietário” do registro toma a iniciativa de encaminhá-lo diretamente para o usuário, através de e-mail. Isso acaba gerando uma distribuição de comunicação fragmentada e incompleta para o projeto, que resulta, muitas vezes, na necessidade de retrabalhos. A carência por um procedimento sistêmico de distribuição da informação estimula, talvez por questão de necessidade, formas de bom relacionamento e integração entre os membros da equipe de projeto, o que facilita as trocas de informação na empresa. Assim, a informalidade agiliza, em parte, a distribuição de informações entre os membros da equipe, porém, ao final do projeto, percebe-se que informações relevantes foram perdidas. Com 58% das 30 empresas respondentes desconfiam, num primeiro momento, da informação recebida, a equipe de projetos costuma solicitar informações técnicas supostamente complementares e detalhamentos de mudanças, de aquisições e de prazos alterados. Desse modo, a ausência de procedimentos sistêmicos de distribuição de informações gera impactos negativos no projeto, como retrabalhos e ociosidade, afetando, por consequência, o cronograma e, em alguns casos, o orçamento do empreendimento. Dificuldades na comunicação também foram relatadas pelas áreas de interface dos projetos Compras e Finanças. Para elas, a distribuição da informação é lenta e normalmente os gerentes de projetos exigem agilidade na execução das atividades de apoio. Ruídos de comunicação também acontecem no setor financeiro e a dificuldade maior está na prestação de contas referentes aos gastos do projeto, em especial, daqueles que envolvem grande número de viagens. Todo esse atraso na disponibilização da informação causa impactos negativos como conflitos, “stress”, atrasos no cronograma e gastos não previstos. A pesquisa revela que não existe procedimento sistêmico de geração e distribuição de informação, exceto aquelas informações iniciais previamente disponibilizadas pelo gerente de projetos, reforçam a importância e a necessidade do Plano de Comunicação na empresa. Além disso, como a responsabilidade pela distribuição de informações é descentralizada e não está claramente definida, as pessoas não se sentem comprometidas em disseminar a informação. Outros fatores relatados que dificultam a distribuição das informações relativas ao projeto foram: desconhecimento do conjunto das informações que devem ser disponibilizadas; ausência da cultura do registro documental de ações e decisões; preferência pela comunicação informal; excesso de prioridades; distância geográfica; e falta de tempo. Apesar das tecnologias estarem revolucionando a forma da comunicação, o conteúdo gerado pelas pessoas ainda é o componente crítico desse processo. Conforme enfatiza a literatura que trata da gestão de projetos, cabe ao gerente de projetos definir, com antecipação, quem precisa de quais conteúdos e garantir que o receptor receba e entenda a mensagem. Assim, conclui-se que a distribuição das informações na empresa investigada é 31 precária, principalmente em razão da ausência de um planejamento das comunicações. 2.2.3 Relatório de desempenho Foi evidenciado que as informações geradas e atualizadas nos relatórios de desempenho são aquelas que a alta direção prioriza, destacandose: escopo, tempo, custo e qualidade. Os riscos são identificados no início do projeto, porém sua descrição quase nunca sofre atualizações. Já as informações relativas à comunicação do projeto não são formalizadas, uma vez que essas não são vistas como necessárias. Os registros de aquisições, requisições de mudança e relatórios de desempenho são gerados e atualizados de forma reativa. Os relatórios de desempenho estão em consonância com as práticas do PMI (2008), que afirma que os esta modalidade de documento deve fornecer informações sobre escopo, prazo, custo e qualidade. Os relatórios de desempenho não têm periodicidade definida para sua emissão, sendo emitidos sempre que demandado pelo cliente ou pelos diretores da empresa. É uma prática da empresa avaliar os relatórios de desempenho através de reuniões presenciais, das quais participam os gerentes de projetos, os coordenadores de equipe e o cliente. A alta direção da empresa, eventualmente, participa das reuniões, porém, rotineiramente, costuma fazer o acompanhamento das ações através do portal de projetos e de reuniões particulares com o gerente de projetos. As requisições de mudanças ocorrem com frequência relativamente alta, porém em quantidade aceitável para projetos de sistemas de informações. Essas são devidamente documentadas e disponibilizadas no portal. Por outro lado, as revisões de outros documentos, como cronogramas e planilhas de custo, que podem ser afetados em virtude de mudanças solicitadas, não são feitas na mesma frequência. Tais documentos são alterados a espaços de tempo maiores ou ao final do projeto. Como se sabe, uma solicitação de mudança pode afetar diversos documentos e implicar em um replanejamento, com reflexos nos registros do projeto e nos relatórios de desempenho. A falta 32 de sincronismo na atualização da comunicação da informação pode levar a ruídos de comunicação. A grande maioria das empresas pesquisadas (83%) concorda que a forma mais adequada para análise de desempenho são as reuniões, pois nesse momento dúvidas e questionamentos são esclarecidos de forma presencial. As principais dificuldades encontradas na distribuição dos relatórios de desempenho foram: entrega da informação em tempo hábil, mudança no escopo do projeto, dificuldade em produzir os relatórios, falta de hábito dos “stakeholders” em ler o relato e dificuldade em entender os conceitos utilizados. 2.2.4 Encerramento Na visão dos gerentes de projeto da empresas pesquisadas, o sucesso do projeto depende de quatro fatores: prazo, custo, qualidade e satisfação do cliente. Apesar da literatura abordar o fator uso utilização efetiva do produto pelo cliente os gestores pesquisados não entendem esse fator como relevante. Os projetos estudados estão, sem exceção, disponibilizados na base de dados da empresa, confirmando a prática prescrita na literatura relativa à metodologia de implementação de projetos, que enfatiza a necessidade de manter arquivos com os registros do projeto. No entanto, apesar do conteúdo estar acessível, o armazenamento do mesmo não é satisfatório. As informações arquivadas são passíveis de alguns aprimoramentos, dentre os quais destacam-se o ordenamento lógico dos documentos e o registro dos relatos de processos falhos e/ou deficientes, para melhoramento e uso em projetos futuros. 2.3 Comunique-se: não é só peixe que morre pela boca Quando há falta de comunicação, os boatos e outras formas de ruídos tomam seu lugar. Na falta de uma versão oficial, ficam circulando informações que podem minar a moral da equipe e levantar suspeitas sem fundamento. O gerente de projeto deve evitar esse tipo de prática, conhecida por "rádio peão", dando informações claras e confiáveis sobre o status do projeto. Aqui vemos o 33 boato organizacional como a saída para o silêncio da comunicação formal. Silenciar sobre um assunto não significa eliminá-lo, a comunicação, discursos e sentidos - busca o seu curso, ainda que à margem. Cabe aos profissionais responsáveis pela comunicação criar canais para dar voz e vez aos funcionários e evitar que falas com toda sorte de acréscimos e entendimentos se tornem verdades. Certamente esta é uma área em que a diplomacia é essencial. Se há um problema, o gerente de projetos pode e deve não só falar sobre ele, mas também informar que está trabalhando na solução, e não apenas comunicar que o problema existe. Problemas sem uma perspectiva de solução são angustiantes e causam um desconforto na equipe que muitas vezes é desnecessário. 2.3.1 Gerenciamento de Conflitos O ponto central no gerenciamento do relacionamento é o conflito, que por definição é a divergência de ideias ,objetivos e relacionamento interpessoais negativos. Isso acontece em todos os níveis de um projeto. Pontos de discordância vão desde a escolha de uma metodologia e práticas utilizadas no processo até atritos por falta de empatia entre pessoas. Os conflitos pessoais, talvez os mais desgastantes, podem ser causados por diferentes expectativas e objetivos pessoais no projeto. Embora, se controlado os conflitos podem ser benéficos para motivar a criatividade do grupo, estabelecendo uma competição saudável. Cabe ao gerente do projeto identificar quando isso é saudável ou não. A melhor forma para isso é adotar uma metodologia com técnicas adequadas para resolvê-los, procurando sempre focar nos processos do que nas pessoas. Algumas situações onde a equipe de projetos pode falhar: metas confusas pessoas que não sabem o que se esperam delas, ou que não entendem o sentindo do que falam; papéis poucos claros os membros da equipe não sabem com certeza qual é seu trabalho; conflitos de personalidades os membros da equipe têm diferenças, feedback e informação insuficiente, sistema de recompensas mal concebido, resistências a mudanças. 34 Quadro 2 – Causas e efeitos em projetos Fonte: GUIA PMBOK 4ª Edição 35 CAPÍTULO III SOLUÇÕES EM COMUNICAÇÕES DE PROJETOS COM BASE NO GUIA DE BOAS PRÁTICAS PMBOK Nos capítulos anteriores foram analisadas algumas situações que levam os projetos ao fracasso, neste capítulo o assunto exposto serão as soluções utilizadas a partir do Guia de boas práticas PMBOK. Já é amplamente conhecido no meio de gerenciamento de projetos de que o processo de comunicação ocupa a maior parte do tempo do gerente de projetos. Pelos processos definidos no guia PMBOK podemos identificar que o planejamento das comunicações é considerado essencial para alcançar o sucesso nos projetos. Algumas boas práticas podem auxiliar este fluxo de informações e mitigar o risco do Gerente de Projetos não comunicar decisões importantes para os envolvidos. O que é planejar as comunicações? Para a elaboração de um plano de comunicação de boa qualidade, é importante o levantamento de alguns itens como: os stakeholders, quais informações são importantes para as partes envolvidas, qual melhor meio de comunicação, periodicidade da comunicação e quem é o responsável pela transmissão da comunicação. Após a elaboração do Plano de Comunicação é importante a sua divulgação para os envolvidos com a finalidade de que todos fiquem cientes e comprometidos com a sua execução. Na prática é executar o que foi planejado no Plano de Comunicações, algumas práticas adotadas em desenvolvimentos de projetos. Os pontos de controle com a equipe técnica são reuniões presenciais e periódicas, realizadas com toda a equipe para identificar principais pendências, sugestões e problemas do período. Estas reuniões não devem ser longas e para isto é importante o gerente de projetos atuar como mediador e evitar que assuntos técnicos entrem na pauta de discussão. Se houver dúvidas técnicas, 36 elas devem ser pontuadas e deixadas para serem discutidas em reunião à parte dos pontos de controle. O resultado dos pontos de controle deve ser uma base de informação que identifique as pendências com os prazos e responsáveis pela resolução, sugestões com as indicações dos responsáveis pela avaliação e prazo para término desta atividade e lista de problemas com prazo para a solução. Reuniões para informar sobre o andamento do projeto. São reuniões presenciais que podem envolver vários perfis diferentes de usuários que podem estar reunidos ao mesmo tempo ou não, dependendo do interesse de cada grupo. É comum a participação nestas reuniões dos patrocinadores do projeto, usuários finais, envolvidos de departamentos parceiros, dentre outros. O interesse nas informações destas reuniões pode envolver o conhecimento dos problemas que o projeto enfrenta em termos de prazo, custo e escopo. O resultado destas reuniões pode ser Status Report enviado à alta direção da empresa. A mudança no projeto é um item extremamente importante nesta área de Comunicações. Muitas vezes deparamos com mudanças que são realizadas pela equipe e não são comunicadas aos demais envolvidos. Para evitar este problema, a sugestão é adotar uma estrutura de Comitê Controle de Mudanças onde participem os principais responsáveis pelas decisões e aprovações das mudanças. Toda mudança deve ser realizada apenas após a aprovação deste Comitê. As lições aprendidas são valiosas informações para as organizações. Os membros das organizações devem apresentar as vantagens de ser ter acesso aos exemplos vivenciados em situações e momentos diversos. Lançar mão de métodos fáceis para capturar este conhecimento é essencial para a aceitação desta prática. Orientar para que sejam documentados itens relevantes, organizados em assuntos de interesse da organização, por tipos de projeto, por áreas de conhecimento. Avaliar o que deu errado e porque, ou que ações contribuíram para bons resultados, fará com que se possa entender o contexto em que estão inseridos os registros, e adotar o que for aplicável, gerando melhorias no processo como um todo para os projetos e 37 consequentemente para a organização. Divulgar, tornar público trará benefícios aos membros da organização. Porém é importante priorizar, direcionar a informação de acordo com os interesses de cada grupo, ou através de solicitações específicas. A disponibilidade de informações deverá ser constante e as atualizações seguirão as ocorrências. Gerenciar Lições Aprendidas requer antes de tudo patrocínio, depende de apoio de instâncias superiores, diretrizes bem delineadas, participação, motivação, enfim o envolvimento e comprometimento de todos. 38 CONCLUSÃO Os impactos causados por deficiências na comunicação das informações de um projeto podem variar bastante, dependendo do tipo de projeto e das pessoas envolvidas. A comunicação parece ter um papel vital no sucesso de um projeto, uma vez que ela é um elemento de construção de grupos e uma via de conexão entre as pessoas e os processos. Dentre os pesquisados, 40% acreditam que a comunicação é um fator importante para o sucesso do projeto. Os demais entendem que a comunicação é importante, mas o cumprimento do prazo e os custos são os reais motivos do sucesso. Ainda que muitos não percebam, diretamente, o valor da comunicação em projetos e indiquem às variáveis, prazo e custo como os responsáveis únicos pelo êxito do projeto, a pesquisa evidenciou a relevância das comunicações e sua ligação com o sucesso dos projetos. Isto pode ser afirmado porque, ao analisar detalhadamente as causas do não cumprimento dos prazos, fica evidente a sua relação com a comunicação, uma vez que os prazos são afetados por disfunções como atraso no acesso à informação, falta de entendimento do escopo, solicitação de mudanças e atraso na solicitação de contratação de pessoal. Estes problemas, que não receberam análise detalhada neste trabalho, apontam para o impacto negativo do fator comunicação da informação sobre o sucesso do projeto, quando aquele fator não recebe tratamento sistêmico, surgindo, em consequência, ruídos no entendimento ou indisponibilidade da informação no momento requerido. De maneira análoga, as causas do não cumprimento do orçamento podem ter, igualmente, correlação com as falhas nas comunicações, pois fatores como mudanças feitas no projeto sem a devida análise de impacto nos custos, atrasos na liberação de pagamentos de fornecedores, aluguel de equipamentos por período além do necessário e outras disfunções que afetam o sucesso do orçamento do projeto têm suas causas associadas ao tratamento inadequado da comunicação. Uma comunicação imperfeita, uma informação 39 técnica incorreta ou uma informação gerencial inadequada podem prejudicar o processo de tomada de decisão e levar o projeto ao fracasso. Sendo assim, conclui-se que as falhas de comunicação fazem elevadas cobranças ao sucesso do projeto. Os gerentes de projetos e sua equipe gastam a maior parte do tempo se comunicando, em atividades como definição de objetivos, resolução de problemas, elaboração de registros, solicitação de mudanças e outras. Isto significa que para atender-se a um projeto em termos de prazo, custo, qualidade, escopo, risco, integração, aquisição e recurso humano fazem-se necessário o adequado tratamento do fator comunicação. Apesar de muitos não perceberem, a comunicação está no cerne de todos os eventos do projeto, onde a maior parte das falhas parece estar fortemente vinculada a ruídos e atrasos na comunicação. É perceptível a importância de uma boa comunicação em ambientes de projetos e por consequência na organização como um todo. Em qualquer organização sempre existirão opiniões divergentes, desentendimentos e equívocos entre os profissionais ao tentar expor suas ideias. Entretanto, quando se trata de projetos, é imprescindível que todos saibam dos objetivos do projeto e para qual finalidade o mesmo foi proposto. Com isso, tenta-se minimizar ao máximo os problemas que ocorrem ao longo do projeto, buscando aprofundar os conhecimentos a este relacionado e tentando sanar todas as plausíveis divergências que poderão ocorrer. A pesquisa de Benchmarking de Gerenciamento de Projetos conduzida pelo PMI em 2009 revelou os vários problemas enfrentados pelas empresas brasileiras. É importante gerar uma reflexão diante deste artigo, a ponto de aumentar a maturidade das organizações e seus gestores a fim de buscar uma maior e melhor comunicação nos seus projetos. As constatações resultantes da pesquisa realizada permitiram concluir que há desvios entre a prática nas empresas estudadas e a metodologia para o tratamento da comunicação proposta pelo PMBOK. Parte dos desvios pode ser justificada pelo fato das empresas estarem em fase inicial de implantação de uma cultura de gestão de projetos. Por outro lado, a metodologia do 40 planejamento, distribuição e controle das comunicações poderia estar recebendo prioridade mais elevada nesta fase inicial,evitando-se o tratamento informal, não sistêmico e reativo que a pesquisa evidenciou. Para tanto, a elaboração de um Plano de Comunicação parece ser o ponto de partida para garantir a qualidade das comunicações das informações do projeto, pois quando se dispõe de um plano formalizado os stakeholders identificam, com maior precisão, seus papéis de coleta, distribuição, arquivamento e recuperação da informação durante o projeto. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTOULO, Claudemir. “Rádio Peão”: do chão ás estrelas, do tático para o estratégico. CHAVES, Lucio Edi; NETO, Fernando Henrique da Silveira; PECH, Gerson e CARNEIRO, Margareth Fabíola dos Santos. Gerenciamento da comunicação em Projetos, FGV 6ª edição. FERREIRA, Buarque de Holanda. Minidicionário da língua Portuguesa Aurelio. 2ª Ed. FIGUEIREDO, Saulo. 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